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Projeto de musicalização Ondas Musicais: possibilidades e futuro profissional

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

LICENCIATURA EM MÚSICA

TEMOTEO RAMOS DE OLIVEIRA JÚNIOR

PROJETO DE MUSICALIZAÇÃO ONDAS MUSICAIS: possibilidades

e futuro profissional

NATAL/RN

2019

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PROJETO DE MUSICALIZAÇÃO ONDAS MUSICAIS: possibilidades

e futuro profissional

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, realizado na área de Educação Musical, como requisito para obtenção do título de licenciado em Música.

Orientadora: Prof.ª Ms. Camila Larissa Firmino de Luna

NATAL/RN

2019

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PROJETO DE MUSICALIZAÇÃO ONDAS MUSICAIS: possibilidades

e futuro profissional

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, realizado na área de Educação Musical, como requisito para obtenção do título de licenciado em Música.

Aprovado em: / /

BANCA EXAMINADORA

PROF.ª MS. CAMILA LARISSA FIRMINO DE LUNA PREFEITURA MUNICIPAL DE NÍSIA FLORESTA

ORIENTADORA

PROF.ª ESP. ÂNGELA MARIA BEZERRA DO NASCIMENTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

MEMBRO DA BANCA

PROF.ª DR. VALÉRIA LÁZARO DE CARVALHO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

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Antes de tudo, agradeço ao meu bondoso Deus, o autor e consumador da minha fé, que com o seu amor infinito, mesmo não sendo merecedor, me sustenta quando os problemas me abatem, me guia quando me sinto perdido e sem rumo, me fortalece quando me sinto fraco, me guarda quando o perigo me cerca. A Ele toda gratidão, honra e glória para sempre.

Agradeço à minha querida e mui amada esposa Carminha, que tem me apoiado nesta empreitada, promovendo um ambiente saudável e propício para a realização deste curso, compreendendo as minhas ausências quando se faziam necessárias, e me animando quando o desânimo me assolava. Aos meus filhos, Tiago e Mateus, que sempre acreditaram e me incentivaram na realização deste curso acadêmico. A eles, o meu manifesto de gratidão.

Àqueles que foram os grandes responsáveis pela minha educação e formação, buscaram me ensinar valores e princípios morais e éticos, cuidando para que não me desviasse de seus ensinamentos, não mediram esforços em promover condições favoráveis à minha formação musical, quando, ainda pequeno, perceberam em mim, o dom da música. Aos meus pais queridos, Temoteo e Ada, a minha eterna gratidão.

Ao corpo docente do Projeto de Musicalização Ondas Musicais, na pessoa do seu coordenador, José Romero Gomes Rodrigues, pela forma cordial em ter me recebido no Projeto, dando-me apoio e importantes informações para a elaboração deste trabalho, assim como, aos alunos que me acolheram e facilitaram a coleta de dados para análise. A todos do Projeto, a minha gratidão.

Agradeço a todos os professores da Escola de Música da UFRN que, de forma direta e indireta, contribuíram na minha formação acadêmica, em especial às professoras, Valéria e Ângela, que ao receber o convite, aceitaram fazer parte como membros da banca examinadora deste trabalho. Senti-me honrado com as vossas presenças.

A professora Camila, que, prontamente, se dispôs a ser a minha orientadora, dedicando do seu tempo em orientações precisas e compartilhando informações acadêmicas. Soube conduzir a orientação com muita maestria, estabelecendo metas a serem cumpridas que facilitaram na construção deste trabalho. O meu muito obrigado.

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A educação não formal tem sido objeto de estudo em diversos trabalhos acadêmicos, pelo fato de apresentar-se, cada vez mais, como um contexto relevante para a sociedade, tendo em vista que, nesses espaços, a ideia é capacitar os indivíduos a tornarem-se cidadãos, criando oportunidades de conhecimento sobre o mundo e as relações sociais. Os projetos sociais fazem parte desse contexto, sendo a música uma forte aliada para o desenvolvimento desse tipo de trabalho, pois tem um papel importante para a socialização dos indivíduos e a formação humana. Como consequência do processo, pode-se considerar o fazer musical como possibilidade de uma futura escolha profissional por parte dos jovens e adultos que usufruem da educação musical nesses projetos. A partir desta reflexão, houve a motivação de investigar o tema a partir do Projeto de Musicalização Ondas Musicais, desenvolvido pela Marinha e subordinado ao 3º DN (Terceiro Distrito Naval). O objetivo dessa pesquisa é compreender a influência do Projeto sobre as concepções dos alunos com idade entre 16 e 23 anos acerca das futuras escolhas profissionais. A investigação caracterizou-se como um estudo de caso, no qual a coleta de dados se deu incialmente através da aplicação de questionários, e a partir dele, foi possível selecionar três alunos para contribuírem com o aprofundamento da investigação por meio de respostas às entrevistas semiestruturadas. Como resultado da coleta de dados, concluiu-se que o Projeto tem apresentado novas possibilidades aos seus alunos, influenciando, de fato, suas concepções em relação ao futuro profissional. Palavras chaves: Contexto não formal; Projeto social; Profissionalização em música.

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because it is more and more presented as a significant context for society, considering that in these spaces the concept is to qualify individuals to become citizens, creating spaces to develop knowledge about the world and social relations. Social projects are part of this context, and music is a substantial ally for the progress of this kind of work, due to the important role for the socialization of individuals and human formation. As an aftermath of the process, we can consider music making as a possible professional choice by young people and adults who experience music education in these projects. From this consideration, we had the motivation to investigate the theme starting with the Musical Waves Musicalization Project, developed by the Brazilian Navy and subordinated to the 3rd DN (Third Naval District). The objective of this research is to understand the influence of the Project on the perception of students aged 16 to 23 years old apropos their future career choices. The research was characterized as a case study, whose data collection was initially done the application of surveys, and from this, it was possible to select three students to contribute to expand the investigation through responses to semi-structured interviews. As a result, we realized that the Project has presented new possibilities to its students, influencing, in fact, their notions in relation to the professional future.

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Figura 1 – Fachada da antiga instalação do Pró-Música (Sede da Associação de

Veteranos do CFN) ... 25

Figura 2 – Ensaio/aula da Banda, na antiga instalação do Pró-Música ... 25

Figura 3 – Ensaio/Aula com a Orquestra ... 26

Figura 4 – Ensaio/Aula com a Orquestra ... 27

Figura 5 – Participação da Banda Ondas Musicais no desfile cívico em Ceará Mirim ... 29

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Quadro 1 – Atividade Semanal do Projeto de Musicalização Ondas Musicais ... 27 Quadro 2 – Perfil dos participantes ... 31 Quadro 3 – Experiências musicais e a vivência dos alunos no Projeto Ondas

Musicais. ... 31 Quadro 4 – Influência recebida e dedicação do aluno ao seu instrumento musical . 34 Quadro 5 – Interesse na profissionalização dentro do contexto musical ... 35

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BNN Base Naval de Natal

CFN Corpo de Fuzileiros Navais

CIASC Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo EMUFRN Escola de Música da UFRN

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte GptFNNa Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal SO-FN-MU Suboficial Fuzileiro Naval Músico

1ºSG-FN-MU Primeiro Sargento Fuzileiro Naval Músico 3ºSG-FN-MU Terceiro Sargento Fuzileiro Naval Músico

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01 INTRODUÇÃO ... 11

02 A CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA NOS PROJETOS SOCIAIS ... 15

2.1 O contexto não formal e os projetos sociais ... 15

2.2 O papel da música nos projetos sociais ... 17

03 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 21

3.1 Aplicação de questionário ... 21

3.2 Entrevista semiestruturada ... 22

3.3 Análise dos dados ... 23

04 DAS AULAS DE MÚSICA EM UM PROJETO SOCIAL À PROFISSIONALIZAÇÃO ... 24

4.1 O Projeto ... 24

4.2 Traçando os perfis, interesses e concepções dos alunos ... 30

4.3 Conhecendo as experiências individuais ... 37

4.3.1 Aluno 01 ... 37 4.3.2 Aluno 02 ... 39 4.3.3 Aluna 03 ... 41 05 ANÁLISE DE DADOS ... 43 06 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 48 BIBLIOGRAFIA ... 50

APÊNDICE 01 – Modelo de questionário aplicado ... 52

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INTRODUÇÃO

É muito comum identificar músicos profissionais atuantes em diferentes áreas da música, que tiveram suas experiências iniciais a partir da educação musical oferecida em instituições do Terceiro Setor. Considero que a minha história musical é um desses casos. As narrativas das experiências de vida contribuem para dar sentido àquilo que vivemos, o que somos e o que pensamos, podendo ser utilizado como ilustração, para justificar a elaboração de um trabalho exploratório (JOSSO, 2004). Diante disto, venho a discorrer sobre a minha própria experiência, no que diz respeito à formação musical, e como isso influenciou na construção deste trabalho.

Em Santo Aleixo (distrito de Magé, Rio de Janeiro), aos treze anos de idade, tive a minha primeira experiência musical. Na igreja em que eu frequentava (Assembleia de Deus), havia uma banda de música e um projeto de musicalização destinado aos membros da referida instituição. Sendo influenciado por amigos e querendo fazer parte da banda de música, iniciei os meus estudos naquele projeto, primeiramente com a teoria musical e, posteriormente, com a prática instrumental. Todo esse processo, desde o início das aulas até o contato com o instrumento musical, levou cerca de um ano.

Foram muitos os obstáculos superados para ingressar na banda de música, tais como: instrumento musical oferecido muito arcaico (uma clarineta de 13 chaves), sem recursos e com vazamentos que eram minimizados com o auxílio de elásticos; a falta de professor especializado no instrumento para orientar quanto ao uso correto – orientação que evitaria ações indevidas que prejudicam a performance –, além da dificuldade de acesso ao material didático.

Finalmente, consegui fazer parte da banda de música, mas os avanços na prática instrumental ocorriam de forma muito lenta, devido aos problemas já mencionados. Três anos mais tarde, quando nos mudamos para o bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro, fiz parte da banda de música de uma igreja com uma estrutura melhor, onde recebi uma clarineta nova (de 17 chaves), e pude conviver com músicos clarinetistas experientes, que contribuíram para o meu crescimento musical e evolução técnico-instrumental.

Poucos anos depois, fui aprovado em um concurso realizado para a formação de sargento músico da Marinha do Brasil. Nesse ambiente militar, na

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Escola de Música do Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC) e, posteriormente, na banda de música do Corpo de Fuzileiros Navais, foi possível notar que grande parte dos músicos – pode-se considerar que mais da metade – eram oriundos de projetos de musicalização de igrejas, orfanatos e outras instituições com projetos de cunho social.

Posteriormente, em outra igreja, no ano de 2003, recebi um convite do pastor para criar um projeto de musicalização, destinado aos membros daquela igreja. Iniciamos o projeto com um número de 26 alunos (a maioria formada por crianças), e com o passar dos anos, o projeto cresceu em número de discentes e professores voluntários. Hoje, com a influência do projeto, muitos alunos se tornaram músicos atuantes na orquestra da igreja, foram aprovados em concursos para músicos em bandas militares, como também, na Orquestra Sinfônica de São Paulo, e alguns se tornaram professores que atuam no mesmo projeto ou em outros.

Em 2009, por necessidade de serviço, fui transferido para Natal/RN, onde passei a atuar na Banda de Música do Corpo de Fuzileiros Navais, sediado no Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal (GptFNNa). Nas trocas de experiências com os componentes da banda, percebi o quanto os projetos sociais de musicalização espalhados nas instituições do Terceiro Setor, contribuíram e contribuem para a vida profissional e social dos que fizeram e fazem parte dessas instituições, assim como no outro contexto no qual eu estava inserido anteriormente.

Em 2016, enquanto eu cursava a disciplina “Estágio Supervisionado II”, no Curso de Licenciatura em Música da UFRN, escolhi o Projeto de Musicalização Ondas Musicais (Pró-Música) para a realização do estágio, devido à relação profissional que já tinha com os responsáveis envolvidos no referido projeto, o qual foi criado através das Voluntárias Cisne Branco e que atualmente é subordinado ao 3º DN (Terceiro Distrito Naval). A partir dessa experiência, pude observar um crescente aperfeiçoamento, em face do ensino-aprendizagem e da vivência musical nesse contexto não formal, além da contribuição da música na transformação social dos alunos que nele participam.

Sendo assim, neste trabalho decidi estender os estudos sobre o referido Projeto, mesmo tendo o conhecimento de que já foram realizados dois trabalhos de conclusão de curso discorrendo sobre a temática e o processo pedagógico-musical desenvolvido Pró-Música Ondas Musicais. O trabalho de Santos (2017) aborda a importância do ensino de música para a formação integral dos alunos da orquestra,

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e a relevância da prática musical no âmbito de programas ou projetos sociais, já o trabalho de Silvio (2018), apresenta o projeto como forma de socialização dos integrantes, bem como analisa a pedagogia aplicada nas aulas e ensaios.

Mesmo com esse material científico produzido, mantive o interesse no tema, tendo em vista a vivência como estagiário em 2016, a atual atuação no projeto como monitor na prática instrumental do clarinete, a experiência já relatada em projetos sociais de musicalização, a influência destes na escolha da música como profissão, e os relatos de colegas de trabalho sobre o fato de serem oriundos de projetos. Porém, a ideia foi direcionar a pesquisa para um enfoque específico.

A partir da observação do cotidiano pedagógico e através de conversas informais, foi possível detectar um interesse latente dos alunos desse projeto referente à escolha da música como profissão. Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa é compreender a influência do Projeto de Musicalização Ondas Musicais sobre as concepções dos alunos com idade entre 16 e 23 anos acerca das futuras escolhas profissionais, tendo como objetivos específicos discutir acerca da importância do ensino da música através de projetos sociais, coletar relatos de experiências de alguns componentes da orquestra com relação ao projeto, identificar interesses futuros a partir da atual experiência musical e suas perspectivas para a carreira profissional.

A pesquisa se configura como um estudo de caso, com abordagem qualitativa, tendo a aplicação de questionários e as entrevistas semiestruturadas como recursos metodológicos.

O trabalho estrutura-se em 06 capítulos, sendo o primeiro constituído desta Introdução. O segundo capítulo discorre acerca da educação nos contextos não formais, apresentando uma pequena amostra do cenário nacional e discutindo o papel da música exercido em projetos sociais, expondo e dialogando com ideias de autores como: Gohn (2006, 2009), Almeida (2005), Stephanou (2003), Vieira (2005), Caetano (2012), Strapazzon (2017), Monteiro (2016), Santos (2007) e Severo (2015).

No terceiro capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa, justificando os caminhos e as escolhas das ferramentas de coleta de dados. O quarto capítulo aborda o contexto do Projeto de Musicalização Ondas Musicais, apresentando dados acerca de sua estrutura, objetivos, corpo docente e quadro de atividade semanal, além de abordar sobre o perfil dos alunos

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participantes do Projeto e algumas experiências individuais – informações essas coletadas por meio do questionário e da entrevista semiestruturada.

O quinto capítulo leva à análise dos dados colhidos, considerando o diálogo com os autores já realizado e todo o cenário investigado. E, concluindo, o último capítulo expõe as considerações finais, descrevendo a importância do Projeto de Musicalização Ondas Musicais quanto à formação musical dos discentes e a construção de possibilidades profissionais.

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02 A CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA NOS PROJETOS SOCIAIS

2.1 O contexto não formal e os projetos sociais

O contexto não formal é caracterizado como um espaço onde ocorrem atividades educacionais em um ambiente externo à escola, caracterizando-se como espaços educativos onde há troca de informações e compartilhamento de experiências. Segundo Gohn (2009),

As práticas da educação não-formal se desenvolvem usualmente extramuros escolares, nas organizações sociais, nos movimentos, nos programas de formação sobre direitos humanos, cidadania, práticas identitárias, lutas contra desigualdades e exclusões sociais (GOHN, 2009, p. 28).

Pode-se considerar que a educação não formal é caracterizada por ter a intenção de que seus alunos estejam dentro da ação: participar, aprender, transmitir e ao mesmo tempo, trocar conhecimento. A ideia é capacitar os indivíduos a tornarem-se cidadãos, ou seja, criar oportunidades de conhecimento sobre o mundo e as relações sociais, construídos através da interação no processo educativo.

[...] Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os interesses e as necessidades que dele participa. A construção de relações sociais baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A transmissão de informação e formação política e sociocultural é uma meta na educação não formal. Ela prepara os cidadãos, educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc. (GOHN, 2006, p. 29-30).

A educação não formal não é organizada por séries, idades ou conteúdos, sendo desenvolvida de acordo com os aspectos subjetivos do grupo, podendo desta forma identificar os interesses comuns, tendo em vista o processo de construção da cidadania dos alunos. Entretanto, cada grupo tem sua forma de organização, devido às suas características específicas e particulares, e não possui obrigatoriedade de regras educacionais, como atividades avaliativas, assiduidade e outros, mas considera regras éticas relativas à conduta social (GOHN, 2006). De acordo com Simsom (2001), na “educação não-formal ou não-escolar, a decisão de aprender é

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voluntária. Não há uma obrigatoriedade de permanência e de freqüência” (SIMSOM et al., 2001, p. 62 apud ALMEIDA, 2005, p. 52). Segundo Gohn (2009),

A educação não-formal designa um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica, etc. (GOHN, 2009, p. 31).

No âmbito do contexto não formal, vale salientar a existência dos projetos sociais, que se constituem como ideias voltadas para a comunidade de um determinado local, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento da sociedade, proporcionando oportunidades de estudo, cursos e novas experiências. Segundo Stephanou (2003),os projetos sociais são “ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada problemática” (STEPHANOU, 2003, p. 11).

Compreende-se então que tais projetos são programas realizados com o intuito de resgatar o sentimento de valorização do indivíduo, ou seja, criar condições melhores para o seu desenvolvimento, tendo a oportunidade de serem reconhecidos como iguais, como seres humanos, dentro de suas diferenças sociais, raciais, étnicas, religiosas e outros, tendo como base a educação não formal (STEPHANOU, 2003). A partir disso, pode-se ressaltar que os projetos sociais contribuem para o desenvolvimento sadio da sociedade, facilitando a inclusão social e a socialização, concomitantemente com o aprendizado educacional.

Os atuais projetos sociais pertencentes ao cenário brasileiro atuam em diferentes âmbitos e atendem públicos variados, de acordo com a demanda detectada pelos seus organizadores. No site “Observatório do Terceiro Setor”1, é possível encontrar disponível ao público uma lista contendo alguns projetos sociais que se destacam no cenário nacional. Essa lista foi publicada no dia 19 de março de 2019, e organiza-se em 15 diferentes causas sociais, as quais podemos aqui

1

Disponível em: <https://observatorio3setor.org.br/carrossel/lista-conheca-projetos-sociais-de-15-causas-diferentes/>. Acesso em: 22 de outubro de 2019.

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chama-las de categorias, tais como: 1. Combate ao abuso infantil e apoio as vítimas; 2. Educação de crianças e jovens; 3. Crianças desaparecidas; 4. Apoio a mulheres vítimas de violência; 5. Empoderamento feminino; 6. Combate à desigualdade racial; 7. Apoio a pessoas em situação de rua; 8. Combate à pobreza; 9. Inclusão de refugiados; 10. Inclusão de pessoas com deficiência; 11. Apoio a dependentes químicos; 12. Acolhimento e melhora da qualidade de vida de idosos; 13. Defesa dos direitos indígenas; 14. Preservação do meio ambiente e; 15. Ajuda a animais abandonados.

Embora o Pró-Música Ondas Musicais não atenda a um público que se encontra inserido à margem da sociedade, ou em uma condição social precária, ele se encaixa facilmente na categoria 02, pois oferece educação no âmbito musical. Nesse sentido, Silva (2018) destaca que nem sempre os projetos sociais estão localizados em periferias e tem como público-alvo pessoas de baixa renda. Mas que, na verdade, independente da classe social alcançada, buscam proporcionar integração e possibilidades de futuro a pessoas que fazem parte do seu contexto. 2.2 O papel da música nos projetos sociais

A Arte em geral pode ser considerada como uma ferramenta em potencial para a formação humana, tendo em vista que, desde os primórdios, ela é utilizada como forma de expressão, interação e comunicação. Segundo Vieira (2005),

Contemporaneamente a arte é caracterizada como um conhecimento construído culturalmente que propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, constituindo-se assim, num modo particular de pensar e dar sentido à experiência humana. Nesse sentido, ao mesmo tempo que é fruto de construção cultural objetiva-se como expressão pessoal (VIEIRA, 2005, p. 66).

A música, especificamente, é uma linguagem artística que está presente desde o início da vida. Já no período de gestação do ser humano, o sentido musical se faz presente acompanhando todo o processo de desenvolvimento do feto, por este estar imerso em um ambiente sonoro. As batidas do coração, os sons abdominais produzidos pelo movimento do intestino, a voz e a respiração da mãe fazem parte desse universo intrauterino. Nesse sentido, Caetano (2012) entende que

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No útero materno a criança tem sensibilidade ao ambiente sonoro e responde a esses sons com movimentos corporais. Inicia-se, aí, de forma intuitiva, seu processo de musicalização. Suas possibilidades de exploração dos sons e movimentos aumentam com seu nascimento (CAETANO, 2012 p. 74).

A partir do nascimento, o ser humano passa a identificar a origem sonora, dando significado ao som e passando a reconhecer o mundo que o cerca. Além disso, a percepção sonora aumenta através do conhecimento e reconhecimento de timbres diversos, como a voz da mãe, por exemplo. Surge então o interesse, a atenção e a motivação através da escuta, buscando selecionar, dentro desse mundo sonoro, o que se quer realmente escutar e não só ouvir (STRAPAZZON, et al, 2017). Segundo Granja (2006, p. 65) o

[...] ouvir é captar fisicamente a presença do som. [...] Escutar, por outro lado, seria dar significado ao que se ouve. [...] A escuta é o sentido da convivência e da significação. Ela nos permite ter acesso à palavra falada e, com isso, ao mundo das outras pessoas e do conhecimento. A escuta é a instância fundamental tanto na linguagem verbal como na musical (GRANJA, 2006 apud STRAPAZZON, et al, 2017 p. 22).

Nesse sentido, a música possibilita o desenvolvimento do ser humano de diversas formas, estimulando a mente, proporcionando o desenvolvimento da memória e até mesmo recriando pensamentos, influenciando seus valores e concepções. Segundo Gohn (2009), “a música tem sido, por suas características de ser uma linguagem universal e de atrair a atenção de todas as faixas etárias, o grande espaço de desenvolvimento da educação não-formal” (GOHN, 2003 apud GOHN, 2009, p. 31). É importante destacar também que, para desenvolver o estudo da música, faz-se necessária a concentração. Essa concentração pode ser aplicada e aprimorada em outros aspectos da vida social do indivíduo, contribuindo também para a sua disciplina.

[...] é possível analisar contribuições da música para com o indivíduo e sociedade evidenciando aspectos que vão além da diversidade cultural. Pode-se também expor a necessidade de profissionais capacitados, reflexivos e auto avaliativos acerca da sua própria prática para que consigam atingir uma boa dimensão no processo de formação do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento do pensamento crítico (MONTEIRO, 2016, p. 19).

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Compreende-se que a música tem um papel importante para a socialização dos indivíduos e a formação humana, pois proporciona o desenvolvimento de sentidos e valores, e a inclusão social em grupos através do fazer musical. Desta forma, a música também pode ser desenvolvida no contexto dos projetos sociais, buscando criar oportunidades de arte e cultura para os alunos, e até mesmo, tornar-se uma opção para suprimir a ociosidade dos menores e evitar a inclusão destes em situações de risco ou criminalidade, tendo em vista que

Os projetos atuam junto às comunidades como agente propiciador do desenvolvimento individual e sociocultural, fazendo assim, parte do processo de educação integral do homem e, possibilitando a conquista da cidadania desses indivíduos, como pessoas críticas e participativas inseridas na sociedade (SANTOS, 2007, p. 2).

Considera-se que a música é uma ferramenta para o desenvolvimento educacional do indivíduo, pois através dessa linguagem é possível desenvolver habilidades, uma rotina de estudo e dedicação, além da sensação de pertencimento a um grupo no contexto da prática musical em conjunto, por exemplo. Um projeto social pode ser considerado como um espaço relevante para a realização do ensino da música, desde os conhecimentos básicos iniciais, até a profissionalização do indivíduo. De acordo com Santos (2007),

Os projetos sociais em música, quando desenvolvidos de forma contextualizada com a realidade social de seu público, podem ser considerados como um importante veículo educativo-musical, visto que tem alcançado significativos resultados musicais e socioculturais junto às comunidades e indivíduos que deles participam (SANTOS, 2007, p. 5).

Como consequência da presença da educação musical nos projetos sociais, é importante considerar a influência musical numa possível futura escolha profissional. Nesse sentido, Severo (2015) relata que

[...] a música é uma possibilidade de atuação nesse contexto que vem sendo praticada. Essa prática ao longo dos anos vem ganhando espaço na nossa sociedade, causando impacto positivo e interagindo diretamente com ela, contribuindo para a formação cultural e até mesmo profissional de crianças e jovens e adultos de baixa renda ou em situação de risco social (SEVERO, 2015 p.14).

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A possibilidade de continuidade na área da música como profissional por parte dos alunos pertencentes a um projeto social, foi o tópico motivador desta investigação, a qual será descrita e aprofundada a seguir.

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03 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa possui um caráter exploratório, caracterizando-se como um estudo de caso que buscou investigar o funcionamento e os desdobramentos ligados ao Projeto de Musicalização Ondas Musicais. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados questionários e entrevistas semiestruturadas, os quais justificam-se por colaborar no alcance do objetivo deste trabalho, ajudando a mensurar a importância da educação musical no aspecto individual de cada aluno, analisando do singular para a coletividade. De acordo com Fonseca (2002),

Um estudo de caso pode ser caracterizado de acordo como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o seu “como” e os seus “porquês”, [...] sobre uma situação específica que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir a que há nela de mais essencial e característico. [...] O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto, mas revelá-lo tal como ele o percebe. [...] O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador (FONSECA, 2002, p. 33-34).

O estudo de caso permite um conhecimento detalhado sobre o objeto estudado, e proporciona o entendimento de aspectos específicos, no qual o autor terá a responsabilidade de apresentá-lo, de acordo com a interpretação sobre os dados coletados, baseando-se nas ideias dos autores abordados em sua fundamentação teórica. A leitura bibliográfica, nesse caso, é utilizada como base para a estruturação do trabalho, fundamentando a investigação.

A pesquisa foi realizada no projeto social denominado Projeto de Musicalização Ondas Musicais, com a sede localizada na Base Naval de Natal (BNN), no bairro do Alecrim.

3.1 Aplicação de questionário

Com a finalidade de coletar dados de um maior número de componentes do projeto de forma simultânea, e obter respostas mais rápidas e precisas, foram aplicados questionários formulados previamente, para ajudar na identificação do

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perfil do público-alvo. O questionário é, segundo Lakatos (2010), “um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito [...]” (Lakatos, 2010 p. 184).

A aplicação do questionário foi um dos métodos escolhidos, pois propiciou o fornecimento de dados em uma perspectiva tanto quantitativa, quanto qualitativa, como quantos alunos já possuíam conhecimento musical, ou se já tinham estudado música antes de fazer parte do projeto, por exemplo. O provimento desses dados permitiu a compreensão de alguns pontos ligados ao tema estudado, como a realidade dos discentes, o porquê de terem escolhido estudar música, e quais suas pretensões acerca do futuro profissional.

Os questionários foram aplicados aos integrantes do projeto na faixa etária de 16 a 23 anos de idade, totalizando 17questionários respondidos. Foram entregues impressos aos participantes no dia 02 e 03de outubro de 2019 (Apêndice 01), e consistiu em 14 (quatorze) questões, sendo 10 (dez) perguntas de múltipla escolha e 04 (quatro) perguntas subjetivas, ou seja, para posicionamento aberto. 3.2 Entrevista semiestruturada

Segundo Lakatos (2010), “a entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema”. Tendo como base algumas perguntas preestabelecidas que norteiam a entrevista, deixando o aluno livre para responder subjetivamente, de forma a transparecer seus reais sentimentos e concepções ideológicas. De acordo com Lakatos (2010),

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (LAKATOS, 2010 p. 178).

Para a primeira etapa da coleta de informações, a qual consistiu na aplicação do questionário, foram identificados 17 alunos dentro da faixa etária pré-definida (16 – 23 anos). A partir da análise dos dados dessa etapa inicial, foram selecionados apenas 03 para serem entrevistados de forma individual, consistindo na segunda etapa de coleta de dados. Os critérios adotados na escolha dos três discentes foram: terem sido os pioneiros no Projeto, terem manifestado interesse em

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seguir uma carreira profissional como músicos, e terem realizado, ao menos, um processo seletivo na área da música (civil ou militar), com intuito de se efetivarem no campo de trabalho como músicos profissionais.

As entrevistas foram realizadas com o objetivo de ampliar a compreensão das informações obtidas através dos questionários, e aprofundar-se nas concepções desses alunos em relação à futura profissionalização no âmbito musical (ver Apêndice 02). As entrevistas foram realizadas nos dias 10 e 17 de outubro de 2019, na sede do Projeto, com os integrantes da Orquestra Ondas Musicais, e foram registradas em áudio. O motivo pelo qual as entrevistas foram realizadas em dias diferentes, foi a ausência de um dos alunos no dia programado inicialmente, o que levou a realização da entrevista, desse aluno especificamente, em uma nova data.

3.3 Análise dos dados

Apesar de analisar parte dos dados coletados através do questionário de forma quantitativa, a abordagem qualitativa se sobrepôs nessa investigação, devido à interpretação pessoal sobre o material coletado, levando em consideração os autores estudados – principalmente quanto às concepções sobre a importância dos projetos sociais e da música como possibilidade profissional –, o contexto do Projeto de Musicalização Ondas Musicais, as respostas do grande grupo investigado inicialmente, e os interesses e objetivos futuros dos três participantes entrevistados.

A intenção foi visualizar o cenário que tem sido construído no projeto em relação às possibilidades profissionais, as quais os alunos participantes tem enxergado a partir da experiência musical vivida nas aulas e ensaios em grupo. A partir da articulação dos dados, foi possível perceber a importância do projeto para os seus participantes.

(25)

04 DAS AULAS DE MÚSICA EM UM PROJETO SOCIAL À

PROFISSIONALIZAÇÃO

4.1 O Projeto

O Projeto de Musicalização Ondas Musicais é destinado aos dependentes de militares e de servidores civis da Marinha do Brasil, ativos ou inativos, residentes em Natal/RN, e procura oferecer formação musical para crianças, adolescentes e jovens, na faixa etária entre 07 e 24 anos de idade, que sejam alfabetizados e tenham noções de matemática essenciais à aprendizagem da teoria musical. Tem como finalidade oportunizar a aprendizagem da música, ampliando o conhecimento cultural dos discentes através de aulas teóricas e práticas, e ainda, integrar social e culturalmente os membros, e desenvolver competências intelectuais, despertando o interesse pela profissionalização musical. De acordo com Santos (2007),

Os indivíduos enquanto seres sociais e diferenciados entre si, necessitam de uma educação que contemple essa pluralidade sociocultural, e isso nos leva a perceber a importância de aproximar o discurso sobre a valorização e respeito aos múltiplos contextos e saberes musicais, da prática em sala de aula, tornando-a ampla, significativa e efetiva (SANTOS, 2007, p. 02).

O Pró-Música foi criado no dia 10 de julho de 2015, através da iniciativa das Voluntárias “Cisne Branco” (VCB) - Seccional Natal, e tem como instrutor e coordenador o Suboficial Fuzileiro Naval Músico (SO-FN-MU) José Romero Gomes Rodrigues que, no ano da criação do Projeto, estava na ativa, fazendo parte da Banda de Música do Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal (GptFNNa). Hoje, encontra-se como militar da reserva, e tem a sua dedicação integral ao Projeto.

Inicialmente, de forma provisória, o Projeto utilizava as instalações e desenvolvia suas atividades de ensino e ensaios na sede da Associação dos Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais, seccional Natal-RN, localizada no bairro do Alecrim. Essas instalações não eram adequadas para o exercício das atividades do Projeto que, com menos de um ano de existência, já possuía uma banda de música realizando apresentações em diversos lugares.

(26)

Figura 1 – Fachada da antiga instalação do Pró-Música (Sede da Associação de Veteranos do CFN)

Fonte: Arquivo fotográfico do Projeto de Musicalização Ondas Musicais.

Figura 2 – Ensaio/aula da Banda, na antiga instalação do Pró-Música

Fonte: Arquivo fotográfico do Projeto de Musicalização Ondas Musicais.

Hoje, com sua sede localizada na Base Naval de Natal (BNN), no bairro do Alecrim, o Projeto dispõe de instalações próprias e adequadas para o exercício de suas atividades, contendo: um auditório – com tratamento acústico, ar condicionado e boa iluminação –, um estúdio de gravação, e duas salas que são utilizadas para

(27)

aulas teóricas e práticas. Com relação a isso, o maestro, coordenador do Projeto, declarou o seguinte2:

Na nossa instalação anterior [...], era um galpão, não tinha ar condicionado, não tinha... Não tinha nada. Não era um ambiente propício pra eles. Então, o fato da gente vir pra cá... Uma sede com tratamento acústico, com ar condicionado, ou seja, um ambiente próprio pra eles, eu acho que a autoestima deles mexeu muito. Eles ficam mais estimulados, mais prestigiados, mais valorizados, e veio, realmente, contribuir com a condição de trabalho que o ambiente oferece (RODRIGUES, 2019).

O maestro ainda ressaltou a qualidade que o novo espaço propiciou aos ensaios, até mesmo desenvolvendo a qualidade na prática instrumental coletiva, pelo fato da acústica proporcionar uma melhor análise do som produzido.

[..] uma qualidade de ensaio melhor, a gente tem condições de trabalhar melhor as músicas. O som que a orquestra tira devido ao tratamento acústico que lá no antigo não tinha. [...] A gente não tinha condição de fazer e trabalhar. Aqui, realmente, todo mundo se escuta [...] eu acho muito interessante é a percepção deles, o desenvolvimento dessa percepção, ou seja, hoje em dia a gente escuta uma banda, uma orquestra e tem condições de dizer é assim, é assado, poderia ser assim, né? Eu acho muito interessante nisso que eu já tenho condições de observar que tem algo ali certo, como, também, tem algo errado (RODRIGUES, 2019).

Figura 3 – Ensaio/Aula com a Orquestra3

Fonte: Arquivo fotográfico do Projeto de Musicalização Ondas Musicais.

2

Informações coletadas em conversa informal com o maestro e coordenador do Projeto.

3

(28)

Figura 4 – Ensaio/Aula com a Orquestra4

Fonte: Arquivo fotográfico do Projeto de Musicalização Ondas Musicais.

O funcionamento do Projeto ocorre em dias úteis, de segunda a sexta, no turno vespertino, realizando a oferta de aulas específicas para cada instrumento, além de ensaios coletivos por naipe, e ensaios gerais da banda e orquestra, ministrados semanalmente. Atualmente, o corpo docente é composto por cinco instrutores/monitores, são eles: SO-FN-MU (RM1) Romero (Instrutor de Metais e coordenador do Projeto), 1ºSG-FN-MU A. Barros (Instrutor de Palhetas), 3ºSG-FN-MU Rayne (Instrutor de Percussão), Prof.º Fábio (Instrutor de Flauta/Flautim e Violoncelo/Contrabaixo) e Prof.º Hiago (Instrutor de Violino/Viola). O Quadro 01, mostra como são distribuídas as atividades de ensaio e aulas durante a semana.

Quadro 1 – Atividade Semanal do Projeto de Musicalização Ondas Musicais Segunda-feira

Horário Atividade

14h00-15h45 Aquecimento/Afinação/Ensaio

da Orquestra Aula de violino e Viola para iniciantes

15h45-16h00 Intervalo Intervalo

16h00-17h00 Ensaio da Orquestra Aula de violino e Viola para iniciantes

4

(29)

17h15-19h00 Aula de Regência para Monitores Terça-feira Horário Atividade 14h00-15h45 Aquecimento/Afinação/Ensaio da Banda Aula de Flauta/Flautim Aula de Percussão/Bateria 15h45-16h00 Intervalo Intervalo

16h00-17h00 Ensaio da Banda Aula de Flauta/Flautim

Aula de Percussão/Bateria

17h00-18h00 Aula de Trompete/Trombone (para iniciantes)

Quarta-feira Horário Atividade

14h00-15h45 Aquecimento/Afinação/Ensaio da Orquestra

Aula de violino e Viola Aula de Clarinete (para iniciantes)

15h45-16h00 Intervalo Intervalo

16h00-17h00 Ensaio da Orquestra Aula de violino e Viola

17h15-19h00 Aula de Regência para Monitores

Quinta-feira Horário Atividade

14h00-15h45 Aquecimento/Afinação/Ensaio de Cordas da Orquestra

Aula de Violoncelo e Contrabaixo Aula teórica para os candidatos a

concurso

15h45-16h00 Intervalo Intervalo

16h00-17h00 Ensaio de Cordas da Orquestra

Aula de Violoncelo e Contrabaixo Aula teórica para os candidatos a

concurso Sexta-feira

Horário Atividade

(30)

15h45-16h00 Intervalo

16h00-17h00 Ensaio/Aula com os iniciantes (todos os naipes) Fonte: Coordenador e maestro Romero.

O Pró-Musica atualmente é administrado pelo Abrigo do Marinheiro5, que é subordinada à Marinha do Brasil, e está em funcionamento há 04 (quatro) anos. Inicialmente, era denominado como Banda, e posteriormente foi agregado instrumentos de corda, caracterizando a transição para Orquestra. O projeto iniciou com uma perspectiva, mas com o passar do tempo e a adequação dos alunos, foi necessária a mudança e ampliação das ofertas dos naipes. As apresentações, geralmente, ocorrem na formação de Orquestra; entretanto, em alguns compromissos, como desfiles cívicos, torna-se à formação inicial de Banda, dispensando o naipe das cordas.

Figura 5 – Participação da Banda Ondas Musicais no desfile cívico em Ceará Mirim

Fonte: Arquivo fotográfico do Projeto de Musicalização Ondas Musicais.

Durante os quatro anos de existência, o Projeto realiza apresentações em diversos locais, contemplando todo o Rio Grande do Norte, realizando participações em eventos municipais, simpósios e programações artísticas.

5

(31)

Todas as quintas-feiras também são oferecidas aulas de teoria musical específicas para os alunos que querem participar de concursos na área da música, com intuito de galgarem um espaço no mercado de trabalho como músicos profissionais. Essas aulas são estruturadas de acordo com os editais dos concursos. 4.2 Traçando os perfis, interesses e concepções dos alunos

Os dados coletados através dos questionários são de suma importância para a compreensão inicial acerca dos perfis, interesses e concepções dos alunos que fazem parte do Pró-Música e estão dentro da faixa etária entre 16 e 23 anos6. A partir desses dados, foi possível visualizar previamente os resultados que o projeto tem produzido, e detectar os participantes que poderiam colaborar de forma mais aprofundada na etapa das entrevistas.

O questionário foi aplicado nos dias 02 e 03 de outubro de 2019, no auditório da sede do Projeto, em um intervalo do ensaio da orquestra e em um intervalo do ensaio das cordas, respectivamente. No dia 02, foram colhidos 13 questionário respondidos, pelo fato de que, nesse dia em particular, os músicos do naipe das cordas haviam sido dispensados do ensaio. Já no dia 03, com a presença desses músicos, foram colhidos mais 04 formulários, totalizando 17 questionários respondidos. Ou seja, dos 72 alunos, apenas 17 tinham idade igual ou maior que 16 anos, e todos responderam ao questionário.

Para uma maior organização na apresentação dos dados a seguir, o questionário foi dividido em três sessões. Da questão n.º 01 à questão n.º 05, trata-se da experiência musical e vivência do aluno, trata-seja no Projeto ou em outro espaço em um momento anterior; da questão n.º 06 à questão n.º 11, aborda-se sobre a influência e a dedicação que o aluno emprega ao estudo do seu instrumento musical; e da questão n.º 12 à questão n.º 14, destaca-se as intenções profissionais dos alunos investigados. Dos 17 discentes que responderam o questionário, 03 foram escolhidos para a segunda etapa (entrevista semiestruturada), a partir da análise das respostas do questionário aplicado, conforme critérios apontados anteriormente. Nos quadros apresentados a seguir, os alunos escolhidos para a segunda etapa serão identificados como Aluno 01, Aluno 02 e Aluna 03. Com isso,

6

Apesar do Pró-Música ser oferecido a alunos até 24 anos, no momento da investigação a idade máxima identificada entre os estudantes foi 23 anos.

(32)

podemos visualizar com mais clareza – através das suas respostas – os motivos da escolha desses alunos para colaborarem na continuidade da pesquisa.

A partir dos dados contidos no quadro abaixo, é possível identificar o perfil dos discentes investigados inicialmente em relação à idade e ao sexo.

Quadro 2 – Perfil dos participantes

Sexo Masculino Feminino I D A D E 16 01 02 17 02 03 18 02 (Inclusive ALUNO 01) 03 (Inclusive ALUNA 03) 19 02 - 20 - - 21 - - 22 - 01 23 01 (ALUNO 02) - Total 08 09

O Quadro 03 apresenta as respostas das questões de n.º 01 a 05, as quais apontam as experiências musicais e a vivência dos alunos no Projeto e fora dele (anteriormente), além de identificar os instrumentos musicais estudados por eles.

Quadro 3 – Experiências musicais e a vivência dos alunos no Projeto Ondas Musicais.

(33)

“Qual instrumento musical você estuda no Projeto Ondas Musicais?” Instrumento Quantidade Violino 02 Viola 01 Violoncelo 02 Contrabaixo 02 Clarinete 01 Sax-Alto 02 (Inclusive a Aluna 03) Sax-Tenor 01 Trompete 01 (Aluno 02) Trombone 02 Tuba 02 (Inclusive o Aluno 01) Percussão 01 Respostas à questão n.º 02:

“Quanto tempo você é aluno do Projeto?”

Menos de 01 ano 05 Entre 01 e 02 anos 06 Entre 02 e 03 anos 01 Entre 03 e 04 anos 05 (Inclusive os Alunos 01, 02 e 03) Respostas à questão n.º 03: “Qual é o seu interesse no Projeto?”

(34)

02 “Me especializar no meu instrumento para um futuro melhor”.

03 “Desenvolver cada vez mais minha noção musical e afins, e tocar em grupo é realmente muito legal”.

04 “Evoluir e seguir carreira como músico”. 05 “Adquirir conhecimento com o instrumento”. 06 “Estudar música”.

07

“Tenho interesse em melhorar na área da música com intuito de atuar profissionalmente na área e me socializar com pessoas da mesma idade e ideia para música”.

08 “Crescimento musical e auxiliar (ênfase nas cordas)”. 09 “Só pra tocar mesmo, para a plateia e tal, nada pessoal”.

10 “Adquirir conhecimentos musicais e entrar nas forças armadas através da música”.

11 “Os estudos práticos e teóricos da música”.

12

“Crescer tanto como pessoa como musicalmente, aprendendo a trabalhar em equipe e me desenvolver com um instrumento que poderá me abrir outras oportunidades”.

13 “Me profissionalizar no meu instrumento, desenvolver junto com o projeto”.

14 “Aprender mais acerca do meu instrumento e ampliar os horizontes para outros também”.

Aluno 01

“Crescimento individual e coletivo, aprimorar a meu conhecimento e aprender com os profissionais”.

Aluno 02

“Me capacitar para fazer concurso militar”.

Aluna 03

“Ter conhecimento, experiência e ter ótimo desempenho”.

Respostas à questão n.º 04:

“Antes de vir para o Projeto, você já tinha estudado música?”

(35)

Respostas à questão n.º 05: “Se sim, onde?”

Igreja 04 (Inclusive Aluno 02)

Outro projeto social 01

Escola de Música 01

Em casa (sozinho ou com familiares) 00

Outro:

01 “Colégio”.

01 “No colégio (aprendi flauta doce)”. 01 “Através de dois professores particulares”. 01 (Aluna 03) “Aulas particulares de violão”. 01 “Escola”

01 “Flauta doce na escola”

Nesse próximo quadro, apresento as respostas das questões de n.º 06 a 11, as quais abordam desde a influência recebida, à dedicação do aluno ao estudo do seu instrumento musical.

Quadro 4 – Influência recebida e dedicação do aluno ao seu instrumento musical

Respostas à questão n.º 06:

“Na sua família existe algum músico que tenha lhe influenciado?”

Sim 05 (Inclusive Alunos 02 e 03) Não 12 (Inclusive Aluno 01) Respostas à questão n.º 07:

“O instrumento utilizado é próprio ou do Projeto?”

Próprio 06

(Inclusive Aluna 03) Do Projeto 11

(36)

Respostas à questão n.º 08:

“Caso você não tenha instrumento próprio, pretende comprar futuramente?”

Sim 10 (Inclusive Alunos 01 e 02) Não 01 Respostas à questão n.º 09:

“O instrumento que você toca é instrumento da sua escolha?”

Sim 17 Não -

Respostas à questão n.º 10:

“Se não, por que foi escolhido outro? E qual instrumento você escolheria?”

Apenas o aluno que toca percussão, manifestou o desejo de, também, aprender a tocar Flauta, respondendo: “Sendo que eu também quero aprender a tocar flauta, inclusive desde que cheguei tenho pensado nisso”.

Respostas à questão n.º 11:

“Quanto tempo você dedica ao estudo diário do instrumento?”

Não estudo diariamente 01

Entre 01h – 02h 06

Entre 02h – 03h 07 (Inclusive Alunos 02 e 03)

Acima de 03h 03 (Inclusive Aluno 01)

No quadro a seguir, destacam-se as respostas das questões de n.º 12 a 14, onde revela-se as intenções dos alunos referente à profissionalização dentro do contexto musical.

Quadro 5 – Interesse na profissionalização dentro do contexto musical

Respostas à questão n.º 12:

“Você pretende seguir profissionalmente na música?”

Sim 12

(37)

Obs.: Embora as opções sejam “sim” ou “não”, 01 discente respondeu “Talvez” como uma terceira opção e respondeu a 13ª pergunta.

Respostas à questão n.º 13:

“Se sim, o que lhe motivou na escolha da música como profissão?”

01 “Prestar concursos, o meu pai me motivou”.

02 “Meus professores do projeto. Estou aproveitando a oportunidade que o projeto me proporcionou”.

03 “Vi que era o que eu amava e que a música é a forma de perpetuação da arte. É através dela que posso passar para os outros o que amo”. 04 “Os profissionais da música do projeto me inspiraram com sua história”. 05 “Os professores me motivaram”.

06 “Meus pais e os professores”. 07 “O maestro”.

08 “Sempre amei música clássica e meu sonho era entrar numa orquestra e estudar/tocar músicas”.

09 “A oportunidade de trabalhar em algo que gosto e desejo estudar”. 10 “Estudar instrumentos me faz muito bem”.7

Aluno 01 “Pois quero trabalhar com algo que eu goste, com grupos de pessoas que estão no nível profissional”.

Aluno 02 “Ser militar”.

Aluna 03 “Oportunidades variadas, além de concursos públicos”.

Respostas à questão n.º 14:

“Você já participou de algum concurso ou processo seletivo na área da música com o intuito de atuar profissionalmente?”

Sim 06

(Inclusive Alunos 01, 02 e 03) Não 11

7

(38)

Foi observado de acordo com a análise dos questionários aplicados, que a maioria dos alunos do Projeto começou na música por opção própria, uma escolha individual, e devido a esse interesse, decidiram fazer parte do projeto, com o objetivo de adquirir conhecimento.

De acordo com os relatos, sentem a necessidade de capacitação, especialização no instrumento escolhido, com o intuito de adquirir conhecimento e desenvolver-se para alcançar um futuro profissional na área musical, assim como, capacitar-se nos estudos práticos e teóricos para ingressar nas forças armadas, e garantir crescimento individual.

Com relação ao conhecimento prévio musical, a maioria dos alunos já havia estudado música antes de entrar no Projeto, sendo em projetos musicais desenvolvidos nas igrejas, em aulas na escola de ensino básico, ou através de professores particulares.

Ao perguntar para os que não possuíam instrumento próprio sobre a aquisição do seu instrumento individual, com exceção de um aluno, todos manifestaram o desejo de adquirir futuramente. Esta resposta denota o comprometimento desses discentes quanto à continuidade referente ao estudo musical.

4.3 Conhecendo as experiências individuais

Foram escolhidos três alunos participantes do questionário para serem submetidos à segunda fase (entrevista semiestruturada), com o intuito de compreender suas concepções, seus objetivos de vida e escolhas, e as peculiaridades individuais de forma mais aprofundada, afim de encontrar pontos convergentes e divergentes entre o público do Pró-Música que demonstrou interesse em uma futura profissionalização na área musical.

4.3.1 Aluno 01

EXPERIÊNCIA MUSICAL

O Aluno 01 possui 18 anos de idade, tomou conhecimento do Projeto através dos seus amigos do condomínio, e está no Pró-Música desde a sua

(39)

fundação. Seu instrumento é a Tuba – por indicação do Professor. Chegou a participar de um processo seletivo na área (concurso para Sargento Músico da Marinha), onde foi aprovado na 1ª fase, levando-o a participar da 2ª fase no Rio de Janeiro. Infelizmente, não foi aprovado, porém, pode-se considerar uma experiência importante para a sua formação como músico, tendo em vista que o seu primeiro contato com a teoria musical e prática instrumental ocorrereu no Projeto, a menos de 04 anos.

META PROFISSIONAL

O Aluno 01 tem como meta em sua vida tornar-se um profissional na música, em especial sargento músico, seguindo uma carreira militar, objetivando também ingressar na Graduação em Música, mais especificamente no Curso de Bacharelado com habilitação em Tuba. O discente apresentou a seguinte declaração em resposta à entrevista:

A minha meta profissional é tornar sargento músico, e daqui a cinco anos, eu pretendo estar fazendo faculdade na minha área, na música. Pretendo fazer o técnico, depois, bacharelado, e me especializar no instrumento e mais, na questão da regência, que eu acho uma área bem interessante. Mas, nunca deixar a música de lado e trabalhar profissionalmente com ela (ALUNO 01, 2019).

APOIO DO PROJETO

O Aluno 01 considera o Projeto essencial para a sua formação musical, pois tem recebido incentivos, apoio e suporte para alcançar o seu objetivo. Quando lhe é perguntado se o Projeto pode contribuir para a sua formação profissional, ele respondeu o seguinte:

[...] o principal momento que eu estou vivendo para alcançar [o objetivo profissional] é o Projeto, pois, aqui no Projeto a gente tem vários incentivos que não me deixam desistir do meu objetivo – como os profissionais que estão sempre no apoio e estão dando todo o suporte para que eu possa alcançar (ALUNO 01, 2019).

(40)

ROTINA DE ESTUDO

No que tange à sua rotina de estudos e dedicação ao instrumento, o discente confessou ter ficado um pouco disperso após o último concurso, mas é consciente de que, para alcançar bons resultados futuramente, terá de tomar uma “atitude drástica” com relação à sua preparação, pois será necessário que esteja ainda mais preparado do que estava no último concurso. Nesse sentido, relatou:

Após o meu último concurso, eu dei uma relaxada, coisa que não era pra eu estar fazendo. Mas, eu já estou tomando consciência de que eu tenho que chegar o ano que vem, mais preparado ainda do que eu fui esse ano, e eu já estou acordando, desde cedo, e tomando uma atitude drástica para ter certos resultados futuramente (ALUNO 01, 2019).

4.3.2 Aluno 02

EXPERIÊNCIA MUSICAL

O Aluno 02 possui 23 anos de idade, está no Projeto desde a sua fundação, e seu instrumento é o Trompete – por influência do seu pai, que também e trompetista. Tomou conhecimento do Projeto através do próprio pai que, na ocasião, trabalhava com o SO-FN-MU Romero, na Banda do GptFNNa e, por ele, foi informado da criação do Projeto de Musicalização Ondas Musicais, o qual estava convocando alunos que tivessem interesse no estudo da música para ingressarem no corpo discente.

Com relação ao seu contato inicial com a música, o Aluno 02 declarou: “Foi na igreja. Estudei, no início, teoria. Não foi aquela teoria aprofundada, mas foi pra a gente saber o básico” (ALUNO 02, 2019). De acordo com o relato aqui exposto, declara ter tido sua iniciação musical na igreja, entretanto, sem muito aprofundamento teórico, apenas o básico; a prática instrumental recebeu do seu pai e de outro professor músico da Marinha.

Participou de um concurso na área (concurso para Sargento Músico da Marinha) – o mesmo processo que o ALUNO 01 participou –, e relatou que, das 25 questões da prova realizada na primeira fase, acertou 21 questões. Entretanto, não foi classificado para a segunda fase por ter uma grande concorrência para a vaga

(41)

referente ao Trompete – em contraponto com o ALUNO 01, que obteve menos acertos na prova escrita, e mesmo assim, foi classificado para a segunda fase por ter menos concorrentes no âmbito da Tuba.

META PROFISSIONAL

Tem como meta em sua vida a aprovação em um concurso para sargento músico e se vê, daqui a cinco anos, como sargento músico de qualquer Força Armada (Marinha, Exército ou Aeronáutica). Durante a entrevista, fez a seguinte declaração: “Daqui a cinco anos queria ser sargento músico de alguma força aí, qualquer uma. Ter passado no concurso e ser sargento” (ALUNO 02, 2019).

APOIO DO PROJETO

O Aluno 02 avalia que a sua vivência no Projeto de Musicalização Ondas Musicais foi fundamental no sucesso que obteve em relação à prova da primeira fase do concurso, entendendo que isso esteve diretamente relacionado ao curso avançado de teoria que o Projeto passou a oferecer para os candidatos a concursos. Sobre o apoio do Projeto, relatou:

[...] quando a gente começou o curso avançado de teoria, eu não sabia praticamente nada, e consegui as vinte e uma [questões]. Eu fiz aqui no Projeto com o Sargento A Barros. Ele soube que eu e João8 [ALUNO 01] ia fazer a prova, chamou a gente pra fazer um curso avançado de teoria, aí começou, aí obtivemos êxito na prova (ALUNO 02, 2019).

ROTINA DE ESTUDO

O discente cursa licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte no turno matutino, e como tem interesse em prestar concursos novamente, adotou uma rotina de estudos que consiste em estar no Projeto participando, de segunda a quarta-feira à tarde, dos ensaios da Orquestra/Banda; à noite, estuda teoria, e nas quintas e sextas-feiras, se dedica à prática instrumental. A sua atividade musical não se restringe somente aos compromissos com o Projeto. O

8

(42)

aluno relatou ser participante da Orquestra e Coral da igreja em que frequenta, tendo compromissos com ensaios e apresentações nos fins de semana.

4.3.3 Aluna 03

EXPERIÊNCIA MUSICAL

A Aluna 03 possui 18 anos de idade, participa do Projeto desde a sua fundação, e seu instrumento é o Saxofone-Alto, pois declarou ter se agradado do timbre do instrumento, resultando em sua escolha. Foi informada acerca do Projeto através do seu pai, que lhe falou estar havendo uma seleção para os interessados em adquirir conhecimento musical e se tornar parte do corpo discente do Pró-Música. Ela, por conta própria, tomou a iniciativa de ingressar.

A sua iniciação musical se deu em outro espaço, fora do Projeto, quando começou a aprender violão. Com relação a esse início, informou: “A teoria musical foi baseada no instrumento que eu tinha escolhido pra fazer as aulas, no caso o violão. Foram assuntos específicos do instrumento” (ALUNA 03, 2019). Com isso, compreende-se que o professor contratado aplicou, apenas, a teoria musical relacionada à execução do instrumento (cifras, tablatura, etc.). O conhecimento musical que ela possui agora, se deve, em grande parte, às aulas de teoria e prática instrumental no Pró-Música.

Informou ter participado duas vezes de concurso – incluindo o da Marinha –, e que foi para ela uma experiência muito boa, levando em consideração o nível de cobrança e o modo de aplicação das provas.

META PROFISSIONAL

Atualmente tem como meta para a sua vida, atuar como músico profissional nas Forças Armadas (sendo qualquer uma delas), tendo como foco atingir esse objetivo dentro do prazo de cinco anos.

APOIO DO PROJETO

Considera que o Pró-Música, nesses quatro anos de existência, tem contribuído para o seu crescimento musical e continuará contribuindo, não só a ela

(43)

como também, outras pessoas. Em resposta quando questionada se o Projeto a ajudaria em seus planos futuros, as palavras foram as seguintes: “Sim, tanto que ele ajudou, tanto no ensino básico [...] e vai continuar ajudando não só a mim, mas como outras pessoas” (ALUNA 03, 2019).

ROTINA DE ESTUDO

Declarou que pretende continuar realizando concursos, até alcançar a aprovação e, para isso, tem desenvolvido uma rotina de estudo que se divide em atividades realizadas no Projeto e estudos individuais (teóricos e práticos) em sua residência. Segundo a Aluna 03

[A rotina] de estudo é diariamente na sede, de segunda à quinta feira. Nas quintas-feiras eu tenho as aulas teóricas e o resto da semana seria pra ensaio de orquestra, da banda. E com isso eu faço a parte individual de teoria em casa, nos finais de semana (ALUNA 03, 2019).

(44)

05 ANÁLISE DE DADOS

Em análise das entrevistas com os alunos e em conversas informais com o coordenador, observei que a mudança para as novas instalações resultou em grandes benefícios para os alunos do Pró-Música. O fato de estarem em um endereço próprio, onde podem, a qualquer hora do dia, trabalhar em sua performance, dedicando o tempo que quiserem à prática instrumental – já que essa possibilidade, muitas das vezes, se torna inviável realiza-la em suas residências, por considerar que “incomodam” a vizinhança devido o som produzido durante o estudo –, traz avanços significativos, os quais são notórios a todos que participam do Projeto.

O relato apresentado sobre as novas instalações pelo coordenador, leva-nos a concluir que existe uma relação entre a estrutura física de trabalho com o envolvimento e empenho do músico com o Projeto, além da rotina de estudos nas dependências da sua sede. O tratamento acústico, o ar condicionado e a boa iluminação instalados no novo auditório, foram essenciais para que o crescimento da percepção musical dos alunos fosse notada, assim como facilitou o trabalho do maestro, o qual relatou ter tido condições de corrigir eventuais erros durante os ensaios, devido à acústica que facilitou a percepção dos detalhes. Entende-se que, todo benefício oferecido, como por exemplo, instrumentos musicais novos ou em boas condições de uso, e um ambiente de trabalho apropriado e agradável, favorecem o aprendizado e a performance dos músicos que deles utilizam.

A formação musical dos alunos é o foco principal do Projeto. Nos dados colhidos a partir do questionário aplicado, verifica-se que 12 alunos, incluindo o ALUNO 02 e a ALUNA 03, já tinham estudado música em outras instituições antes de ingressar no Projeto. Entretanto, receberam um conhecimento musical muito básico, conforme relatos. Alguns tiveram aulas de flauta doce na escola, outros com professores particulares que, em todos os casos, não se aprofundaram na teoria musical. Nota-se também que, os resultados obtidos nas apresentações da Banda e da Orquestra Ondas Musicais são positivos, pois o grupo tem alcançado o público ouvinte, o qual demonstra bastante admiração pelo Projeto quando apreciado. Pode-se dizer que esPode-ses são frutos de um trabalho em conjunto do corpo docente, que Pode-se dedica à formação musical dos seus componentes, e o comparecimento dos alunos

Referências

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