• Nenhum resultado encontrado

Download/Open

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Download/Open"

Copied!
158
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL. PATRICIA GARCIA COSTA. MÍDIA, RELIGIÃO E GÊNERO: A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NO PROGRAMA SHOW DA FÉ. São Bernardo do Campo - SP 2013.

(2)

(3) UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL. PATRICIA GARCIA COSTA. MÍDIA, RELIGIÃO E GÊNERO: A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NO PROGRAMA SHOW DA FÉ. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social, da UMESP - Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção do grau de Mestre. Orientadora: Profª. Dra. Magali do Nascimento Cunha.. São Bernardo do Campo-SP 2013.

(4) A dissertação de mestrado sob o título “Mídia, Religião e Gênero: A Representação da mulher no Programa Show da Fé”, elaborada por Patricia Garcia Costa foi apresentada e aprovada em 11 de setembro de 2013, perante banca examinadora composta por Profª. Dra. Magali do Nascimento Cunha (Presidente/UMESP), Profª Dra. Elizabeth Moraes Gonçalves (Titular/UMESP) e Profª. Dra. Malena Segura Contrera (Titular/UNIP).. __________________________________________ Prof/a. Dr/a. Magali do Nascimento Cunha Orientador/a e Presidente da Banca Examinadora. __________________________________________ Prof/a. Dr/a. Marli dos Santos Coordenador/a do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social Área de Concentração: Processos Comunicacionais Linha de Pesquisa: Processos Comunicacionais Midiáticos.

(5) DEDICATÓRIA. Aos meus filhos: Pietra, Catherine e Natan. Presentes de Deus que dão sentido à minha vida!!.

(6) Um dia, vivi a ilusão De que ser homem bastaria Que o mundo masculino Tudo me daria Do que eu quisesse ter. Que nada Minha porção mulher Que até então se resguardara É a porção melhor Que trago em mim agora É que me faz viver. Quem dera Pudesse todo homem compreender Oh Mãe, quem dera Ser no verão o apogeu da primavera E só por ela ser. Quem sabe O Super Homem Venha nos restituir a glória Mudando como um Deus O curso da história Por causa da mulher. Superhomem - a Canção (Gilberto Gil).

(7) AGRADECIMENTOS. Ao Deus da minha vida, o Alfa e o Ômega; o Princípio e o Fim; aquele que é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, dono tanto do meu querer, quanto da minha capacidade de efetuar. À minha orientadora, Dra. Magali do Nascimento Cunha, profissional a quem eu muito admiro; por sua intelectualidade ímpar, sua disposição com o trabalho, sua energia contagiante e, principalmente, por sua generosidade. Professora Magali, sou muito grata, de coração, por ter sido você a pessoa responsável e peça fundamental neste processo tão importante da minha vida, por direcionar minha pesquisa rumo a um tema pelo qual, no início, eu me interessei e, com o tempo, me apaixonei: Gênero. Este trabalho não teria saído sem a sua preciosa colaboração e incentivo. Aos professores e funcionários do programa de mestrado em Comunicação Social da UMESP: Prof. Dr. Laan Mendes de Barros, Prof. Dra. Cicília Maria Krohling Peruzzo, Prof. Dra. Elizabeth Moraes Gonçalves, Prof. Dr. José Salvador Faro, em especial às secretárias acadêmicas Kátia Aparecida Bizan Franca e Vanete Gonzaga da RochaViegas. Às professoras Dra. Elizabeth Moraes Gonçalves do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP e Prof. Dra. Sandra Duarte de Souza Ciências do programa de Pós-Graduação em Religião da UMESP, membros da banca de qualificação, pelos conselhos preciosos prestados naquele momento. À Sandra, por me aceitar no seu Grupo de Estudos em Gênero e Religião Mandrágora/ NETMAL, espaço de reflexão e diálogo nas diversas áreas de conhecimento sobre os temas feministas. Ao prof. Dr. Alfredo Dias D’Almeida por ter sido o meu primeiro incentivador na decisão de fazer o mestrado e por ter me ajudado na elaboração do primeiro pré-projeto. À CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo apoio financeiro fundamental nos últimos quinze meses para a execução do trabalho. Ao Paulo Ferreira, amigo querido da vida acadêmica, sempre presente e amoroso. Ao Marcelo da Silva, por sua amizade ímpar, leitura crítica do texto e incentivo. À amiga Andréa Lubrano, da Faculdade do Povo – FAPSP, pela ajuda na formatação do texto. Aos amigos tão queridos e prestativos, Ronaldo Macedo e Cristina Teles, pela tradução dos resumos. À minha mãe Adelina, que me educou com poucas palavras e muitos exemplos; modelo de mulher resignada que viveu para a família. Obrigada por cuidar dos meus filhos na minha ausência, que eu sei, foram muitas... Ao meu parceiro de corrida, amigo e companheiro, Eder Salari, o homem que me ensinou a viver sem culpas, a quebrar protocolos e me encoraja, a cada encontro, a ser mais feliz, mais plena, mais humana..

(8) LISTA DE TABELAS. Tabela 1 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Casamento. Tabela 2 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Filhos. Tabela 3 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Saúde. Tabela 4 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Finanças.. Tabela 5 - Ano de 2011 - Quantidade de programas por hierarquia dos pedidos de oração/orientação, na ordem: Casamento; Filhos; Saúde; Finanças.. Tabela 6 - Ano de 2012 - Quantidade de programas por hierarquia dos pedidos de oração/orientação, na ordem: Casamento; Filhos; Saúde; Finanças..

(9) LISTA DE FIGURAS. Figura 1: Curso para formar pastores oferece aula sobre edição de TV, matéria publicada na VEJA ON-LINE Como se forma um pregador, em 12 julho 2006. Foto de Fabiano Accorsi.. Figura 2 - Web Site Oficial Programa Marcos Feliciano Figura 3 - Missionário R.R.Soares. Figura 4 - Sede da IIGD (Av: São João, 791), no bairro da República, centro velho, São Paulo.. Figura 5 - Portal ongrace.com. Figura 6 - Logotipo do Programa Show da Fé.

(10) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 15 CAPÍTULO I ............................................................................................................................ 32 RELIGIÃO E GÊNERO: UM OLHAR SOBRE O PENTECOSTALISMO .......................... 32 1.1 Gênero e a questão da mulher ...................................... ............................................32 1.1.1 Ênfases nos estudos de gênero............................................................................... 34 1.1.2 Estudos de Gênero e a comunicação ..................................................................... 37 1.2 O discurso da dominação masculina ........................................................................ 43 1.3 Gênero nas igrejas ao longo da história .................................................................... 48 1.4. Gênero e Pentecostalismo.................................................................................... 51. 1.5 Considerações preliminares ...................................................................................... 54 CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 57 PENTECOSTALISMO E MÍDIA: R.R. SOARES E O SHOW DA FÉ ................................. 57 2.1 Conhecendo a história da comunicação religiosa – Panorama Geral ....................... 58 2.2 Os Evangélicos e a Mídia no Brasil – Como tudo começou .................................... 60 2.3 A Igreja Eletrônica................................................................................................... 62 2.4. Igrejas Pentecostais na Mídia .............................................................................. 67. 2.4.1 Igreja Universal do Reino de Deus ...................................................................... 67 2.4.2 Igreja Apostólica Renascer em Cristo ................................................................. 68 2.4.3 Assembleia de Deus de Belém – Redes Boas Novas .......................................... 70 2.4.4 Igreja Sara Nossa Terra ....................................................................................... 70 2.4.5 Igreja Mundial do Poder de Deus ........................................................................ 71 2.4.6 Pastores midiáticos: Marco Feliciano e Silas Malafaia ......................................... 72 2.5. R.R.Soares e a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) ............................ 74. 2.6. O Programa Show da Fé ...................................................................................... 79. 2.7. Considerações preliminares ................................................................................ 82.

(11) CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 85 A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NO PROGRAMA SHOW DA FÉ: UMA ANÁLISE DE DISCURSO ........................................................................................................................ 85 3.1. Seção Abrindo o Coração .................................................................................... 86. 3.2. Perfil das remetentes ............................................................................................. 88. 3.3 Metodologia de análise da seção Abrindo o Coração.............................................. 89 3.3.1 Importantes conceitos da Análise de Discurso ...................................................... 91 3.3.2 O Discurso Religioso segundo a Análise de Discurso .......................................... 95 3.3.3 Protocolo de leitura................................................................................................ 97 3.4 Análise das Cartas ................................................................................................... 98 3.4.1 Quadro de Formações Discursivas – Tema Casamento ...................................... 100 3.4.2 Quadro de Formações Discursivas – Tema Filhos .............................................. 113 3.4.3 Quadro de Formações Discursivas – Tema Saúde .............................................. 118 3.4.4 Quadro de Formações Discursivas – Tema Finanças .......................................... 123 3.5 Indicações conclusivas ........................................................................................... 125 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 127 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 135 ANEXOS ................................................................................................................................ 144.

(12) COSTA, Patricia Garcia. Mídia, Religião e Gênero: a Representação da Mulher no programa Show da Fé. (158) f. Dissertação de Mestrado em Comunicação Social – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2013.. Resumo. A pesquisa que relaciona gênero e comunicação ainda é pouco discutida no Brasil e abordada de forma muito acanhada pelas universidades, suas iniciativas de estudo existentes têm dedicado pouca atenção à religião e à representação da mulher neste contexto, em especial as pesquisas que enfatizam a relação com as mídias. O objetivo é investigar como a construção social do papel da mulher no discurso religioso neopentecostal é representada no programa Show da Fé, bem como averiguar os caminhos que nos levam à discussão do fenômeno religioso numa perspectiva de gênero. Elegemos como objeto de análise o quadro Abrindo o Coração, que é apresentado no programa Show da Fé, pertencente à Igreja Internacional da Graça de Deus, único programa religioso veiculado também em emissoras de TV abertas em horário nobre. A base para este estudo são as ferramentas teórico-metodológicas da análise de discurso e a reconstituição da trajetória dos estudos feministas associados aos estudos da mídia, via revisões bibliográficas e conceitos relacionados à mídia religiosa. Os resultados demonstram que a religião tem colaborado com a reprodução da visão patriarcal dominante e com a representação social da mulher a partir desta compreensão e suas expressões midiáticas baseiam-se nas referências da aceitação/resignação, da submissão, da renúncia/concessão e da responsabilidade/culpabilidade que caracterizam o lugar das mulheres no imaginário religioso, mais fortemente no pentecostalismo. Palavras-chaves: Mídia; Religião; Gênero; Discurso Religioso; Show da Fé..

(13) COSTA, Patricia García. Medios de comunicación, Religión y género: la representación de la mujer en el programa Show de la Fe (158) f. Disertación de Doctorado en Comunicación Social - Universidad Metodista de Sao Paulo, Sao Bernardo do Campo, 2013.. Resumen. La investigación que relaciona género y comunicación aún es poco discutida en Brasil y es abordada de forma muy tímida por las Universidades. Las iniciativas de los estudios existentes le han dado poca atención a la religión y a la representación de la mujer en este contexto, especialmente a la investigación que da énfasis a la relación con los medios de comunicación. El objetivo es investigar cómo la construcción social del papel de la mujer en el discurso religioso neopentecostal está representada en el programa Show de la Fe, así como averiguar los caminos que nos llevan a la discusión del fenómeno religioso desde una perspectiva de género. Hemos elegido como objeto de análisis el cuadro Abriendo el Corazón, que es presentado en el Programa Show de la Fe y que pertenece a la Iglesia Internacional de la Gracia de Dios, el único programa religioso que también es trasmitido en canales de televisión abiertos en horario estelar. La base de este estudio son las herramientas teóricas y metodológicas de análisis del discurso y la reconstitución de la trayectoria de los estudios feministas asociados a los estudios de los medios de comunicación, a través de revisiones bibliográficos y los conceptos relacionados con los medios de comunicación religiosos. Los resultados demuestran que la religión ha colaborado con la reproducción de la visión patriarcal dominante y con la representación social de la mujer a partir de esta comprensión y sus expresiones en los medios de comunicación basados en las referencias de aceptación/ resignación de la sumisión, de la renuncia/concesión y de la responsabilidad/culpabilidad que caracteriza el lugar de la mujer en el imaginario religioso, con más fuerza en el pentecostalismo.. Palabras-clave: Medios de comunicación; Religión; Género; Discurso religioso; Show de la Fe.

(14) COSTA, Patricia Garcia. Media, Religion and Gender: representation of women on the TV program named Show da Fé (158) f. Final Essay for. Mastership in Social. Communications – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2013.. Abstract. Researches that relate gender and communications are still scarcely discussed in Brazil and handled very shyly by universities. The existing study initiatives have devoted little attention to religion and the representation of women in this sense, especially researches that emphasize their relationship with the media. This essay is intended to investigate how the social construction of women's role in the neo-charismatic religious speech is represented on the television program Show da Fé (show of faith), as well as to study the paths that might lead to a discussion of this religious phenomenon from a gender perspective. As the object of analysis, it has been chosen the show section named Abrindo o Coração (with hearts wide open), which is part of the program Show da Fé, produced by the International Church of God’s Grace, the only religious program also aired on local TV stations at peak viewing time. The present study is based upon theoretical and methodological tools to analyze the speech as well as on the reconstitution of the history of feminist studies related to media studies through literature reviews and concepts connected with the religious media. The results show evidence not only that religion has contributed with the reproduction of dominant patriarchal view and the social representation of women from this understanding but also that the way they are expressed on the media are based on references of acceptance/resignation, submission, renunciation/concession and responsibility/guilt that characterize the women’s role in religious imagery, particularly in Pentecostalism.. Keywords: Media; Religion; Gender; Religious Speech; Show da Fé..

(15) 15. INTRODUÇÃO. Sabe-se, hoje, que as pesquisas sobre religião no meio acadêmico encontram-se em plena expansão, devido ao potencial crescimento que o segmento protestante vem ganhando nas últimas décadas; em especial as igrejas pentecostais e, mais especificamente, as igrejas denominadas eletrônicas, que têm como foco a comunicação de massa, fator que mudou e continua mudando de forma exponencial o cenário religioso. Para iniciar a exposição do problema de pesquisa fazemos referência às palavras de Otto Maduro (1997, p.26), quando declara que “nas sociedades contemporâneas, as mulheres são oprimidas enquanto mulheres e, nessa opressão, os homens, enquanto homens, têm poder e levam vantagem sobre as mulheres”. Compreende, em segundo lugar, o fato de que “a opressão das mulheres não é somente física, econômica, doméstica ou exercida pelo mercado de trabalho, mas é também ideológica, cultural e simbólica”. É aí que entra a religião, ou a transmissão do discurso religioso sobre as relações sociais de gênero num processo de construção de sentidos. Para a professora Sandra Duarte Souza (2011), a religião ainda exerce uma importante função de produção e reprodução de sistemas simbólicos que têm influência direta sobre as relações sociais de sexo. Essas representações sociais acerca do homem e da mulher não podem ser entendidas sem lançarmos o olhar sobre ela e sobre suas implicações na construção social desse homem e dessa mulher, construções socioculturais, portanto, aprendidas. Souza (2011, ON-LINE): a religião contribuiu para a naturalização dessas representações quando as afirma como sagradas, como vontade divina. Essa mulher é domesticada de acordo com o padrão patriarcal da cultura, apresentada como uma supermulher que dá conta de todas as suas responsabilidades. A carga de culpa que as mulheres carregam por não corresponderem àquilo que é considerado “coisa de mulher” é enorme, por isso, temos tantos casos de mulheres adoentadas e exauridas.. A dominação de gênero ainda é um problema pouco discutido no âmbito religioso, “pois sua contestação pode desconstruir boa parte das bases sobre as quais os próprios sistemas religiosos se assentam, se organizam e constroem sua hierarquia” (SOUZA, 2004, p.122). No tempo da pós-modernidade, a construção das identidades se dá de formas múltiplas e frágeis, utilizando as palavras de Bauman (2001), e os discursos midiáticos vão construindo.

(16) 16. uma identidade multifacetada da mulher. Neste contexto, a religião não mais aparece como constituidora solitária dessas identidades, mas ela ainda tem um papel importante nesse processo. Analisar o fenômeno religioso não é tarefa simples, implica entendê-lo como uma realidade situada, limitada e orientada socialmente, que influencia e é influenciada pelo meio que a gestou. É oportuno salientar que o espaço da igreja não é neutro nem tampouco pacífico como se apresenta; que as relações familiares e de gênero, histórias de vida, subjetividade, sexualidade e divisões de fé são peças que compõem o maquinário do poder no interior da igreja. Contudo, nem sempre foi possível pensar na mulher com um discurso religioso de caráter crítico. Assim, para entender o reconhecimento do caráter religioso e cultural, Durkheim (1989) enfatiza que: Os homens foram obrigados a formar noção do que é a religião, bem antes da ciência das religiões ter podido instituir suas comparações metódicas. As necessidades da existência obrigam-nos todos, crentes ou incrédulos, a representar, de alguma maneira, as coisas no meio das quais vivemos, sobre as quais temos sempre julgamentos a fazer e que devemos considerar no nosso comportamento. [...] consideramos as religiões na sua realidade concreta e procuremos apreender o que elas podem ter em comum; porque a religião só pode ser definida em função das características que estão presentes por toda parte onde há religião (DURKHEIM, 1989, p.53-54).. Nesse sentido, é necessário buscar o invisível do cotidiano religioso e procurar compreender cada indivíduo em sua particularidade, observando que esses indivíduos estão mergulhados em um território envolvido de segredos, sagrado e profano; pastor e rebanho, homem e mulher; cuja religião sempre fez parte da história dos homens e das mulheres. Durkheim (1989), nos esclarece o sentido dessa oposição: Para definir o sagrado do profano não resta senão a sua heterogeneidade [...]. O sagrado e o profano foram sempre e por toda parte concebidos pelo espírito humano como gêneros separados, como dois mundos entre os quais não há nada em comum. As energias que se manifestam em um não são simplesmente aquelas que se encontram no outro, com alguns graus a mais; são de outra natureza. Essa oposição foi concebida de maneiras diferentes, conforme as religiões (DURKHEIM, 1989, p.70).. A proposta de trabalho busca trazer esta reflexão sobre gênero e religião para o campo da comunicação por meio do seguinte objeto: o discurso religioso televisivo construído pelo líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em seus programas televisivos..

(17) 17. Essa igreja recebeu a classificação de neopentecostal por pregar a crença de que “o cristão deve ser próspero, saudável, feliz e vitorioso em seus empreendimentos terrenos, e por rejeitar usos e costumes de santidade pentecostais, tradicionais símbolos de conversão e pertencimento ao pentecostalismo” (MARIANO, 2004, p.124). Como a IIGD, podemos citar a Renascer, Universal do Reino de Deus e Mundial do Poder de Deus. Essas igrejas começaram a surgir na segunda metade da década de 1970, trazendo figuras de líderes carismáticos. A prática adquirida por esse novo grupo de religiosos rompe com os antigos padrões de pregação, que davam ênfase ao pentecostalismo dito histórico – grupo que antecede os chamados neopentecostais e que possuem outro foco na sua pregação. O processo de mudança nessa área do discurso ainda continua, dada a necessidade de se manter em evidência, de modo a suprir as necessidades da nossa sociedade pósmoderna, por meio de um discurso que esteja em sintonia com as demandas econômicas, sociais e políticas. Para continuar a crescer, as igrejas neopentecostais buscam conquistar cada vez mais “adeptos” e usam as mídias – televisão, rádio, jornais, revistas e internet - para atingir esse objetivo, com destaque para a televisão (CUNHA et al, 2008, p.6). São vários os veículos que fazem parte do império midiático do líder da IIGD Romildo Ribeiro Soares, que se apresenta como missionário R. R. Soares, do qual falaremos mais à frente. Nesse contexto, o programa Show da Fé, que é o carro chefe da emissora, representa um marco simbólico não só para a IIGD, como também para os evangélicos de forma geral espalhados pelo Brasil. Segundo Moraes (2010, p.138), o missionário R. R. Soares é o televangelista mais antigo em atividade no país. Há mais de trinta anos, desde o primeiro programa sob sua liderança, com horário adquirido na Tupi, em 1977, ele tornou seu rosto familiar para a população brasileira. Sempre foi obcecado por televisão e sonhou em usar este veículo para propagar sua crença religiosa. Nos anos 80, ele amargou horários ruins na grade, mas na década de 90, passou a investir pesado para emplacar de vez em horário nobre. Com a aquisição da Rede Internacional de Televisão (RIT), seu império midiático ganhou força, expressão e o reconhecimento dos evangélicos por ser eminentemente de cunho religioso. Soares deixa claro que a RIT nasceu para ser a televisão destinada à família, cultivando valores caros ao grupo religioso ao qual pertence. O missionário diz acreditar que o poder da mídia é tão grande que pode influenciar tanto para o bem quanto para o mal. Crítico ferrenho do conteúdo veiculado por mídias secularizadas, Soares acredita que um conglomerado midiático, desde que com valores.

(18) 18. cristãos bem solidificados, pode mudar radicalmente não só a vida das pessoas, do ponto de vista individual, mas também mudar uma nação inteira. Concentraremos nossos estudos na Igreja Internacional da Graça de Deus, representada pelo seu líder e comunicador R.R.Soares, com base nas seguintes questões: por que no discurso religioso neopentecostal, de maneira geral, a mulher está sempre em segundo plano, visto que elas aparecem quase sempre como espectadoras e colaboradoras e quase nunca como protagonistas? De que forma o discurso religioso sobre a mulher disseminado por Soares por meio do programa Show da Fé reproduz esta concepção?. 1.1 Hipóteses. O campo acadêmico tem se pronunciado na reflexão acerca da importância histórica das mulheres na vida religiosa, identificando e percebendo as relações humanas, como espaço de permanências, rupturas e mudanças em que homens e mulheres são sujeitos inseridos em contextos e tempos específicos. Souza (2004) afirma: as pesquisas baseadas no eixo gênero e religião se justificam pelo fato de que existe aí uma intimidade pouco verbalizada, mas experimentada, vivenciada no dia a dia, que é estruturada e que estrutura a vida em sociedade. Revelar essa intimidade é revelar também a cumplicidade da religião sobre o processo de socialização de homens e mulheres, e de reprodução das assimetrias sociais (SOUZA, 2004, p.123).. A hipótese desta pesquisa toma por base a premissa de que o papel mediador dos meios de comunicação, com suas diferentes linguagens, tem uma responsabilidade social muito grande na formação do repertório cultural do indivíduo, e que sua presença cotidiana e os seus respectivos processos de produção ajudam a construir o imaginário deste público. Nesse sentido, o programa Show da Fé revela-se um mediador que reproduz e contribui para a manutenção do discurso religioso neopentecostal de minoração do lugar da mulher na sociedade e na igreja.. 1.2 Objetivos. O objetivo geral do estudo é investigar como a construção social do papel da mulher no discurso religioso neopentecostal, reconhecidamente patriarcal e conservador, é representada no programa Show da Fé. Para tanto, de modo específico:.

(19) 19. •. Estudar a relação religião e mídia; mídia e gênero; gênero e religião, o discurso. religioso e o papel da mulher neste contexto; •. Verificar como as mulheres cristãs, em particular as pentecostais, se apropriam de um. discurso notadamente patriarcal e conservador; •. Apresentar o contexto sociohistórico e as formações discursivas que configuram esse. discurso; •. Estudar o lugar do programa Show da Fé na reprodução e manutenção do discurso. neopentecostal particularmente no que diz respeito ao papel das mulheres; •. Analisar o discurso de uma seção do programa Show da Fé a fim de refletir sobre a. representação das mulheres transmitida por esse programa religioso. 1.3 Justificativa. A pesquisa justifica-se na importância dos estudos de gênero na contemporaneidade e na ocupação da lacuna deixada pelas escassas abordagens que os relacionam à comunicação e mídias, em especial, às mídias religiosas. A sociedade patriarcal, representada pela força masculina, exclui as mulheres dos processos decisórios, e a presença significativa, mas ainda tímida de textos que discutam a relação gênero e religião nas mais diversas publicações feministas, parece refletir a herança moderna do feminismo. Souza nos aponta: [...] a tensão entre a razão moderna e tudo o que de primitivo e medieval poderia conter a religião, parece pairar também sobre o dossel sagrado do feminismo e dificultar a incorporação da discussão sobre o fenômeno religioso no contexto dos estudos de gênero, negando assim a possibilidade do debate acerca da influência da religião sobre a construção social dos sexos (SOUZA, 2004, p.123).. Faz-se necessário salientar que nos últimos anos a religiosidade, em especial a popular, tem sido objeto de estudo de diversos pesquisadores, sobretudo para conhecer e compreender as teorias/conceitos/dinâmica da sociedade religiosa no contexto da sociedade hodierna. Ressaltamos, também, que as instituições religiosas e, em especial, as neopentecostais têm mudado suas lógicas e regras de atuação em função dos processos midiáticos gerados pela ambiência da midiatização. Os templos são transformados para que os cultos possam ser televisionados e enquadrados para as mídias digitais. Passa-se a pensar em comunicação e em estratégias midiáticas submetendo-se às lógicas e linguagens da mídia. Nesse sentido, o.

(20) 20. discurso religioso é adaptado para um discurso midiático. Na sociedade em processo de midiatização, não se pode mais pensar apenas como igreja, mas também como mídia sob o risco de não atingir mais os seus públicos. A IIGD nasceu em 1980. Depois da inauguração, as igrejas do R. R. Soares foram se espalhando pelo Brasil e também para outros países, contando atualmente com quase 2,5 mil templos. Em trinta anos de ministério montou um império midiático para dar suporte ao seu discurso: sua própria rede de TV –RIT, a Graça Editorial, a Graça Filmes, a Graça Music, a Nossa TV, a Nossa Rádio, a Agrade e a USEM (União dos Servos Empresários). Desde 2003, este líder está à frente do programa Show da Fé, transmitido diariamente em sua própria emissora e também em horário nobre pela Rede Bandeirantes de Televisão. Escolhemos pesquisar esta denominação por se tratar de uma igreja midiática, e também porque R.R.Soares é o televangelista mais antigo em atividade no país. Há mais de trinta anos, desde seu início na Tupi em 1977, ele tornou seu rosto familiar para a população brasileira. Conhecer o programa Show da Fé nos permite compreender algumas estratégias sobre como um programa de televisão é estruturado, além de entender a intenção discursiva, política, ideológica e econômica de seus idealizadores. Em virtude da necessidade de se distanciar do discurso das igrejas tradicionais, que sofreram um período de estagnação e não crescimento numérico significativo, e se aproximar de seu público-alvo, as igrejas neopentecostais incrementaram o uso da mídia, adotando estratégias discursivas voltadas às necessidades básicas das classes mais desfavorecidas da população, notadamente as vinculadas à prosperidade econômica e social. Nesse percurso, passaram a destacar as passagens do Evangelho relacionadas à cura e ao sucesso. Na ânsia de ganhar espaço entre os fiéis, em seus programas televisivos, os líderes neopentecostais adotam a estrutura de programas de auditório seculares bem-sucedidos para conquistar audiência e manter ou aumentar o número de adeptos. Espera-se com este trabalho contribuir para repensarmos o lugar da mulher em novas bases, não mais como o discurso da igreja vem perpetuando, sendo simplista e reducionista, legitimando o patriarcalismo de dominação. Espera-se ainda contribuir para novas reflexões e questionamentos de um dos poderes mais influentes do mundo – a igreja - e os processos comunicacionais (especialmente os midiáticos) que a envolvem..

(21) 21. 1.4 Referencial Teórico. Este trabalho pertence ao campo da comunicação e dos processos comunicacionais midiáticos. Para tanto, o primeiro passo deve ser na direção de determinarmos quais conceitos e pressupostos básicos serão utilizados para o desenvolvimento da análise. Com o objetivo de relacionarmos a temática de gênero à ênfase desta pesquisa - a comunicação - e, particularmente, a comunicação midiática, destacaremos aqui sua conexão com a abordagem das culturas. No que se refere à categoria gênero e mídia, os Estudos Culturais foram pioneiros nas pesquisas, em especial no campo dos estudos feministas. Os Estudos Culturais nasceram na segunda metade do século XX com a criação do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS). Este centro foi criado pelo pesquisador Hoggart (1964), lugar onde, segundo palavras de Hall “velhas correntes de pensamento são rompidas, velhas constelações deslocadas, e elementos novos e velhos são reagrupados ao redor de uma nova gama de premissas e temas” (HALL, 2003, p.123). Isso quer dizer que o Centro passou a estudar as relações entre cultura contemporânea e sociedade, suas formas culturais, instituições, práticas e mudanças sociais. Três obras ajudaram a marcar essa nova fase, e três autores merecem ser citados: Hoggart, Williams e Thompson 1. Na pesquisa realizada por Hoggart, o foco de atenção recai sobre a cultura popular e os meios de comunicação de massa, e mostra que no âmbito popular não existe apenas submissão, mas também resistência. A contribuição teórica de Williams também é fundamental para os Estudos Culturais porque traz um olhar diferenciado sobre a história literária. Ele mostra que cultura é uma categoria-chave que une a análise literária com a vida social. Para Thompson, pode-se dizer que ele influencia o desenvolvimento da história social britânica de dentro da tradição marxista (HALL, 2003, p.124-125). Hoggart, Williams e Thompson formaram o trio fundante dos Estudos Culturais, mas não menos importante é o intelectual jamaicano, Stuart Hall, que embora não tenha sido citado como um dos fundadores do Centre for Contemporary Cultural Studies (Birmingham) cabe ressaltar sua importante participação na formação dos Estudos Culturais. Stuart Hall é um pesquisador notadamente reconhecido, pois ao substituir Hoggard, de 1968-1979, se 1. HOGGART. Richard. The Uses of Literacy. Londres: Chatto&Windus, 1957. [As utilizações da cultura: aspectos da vida cultural da classe trabalhadora. Lisboa: Presença, 1971], WILLIAMS, Raymond. CultureandSociety1780-1950. Londres: Chatto&Windus, 1958. [Cultura e Sociedade 1780-1950. São Paulo: Nacional, 1969]. THOMPSON, E.P.The Making of de English Working Class. Londres: Victor Gollanz, 1963. [A formação da classe operária inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.].

(22) 22. tornou um dos principais nomes associados ao Centre for Contemporary Cultural Studies (Birmingham). Hall incentivou “a investigação de práticas de resistência de subculturas, exerceu uma função de ‘aglutinador’ em momentos de intensas distensões teóricas e destravou debates teórico-políticos, tornando-se um ‘catalizador’ de inúmeros projetos coletivos” (ESCOSTEGUY, ON-LINE, p.3). Seguir na linha de raciocínio dos pensadores e das pensadoras dos Estudos Culturais nos dará norte para entendermos o processo de conquista não só da visibilidade feminina como estudiosas e teóricas sobre as dimensões de gênero, mas da presença significativa das mulheres na produção cultural, tanto nas suas formas elitizadas como nos seus momentos cotidianos, no consumo de bens ou na recepção de informações. Autoras brasileiras como Ana Carolina D. Escosteguy e Maria ImmacolataVassallo de Lopes 2 avançam em relação às noções de Marx e encontram uma “nova perspectiva para pensar o mundo a partir da complexa imbricação de questões de classe, raça e gênero, adotando uma posição teórica que des-hierarquiza estas relações entre si” (ADELMAN, 2006, p.3). Escosteguy (2008, p.14-28) diz que “o campo de investigação para aqueles que se interessam em estudar a comunicação sob uma perspectiva de gênero é, sem dúvida, um grande desafio”. Para tanto, nos aprofundaremos no capítulo 1 deste trabalho e faremos um levantamento das principais pesquisas que estão sendo desenvolvidas nesta linha, que cruza comunicação/gênero/mídia. No capítulo 2, nosso objetivo é tratar da relação Mídia e Religião no Brasil, e com o aporte teórico de pesquisadores como: Leonildo Silveira Campos, Hugo Assmann, Viviane Borelli, Paulo Rodrigues Romero e Magali do Nascimento Cunha, entre outros; nos aprofundaremos no processo de crescimento dos evangélicos com a mídia. Campos (2008, p.9-10) faz um levantamento histórico do campo religioso e sua relação com a mídia ao qual teremos acesso no capítulo acima citado. A partir destas informações preliminares, daremos uma atenção especial na inserção dos evangélicos na. 2. Maria ImmacolataVassallo de Lopes é professora titular da Escola de Comunicações e Artes da USP, e sua linha de pesquisa está relacionada à epistemologia, Teoria e Metodologia da Comunicação, Comunicação e Ficção Televisiva, objetivando analisar a construção da teleficção como gênero e narrativa popular, produção e recepção de telenovela. Algumas trabalhos da pesquisadora: LOPES, Maria Immacolata V. Recepção dos meios, classes, poder e estrutura, Comunicação e Sociedade, n0 23, 99-110, 1995. _________________. Estratégias metodológicas de recepção, Revista Brasileira de Comunicação/INTERCOM, vol.XVI, n02: 78-86, 1993.JACKS, Nilda. A pesquisa de recepção no Brasil: em busca da influência latino-americana, in Lopes, Maria Immacolata (org.) Vinte anos de ciências da comunicação no Brasil - Avaliação e perspectivas. São Paulo: Intercom/Unisanta,171-183, 1999..

(23) 23. mídia radiofônica e televisiva, apontando os principais nomes e buscando entender essa longa história de expansão e de mudanças no campo religioso. Dentro deste cenário, destacam-se os trabalhos do pastor Romeiro (2004) que contribui com suas pesquisas referentes ao movimento neopentecostal, preocupado que é com os problemas doutrinários nas igrejas brasileiras; pesquisadores e teóricos como Cunha (2007) a partir de suas pesquisas com viés comunicacional, cultural, teológico e religioso, relaciona o crescimento das Igrejas Evangélicas e explica por que as Igrejas Evangélicas estão hoje mais visíveis e crescentes. Bem como, seguimos a proposta do teólogo e educador Hugo Assmann (1986) que foi precursor dos estudos da Teologia da Libertação, e também da abordagem e pesquisa que fez no contexto no qual surgiu a igreja eletrônica, objeto desta dissertação. O tema Gênero e Religião foi construído a partir da participação da autora da pesquisa no Grupo de Estudos em Gênero e Religião Mandrágora/ NETMAL, espaço de reflexão e diálogo nas diversas áreas de conhecimento sobre os temas feministas, sob orientação da Prof. Dra. Sandra Duarte de Souza, do programa de Pós-Graduação em Religião da UMESP, tornando conhecidas as seguintes bases teóricas e autoras: Joan Scott (1989) e Eni de Mesquita Samara (1997) foram consideradas pioneiras nesta abordagem; bem como historiadoras, a exemplo de Andréa Lisly Gonçalves (2006), que discutem também a categoria gênero e propõem uma reflexão ao ressaltar a importância das relações de gênero e a história das mulheres na análise dos processos históricos. Como conceitos chaves para a categoria entendemos que a palavra gênero nos remete imediatamente à ideia de masculino ou feminino, e como as palavras na maioria das línguas têm gênero e não “sexo” as mulheres intelectuais sentiram a necessidade de se expressar por meio de um instrumento metodológico. Buscavam, dessa forma, reforçar a ideia de que as diferenças comportamentais entre homens e mulheres não eram dependentes do sexo, como questão biológica, mas sim definidas pelo gênero, portanto, ligadas à cultura. Joan Scott é uma historiadora que reflete para além dos usos descritivos do gênero, que não interpreta nem atribui causalidade, e afirma que “gênero é apenas um conceito associado ao estudo das coisas relativas às mulheres, mas não tem a força de análise suficiente para interrogar e mudar os paradigmas históricos existentes” (SOIHET, 1997, p.65). A proposta teórica de Scott pode ser dividida em duas partes: “[...] de um lado, o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos; de outro lado, o gênero é uma forma pioneira de significar as relações de poder” (SOIHET, 1997, p.67). As feministas americanas foram as pioneiras a defenderem a importância dos sexos, dos grupos de gênero no passado histórico. A partir da década de 1980 a contribuição.

(24) 24. feminina para a construção da história da humanidade passou a ser destaque nas pesquisas acadêmicas. O conceito de gênero tornou-se amplamente utilizado para caracterizar as relações entre homens e mulheres. Esta breve descrição dos conceitos e referências deste trabalho darão suporte para a reflexão sobre o objeto em questão aqui trabalhado: Mídia, Religião e Gênero, presentes no discurso televisivo do comunicador midiático missionário R.R.Soares.. 1.5 Percurso metodológico. Para responder à problemática colocada e alcançar os objetivos deste estudo, optamos por realizar a pesquisa por meio da análise de discurso de linha francesa, compreendendo-a como o método mais adequado ao que propusemos ao trabalho. Antes de iniciarmos qualquer análise ou até mesmo criar um protocolo de leitura, precisaremos compreender os fundamentos da análise de discurso, apresentando as bases teóricas e os procedimentos analíticos para a sua compreensão. Vale ressaltar que um dos segmentos da pesquisa em comunicação que mais vem se desenvolvendo desde a década de 80, seja para o conhecimento acadêmico, ou com vistas à pesquisa de mercado, é o da prática analítica da Análise de Discursos (PINTO, 1999, p.7). Devemos ter claro que os textos nunca são transparentes, o pesquisador e analista não deve levar em conta somente o seu valor documental, “isto é considerá-lo como inocente e transparente em relação ao universo apresentado, confiando na letra do texto, o que significa tratá-los como independentes dos contextos, esquecendo-se de sua opacidade ideológica, que a análise de discursos coloca em primeiro lugar” (PINTO, 1999, p.25). Neste trabalho compreendemos a Análise de Discurso (AD) de linha francesa 3, tomando como fundador dos estudos Michel Pêcheux 4. Foi ele quem estabeleceu a relação 3. Para efeito de conhecimento, a outra linha da análise do discurso refere-se à linha anglo-americana. O conceito de discurso empregado por ela oscila entre uma definição que opõe discurso e frase, como uma unidade linguística constituída por uma sucessão de frases, e uma definição de discursos como uso (jogos de palavras) da linguagem verbal em contextos determinados, herdada de Ludwig Wittgenstein. Seu campo preferencial de trabalho é a análise dos esquemas gerais de organização e dos processos de tomada da palavra, abertura e fechamento na conversação cotidiana, desenvolvida por sociólogos como Erwin Goffman, Harold Garfinkel, Emmanuel Schegloff e Harvey Sacks, que vem sendo empregadas em análises de entrevistas médicas [...] Estes trabalhos são especialmente importantes para a análise de discursos em geral, por incorporarem técnicas de análises de textos orais com suas características de empostação, entonação, pausas [...] O conflito entre estas duas tradições era, assim, inevitável. Mas a boa quantidade de massa crítica já produzida sobre a análise de discursos, aliada a desenvolvimentos teóricos relativos à contextualização das marcas formais encontradas na superfície textual trazem não só a possibilidade de uma conciliação entre as tradições francesa e angloamericana, como a tornam bastante promissora em termos teóricos e metodológicos (PINTO, 1999, p.19-20)..

(25) 25. existente no discurso entre língua/sujeito/história ou língua/ideologia; portanto, quem segue este princípio pode afirmar uma filiação com a AD da linha francesa. Nos anos 60, a AD foi reconhecida como um modelo metodológico que, segundo Maingueneau (1989), surgiu na década de 60, associada a uma tradicional prática escolar francesa: a explicação de textos. Trata-se, portanto, de uma metodologia que privilegia a interdisciplinariedade, já que articula pressupostos teóricos da Linguística, do Materialismo Histórico e da Psicanálise (ORLANDI, 2012, p.19). Orlandi explica que essa contribuição ocorreu da seguinte forma: da linguística deslocou-se a noção de fala para discurso; do materialismo histórico emergiu a teoria da ideologia; e finalmente da psicanálise veio a noção de inconsciente que a AD trabalha com o de-centramento do sujeito 5. Segundo Orlandi (2012, p.19-20) para a análise de discurso: a língua tem sua ordem própria mas só é relativamente autônoma (distinguindo-se da linguística, ela reintroduz a noção de sujeito e de situação na análise da linguagem; a história tem o seu real afetado pelo simbólico (os fatos reclamam sentidos); o sujeito de linguagem é descentrado pois é afetado pelo real da língua e também pelo real da história, não tendo o controle sobre o modo como elas o afetam. Isso redunda em dizer que o sujeito discursivo funciona pelo inconsciente e pela ideologia.. Entende-se, pois, que a linguagem não poderá ser estudada fora dos quadros sociais, visto que o processo que a constitui e seus sentidos são histórico-sociais; razão pela qual os conceitos de condição de produção do discurso, de formação discursiva e de formação ideológica são postulados pelos estudiosos da AD como sendo fundamentais para o estudo da linguagem. Orlandi (2012) esclarece que a AD trabalha com o sentido e não com o conteúdo do texto6, um sentido que não é traduzido, mas produzido, e afirma que o corpus da AD é 4. Michel Pêcheux (1938-1983) é o fundador da Análise de Discurso que teoriza como a linguagem está materializada na ideologia e como esta se manifesta na linguagem. Ele concebe o discurso, enquanto efeito de sentidos, como um lugar particular em que esta relação ocorre. Pela análise do funcionamento discursivo, ele objetiva explicitar os mecanismos da determinação histórica dos processos de significação (LABEURB, ONLINE). 5. Sobre a noção de sujeito recorremos às explicações de Brandão (2002, p. 49-50). A autora explica que para tratar de sujeito a noção de história é fundamental, pois marcado no espaço e no tempo, o sujeito é essencialmente histórico. E porque sua fala é produzida a partir de um determinado lugar e de um determinado tempo, à concepção de um sujeito histórico articula-se outra noção fundamental: a de um sujeito ideológico. Sua fala é um recorte das representações de um tempo histórico e de um espaço social. Dessa forma, o sujeito situa o seu discurso em relação aos discursos do outro. 6. É exatamente esse ponto que diferencia a AD da análise de conteúdo (AC), duas metodologias com mecanismos teórico-metodológicos bastante diferentes; diferenciá-las foge das intenções dessa dissertação..

(26) 26. constituído pela seguinte formulação: ideologia + história + linguagem. A AD privilegia em seus estudos a noção de sujeito e de interdiscursividade 7, acrescentando a ambas as noções de história e de ideologia. Assim, o sujeito é concebido como essencialmente histórico; razão porque sua fala é sempre produzida a partir de um determinado lugar e de um determinado tempo e, desse modo, a noção de sujeito histórico articula-se a de sujeito ideológico. Como consequência, o que este sujeito fala sempre compreende um recorte das representações de um tempo histórico e de um espaço social, tratando-se de um sujeito descentrado entre o eu e o outro: alguém projetado num espaço e num tempo. Tal projeção faz com que esse sujeito situe o seu discurso em relação aos discursos do outro. Para a autora, o outro compreende não só o destinatário – aquele para quem o sujeito planeja e ajusta a sua fala no plano intradiscursivo 8 – mas também envolve outros discursos historicamente já costurados (interdiscurso) e que emergem em sua fala. Essa concepção de sujeito abarca a noção de alteridade: “um sujeito que luta para ser uno mas que – na materialidade discursiva - é polifônico” (ORLANDI, 2012, p.35). Nesse sentido, entendemos que a alteridade introduz tanto o conceito de história como o de ideologia. Tal deslocamento do sujeito do discurso é tratado por Orlandi (2012) como dispersão: a produção de um discurso heterogêneo por incorporar e assumir, pelo diálogo, diferentes vozes sociais, relacionando o mesmo com o seu outro, de modo a reconhecer no discurso a coexistência de várias linguagens em uma só linguagem. Por conta desta definição, daremos no capítulo três deste trabalho uma atenção especial aos conceitos de condição de produção do discurso, de formação discursiva e de formação ideológica, considerados fundamentais para o estudo da linguagem.. 7. Relação de um discurso com outros discursos. Para Maingueneau (1984, p.11 apud BRANDÃO, 2002, p.90) a interdiscursividade tem um lugar privilegiado no estudo do discurso: ao tomar o interdiscurso como objeto, procura-se apreender não uma formação discursiva, mas a interação sobre formações discursivas diferentes. Neste sentido, dizer que a interdiscursividade é constitutiva de todo discurso é dizer que todo discurso nasce de um trabalho sobre outros discursos. Para Orlandi (2012, p.33-34) o interdiscurso é todo conjunto de formulações feitas e já esquecidas que determinam o que dizemos. Para que minhas palavras tenham sentido é preciso que elas já façam sentido. E isto é efeito do interdiscurso: é preciso que o que foi dito por um sujeito específico, em um momento particular se apague na memória para que, passando para o “anonimato”, possa fazer sentido em “minhas” palavras. 8. Por intradiscurso Charaudeau e Maingueneau (2006, p.290) explicam: Opõe-se intuitivamente o intradiscurso, relações entre os constituintes do mesmo discurso, a interdiscurso, relação desse discurso com outros discursos. Mas é necessário desconfiar de qualquer representação que faria do “interior” e do “exterior” dois universos independentes. As problemáticas do dialogismo ou da heterogeneidade constitutiva mostram que o intradiscurso é atravessado pelo interdiscurso;* ver formação discursiva, heterogeneidade mostrada/constitutiva, interdiscurso, pré-construido, texto (DICIONÁRIO DE ANÁLISE DO DISCURSO, 2006, p.290)..

(27) 27. 1.6 Delimitações Metodológicas de Análise do Quadro Abrindo o Coração. Nesta pesquisa não pretendemos medir o fenômeno, mas sim compreendê-lo em sua dinamicidade, por isso, a pesquisa qualitativa 9 é o tipo mais adequado para a nossa proposta. O processo de produção dos discursos sobre a mulher ocorre em um contexto social com marcas históricas e atuais que geram comportamentos específicos dessas mulheres e uma postura frente aos homens da igreja. Acreditamos que o melhor método é o dialético 10 porque ele aborda a dinâmica da realidade. Para ele, a realidade está sempre em transformação, o que torna os fenômenos finitos. Ao identificarmos os sentidos do discurso religioso pela análise de discurso, podemos verificar se realmente os enunciados são reconhecidamente antifeministas e conservadores, e de que forma eles constroem as representações da mulher evangélica. A partir das reflexões da banca de qualificação da pesquisa foi indicado que o melhor caminho seria trabalhar com um único quadro do programa Show da Fé, o que é denominado “Abrindo o coração”. A indicação se justifica pelo fato de que são as mulheres as principais ouvintes e telespectadoras do programa, que escrevem pedindo ajuda, conselhos, orações, falam de seus problemas e o fazem de forma muito íntima, como se estivessem conversando face a face com um amigo. A leitura das cartas na seção Abrindo o Coração tem no máximo trinta segundos, e a resposta do Missionário depende muito do conteúdo da carta, não passando de um minuto, em média. São recebidas por volta de 60 a 100 cartas por mês que vem de diversas partes do Brasil, e pela análise da região se observa que a maior demanda parte do nordeste. Cada quadro do Abrindo o Coração contém a leitura de uma única carta. 9. Lakatos e Marconi esclarecem o que é conhecimento científico e as técnicas de pesquisa, entendendo que a pesquisa qualitativa é traduzida por aquilo que não pode ser mensurável, pois a realidade e o sujeito são elementos indissociáveis. Assim sendo, quando se trata do sujeito, levam-se em consideração seus traços subjetivos e suas particularidades. Tais pormenores não podem ser traduzidos em números quantificáveis. O desenvolvimento de um estudo de pesquisa qualitativa supõe um corte espacial-temporal de determinado fenômeno por parte do pesquisador. Este corte definirá o campo e a dimensão que o trabalho irá se desenvolver, isto é, o território mapeado. O trabalho de descrição tem caráter fundamental em um estudo qualitativo, pois é por meio dele que os dados são coletados (LAKATOS; MARCONI, 1986). 10. Dialética é a arte de dialogar, ou seja, de argumentar e de contra-argumentar, em relação a assuntos que não podem ser demonstrados. A dialética, portanto, restringia-se, nestes casos, a omissão de opiniões “[...] que poderiam ser consideradas racionais, desde que fundamentadas em uma argumentação consistente” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p.71). Há também outra forma de se entender o método dialético, que disciplina a construção de conceitos para diferenciar os objetos, e examiná-los, com rigor científico. Dessa forma, aquilo que se coloca perante o pesquisador como verdade, deve ser contraditado, confrontado com outras realidades e teorias, para se obter uma conclusão, uma nova teoria. Estudar o método dialético como raciocínio faz com que seja possível “[...] verificar com mais rigor os objetos de análise, justamente por serem postos frente a frente com o teste de suas contradições possíveis (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p.72)..

(28) 28. O corpus de análise foi composta por programas veiculados pela TV e vendidos em DVDs, no ano de 2011 e 2012. A análise é composta de 12 edições dos programas – uma por mês - de um total de 240 programas, considerando que durante um mês são apresentados 20 programas, um para cada dia útil. O critério de seleção para a escolha das cartas foi feito da seguinte forma: foi solicitado à produção do programa Show da Fé uma cópia de todos os programas veiculados neste período, de agosto de 2011 a julho de 2012. A partir disso, separamos os programas por mês, sendo vinte para cada mês. Cada CD veio com uma etiqueta contendo o dia e a hora que os programas foram ao ar. Isso nos ajudou a colocá-los na sequência de data. Ouvimos cada CD para identificar qual a maior incidência de pedidos de oração, os mais recorrentes e quem os solicitava. Elencamos por hierarquia quantitativa da seguinte forma: Casamento; Saúde; Filhos; Finanças. Feita a separação dos CDs por mês e, posteriormente, por incidência de assunto, fomos decidindo por eliminatória, utilizando como critério para esta avaliação o discurso da subjetividade 11. Não foi difícil perceber que as cartas e, principalmente, as respostas seguem um padrão, uma sequência de raciocínio. As cartas, a princípio, fazem a apresentação do emissor, seguem relatando o problema vivenciado por ele/ela e finalizam com o pedido de ajuda, solicitando uma orientação, um caminho, uma resposta da parte de Deus 12. Já as respostas iniciam com uma palavra pessoal, às vezes, com uma pergunta, um discurso retórico 13, e seguem com relatos da Bíblia, utilizando-se do interdiscurso, com exemplos. 11. A noção de subjetividade nos estudos linguísticos foi retomada por Benveniste, que se preocupou em analisar o processo de reprodução de um enunciado, buscando nele detectar a manifestação do sujeito. Entendendo a enunciação como um processo de apropriação da língua para dizer algo. Para este autor, a subjetividade se daria por meio da capacidade de o locutor se posicionar no discurso e de propor-se como sujeito do mesmo. Essa subjetividade, fundada no exercício da língua, seria detectada no discurso por meio dos pronomes pessoais eu e tu, na medida em que tais pronomes apresentam a marca da pessoalidade (BRANDÃO, 2002, p.46-47). 12. Esta expressão “da parte de Deus” é encontrada várias vezes nas cartas. Percebe-se que as pessoas querem, sim, receber um conselho, mas não o conselho do homem falível; elas desejam receber a resposta de Deus. E o representante dele aqui na terra tem autoridade para falar em nome dEle. O Missionário é a pessoa - escolhida por aqueles que escrevem cartas para o programa direcionadas a ele - utilizada por Deus para transmitir o ensinamento ao seu povo, por isso o seu discurso tem autoridade e legitimidade. “Toda comunicação está fundada em uma confiança mínima entre os protagonizadores, e cabe a uma retórica narrativa, segundo o autor”, ‘determinar como a enunciação contribui para criar, no enunciatário, uma relação de confiança fundada na autoridade que o enunciador deve se conferir caso deseje convencer (HALSALL, 1998, p.244 apud AMOSSY 2005, p.21). 13. A retórica é a ciência teórica e aplicada do exercício público da fala, proferida diante de um auditório dubitativo, na presença de um contraditor. Por meio de seus discursos, o orador se reforça para impor suas representações, suas formulações e para orientar uma ação. A retórica foi definida pelos teóricos da Antiguidade e foi desenvolvida até a época contemporânea por um paradigma de pesquisa autônomo (DICIONÁRIO DE ANÁLISE DO DISCURSO, 2006, p.433)..

(29) 29. bíblicos de pessoas que superaram os problemas ou a atitude que tiveram diante de uma questão parecida. Então, optamos, pela priorização de respostas mais longas, que deram margem para uma análise mais completa, tendo sido selecionados, então, as edições do quadro indicadas a seguir (a transcrição do conteúdo de cada edição selecionada encontra-se nos anexos). TABELA 1 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Casamento CASAMENTO ANEXOS PROGRAMAS DATA/HORÁRIO DESCRIÇÃO 1 18 agosto 2011 - (sábado) – Mulher diz que não é casada e I 18h IN 1:00:54 OUT mora com um companheiro e só 1:06:00 tem derrotas 2 18 setembro 2011 – Mulher foi transferida para outra II (sábado) 14h IN 1:10:20 cidade, está longe do marido. OUT 1:12:37 Sobre relacionamento íntimo 3 8 outubro 2011 (sábado) – Mulher está cansada do III 18h IN 1:05:54 OUT casamento ruim 1:08:32 4 6 novembro 2011 – 14h IN Mulher diz que marido a agride IV 1:05:20 OUT 1:09:42 fisicamente, mas o ama 5 3 dezembro 2011 (sábado)Mulher deprimida, terceiro V 14h IN 1:07:55 OUT relacionamento 1:10:39 6 8 janeiro 2012 – (domingo) Fim do casamento, marido foi VI embora. Ela se culpa, diz que 9h IN 1:04:31 OUT foi inconsequente. Pede o marido de volta 1:07:34. TABELA 2 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Filhos FILHOS ANEXOS PROGRAMAS DATA/HORÁRIO DESCRIÇÃO 7 5 fevereiro 2012 (domingo)– Mulher idosa pede pela vida VII 14h- IN 0:52:30 OUT 0:54:33 dos filhos por não serem salvos 8 11 março 2012 (domingo)– 9h- Mulher pede pela vida da VIII IN 1:05:55 OUT 1:06:58 filha que está com câncer IX. 9. 17 abril 2012 (domingo)– 9h IN 1:04:11 OUT 1:05:25. Problema com filho que rejeita a mãe.

(30) 30. Tabela 3 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Saúde SAÚDE ANEXOS PROGRAMAS 10 X. XI. 11. DATA/HORÁRIO 13 maio 2012 (domingo)– 11h IN 1:06:30 OUT 1:07:46 17 junho 2012 (domingo)– 9h IN 1:02:47 OUT 1:04:34. DESCRIÇÃO Sofreu acidente no trabalho e não consegue obter a cura de Deus Mulher em depressão porque a mãe faleceu. Tabela 4 - Programas selecionados para análise obedecendo a ordem de hierarquia: Finanças. FINANÇAS ANEXOS PROGRAMAS 12 XII. DATA/HORÁRIO 15 julho 2012 (domingo)– 9h IN 1:07:43 OUT 1:08:59. DESCRIÇÃO Mulher reclama que já está com 38 anos e não conquistou nada na vida.. 1.7 Apresentação da Dissertação. Esta dissertação de mestrado está dividida em três capítulos, a saber:. Capítulo 1: Religião e Gênero: um olhar sobre o Pentecostalismo Neste primeiro capítulo, se fez necessária uma descrição teórico-metodológica da categoria gênero, a fim de se entender o papel da mulher no século XXI, devido às profundas transformações que ela vem sofrendo ao longo das últimas décadas. Esta nova realidade destaca a mulher e, consequentemente, a categoria de gênero. O olhar sobre o pentecostalismo relaciona-se aos objetivos desta pesquisa que buscam estudar a representação da mulher no discurso do programa Show da Fé, da Igreja Internacional da Graça de Deus, reconhecida como parte do segmento pentecostal.. Capítulo 2: Pentecostalismo e Mídia: R. R. Soares e o Show da Fé Neste capítulo, abordamos as distintas concepções sobre o que seja ou represente a igreja eletrônica - as principais características deste fenômeno que se utiliza dos meios eletrônicos, especialmente da TV. Tomaremos como objeto a Igreja Internacional da Graça de Deus e a figura carismática do seu líder religioso, Missionário R.R Soares, por se tratar de uma igreja que veicula seus programas religiosos na mídia eletrônica..

(31) 31. Capítulo 3 - A Representação da Mulher no Programa Show da Fé: Uma análise de discurso. O principal objetivo do capítulo é analisar o discurso do líder religioso Missionário R.R.Soares, pastor presidente da Igreja Internacional da Graça de Deus proferido em resposta às cartas do quadro Abrindo o Coração. Este quadro, Abrindo o Coração, é apresentado no programa Show da Fé, carro chefe da emissora. A análise busca conhecer as muitas representações do feminino encontradas nestas cartas vinculadas à mídia televisiva.. Com este estudo, nosso interesse é compreender como o discurso religioso proferido pelo líder de uma igreja midiática que possui grande representação no meio evangélico é transmitido para as mulheres das igrejas, onde se encontram as marcas que o caracterizam como legítimo e de que maneira isso é feito. Por meio da Análise de Discurso (AD) buscaremos as formações discursivas que caracterizam este discurso como autoritário e patriarcal, legitimando, dessa forma, a dominação masculina..

(32) 32. CAPÍTULO I. RELIGIÃO E GÊNERO: UM OLHAR SOBRE O PENTECOSTALISMO. Neste primeiro capítulo, se faz necessária uma descrição teórico-metodológica, a fim de se entender o papel da mulher no século XXI, devido às profundas transformações que ela vem sofrendo ao longo das últimas décadas. Esta nova realidade destaca a mulher e, consequentemente, a categoria de gênero. O olhar sobre o pentecostalismo relaciona-se aos objetivos desta pesquisa que buscam estudar a representação da mulher no discurso do programa Show da Fé, da Igreja Internacional da Graça de Deus, reconhecida como parte do segmento pentecostal.. 1.1 Gênero e a questão da mulher. Primeiramente, é importante entender como, quando e por que surgiu a palavra gênero como categoria de análise. Não é difícil notar o uso da palavra em diversos títulos de livros ou artigos, mas não há uma reflexão aprofundada sobre o assunto, só pela data das publicações, já podemos notar que este estudo é recente, portanto, há muito que se discutir e se entender sobre ele. Algumas autoras são consideradas pioneiras nesta abordagem, dentre elas, vamos adotar a perspectiva de Joan Scott (1989) e Eni de Mesquita Samara (1997), pois suas explicações são didáticas e abrangentes. Falar da categoria gênero é a mesma coisa que falar de categorias de classe, raça/etnia. Para nós, falantes da Língua Portuguesa, o gênero de uma palavra nos remete imediatamente à ideia de masculino ou feminino, e como as palavras na maioria das línguas têm gênero e não “sexo” as mulheres intelectuais sentiram a necessidade de se expressar por meio de um instrumento metodológico. Buscavam, dessa forma, reforçar a ideia de que as diferenças comportamentais entre homens e mulheres não eram dependentes do sexo, como questão biológica, mas sim definidas pelo gênero, portanto, ligadas à cultura. Joan Scott é uma historiadora que reflete para além dos usos descritivos do gênero, que não interpreta nem atribui causalidade, e afirma que “gênero é apenas um conceito.

Referências

Documentos relacionados

O SCORE é constituído por duas tabelas (cada qual relativa ao sexo masculino ou feminino), subsequentemente divididas em duas outras: fumadores e não fumadores. As

A realização desta dissertação tem como principal objectivo o melhoramento de um sistema protótipo já existente utilizando para isso tecnologia de reconhecimento

Revogado pelo/a Artigo 8.º do/a Lei n.º 98/2015 - Diário da República n.º 160/2015, Série I de 2015-08-18, em vigor a partir de 2015-11-16 Alterado pelo/a Artigo 1.º do/a

As etapas que indicam o processo de produção do milho moído são: recebimento da matéria prima pela empresa, transporte manual, armazenamento, elevação mecanizada do produto,

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O presente texto, baseado em revisão da literatura, objetiva relacionar diversos estudos que enfatizam a utilização do dinamômetro Jamar para avaliar a variação da

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é um estágio profissionalizante (EP) que inclui os estágios parcelares de Medicina Interna, Cirurgia Geral,

O esforço se desdobra em ações de alcance das projeções estabelecidas pelo MEC para o índice de desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) Dentre os 10