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Análise da dinâmica e do funcionamento da Cadeia Global de Valor da indústria de papel e celulose: um foco sobre a decomposição do valor adicionado e das parcerias bilaterais do Brasil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ECONOMIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA MESTRADO E DOUTORADO EM ECONOMIA

KAIZA CORREIA DA SILVA OLIVEIRA

ANÁLISE DA DINÂMICA E DO FUNCIONAMENTO DA CADEIA

GLOBAL DE VALOR DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE: um

foco sobre a decomposição do valor adicionado e das parcerias bilaterais do

Brasil

Salvador

2019

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KAIZA CORREIA DA SILVA OLIVEIRA

ANÁLISE DA DINÂMICA E DO FUNCIONAMENTO DA CADEIA

GLOBAL DE VALOR DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE: um

foco sobre a decomposição do valor adicionado e das parcerias bilaterais do

Brasil

Tese apresentada ao Programa de Pesquisa e Pós-graduação em Economia, Faculdade de Economia, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Doutora em Economia.

Área de concentração: Desenvolvimento econômico. Orientador: Prof. Dr. Uallace Moreira Lima

Salvador

2019

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O48 Oliveira, Kaiza Correia da Silva

Análise da dinâmica e do funcionamento da cadeia global de valor da indústria de papel e celulose: um foco sobre a decomposição do valor adicionado e das parcerias bilaterais do Brasil./ Kaiza Correia da Silva Oliveira. – Salvador, 2019.

413 f.; il.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Economia. Orientador: Prof. Dr. Uallace Moreira Lima.

1. Comércio internacional. 2. Indústria papel e celulose. 3. Cadeias globais de valor. I. Universidade Federal da Bahia. II. Lima, Uallace Moreira. III. Título.

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Dedico esse trabalho a minha mãe, quem sempre me ensinou a ter força, integridade e perseverança, dedico.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por nunca me desamparar, por me guiar e me dar a força necessária para superar todos os momentos difíceis dessa jornada. Obrigada pela graça!

A minha mãe Marluci, a pessoa mais perseverante e forte que eu conheço, que me incentivou e me mostrou que os obstáculos da vida existem e devem ser superados.

A minha irmã Kalinka, minha melhor amiga, exemplo de luta, companheirismo, amizade e irmandade. Obrigada pelo apoio de sempre.

Ao meu pai Geraldo e ao meu irmão Kinsley, pessoas essenciais, obrigada pela presença e força. A Rafael, uma pessoa especial em minha vida, por todos os momentos compartilhados, apoio, amizade e estímulo.

Aos verdadeiros amigos pelos bons momentos, pelos acertos e erros que me emprestastes, pois com eles pude corrigir os meus.

Ao Prof. Dr. Uallace Moreira Lima pela oportunidade de orientação e aprendizado durante todo este processo, pela confiança, consideração, apoio e carinho depositados em mim.

Aos professores membros da banca de defesa, Prof. Dr. Fabrício, Prof. Dr. Jorge, Prof. Dr. Hamilton e Prof. Dr. Leonardo por terem aceitado o convite para participação, pela disponibilidade e preciosa colaboração.

Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Economia pelos ensinamentos e pela convivência durante esse período.

Ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal da Bahia e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela oportunidade de realização do curso de doutorado e pelo incentivo técnico-financeiro.

Aos colegas de curso, Fernanda, Edna, Joana e especialmente a Sarah, obrigada pelo convívio, companheirismo e amizade dentro e fora dos muros da Faculdade de Economia da UFBA. Pois sem vocês, essa caminhada seria muito mais difícil. Obrigada por compartilharem seus dias comigo.

Enfim, quero agradecer a todos que fizeram parte da minha vida e me acompanharam nessa trajetória. Obrigada!

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A sabedoria dos homens é proporcional não à sua experiência, mas à sua capacidade de adquirir experiência (George Bernard Shaw).

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RESUMO

Nas últimas décadas ocorreram grandes transformações na estrutura produtiva mundial que resultaram em uma crescente fragmentação internacional da produção através das cadeias globais, o que imputou novas dinâmicas e padrões ao comércio internacional. Nesse contexto, compreender a atual dinâmica do comércio internacional requer o entendimento das novas formas de organização da produção, nas quais a dispersão das tarefas globalmente, a estrutura de governança e as interdependências produtivas bilateralmente assumem papel preponderante. Com este objetivo, esta tese analisou a dinâmica da indústria de papel e celulose global, bem como seu funcionamento e tendência dentro da perspectiva das cadeias globais de valor (CGVs), assim como o papel desempenhado pelo Brasil nesse contexto. O intuito do estudo realizado foi entender como a reestruturação produtiva capitalista e a lógica de produção e comercialização realizada através das CGVs influenciaram a atual dinâmica e o funcionamento da indústria de papel e celulose global e da indústria brasileira, como também identificar como a indústria de papel e celulose brasileira se insere nesse panorama e quais são os principais parceiros comerciais do Brasil na CGV. A primeira hipótese defendida é que a indústria global de papel e celulose se configura como uma das principais indústrias que têm passado por transformações com a internacionalização da produção, o que tem resultado em uma maior integração entre os países produtores do Hemisfério Norte com os países do Hemisfério Sul, com destaque para o Brasil. Contudo, a integração da indústria brasileira à CGV de papel e celulose tem sido mais intensa a montante do que a jusante. A segunda hipótese defendida é que o Brasil tem se inserido principalmente como exportador de produtos brutos e sua competitividade tem sido baseada no fornecimento de recursos naturais. Para tanto, utilizou-se a metodologia do valor adicionado das exportações brutas desenvolvida por Borin e Mancini (2017a) e dados secundários sobre produção, exportação e importação dos maiores players produtores da CGV. Os resultados encontrados confirmaram as hipóteses estabelecidas ao apontarem que há uma mudança estrutural em curso na indústria de papel e celulose global favorecida pela lógica das CGVs e que o Brasil tem se destacado como grande player produtivo com tendência crescente nas participações de produção e exportação, sendo o país que mais adiciona valor doméstico nas exportações da indústria em termos percentuais quando comparado aos demais países da análise. Todavia, a maior participação desse valor adicionado é nas exportações de bens intermediários que são absorvidos diretamente por importadores para produzir bens finais locais, o que conferiu ao Brasil um baixo índice de participação na cadeia quando comparado aos principais produtores e exportadores do setor. De modo que se pode concluir que dentro da lógica das CGV o Brasil tem uma participação mais a montante da cadeia e suas estratégias de inserção seguem a lógica da dotação natural dos fatores produtivos. Palavras-chave: Comércio internacional. Fragmentação produtiva. Valor adicionado.

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ABSTRACT

In the last decades there have been major changes in the world production structure that resulted in a growing international fragmentation of production through global chains, which imputed new dynamics and patterns to international trade. In this context, understanding the current dynamics of international trade requires understanding the new forms of production organization, in which the dispersion of tasks globally, the governance structure and the productive interdependencies bilaterally assume a preponderant role. To this end, it analyzes the performance of the global pulp and paper industry as well as its performance and perspective from the perspective of global value chains (GVCs), as well as the role played by Brazil in this context. The purpose of the study was to understand how the capitalist productive restructuring and the logic of production and production carried out by the GVCs affect the current use and functioning of the global pulp and paper industry, as well as use as a pulp and paper industry. Brazil fits into this picture and which are the main trading partners of Brazil in GVC. The first hypothesis is that the global pulp and paper industry is one of the main industries that have undergone transformations with the internationalization of production, or that have resulted in greater integration between the Northern Hemisphere producing countries and the Southern Hemisphere countries, especially Brazil. However, the integration of the Brazilian industry with GVC of pulp and paper has been more intense regarding the amount of downstream. The second hypothesis is that Brazil is inserted mainly as an exporter of raw products and its sale has been used to supply natural resources. Therefore, use the value-added methodology of gross exports developed by Borin and Mancini (2017a) and the secondary data on production, exportation and importation of the major producing players of GVC. The results found selected as applicable hypotheses by pointing out that there is a structural change in the global pulp and paper industry are favored by the logic of GVCs and that in Brazil they are highlighted as a major productive player with increasing participation in production and export, being the country which adds more domestic value to industry exports as a percentage when compared to the other countries in the analysis. However, a greater share of this added value is in intermediate goods that are directly absorbed by importers for local final goods, or that give Brazil a low rate of participation in the chain when used by the main producers and exporters in the sector. The way that can conclude what within the logic of GVC or Brazil has a greater participation in the value of the chain and its insertion strategies that follow the logic of natural endowment of productive factors.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Cadeia global de valor simplificada... 78

Figura 2 Curva sorriso de valor agregado... 130

Figura 3 Evolução da produção de celulose mundial, 1961 a 2017 (em ton)... 144

Figura 4 Evolução da produção de papel e cartão mundial, 1961 a 2017 (em ton)... 145

Figura 5 Ranking dos maiores consumidores de papel e papelão em todo o mundo em 2017 (em 1.000 toneladas)... 148 Figura 6 Mapa da cadeia produtiva de celulose, papel, embalagens e artefatos de papel... 158

Figura 7 Processo produtivo da celulose... 159

Figura 8 Processo produtivo do papel... 160

Figura 9 Curva sorriso de valor agregado da indústria de papel e celulose... 168

Figura 10 Produção mundial de celulose, todos os tipos – produção total (1960-2017)... 173

Figura 11 Produção média de crescimento por década e taxa geométrica de crescimento da produção de celulose – produção total entre as décadas (1960 -2010) (Em %)... 173

Figura 12 Produção mundial de celulose, segundo a categoria (1961-2017) (%)... 175

Figura 13 Produção mundial de celulose e taxa de crescimento, fibras recuperadas – participação por região (1998-2017) (Em ton)... 182

Figura 14 Produção de celulose, fibras recuperadas – participação por região (1998-2017) (Em %)... 182

Figura 15 Produção mundial de celulose, tipo química – 2010 e 2017 (em milhões toneladas)... 185

Figura 16 Produção mundial de celulose, tipo mecânica – 2010 e 2017 (em milhões toneladas)... 186

Figura 17 Produção mundial de celulose, tipo outras fibras – 2010 e 2017 (em milhões toneladas)... 186

Figura 18 Produção mundial de celulose, tipo semi-química – 2010 e 2017 (em milhões toneladas)... 187

Figura 19 Produção mundial de papel, todos os tipos – produção total (1960-2017) (Em ton)... 189

Figura 20 Produção mundial de papel, todos os tipos – produção total e taxa geométrica de crescimento (1960-2017) (Em ton)... 189

Figura 21 Produção mundial de papel, segundo categorias (1961-2017) (Em %)... 190

Figura 22 Produção mundial de papel, tipo papel recuperado – participação por região (1961-2017) (Em ton)... 197

Figura 23 Produção mundial de papel, tipo outros papeis – 2010 e 2017 (em milhões toneladas)... 200

Figura 24 Produção mundial de papel, papel para imprimir e escrever – 2010 e 2017 (em milhões toneladas)... 201

Figura 25 Produção mundial de papel, papel para impressão – 2010 e 2017 (em milhões toneladas)... 202

Figura 26 Consumo de celulose por região, todos os tipos - (1961-2017) (Em ton)... 204

Figura 27 Consumo de papel por região, todos os tipos - (1961-2017) (Em ton)... 207

Figura 28 Exportações mundiais de celulose, todos os tipos – exportação total (1960-2017) (Em U$ 1000)... 212

(11)

Figura 29 Taxa média de crescimento e taxa geométrica de crescimento das exportações e importações mundiais – celulose todos os tipos entre as décadas (1960 -2010) (Em U$1000) ... 213 Figura 30 Exportações mundiais de celulose, segundo categoria (1961-2017) (Em %). 214 Figura 31 Participação dos maiores exportadores de celuloses, tipo pasta química

(2010, 2014 e 2017) (Em %)... 220 Figura 32 Participação dos maiores exportadores de celuloses, tipo pasta mecânica

(2010, 2014 e 2017) (Em %)... 221 Figura 33 Participação dos maiores exportadores de celuloses, tipo outras fibras

(2010, 2014 e 2017) (Em %)... 221 Figura 34 Participação dos maiores exportadores de celuloses, tipo semi-química

(2010, 2014 e 2017) (Em %)... 222 Figura 35 Participação dos maiores exportadores de celuloses, tipo fibras recuperadas

(2010, 2014 e 2017) (Em %)... 223 Figura 36 Exportações mundiais de papel, todos os tipos – exportação total

(1960-2017) (Em U$ 1000)... 224 Figura 37 Taxa média de crescimento e taxa geométrica de crescimento das

exportações e importações mundiais – papel todos os tipos entre as décadas (1960 -2010) (Em U$ 1000) ... 225 Figura 38 Exportações mundiais de papel, segundo categoria (1961-2017) (Em %)... 226 Figura 39 Participação dos maiores exportadores de papel, tipo outros papeis e

cartões (2010, 2014 e 2017) (Em %) ... 232 Figura 40 Participação dos maiores exportadores de papel, tipo papel para imprimir e

escrever (2010, 2014 e 2017) (Em %)... 233 Figura 41 Participação dos maiores exportadores de papel, tipo papel para imprimir

(2010, 2014 e 2017) (Em %)... 234 Figura 42 Participação dos maiores exportadores de papel, tipo papel recuperado

(2010, 2014 e 2017) (Em %)... 234 Figura 43 Principais características da indústria mundial de celulose, por regiões,

2017... 246 Figura 44 Principais características da indústria mundial de papel, por regiões,

2017... 247 Figura 45 Volume e valor dos acordos (fusões e/ou aquisições) realizados pelas

empresas da indústria de papel e celulose, 2012 a 2017... 250 Figura 46 Principais players da CGV da indústria de papel e celulose

mundial... 252 Figura 47 Distribuição das 100 maiores empresas em termos de valor de vendas da

indústria de papel e celulose... 253 Figura 48 Taxa de reinvestimento por região produtora e países selecionados, 2010 a

2015, (Em %)... 257 Figura 49 Resultados financeiros das maiores empresas da indústria de papel e

celulose mundial, por região, 2016 a 2018... 259 Figura 50 Evolução do número de fábricas produtoras de papel e celulose: Brasil

(2006-2017)... 274 Figura 51 Tamanho das empresas de papel, Brasil – 2017 (Em %)... 276 Figura 52 Tamanho das empresas de celulose, Brasil – 2017. (Em %)... 276 Figura 53 Produção brasileira de celulose e taxa de crescimento, todos os tipos –

produção total e taxa de crescimento (2000-2017) (Em ton)... 281 Figura 54 Produção brasileira de celulose – por categoria (2000-2017) (Em %)... 282

(12)

Figura 55 Produção brasileira de papel, todos os tipos – produção total (2000-2017) (Em ton)... 285 Figura 56 Produção brasileira de papel, segundo a categoria – (2000-2017) (Em %).... 286 Figura 57 Destino da produção brasileira de celulose e papel – todos os tipos

(2000-2017) (Em %)... 296 Figura 58 Taxas de crescimento de exportações e importações de celulose – Brasil

(2000-2017)... 297 Figura 59 Taxas de crescimento de exportações e importações de papel – Brasil

(2000-2017)... 298 Figura 60 Participação das exportações e importações brasileiras de papel e celulose

nas exportações e importações totais do Brasil – (2000-2017) – (Em %)... 299 Figura 61 Fluxograma da decomposição das exportações brutas do modelo KWW... 325 Figura 62 Diferença entre as exportações brutas e o valor adicionado (VAD) de

acordo com as categorias de Borin e Mancini (2017), modelo sink based: Regiões do mundo, setor 8 - (2000, 2005, 2010, 2012 e 2014) (Em U$ e %) 337 Figura 63 Posição dos principais exportadores mundiais do setor 8 de acordo as

exportações brutas segundo a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000, 2005, 2010, 2012 e 2014) (Em U$)... 344 Figura 64 Valor adicionado domesticamente nas exportações do setor 8 de acordo

com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000, 2005, 2010, 2012 e 2014) (Em %)... 345 Figura 65 Evolução do conteúdo doméstico adicionado nas exportações de acordo

com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 346 Figura 66 Evolução do conteúdo estrangeiro adicionado nas exportações de acordo

com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 348 Figura 67 Evolução do valor adicionado doméstico (VAD) como parcela das

exportações de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 349 Figura 68 Composição do valor adicionado doméstico como parcela das exportações

de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based - principais categorias: Brasil e países selecionados (2014) (Em %)... 350 Figura 69 Evolução do valor adicionado domesticamente finalmente absorvido pelos

parceiros comerciais bilaterais (VAD diretamente absorvido) de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 351 Figura 70 Evolução do valor adicionado domesticamente adicionado que finalmente

volta para o país de origem como bens finais (VAD refletido) de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 352 Figura 71 Evolução do valor adicionado estrangeiro (VAE) como parcela das

exportações de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 353 Figura 72 Composição do valor adicionado estrangeiro como parcela das exportações

de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based - principais categorias: Brasil e países selecionados - 2014) (Em %)... 354

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Figura 73 Evolução da dupla contagem como parcela das exportações de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 355 Figura 74 Evolução do índice de participação VS na indústria de papel e celulose de

acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo source based - (Participação para trás): Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 357 Figura 75 Evolução do índice de participação VS1 da indústria de papel e celulose

calculado de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo source based - (Participação para frente): Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 358 Figura 76 Evolução do índice de participação na CGV da indústria de papel e celulose

de acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo source based: Brasil e países selecionados - (2000-2014) (Em %)... 360

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Produção mundial de celulose, todos os tipos – taxa de crescimento total e por região (1961-2017) (Em %)... 175 Tabela 2 Produção mundial de celulose, todos os tipos – participação por região

(1961-2017) (Em %)... 177 Tabela 3 Produção mundial de celulose, tipo polpa química – participação por

região (1961-2017) (Em %)... 178 Tabela 4 Produção mundial de celulose, tipo polpa mecânica – participação por

região (1961-2017) (Em %)... 179 Tabela 5 Produção mundial de celulose, tipo polpa de outras fibras que não

madeira – participação por região (1961-2017) (Em %)... 180 Tabela 6 Produção mundial de celulose, tipo polpa semi-química – participação

por região (1961-2017) (Em %)... 181 Tabela 7 Ranking dos países maiores produtores de celulose, todos os tipos,

(1961-2017) (Em ton)... 184 Tabela 8 Produção mundial de papel, participação e taxa de crescimento, todos os

tipos (1961-2017) (Em %)... 192 Tabela 9 Produção mundial de papel, todos os tipos – taxa de crescimento total e

por região (1961-2017) (Em %)... 193 Tabela 10 Produção mundial de papel, todos os tipos – participação por região

(1961-2017) (Em %)... 194 Tabela 11 Produção mundial de papel, tipo outros papeis e cartões – participação

por região (1961-2017) (Em %)... 195 Tabela 12 Produção mundial de papel, tipo papeis para imprimir e escrever –

participação por região (1961-2017) (Em %)... 196 Tabela 13 Produção mundial de papel, tipo papeis para impressão – participação

por região (1961-2017) (Em %)... 196 Tabela 14 Produção mundial de papel, tipo papel recuperado – participação por

região (1961-2017) (Em %)... 197 Tabela 15 Ranking dos países maiores produtores de papel, todos os tipos,

(1961-2017) (Em ton)... 199 Tabela 16 Consumo de celulose, todos os tipos – taxas de crescimento total por

região (1961-2017) (Em %)... 205 Tabela 17 Consumo de celulose, todos os tipos – participação por região

(1961-2017) (Em %)... 205 Tabela 18 Ranking dos principais países consumidores de celulose, todos os tipos,

(2000-2017) (Em ton)... 206 Tabela 19 Consumo de papel, todos os tipos – taxas de crescimento total por região

(1961-2017) (Em %)... 208 Tabela 20 Consumo de papel, todos os tipos – participação por região (1961-2017)

(Em %)... 208 Tabela 21 Ranking dos principais países consumidores de papel, todos os tipos,

(2000-2017) (Em ton)... 209 Tabela 22 Exportações mundiais de celulose, todos os tipos – taxa de crescimento

total e por região (1961-2017) (Em %)... 214 Tabela 23 Exportações mundiais de celulose, todos os tipos – participação por

(15)

Tabela 24 Exportações mundiais de celulose, por tipo de polpa – participação por região (1961-2017) (Em %)... 217 Tabela 25 Ranking dos principais países exportadores de celulose, todos os tipos,

(1961-2017) (Em U$ 1000)... 219 Tabela 26 Exportações mundiais de papel, todos os tipos – taxa de crescimento

total e por região (1961-2017) (Em %)... 226 Tabela 27 Exportações mundiais de papel, todos os tipos – participação por região

(1961-2017) (Em %)... 227 Tabela 28 Exportações mundiais de celulose, tipo outros papeis e cartões –

participação por região (1961-2017) (Em %)... 228 Tabela 29 Exportações mundiais de papel, tipo papel recuperado – participação por

região (1961-2017) (Em %)... 230 Tabela 30 Ranking dos principais países exportadores de papel, todos os tipos,

(1961-2017) (Em U$1000)... 231 Tabela 31 Importações mundiais de celulose, todos os tipos – taxa de crescimento

total e por região (1961-2017) (Em %)... 236 Tabela 32 Importações mundiais de celulose, todos os tipos – participação por

região (1961-2017) (Em %)... 237 Tabela 33 Importações mundiais de celulose, tipo de polpa – participação por

região (1961-2017) (Em %)... 238 Tabela 34 Ranking dos principais países importadores de celulose, todos os tipos,

(1961-2017) (Em U$1000)... 239 Tabela 35 Importações mundiais de papel, papel todos os tipos – taxa de

crescimento total e por região (1961-2017) (Em %)... 240 Tabela 36 Importações mundiais de papel, todos os tipos – participação por região

(1961-2017) (Em %)... 241 Tabela 37 Importações mundiais de papel, tipo outros papeis e cartões –

participação por região (1961-2017) (Em %)... 241 Tabela 38 Importações mundiais de papel, tipo papel para imprimir – participação

por região (1961-2017) (Em %)... 242 Tabela 39 Importações mundiais de papel, tipo papel para imprimir e escrever –

participação por região (1961-2017) (Em %)... 243 Tabela 40 Importações mundiais de papel, tipo papel recuperado – participação por

região (1961-2017) (Em %)... 243 Tabela 41 Ranking dos principais países importadores de papel, todos os tipos,

(1961-2017) (Em U$1000)... 244 Tabela 42 Montante de vendas das empresas da indústria de papel e celulose por

regiões, 2010 a 2015 (USS, bilhões)... 254 Tabela 43 Lucro líquido das empresas da indústria de papel e celulose por regiões,

2010 a 2015 (Em bilhões de U$)... 255 Tabela 44 Valores do EBITDA e margem EBITDA das empresas da indústria de

papel e celulose por regiões, 2010 a 2015 (Em bilhões de U$)... 256 Tabela 45 Valores ROCE das empresas da indústria de papel e celulose por regiões

produtoras e países selecionados, 2010 a 2015... 256 Tabela 46 Resultados financeiros das 100 maiores empresas da indústria de papel

e celulose mundial, 2007 a 2015 (Em bilhões de U$)... 258 Tabela 47 Resultados financeiros das maiores empresas da indústria de papel e

celulose mundial, por região, 2016 a 2018... 260 Tabela 48 Distribuição geográfica das empresas da indústria de papel e celulose:

(16)

Tabela 49 Maiores empresas produtoras de celulose: Brasil – 2018 (Em milhões de ton.)... 277 Tabela 50 Maiores empresas produtoras de papel integradas: Brasil – 2018. (Em

milhões de ton.)... 278 Tabela 51 Taxa de crescimento da produção de celulose brasileira – por categoria

(2000-2017) (Em %)... 283 Tabela 52 Produção de celulose todos os tipos: participação da América do Sul na

quantidade total mundial e dos principais países da América do Sul na região – região e países (2000-2017)... 284 Tabela 53 Produção de celulose todos os tipos: taxa de crescimento – região e

países (2000-2017)... 284 Tabela 54 Produção brasileira de papel, participação, todos os tipos (2000-2017)

(Em %)... 288 Tabela 55 Produção brasileira de papel, taxa de crescimento, todos os tipos

(2000-2017) (Em %)... 289 Tabela 56 Produção de papel todos os tipos: participação da América do Sul na

quantidade total mundial e dos principais países da América do Sul na região – região e países (2000-2017)... 290 Tabela 57 Produção de papel todos os tipos: taxa de crescimento – região e países

(2000-2017)... 291 Tabela 58 Consumo de celulose todos os tipos: participação da América do Sul no

consumo total mundial e dos principais países da América do Sul na região – região e países (2000-2017) (Em %)... 293 Tabela 59 Consumo de celulose todos os tipos: taxa de crescimento – região e

países (2000-2017) (Em %)... 293 Tabela 60 Consumo de papel todos os tipos: participação da América do Sul no

consumo total mundial e dos principais países da América do Sul na região – região e países (2000-2017) (Em %)... 294 Tabela 61 Consumo de papel todos os tipos: taxa de crescimento – região e países

(2000-2017)... 295 Tabela 62 Destino das exportações, segundo países (celulose): participação –

Brasil (2000-2017)... 300 Tabela 63 Destino das exportações, segundo países (celulose): taxa de crescimento

– Brasil (2000-2017)... 301 Tabela 64 Origem das importações, segundo países (celulose): participação –

Brasil (2000-2017)... 302 Tabela 65 Origem das importações, segundo países (celulose): taxa de crescimento

– Brasil (2000-2017)... 303 Tabela 66 Destino das exportações, segundo países (papel): participação – Brasil

(2000-2017)... 304 Tabela 67 Destino das exportações, segundo países (papel): taxa de crescimento –

Brasil (2000-2017)... 305 Tabela 68 Origem das importações, segundo países (papel): participação – Brasil

(2000-2017)... 306 Tabela 69 Origem das importações, segundo países (papel): taxa de crescimento –

Brasil (2000-2017)... 307 Tabela 70 Tabela geral de produto-insumo entre países... 317 Tabela 71 Decomposição das exportações brutas totais de acordo com as

categorias da decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Regiões – (2000, 2005, 2010, 2012 e 2014) (Em %)... 339

(17)

Tabela 72 Agrupamento da decomposição das exportações brutas totais de acordo com grandes categorias de Borin e Mancini (2017) modelo sink based: Regiões – (2000, 2005, 2010, 2012 e 2014) (Em %)... 343 Tabela 73 Decomposição do valor adicionado das exportações brutas bilaterais de

acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based (destino): Brasil e países selecionados - (2014) (Em %)... 361 Tabela 74 Decomposição do valor adicionado das exportações brutas bilaterais de

acordo com a decomposição de Borin e Mancini (2017) modelo sink based (origem): Brasil e países selecionados - (2014) (Em %)... 363

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CCG Cadeias de Commodities Globais

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e Caribe CGV Cadeia Global de Valor

CGVS Cadeias Globais de Valor C&T Ciência e tecnologia

EBITDA Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization EUA Estados Unidos da América

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations GATT General Agreement on Tariffs and Trade

GTAP Global Trade Analysis Project

HP Hewlett-Packard

ICIO Inter-Country Input-Output

IDE-JETRO Organização do Comércio Externo do Japão IED Investimento Estrangeiro Direto

IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IPPC International Plant Protection Convention KWW Koopman, Wang e Wei (2014)

MNCs Multinacionais

NAFTA North American Free Trade Agreement OBM Original Brand Manufacturer

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OECD Organisation for Economic Cooperation and Development OEM Original Equipment Manufacturer

OMC Organização Mundial do Comércio

ONGs Organizações Não-Governamentais Internacionais ONU Organização das Nações Unidas

PBM Plano Brasil Maior

PDP Política de Desenvolvimento Produtivo PIB Produto Interno Bruto

PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior PND Plano Nacional de Desenvolvimento

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PNPC Programa Nacional de Papel e Celulose P&D Pesquisa e Desenvolvimento

RAIS Relação Anual de Informações Sociais ROCE Retorno sobre capital empregado SCN Sistema de Constas Nacional

SEA Socio Economic Accounts

SH Sistema Harmonizado

SITC Sistema de Classificação Padrão de Comércio Exterior TIC Tecnologias de Informação e Transporte

TIVA Trade of Value-Added

UE União Europeia

UK Reino Unido

UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento UNIDO Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas UNTRADE International Trade Statistics Database

VA Valor Adicionado

VAD Valor Adicionado Doméstico VAE Valor Adicionado Estrangeiro

VS Valor adicionado estrangeiro nas exportações

VS1 Valor Adicionado Doméstico nas exportações de países terceiros

VS1* Valor Adicionado Doméstico nas exportações que retorna para o país de origem

WIOD World Input-Output Database WIOT World Input-Output Tables

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 20

2 CADEIAS GLOBAIS DE VALOR: UMA NOVA PERSPECTIVA DE ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL... 28

2.1 INTRODUÇÃO... 28

2.2 COMÉRCIO INTERNACIONAL, GLOBALIZAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO PRODUTIVA... 30

2.2.1 Teorias tradicionais do comércio internacional... 30

2.2.2 Novas formas de organização do comércio internacional... 37

2.2.2.1 Estudos e teorias do comércio internacional sob a égides da fragmentação produtiva... 47

2.2.2.2 Fragmentação produtiva e as Cadeias Globais de Valor (CGVs)... 66

2.3 A DINÂMICA DAS CADEIAS GLOBAIS DE VALOR... 68

2.3.1 A gênese do conceito de Cadeias Globais de Valor... 68

2.3.2 Perspectivas teórico-analíticas das Cadeias Globais de Valor... 79

2.3.2.1 GVC Approach: governance e upgrading... 83

2.3.2.2 Metodologia do valor adicionado... 102

2.3.2.2.1 Estudos realizados sobre a perspectiva do valor adicionado... 107

2.3.2.3 Fonte de dados e estudos: Organizações Não-Governamentais Internacionais e as agências de estatísticas... 117

2.4 AS CGVS E SUAS CONTROVÉRSIAS... 128

2.5 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS PONTOS... 136

3 CADEIAS GLOBAIS DE VALOR E A DINÂMICA DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE... 139

3.1 INTRODUÇÃO... 139

3.2 MUDANÇAS ESTRUTURAIS NA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE GLOBAL E AS CGV... 140

3.3 DINÂMICA E FUNCIONAMENTO DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE GLOBAL... 156

3.3.1 Caracterização da cadeia produtiva... 157

3.3.2 Dinâmica e funcionamento da cadeia global de valor da indústria de papel e celulose... 160

3.4 MAPEAMENTO DA PRODUÇÃO GLOBAL DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE... 172

3.4.1 Mapeamento da produção global de celulose... 172

3.4.2 Mapeamento da produção global de papel... 188

3.5 MAPEAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE E PRINCIPAIS PLAYERS... 211

3.5.1 Mapeamento das exportações mundiais de celulose... 212

3.5.2 Mapeamento das exportações mundiais de papel... 223

3.5.3 Mapeamento das importações de celulose e papel... 235

3.5.4 Mapeamento dos principais players mundiais da indústria de papel e celulose... 247

3.5.4.1 Principais players mundiais da indústria de papel e celulose... 248

3.6 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS PONTOS... 263

4 ANÁLISE DA INDUSTRIA DE PAPEL E CELULOSE BRASILEIRA A PARTIR DAS CADEIAS GLOBAIS DE VALOR: DECOMPONDO AS RELAÇÕES BILATERAIS/SETORIAIS... 267

(21)

4.1 INTRODUÇÃO... 267

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE BRASILEIRA... 268

4.2.1 Principais players brasileiros... 274

4.3 ANÁLISE DA DINÂMICA DA PRODUÇÃO NACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE BRASILEIRA... 279

4.3.1 Dinâmica da produção brasileira de papel e celulose e de outros países da América do Sul... 279

4.3.2 Mapeamento do comércio exterior da indústria de papel e celulose brasileira... 296

4.4 METODOLOGIA E BASE DE DADOS USADAS... 310

4.4.1 Metodologia do valor adicionado... 310

4.4.1.1 Metodologia do valor adicionado padrão: decomposição de Leontief... 315

4.4.1.2 Metodologia do valor adicionado bilateral e setorial: decomposição de Borin e Mancini... 322

4.4.2 Base de dados... 332

4.5 ANÁLISE DA INSERÇÃO DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE BRASILEIRA NA CGV A PARTIR DA METODOLOGIA DO VALOR ADICIONADO SETORIAL E BILATERAL... 335

4.5.1 Decomposição do valor adicionado da indústria de papel e celulose na CGV... 336

4.5.2 Análise comparativa do posicionamento do Brasil e demais países na CGV... 356

4.5.3 Brasil: estrutura a jusante e montante da indústria de papel e celulose brasileira... 360

4.6 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS PONTOS... 364

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 367

REFERÊNCIAS... 378

APÊNDICE A - Decomposição das exportações brutas totais de acordo com as categorias da decomposição de Borin e Mancini (2017a) modelo sink based: Brasil e países selecionados – (2000 - 2014) (Em %)... 397

APÊNDICE B - Decomposição das exportações brutas totais de acordo com grandes categorias da decomposição de Borin e Mancini (2017a) modelo sink based: Brasil e países selecionados – (2000 - 2014) (Em %).. 403 ANEXO A - Industries in WIOD release 2016 (according to ISIC Rev.4) 410

(22)

1 INTRODUÇÃO

As estratégias de política econômica visando o crescimento e o desenvolvimento têm como princípio uma economia global marcada pelo aprofundamento do processo de globalização em suas dimensões produtiva e financeira1, principalmente a partir dos anos 1980. Segundo Faro e Faro (2000), esse processo influenciou a conduta dos países na gestão da política externa e defesa de seus interesses econômicos ao decidirem abrir os mercados e acelerar as trocas comerciais, tornando a competição internacional mais acirrada devido ao elevado grau de integração espaço-temporal das economias e, portanto, a geoestratégia dos espaços econômicos. O território passou a ser constituído pela integração regional e a ser condicionado pelo dinamismo econômico das nações e pelo capital externo. A gestão do território passou a ter um caráter estratégico para o desenvolvimento das atividades econômicas gerando relações políticas e de poder, o que alterou as hierarquias dos espaços e as estratégias de internacionalização da produção (VIEIRA; VIEIRA, 2007).

Essas transformações têm gerado mudanças na estrutura do comércio internacional e no fluxo de mercadorias e serviços entre países, principalmente após a globalização produtiva de 1990, o que tem levado muitas indústrias a deixar a “condição de entidades delimitadas nacionalmente para a condição de redes de negócios fragmentadas, em termos organizacionais e globalmente distribuídas”, ou seja, a integrar as chamadas Cadeias Globais de Valor (CGVs) (LIMA, 2015, p. 06).

A abertura dos mercados induziu muitos países a se especializarem em indústrias específicas e em diferentes estágios da produção intensificando o fluxo de relações bilaterais entre países e regiões geográficas específicas. Muito em decorrência da difusão dos avanços na tecnologia de comunicações e transportes que permitiu que indústrias se estabelecessem em distintos locais e operassem através de redes de comercialização que cobrem amplas distâncias geográficas (ELMS; LOW, 2013).

Os resultados dessa crescente fragmentação internacional das cadeias de produção traduziram-se em bens comercializados localmente ou exportados, produzidos a partir de componentes importados de diversos países e em uma maior interdependência estrutural entre os parceiros

1Esses termos se referem a uma ordem econômica na qual as restrições a mobilidade dos capitais físicos e financeiros entre economias são progressivamente eliminadas, dada uma maior integração internacional dos mercados financeiros decorrentes dos movimentos de liberalização e desregulamentação que levaram à abertura dos mercados (CHESNAIS, 1996).

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comerciais, impulsionando, dessa forma, movimentos de integração produtiva. Ou seja, a fragmentação faz com que países ou regiões importem mais insumos intermediários, adicionem valor para então reexportá-los, resultando em uma crescente verticalização e interconexão dos processos produtivos e integração de amplas redes de produção e comércio (HUMMELS; ISHII; YI, 2001).

Assim sendo, a compreensão da atual dinâmica do comércio internacional requer o entendimento das novas formas de organização da produção, nas quais a dispersão das tarefas globalmente e os custos de obtenção do conhecimento e coordenação assumem papel preponderante, o que Baldwin (2006) denominou de “novo paradigma” produtivo. Nesse novo paradigma a esfera produtiva tornou-se multifacetada, caracterizada pelo surgimento de novas formas organizacionais, onde a produção é flexível e dispersa geograficamente, de forma que existe um interesse relativo na diminuição das barreiras comerciais, ao mesmo tempo que a produção é internalizada e evolui em direção à integração funcional de atividades geograficamente dispersas por meio da conformação das CGV. Sistema de produção este, que tem expandido o comércio internacional a níveis superiores à própria expansão do produto mundial.

Segundo Elms e Low (2013, p. 26), essas formas de produção e comércio se distinguem de formas anteriores dada a: “velocidade, escala, profundidade e amplitude das interações globais” e por trazerem questões inteiramente novas à discussão, como o contexto sócio-político em que operam as CGVs nas economias que a integram, principalmente nas economias periféricas, e os desafios enfrentados por essas cadeias destas economias dentro do comércio internacional. Uma vez que, as relações de produção estabelecidas nas CGVs resultam em uma maior interdependência bilateral entre as nações que nem sempre é estabelecida simetricamente, o que pode tornar o processo não vantajoso.

Na visão de Oliveira (2014) a lógica das CGVs tem acontecido de forma assimétrica, principalmente em países periféricos do tipo I, como é o caso do Brasil, que fornecem essencialmente matérias primas e importam insumos e equipamentos externos. Segundo a autora, a própria dinâmica do processo de hierarquização do comércio mundial “tranca (lock‑in) empresas e países em atividades de baixo valor agregado, sustentadas por vantagens competitivas estáticas baseadas em baixos custos de produção sem benefícios de longo prazo para aprendizado, inovação e desenvolvimento”, ao mesmo tempo que retira a capacidade dos Estados nacionais de organizar a produção em seu próprio território (OLIVEIRA, 2014, p. 42).

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Fatores estes, que até então, foram considerados irrelevantes nas teorias existentes anteriormente sobre comércio internacional, dado o contexto histórico de quando essas teorias foram formuladas. As teorias analíticas sobre comércio internacional que antecederam as transformações nas formas como a produção e comercialização operam, demonstraram-se insuficientes para explicar as mudanças ocorridas no comércio internacional decorrentes, sobretudo, da crescente especialização e da multiplicidade e complexidade das cadeias produtivas globais que requerem escalas de provimentos de produtos e insumos cada vez maiores e complexas. O que ocasionou uma grande lacuna teórica de análise do desenvolvimento econômico dadas as novas formas de fluxos de comércio internacional. Na visão de Baldwin (2006) é preciso compreender a produção e comércio dentro de um novo paradigma, no qual as transformações resultaram em uma forte onda de desagregação da produção, uma rápida industrialização de vários países em desenvolvimento, principalmente os do leste asiático e uma forte elevação do volume de produtos comercializáveis e importados, além de um significativo aumento do comércio Norte-Sul e Sul-Sul. Tendo em vista que grande parte da manufatura passou a ser realizada por empresas localizadas em países emergentes dados os movimentos de offshoring2 e outsourcing3(OLIVEIRA, 2015).

Diversos estudos atestam que desde a década de 1990 a participação dos produtos manufaturados nas exportações de mercadorias de países em desenvolvimento localizados no Hemisfério Sul aumentou acentuadamente, assim como a participação de insumos intermediários, intensificando o comércio intra-indústria. Enquanto as sete maiores economias do mundo localizadas no Norte, perderam participação no comércio internacional, principalmente nas exportações, em detrimento das economias de baixos salários do Hemisfério Sul, como as asiáticas (WTO, 2001; BALDWIN, 2006, 2011; HANSON; MATALONI; SLAUGHTER, 2003).

Nos anos 2000, as exportações dos países em desenvolvimento do Sul representaram 27% das exportações mundiais de manufaturados, ou seja, uma elevação de 17% em relação à participação desses mesmos países em 1990, e a proporção do comércio mundial de bens e serviços no Produto Interno Bruto (PIB) mundial atingiu 29%. Ainda após os anos 2000, houve um salto relevante nas importações de bens e serviços como proporção do PIB mundial de 22% para 28,5%. Concomitantemente, houve uma multiplicação dos acordos comerciais como

2Desempenho de tarefas de uma empresa em um país diferente de onde a sede desta está localizada.

3Processo no qual uma empresa contrata outra para desempenhar determinada função, ou seja, terceirização de tarefas.

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General Agreement on Tariffs and Trade (GATT - Acordo Geral de Tarifas e Comércio) e North American Free Trade Agreement (NAFTA - Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) e de reformas com objetivos de liberalização econômica (WTO, 2001; BALDWIN, 2006, 2011; HANSON; MATALONI; SLAUGHTER, 2003, TIMMER et al., 2016).

Contudo, autores como Timmer e outros (2016) identificaram dentro desse novo paradigma uma nova tendência de desaceleração do comércio internacional observada desde 2011 decorrente de uma redução geral na atividade econômica global. Para esses autores quando se analisa as importações de bens e serviços como proporção do PIB mundial, identifica-se uma redução significativa das importações entre 2008 e 2009 em decorrência da crise global e uma retomada do crescimento após esse período. Todavia, após 2011 as importações voltam a cair sutilmente e a prolongar esse comportamento. Atestando que existem indícios de que a relação entre comércio e crescimento do PIB está passando por uma mudança fundamental.

As justificativas para essa mudança se amparam em dois eixos: O primeiro enfatiza mudanças na composição da demanda final, que contém tanto consumo como demanda de investimento ao argumentar que a recessão econômica global e suas consequências afetaram várias categorias de demanda final em diferentes graus e a propensão a realizar gastos em investimentos e bens de consumo, contudo, haverá uma futura retomada da atividade econômica agregada e da demanda por investimentos o que renovaria o comércio global mais uma vez. O segundo eixo que centra os argumentos no possível declínio das cadeias de valor globais, destacando que mudanças na estrutura de produção internas de alguns países e a robotização – com a ascensão da indústria 4.0 - elevou a capacidade de produção local, a exemplo da China, (TIMMER et al., 2016).

Assim sendo, entender a conformação do comércio internacional e qual o padrão de especialização comercial de um país e/ou indústria e como estes se inserem nas CGVs comparativamente a outros países tornou-se ainda mais primordial para o estabelecimento de estratégias que visem ampliar a discussão sobre indústrias chaves e competitivas, antecipando as tendências de mudanças no comércio com o objetivo de fortalecer e/ou aumentar a atuação e posicionamento do país em estágios produtivos que possibilitem agregar maior valor a produção e, por conseguinte, promover o desenvolvimento econômico.

Nesse cenário, compreender o padrão de especialização da indústria de papel e celulose global e qual o papel desempenhado pela indústria brasileira, merece destaque, uma vez que esta indústria tem apresentando taxas de crescimento expressivas a cada ano, o que tem permitido saldos comerciais favoráveis para o Brasil, assim como a geração de emprego e renda para o

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país, ao colocar o Brasil entre os principais produtores de celulose, papel e painéis de madeira no mundo.

Segundo dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) (2018), em 2017, a produção de celulose brasileira ocupou a segunda posição no comércio internacional com um total de 18,8 milhões de toneladas produzidas e com um volume exportado de U$S 5,2 bilhões, ou seja 16,5% das exportações mundiais, enquanto a produção de papel brasileira ocupou a oitava colocação no comércio internacional como 2,52% da produção mundial ou 10,3 milhões de toneladas produzidas.

Esses dados demonstram que o Brasil pode ser competitivo na cadeia global de valor da indústria de papel e celulose e até mesmo controlar uma, se focar em estratégias que permitam realizar upgrading na cadeia ao investir na integração ao focar não só a produção de matéria-prima, mas principalmente na produção de produtos que agreguem maior valor na indústria como o papel. Haja vista que, o potencial brasileiro é relevante, principalmente por possuir a maior empresa produtora de celulose do mundo criada a partir da fusão da Fibria e Suzano no ano de 2019, que figura entre os principais players produtivos mundiais. Fatores que indicam que a indústria nacional possui grande vitalidade e disposição de crescer, e assim, minimizar os riscos decorrentes das oscilações no mercado mundial.

Dada essa conjuntura, analisar a dinâmica da indústria de papel e celulose global, bem como seu funcionamento e tendência dentro da perspectiva das cadeias globais de valor e dos novos cenários do comércio internacional, assim como o papel desempenhado pelo Brasil nessa cadeia é notadamente relevante. Uma vez que essa indústria é pouco estudada pela literatura especializada, apesar de apresentar características relevantes para a natureza do estudo da presente tese sobre a dinâmica das CGVs.

À vista disso, a presente tese teve como objetivo principal analisar a dinâmica da indústria de papel e celulose global, bem como seu funcionamento e tendência dentro da perspectiva das cadeias globais de valor, assim como o papel desempenhado pelo Brasil nessa cadeia. Para tanto, buscou-se responder aos seguintes questionamentos: 1) A reestruturação produtiva capitalista e a lógica de produção e comercialização realizada através das cadeias globais de valor influenciaram a atual dinâmica e o funcionamento da indústria de papel e celulose global? 2) Até que ponto a indústria de papel e celulose brasileira está envolvida nessa cadeia, ou ainda quão significativa é a interconexão entre a indústria de papel e celulose brasileira e a mesma indústria em outras economias? 3) Qual o posicionamento do Brasil na cadeia global de valor

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da indústria de papel e celulose? 4) Existem possibilidades de maior inserção do Brasil em termos quantitativo e qualitativo na CGV da indústria de papel e celulose?

A primeira hipótese defendida é que a indústria global de papel e celulose se configura como uma das principais indústrias que têm passado por transformações com a internacionalização da produção, o que tem resultado em uma maior integração entre os países produtores do Hemisfério Norte com os países do Hemisfério Sul, com destaque para o Brasil. Contudo, a integração da indústria brasileira a CGV de papel e celulose tem sido realizada de forma mais intensa a montante na CGV do que a jusante.

A segunda hipótese defendida é que o Brasil tem se inserido principalmente em estágios que agregam menos valor mais intensivos em insumos primários como a celulose, ou seja, como exportador de produtos brutos, situação está que representa o quadro geral de inserção internacional do Brasil, com elevada concentração na pauta exportadora de produtos de baixa intensidade tecnológica. Enquanto os países do Hemisfério Norte, tradicionais na produção, continuam concentrando as atividades de maior valor adicionado.

Com a finalidade de responder aos questionamentos levantados e atestar as hipóteses defendidas nesse estudo, foram utilizadas as abordagens teórico-metodológicas do comércio exterior como GVC approach e a metodologia do valor adicionado que usa tabelas insumo-produto disponibilizados pelas Organizações Não-Governamentais Internacionais (ONGs) e pelas agências de estatística para fornecer insights sobre o valor adicionado setorial e bilateral nas Cadeias Globais de Valor. Para tanto, a presente tese se divide em três capítulos, além dessa introdução.

O primeiro capítulo (seção 2) analisa a conformação das cadeias globais de valor dentro do contexto de globalização e fragmentação produtiva, ao mesmo tempo que sistematiza o corpo teórico que alicerçou a discussão das conformidades da CGV da indústria de papel e celulose, tal como o entendimento da sua dinâmica e composição. Essa base teórica também serviu para analisar a inserção no comércio internacional da indústria brasileira de papel e celulose. Para isso, o capítulo foi dividido da seguinte forma: o subitem 2.1 apresenta uma breve introdução, no subitem 2.2.1 são discutidas as teorias tradicionais do comércio internacional que conformaram as bases da literatura sobre CGVs; no subitem 2.2.2 são discutidas as novas formas de organização do comércio internacional; no subitem 2.3 a dinâmica das CGVs é apresentada, sendo descrita a gênese do conceito e as perspectivas teórico-analíticas de análise; no subitem 2.4 são apresentados os estudos que conformam críticas à organização da produção através das CGVs; e, por fim, é apresentada a síntese dos principais pontos do capítulo.

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Considerou-se relevante a construção desse capítulo teórico, haja vista a relevância de estabelecer a base de análise teórica do comércio exterior estruturado através de CGVs a partir da discussão de como a reestruturação produtiva ocorrida com os fenômenos da globalização alteraram o quadro analítico e o corpo teórico das abordagens tradicionais, até então existentes, para análise das relações comerciais internacionais. E assim, discutir como o debate sobre as CGVs se insere entre as teorias existentes sobre o comércio internacional.

Isto posto, o capítulo dois (seção 3) analisa a dinâmica, o funcionamento e a composição da indústria de papel e celulose no mundo no contexto pós-abertura econômica a partir do levantamento de informações estatísticas sobre a organização do processo produtivo na economia mundial e do mapeamento do comércio exterior no período que compreende desde 1961 até 2017 de acordo com a disponibilidade de dados. Para isto, foram realizadas análises a partir de uma estatística descritiva dos dados dos segmentos de celulose e papel a partir do levantamento de informações sobre produção, exportação, importação e consumo entre outros que se demonstraram relevantes.

Esse capítulo foi dividido em cinco itens: o item 3.1 apresenta uma breve introdução, o item 3.2 mostra as mudanças estruturais na indústria de papel e celulose global na dinâmica da CGV; o item 3.3 apresenta a dinâmica e funcionamento da indústria de papel e celulose global; o item 3.4 mostra o mapeamento da produção global da indústria de papel e celulose; o item 3.5 apresenta o mapeamento do comércio exterior da indústria de papel e celulose e principais players, e, por fim, é apresentada a síntese dos principais pontos do capítulo. A base de dados usada nas análises estatísticas descritas foi obtida através de dados secundários obtidos a partir de fontes como FAO, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

O capítulo três (seção 4) analisa a indústria de papel e celulose brasileira comparativamente a outras economias, identificando sua dinâmica, posicionamento, nível de inserção, padrão de valor adicionado e principais parceiros comerciais a partir da identificação dos fluxos bilaterais de suas exportações de papel e celulose a montante e a jusante. Para tanto, foi adotada a metodologia de Borin e Mancini (2017a) que decompõe o valor das exportações brutas do modelo Koopman, Wang e Wei (2014) a partir do valor que é adicionado diretamente, refletido e redirecionado.

Borin e Mancini (2017a) repartem os termos identificados nas exportações em um número maior de termos, de modo que seja possível analisar as exportações tanto no enfoque bilateral

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quando no enfoque setorial4 a partir de dois métodos de análise: o sink-based e o source-based. O modelo source-based é baseado no método da fonte e considera o valor adicionado na primeira vez que o insumo/bem intermediário deixa o país de origem, enquanto o modelo sink-based é baseado no método do sumidouro/destino e considera a última vez que o insumo/bem intermediário cruza as fronteiras nacionais (BORIN; MANCINI, 2017). Assim, é possível relacionar o setor/país em que o valor adicionado é gerado com o setor/país onde é absorvido pela demanda final.

A base de dados usada para as análises setorial e bilateral entre o Brasil e economias selecionadas foi a World Input-Output Database (WIOD) que é uma base de dados construída a partir de estatísticas publicamente disponíveis, provenientes de diversas fontes internacionais, como bancos de dados das contas nacionais dos países, que combina informações sob demanda, produção e comércio internacional para fornecer uma série de dados temporais anuais de tabelas de insumo-produto mundiais a partir de 1995. E que fornece um panorama abrangente de transações entre indústrias e consumidores finais a partir de dados sobre quantidades e preços dos insumos, incluindo dados sobre capital, mão-de-obra e salário (TIMMER et al., 2015, 2016).

Assim, o capítulo três foi dividido em cinco itens: 4.1 introdução, 4.2 apresenta a caracterização da indústria de papel e celulose brasileira; o item 4.3 analisa a dinâmica da produção nacional e do comércio exterior da indústria de papel e celulose brasileira; o item 4.4 apresenta a metodologia e base de dados usadas na análise; o item 4.5 analisa a inserção da indústria de papel e celulose brasileira na CGV a partir da metodologia do valor adicionado setorial e bilateral; e por fim, a síntese dos principais pontos do capítulo é apresentada.

Ao final do trabalho são apresentas as considerações finais da tese (seção 5), destacando os principais resultados e a veracidade ou não das hipóteses norteadoras estabelecidas, assim como os principais obstáculos do estudo e as recomendações para possíveis estudos.

4Ainda que Kupfer (2013, p. 21) defina indústria como “o conjunto de empresas voltadas para a produção de mercadorias que são substitutas entre si e, dessa forma, fornecidas a um mesmo mercado” e que o termo setor seja comumente usado para designar um grande segmento da economia. Cabe salientar que na metodologia de matrizes insumo-produto esses termos são, normalmente, entendidos como sinônimos. Assim, os termos indústria e setores serão tratados como semelhantes na presente tese.

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2 CADEIAS GLOBAIS DE VALOR: UMA NOVA PERSPECTIVA DE ANÁLISE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

2.1 INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo foram desenvolvidos diversos modelos e teorias de análise do comércio internacional para discutir a complexa heterogeneidade de elementos que influenciam e determinam as bases do comércio entre regiões e sua relação com o crescimento econômico e especialização produtiva. Uma vez que, a forma como o comércio internacional opera está visceralmente atrelada ao contexto histórico vigente, inicialmente ligado ao surgimento e desenvolvimento do capitalismo comercial e industrial ocorrido entre os séculos XVI e XIX, e mais recente às mudanças tecnológicas e produtivas engendradas pela revolução tecnológica no século XX, como também ao dinamismo da lógica da divisão internacional do trabalho na chamada globalização.

A busca por maior especialização e inserção internacional dos países no comércio exterior via políticas industrializantes engendrou avanços significativos nas tecnologias de informação e comunicação no século XX que resultaram no desenvolvimento de tecnologias capazes de reduzir os custos de transportes, aumentar a comercialização de bens e serviços, além de criar novos tipos de serviços negociáveis, facilitando e elevando o número de transações no comércio exterior. Essa nova face do comércio engendrada pelo progresso técnico, reduziu consideravelmente as distâncias, facilitando a integração funcional entre atividades dispersas internacionalmente, acarretando assim, diversas mudanças estruturais nas economias, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial e o fim da Guerra-Fria5, face também conhecida como globalização (BALDWIN, 2006).

Nos anos 1980 e 1990, ocorreu uma rápida industrialização de vários países em desenvolvimento, principalmente os do leste asiático, dada a crescente importância da industrialização orientada para a exportação, o que tornou a integração no mercado global praticamente sinônimo de desenvolvimento para várias nações, gerando assim um significante crescimento na participação desses países na exportação de produtos manufaturados e nos investimentos externos diretos. Concomitantemente, houve um significativo aumento do 5Após a Segunda Grande Guerra, a integração econômica internacional ampliou-se, sobretudo, dado o progresso tecnológico e as políticas econômicas liberalizantes, que objetivavam eliminar os obstáculos ao comércio internacional como as restrições de investimento estrangeiro direto (IED) e as barreiras tarifárias e não tarifárias entre países, principalmente nos blocos regionais. Já com o fim da guerra-fria, houve uma maior abertura dos antigos países do bloco comunista e assim, elevação do número de mercados capitalistas disponíveis às transações comerciais (OCDE, 2007).

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comércio Sul-Sul, tendo em vista que grande parte da manufatura passou a ser realizada por empresas localizadas em países emergentes dados os movimentos de offshoring e outsourcing, contribuindo para uma crescente desindustrialização dos países desenvolvidos (OLIVEIRA, 2015).

Nesse contexto, o comércio internacional sofreu grandes transformações em sua composição adquirindo novas dinâmicas e padrões não contemplados pelas teorias do comércio até então existentes, que discutiam os parâmetros do que Baldwin (2006) denominou como primeira desagregação, ou o “paradigma do comércio de bens concluídos”. Neste paradigma, as análises do comércio internacional concentram-se nos setores, nos custos de comercialização dos bens e na produtividade enquanto medida de competitividade como unidades de análise.

Contudo, a compreensão da atual dinâmica do comércio internacional requer o entendimento das novas formas de organização da produção, nas quais a dispersão das tarefas globalmente e os custos de obtenção do conhecimento e coordenação assumem papel preponderante. Ou seja, os teoremas básicos do comércio internacional e das vantagens comparativas desenvolvidos por Ricardo, Herkscher-Ohlin e diversos outros autores destinados a processos de produção integrados dentro de apenas um país e produção de um bem final único, não se aplicam mais ao mundo muito mais complexo, é preciso compreender a produção e comércio dentro de um novo paradigma.

Baldwin (2006) entende que o novo paradigma, ou segunda desagregação, refere-se a um panorama no qual a esfera produtiva tornou-se multifacetada, caracterizada pelo surgimento de novas formas organizacionais, onde a produção é flexível e dispersa geograficamente, de forma que existe um interesse relativo na diminuição das barreiras comerciais, ao mesmo tempo que a produção é internalizada e evolui em direção à integração funcional de atividades geograficamente dispersas por meio da conformação de Cadeias Globais de Valor (CGVs). Nessa reconfiguração, um modelo de comércio internacional caracterizado pela fragmentação internacional da produção não suporta ser analisado a partir dos modelos tradicionais 2x2x2, nos quais dois países com dois setores produtivos são especializados na produção de dois bens finais a partir de dois insumos produtivos (BALDONE; SDOGATI; TAJOLI, 2007).

Com a fragmentação da produção em cadeias globais, a produção de um bem envolve diversos processos produtivos que necessitam de insumos intermediários que na maioria das vezes não é produzido internamente pelo país, sendo necessário a importação dos mesmos. E, dessa forma, nenhum país pode ser considerado como único produtor de um bem final particular acabado.

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Contrariamente, cada país pode se especializar em estágios da cadeia de produção de tamanhos diferentes, tornando a produção, nessa perspectiva, global e não mais localizada e restrita a apenas um país (BALDONE; SDOGATI; TAJOLI, 2007).

A partir dessas novas conformações e dinâmicas do comércio internacional entendidas a partir de uma perspectiva sistêmica, às questões de política comercial e industrial, assim como as estratégias de desenvolvimento se configuram como questões primordiais para alavancar o desenvolvimento das economias, principalmente das economias em desenvolvimento como o Brasil, fatores até então, considerados irrelevantes nas teorias citadas anteriormente. Nesse contexto, a implementação de políticas públicas de promoção de exportações, investimentos e inovação cujo objetivo sejam promover uma maior inserção competitiva do país na economia global que estejam de acordo com o novo paradigma de produção, tornam-se conceitos chaves na nova fase do comércio internacional.

Nessa perspectiva, este capítulo tem por objetivo analisar a conformação das cadeias globais de valor dentro de um contexto de globalização e fragmentação produtiva que têm alterado os parâmetros, as formas de comercialização e organização do comércio internacional, de forma que as empresas, como resultado, têm adequado suas estratégias competitivas através da reorganização da produção em cadeias globais de produção (CGVs). Uma vez que, uma análise congruente do comércio internacional empreende a necessidade de se compreender a gênese dessas novas formas de produção e como estas têm tornado a esfera produtiva cada vez mais fragmentada e deslocalizada ao mesmo tempo que interconectada, o que torna este capítulo essencial para fornecer as bases para a discussão das conformidades do setor de papel e celulose brasileiro, bem como para entender sua dinâmica e composição, assim como sua inserção no comércio internacional.

2.2 COMÉRCIO INTERNACIONAL, GLOBALIZAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO PRODUTIVA

2.2.1 Teorias tradicionais do comércio internacional

A princípio, os modelos e teorias que analisavam a relação entre crescimento econômico, comércio e especialização produtiva e comercial pertinentes ao arcabouço teórico do comércio internacional dividiam-se entre as chamadas teorias clássica e neoclássica de comércio internacional. Adam Smith (1776) ao desenvolver o trabalho seminal sobre a teoria da vantagem absoluta e David Ricardo (1817) com a teoria da vantagem comparativa, foram os principais

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