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Perceção dos profissionais de saúde sobre clima de segurança no bloco operatório do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Academic year: 2021

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Perceção dos Profissionais de Saúde sobre Clima de

Segurança no Bloco Operatório do Centro Hospitalar de

Trás-os-Montes e Alto Douro

Dissertação de Mestrado em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica

Fernando Manuel Duarte Branquinho

Orientadores

Professor Doutor Carlos Manuel Torres Almeida Doutor João Francisco de Castro

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Perceção dos Profissionais de Saúde sobre Clima de

Segurança no Bloco Operatório do Centro Hospitalar de

Trás-os-Montes e Alto Douro

Dissertação de Mestrado em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica

Fernando Manuel Duarte Branquinho

Orientadores

Professor Doutor Carlos Manuel Torres Almeida Doutor João Francisco de Castro

Constituição do Júri:

Presidente: Professora Doutora Maria Zita Pires Castelo Branco

Vogal (Arguente): Professor Doutor Vítor Manuel Costa Pereira Rodrigues Vogal (Orientador): Professor Doutor Carlos Manuel Torres Almeida

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica, sendo apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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“…não existe uma resposta «certa» no que diz respeito às decisões relativas à saúde; existem, pelo contrário, várias respostas certas”.

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foi difícil, mas também muito gratificante. Por essa razão expresso a minha gratidão.

Ao Professor Doutor Carlos Almeida, que apesar da intensa rotina da sua vida, aceitou ser meu orientador, as suas valiosas indicações fizeram toda a diferença.

Aos profissionais do bloco operatório, que prescindiram de algum do seu tempo precioso para responder ao questionário.

Ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE, que autorizou a realização deste projeto de investigação na nossa instituição.

Ao meu pai (in memoriam), que me ensinou a enfrentar as adversidades da vida. Aos meus filhos, André e Tiago, com eles a vida faz sentido.

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organizações possam atingir os padrões de qualidade desejados nos cuidados de saúde prestados.

Este trabalho pretendeu estudar o clima de segurança no bloco operatório (BO) do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), EPE, na perceção dos profissionais de saúde que aí trabalham.

Objetivo: Entender qual a perceção dos profissionais de saúde sobre clima de segurança no BO do CHTMAD.

Metodologia: Tendo por base as características do trabalho que se pretendeu realizar, optámos por um estudo descritivo-correlacional e transversal de natureza quantitativa, aplicando na recolha de dados o Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) ou Questionário de Atitudes de Segurança (QAS) na versão para BO, traduzido e adaptado para o contexto português. O Clima de segurança no BO foi determinado por seis dimensões: Clima de equipa, Clima de segurança, Satisfação profissional, Reconhecimento de fadiga e stresse, Perceções e noções dos órgãos de gestão e Condições gerais de trabalho. Este instrumento avalia também a qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais.

Resultados: Nos participantes predomina o sexo feminino (67,3%), média de idades de 44,5 anos e 19,6 anos de experiência profissional. Os resultados obtidos, no global, revelam uma perceção alta do clima de segurança. Nas dimensões que o compõem, salienta-se com melhor média a satisfação profissional (4,21), seguida das condições gerais de trabalho (3,52), com menor média a dimensão perceções e noções dos órgãos de gestão (2,88).

Conclusão: Apesar dos resultados apontarem para uma boa perceção do clima de segurança, detetaram-se alguns aspetos suscetíveis de melhoria como, por exemplo, as perceções e noções dos órgãos de gestão. A qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais apresentou também valores positivos, no entanto, os resultados verificados para os anestesistas e cirurgiões apontam para a necessidade de estabelecer estratégias de melhoria nestes grupos profissionais. Palavras chave: clima de segurança, bloco operatório, qualidade, segurança do doente, comunicação, trabalho de equipa.

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organizations can achieve the desired quality standards when providing health care.

The current research was carried out to study the operating room’s (OR) safety culture in Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), EPE, from the perspective of the healthcare professionals that work there.

Objective: To understand the perception of healthcare professionals about the safety culture in the operating room of the CHTMAD.

Methodology: Based on the characteristics of the work intended to be carried out, we chose a descriptive-correlational and transversal study of quantitative nature. For data collection we applied “Safety Attitudes Questionnaire” (SAQ), in the operation room’s version, translated and adapted to the Portuguese context. The safety culture in the OR was determined based on six dimensions: team climate, safety climate, professional satisfaction, fatigue and stress recognition, insights and management notions and general work conditions. This instrument also evaluates the quality of communication and cooperation between healthcare professionals. Results: The participants were mainly female (67,3%), the average age was 44,5 and 19,6 years of professional experience. The results obtained, in general, reveal a high perception of safety climate. In the dimensions that compose it, stands out professional satisfaction (4,21), followed by general work conditions (3,52), the dimension insights and management notions has the lowest average (2,88).

Conclusion: Despite the results point to a good perception of safe climate, some aspects need improvement, such as insights and management notions. The quality of communication and cooperation between healthcare professionals also presented positive values, however, anesthetists and surgeons point to the need to establish improvement strategies in these professional groups.

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Resumo ... ix

Abstract ... xi

Lista de Tabelas ... xv

Lista de Abreviaturas e Siglas ... xvii

1.INTRODUÇÃO ... 1

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 5

2.1. Clima de segurança no bloco operatório ... 9

2.1.1. Qualidade e segurança nos cuidados de saúde ... 10

2.1.2. Risco e erro no bloco operatório ... 12

2.1.3. Comunicação e colaboração entre profissionais de saúde ... 14

3. METODOLOGIA ... 19

3.1 Tipo de estudo ... 19

3.2. Locais do estudo ... 20

3.3. População/Amostra ... 20

3.4. Operacionalização e categorização das variáveis ... 21

3.4.1. Variáveis de investigação ... 21

3.4.2. Variáveis atributo ... 22

3.5. Questões de investigação ... 23

3.6. Hipóteses ... 24

3.7. Instrumento de recolha de dados ... 25

3.8. Considerações éticas ... 26

3.9. Tratamento e análise de dados ... 27

4. RESULTADOS ... 29

4.1. Análise descritiva ... 29

4.1.1. Caracterização socioprofissional da amostra ... 29

4.1.2. Análise da qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais ... 38

4.1.3. Análise das dimensões do clima de segurança no bloco operatório ... 40

4.1.3.1. Análise do clima de equipa ... 40

4.1.3.2. Análise do clima de segurança ... 43

4.1.3.3. Análise da satisfação profissional ... 45

4.1.3.4. Análise do reconhecimento de fadiga e stresse ... 46

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4.1.3.7. Análise comparativa das dimensões do clima de segurança ... 49

4.2. Análise inferencial ... 50

4.2.1. Perceção das dimensões do clima de segurança de acordo com as variáveis sociodemográficas ... 50

4.2.1.1. Perceção das dimensões do clima de segurança de acordo com o sexo ... 50

4.2.1.2. Perceção das dimensões do clima de segurança de acordo com idade em classes ... 51

4.2.1.3. Perceção das dimensões do clima de segurança de acordo com o tempo de serviço em classes ... 53

4.2.1.4. Perceção das dimensões do clima de segurança de acordo com o tempo de serviço no bloco operatório em classes ... 55

4.2.1.5. Perceção das dimensões do clima de segurança de acordo com a função ... 57

4.2.2. Análise da relação entre o clima de segurança e a comunicação geral ... 59

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 61

5.1. Análise das características dos participantes ... 61

5.2. Análise da comunicação e colaboração entre profissionais ... 64

5.3. Análise das dimensões do clima de segurança no bloco operatório ... 65

5.3.1. Análise do clima de equipa ... 66

5.3.2. Análise do clima de segurança ... 67

5.3.3. Análise da satisfação profissional ... 68

5.3.4. Análise do reconhecimento da fadiga e stresse ... 69

5.3.5. Análise das perceções e noções dos órgãos de gestão ... 70

5.3.6. Análise das condições gerais de trabalho ... 70

5.4. Análise da relação entre as dimensões do clima de segurança e a qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais ... 73

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 79

ANEXOS ... 85

Anexo A - Questionário de atitudes de segurança em BO ... 87

Anexo B - Pedido de autorização para uso do QAS ... 89

Anexo C - Pedido de autorização ao conselho de administração ... 91

Anexo D - Parecer do diretor do serviço ... 95

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Tabela 2. Caracterização da amostra segundo a função ... 30

Tabela 3. Caracterização da amostra segundo a classe profissional ... 30

Tabela 4. Caracterização da classe profissional em relação com o sexo ... 31

Tabela 5. Caracterização da amostra segundo a nacionalidade ... 31

Tabela 6. Caracterização da amostra segundo a idade e a classe etária ... 32

Tabela 7. Caracterização das classes profissionais em relação com as classes etárias ... 33

Tabela 8. Caracterização da amostra segundo o tempo de serviço e o tempo de serviço em classes 34 Tabela 9. Caracterização das classes profissionais em relação ao tempo de serviço em classes ... 35

Tabela 10. Caracterização da amostra segundo o tempo de serviço no BO e o tempo de serviço no BO em classes ... 36

Tabela 11. Caracterização das classes profissionais em relação ao tempo de serviço no BO em classes ... 37

Tabela 12. Caracterização da amostra segundo o estado profissional e o turno habitual ... 37

Tabela 13. Análise da qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais... 39

Tabela 14. Análise da qualidade da comunicação e colaboração entre classes profissionais ... 39

Tabela 15. Análise do clima de equipa ... 42

Tabela 16. Análise do clima de segurança ... 45

Tabela 17. Análise da satisfação profissional ... 46

Tabela 18. Análise do reconhecimento de fadiga e stress ... 47

Tabela 19. Análise das perceções e noções dos órgãos de gestão ... 48

Tabela 20. Análise das condições gerais de trabalho ... 49

Tabela 21. Análise comparativa das dimensões ... 50

Tabela 22. Teste de Mann-Whitney aplicado às variáveis dimensões e sexo ... 51

Tabela 23. Teste de Kruskal-Wallis aplicado às variáveis dimensões e idade em classes ... 53

Tabela 24. Teste de Kruskal-Wallis aplicado às variáveis dimensões e tempo de serviço em classes ... 55

Tabela 25. Teste de Kruskal-Wallis aplicado às variáveis dimensões e tempo de serviço no BO em classes ... 57

Tabela 26. Teste de Kruskal-wallis aplicado às variáveis dimensões e função ... 58

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AO - Assistente Operacional

ASA - American Society of Anesthesiologists BO - Bloco Operatório

CHTMAD - Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro cit. - citado

DGS - Direção-Geral da Saúde EA - Eventos Adversos

ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública EPE - Entidade Pública Empresarial

FMAQ - Flight Management Atitude Questionnaire LVSC - Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica nº - número

OMS - Organização Mundial de Saúde p. - página

QAS - Questionário de Atitudes de Segurança SAQ - Safety Attitudes Questionnaire

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1. INTRODUÇÃO

A preocupação com a segurança dos doentes assume desde sempre um papel de primordial importância para as organizações do setor da saúde, ainda nos nossos dias, é considerada uma prioridade estratégica das políticas de saúde mundial. Nesse sentido, cada instituição deve implementar um conjunto de medidas, que promovam o desenvolvimento do clima de segurança nos seus serviços. O BO é uma das unidades onde são imprescindíveis elevados padrões de segurança e qualidade, necessários para alcançar os tão desejados ganhos em saúde. O BO é uma das áreas de trabalho de maior complexidade no setor da saúde, esta unidade requer profissionais experientes e fortemente qualificados, capazes de fazer face às situações de risco que possam por em causa a segurança dos doente. Deve proporcionar boas condições de trabalho, um ambiente que facilite a comunicação e a colaboração entre profissionais, um bom clima de equipa, facilite a perceção de fadiga e stresse, de modo a desenvolver um verdadeiro clima de segurança. Na análise desta temática e, uma vez que exercemos a nossa atividade no BO do CHTMAD, EPE, surgiu-nos com alguma frequência a questão: Como se caracteriza o clima de segurança do BO do CHTMAD percecionado pelos profissionais de saúde que lá exercem funções?

Nesse seguimento, propusemos como tema de estudo: “Perceção dos profissionais de saúde sobre clima de segurança no bloco operatório do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro”.

A “consciência cirúrgica” impõem-nos um conjunto de valores e responsabilidades para com os doentes e os restantes membros da equipa cirúrgica. Enquanto profissionais do BO, cientes que a complexidade deste serviço é propensa à ocorrência de acidentes, projetámos levar a cabo este estudo, tendo como base a importância da segurança, não só do doente (figura central da nossa atenção) mas também, de todos os envolvidos no ambiente cirúrgico.

Este trabalho procurou refletir sobre uma questão atual, pertinente e de elevada importância para as organizações de saúde cada vez mais empenhadas no desenvolvimento da cultura de segurança, entendida como fundamental para atingir os padrões de qualidade tão desejados por todos os stakeholders da saúde.

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O BO apresenta-se como um serviço onde se desenvolvem práticas complexas, interdisciplinares, com um vasto campo de intervenção em atividades muito específicas, que exigem aos profissionais que aí trabalham, um elevado nível de conhecimentos e habilidades de diversa natureza necessárias, ao desempenho do seu papel de forma segura e eficaz, com o máximo respeito pelas normas de segurança.

Após revisão sistemática e compreensiva de um conjunto de artigos, resultantes da pesquisa efetuada em bases de dados eletrónicas e repositórios científicos digitais, sobre a temática em estudo, cujos participantes são profissionais de saúde da área de BO, entendemos de grande importância saber qual a perceção dos profissionais de saúde que trabalham no BO do CHTMAD, EPE, nos quais nos incluímos, sobre clima de segurança.

Despertando desde logo o interesse por desenvolver um projeto de investigação nesta temática, no BO das unidades hospitalares de Lamego, Vila Real e Chaves do CHTMAD, EPE, durante o curso de Mestrado em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica.

Objetivo do trabalho: Entender qual a perceção dos profissionais de saúde sobre clima de segurança no BO do CHTMAD.

Objetivos específicos:

• Analisar o clima de trabalho em equipa dos profissionais de saúde do BO do CHTMAD;

• Avaliar a satisfação profissional dos profissionais de saúde do BO do CHTMAD;

• Analisar o reconhecimento da fadiga e do stresse por parte dos profissionais de saúde do BO do CHTMAD;

• Conhecer a perceção dos profissionais de saúde do BO sobre a colaboração dos órgãos de gestão do CHTMAD na cultura de segurança;

• Avaliar a perceção dos profissionais de saúde do BO sobre as condições gerais de trabalho;

• Avaliar a influência da qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais no clima de segurança do BO;

• Conhecer a relação entre as variáveis socioprofissionais (sexo, idade, tempo de serviço, tempo de serviço no BO e função) e a perceção dos profissionais de saúde sobre clima

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• Analisar a relação entre as diferentes dimensões que influenciam o clima de segurança.

Este trabalho ficou estruturado em cinco capítulos. No primeiro, apresentámos a fundamentação teórica do tema em estudo para uma melhor compreensão e análise deste projeto, fizemos a abordagem de algumas noções relacionadas com a temática nomeadamente, as questões em torno do clima de segurança no BO e a sua importância no produto final dos procedimentos aí realizados, cuidados de saúde com elevados padrões de qualidade.

No capítulo seguinte, enunciámos o percurso metodológico que propusemos para desenvolver a temática em estudo, descrevemos: o tipo de estudo, os locais do estudo, a população/amostra, a operacionalização e caracterização das variáveis, as questões de investigação, as hipóteses, o instrumento de recolha de dados, as considerações éticas e o tratamento e análise de dados. No seguimento divulgámos os resultados encontrados na caracterização socioprofissional da amostra, na análise da qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais e na análise das dimensões do clima de segurança, concluímos este capítulo com a análise inferencial dos achados.

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2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Nas últimas décadas, a medicina obteve elevados benefícios com os avanços das tecnologias médicas, com ganhos efetivos em eficácia, no entanto, estes avanços são também acompanhados de novos riscos para os envolvidos.

“A prestação de cuidados de saúde é uma atividade de risco. Risco para os doentes, para os profissionais e para todos os players envolvidos, encontrando-se entre as mais perigosas” (Fragata, 2011, p.15).

O clima de segurança dos doentes é, por isso, uma preocupação de todos os stakeholders do setor da saúde. A segurança dos serviços de saúde desde há algum tempo que ocupa um espaço importante nas políticas de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS), na quinquagésima quinta Assembleia Mundial da Saúde, em 2002, aprovou a resolução WHA55.18, exortando os países a aumentar a segurança dos cuidados de saúde e os seus sistemas de monitorização, devido à reduzida segurança dos cuidados de saúde prestados aos doentes (World Health Organization [WHO], 2002).

Esta resolução também solicitou que a OMS assumisse a liderança no estabelecimento de normas e padrões globais e apoiasse os esforços dos países na preparação de políticas e práticas de segurança.

A Aliança Mundial para a Segurança do Doente foi lançada em outubro de 2004, juntando pela primeira vez, dirigentes de agências, decisores políticos e grupos de doentes de todo o mundo, com o objetivo de promover o estabelecimento de políticas e de práticas clínicas seguras (OMS, 2009). “Assim, concentrou as suas ações em campanhas de segurança centradas no doente, designadas por ‘Desafios Globais para a Segurança do Doente’” (OMS, 2009, p.2). A área escolhida para o primeiro desafio, em 2005-2006, foi a infeção associada aos cuidados de saúde, para o segundo desafio, em 2007-2008, a área problemática escolhida foi a segurança dos cuidados cirúrgicos (Direção-Geral da Saúde [DGS], 2013a). Desafio este que culminou com a implementação da lista de verificação de segurança cirúrgica (LVSC).

A DGS afiança que “A Segurança do Doente é uma prioridade da Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde e considera-se fundamental a avaliação da cultura de segurança para

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direcionar intervenções de melhoria e monitorizar a evolução das mesmas nos hospitais” (DGS, 2018, p.3).

A nível nacional, de salientar o Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020 (Despacho n.º 1400-A/2015, de 10 de fevereiro), que respeita a Recomendação da União Europeia de 09 de junho de 2009 e as orientações da OMS para a segurança dos doentes, incluindo as recentes recomendações da II Reunião Mundial de Ministros sobre Segurança dos Doentes, realizada em Bona, em março de 2017, assumindo-se um marco consistente na luta contra os incidentes de segurança associados à prestação de cuidados de saúde.

Visa atingir os seguintes objetivos estratégicos:

1. Aumentar a cultura de segurança do ambiente interno; 2. Aumentar a segurança da comunicação;

3. Aumentar a segurança cirúrgica;

4. Aumentar a segurança na utilização da medicação; 5. Assegurar a identificação inequívoca dos doentes; 6. Prevenir a ocorrência de quedas;

7. Prevenir a ocorrência de úlceras por pressão;

8. Assegurar a prática sistemática de notificação, análise e prevenção de incidentes; 9. Prevenir e controlar as infeções e as resistências aos antimicrobianos.

Para concretizar o proposto no ponto 3, foram estabelecidas as seguintes ações:

• Disponibilizar o sistema de registo da LVSC em todos os BO;

• Registar a utilização da LVSC;

• Auditar, mensalmente, a utilização da LVSC em, pelo menos, 10% do total de cirurgias efetuadas no mês homólogo ao ano anterior;

• Incluir a taxa de registo de utilização da LVSC institucional nos contratos programa.

Como metas para o final de 2020:

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2. Reduzir a taxa de não conformidade da utilização da LVSC em 5% face ao ano anterior; 3. Reduzir anualmente em 1% a taxa de incidentes cirúrgicos inadmissíveis.

Tem sido uma preocupação da DGS a publicação de um conjunto de normas que pretendem corporificar um conjunto de preceitos e regras imprescindíveis para a segurança dos doentes, tais como:

1. Precauções básicas do controlo da infeção (DGS, 2012).

Esta norma é composta por um conjunto de 10 medidas que visam a redução das infeções associadas aos cuidados de saúde:

• Colocação de doentes; • Higiene das mãos; • Etiqueta respiratória;

• Utilização de equipamento de proteção individual; • Descontaminação do equipamento clínico;

• Controlo ambiental;

• Manuseamento seguro da roupa; • Recolha segura de resíduos;

• Práticas seguras na preparação e administração de injetáveis; • Exposição a agentes microbianos no local de trabalho.

2. Cirurgia segura salva vidas (DGS, 2013a).

Visa a implementação do projeto ”Cirurgia Segura, Salva Vidas” de acordo com o manual “Orientações da OMS para a cirurgia segura 2009” é obrigatório em todos os BO, sendo considerado o padrão mínimo de qualidade clínica.

Em todas as cirurgias deve proceder-se ao registo da utilização da LVSC e do Apgar cirúrgico.

3. Prevenção da infeção do local cirúrgico (DGS, 2013b).

Implementa um conjunto de orientações que objetivam a prevenção de infeção do local cirúrgico no pré-operatório, no intra-operatório e a vigilância epidemiológica.

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4. Profilaxia antibiótica cirúrgica na criança e no adulto (DGS, 2013c).

A profilaxia antibiótica cirúrgica aplica-se a certas cirurgias e deve ser efetuada nos 60 minutos que antecedem a cirurgia, de modo a assegurar níveis tecidulares adequados na altura da incisão cirúrgica.

5. “Feixes de Intervenções” de prevenção de infeção de local cirúrgico (DGS, 2015). São um conjunto de cinco intervenções que, quando agrupadas e implementadas de forma integrada, promovem melhor resultado, com maior impacto do que a mera adição do efeito de cada uma das intervenções individualmente:

• Realizar banho com cloro-hexidina a 2% no dia anterior à cirurgia e, no dia da cirurgia, com pelo menos 2 horas de antecedência;

• Administrar antibiótico para profilaxia antibiótica cirúrgica dentro dos 60 minutos anteriores à incisão cirúrgica, sempre que indicado;

• Evitar tricotomia e, quando absolutamente necessária, usar máquina de corte imediatamente antes da intervenção cirúrgica;

• Manter normotermia peri-operatória (temperatura central ≥35,5ºC); • Manter glicemia ≤180 mg/dl (durante a cirurgia e nas 24 horas seguintes).

Mais recentemente, a DGS emitiu a norma 005/2018 “Avaliação da Cultura de Segurança dos Doentes nos Hospitais” com o propósito de avaliar a cultura de segurança do doente nos hospitais portugueses. Onde refere que a OMS e o Conselho da União Europeia aconselham aos Estados Membros “a avaliação da perceção dos profissionais sobre a cultura de segurança do doente, como condição essencial para a introdução de mudanças nos comportamentos dos profissionais e organizações prestadoras de cuidados de saúde, e alcançar melhores níveis de segurança e de qualidade nos cuidados prestados aos doentes” (DGS, 2018, p.3).

A cultura de segurança de uma organização é, segundo a OMS, o produto de valores individuais e de grupo, atitudes, perceções, competências e padrões de comportamento que determinam o compromisso com a segurança, e o estilo e competência da gestão da segurança de uma organização de saúde. As organizações contêm, assim, ambiente próprio, recebem influências e influenciam as várias pessoas que nelas atuam, sendo estes mesmos agentes os que contribuem para a formação da cultura da organização (DGS, 2018, p.3).

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Ainda neste capítulo abordámos o clima de segurança no BO, refletindo sobre qualidade e segurança nos cuidados de saúde, risco e erro no BO e comunicação e colaboração entre profissionais.

2.1. Clima de segurança no bloco operatório

As complicações cirúrgicas são uma das principais causas de morte e de incapacidade no mundo pelo que, a preocupação pela segurança dos doentes em ambiente cirúrgico se tornou um dos principais objetivos das organizações de saúde, com o propósito de as eliminar ou mitigar o seu efeito na qualidade dos atos praticados.

Segundo a OMS (2009), “as complicações cirúrgicas evitáveis representam uma grande proporção de lesões e mortes, a nível mundial. Estima-se que os eventos adversos afectam 3-16% de todos os doentes internados, sendo que mais de metade desses eventos são evitáveis” (p.3).

Globalmente, um em cada 25 doentes realiza uma operação cirúrgica a cada ano. As complicações resultantes de uma operação ocorrem em 1/4 de todos esses doentes. Pelo menos metade dos casos em que a cirurgia leva a danos é considerada evitável (WHO, 2017).

Os resultados da WHO sugerem que, globalmente, a cirurgia ainda resulta em altas taxas de doenças, enfermidades e mortes. Procedimentos cirúrgicos inseguros causam complicações em até 25% dos doentes. Quase 7 milhões de doentes cirúrgicos sofrem complicações significativas anualmente, 1 milhão dos quais morre durante ou imediatamente após a cirurgia (WHO, 2019). Apesar do aumento do risco de referência dos doentes, a mortalidade perioperatória diminuiu significativamente nos últimos 50 anos, com o maior declínio nos países desenvolvidos, apesar do aumento do status de risco anestésico ASA e da complexidade dos doentes (Bainbridge, Martin, Arango & Cheng, 2012).

A assistência médica é um setor de alto risco, no qual é provável ocorrerem eventos adversos (EA). A incidência de EA no atendimento hospitalar a adultos é de cerca de 7% a 40% e estima-se que até 71% desestima-ses eventos estima-sejam evitáveis (Hibbert et al., 2016).

Existe um foco atual na medição e no aprimoramento da cultura de segurança do doente, a fim de aumentar a segurança do doente nos cuidados de saúde. Além disso, taxas mais altas de

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complicações cirúrgicas têm sido associadas a um clima fraco de segurança do doente. A segurança do doente e a eficiência no BO dependem muito do trabalho em equipa interprofissional (Nilsson, Göras, Wallentin, Ehrenberg & Unbeck, 2018).

O desenvolvimento da cultura de segurança nos hospitais e, particularmente no BO será impactante para a redução dos EA, do erro e dos acidentes causadores de dano e quebra na expectativa do doente, sem esquecer uma pior relação custo/efetividade para as organizações de saúde.

Por estas razões, a segurança cirúrgica apresenta-se como um problema de saúde pública significativo e emergente de medidas que aumentem o clima de segurança nos BO.

2.1.1. Qualidade e segurança nos cuidados de saúde

A crescente aposta das instituições na qualidade dos seus serviços, é a garantia de uma melhor relação com os doentes e o seu reconhecimento pelos atos de saúde praticados. A expectativa dos doentes cirúrgicos, dada a vulnerabilidade da sua situação clínica, é que os profissionais de saúde sejam capazes de lhes proporcionar cuidados adequados e com elevados níveis de segurança.

Qualquer ideia de qualidade e segurança em saúde não poderá aparecer dissociada do princípio da universalidade do acesso aos cuidados com equidade e solidariedade, só desta forma poderemos falar em excelência na saúde.

Não é fácil definir o que é qualidade em saúde, por ser “…um conceito subjetivo que se relaciona com a perceção do indivíduo, que inclui várias dimensões, nomeadamente culturais, geográficas, necessidades e expectativas, e aplica-se a produtos ou serviços prestados” (Duarte & Martins, 2014, p.197).

Podemos definir qualidade em saúde como “a prestação de cuidados de saúde acessíveis e equitativos, com um nível profissional ótimo, que tenha em conta os recursos disponíveis e consiga adesão e satisfação do cidadão” (Sturno et al., cit. por Duarte & Martins, 2014, p.197). No caminho a trilhar para a qualidade em saúde, a segurança dos doentes no BO apresenta-se como uma componente importante para a redução dos EA associados à prática cirúrgica. “A segurança na prestação de cuidados de saúde é verdadeiramente indissociável da qualidade,

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quer pelo impacto nos resultados administrativos, clínicos e financeiros, quer pela dimensão de satisfação e de reputação dos clientes” (Fragata, 2011, p.20).

Do ponto de vista da qualidade, «o grande desafio» têm a ver com a necessidade de criar com sucesso, um sistema que, de forma coerente e integrada, englobe os múltiplos esforços que, os profissionais e as organizações estão a desenvolver de molde a potenciar os benefícios para os doentes. (Santos, 2010, p.19)

Entendemos importante salientar que:

Nos sistemas de saúde «movimentam-se» múltiplos actores, com distintos interesses e motivações, desempenhando diferentes papéis no seio do mesmo. Cada grupo possui definições e, consequentemente, medições de qualidade próprias, tendo em conta o seu «posicionamento» no sistema de saúde, podendo igualmente diferir nas dimensões analisadas, nos objectivos definidos, nos indicadores e medidas seleccionados e nos padrões (ou standards) utilizados como referência. (Brook & McGlynn, 1996, cit. por Sousa, 2010, p.24)

Para terminar, tencionamos fazer referência aos modelos de avaliaçao da qualidade, Sousa (2010) entende que os modelos descritos por Maxwell e por Donabedian são os dois mais conhecidos e utilizados por todo o mundo e apresentam em comum o facto de operacionalizarem a qualidade em saúde sob a forma de dimensões.

O modelo multidimensional de Maxwell é alicerçado em seis dimensões: efetividade, eficiência, acessibilidade/qualidade na perspetiva do doente, acessibilidade, equidade e segurança. Donabedian definiu um modelo de qualidade que tem como base a tríade estrutura, processo e resultado.

Fragata (2011) aponta a segurança como uma vertente indissociável da qualidade, sendo esta o quarto pilar a adicionar à clássica tríade de Donabedian e à qual, ainda acrescentaria uma quinta dimensão, a satisfação dos doentes.

Também o grupo de trabalho criado pelo Despacho nº 4321/2013 para avaliar a situação nacional dos BO, no seu relatório final argumenta que:

Os serviços prestados em BO ao doente cirúrgico exigem uma adequada organização dos profissionais de saúde e equipamentos, apoiados por procedimentos abrangentes e documentados que reflitam a boa prática (CHKS, 2013). Este sistema de garantia e melhoria inclui critérios de qualidade e segurança transversais a toda a organização e específicos do BO (Penedo et al., 2015).

(32)

2.1.2. Risco e errono bloco operatório

A prestação de cuidados de saúde é uma atividade que envolve riscos não só para os doentes, mas também para os próprios profissionais e mesmo para as organizações.

Caracterizando sumariamente o BO, poderemos dizer que este é uma “unidade orgânico-funcional autónoma, constituída por meios humanos, técnicos e materiais vocacionados para prestar cuidados anestésicos/cirúrgicos especializados, a doentes total ou parcialmente dependentes, com o objectivo de salvar, tratar e melhorar a sua qualidade de vida” (Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses [AESOP], 2006, p.20).

“Os cuidados de saúde destinam-se a beneficiar os doentes, no entanto, existe o risco inerente de ocorrência de erros e EA, devido à complexidade dos processos, das tecnologias e dos fatores humanos, que a prestação de cuidados envolve” (International Council of Nursing, 2006, cit. por Rebelo, 2013, p.25).

Quanto à sua etiologia, os fatores de risco no BO ordenam-se em várias categorias, nomeadamente, de natureza química, física, biológica, psicossocial, entre outros.

Nos riscos de natureza química, é de salientar que, no BO, são utilizados diversos produtos de natureza química, suscetíveis de provocar efeitos irritantes, sensibilizantes e até cancerígenos. Dos produtos incluídos neste grupo, pelos potenciais efeitos adversos para a saúde, podemos fazer referência aos gazes anestésicos, e aos desinfetantes.

Quanto aos fatores de natureza física, de salientar que estes resultam no geral da estrutura física, dos equipamentos e dos procedimentos incorretos por parte dos profissionais. Podemos destacar, como mais importantes, as radiações ionizantes, as radiações não ionizantes, as condições de iluminação, as condições térmicas, o risco de incêndio ou explosão, os riscos elétricos e o ruído.

O risco de natureza biológica aparece naturalmente associado aos cuidados de saúde, as principais fontes são o sangue, os fluidos corporais, as secreções e as excreções. As principais vias de transmissão dos microrganismos são: o contacto direto, o contacto indireto, as gotículas e os veículos inanimados.

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Fatores de risco de natureza psicossocial estão diretamente relacionados com as características de cada instituição e com a especificidade de cada serviço. O contacto com a doença, o sofrimento, as situações de urgência em que é necessária uma atuação rápida e eficiente, a responsabilidade inerente às tomadas de decisão, a sobrecarga de trabalho, o trabalho por turnos, entre outros, constitui uma agressão à saúde física e mental dos profissionais do BO. Naturalmente, as instalações físicas do BO devem obedecer à caracterização técnica, enunciada pelo grupo de trabalho que elaborou o relatório final “Avaliação da Situação Nacional dos Blocos Operatórios”, para que a prevenção dos fatores de risco seja efetiva e promova a proteção dos doentes e dos profissionais (Penedo et al., 2015).

O risco em ambiente cirúrgico aparece associado ao erro que, segundo Fragata (2011), é definido como um “desvio de um resultado em relação a um plano preestabelecido ou o uso de um plano errado para atingir um dado objectivo, que por isso não se consegue” (p.22). Os erros são de vários tipos, conforme o mecanismo de produção: “os lapsos ou falhas são erros automáticos, de atenção ou de destreza e os enganos são erros por planeamento defeituoso por má aplicação de regras ou por mau raciocínio, ou seja, resultam de decisões cognitivas erradas” (Fragata, 2011, p.22).

Ainda para Fragata (2011), “as condições de trabalho, a organização, a equipa, os níveis de cansaço e stress, podem propiciar estes erros e, face a um acidente, só uma análise às suas causas remotas (root cause analysis), poderá esclarecer a trajectória e as causas que a ele conduziram” (p.27).

Os fatores humanos e os fatores de equipa são consideráveis influenciadores do clima de segurança do BO “Os fatores humanos englobam o conjunto de características humanas individuais que, interagindo com elementos do ambiente, da organização, dos equipamentos e da tarefa, influenciam comportamentos de segurança” (Fragata, 2011, p.31).

Fragata (2011) considera os seguintes componentes nos fatores humanos:

Indivíduo – Inclui a sua competência, capacidades técnicas, personalidade, atitude e perceção de risco;

Organização – Inclui o padrão de trabalho, a cultura no local de trabalho, a comunicação e a liderança. Estas vertentes dizem mais respeito à equipa, um microcosmo organizacional, a ponte entre as pessoas e o sistema;

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Tarefa – Inclui a natureza do trabalho, a carga de trabalho, o ambiente, o desenho de equipamentos e de procedimentos. Estes serão desenhados de acordo com a natureza humana e as suas suscetibilidades físicas e psíquicas.

A antecipação dos problemas é um fator fundamental para a segurança dos doentes no BO, só um bom comportamento em equipa será capaz de evitar “Eventos adversos, complicações major, e até mortes de doentes foram associados a um fraco comportamento da equipa na sala de cirurgia” (Nilsson et al., 2018, p.936).

2.1.3. Comunicação e colaboração entre profissionais de saúde

A comunicação em saúde tem um papel determinante na qualidade e na segurança dos cuidados prestados, está na base da interação entre profissionais e destes com os doentes.

Na era da informação, a comunicação em saúde assume particular relevância no processo de mitigação de perturbações nas transições ou handovers, responsáveis por erros no tratamento e potenciais danos para os doentes.

Entende-se por comunicação clínica a “…comunicação presente num ato clínico, ou seja, a comunicação que os profissionais estabelecem para avaliarem uma situação, realizarem uma intervenção, documentarem os cuidados prestados, planearem os próximos contactos e partilharem experiências clínicas entre os diferentes elementos da equipa de saúde” (Sequeira, 2016, p.6).

Nos fatores de equipa devemos dar importante enfâse à comunicação, esta é a principal responsável por cerca de dois terços dos EA graves como faz notar a Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations e corroborado por Fragata (2011).

Para Santos, Grilo, Andrade, Guimarães e Gomes (2010):

a segurança do doente constitui um dos grandes desafios dos cuidados de saúde do séc. XXI. O reconhecimento da ocorrência de erros ou acidentes adversos com consequências gravosas para os doentes e para as instituições de saúde, levou, recentemente, a organização mundial de Saúde (OMS) a nomear comissões centradas na identificação de situações de risco e na elaboração de soluções que possam servir de recurso para a prevenção dessas situações. (p.47)

Chegou à conclusão que “o resultado dos trabalhos destas comissões tornou evidente a importância da comunicação como determinante da qualidade e da segurança na prestação de

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cuidados” (Santos et al., 2010, p.47). Estes autores defendem que “a comunicação entre membros da equipa é fundamental para fomentar a partilha de um mesmo modelo mental” (Santos et al., 2010, p.53). Por sua vez, “a má comunicação provoca um mau fluxo de informação e impede o funcionamento da equipa, que assim se torna perigosa, pela ação desconcertada dos seus membros” (Fragata, 2011, p.34).

Fragata (2011) salienta que as situações onde, no dia a dia, mais frequentemente ocorrem falhas de comunicação, são:

• Comunicação interpares no seio da equipa: chamadas de atenção de segurança, anúncios de alarmes;

• Treino profissional em equipa: treino orientado para tarefas específicas, envolvendo toda a equipa interessada, nomeadamente para tarefas pouco usuais e exercidas sob stresse;

Briefings e debriefings nos BO: comunicação estruturada antes e depois de cada cirurgia, para planeamento e antecipação e também para análise e aperfeiçoamento; • Transições ou handovers: comunicação estruturada nas transições de cuidados –

mudanças de turno transferências de doentes, etc.

Importa reforçar que “a comunicação inadequada é a principal causa de erros clínicos e a comunicação entre as profissões no bloco operatório são essenciais para a segurança do doente” (Pinheiro, 2013, p.50).

“A não consistência na transmissão de dados acontece também no handover verbal e presencial. Nestas situações foi identificada disparidade entre o conteúdo verbal e a linguagem não verbal, assim como distrações que põem em risco a fiabilidade da informação a ser transmitida” (Santos et al., 2010, p.53).

A qualidade em saúde e a segurança dos doentes é substanciada pela boa interação e comunicação entre profissionais.

… não é possível falar-se sobre qualidade em saúde sem se referir a qualidade da interação e da comunicação entre os profissionais que são responsáveis pelo cuidado, e por isso pela segurança, do doente. A este respeito consideramos, por um lado, a comunicação no momento específico de handover (i.e. passagem de turno) e, por outro lado, a comunicação mais alargada intra e inter equipas de saúde. (Santos et al., 2010, p.52)

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A comunicação é fundamental nas profissões relacionadas com a área de saúde, pois estas são, por excelência, profissões de relação, que implicam interação constante com utentes e suas famílias, cuidadores, equipa de saúde a diferentes níveis hierárquicos da instituição, profissionais de outros serviços e profissionais de outras instituições. (Sequeira, 2016, p.3)

De igual modo, a DGS interessou-se pela problemática da comunicação em saúde, recentemente emitiu a norma 001/2017 “comunicação eficaz na transição de cuidados”, entende que “a transição de cuidados deve obedecer a uma comunicação eficaz na transferência de informação entre as equipas prestadoras de cuidados, para segurança do doente, devendo ser normalizada utilizando a técnica ISBAR” (DGS, 2017).

“ISBAR é a sigla que corresponde a: Identify (Identificação), Situation (Situação atual), Background (Antecedentes), Assessment (Avaliação) e Recommendation (Recomendações)”. (DGS, 2017, p.1).

A comunicação e a colaboração entre profissionais desempenham um papel preponderante no bom funcionamento das organizações, são um fator de elevado contributo para a segurança dos doentes. Vários estudos incidem sobre a importância do trabalho de equipa, na eficiência e na redução das complicações cirúrgicas nos BO.

O trabalho em equipa na sala de operações é um componente importante da eficiência da sala de cirurgia, qualidade do atendimento e segurança do doente (Sexton, Helmreich et al., 2006). Trabalho em equipa envolve diferentes profissões da área da saúde que trabalham em conjunto para resolver problemas de saúde complexos. EA, complicações major e até mortes de doentes foram associadas a um mau comportamento da equipa na sala de cirurgia (Nilsson et al., 2018). Por sua vez:

a atividade num bloco operatório é uma prática complexa, interdisciplinar, com forte dependência da atuação individual, exercida no seio de organizações complexas, onde os factores de equipa e os factores de sistema desempenham um papel fundamental, numa constante interacção entre humanos, máquinas e equipamentos. (Fragata, 2011, p.88)

Ainda para Fragata (2011), a determinação de um qualquer resultado médico ou cirúrgico e em função da complexidade da tarefa a realizar (dificuldade técnica, anatómica ou outros fatores de dificuldade), também depende do desemprenho individual, da equipa e da instituição (fatores organizacionais).

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Para terminar e, em relação à importância do desempenho das equipas cirúrgicas na segurança dos doentes no BO, deixamos uma citação de Tzu (2017), “não existem mais do que cinco notas musicais, mas as suas combinações dão origem a mais melodias do que as que alguma vez poderemos ouvir” (p.94).

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3. METODOLOGIA

Nesta fase descrevemos o enquadramento metodológico desenvolvido, nomeadamente o tipo de estudo, a formulação de questões e hipóteses, o meio onde se desenvolveu e a população. A metodologia da investigação, segundo Fortin, Côté e Filion (2009), “pressupõe ao mesmo tempo um processo racional e um conjunto de técnicas ou de meios que permitem realizar a investigação” (p.19).

“A fase metodológica consiste em definir os meios de realizar a investigação. É no decurso da fase metodológica que o investigador determina a sua maneira de proceder para obter as respostas às questões de investigação ou verificar as hipóteses” (Fortin et al., 2009, p.53).

Neste capítulo apresentamos a descrição dos métodos aplicados, os procedimentos formais que lhe estão subjacentes, a caracterização dos participantes, o instrumento de recolha de dados e as considerações de natureza ética.

3.1. Tipo de estudo

O desenho de investigação refere-se à estrutura geral de um estudo. Tendo por base as características do trabalho realizado, optámos por um estudo descritivo-correlacional e transversal de natureza quantitativa.

O método quantitativo, segundo Fortin et al. (2009), “caracteriza-se pela medida de variáveis e pela obtenção de resultados numéricos susceptíveis de serem generalizados a outras populações ou contextos” (p.27).

“O desenho descritivo serve para identificar as características de um fenómeno de maneira a obter uma visão geral de uma situação ou de uma população” (Fortin et al., 2009, p.236). A investigação correlacional apoia-se nos estudos descritivos e visa estabelecer relações entre conceitos ou variáveis (Fortin et al., 2009).

“O estudo transversal serve para medir a frequência de aparição de um acontecimento ou de um problema numa população num dado momento” (Fortin et al. 2009, p.252).

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“O estudo descritivo-correlacional tem por objecto explorar relações entre variáveis e descrevê-las (Fortin et al. 2009, p.244).

3.2. Locais do estudo

O estudo foi desenvolvido no BO do CHTMAD, EPE, nas unidades de Lamego, Vila Real e Chaves, de acordo com o cronograma definido.

3.3. População/Amostra

A definição da população objeto de estudo deve ser o próximo passo a seguir. Uma população é um conjunto de pessoas acerca das quais se pretende produzir conclusões.

“A primeira etapa do processo de amostragem consiste em identificar a população a ser estudada” (Fortin et al., 2009, p.310). Ainda segundo os mesmos autores, população “… é um grupo de pessoas ou de elementos que têm características comuns” (p.69).

Fortin et al. (2009) definem a população por critérios de inclusão, estes correspondem às características essenciais que os elementos da população apresentam entre si, de modo a poderem participar no estudo. Os critérios de exclusão determinam os elementos que não farão parte da amostra.

Tendo em conta os objetivos do estudo, foram definidos os seguintes critérios de inclusão: • Profissionais de saúde, nomeadamente cirurgiões especialistas de cirurgia geral, cirurgia

plástica, ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologia, e oftalmologia, internos de valência cirúrgica, anestesistas, internos de anestesiologia, enfermeiros e assistentes operacionais (AO), que exerçam funções no BO há pelo menos meio ano;

• Profissionais que concordem participar no estudo de uma forma livre, voluntária e esclarecida.

Foram excluídos do estudo os estagiários por se encontrarem em fase de aprendizagem. “A amostra é a fracção de uma população sobre a qual se faz o estudo. Ela deve ser representativa desta população, isto é, que certas características conhecidas da população

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A amostra do estudo foi não probabilística ou de conveniência e constituída pelos profissionais que preencheram o questionário no período indicado no cronograma. “A amostragem não probabilística consiste em tomar uma amostra na qual se encontrem características conhecidas na população” (Fortin et al, 2009, p.314).

A população em estudo foi constituída por todos os profissionais de saúde do BO do CHTMAD, EPE, nomeadamente cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e AO, que cumpriam os critérios de inclusão.

A nossa amostra caracteriza-se por todos os profissionais que aceitaram preencher o Questionário de Atitudes de Segurança (QAS) no período de 15 novembro de 2018 a 15 de fevereiro de 2019, ficando composta por 147 profissionais.

3.4. Operacionalização e categorização das variáveis

A definição das variáveis em estudo, a operacionalização e sua categorização é um passo importante em todo o processo de investigação.

“Elas são qualidades, propriedades ou características de pessoas, objetos de situações susceptíveis de mudar ou variar no tempo. As variáveis tomam diferentes valores que podem ser medidos, manipulados ou controlados” (Fortin et al., 2009, p.171).

3.4.1. Variáveis de investigação

“A variáveis de investigação são qualidades, propriedades ou características que são observadas ou medidas. Não há variáveis independentes a manipular nem relações de causa e efeito a examinar” (Fortin et al., 2009, p.171).

Neste estudo e atendendo ao instrumento utilizado, consideraram-se como variáveis de investigação as dimensões que avaliam o clima de segurança:

• Clima de equipa; • Clima de segurança; • Satisfação profissional; •

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• Perceções e noções dos órgãos de gestão; • Condições gerais de trabalho;

• Qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais.

3.4.2. Variáveis atributo

“As variáveis atributo são características pré-existentes dos participantes num estudo. Elas são geralmente constituídas por dados demográficos tais como a idade, o género, a situação de família” (Fortin et al., 2009, p.172).

Consideramos para o nosso estudo como variáveis atributo as seguintes: • Sexo;

• Idade;

• Nacionalidade; • Tempo de serviço;

• Tempo de serviço no BO; • Função;

• Estado profissional; • Turno habitual.

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Tabela 1.

Operacionalização e categorização das variáveis

Variável Operacionalização Categorização

Sexo Atributo biológico do individuo. 1 - Feminino

2 - Masculino

Idade

Intervalo de tempo em anos que decorre entre a data do nascimento (dia, mês e ano) e as 0 horas da data de recolha dos dados (Instituto Nacional de Estatística, 2004, p.17) 1 - ≤ 29 anos 2 - 30 aos 40 anos 3 - 41 aos 50 anos 4 - 51 aos 60 anos 5 - 61 aos 70 anos Nacionalidade

País onde o profissional nasceu e de que é cidadão

Função Habilitações profissionais

1 - Cirurgião especialista 2 - Interno de valência cirúrgica 3 - Anestesista

4 - Interno de anestesiologia

5 - Enfermeiro do BO (instrumentista, circulante e anestesia)

6 - Enfermeiro de cuidados pós- anestésicos Enfermeiro especialista

7 - Assistente operacional

Tempo de serviço Anos de serviço

1 - < 10 anos 2 - 10 20 anos 3 - 21 30 anos 4 - 31 40 anos 5 - 41 50 anos

Tempo de serviço no BO Anos de serviço no BO

1 - < 10 anos 2 - 10 20 anos 3 - 21 30 anos 4 - 31 40 anos 5 - 41 50 anos

Estado profissional Tipo de vínculo à instituição

1 - Contrato de trabalho em funções públicas 2 - Tempo parcial

3 - Prestador externo “outsourcing” 4 - Contrato individual de trabalho

Turno habitual Horas de início e termo do período normal

de trabalho diário 1 - Dias 2 - Tardes 3 - Noites 4 - Turnos variáveis 3.5. Questões de investigação

A formulação de questões é uma etapa fundamental em qualquer trabalho de investigação, pois direcionam a recolha dos dados e a interpretação dos resultados e devem ser formuladas antes de se iniciar o estudo.

“Uma questão de investigação é um enunciado claro e não equívoco que precisa os conceitos a examinar, especifica a população alvo e sugere uma investigação empírica” (Fortin et al., 2009, p.73). Neste sentido, formularam-se as seguintes questões:

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1) Como se caracteriza o clima de segurança do BO do CHTMAD, EPE, percecionado pelos profissionais de saúde que lá exercem funções?

2) Como percecionam os diferentes profissionais a qualidade da comunicação e colaboração no serviço?

3) Qual a relação entre as variáveis socioprofissionais (sexo, idade, tempo de serviço, tempo de serviço no BO e função) e a perceção dos profissionais do BO sobre clima de segurança?

4) Será que existe relação entre a qualidade da comunicação e colaboração e a perceção dos profissionais sobre clima de segurança no BO?

3.6. Hipóteses

“A hipótese é um enunciado que antecipa relações entre variáveis e que necessita de uma verificação empírica” (Fortin et al., 2009, p.165).

Geralmente, o investigador procura estabelecer relações assimétricas entre variáveis, que “…indicam que os fenómenos não são independentes entre si (relações simétricas) e não se relacionam mutuamente (relações recíprocas), mas que um exerce influência sobre o outro” (Gil, 2002, p.33).

De acordo com o problema a investigar, os objetivos do estudo, o enquadramento teórico e a experiência profissional do investigador, formulamos as seguintes hipóteses:

H1 - A perceção sobre clima de segurança e das suas diferentes dimensões diverge entre grupos profissionais;

H2 - A perceção sobre clima de segurança e das suas diferentes dimensões diverge em função do sexo;

H3 - A perceção sobre clima de segurança e das suas diferentes dimensões diverge em função da classe etária;

H4 - A perceção sobre clima de segurança e das suas diferentes dimensões diverge em função do tempo de serviço;

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H5 - A perceção sobre clima de segurança e das suas diferentes dimensões diverge em função do tempo de serviço no BO;

H6 - Existe relação entre qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais e as diferentes dimensões do clima de segurança.

3.7. Instrumento de recolha de dados

Para recolha de dados foi utilizado o Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) ou Questionário de Atitudes de Segurança (QAS), na versão para BO, traduzida e adaptada ao contexto português (Pinheiro, 2013) (Anexo A), após o devido consentimento do autor da versão Portuguesa (Anexo B).

O SAQ foi desenvolvido por Bryan J. Sexton e colaboradores da Universidade do Texas em Austin. Foi utilizado em mais de 500 hospitais nos Estados Unidos, Reino Unido e Nova Zelândia, e foi psicometricamente validado para utilização em unidades de cuidados intensivos, BO, farmácia, serviços de ambulatório, salas de parto, e regime de internamento geral (Pinheiro, 2013).

Trata-se de um instrumento derivado do Flight Management Atitude Questionnaire (FMAQ), um instrumento que avalia fatores humanos, usado para medir a cultura na aviação comercial (Pinheiro, 2013).

O FMAQ foi criado depois dos investigadores descobrirem que a maioria dos acidentes aéreos ocorreu devido a falhas de âmbito interpessoal do desempenho da tripulação, como trabalho em equipa, comunicação, liderança, comunicação e tomada de decisão colaborativa. O FMAQ mede as atitudes dos membros da tripulação sobre estes aspetos (Sexton, Helmreich et al., 2006).

O QAS é um dos instrumentos mais utilizados para medição do clima de segurança das instituições de saúde. Este instrumento divide-se em três partes: uma primeira constituída por 15 itens, que avaliam a qualidade da comunicação e colaboração entre profissionais; a segunda estuda as atitudes descritas pelos profissionais de saúde nas seis dimensões que compõem o clima de segurança (Nordén-Hagg, Sexton, Kälvemark-Sporrong, Ring & KettisLindblad, 2010; Sexton, Hemreich et al., 2006), nomeadamente:

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Clima de equipa: qualidade percebida de colaboração entre elementos, questões 3, 19, 20, 24, 30, 34, 35, 37, 38, 39, 41, 43, 46, 50, 55, 57 e 58 do QAS (Anexo A); Clima de segurança: perceções de um empenho forte e proativo na segurança,

questões 4, 5, 7, 10, 11, 12, 13, 14, 21, 27, 28, 32, 36, 44, 45, 48, 51, 54 e 56 do QAS (Anexo A);

Satisfação profissional: positividade sobre o local de trabalho, questões 2, 8, 15 e 29 do QAS (Anexo A);

Reconhecimento de fadiga e stresse: reconhecimento do quanto o desempenho é afetado por elementos causadores de pressão e stresse, questões 16, 25, 31, 32, 33, 40, 47, 49, 52 e 53 do QAS (Anexo A);

Perceções e noções dos órgãos de gestão: aprovação e colaboração dos órgãos de gestão, questões 9, 17, 18, 22 e 26 do QAS (Anexo A);

Condições gerais de trabalho: qualidade percebida do ambiente de trabalho e apoio logístico, questões 1, 6, 23 e 42 do QAS (Anexo A).

Estas duas partes são avaliadas com recurso a uma escala de Likert com seis possibilidades de resposta. Por último, a terceira parte é constituída por nove pontos que permitem fazer a caracterização socioprofissional da amostra em estudo (Anexo A).

3.8. Considerações éticas

A investigação na área da saúde envolve obrigatoriamente aspetos da atividade humana, pelo que as considerações éticas terão de ser respeitadas nas diferentes etapas. “A escolha do tema, o tipo de estudo, o recrutamento dos participantes, a forma de recolher os dados e de os interpretar são alguns dos muitos elementos que podem interessar à ética” (Fortin et al., 2009, p.180).

Procurámos ao longo deste trabalho respeitar os princípios éticos que norteiam qualquer investigação: o respeito pelo consentimento livre e esclarecido, o respeito pelos grupos vulneráveis, o respeito pela vida privada e pela confidencialidade das informações pessoais, o respeito pela justiça e pela equidade, o equilíbrio entre vantagens e inconvenientes, a redução dos inconvenientes e a otimização das vantagens.

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Para a recolha de dados foi efetuado um pedido de autorização ao conselho de administração (Anexo C), segundo a norma para a instrução de pedidos de investigação do CHTMAD, EPE, onde constam: parecer do diretor do serviço em causa sobre disponibilidade para acolher o processo de colheita de informação solicitada (Anexo D), consentimento informado com a indicação de que compreende ser sempre livre de desistir a qualquer momento, sem que ocorra nenhum prejuízo assistencial ou outro (Anexo E). Por fim, e após parecer da comissão de Ética, o conselho de administração do CHTMAD, EPE, autorizou a realização do estudo (Anexo F).

3.9. Tratamento e análise de dados

Com esta investigação pretendemos caracterizar o clima de segurança do BO do CHTMAD, EPE, percecionado pelos profissionais que aí desenvolvem a sua atividade profissional, de forma a que este instrumento contribua não só para o enriquecimento dos nossos conhecimentos na área, mas também para a melhoria do clima de segurança no BO do CHTMAD, EPE. Para este fim, utilizámos o QAS com três partes distintas, que nos permitiu avaliar a qualidade da comunicação e colaboração entre os profissionais, fazer a caracterização socioprofissional da população em estudo e, por fim, medir o clima de segurança do BO nas seis dimensões que o caracterizam: clima de equipa, clima de segurança, satisfação profissional, reconhecimento de fadiga e stresse, perceções e noções dos órgãos de gestão e condições gerais de trabalho. No tratamento dos dados recorremos à estatística descritiva e inferencial para tratar os dados quantitativos e para os descrever através de indicadores (características variáveis).

“A parte descritiva da estatística tem por objetivo destacar o conjunto dos dados brutos tirados de uma amostra de maneira que sejam compreendidos, tanto pelo investigador como pelo leitor” (Fortin et al., 2009, p.411). Para o efeito, determinámos frequências, medidas de tendência central, medidas de dispersão e medidas de associação, de acordo com as características das variáveis em estudo.

“Baseada nas leis da probabilidade, a inferência estatística interessa-se pelos resultados provenientes de uma amostra e, por inferência, prevê o comportamento ou as características da população total” (Fortin et al., 2009, p.440).

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facto, a amostra em estudo, em função de seu tamanho e heterogeneidade, não apresentou aderência às condições de simetria e normalidade exigidas para que sejam aplicados satisfatoriamente testes paramétricos, tais como as técnicas de análise de variância (ANOVA) e o cálculo do coeficiente de correlação linear de Pearson. Desta forma, nesta investigação foram utilizados testes não paramétricos, nomeadamente o teste de Kruskal-Wallis, um dos testes não-paramétricos mais utilizados para testar a existência de diferenças significativas entre duas ou mais populações, ou o teste Man-Whitney quando se pretendeu averiguar a diferença apenas entre duas amostras. Para análise do tipo de relação existente entre as diferentes variáveis, quer a intensidade quer a direção desta associação ou correlação, utilizamos o coeficiente de correlação Spearman, que é uma medida de associação não paramétrica entre duas variáveis pelo menos ordinais (Marôco, 2007).

Para análise das correlações utilizámos os critérios sugeridos por Marôco (2007): “as correlações são: (i) fracas quando valor absoluto de r (\r\) é inferior a 0,25; (ii) são moderadas para 0,25 ≤ \r\ < 0,5; (iii) são fortes para 0,5 ≤ \r\ < 0,75 e (iv) são muito fortes se \r\ ≥ 0,75“ (p. 24).

Na análise estatística inferencial utilizámos os seguintes níveis de significância: • Diferença estatística significativa - p < 0,05;

Diferença estatística não significativa - p ≥ 0,05.

O tratamento estatístico dos dados obtidos foi efetuado através do programa informático “Statistical Package for The Sciences” (IBM SPSS Stastistis, versão 25.0 for windows), elaborando uma matriz dos dados previamente codificados para permitir a sua análise estatística.

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4. RESULTADOS

Para uma melhor análise dos resultadas obtidos sobre o clima de segurança do BO do CHTMAD, EPE, percecionado pelos profissionais de saúde que aí desenvolvem a sua atividade profissional, entendemos apresentar primeiro, a análise descritiva dos dados descrevendo as características da amostra, de modo a encontrar respostas para as questões de investigação levantadas e posteriormente, a análise inferencial dos dados amostrais com a devida referência ao processo de verificação das hipóteses.

4.1. Análise descritiva

4.1.1. Caracterização socioprofissional da amostra

Após análise e validação dos instrumentos de recolha de dados recebidos, a nossa amostra ficou constituída por 147 profissionais de saúde que exercem funções no BO do CHTMAD, EPE. Para caracterizar a amostra analisamos os seguintes dados socioprofissionais: função, sexo, nacionalidade, idade, tempo de serviço, tempo de serviço no BO, estado profissional e turno habitual.

Quanto à função exercida pelos elementos da amostra, 18 (12,2%) são cirurgião chefe/ responsável, os cirurgiões e internos de cirurgia são 31 (21,1%) elementos, anestesistas temos 16 (10,9%) elementos, 2 (1,4%) internos de anestesiologia, 10 (6,8%) são enfermeiros especialistas e 3 (2%) são enfermeiro chefe, os enfermeiros de bloco (instrumentista, anestesia e circulante) com 42 (28,8%) elementos são a função mais representada, 2 (1,4%) elementos são enfermeiros de cuidados pós-anestésicos e, por último, 23 (15,6%) elementos da amostra são AO (Tabela 2).

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Tabela 2.

Caracterização da amostra segundo a função

Função n %

Cirurgião chefe/responsável 18 12,2

Cirurgiões e internos de cirurgia 31 21,1

Enfermeiro especialista 10 6,8

Anestesista 16 10,9

Interno de anestesiologia 2 1,4

Enfermeiro chefe 3 2,0

Enfermeiro de bloco operatório (instrumentista, anestesia e circulante) 42 28,6

Enfermeiro de cuidados pós-anestésicos 2 1,4

Assistentes operacionais 23 15,6

Total 147 100,00

Para uma melhor análise dos dados resultantes quanto à função exercida, decidimos agrupá-la em quatro classes profissionais distintas: cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e AO (Tabela 3). Deste modo verificámos que 49 (33,3%) participantes são da classe profissional cirurgiões, 18 (12,3%) são da classe profissional anestesistas, 57 (38,8%) enfermeiros, a classe profissional mais representada, e os restantes 23 (16,6%) são da classe profissional AO (Tabela 3).

Tabela 3.

Caracterização da amostra segundo a classe profissional

Classe profissional n % Cirurgiões 49 33,3 Anestesistas 18 12,3 Enfermeiros 57 38,8 Assistentes operacionais 23 15,6 Total 147 100,0

No que diz respeito ao sexo, a amostra apresenta 48 (32,7%) elementos do sexo masculino e os restantes 99 (67,3%) são do sexo feminino (Tabela 4), pelo que podemos concluir tratar-se de uma amostra maioritariamente do sexo feminino.

Na distribuição do género em função da classe profissional (Tabela 4), concluímos que: os cirurgiões são 23 (46,9%) do sexo masculino e 26 (53,1%) do sexo feminino; os anestesistas, 4 (22,2%) são do sexo masculino e 14 (77,8%) do sexo feminino; os enfermeiros, 17 (29,8%) são do sexo masculino e 40 (70,2%) do sexo feminino; por fim, na classe dos AO, 4 (17,4%) são do sexo masculino e 19 (82,6%) do sexo feminino.

Referências

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