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A UNIVERSIDADE COMO MODELO DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

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Academic year: 2021

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A UNI VERS IDADE COMO MODELO DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Autores: R EINER T, J osé Nil son. Professor Titular do Depart am ento de Ciênci as da Admi ni stração da Universi dade Federal de S anta C at arina (UFSC ). Leciona no Programa de P ós Graduação em Administ ração (CPGA) da UFSC . É graduado, mestre e dout or em admi nist ração. Tem pós -doutorado pel a New School for Soci al R esearch (USA). R EIN ERT, Cl io. É graduada em admini s tração pel a Universi dade do Val e do It aj aí e m est randa em admi nist ração no CPGA da UFSC.

Introdu ção

Quando nos deparamos com autores modernos, dis correndo sobre as est rut uras das organi zações m ais bem s ucedi das da atualidade, ou sobre os ideais de est rutura organiz acional no mundo contem porâneo, podemos constatar que grande part e daquilo que é col ocado j á é prát ica de m uitos anos na Universidade. Foi est a const at ação que nos l evou a escr ever o pres ent e arti go. Daí o int eresse em desenvolver um paral el ismo ent re os aspectos posit ivos das modernas est rut uras organiz acionais e a estrutura da Universidade Cont emporânea.

Metod ologia

Para a el aboração do present e trabalho foi feit a uma revisão bibliográfi ca de al guns dos pri nci pais autores modernos da admi nist ração, focalizando os pontos relacionados com as est ruturas de organizações bem sucedi das ou de estruturas consi deradas ideais por est es autores. C om bas e num resumo de suas observações, a Moderna Uni versi dade foi descrit a, utilizando -se a t erm inologia dos m esm os, embora, em nenhum mom ento, est es autores tivess em feit o referência às Uni versidades em suas obras ,

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pel o menos naquel as por nós consult adas . Foi feit o, na m edi da do pos sível e s emp re que pos sível, um paral elismo entre as proposições dest es aut ores e as obs ervações de Clark Kerr (1), em seu livro, Os Us os da Universidade, onde o m es mo des creve a Uni versidade Cont emporânea com o Multiversidade. O que s e pode obs ervar é um a grande coi nc i dênci a ent re o que os autores vêem com o posit ivo nas m odernas est rut uras , o que Kerr viu com o realidade da Multiversidade e a própri a real idade da est rut ura da Universidade. Só quem vive a realidade de um a Universidade pode perceber o quanto sua es trut ura cont empl a as proposi ções ideais dos modernos aut ores da admi nist ração.

De que Uni versid ad e es tamos falando?

A Uni versi dade m oderna, de fato, nas ce com a Universidade Européi a. S egundo Serrão (2), são quatro os m odelos de Universidade Européi a: M edi eval , definida pel a ess ênci a corporativa da i nstitui ção, do Renas cim ent o, caracterizada pelo ti po hum anísti co, M oderna, conduzida pel a filosofi a das luzes e Napol eônica, que privil egi ou a formação t écni ca. Neste cont exto, s ão três os model os universit ári os europ eus que infl uenci am di ret am ent e o at ual m odelo universit ári o: o ingl ês, o francês e o alem ão.

A Universidade Ingl esa é m ais ins pi rada no t ipo hum anísti co. Segundo Ribei ro (3), est e model o é ti picam ent e volt ado para o ensino , princi pal mente para o ensi no da s elit es. Vis a, princi palmente, form ar o hom em el egant e, de fino t rato, com um a cult ura geral e humaní sti ca, que poss a ocupar posi ções de dest aque na vi da soci al, part icul arment e na vida públi ca. Tem como referências m aiores as Universidades de Oxford e Cambridge.

O modelo francês é t ambém conhecido como napoleôni co. A i ntenção de Napol eão, ao cri ar a moderna Universidade Francesa, era enfatiz ar a

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formação de profissi onais capacit ados para o exercí cio dos cargos típi cos da burocraci a est at al .

A moderna Univ ers idade Al emã t em a pes quis a como sua marca regist rada. A preocupação mai or com a criação da Uni versi dade de Berlim, em 1810, por Wilhel m von Humbol dt, era a de s e fazer um a univers idade com o cent ro de li berdade acadêmi ca, onde s e deveri a buscar a verdade através da pesquis a ci entí fi ca. Diferent ement e do model o i ngl ês e francês, a pesquis a deveria preval ecer sobre o ensino em bora houves se uma preocupação muit o acentuada em manter a indi ssoci abil idade ent re o ensino e a pes quis a. Na Uni versidade al em ã, a bi bliot eca ganha um st atus especial , com o decorrênci a da importânci a da pesquis a, em detrim ento do ensino, que privil egia a s al a de aula.

Quando nos reportamos à Universidade est amos nos referindo à Universidade que s e dedi ca sim ult aneament e ao ensino, à pes quis a e à extens ão. Nes te sent ido, o model o mais próximo que poderí amos citar é o da Mult iversidade, preconizado por Clark Kerr que, de um a cert a maneira, é uma síntese do modelo uni versit ári o inglês (hum anist a e cent rado no ensi no), francês (funcionalista e cent rado na form ação profis sional ), al emão (que privil egi a s obrem anei ra a pes quis a em associação com o ensi no), acres ci dos do própri o modelo americano, que dá acent uada ênfas e às rel ações da Uni versidade com a com unidade em que est á ins erida, sej a local, regional, nacional ou int ernaci onal.

Os i deais de est rut ura e a reali dade da Universi dade

Os novos modelos de est rutura organiz aci onal privi legi am, sobrem anei ra, os seguint es aspect os: ali anças, aut onomia, automoti vação, aprendiz agem organizacional , con fi ança, conhecimento, cri ativi dade, com promet imento, democraci a, di versi dade, descent ralização, estruturas em redes, est rut uras pl anas , li berdade, fl exi bilidade, global ização, integração,

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intel i gência organizacional , miss ão, pl uralis mo, solidariedade, transparência, vis ão, além de out ros, poi s qualquer list a seri a, cert am ent e, incompl et a. C omo organizações bem sucedidas vamos nos uti lizar princi pal mente das concepções de Geus (4) e Col lins (5), ou s ej a, organiz ações que des afi aram o t empo, em termos de long evi dade.

Se exist e um a organização que parece cont empl ar, sim ultaneam ent e, o m aior núm ero pos sível de t odas as característ icas acim a ci tadas, est á é, com certez a, a Universidade C ont emporânea. Não é à toa que est e m odelo de ins titui ção est á des afi ando o te m po. Nas ceu por vol ta do século XII, com as Universidades de P ari s, S al ermo e Bologna e foi s e t rans formando gradativam ent e, at é chegar aos di as de hoj e, como um a das construções hum anas mai s sóli das e mai s respeit adas que s e conhece. Não é por acaso que D ani el Bell (6) denominou a universidade como institui ção m odelo na soci edade pós -i ndust rial.

Descrevendo a est rut ura da Uni vers idade com a termi nologi a de M organ (7) Pode-s e dizer que a Universi dade, quando comparada com out ras organiz ações, de um modo ge ral, é um a i nstitui ção que, ao longo do t empo, aprendeu a aprender, col ocou o predomíni o da ati vidade s obre a pas sividade, a aut onomi a sobre a dependênci a, a flexibi l idade sobre a ri gi dez, a col aboração sobre a com peti ção, a abertura sobre o fechamento e a práti ca democrática s obre a crença aut orit ári a. Sempre soube pri vilegi ar o trabalho com grupos e projetos , com reuni ões freqüentes , vis ando solucionar probl em as e defi nir papéi s em conexão com outros papéis e com toda a organiz ação, evit ando excessos de h i erarqui as, burocracias e depart ament alizações desnecessári as.

Todas est as caract erísti cas praticam ent e se impõem num a est rutura verdadei ram ente universit ári a, que t em característ icas compl etament e singulares. Segundo Kerr (8), “a multiversidade é uma ins tituição

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inconsis tent e. Não é apenas um a comunidade, mas várias... S eus limit es s ão imprecisos... Um a comunidade deveri a t er uma alm a, um s ingular princípi o impulsionador. A multiversidade tem várias delas”.

Descrevendo a est rutura da Uni versidade com a t erminol ogi a de De Masi (9)

Ninguém mel hor que a Universidade Cont emporânea para s e enquadra r dentro do ideal de organiz ação moderna, preconizada por De Masi. É uma organiz ação que t rabalha, principalm ente, com a indi vi dualidade do profess or, em detrim ent o das econom ias de escal a. Al ém dis s o, tam bém é bast ante holográfica, na medida em que reúne a ampl a di fus ão d e inform ações e possi bilit a, s obrem anei ra, o int ercâm bio de t arefas. É um a organiz ação que t rabalha i nt ens am ent e a multidi sci plinaridade, validando a especi alização quando esta facilit a o t rabalho int erdisciplinar. As princi pai s vi rtudes organiz acionai s visl umbradas pel o autor, de um pont o de vist a rel ati vo, est ão am pl amente pres ent es na Uni versi dade Cont emporânea, t ais com o: fl exibilidade dos deveres ; pos sibilidade de intercâmbio das funções; prim azia do sist em a inform ati vo e da cri ativi dade; col aboração e s olidari edade; passagem do tem po definido para o tem po es colhido; recus a do local de trabal ho fi xo e fechado para a produção de idéi as; capaci dade de operar em m ais lugares e de di ferent es modos; capaci dade de repousar e de fol gar. É na Universidade, a ex empl o do que acont ece nas organi zações vol unt árias, onde provavelm ente mais s e pode encontrar as estrut uras em forma de rede, cél ul a, cérebro e colm éi a (cérebro de cérebros ) em cont ra partida à linha de m ont agem e às est rut uras piramidais , m uito menos propícias à obt enção da m ot ivação e da solidariedade, com o a m aior fert ilidade de i déi as de s eus grupos cri ati vos .

Assim com o De Mas i usa a met áfora da colméi a (cérebro de cérebros), Kerr usa a metáfora do enxame na seguinte observação: “os mestres

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universit ári os não gostam do i sol am ento intel ectual e os bons, dent re el es , tendem a junt ar -se como um enxam e. Ess es enxames s ão ambi ent es extraordinari ament e produti vos ”.

Descrevendo a est rut ura da Uni vers idade com a termi nologi a de Hand y (10) A Universidade se aproxim a mui to da m oderna organização, enfocada por Charl es Hand y, cada vez mais int egrada às redes globai s e com cent ros organiz acionai s cada vez mai s enxutos e fl exíveis . O aut or identi fi ca as seguint es caract erís ticas essenci ai s do federali smo: quando as part es menores se unem, res guardando suas respectivas i denti dades; quando unidades independentes s e unem em prol de um a causa comum; quando prati cam a s eparação de poderes; quando utiliz am m eios eficaz es de s e lidar com os paradoxos do poder e do cont rol e; quando t rabalham com cent ros, ao mesmo tempo, pequenos e amplos; quando sabem mai s coordenar e ori ent ar do que di ri gi r, cont rol ar ou com andar; quan do incenti vam a autonomia, s abendo encont rar suas limit ações; quando obtém força e energi a di stribuindo responsabilidades por muit os pontos de decis ão; quando dá preferênci a a muit os grupos pequenos e autônomos; quando evit a a cent ralização e se basei a no mét odo s ubsi di ário (del egação inverti da); quando dá preferência ao plurali smo, diluindo o poder e evit ando a autocraci a; quando promove a aut onomi a e a confi ança; quando incenti va metas com uns; quando enfatiz a mais a mis são e a vi são do que os obj etivos; q uando i ncenti va as pes soas a trabalharem com os out ros ; quando incenti va a liderança pelo respeito e não pel a i mposição; quando prom ove a auto sufi ci ência; quando val oriza o cidadão organizaci onal em det rim ent o do mercenário e quando enfat iza a sensi biliza ção em detri mento do com ando.

O autor visl umbra as cam adas int erm ediári as desaparecendo gradativam ent e nas organiz ações modernas. Vê a ascensão dos intérpret es,

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ment ores e instrut ores em det rim ent o dos simpl es provedores de inform ação. Vê os funcionários m ais como volunt ários do que com o empregados típi cos . Vê a l ealdade como uma commodit y rara. Vê a confi ança como font e de cri atividade e efi ci ênci a, m uito m ais do que as hierarqui as. Quanto ao poder, al ega o aut or nunca poder est ar num só lugar e num a s ó fu nção. O poder central deve s e limit ar a s er um faci litador.

É de Kerr a afirm ação de que a admini s tração de uma Universidade exista m uito m ai s para est imul ar a organi zação do que diri gi -l a. S egundo o aut or, a Universidade deve ter um a vi são de fim e cabe a o admi nist rador assumir a respons abilidade especial de di scutir, es clarecer, defini r e procl am ar ess e fim . O próprio Kerr com parou a Universidade a um a repúbl ica federal onde a atenção deve ser dis pens ada a cada for ma em separado, ao invés de todas as form as em conj unt o. Portant o, na vis ão de Kerr, a admi nist ração de um a Universi dade deve s er fei ta dent ro de um a concepção federali st a, nos mol des propos tos por Hand y.

Descrevendo a est rut ura da Uni vers idade com a termi nologi a de P et ers (11) A Universidade é uma institui ção com poucos funcionários, paredes, reparti ções e front eiras , rel ati vam ente ao muito que faz em prol da soci edade a que s erve. Com parativam ent e a out ras organiz ações, é bast ant e plana e des int ermediada. Faz pouca distinção ent re fornecedores (de conhecim ento) e s eus beneficiários, delegando lhes poderes, fornecendo -lhes inform ações, provendo acess o ínt im o às suas dependênci as, permi tindo que tom em decisões sobre o uso de seus recursos, dando -lhes opções , permiti ndo que personalizem suas deman das e assim por diant e. A Universidade uti liza -se sobremaneira de li gações horizont ais, da escal a de rede e da desint erm edi ação, em cont raposição às integrações verti cais, às escalas de produção e as int erm ediações. O poder desce pouco do topo e

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sobe muit o da bas e. É uma organização cada vez mais et érea, desi ncorporada e des interm edi ada.

Se col ocarmos os est udant es com o um dos principais benefi ci ári os da Universidade, com o divul gadores e apl icadores dos conhecim entos nel a adquiridos na s oci edade em que vive m , podemos const at ar o quanto as pal avras de Pet ers t omam s i gni fi cado nest e cont exto. Estes beneficiários, por exem plo, podem el eger um a composi ção de di sci plinas el etivas para a personal ização de seus currí cul os, obt ém grande part e das informações d e que precis am por i nt erm édio dos inúm eros acess os disponívei s, t êm acesso íntimo às dependênci as da Universi dade (s alas de aula, mus eus , laboratórios de pesquisa e de informát ica e m uitos outros ), perm itindo que tomem decis ões sobre pelo m enos part e do uso de s eus recurs os e assim por diante.

Descrevendo a est rutura da Universidade com a t ermi nol ogia de Nais bit (12)

As Universidades são instit ui ções em perm anent e processo de des nivel am ento, vi rtualização e des construção. P ara garanti r s ua sobrevivênci a, vão s e des centraliz ando e reconstituindo a si mesm as como redes de em preendedores , com inúm eras unidades autônom as . A economi a de escal a es tá dando, cada vez mai s lugar à economi a de es copo, ou sej a, onde s e encont ra a quantidade correta de sinergi a, fl exibilidad e e vel oci dade. Anti ga ment e, existia a idéi a de que quant o maior uma organiz ação, m el hor el a s eri a. Hoj e, a i déi a é de que quant o maior, m ais dispendios a, burocrática, infl exível e desast ros a. Daí o processo cres cent e de autonomização das part es que compõe m um a Universidade.

Ess a idéi a da autonomização é bast ant e radicaliz ada em Kerr. A aut onomiz ação fi ca próxim a do limi te da independência absolut a. S egundo o autor, a Uni versi dade é um a insti tui ção que, em grande parte, por força

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da nova cent ralidade do con hecim ent o, constitui -s e com o numa “ s éri e de comuni dades em s eu int eri or, ao invés de s er el a própri a um a comuni dade singular, com o fora out rora e como ainda era costum eiram ent e considerada”.

Kerr cit a George Beadl e, reit or da Uni versidade de Chi cago, que insinuou “que a universi dade am eri cana muito grande (m as não a s ua) poderá s er com o o dinoss auro que foi extinto porque fi cou cada vez mai or e, as sim ,sacrifi cou a flexibili dade evoluci onária de que precisava para enfr entar as condi ções em mudança ...” Daí , certament e, a necessidad e prem ent e da autonomização das uni dades set ori ais , vis ando salvaguardar a efi ci ênci a do t odo.

Ainda us ando a t erm inol ogi a de Naisbit quando s e refere às organiz ações de um modo geral, muito mais import ant e que o cres cim ent o puro e simples, s ão as ali anças est ratégicas e a cri ação de redes, o mais gl obais possível, porque, para o autor, o poder est á cada vez m ais caminhando do est ado para o indi víduo, do verti cal para o horizontal e da hierarqui a para as redes . Nas democraci as pós -represent ativas , as pessoas , cada vez m ais, est ão repres ent ando a si própri as . O acess o à i nformação é o que efeti vament e dá poder às pessoas e organiz ações. Ai nda para o autor, a nova tecnologi a est á permit indo às organizações des const rui r, des cent ralizar r adicalment e, trazer o poder e a tom ada de decisões para o patamar mais baixo possível.”

É di fí cil im aginar al guma out ra instit uição (a não s er os próprios governos naci onais ) que t enha mais ali anças estrat égi cas globais que as Universidades . Nos Departam en tos de Rel ações Interinst ituci onais das mesm as , pode -se ter acesso às infindáveis relações de convênios com inúm eras outras inst ituições, universitári as ou não, situadas dentro e fora de seus respectivos países.

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Descrevendo a es trutura da Universidade com a t ermi nol ogi a de Drucker (13)

Para P et er Drucker, os novos i nt egrant es das organizações têm um nível de conhecim ento cada vez m aior, são m ais i denti ficados com s eu própri o conheciment o do que com as organiz ações que os remuneram, s ão mais li vres e m ais a utônomos . Essas obs ervações se encaixam num a out ra observação de Kerr, quando afirma que “os docentes relacionam -se mais com s eus col egas de dis cipl inas acadêmi cas, nos grupos naci onais, do que são membros da própria instituição”.

O profess or univers i tário , que é um t rabalhador do conheci mento por excelência, norm alm ent e s abe mais do que seu chefe. S eu ti po de trabalh o se aproxima cada vez mais do t rabalho volunt ário, ou s ej a, el e precis a cada vez m ais s e i denti ficar com a missão da própri a uni versi dade par a s e s enti r des afi ado e motivado. S egundo P eter Senge (14), o trabalhador do conhecim ento não é um subordi nado, é um sóci o. Por est a razão, a universidade, preci s a criar um ambi ent e que proporci one ao profess or um a sensação de est abili dade, segurança, cont i nuidade e equidade.

Descrevendo a est rut ura da Uni vers idade com a termi nologi a de Hei l (15) As Universidades s ão organizações bem sucedidas porque, pel a s ua nat ureza, devem esti mular a diversidade de idéi as, recompens ar a express ão das di ferenças, t rans form ar a diversidade num diferenci al est ratégi co e incenti var as di ferenças int ernas. El a precis a, permanent em ente, encont rar manei ras os tensivas , visíveis e simbóli cas de comuni car a todos que as diferenças i ndividuais são muit o valori zadas, m esm o que i ss o cri e um a certa dose de conflitos. Segundo Kerr, “Infelizmente paz e progresso são mais freqüent em ent e inimi gos do que ami gos; e j á que, no longo praz o, progres so é mais i mportante do que paz para a uni versi dade, o efetivo medi ador deve, às vezes, sacrifi car paz em favor de progresso. O próprio

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termo multi versi dade t em ori gem na di versidade nata que deve caract erizar uma uni versi dade, uma metrópol e de infi nitas vari edades ”.

Quando Kerr usou a palavra multiversidade era para “dizer que a moderna universidad e constituí a um a i nstitui ção pluralí stica – pluralísti ca por divers as razões: por ter vários propósitos , e não apenas um; por t e r vários cent ros de poder, e não apenas um; por servi r a vári as cli ent el as, e não apenas a uma”.

Esta abordagem “vê diversas for ças atuando em conflitos mais ou menos eternos, vê tudo em fluxo , vê um est ado de int erdeterminismo. Diz -se que há m ais li vre arbítrio para o i ndi víduo e m ais di sfunção dent ro de organizações e entre elas”.

Kerr coloca a tol erânci a como um dos aspectos es s enci ais para manter intacto o incômodo equilíbrio global da multiversidade. “A multiversidade, com o o multi verso, t em suas fraquez as: dela não s e obt ém lealdade assim t ão pront am ent e; e nel a os confl itos não s e resolvem assim tão facilm ent e, em termos de p ri ncí pios absol utos , nem s e defi nem t ão facilmente as fronteiras que limitem a extensão dos esforços”.

Descrevendo a est rutura da Universidade com a t erminologia de Pinchot (16)

Certam ente nenhum a out ra ins titui ção, além da Uni vers idade, usa melhor toda a int eli gênci a dos part icipant es , permitindo aos seus integrant es que tomem deci sões e sej am empreendedoras, nas suas respectivas áreas de conhecimento, garantindo a t odos o acess o à inform ação e dando a el es l iberdade de expres são. Ni nguém mais do que a Universidade dá autonomi a a todas as suas cam adas organizacionai s e liberdade para a aut o -organiz ação, onde o princípio da es colha preval ece sobre o do m onopólio em l arga escal a e o poder é extremamente disseminado.

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Segundo Kerr, a inventi vidade deve s er dei xada a cri tério de cada docente, ainda que prot egida pela ci rcundante sol idez est rut ural da instituição. “O intelecto organizado é uma grande máquina que adquiriu extraordinário im pul so desde que os gregos a pus eram em funcionam ent o há 2.500 anos . El a prod uz as suas inúm eras peças de conhecim ento, m as pensa pouco nas conseqüênci as dessas peças – o seu impacto no m ei o ambi ent e – com o um novo inseticida”.

Con clusão

É de se questi onar porque um modelo es trutural , como o da Universidade, t ão compl exo, funciona l e bem s ucedido, não tenha si do associ ado, em larga es cala, às modernas propost as de es trutura? Porque os aut ores aqui ci tados não foram bus car nas Uni versi dades a ins pi ração necess ári a para fazer suas propostas est ruturais ideais?

Quando autores com o Ari e de Geus ou J ames C ollins, al ém de out ros , se bas ei am no t empo de exist ênci a das organiz ações como crit ério para defini r seu sucess o, ou ins ucess o, parecem não lem brar que as Universidades est ão ent re as insti tui ções l ongevas m ais bem s ucedidas. Vári as s ão as razões de s eu suces so e são es tas razões que deveri am s er estudadas m ais a fundo, vis ando sua aplicação em outras categorias de organiz ações, princi palm ent e nas empresas que, de um m odo geral , t em uma vi da muito curt a. As empresas têm uma t axa de mort ali dade infantil muito grande e as grandes t êm um a expect ativa de vida que, em médi a, não ultrapas sa ci nco décadas.

De qualquer forma, segundo Kerr, não é por acaso que “a indústria, com seus ci entist as e técnicos, est á aprendendo um pouco sobre liberdade acadêmi ca e s obre com o lidar com pessoal int el ectual – o que l hes é incômodo. Os dois mundos estão se fundindo física e psicologicamente”. Ref erên cias bibliográfi cas

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1. KERR, Clark. Os usos da Universidade. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1982.

2. SERRÃO, Joaquim V. História das universidades. Porto: Lello e Irmão, 1983. 3. RIBEIRO, Darcy. A universidade necessária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. 4. GEUS, Arie de. A empresa viva. São Paulo: Publifolha, 1999.

5. COLLINS, James. Empresas feitas para vencer. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 6. BELL, Daniel – In Public interest. Fall. 1968. apud Kerr, p. 108.

7. MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo, Atlas, 1966.

8. Kerr, Clark. op. cit. p. 30, 84, 111, 38, 102, 46, 84, 112, 113, 114, 109, 103, 85, 81. 9. De MASI, Domenico. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade

pós-industrial. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.

10. HANDY, Charles. A era da transformação: a transformação no mundo das organizações. São Paulo: Makron Books, 1996.

11. PETERS, Tom. O círculo da inovação. São Paulo: Harbra, 1998. 12. NAISBIT, John. Paradoxo global. São Paulo: Publifolha, 1999.

13. DRUCKER, Peter. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 1999. 14. SENGE, Peter. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1990.

15. HEIL, Gary. A liderança e a revolução do cliente. São Paulo: Pioneira, 1995.

16. PINCHOT, Gifford. O poder das pessoas: como usar a inteligência de todos dentro da empresa para conquista de mercado. Rio de Janeiro: Campus, 1994.

Referências

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