• Nenhum resultado encontrado

Um modelo para programação e acompanhamento do capital circulante das empresas industriais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Um modelo para programação e acompanhamento do capital circulante das empresas industriais"

Copied!
120
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

UM MGDELÜ PARA PROGRAMAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO CAPITAL CIRCULANTE DAS EMPRESAS INDUSTRIAIS

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

"MESTRE EM ENGENHARIA"

PROFESSOR ROBERTO FERREIRA FILHO

FLORIANOPOLIS SANTA CATARINA - BRASIL

(2)

0 . 2 4 9 . 2 1 2 -5

ESPECIALIDADE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E APROVADA EM SUA FORMA FINAL PELO CURSO DE. POS-GRADUAÇÃO.

BANCA EXAMINADORA:

-Pio f. AmauriT3eck, M . Sc , Presidente

(3)

Aos meus filhos

Luiz Roberto, Silvana e Roseane,

os grandes credores das horas de convivência consumidas pe­

(4)

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas e instituições tornaram-se credoras do reconhe cimento do autor pelo muito que deram em colaboraçao e sacrifício para possibilitar este trabalho.

As instituições sao:

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec nológico, órgao da Secretaria do Planejamento da.Pre­ sidência da República

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

ESAG - Escola Superior de Administraçao e Gerência, órgao da Universidade para o Desenvolvimento do Estado de San­ ta Catarina - UDESC

ETAPA - Escritório Técnico de Administraçao, Planejamento e Assessoria Ltda.

E impraticável a elaboraçao de uma relaçao exaustiva das pes­ soas merecedoras de gratidao pelo que fizeram em favor deste estudo.

Contudo, duas delas merecem especial destaque:

- o Prof. Amauri Beck, M.Sc., orientador desta dissertaçao, pela ampla liberdade de pensamento assegurada ao autor e pe los valiosos conhecimentos ministrados nas disciplinas de Custos Industriais e Planejamento Industrial;

- o Prof. Rogério Tadeu da Silva Ferreira, Ph.D., pelo incan­ sável trabalho de processamento eletrônico dos dados refe rentes ao exemplo numérico aqui apresentado, bem como pelas suas maduras sugestões, que muito facilitaram a interpreta- çao matemática dos resultados obtidos.

Os Professores integrantes da Banca Examinadora formularam va liosos comentários e sugestões, que efetivamente contribuíram para o apri

moramento do estudo. >

(5)

,gii 9 10 11 13 15 17 20 20 25 29 33 37 39 40 48

I N D I C E

Resumo ... ... Abstract ... CAPITULO I INTRODUÇÃO Consideraçoes preliminares ... 0 problema ... Soluçoes ... ... Nota metodológica ... CAPITULO II CONCEITUAÇÃO BASICA Limitações do estudo ... Análise do ciclo operacional da indústria 0 ciclo operacional de curto prazo ... Capital circulante: Aplicações ... Capital circulante: Fontes,... Interpretaçao contábil ... Pressupostos ... . Dinâmica do capital circulante ...

CAPITULO III

N. FORMULAÇÃO DO MODELO

/

Características do modelo ...

(6)

I N D I C E

Página

3.2 A programaçao por objetivos ... 49

3.2 .1 Aspectos históricos e aplicações .... ... 49

3.2 .2 Conceitos básicos ... . 51

3.2 .3 Formulaçao matemática ... 54

3.2.4 Limitações ... 56

3.2.5 Métodos de solução ... 56

3.3 Elementos do modelo ... 57

3.3 .1 Caracterizaçao da situaçao problema ... 57

3.3 .2 Definição das variáveis livres ... 58

3.3.3 Definição das variáveis desvio ... 59

3.3.4 Definição dos parâmetros ... 60

3.3 .5 Definição das constantes ... ... 61

3.4 0 modelo ... 62

3.4 .1 Consideraçoes preliminares .... ... 62

3.4.2 Política de vendas (família l) ... ... 64

3.4 .3 Custos operacionais desembolsáveis (família 2) .... 64

3.4.4 Capital circulante a descoberto (família 3) ... . 64

3.4.5 Financiamento do capital circulante a descoberto (fa mília 4 ) ... ... 65

3.4 .6 Investimento em capital circulante (família 5) .... 66

3.4 .7 Recursos próprios aplicados em capital circulante 66 3.4.8 Juros pagos pelo crédito especial (família 7) ... 67

3.4 .9 Retornos brutos operacionais (família 8) ... 67

3.4 .10 Imposto de renda devido (família 9] ... 67

3.4 .11 Política de liberaçao de recursos (família 10) .... 67

3.4,.12 Distribuição dos/retornos brutos operacionais (famí­ lia 11) ... 68 3.4 .13 Política de reinversao de recursos próprios em

(7)

7

3.4.14 Política de endividamento (família 13) ... 69

3.4.15 Política de lucros (família 14) ... 69

3.4.16 Restrição de sinal ... ... 70 3.4.17 Outras restrições ... 70 3.4.18 Funçao objetivo ... 71 CAPITULO IV ILUSTRAÇÃO 4.1 Consideraçoes preliminares ... ... 72 4.2 Exemplo numárico ... 72 4.2.1 Situaçao-problema ... 72 4.2.2 Constantes e parâmetros ... 74 4.2.3 Restrições do modelo ... 76 4.3 Solução computacional ... 77

4.4 Testes para um período ... 77

4.5 Testes para quatro períodos ... 92

4.6 Análise de sensibilidade ... .. 107 4.7 Implementaçao do modelo .... ... .. 113 CAPITULO V CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Conclusoes e recomendaçoes ... 116 Referências bibliográficas . . ;... ... .. 119 Q U A D R O S I N D I C E Página 01 Empresa E - Projeçoes financeiras para 5 períodos (valores em unidades monetárias) ... 46

(8)

I N D I C E

02 Empresa F - Restrições do modela de programaçao fi­

nanceira para até quatro períodos ... 78

F I G U R A S 1 0 ciclo operacional básico das empresas industriais. 22 2 Os ciclos operacionais de curto e longo prazos .... 23

3 0 ciclo de curto prazo ... 26

4 Aplicações em capital circulante .... ... 31

5 Fontes de capital circulante .... ... ... 34

6 Balanço de capital circulante ... 38

7 Dinâmica do capital circulante ... ... 42

G R Á F I C O S 1 Análise de sensibilidade - Teste 11 - Efeitos da va- riaçao da taxa de juros sobre os valores das vendas e das liberações ... 110

2 Análise de sensibilidade - Teste 12 - Efeitos da va­ riação da política de liberaçao de recursos sobre os valores das rendas e das liberações ... 111

3 Análise de sensibilidade - Teste 11 - Efeitos da va- riaçao da política de endividamento sobre os valores das vendas e das liberações ... 112

4 Análise de sensibilidade - Teste 12 - Efeitos da va- riaçao do coeficiente sobre os valores das vendas e das liberações ... 114

/ ,

(9)

9

R E S U M O

O presente trabalho objetiva desenvolver um modelo matemático útil à solução dos problemas de programaçao e acompanhamento dos recursos de capital circulantes nas empresas industriais, contribuindo, desta for­ ma, para o aprimoramento das decisões, do planejamento e do controle na área financeira dessas organizaçoes produtivas.

Partindo da caracterizaçao do problema no dia a dia da vida das empresas industriais, procura-se mostrar que a sua existência resulta nao só da natural complexidade do aparentemente turbulento processo de circulaçao dos recursos, mas, tambám, da multiplicidade de objetivos con­ flitantes que reclamam a atençao dos administradores.

Atravás de uma abordagem sistêmica do funcionamento das orga­ nizaçoes industriais, produziu-se um modelo conceituai explicativo desta realidade, o qual, convertido em um sistema de equações lineares, propi­ ciou o desenvolvimento de um modelo matemático mais sofisticado, tambám linearmente estruturado, composto por quatorze famílias de expressões al gêbricas e por uma funçao objetivo capaz de conter as metas perseguidas pela administraçao da empresa, devidamente ordenadas de acordo com o res­ pectivo grau de prioridade.

Para a otimizaçao da funçao objetivo, recorreu-se à técnica da programaçao por objetivos, a qual ê capaz de solucionar problemas en­ volvendo múltiplos objetivos conflitantes sujeitos a restrições linearmen te estruturadas.

Um exemplo numérico ilustrativo da aplicabilidade prática do modelo ê finalmente apresentado, acompanhado de algumas consideraçoes so­ bre a sensibilidade do modejLo.

(10)

ABSTRACT

The aim of this work is the development of a mathematical mo del for the solution of programming and controlling problems of working capital in industries. This study will contribute to the improvement in

« decision making for planning and controlling the financial sector of in­ dustrial organizations.

The statement of the problem is based on daily needs of indus trial organizations and it is shown that the problem situation results from the process of allocation and circulation of finances and also from the wide variety of conflicting objectives faced by an administration.

A sophisticated mathematical model of fourteen groups of alge braic equations and one objective function was solved. The objective func tion contains the goals under certain priority levels.

Goal programming techniques were used for optimization of the objective function as it is a suitable tool for solving problems of multi^ pie conflicting objectives under linear constraints.

A numerical example showing the practical applicability of the method is solved and a sensitivity analysis is performed.

(11)

11

CAPITULO I

INTRODUÇÃO

1.1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Bastante amplo e expressivo tem sido o interesse dos autores que abordam a teoria da aplicaçao (ou alocaçao) do capital pelo desenvol­ vimento de estudos visando determinar as condiçoes ótimas para o uso dos recursos financeiros, quer em termos de rentabilidade, quer de liquidez ou de segurança. Paralelamente, inúmeros métodos e técnicas (valor presen te, taxa interna de retorno-, valor uniforme equivalente, análise custo be nefício, etc.) foram formulados com o fito de implementar na prática os conhecimentos teóricos acumulados .

Contudo, a maior ênfase nos estudos sobre a alocaçao do capi­ tal tem sido atribuída ao uso dos recursos em imobilizaçoes e em aplica­ ções financeiras, sendo relativamente reduzida a atençao dispensada às aplicações em capital circulante, embora estas, obviamente, sejam comple­ mentares às primeiras.

Referindo-se a este fato, assim se manifesta o Prof. Nilson Holanda em sua conhecida obra Planejamento e Projetos: "....há uma tendên cia para considerar como investimento apenas aqueles gastos que deverão integrar o ativo fixo da empresa - capital fixo, negligenciando-se nao ra ro a estimativa das necessidades de capital de trabalho (l) do proje­ to'.' (2)

Podem os empreendimentos produtivos prescindir do uso de capi tal circulante durante a sua vida operacional? Estatisticamente, nao. 0

(1) "Capital de trabalho" ê uma traduçao literal da expressão americana "working capital',' empregada pelo autor para referir-se ao que às ve­ zes se denomina "capital circulante líquido',' qué corresponde ao con ceito de "capital circulante a descoberto" utilizado neste estudo. (2) HOLANDA, A. Nilson - Planejamento e Projetos - APEC Ed. S/A - p. 261.

(12)

volume de capital circulante necessário é, em geral, irrelevante em rela- çao ao investimento global requerido? Também nao, estatisticamente.

A existência de "demoras", às vezes grandes, entre a ocorrên­ cia dos eventos correspondentes à aquisiçao dos recursos produtivos e o seu pagamento, à realizaçao do próprio processo de produção, à efetivação da venda dos produtos acabados e ao recebimento dos respectivos pagamen­ tos, impoe, na prática, a necessidade de se prover as organizaçoes produ tivas de um certo volume de recursos financeiros, os quais, embora rapida mente liquidáveis, permanecem vinculados ao empreendimento enquanto perdu rarem inalteradas as condiçoes operacionais determinantes das mencionadas "demoras".

Assim sendo, o investimento operacional aplicado num empreen­ dimento produtivo apresenta dois componentes distintos, a saber:

a) "capital fixo", também chamado "imobilizado operacional" (aplicado em terrenos, jazidas, edificações, máquinas e equipamentos, mó­ veis e utensílios, veículos e embarcações, instalações, além de outros usos intangíveis);

b) "capital circulante", também conhecido como "giro operacio nal" (aplicado em disponibilidades monetárias, estoques de materiais, pro dutos em elaboraçao, estoques de produtos acabados,, financiamento das ven das a prazo, etc .) .

Ora, se a parcela de capital circulante é um recurso produti­ vo necessário e relevante, o seu inadequado suprimento obviamente deve provocar limitações sérias à consecução das metas empresariais, o que efe tivamente se tem comprovado na prática através de um grande número de ca­ sos. Constata-se que, por um lado, a falta de capital de giro conspira contra a segurança das organizaçoes, isto é, aumenta-lhes os riscos opera cionais. Por outro lado, a excessiva disponibilidade de capital circulan­ te, quer aplicado em estoques e/ou no financiamento das vendas a prazo, quer em outros usos, contribui para reduzir a rentabilidade do negócio, uma vez que este indicador da eficiência empresarial deve ser avaliado com relação ao valor total (fixo e giro) dos investimentos comprometidos no empreendimento.

(13)

13

Assim sendo, decorre do exposto a necessidade de se otimizar o uso do capital circulante, cujo deficiente suprimento eleva os riscos da empresa e cuja excessiva disponibilidade reduz a sua eficiência econô­ mica .

E através de uma adequada dotaçao de capital de giro que as empresas podem alcançar um perfeito ajustamento entre as suas condições operacionais e algumas das circunstâncias externas, especialmente aquelas impostas pelos mercados de insumos e de produtos acabados, onde, em geral, a competição se realiza com razoável intensidade, requerendo da adminis- traçao das organizaçoes produtivas uma vigilante e eficaz atuaçao.

1 . 2 - 0 PROBLEMA

A natureza extremamente cambiante do capital de giro e a ine vitável instabilidade do seu nível, fenômenos estes inerentes às próprias condiçoes operacionais da empresa, levam a imensa maioria dos administra­ dores financeiros a enfrentar enormes dificuldades em planejá-lo e contro lá— lo, confundindo-o por vezes com os lucros e/ou com os retornos prove­ nientes da recuperaçao do capital investido. Este fato pode ser apontado como a principal causa de freqüentes erros cometidos pela administraçao das empresas, conduzindo-as ora à excessiva imobilizaçao, ora à parcial ou total descapitalizaçao, situações estas que nao só comprometem a sua eficiência operacional como também aumentam os já elevados riscos empresa riais, resultando nao raro em posiçoes insustentáveis.

No afa de expandirem seus negócios, de realizarem investimen­ tos em novos empreendimentos ou mesmo de auferirem outros benefícios, mui tos dirigentes de empresas retiram da organizaçao parte do capital circu­ lante que alimenta as suas funções operacionais e que momentaneamente acu­ mulou-se sob a forma de "disponibilidades monetárias". Outras vezes, o ex cessivo endividamento obriga.os administradores a lançarem mao destas dis ponibilidades para liquidaçao dos seus compromissos, deixando as organiza

(14)

çoes desprovidas dos recursos indispensáveis ao seu funcionamento. Ror ocasiao das recessoes econômicas, especialmente no início destes proces­ sos, quando se desacelera o rítmo das vendas, é comum a acumulaçao de grandes estoques de produtos acabados, o que requer volumosas aplicações em capital circulante. Também nas circunstâncias de um processo inflacio­ nário acelerado, como o atualmente enfrentado pela economia brasileira, é freqüentemente forte a tentaçao exercida pelas oportunidades múltiplas de ganhos rápidos de capital, os quais facilmente podem ser obtidos através da acumulaçao de estoques, ou da aplicação em operaçoes especulativas de curto prazo, tais como as do mercado aberto ou das bolsas de valores. Em­ bora muitas vezes resultando em ganhos apenas aparentes-, estas oportunida des se afiguram compensadoras e induzem os dirigentes das organizações produtivas a desviarem as suas disponibilidades monetárias das suas reais finalidades (giro operacional), aplicando-as especulativamente. Na ver dade, estes administradores, em geral, ignoram as reais necessidades de capital de giro das suas empresas, e, por isso, decidem erroneamente. A sazonalidade dos ciclos produtivos e comerciais tende a agravar sensivel­ mente os problemas abordados, produzindo uma falsa impressão de folga fi nanceira nos períodos em que as atividades se contraem.

Para enfrentar tais problemas, as instituições financeiras têm criado linhas de crédito a médio e longo prazos, objetivando suprir as empresas do capital de giro necessário. Contudo, persistem as dúvidas: qual o volume de capital circulante efetivamente necessário à empresa, da das as suas condiçoes operacionais? Qual o valor dos financiamentos a serem deferidos em cada caso? Quais as condiçoes de reembolso a serem es­ tipuladas, de modo que a situação da empresa nao volte a agravar-se? Es tas questões surgem também nas operaçoes denominadas mistas (fixo-giro) e mesmo., nas operaçoes de crédito somente destinadas ao suprimento de capi­ tal fixo, quando se deve avaliar a capacidade de pagamento do mutuário em cotejo com a sua capacidade de autofinanciamento do capital circulante ne cessário à empresa, isto é, sem que se provoque uma indesejável descapita lizaçao do empreendimento.

(15)

15

0 problema financeiro abordado neste trabalho, por conseguin­ te, apresenta-se em dois níveis distintos, a saber:

a) ao nível interno da empresa, na medida em que a sua admi- nistraçao defronta-se permanentemente com a necessidade de planejar e con trolar as suas aplicações de recursos em capital circulante, bem como se­ lecionar as fontes de suprimento destes recursos mais adequadas às suas condiçoes operacionais e aos seus interesses;

b) ao nível das instituições de crédito, na medida em que as mesmas se propoem a prestar apoio financeiro às empresas consideradas ca­ rentes de capital, necessitando definir clara e objetivamente as bases contratuais de concessão e de retorno dos recursos a serem mutuados, bus­ cando fazê-lo em condiçoes otimizadas de segurança e rentabilidade para ambas as organizaçoes.

1.3 - SOLUÇÕES

Os estudos e análises contábeis têm procurada produzir alguma orientaçao prática útil aos administradores de empresas e dirigentes de instituições financeiras. 0 seu alcance, contudo, tem sido bastante limi­ tado, tendo em vista que as constataçoes de natureza contábil estao volta das para fatos consumados (ou quase consumados), somente deixando aos to­ madores de decisão um restrito campo de açao. A programaçao • financeira, por seu turno, tem oferecido recursos de maior potencialidade, através da prática dos orçamentos empresariais. Sua principal limitação reside na di fícil manipulaçao dos seus elementos quando se deseja alcançar múltiplas objetivos conflitantes, o que, na prática, é uma situação bastante fre­ qüente. Estas técnicas, outrossim, sao apenas incipientemente praticadas no meio empresarial brasileiro, onde predominam pequenas e médias organi­ zaçoes, geralmente desprovidas dos recursos técnicos necessários à sua implementaçao.

0 presente trabalho visa desenvolver uma técnica de análise, programaçao e controle das finanças empresariais, aplicável às unidades

(16)

dedicadas às atividades de produção industrial, de modo a proporcionar à sua administraçao meios adequados à tomada de decisões, a partir de múlti pias alternativas relacionadas a objetivos e à uma escala de prioridades pré-fixados, possibilitando-lhe, desta forma, o conhecimento antecipado e o acompanhamento do comportamento futuro das principais variáveis que tra duzem a provável performance financeira do empreendimento, especialmente no que concerneà compatibilizaçao das suas metas operacionais com as suas necessidades e fontes disponíveis de capital circulante, levando em conta, ainda, as políticas empresariais prá-estabelecidas.

Pretende-se, pois, desenvolver um modelo de programaçao mate­ mática aplicável à programaçao financeira de mádio prazo das empresas in dustriais, o qual, alêm de possibilitar a seleção de metas hierarquizadas, servirá de orientaçao básica para a sua programaçao financeira de curto prazo, apresentada em nível de maior detalhamento.

A partir das políticas empresariais pré-fixadas - políticas de compra e pagamento dos insumos adquiridos, de venda e recebimento dos produtos acabados, de estocagem de materiais, de organizaçao da produção, de liberaçao de recursos para fins externos, de endividamento, etc. - e das suas metas de vendas e de resultados, objetiva-se determinar periodi­ camente as suas necessidades futuras de capital circulante e as formas mais adequadas para o seu suprimento, evidenciando as possibilidades e condiçoes de uso de recursos próprios e/ou de terceiros.

Portanto, dados um conjunto hierarquicamente ordenado de me­ tas empresariais e um conjunto de restrições impostas pelas condiçoes ope racionais e ambientais do empreendimento, busca-se, através de uma aborda gem quantitativa e dinâmica, responder as questões inicialmente levantadas, ou seja:

a) Qual o volume de capital circulante necessário à empresa em cada período?

b) Qual a parcela de recursos a ser obtida externamente e em que condiçoes?

(17)

17

c) Qual a capacidade da empresa liberar recursos para o paga­ mento de dividendos, para novos investimentos internos ou externos e/ou

para a amortizaçao dos compromissos assumidos, sem comprometer as metas operacionais pré-fixadas?

Respostas a estas questões se evidenciam de alto interesse pa ra a prática gerencial, quer nas organizaçoes dedicadas ã produção indus­ trial, quer nas instituições financeiras que lhes ministram crédito, quer para os próprios investidores e empreendedores, pois, além de contribuirem para a oportuna tomada de decisões, resultam em sensível melhora dos ní­ veis de segurança e rentabilidade dos empreendimentos. Tal interesse ê ainda maior, quando estas respostas resultam da análise e do cotejo de múl tiplos objetivos conflitantes, cuja consecução deve ser alcançada em con- diçoes otimizadas.

1 .4 — NOTA METODOLOGICA

0 presente estudo foi desenvolvido em quatro etapas, a saber: 1 - caracterizaçao do problema

2 - análise da situaçao

3 - formulaçao do modelo matemático 4 - testes computacionais.

Na caracterizaçao do problema buscou-se demonstrar, de forma descritiva, reportando fatos e situações da vida empresarial, a existên­ cia de uma permanente necessidade de planejamento e controle financeiro das organizaçoes produtivas, especialmente no que concerne ao uso e supri mento do capital circulante indispensável ao desempenho das suas ativida­ des em bases seguras e eficientes. Evidenciou-se, também, que a solução do problema interessa nao só à administraçao das empresas, mas, igualmente, às instituições financeiras, que lhes suprem recursos, aos empreendedores e investidores em geral.

A seguir, partindo de uma abordagem bastante simples sobre o funcionamento das empresas industriais, sao definidos e analisados os con ceitos básicas sobre os quais mais tarde se vai assentar a estrutura do

(18)

modelo proposto para a solução do problema. Nesta etapa, revela-se de grande valia o enfoque sistêmico da situaçao, proporcionado pela metodolo gia proposta pelo Professor P. B. Checkland, da Universidade de Lancaster, Inglaterra (3), cujos principais passos sao:

a) investigaçao e análise da situaçao-problema b) definição dos sistemas pertinentes

c) conceptualizaçao: definição de um modelo conceituai d) definição das modificaçoes necessárias

e) decisão sobre as modificaçoes a implantar f) projeto das modificaçoes a implantar g) implantaçao

h) avaliaçao.

Esta metodologia foi escolhida, dentre outras, devido à sua satisfatória aplicabilidade a problemas complexos nao estruturados.

Constatada a efetiva necessidade do planejamento e acompanha­ mento financeiro como requisito para a eficaz e eficiente gestão empresa rial, e devidamente realçados os problemas que decorrem da sua deficiente execução, passou-se à caracterizaçao dos sistemas pertinentes, identifi­ cando-se o uso e suprimento de capital circulante como um dos subsistemas do sistema financeiro visto como um todo.

Q aprofundamento da análise do "sistema de capital circulan­ te" pôs à vista os "subsistemas" componentes e as suas interações, quer pela ótica das aplicações - sistemas de disponibilidades, de estoques de insumos, de produtos em elaboraçao, etc. - .quer do ponto de vista do seu financiamento - sistemas de recursos próprios e de terceiros, de curto e de longo prazos.

As interdependências entre o "sistema de capital circulante" e o "supersistema" - sistemas de marketing, de produção, orçamentário, de custos, de suprimentos, administrativo - foram, entao, destacadas, servin do de base para o desenvolvimento do modelo conceituai, que neste estudo

(3) CHECKLAND, P. B. - Towards a Systems Based Methodology for Real World Problem Solving - Journal of Systems Engineering, Vol. 3, ns 2, in verno de 1972.

(19)

19

tomou a forma de um modelo analítico de otimizaçao da política empresa­ rial de capital de trabalho, sujeita a diversas restrições lineares.

A utilizaçao deste modelo para simular possíveis situações reais encontradas nas organizaçoes produtivas possibilitará a identifica- çao de modificaçoes necessárias, decidindo-se, após, sobre as que deverão ser implantadas. 0 projeto destas modificaçoes, a sua implantaçao e a pos terior avaliaçao dos resultados suceder-se-ao como decorrência natural do procedimento metodológico adotado.

A partir dos conceitos estabelecidos, o enfoque analítico do sistema mostrou a perfeita aplicabilidade ao caso das técnicas de progra- maçao por objetivos (goal programming), as quais permitem otimizar situa çoes envolvendo múltiplos objetivos, numa estrutura linear. Caracteriza­ dos estes objetivos, partiu-se para o desenvolvimento da estrutura linear correspondente. Predominou nesta etapa de formulaçao a aplicaçao do méto­ do indutivo, através do qual generalizações matemáticas sao obtidas tendo como ponto de partida a análise de situações práticas particulares.

Estruturado o modelo matemático, o mesmo é testado computacio nalmente através da consideraçao de uma situaçao particular hipotética, porém realística, tornando-se possível comprovar a sua consistência lógi­ ca e aplicabilidade prática.

Finalmente, emergem inúmeras conclusoes e recomendaçoes, dan do-se ênfase àqueles aspectos relacionados à implementaçao do modelo em situações reais, bem como ao seu desenvolvimento e extensão.

(20)

CAPITULO II

CONCEITUAÇÃO BASICA

2.! - LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A fim de conferir ao presente estudo maior praticidade, deci­ diu-se limitar a sua validade às empresas industriais, isto é, àquelas atividades econômicas organizadas sob forma empresarial (com fins lucrati vos), envolvendo processo produtivo de natureza industrial (aquele que mo difica a natureza e/ou a utilidade dos bens primários insumidos, dando origem, pois, a novos bens econômicos). Esta restrição, contudo, nao é in dispensável, podendo ser total ou parcialmente levantada desde que se pro cedam certas adaptações ao modelo apresentado.

Por outro lado, o modelo proposto aplica-se indistintamente à programaçao financeira empresarial de curto, médio e longo prazos, embora se julgue mais adequado o seu uso empírico para orientar decisões a médio prazo, isto ê, naquelas aplicações cujo horizonte de planejamento está compreendido entre 6 meses e 5 anos, podendo a subdivisão deste lapso de tempo ser adaptada às conveniências de programaçao (períodos trimestrais, semestrais, anuais).

2.2 - ANALISE DO CICLO OPERACIONAL DA INDUSTRIA

As atividades básicas das organizaçoes econômicas podem ser encaradas como integrantes de um processo cíclico seqüencial, cujas eta­ pas principais correspondem à aplicaçao e à recuperaçao do capital, obje­ tivando obter ganhos patrimoniais e/ou realizar outros objetivos que sa tisfaçam os desejos, interesses ou ambições dos empreendedores.

A aplicaçao do capital disponível dá-se através do investimen to, isto é, via aquisiçao de bens e serviços produtivos - fixos e

(21)

circu-21

lantes - enquanto a sua recuperaçao ocorre por meio da colocaçao no merca do dos produtos acabados, ou seja, da sua venda. Entre estas duas, inter- poe-se nas empresas industriais uma terceira etapa - a produção - corres pondente à transformaçao dos bens e serviços insumidos em produtos acaba­ dos .

Denominando os recursos para investimentos simplesmente como "disponibilidades", em sentido bastante genérico, envolvendo recursos fi­ nanceiros e/ou direitos neles conversíveis, observa-se que o processo de investimento consiste na sua transformaçao em "capital fixo" (instalações produtivas) e em "capital circulante" (insumos); a açao técnica do primei ro sobre o último, combinando-os segundo proporçoes tecnologicamente espe cificadas, gerá "produtos acabados", cuja venda os transforma novamente em "disponibilidades", completando, assim, o "ciclo operacional básico das empresas industriais", conforme se observa na Fig. 1 a seguir.

A inclusão da variável tempo nesta análise mostra que o pro­ cesso de conversão de parte das "disponibilidades" em instalações produti vas (capital imobilizado), até a sua posterior recuperaçao total, é bas­ tante lento, absorvendo a fase final do processo expressiva quantidade de tempo; por esta razao distingue-se aí o denominado "ciclo operacional de longo prazo". Já o processo de transformaçao do restante das "disponibili dades" em insumos produtivos (capital circulante), até a sua posterior re cuperaçao através da venda dos produtos acabados, é relativamente bem mais rápido, consumindo, por conseguinte, menor parcela de tempo e rece­ bendo, por isso, a designaçao "ciclo operacional de curto prazo". Esta de composição do "ciclo básico" em "dois" ciclos de diferentes durações é mostrada na Fig. 2 adiante.

Verifica-se, de fato, que as instalações produtivas sao cons­ tituídas por "bens duráveis de produção", enquanto os insumos sao absorvi dos durante o processo, isto é, sao "nao duráveis", considerando a durabi lidade relativamente ao tempo requerido para a efetivaçao do processo pro dutivo. Assim, as instalações produtivas resistem vários ciclos de produ­ ção, enquanto para cada novo ciclo sao necessários novos insumos. Por con

(22)
(23)

C -y - l CO

<

or 3 CD

CO

0

N

< 01 CL O

CD

z

o

_ 1 ÜJ O h * te Z > ü Lü O CO < Z O

o

<

o:

CL

o

CO

o

_J

o

o

CO

o

S0NU013M

co

o

cr. o 3 CO z

o

o Ui o

Ê

CL < o CO

<

« W Z « g 2 5 w < w = K Q o £ a . O

SV1I303Ü

O M < cr a. o o z o UJ o < 2 O o < cr UJ CL o U J o

<

9

-j 03 < H 2 UI o: Ui a < o o o o « o < cr UJ a 3 O UJ cr

CO CO

o o

J

— Q

3 <

O CO

O <

£C o

a .

<

o »< o D O _JQ. o: CU­ CO .2 o > kO 3 0 2 o ® ° " c ” c o o

1 £

® m

UI

_l

<

K

2

< —1

0. Z3

< O

o

cc

o

UI C IC LO O P E R A C IO N A L DE C U R T O P RA Z O

(24)

seguinte, um ciclo de longo prazo completo, isto é, a aplicaçao e a total recuperaçao do capital imobilizado no empreendimento, coexiste com múlti­ plos ciclos de curto prazo. Depreende-se daí a existência de dois proces sos distintos dentro das organizaçoes industriais, diferenciados entre si pelas respectivas durações relativas: um processo lento, correspondente à aplicaçao e recuperaçao do capital investido em instalações produtivas, e um processo rápido (circulante), cuja essência consiste na aplicaçao e re cupéraçao do capital nos insumos absorvidos pelo processo produtivo.

Dentro desta linha de raciocínio, assim se manifesta o Prof. Nilson Holanda: "A rigor, portanto, podemos dizer que a distinção funda­ mental entre capital fixo e capital de trabalho diz respeito às suas res pectivas velocidades de circulaçao. 0 capital de trabalho circula dentro de um período curto (2 a 4 meses, por exemplo), enquanto que o capital fi xo circula em um período bem mais longo (em projetos industriais, por exemplo, dez anos ou mais, tempo necessário para a recuperaçao do investi mento fixo realizado)", (l)

A venda dos produtos acabados, isto é, a sua colocaçao no mer cado, gera disponibilidades genericamente denominadas "receitas", as quais se destinam a três finalidades básicas, a saber (ver Fig. 2):

a) cobrir os custos de consumo de capital, uma vez que o pro­ cesso de produção geralmente acarreta redução no valor co mercial (por depreciaçao, exaustao ou amortizaçao) das ins talaçoes produtivas e demais ativos intangíveis que consti tuem o ativo permanente operacional da empresa;

b) cobrir os demais custos operacionais da organizaçao, isto ê, aqueles resultantes da aquisiçao dos insumos produtivos e que sao desembolsados concomitantemente com o processo de produção;

c) remunerar o capital aplicado no empreendimento, através de incrementos patrimoniais (lucros), que se constituem no "prêmio" auferido como compensaçao pelos "riscos" incorri­ dos pelo empreendedor.

(25)

25

A primeira e a terceira parcelas em que ficaram decompostas as receitas, denominadas genericamente "retornos", normalmente poderiam ser liberadas do empreendimento, destinando-se a usos opcionalmente esta­ belecidos por quem detenha poder de decisão. Excluem-se desta destinaçao, obviamente, os recursos necessários às restaurações e à conservação das instalações, desde que imprescindíveis à manutençao da capacidade produti va da empresa. 0 investidor sempre tem em mente "recuperar" futuramente o capital aplicado, obtendo de volta nao só o valor real efetivamente des­ pendido, mas também auferindo ganhos patrimoniais compensatórios. A "ren tabilidade" deve, pois, ser entendida como a razao (matemática) entre es­ tes ganhos patrimoniais periodicamente auferidos e o valor real do capi­ tal que permaneceu aplicado no empreendimento no mesmo período.

A parcela das receitas destinada ao pagamento dos demais cus­ tas operacionais (item b) está comprometida com o processo produtivo, de vendo nele ser reinjetada através da aquisiçao dos novos insumos necessá­ rias à sua realimentaçao. Esta aplicaçao cte recursos destina-se, pois, à "manutençao do capital circulante" vinculado ao empreendimento.

Em consonância com os seus objetivos, o presente estudo supoe por convenção manter-se constante no período de análise a capacidade físi ca de produção da empresa, razao pela qual apresenta características de análise de curto prazo.

Em conseqüência, a análise a seguir se concentra no ciclo ope racional de curto prazo, o qual passa a ser mais detalhadamente focaliza­ do .

2

.3

- 0 CICLO OPERACIONAL DE CURTO PRAZO

Conforme se observa na Fig. 3, o ciclo operacional de curto prazo das empresas industriais pode ser subdividido em quatro estágios, correspondendo cada a um processo de transformação que altera a natureza dos recursos que o alimentam.

(26)

0 CICLO DE CURTO PRAZO

CAIXA E BANCOS D U P L I C A T A S A R E C E B E R ESTOQUES DE INSUMOS A C A B A D O S

(27)

27

lecida, observa-se que as disponibilidades monetárias da empresa, conser­ vadas em "caixa e bancos", através da aquisiçao de insumos, sao converti das em "estoques" de matérias primas, materiais secundários, peças para reposição e outros materiais necessários ao normal funcionamento da orga- nizaçao.

Gradativamente, estes estoques vao sendo absorvidos pelas di versas atividades que direta e indiretamente compoem o processo produtivo, sendo pouco a pouco transformados em "produtos acabados", os quais por sua vez constituirão novos "estoques". Nas empresas que produzem sob enco menda, os estoques de produtos acabados podem ser significativamente redu zidos uma vez que a sincronizaçao entre produção e vendas mostra-se per­ feitamente estabelecida, pois as vendas antecedem a produção. Contudo, as empresas que produzem para a alimentaçao das vendas freqüentemente sao obrigadas a manter expressivos estoques de produtos acabados, os quais fun cionam como elemento sincronizador dos dois processos.

Se a venda dos produtos acabados ê realizada à vista, isto é, contra imediato pagamento, o ciclo operacional de curto prazo se completa, ingressando as correspondentes receitas nas contas de "caixa e bancos" da empresa. Contudo, esta nao ê a situaçao normal, uma vez que a maior parte das vendas da indústria é realizada para pagamento a prazo. Neste caso, os produtos acabados sao convertidos em "duplicatas a receber", ou seja, em títulos de crédito representativos das transações realizadas. Estes tí tulos podem ser mantidos na empresa (duplicatas em carteira] até a data do seu vencimento, ou negociados com uma instituição financeira através das chamadas operaçoes de "desconto" ou de "duplicatas caucionadas",o que proporciona à empresa meios de obter recursos monetários antes mesmo da data de vencimento dos correspondentes títulos.

0 processo de cobrança, finalmente, transforma as "duplicatas em carteira" em disponibilidades monetárias, as quais sao armazenadas em "caixa e bancos", completando o ciclo. As mencionadas operaçoes bancárias de desconto e de caucionamento de duplicatas representam para a empresa meios próprios para a conversão antecipada em dinheiro das duplicatas a

(28)

receber, via intermediaçao de uma instituição financeira, a qual, obvia­ mente, cobra juros pelos recursos adiantados à empresa durante o respecti vo prazo de antecipaçao'.

A manutençao das atividades da empresa, até que ocorram os normais recebimentos de numerário provenientes das suas vendas, requer que a mesma disponha de uma certa provisão de disponibilidades, em nível sufi ciente para atender os desembolsos (pagamentos) inadiáveis dentro deste período. A falta destes recursos poe em risco a própria estabilidade do empreendimento, uma vez que, por um lado, ameaça a continuidade do seu funcionamento, devido a uma possível interrupção no fornecimento dos insu mos indispensáveis às suas atividades, e, por outro, poderá implicar numa elevaçao de custos às vezes insuportável a longo prazo.

Embora denominado de curto prazo, em funçao das característi­ cas operacionais da empresa, este ciclo pode durar muitos meses e atá mes mo anos, o que se traduz na prática pela necessidade de um maior volume de recursos para serem aplicados em capital circulante.

Esta parcela de capital que alimenta as atividades da empresa durante o ciclo operacional de curto prazo tem recebido dos autores, que abordam a matéria, e dos empresários, que a praticam no seu dia a dia, as mais variadas denominaçoes: capital de trabalho (work capital), capital circulante, capital de giro, capital de movimento, capital de operaçao, capital de funcionamento, etc.

Esta abundante nomenclatura reflete, de certa forma, a comple xidade do fenômeno e as suas muitas redescobertas; nao raro, as expres­ sões acima vêm acompanhadas de apêndices muitas vezes indefinidos, que tornam ainda mais difícil a compreensão da matéria, especialmente devido à incorreta interpretação dos fatos financeiros inerentes à.vida da empre sa e à sua inadequada manipulaçao contábil.

A denominação "capital circulante", preferida por este traba­ lho, parece ser a que melhor exprime a realidade em estudo, notadamente em decorrência do caráter circulatório dos recursos correspondentes.

(29)

29

rado como o patrimônio em conta corrente da empresa', ou seja, a soma dos itens do seu ativo realizável e disponível". "Esta definição corresponde ao que poderíamos chamar de conceito contábil ou de curto prazo, que nao faz qualquer distinção sobre a natureza das fontes de financiamento do ca pitai de trabalho". (2)

E neste sentido que a expressão "capital circulante" ê empre­ gada ao longo do presente estudo, tendo em vista a sua melhor adequaçao aos trabalhos de programaçao financeira de curto prazo.(3) Contudo, para estudos de longo prazo, o autor citado reconhece a conveniência da adoçao de um conceito mais restrito, como segue:

"Para os nossos propósitos ..., cumpre-nos identificar o ca­ pital de trabalho em seu conceito financeiro ou de longo prazo, como a so ma total de recursos estáveis que a empresa necessita investir, em bases permanentes, na manutençao de um conjunto de estoques e de uma carteira de títulos, a fim de que possa funcionar normalmente, sem crises nem in­ terrupções". (4)

0 estudo analítico do capital circulante das empresas indus­ triais envolve, portanto, dois aspectos preponderantes e complementares

entre si. Q primeiro diz respeito às suas aplicações, isto é, aos seus di versos usos dentro da empresa ao longo do seu ciclo operacional. 0 segun­ do refere-se às origens do seu suprimento, ou seja, às diversas fontes in ternas e externas a que a empresa pode recorrer para prover os meios ne­ cessários à sustentaçao do seu normal funcionamento. Estes temas sao abor dados nos itens a seguir.

2.4 - CAPITAL CIRCULANTE: APLICAÇÕES

ü exame da Fig. 3 evidencia a natureza das aplicações do cap_i tal circulante. Conforme foi visto, o ciclo operacional de curto prazo ê composto por quatro processos dê transformaçao, a saber:

(2) HOLANDA, A. Nilson - O p . cit. - p. 267. (3) Ver a nota número (l) da página 11. (4) HOLANDA, A. Nilson - O p . cit. - p . 2S7.

(30)

1 - aquisiçao de insumos: transforma disponibilidades de "cai xa e bancos" em "estoques de insumos";

2 - produção: transforma "estoques de insumos" em "estoques de produtos acabados";

3 - vendas a prazo: transforma "estoques de produtos acaba­ dos" em "duplicatas a receber";

4 - cobrança: transforma "duplicatas a receber" em disponibi­ lidades de "caixa e bancos", completando o ciclo.

A efetivaçao destes processos consome tempo, durante o qual o capital circulante da empresa permanece aplicado sob as diversas formas possíveis: disponibilidades monetárias em caixa e bancos, adiantamentos a fornecedores de insumos, estoques de insumos, produtos em fase de elabora çao, estoques de produtos acabados, financiamento das vendas a prazo, a- lém de outras aplicações menos freqüentes, tais como mostruários, etc. Eis o que, em resumo, consta da Fig. 4, a seguir.

Diversas técnicas analíticas e estatísticas têm sido propos­ tas para a mensuraçao e projeção do capital circulante necessário à empre sa. (5)

Por exemplo, um levantamento diário (fí), na empresa, dos sal­ dos remanescentes em cada aplicaçao conduz à determinaçao dos valores mê dios aplicados durante o exercício em cada uma das formas de uso do capi­ tal circulante, o que, correlacionado com o volume das vendas do período, permite a realizaçao de estimativas sobre futuras necessidades de capital circulante. Esta abordagem, porém, revela-se excessivamente trabalhosa na prática, além de nao ser a mais adequada para a formulaçao e o controle de políticas gerenciais devido à sua grande imprecisão e à sua falta de instrumentalidade operacional.

(5) Ver WALTER, M. A. e BRAGA, H. R. - Demonstraçoes Financeiras - Um En foque Gerencial - 2 Vols. - Saraiva S/A Livr. E d . - Sao Paulo - SP - 1979 - Vol. 2, Cap. 13. Ver também HOLANDA, A. N. - 0p. cit. Segunda Parte, Cap. VII.

(6) Outra unidade de tempo qualquer - semana, mês, etc. - pode ser esco­ lhida para este levantamento.

(31)
(32)

Uma abordagem alternativa consiste na determinaçao do "prazo médio" de permanência dos recursos sob determinada forma (disponibilida­ des monetárias, estoques de insumos, etc.), o que pode ser obtido através de diversas técnicas mostradas em estudos contábeis . (?)

A aplicaçao deste parâmetro sobre o "valor periódico" do item correspondente permite a obtenção da parcela de capital circulante que, em média, permanece comprometida com o respectivo uso durante o período considerado.

0 somatório das diversas parcelas corresponde ao nível médio de capital circulante necessário ao empreendimento durante o período con­ siderado. Convém salientar que estas parcelas, bem como o seu somatório , sao "variáveis estoque", enquanto os valores periódicos dos itens sao "va riáveis fluxo" durante o período.

Por exemplo: suponha-se que o consumo anual de matéria-prima previsto para uma empresa corresponde a 900 unidades monetárias (valor pe riódico do item) e que o seu prazo médio de estocagem é igual a 30 dias,' isto é, cada unidade de matéria-prima permanece, em média, durante 30 dias no almoxarifado; entao, o valor médio do capital circulante comprome tido com este estoque é dado por:

30 dias x 900 u.m./ano

--- = 75 u.m. 360 dias/ano

E oportuno lembrar que este resultado é independente das uni­ dades de tempo consideradas.

(7) Ver, por exemplo, STEINSTRASSER, A. M. - Estrutura e Análise de Balan ço - 3ã e d . - Livr. SULINA E d . - P. Alegre - RS - 1971; CORDEIRO F9 , J.B. - Estrutura e Análise de Demonstraçoes Contábeis - E d . ATLAS S/A — Sao Paulo — SP — 1978; CORDEIRO Fs, J. B. — Prática de Análise EconÔmico-Financeira das Empresas - E d . ATLAS S/A - Sao Paulo - SP - 1974; JUDICIBUS, S. - Análise de Balanços - E d . ATLAS S/A - Sao Paulo - SP - 1977; WALTER, M. A. e BRAGA, H. R. - Demonstraçoes Financeiras - Um Enfoque Gerencial - SARAIVA S/A Livr. E d . - Sao Paulo- SP- 1S79.

(33)

33

Sejam u]_, u^, ... um os valores periódicos das "m" formas de aplicaçao do capital circulante de uma empresa e p-^, p^, Pm , os pra­ zos mádios durante os quais os recursos permanecem aplicados sob cada for ma. Entao, o nível médio de capital circulante, C, comprometido com a em­ presa durante o período é dado por:

m

i = 1

Para a operacionalizaçao destes conceitos, é importante obser var que alguns valores periódicos sao proporcionais às receitas auferidas pela empresa, outros o sao aos custos desembolsáveis, enquanto outros de­ vem ser fixados politicamente. 0 consumo de materiais, por exemplo, ex­ presso em valor periódico, na prática, costuma ser aproximadamente propor cional ao valor das vendas, mormente quando sao considerados períodos re­ lativamente longos para esta verificaçao. Já os valores periódicos dos cus tos dos produtos em elaboraçao e dos custos dos produtos acabados sao me­ lhor avaliados com o auxílio de uma combinaçao linear dos valores das re ceitas e dos custos desembolsáveis. Os valores periódicos dos itens sujei tos a adiantamentos a fornecedores apresentam-se proporcionais ora às re­ ceitas, quando o item pertence à categoria dos custos variáveis, ora aos custos fixos, em caso contrário. No que concerne às provisoes médias de disponibilidades monetárias, por razoes políticas determinadas pelo aspec to segurança, é recomendável a adoçao de valores fixos (constantes), embo ra se possa facilmente relacionar estes valores com os custos desembolsá­ veis. Certamente, ê desnecessário lembrar que o valor periódico das ven­ das a prazo deve guardar proporcionalidade com o valor das receitas da em presa.

2.5 - CAPITAL CIRCULANTE: FONTES

(34)
(35)

35

geral das diversas fontes que, alternativa e/ou cumulativamente, podem ser mobilizadas pela empresa para o seu suprimento de capital circulante, a- grupando-as em duas classes: recursos próprios e recursos de terceiros, co mo tradicionalmente se costuma fazer.

As compras a prazo, os adiantamentos recebidos de clientes e as operaçoes bancárias de curto prazo (desconto e caucionamento de dupli­ catas) sao expedientes regularmente utilizados pela empresa para o seu su primento de capital circulante via fontes externas. Já o diferimento de tributos e de outros encargos e a tomada de empréstimos de longo prazo constituem fontes de suprimento de giro mobilizadas freqüentemente, embo­ ra sem a mesma regularidade das anteriormente citadas.

Por esta razao, os conceitos de "prazo médio" e de "valor pe-i

riódico" podem ser aplicados às primeiras fontes, enquanto as demais rece berao distinto tratamento. Sejam v-^, Vg, vn os valores periódicos das compras a prazo, adiantamentos recebidos de clientes e duplicatas descon­ tadas e/ou caucionadas nos bancos comerciais e q^, q^, qn , os respec­ tivos prazos médios de pagamento, de antecipaçao de receitas e de descon to (ou caucionamento) de duplicatas. A parcela de capital circulante obti da nestas fontes, C^, pode ser assim expressa:

n

j = 1

Os recursos próprios empregados para o suprimento de capital circulante da empresa correspondem à parcela do seu patrimônio líquido nao aplicada em ativos imobilizados ou em outros usos realizáveis nao ope­ racionais. Estes recursos resultam, em última análise, do somatório de frações do seu capital realizado e das suas reinversoes de lucros nao dis tribuídos e de provisoes constituídas para prevenir o consumo (desvalori­

zação) do capital aplicado no empreendimento. Estes recursos, obviamente, podem ser ampliados através da injeção de novos recursos.

(36)

apenas duas óticas distintas de análise do fenômeno, o que implica neces­ sariamente na identidade contábil dos respectivos valores.

Decorre do exposto, o conceito de "capital circulante a desco berto", denotado por e assim definido:

C;=

c1

+ c2 ---n, c 2 = C - C x

onde C corresponde ao total das aplicações de capital circulante da empre sa (conforme anteriormente definido) e C^ se constitui na parcela de giro suprida por recursos de terceiros regularecorrentemente mobilizados.

Em conseqüência, o "capital circulante a descoberto" ê a par­ cela do capital de giro financiada por recursos próprios e por fontes ex ternas nao regulares (diferimentos de tributos e de outros encargos e em­ préstimos especiais a longo prazo, geralmente de origem bancária). Alguns autores preferem a denominaçao "capital circulante líquido", tendo em vis ta o seu caráter de permanência a longo prazo na empresa.

A administraçao, conhecendo a priori o montante do patrimônio líquido da empresa, bem como em funçao dos seus demais objetivos a curto e longo prazos, decide sobre a conveniência de manter, elevar ou reduzir nos próximos períodos a participaçao dos recursos próprios na cobertura do capital circulante. Se decidir aumentar esta participaçao, poderá pro­ gramar a reinversao dos retornos futuros, na medida que lhe permitirem a rentabilidade do empreendimento e a sua capacidade de armazenar provisoes para o consumo de capital, e/ou poderá preferir compor ou substituir es­ tes recursos internos com novas injeções de capital, determinando, assim, a estrutura desejada de recursos próprios para giro.

Por outro lado, o exame das condiçoes particulares do empreen dimento e dos seus planos futuros orientará a administraçao sobre o possí vel volume de recursos de terceiros, proveniente do diferimento de impos­ tos e de outros encargos (conforme disponha a legislação vigente no momen to), o qual poderá ser utilizado para giro.

Como última parcela da cobertura financeira do capital circu­ lante a ser determinada, os empréstimos especiais a longo prazo, se neces sários, serao objeto de negociaçao entre as administrações da empresa e

(37)

37

de uma ou mais instituições financeiras, definindo-se, assim, as condiçoes da operaçao, tais como: valor mutuado; encargos; prazos de liberaçao, carên cia e reembolso; garantias; formas de amortizaçao e de pagamento dos en cargos; etc. Evidentemente, outras fontes nao bancárias poderão ser mobili­ zadas pela empresa, tais como empréstimos junto a empresas do mesmo grupo, etc.

2.6 - INTERPRETAÇÃO CONTÁBIL

Contabilmente, conforme já se viu às páginas 28 e 29, as apli caçoes em capital circulante correspondem ao Ativo Circulante. 0 conceito de Passivo Circulante aqui adotado, contudo, diverge do usualmente empre­ gado, como se evidencia na Fig. 6 a seguir. Devido a esta discordância, preferiu-se nao utilizar a terminologia adotada na nova lei das sociedades anônimas. Por entender-se que os "recursos de longo prazo" (próprios e/ou de terceiros) aplicados em capital de giro também se encontram em perma­ nente "circulaçãoV julgou-se mais lógico incluí-los no Passivo Circulante. Por conveniência analítica, faz-se distinção entre "fontes" e "aplica­ ções" de recursos, as quais constituem, na realidade, as duas faces de uma mesma moeda.

Nao tem havido entre os autores, técnicos e legisladores aque la desejável uniformidade conceituai e terminológica, o que pode ser apon tado como uma das principais dificuldades responsáveis pela falta de con­ cordância entre eles com relaçao a inúmeros aspectos da matéria, com inú meras e graves implicações jurídicas e fiscais principalmente perante a legislaçao do imposto de renda.

Evitando tais divergências conceituais e terminológicas, a Fig. 6 retrata a tautológica identidade contábil entre usos e fontes do capital circulante. Embora inegavelmente útil, este demonstrativo ressen- te-se das limitações analíticas inerentes a todo instrumental de caráter estático, refletindo. . apenas um estado momentâneo dos recursos circulan tes utilizados pela empresa para a • alimentaçao das suas atividades.

Os trabalhos de programaçao requerem um instrumental analíti­ co dinâmico, capaz de identificar e de incorporar tendências, estruturas e decisões, elementos absolutamente indispensáveis à preparaçao de proje çoes financeiras.

(38)

B A L A N Ç O DE C A P I T A L CI RC ULANTE o E cn cn 3 0) G CO to 03 TJ T3 c -P •H C0 1--1 □ C C c0 • Ü 03 03 O -P •H •H •H o í—1 •H Ü CL U TJ 3 CO (0 c0 Ü 03 cn ü t— co T3 o 03 Q. D) 03 < T3 (0 u M co o O co CO a O 03 > TJ u C0 (0 CE -P 1 O H O •H c TJ o •H < C co co 03 N n 03 C0 N CO CL 03 - 0 •H CO < u 03 -P < •H ^_y E Li > < CE cO Ü co c CC u o 3 Ü O CL CL D) 03 0 o CL 03 O TJ C0 3 u CO U u ü a a CO rH a O a -p co o co H N c0 1 1— U3 3 03 cn 03 3 •H u 03 03 c r CO O o T3 2 Gr »—1 C0 TJ TJ C\i ZD *P O to VH c0 CL O cn c 03 (/) _ l o -J 03 O O rH co 03 C0 E U to 1 co 1 CO c0 < -p £ co -P < •H o 03 to CO -P co cõ o CO +> w rH i O Sh •H _J o -p -P ü m 2 c0 to 03 03 a ÜJ •H c 3 •H LU <ü o -P •H > > co > 1—1 C0 _Q 1—\ > 5 •H > c c u t-H a •H •H CL (H C l H a O ■H •H CD 3 TS 3 CD E CC co 5-1 03 03 QJ g Q < h~ a £ LU o CL CC CC T3 LU 1 1 1 t LU 1 Q_ 1 i I 1 1 rH C\J ro 1 --1 t rH CV) n ^ r • ■ • • . ■ . ■ 1-- 1 1—1 rH rH rH C\l C\l n n CO n ro C\J OJ CM OJ OJ OJ OJ OJ C\J OJ C\i OJ 03 CO X *H CO Ü £ 03 to co o LO 03 "D CO Sh C0 •H o _Q “D c0 vO 03 Ü 4J o O o (0 o 03 N 03 i (d > C < C o CO ÍH H O CC U IS] (0 o 03 I - e CL O O -p n < ti­ E O 3 03 co cn O 3 n T5 ü 03 03 1— ed !/] í0 ü 03 1 O 1 TJ c r C rH í i u o -CO ZD cn ■H CD a co 1—1 TJ a o CO ü ■H -p 0) E 03 •H 1—1 < c T3 OJ T3 CO rH •H 03 CO ÜL _1 JD E 1n to CO -p C0 LU *H UJ Cd 0) o 03 co > C cn > -P =S -P 3 Ü CO H O □ < c y d c r •H CO 2 a o M co O T) o r—1 u O CO c . M •H 4- o -p Q -p CL •H co _ í TJ m Sh CO 3 3 CD Q _Q < < LU CL ÜJ O O H LU Q 1 az 1 1 1 i 1 1 1—1 1 1—1 cm n ^ r cn <D • ■ ■ • ■ n • 1-- 1 rH OJ C\J OJ OJ OJ C\J OJ )-- 1 1—! 1—1 1—1 f—H rH (—1 1-- 1 1—1 T O T A L DO A T I V O C I R C U L A N T E O P E R A C I O N A L = T O T A L DO P A S S I V O C I R C U L A N T E OP ER ACIONAL

(39)

39

2.7 - PRESSUPOSTOS

A quantificaçao programática das aplicações e fontes de capi­ tal circulante pressupõe a tomada de inúmeras decisões referentes às poli ticas operacionais da empresa, bem como o conhecimento preciso de circuns tâncias externas impostas pelo ambiente no qual se insere a organizaçao.

Assim, a determinação dos "prazos médios" e dos "valores pe­ riódicos", elementos básicos para o cálculo das aplicações e fontes de ca pitai circulante, requer o prévio estabelecimento de um conjunto de nor­ mas e diretrizes de açao relacionados com os seguintes principais aspec tos empresariais:

a - programa de produção

b - orçamento das receitas operacionais c - orçamento dos custos operacionais d - políticas de venda dos produtos e - políticas de compra dos insumos

f - demais políticas operacionais da empresa.

Cada um destes aspectos, por sua vez, envolve um grande núme­ ro de variáveis., cuja objetivaçao requer a formulação de definições, a to mada de decisões e a fixaçao de posiçoes que consubstanciam toda uma es­ tratégia empresarial.

Em consonância com as oportunidades e possibilidades mercado­ lógicas, a administraçao ajustará os programas de produção e vendas a se rem cumpridos, definindo os produtos a ofertar, sua qualidade e as respec tivas quantidades periódicas.

Também o mercado proporcionará as informaçoes básicas para a fixaçao da política de preços da empresa, dando, pois, juntamente com os seus programas de produção e vendas, origem ao seu orçamento de receitas por período.

As características tecnológicas e organizacionais da empresa, o ambiente jurídico-institucional e as condiçoes do mercado de insumos

(40)

proverão os elementos indispensáveis à elaboraçao do seu orçamento de cus tos por período, discriminando os custos diretos de fabricaçao, os custos de manutençao, os custos administrativos, os custos comerciais, os custos tributários e os custos financeiros, inclusive aqueles correspondentes ao consumo de capital.

0 delineamento das políticas de venda da empresa definirá a orientaçao a ser seguida com relação à distribuição dos produtos no merca do, de modo a atender da melhor forma possível a sua clientela; os preços e condiçoes de pagamento a serem praticados; os prazos e demais condiçoes de fornecimento; os estoques de produtos acabados; bem como outros aspec­ tos concernentes à estratégia de marketing a adotar.

Por seu turno, as políticas de compras de insumos, em sinto­ nia com as condiçoes do mercado supridor da empresa, orientarao os proce dimentos relativos à seleção de fornecedores, à freqüência e periodicida­ de das compras, à manutençao de estoques de segurança, aos prazos e de mais condiçoes de pagamento, bem como aos prazos de entrega e outros as­ pectos atinentes ao seu regular abastecimento.

Finalmente, todos estes detalhes subordinar-se-ao a um conjun to mais amplo de políticas operacionais, incluindo normas e diretrizes re lacionadas com a direção geral dos negócios da empresa, com os seus crité rios e procedimentos administrativos, financeiros, de marketing e de pro­ dução .

2.8 - DINÂMICA DO CAPITAL CIRCULANTE .

Por tudo o que até. aqui se viu, é forçoso concluir-se que o capital circulante nao é tema que possa ser abordado independentemente dos demais aspectos da vida da empresa. Daí porque a sua programaçao e controle requerem uma abordagem sistêmica das atividades empresariais, o que, se por um lado destaca a complexidade do problema, por outro, o coloca no seu devido lugar, isto é, numa trama de interdependências com as demais facetas da realidade empresarial. Para completar o qua­

(41)

41

dro, ê oportuno relembrar que o capital circulante é uma realidade em transiçao, um continuo vir a ser, onde as disponibilidades monetárias se transformam em estaques de insumos; estes se convertem em estoques de pra dutos acabados, os quais se transmutam continuamente em duplicatas a rece ber e estas, novamente, retornam à forma monetária após a cobrança. Este caráter mutacional do capital circulante vem acompanhada de contínuas flu tuaçoes, o que torna especialmente difícil o seu domínio, isto ê, o seu planejamento e controle pela administraçao da empresa.

Uma primeira abordagem dinâmica do assunto ê proporcionada pe lo modelo conceituai apresentado na Fig. 7 adiante. Aí a empresa é vista com um suprimento inicial (no período l) de capital circulante, o qual, uma vez aplicado na aquisiçao de insumos, lhe permite gerar as suas pri­ meiras receitas operacionais. Deduzidos os custos operacionais desembolsá veis, parte dos retornos (lucros e provisoes para o consumo de capital) poderá ser liberada da empresa para o pagamento de dividendos, imposto de renda e outras retiradas de capital. Porém, se existem metas de crescimen to da produção, parte dos retornos deverá ser reinvestida em capital cir­ culante no período 2, o que também proporcionará um aporte adicional de recursos de terceiros para giro, sem ferir os níveis toleráveis de endivi damento pré-estabelecidos. Caso nao ocorram reinversoes, a expansao da produção (medida pelas receitas geradas) somente será possível mediante mudanças estruturais internas no plano de aplicações do capital circulan­ te ou no nível de endividamento da empresa.

Revigorada pelas reinversoes de capital circulante, as quais podem proporcionar um aporte adicional de recursos externos para giro, a empresa inicia um segundo esforço produtivo (período 2), aplicando estes recursos na aquisiçao de novos insumos, os quais, finalmente, serao con­ vertidos em maiores receitas (resultantes da venda de uma produção maior). Maiores receitas, maiores retornos, maiores reinversoes de capital circu­ lante para o período 3. Assim, poderá expandir-se a produção, período após período, até que prevaleçam os limites impostos pela plena utilizaçao da

(42)

DI

M

IC

A

DO

CA

PI

TA

L

CI

RC

UL

AN

TE

O >-tij «O O n t\T « o «O Uj O

o

K -CO 3 O

(43)

43

sua capacidade produtiva ou pelas condiçoes mercadológicas, ou ainda por outras restrições (falta de matérias-primas adicionais, falta de mao de obra, etc . ).

Este modelo pode ser analiticamente implementada da seguinte forma.

Sejam definidas as variáveis abaixo:

Fç = receita gerada pela venda da produção da empresa no pe­ ríodo t

G^ = capital circulante necessário para a geraçao da receita Ft

= retorno auferido pela empresa no período t

l_t = parcela do retorno R^ destinada a reinversao de capital circulante no período t + 1

Pt = recursos próprios da empresa aplicados em capital circu­ lante no período t

t = período de referência (t = 1, 2, . . . n)

f, g, r, 1, p = taxas de crescimento periódico das variáveis correspondentes (exemplo: f = A F / F t , onde A F = Ft+-j_ -Ft )

Admita-se, agora, a existência do seguinte sistema de rela­ ções entre tais variáveis, onde a, b, c, d sao parâmetros resultantes das características operacionais e estruturais da empresa, bem como de deci­ sões políticas adotadas pela sua administraçao;

Ft = a Gt (i)

Rt = b Ft (2)

Lt = c Rt (3)

Gt = d Pt (4)

Lt

= A

p (5)

Com estas relações pode-se determinar imediatamente as taxas limites de crescimento para as diversas variáveis do sistema. Por exemplo, a taxa de crescimento do capital circulante (g) será dada por:

(44)

A G = d A P

Substituindo em (fí), tem-se:

Gt + i - Gt + d A P

Combinando com (5), vem: Gt + 1 = Gt + d Lt

Através de sucessivas substituições via (3), (2) e (l), segue se: G t + 1 G, + de Rt ‘t Gt + i = Gt + dcb Ft Gt + 1 = Gt + dcba Gt Rearranjando, vem: Gt + 1 - Gt = abcd Gt A G = abcd G^_ E, finalmente': g = abcd

Da mesma forma, pode-se demonstrar que f = g = r = l = p = abcd

Portanto, "abcd" é a taxa limite de crescimento do sistema, mantida a estrutura inicialmente definida.

Para um melhor entendimento dos resultados acima, considere- se o exemplo numérico a seguir apresentado.

Suponha-se:

a) que a empresa E é capaz de produzir e vender o triplo da sua dotaçao de capital circulante em cada período, isto é:

F.

(45)

45

b) que os seus retornos correspondam a lD°/0 das suas receitas, ou seja:

Rt . 0,1 Ft

c) que a empresa destina 20°/0 dos seus retornos para reinver- sao de capital circulante, ou seja:

Lt = ° ’2 Rt

d) finalmente, que o seu capital circulante é 4 vezes supe­ rior à sua dotaçao de recursos próprios para giro, isto á:

Gt = 4 Pt

Como o incremento dos recursos próprios aplicados em capital circulante (AP) é obviamente igual às reinversoes de giro segue-se, conforme se demonstrou, que a taxa limite de crescimento do sistema, isto ê, de todas as suas variáveis, será:

f = g = r = 1 = p = 3 x 0,1 x 0 , 2 x 4 = 0,24 isto ê, 24°/o por período.

0 Quadro 01 a seguir ilustra numericamente este resultado, partindo de uma dotaçao inicial de 100 unidades monetárias de capital cir culante.

Embora bastante simplificado, o modelo ora apresentado ê sufi cientemente elucidativo quanto à natureza dos problemas a serem enfrenta­ dos pela administraçao da empresa ao decidir programar suas atividades sob o aspecto financeiro.

Partindo .de uma dotaçao inicial de capital circulante, cabe à administraçao da empresa decidir como distribuí-la entre disponibilidades monetárias, adiantamentos a fornecedores de insumos, estoques de insumos,

produtos em elaboraçao, estoques de produtos acabadas, financiamentos das vendas a prazo, etc. de tal modo que as suas metas de produção e vendas sejam alcançadas; vale dizer, como aplicar eficazmente o capital circulan te disponível para propiciar o atingimento das suas metas de produção e vendas?

Referências

Documentos relacionados

Lembramos que, na forma do Regimento Interno, em seu artigo 30 § 2°, o prazo para apresentação do parecer é de 30 (trinta) dias, e que deve ser precedido de ementa e encerrado

O segundo Beneficiário será designado pelo Segurado na Proposta de Adesão, podendo ser substituído a qualquer tempo, mediante solicitação formal assinada pelo próprio Segurado, para

Júri de Seleção de trabalhos Ginecologia/ Obstetrícia Hélder Ferreira Luís Guedes Martins Júri de Prémio CO Ginecologia/ Obstetrícia Anabela Branco José Cabral Luísa Vieira

Resposta: Conforme item 3.1.9.5 do Anexo 02 do Edital, caso o atestado apresente mais do que 12 meses de prestação de serviços ininterruptos, será considerada a média mensal do

Analysis of relief and toponymy of the landscape based on the interpretation of the military topographic survey: Altimetry, Hypsometry, Hydrography, Slopes, Solar orientation,

No período de primeiro de janeiro a 30 de junho de 2011, foram encaminhadas, ao Comitê de Segurança do Paciente da instituição sede do estudo, 218 notificações de

Não se está perante a situação de uma única falta injustificada; só se pode falar em falta de assiduidade se houver alguma continuidade, o que não implica que tenham de ser faltas

[Informar a data, o nome e a assinatura do dirigente máximo que aprovou o documento Termo de Abertura do Projeto antes deste projeto ser solicitado ao Governador pelo