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2 CADEIAS GLOBAIS DE VALOR: UMA NOVA PERSPECTIVA DE

2.3 A DINÂMICA DAS CADEIAS GLOBAIS DE VALOR

2.3.2 Perspectivas teórico-analíticas das Cadeias Globais de Valor

2.3.2.2 Metodologia do valor adicionado

2.3.2.2.1 Estudos realizados sobre a perspectiva do valor adicionado

Como dito na seção anterior, os estudos realizados pela corrente chamada os Economistas sobre a perspectiva do valor adicionado que combinam tabelas de Insumo-produto com as estatísticas do comércio bilateral, objetivando rastrear o valor agregado dos fluxos de comércio de um país e assim, medir o grau de participação do país nas CGVs podem dividir-se em: (i) perspectiva microeconômica e (ii) perspectiva macroeconômica. Sendo que, a perspectiva microeconômica realiza estudos no horizonte da firma e a perspectiva macroeconômica realiza estudos cujo foco sejam os países e regiões.

A perspectiva microeconômica teve como precursor o estudo realizado por Feenstra (1998) que objetivou demonstrar como a desintegração da produção, via o que ele denominou de outsourcing, foi preponderante para a elevação do comércio internacional, haja vista que com a produção dispersa, eleva-se o comércio de insumos intermediários que passam a atravessar várias vezes as fronteiras durante o processo de fabricação. Para demonstrar esse efeito, o autor utilizou dados de tabelas Insumo-produto e cálculos para o valor adicionado para bens intermediários para indústrias e setores específicos, conforme já descrito em seções anteriores. Dentre os estudos realizados pelos Economistas para analisar as CGVs, na perspectiva microeconômica, um dos trabalhos pioneiros foi o elaborado por Dedrick, Kaemer e Linden (2008) com o objetivo de identificar a distribuição do valor financeiro criado por iniciativas de inovação em produtos específicos nas CGVs. Através da abordagem no nível micro, focando produtos e empresas específicas, os autores identificaram todo o valor financeiro incorporado em um produto com características inovadores e como esse valor era distribuído em toda cadeia desde etapas como design e marca até a fabricação de componentes, e distribuição e venda.

Para tanto, os autores aplicaram a metodologia do valor adicionado a produtos específicos como: iPod e notebook da Apple, modelos da Lenovo e Hewlett-Packard (HP). Como resultado, os autores descobriram que os estágios que produzem tecnologias inovadoras estão localizados em países como EUA e Japão, e mesmo que os estágios de montagem estejam em países como China e Taiwan, são os trabalhadores e acionistas americanos da Apple que obtêm a maior parte do lucro. Os autores também enfatizam que a inovação é importante e, portanto, as empresas que fornecem insumos críticos diferenciados como a Microsoft e Intel retêm a maior parte desses resultados, pois a propriedade de seus softwares lhes permite cobrar um preço premium. Outros trabalhos que se destacam na perspectiva micro de análise são os realizados por Tempest (1996) sobre a boneca barbie e Ali Yrkkö e Hermans (2002) e Ali-Yrkkö e outros (2011) sobre a Nokia. No artigo publicado por Ali Yrkkö e Hermans (2002) os autores objetivaram identificar qual o papel desempenhado pela Nokia no sistema de inovação finlandês e a participação da empresa no total das exportações, nas despesas com P&D, no PIB e na geração de emprego. Já no artigo publicado por Ali-Yrkkö e outros (2011) os autores ampliam a perspectiva de análise micro ao buscaram mensurar a geografia do valor adicionado para um produto específico, no caso o Nokia N95, smartphone produzido em 2007 dentro da ótica das CGVs, concentrando-se para tanto, no valor agregado.

A partir de uma perspectiva mais detalhada, a análise realizada por Ali-Yrkkö e outros (2011) foi baseada no exame de cada um dos 600 componentes individuais do smartphone mais todos os aspectos intangíveis que compõem o modelo como: componentes diretos, peças, subconjuntos, software, licenças, marca, tecnologia, designer entre outros. Os resultados encontrados demonstraram que ao longo do ciclo de vida do aparelho, cerca de 55% do valor adicionado foi capturado pelos países da União Europeia e mesmo quando a montagem final ocorreu na China e as vendas finais ocorreram nos Estados Unidos, esses países capturaram 51% do valor agregado.

Os autores concluíram a partir do estudo que a montagem final do produto se apropria de uma parcela bem menor do valor adicionado que fica retido em outros estágios de produção localizados em países desenvolvidos e que, portanto, os decisores políticos não deveriam focalizar suas ações em atrair ou manter estágios destinados a produção em si dos produtos, mas em outros estágios que agreguem mais valor a cadeia.

Outras análises para produtos mais complexos foram realizadas por Baldwin (2009) que focou a produção de automóveis e por Grossman e Rossi-Hansberg (2006a) para a produção de aviões, autores já trabalhados em seções anteriores. De modo geral, os estudos da perspectiva

microeconômica demonstram a existência de um padrão de especialização, no qual os países desenvolvidos especializam-se em produtos intensivos em capital, trabalho qualificado e outros aspectos intangíveis, capturando a maior parcela do valor adicionado, enquanto os países em desenvolvimento desempenham atividades tangíveis relacionadas a montagem e de baixa qualificação, adicionando, dessa forma, pouco valor nas CGVs. Outra evidencia é a constatação da discrepância entre o comércio bruto e o comércio por valor adicionado, demonstrando uma imprecisão das estatísticas tradicionais de comércio que pode levar a uma interpretação equivocada sobre o padrão de especialização comercial dos países.

Esses exemplos colocam em evidência a relevância de inserção na CGV em níveis mais intensivos em tecnologia, assim como ter empresas com capacidade de liderança sobre a cadeia produtiva, fragmentando a produção de acordo com a estratégia de lograr maiores resultados para a empresa, com uma nítida política de concentrar estágios da produção mais intensivos em tecnologia nos países de origem das empresas e atribuir outras estágios da produção em outros países que propiciem maior competitividade para seus produtos com redução de custos. Isso aponta para o fato de que, embora se discuta muito que na economia global a nacionalidade das empresas não é mais relevante, as decisões das empresas de fragmentar sua produção ainda estão fortemente associadas ao seu país de origem, distribuindo estágios menos intensivos em tecnologia para outros países e os estágios mais intensivos em tecnologia permanecendo no país de origem. Indubitavelmente esse cenário não está desconectado de políticas industriais por parte dos governos e nações, de modo que pensar em comércio internacional na lógica da CGV deve estar conectado com a elaboração e implementação de políticas industriais inseridos nesse novo contexto internacional.

Na perspectiva macroeconômica de análise do valor adicionado destacam-se os trabalhos desenvolvidos por Hummels, Ishii e Yi (2001), Daudin, Rifflart e Schweisguth (2011), Johnson e Noguera (2012), Koopman, Wang e Wei (2012, 2014), Stehrer, Foster e Vries (2010), Timmer e outros (2013), Fally (2012), Antrás e outros (2012), Fally e Hillberry (2013), Miroudot e De Becker (2013) entre outros. Estes trabalhos têm como objetivo analisar o quanto a produção tem se tornado verticalizada com base em análises do valor adicionado realizadas a partir de tabelas e matrizes Insumo-produto.

Hummels, Ishii e Yi (2001) são considerados os precursores da análise macroeconômica, pois utilizaram tabelas input-output obtidas da OCDE com o objetivo de quantificar a natureza e o crescimento vertical da especialização entre países que envolve os bens importados que são utilizados como insumos para produzir produtos de exportação. Para cumprir tal objetivo, os

autores criaram índices de especialização vertical (VS) como forma de medir a especialização vertical de um país. Os resultados encontrados pelos autores demonstraram que entre 1970 e 1990, para os 14 países analisados (nações do G7, Austrália, Dinamarca, Holanda, Irlanda, Coreia, Taiwan e México), a participação da VS nas exportações de mercadorias elevou-se cerca de 30%, assim como o crescimento das exportações, ou seja, que o aumento das exportações associadas a especialização vertical representou um terço do crescimento das exportações mundiais e que parte do crescimento do comércio internacional deve-se ao comércio com base na especialização vertical.

Daudin, Rifflart e Schweisguth (2011) a partir da evidenciação de que a participação do comércio de insumos, também identificado como comércio vertical, aumentou consideravelmente nas últimas décadas e que as estatísticas do comércio internacional não oferecem uma representação fidedigna da integração comercial e dessa nova divisão global do trabalho, sugerem a metodologia do valor adicionado como uma nova medida de comércio internacional, objetivando identificar quem produz para quem no comércio internacional. Para tanto, os autores identificam e analisam todos os estágios de produção de um bem final com o objetivo de rastrear toda a adição de valor agregado de cada setor e de cada país para a produção desse bem. Isto é feito dada a utilização de cinco versões de matrizes insumo-produto obtidas nos bancos de dados GTAP - Global Trade Analysis Project para 57 setores e 66 regiões. Os resultados encontrados pelos autores são semelhantes aos encontrados por Hummels, Ishii e Yi (2001) em seus trabalhos e demonstram que as estatísticas de comércio padrão fornecem uma imagem distorcida da abertura de diferentes setores. Os autores evidenciaram que nos últimos anos a participação da Europa no comércio vertical diminuiu, enquanto a participação da Ásia tem crescido cada vez mais rápida.

Hummels, Ishii e Yi (2001, p. 1425) ainda abordam a questão da regionalização do comércio vertical, identificando que a “relação entre comércio regional e comércio total é muito sensível ao tamanho da região e dimensão dos países constituintes e, portanto, não pode ser facilmente interpretada como uma medida real da intensidade da regionalização”. Em contrapartida, o comércio de valor agregado é mais geograficamente neutro do que o comércio padrão, uma vez que este é menos sensível às barreiras comerciais do que o comércio vertical. Esse estudo representa uma das primeiras análises que estudam os efeitos do comércio vertical sobre os padrões de comércio com uma base de dados que abrange todo os países do mundo (DAUDIN; RIFFLART; SCHWEISGUTH, 2011).

Assim como os autores supracitados, Johnson e Noguera (2012) em seu estudo, combinam dados de tabelas Insumo-produto e comércio bilateral para calcular o conteúdo do valor adicionado do comércio bilateral baseados na prerrogativa de que as estatísticas sobre comércio internacional padrão não caracterizam de forma fidedigna os dados sobre o comércio. Para isso, os autores constroem tabelas bilaterais de Insumo-produto que descrevem quanto determinados setores em cada país de destino compra de insumos intermediários provenientes de fontes estrangeiras e domésticas, assim como cada país se caracteriza como fontes de bens finais. A partir da construção dessas tabelas os autores conseguem definir a produção bruta de cada país de acordo com o destino onde é finalmente absorvida, assim como conseguem calcular o valor adicionado associado à transferência implícita de bens para cada destino. Como resultado, os autores conseguem construir um “conjunto de dados de ‘exportações de valor adicionado’ que descreve o destino onde o valor adicionado produzido em cada país é absorvido” (JOHNSON; NOGUERA, 2012, p. 3).

Através da construção do índice “VAX”, uma medida da intensidade do compartilhamento de produção, ou seja, mede a relação entre o valor agregado e as exportações brutas, Johnson e Noguera (2012) identificaram que as relações VAX são substancialmente maiores nos setores da agricultura, recursos naturais e serviços do que nos setores das manufaturas, o que pode ser explicado pelo fato de que o setor de manufaturas consome insumos dos outros setores e, dessa forma, agrega o valor adicionado produzido por estes outros setores. Essa interpretação dos fatos indica que existem diferenças significativas entre o valor agregado e os fluxos comerciais brutos que refletem a heterogeneidade nas relações de compartilhamento de produção (JOHNSON; NOGUERA, 2012).

Koopman, Wang e Wei (2012) propõem em seu trabalho um quadro para analisar a contabilidade das exportações brutas através de uma estrutura matemática que decompõe as exportações brutas em seus diversos componentes, cujo objetivo é identificar quais partes dos dados comerciais oficiais são contados de forma duplicada e quais as fontes da dupla contagem que englobam o comércio oficial e as estatísticas das contas nacionais. Esse quadro fornece uma relação precisa entre as medidas de valor agregado e as estatísticas oficiais do comércio, e, assim, uma referência observável mais confiável.

O quadro proposto por Koopman, Wang e Wei (2012) incorpora medidas de especialização vertical e de valor adicionado do comércio propostos por estudos anteriores como os utilizados por Hummels, Ishii e Yi (2001) e Johnson e Noguera (2012) em seus trabalhos. Assim como esses autores, Koopman, Wang e Wei (2012) demonstram que as exportações brutas podem ser

decompostas em conteúdo doméstico e conteúdo estrangeiro de especialização vertical em um único modelo insumo-produto para um único país sem comércio internacional bidirecional de bens intermediários. Nesse estudo, as tabelas são construídas através da integração da base de dados do GTAP (versão 7) e da base International Trade Statistics Database (UNTRADE) da Organização das Ações Unidas (ONU) utilizando programação matemática quadrática e especificam a origem e o destino de todos os fluxos de transações para 41 setores de 26 países. Analogamente aos trabalhos já citados nesse texto, Stehrer, Foster e de Vries (2010) fornecem uma abordagem para decompor o valor adicionado do capital e do trabalho (que no estudo é diferenciado por categorias de escolaridade que envolve trabalho de alto, médio e baixo nível de escolaridade) do conteúdo do comércio em componentes estrangeiros e domésticos. Esses componentes são incluídos objetivando aferir a extensão das exportações, importações e comércio líquido de valor agregado e sua importância relativa entre os padrões de comércio dos países e o conteúdo de valor agregado doméstico dos 41 países analisados.

Ao decompor o valor adicionado do trabalho por nível educacional, por exemplo, Stehrer, Foster e de Vries (2010) identificaram que os países avançados se configuram como exportadores mais sólidos de mão-de-obra de alta escolaridade em comparação aos países em desenvolvimento. O que demonstra que, a decomposição do valor adicionado por fator de produção pode fornecer, dessa forma, uma visão diferenciada sobre a estrutura dos déficits comerciais e os excedentes entre os países com base no seu conteúdo de fatores, ou seja, permite analisar em quais fatores de produção um país é considerado como exportador ou importador líquido. Assim sendo, a partir das suas análises, os autores identificaram que a balança comercial de um país em termos brutos é igual à sua balança comercial em termos de valor agregado e que os serviços desempenham papel mais relevante do que o que é identificado pelas estatísticas comerciais convencionais.

Fally (2012), similarmente aos autores supracitados, fornece análises sobre a especialização vertical da produção através da análise de valor adicionado e tabelas Insumo-produto. Contudo, diferentemente, o autor fornece análises quantitativas sobre o comprimento das cadeias produtivas, a evolução do estágio de produção ao longo do tempo e seus determinantes, além de analisar o processo de fragmentação da produção através de plantas ao invés da fragmentação através das fronteiras. Para tanto, o autor desenvolve duas medidas simples: i) o número de estágios de produção incorporados em cada produto; ii) o número médio de etapas entre a produção e o consumo final que conjuntamente, fornecem informações complementares sobre a posição de cada produto ao longo das cadeias de valor.

Os resultados encontrados por Fally (2012) indicam que o número de estágios incorporados na produção de um bem está negativamente correlacionado com a especificidade do produto, intensidade de P&D, intensidade de habilidade e dependência das finanças externas. E que o número médio ponderado dos estágios de produção tem diminuído em mais de 10% nos últimos 50 anos, tanto nos setores primários quanto nas indústrias de fabricação, em decorrência, da crescente participação dos serviços na produção total e das mudanças nos padrões de consumo para produtos que exigem menos etapas de produção. Os resultados encontrados indicam ainda que os estágios iniciais de produção contribuem cada vez menos para o valor final da produção, enquanto estágios posteriores de produção agregam mais valor.

Em seu trabalho, Fally (2012) ainda sugere que as características da indústria podem determinar mudanças no valor agregado, ou seja, indústrias mais intensivas em publicidade, mão-de-obra qualificada e capital menos intensivo experimentaram uma taxa de crescimento maior. O autor ainda identifica que países desenvolvidos e em desenvolvimento possuem uma tendência de se especializar em diferentes estágios ao longo da cadeia de valor. E que países desenvolvidos, como os EUA, apresentam vantagem comparativa ao produzir bens que possuem menos etapas de produção e por estarem mais próximos da demanda final.

Antrás e outros (2012) desenvolvem abordagens para mensurar a distância da indústria até o consumo final, usando para tanto tabelas Insumo-produto do ano de 2002 para países membros selecionados da OCDE para 426 indústrias. Com o objetivo de fornecer novas perspectivas sobre os padrões de comércio a nível do país, os autores buscam, através dessas abordagens, identificar qual a posição média de um país nas cadeias de produção globais, ou seja, se o país tende a ser um exportador em indústrias relativamente a montante versus jusante. Assim, os autores buscam demonstrar que o padrão ideal de propriedade ao longo de uma cadeia de valor depende da posição relativa de cada fornecedor sobre os estágios de produção.

De Becker e Miroudot (2013), em seu trabalho, desenvolvem uma gama de indicadores cujo objetivo é identificar o grau de integração e posição dos países em CGVs de seis grandes indústrias: agricultura e produtos alimentares, produtos químicos, máquinas elétricas e de informática, veículos motorizados, serviços empresariais e serviços financeiros. Através dos indicadores construídos, os autores buscam uma medida que possa identificar o quanto um país está envolvido verticalmente no processo de produção fragmentada, tanto em termos relativos quanto absolutos ao distinguir através do uso de tabelas Insumo-produto o quanto o país em questão usa de insumos estrangeiros e de intermediários domésticos em suas exportações. Para

tanto, os autores utilizam dados provenientes da OECD em cooperação com a WTO para 58 países.

Os indicadores utilizados por Miroudot e De Becker (2013) são provenientes de estudos anteriores realizados por Hummels e outros (2001) e Koopman e outros (2010) para medir a partilha de especialização vertical que mede a quantidade de insumos importados incorporados aos produtos exportados (indicador VS), estudos realizados por Fally (2012) e Ántras e outros (2012) para analisar o número de estágio de produção e a distância entre a produção e a demanda final (upstreamness), entre outros autores.

Os dados empíricos encontrados revelaram que: (i) as economias emergentes bem-sucedidas tornaram-se mais especializadas em insumos intermediários e geralmente aumentaram seu “upstreamness”; (ii) pequenas economias abertas possuem mais contribuições do exterior nas CGVs do que grandes economias; (iii) o índice de participação nas cadeias é menos correlacionado com o tamanho dos países do que o conteúdo importado das exportações; (iii) as cadeias de valor de agricultura e produtos alimentares são relativamente longas e tanto a agricultura como os produtos alimentares possuem cadeias de valor bastante internacionais; (iv) a indústria de produtos químicos é caracterizada pela presença elevada de várias outras CGVs; (v) a indústria de “veículos motorizados” constitui-se como uma das primeiras a ter a produção desagregada internacionalmente, sendo dominada pela presença de empresas líderes localizadas nos países desenvolvidos; (vi) a indústria de eletrônicos tem como principal característica uma elevada modularidade de seus produtos, ou seja, a padronização, codificação e informatização dos processos permitem a fragmentação da produção em diferentes estágios; (vii) o setor de serviços, normalmente, são os menos produzidos através de GVCs, e quando são, geralmente estão relacionados aos serviços empresariais; (viii) os serviços financeiros nas CGVs são destinados às atividades bancarias e envolvem um número reduzido de economias em desenvolvimento (MIROUDOT; DE BECKER, 2013). Esse estudo apresenta-se como uma fonte valiosa para se pensar políticas industriais de forma setorial na lógica das CGVs, Timmer e outros (2013) direcionam seu estudo para a análise dos efeitos da fragmentação da produção nas distribuições de renda dos fatores aos níveis do país, região e ao rastrear o valor agregado para o uso dos fatores de produção trabalho (altamente qualificado ou não) e capital que são diretamente e indiretamente utilizados para a produção de um bem final a partir do uso de matrizes insumo-produto globais. Os resultados encontrados indicaram que dada a distribuição dos fatores de produção, ocorreu uma forte elevação do valor adicionado para a mão-de-obra altamente qualificada diferentemente da mão-de-obra menos qualificada. Outra

evidencia encontrada é que o valor agregado total em países avançados não aumentou no período que abrange os anos de 1995-2008, sendo que todo o crescimento foi realizado em