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Sermões de Quarta Feira De Cinza

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

Sermões de

Quarta

Feira

De Cinza

(2)
(3)

Características

DUALISMO IDEOLÓGICO

(Teocentrismo x antropocentrismo)

SINUOSIDADE LABIRÍNTICA

(Repetições cíclicas )

ORNAMENTALISMO

(Uso abusivo de figuras de linguagem)

(4)

TEMÁTICA

•CONFLITOS RELIGIOSOS

•ANGÚSTIAS:

•MÍSTICA

( Salvação/Perdição )

•EXISTENCIAL

( Efemeridade da vida; Fugacidade do tempo )

(5)

ESTILOS

•CULTISMO

ENVOLVIMENTO SENSORIAL

(gongorismo) AGUDEZA SENSORIAL

PREDOMÍNIO DA DESCRIÇÃO

•CONCEPTISMO

ENVOLVIMENTO RACIONAL

(quevedismo) AGUDEZA RACIONAL

PREDOMÍNIO DA DISSERTAÇÃO

ARGUMENTATIVA

(6)

PE. ANTÔNIO VIEIRA

SERMÕES EM PROSA

ESTILO CONCEPTISTA

INFLUÊNCIA DA ESCOLÁSTICA

( Argumentação lógica baseada na fé)

TEMAS POLÍTICOS, SOCIAIS, ECONÔMICOS, MORAIS E RELIGIOSOS.

1608 /

1697

(7)

Sermões de

Quarta

Feira

De Cinza

(8)

SERMÃO DE QUARTA-FEIRA DE CINZA

Pregado em Roma na igreja de Santo Antônio dos

Portugueses, no ano de 1672

Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris.

(9)

Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris.

(Lembra-te homem, que és pó, e em pó te hás de converter)

“O pó futuro, em que nos havemos de converter é visível à vista, mas o pó presente, o pó que somos, como poderemos entender essa verdade? A resposta a essa dúvida será a matéria do presente discurso”

(10)

ARGUMENTAÇÃO

A Igreja diz-me, e supõe que sou homem: logo não sou pó. O homem é uma substância vivente, sensitiva, racional. O pó vive? Não. Pois como é pó o vivente? O pó sente? Não. Pois como é pó o sensitivo? O pó entende e discorre? Não. Pois como é pó o racional? Enfim, se me concedem que sou homem: Memento

homo, como me pregam que sou pó: Quia pulvis es?

A razão é esta. O homem, em qualquer estado que esteja, é certo que foi pó, e há de tornar a ser pó. (...) Logo é pó. Porque tudo o que vive nesta vida, não é o que é: é o que foi e o que há de ser.

(11)

ARGUMENTAÇÃO

“Porque só Deus é o que foi e o que há de ser. Deus é

Deus, e foi Deus, e há de ser Deus; e só quem é o que foi e

o que há de ser, é o que é. (...) Quem não é o que foi e o

que há de ser, não é o que é. (...) Olhemos para trás: que é

o que fomos? Pó. Olhemos para diante: que é o que

havemos de ser? Pó. Fomos pó e havemos de ser pó?

(12)

ARGUMENTAÇÃO

“Esta é a força da palavra reverteris, a qual não só significa o pó que havemos de ser; senão também a pó que somos. Por isso não diz: convertetis, converter-vos-eis em pó, senão: reverteris, tornareis a ser o pó que fostes. Quando dizemos que os mortos se convertem em pó, falamos impropriamente, porque aquilo não é conversão, é reversão: reverteris. É tornar a ser na morte o pó que somos no nascimento; é tornar a ser na sepultura a pó que somos no campo damasceno. E porque somos pó e havemos de tornar a ser pó: In

(13)

ARGUMENTAÇÃO

“Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse, perguntar-me-eis e com muita razão, em que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são pó caído: os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz. Estão essas praças no verão cobertas de pó; dá um pé-de-vento, levanta-se o pó no ar, e que faz? (...) anda, corre, voa, entra por esta rua, sai por aquela; (...) tudo penetra, em tudo e por tudo se mete, sem aquietar, nem sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalma o vento, cai o pó, e onde o vento parou, ali fica. (...) Não é assim? Assim é. E que pó, e que vento é este? O pó somos nós; o vento é a nossa vida.”

(14)

ARGUMENTAÇÃO

“lembra-te que tudo há de cair de um golpe, e que então se verá o que agora não queremos ver: que tudo é pó, e pó de terra. (...) Cuida o rico inchado que é de prata, e toda essa riqueza em caindo há de ser pó, e pó de terra.

Eu não temo na morte a morte, temo a imortalidade; eu não temo hoje o dia de cinza, temo hoje o dia de Páscoa, porque sei que hei de ressuscitar, porque sei que hei de viver para sempre, porque sei que me espera uma eternidade, ou no céu, ou no inferno. (...) Não é terrível a morte pela vida que acaba, senão pela eternidade que começa. (...) Nenhum homem há naquele ponto que não desejara muito uma de duas: ou não ter nascido, ou tornar a nascer de novo, para fazer uma vida muito diferente. Mas já é tarde, já não há tempo.”

(15)

CONCLUSÃO

“Cristãos e senhores meus, por misericórdia de Deus ainda estamos em tempo. É certo que todos caminhamos para aquele passo, é infalível que todos havemos de chegar, e todos nos havemos de ver naquele terrível momento, e pode ser que muito cedo. (...) Comecemos de hoje em diante a viver como quereremos ter vivido na hora da morte. (...) É possível que por uma cegueira de que me não quis apartar, por um apetite que passou em um momento, hei de arder no inferno enquanto Deus for Deus?”

(16)

CONCLUSÃO

“E para que esta resolução dure e não seja como outras, tomemos cada dia uma hora em que cuidemos bem (...) na nossa morte e na nossa vida. E porque espero da vossa piedade e do vosso juízo que aceitareis este bom conselho, quero acabar deixando-vos quatro pontos de consideração para os quatro quartos desta hora. Primeiro: quanto tenho vivido? Segundo: como vivi? Terceiro: quanto posso viver? Quarto: como é bem que viva?”

(17)

SÍNTESE

SE DO PÓ VIEMOS E AO PÓ RETORNAREMOS,

NÃO

FAZ

SENTIDO

NOS

APEGARMOS

E

VALORIZARMOS ESTA VIDA MATERIAL ( O PÓ

QUE SOMOS). DEVEMOS NOS PREPARAR E

PREOCUPAR COM A VIDA ESPIRITUAL (O PÓ

QUE SEREMOS). USAR ESTA VIDA TERRENA

PARA PREPARAR A VIDA ETERNA

(18)

SERMÃO DE QUARTA-FEIRA DE CINZA

Pregado em Roma na igreja de Santo Antônio dos

Portugueses, EM 15 DE FEVEREIRO Do ano de 1673

Pulvis es, et in pulverem reverteris

.

(19)

Pulvis es, et in pulverem reverteris

.

(Tu és pó, e em pó te hás de tornar )

“O pó que somos: Pulvis es, e o pó que havemos de ser: In pulverem

reverteris. (...) Isto é o que determino pregar hoje. (...) Havemos de

vencer um pó com outro pó; havemos de curar um veneno com outro veneno; havemos de matar uma morte com outra morte: a morte do pó que havemos de ser; com a morte do pó que somos: Pulvis es, et

in pulverem reverteris.”

(20)

ARGUMENTAÇÃO

Quer dizer mais claramente que o remédio único contra a morte, é acabar a vida antes de morrer. (...) Se queres morrer seguro, e viver o que te resta sem temor, acaba a vida antes da morte. (...) Os que acabam a vida com a morte, são vivos que morrem, porque os tomou a morte vivos; os que acabam a vida antes de morrer; são mortos que morrem, porque os achou a morte já mortos.

(21)

ARGUMENTAÇÃO

“O que se erra em uma batalha, pode-se emendar na outra, e o que se perdeu em uma derrota, pode-se recuperar em uma vitória: só a morte é aquela em que não é lícito errar duas vezes. (...) quem uma vez morreu Judas, não lhe resta outra morte para morrer Paulo. (...) Porém quem morre antes de morrer; zomba desta condição (...) A morte não tem remédio depois, mas tem remédio antes. (...) Por lei e por estatuto hei de morrer uma vez, mas na minha mão e na minha eleição está morrer duas, e este é o remédio.”

(22)

ARGUMENTAÇÃO

“Cristãos, e senhores meus, se quereis morrer bem (como é certo que quereis) não deixeis o morrer para a morte: morrei em vida; não deixeis o morrer para a enfermidade e para a cama: morrei na saúde, e em pé. (...) Demos a vida a Deus, enquanto ele no-la dá; demos a Deus o tempo que sempre é seu, enquanto é também nosso, e não quando já não temos parte nele.

(23)

CONCLUSÃO

“Os que morrem antes de morrer, morrem descansados, e morrem para descansar. Oh! que paz, oh! que descanso para a vida e para a morte! Creio que ninguém haverá, se tem juízo, que se não resolva desde logo a viver e morrer assim, ou a morrer assim para morrer assim. Acabando desta maneira a vida, esperaremos confiadamente a morte, e por benefício do pó que somos: Pulvis es, não temeremos o pó que havemos de ser: ln pulverem reverteris.

(24)

SÍNTESE

A MORTE É CERTA E INEVITÁVEL. A ÚNICA

FORMA DE FUGIR A ELA É MORRER ANTES,

MORRER EM VIDA, ABRINDO MÃO DE TODO E

QUALQUER

PRAZER

OU

CONFORTO.

ENTREGANDO-NOS

A

DEUS

EM

VIDA,

GARANTIMOS SEU ACOLHIMENTO NA MORTE.

(25)

SERMÃO DE QUARTA-FEIRA DE CINZA

PARA SER Pregado na CAPELA REAL

Pulvis es, et in pulverem reverteris

.

(Tu és pó, e em pó te hás de tornar )

(26)

Pulvis es, et in pulverem reverteris

.

(Tu és pó, e em pó te hás de tornar )

“Outras vezes, e por vários modos, neste mesmo dia, e sobre estas mesmas palavras, tenho comparado e combinado entre si o pó que somos com o pó que havemos de ser (...) O amor está fora do seu lugar, porque está na vida: o temor também está fora do seu lugar, porque está na morte: o que farei pois, será destrocar estes lugares (...) a morte, que tanto tememos, deve ser a amada, e a vida que tanto amamos, deve ser a temida.”

(27)

ARGUMENTAÇÃO

“A todos esteve bem a ressureição de Lázaro, e só ao mesmo Lázaro esteve mal. Esteve bem a Deus porque foi para sua glória; esteve bem aos discípulos, porque os confirmou na fé; esteve bem aos de Jerusalém, porque muitos se converteram; (...) e só a Lázaro esteve mal, porque a ressureição o tirou do descanso para o trabalho, do esquecimento para a memória, da quietação para os cuidados, da paz para a guerra (...) enfim, da liberdade em que o tinha posto a morte, para o cativeiro e cativeiros da vida.”

(28)

ARGUMENTAÇÃO

“Os passianos, e outras nações que barbaramente se chamam bárbaras, choravam e pranteavam os nascimentos dos filhos, e celebravam com festas as suas mortes; porque entendiam que nascendo entravam aos trabalhos, e morrendo passavam ao descanso”

(29)

ARGUMENTAÇÃO

“Aquele filósofo (...) perguntado pelo imperador Adriano o que era a morte, respondeu que era o medo dos ricos e o desejo dos pobres. (...) parece que é verdadeira a distinção dos que dizem que é melhor a morte que a vida, em respeitos somente dos miseráveis, mas não dos felizes. (...) Mas este engano lhes descobriremos agora para que conheçam, que em todo o estado e em toda a fortuna, a morte é o maior bem da vida, e o pó que havemos de ser, o maior bem do pó que somos.”

(30)

ARGUMENTAÇÃO

“Entre todos os bens da natureza, o mais excelente, o mais útil, e o mais necessário é aquele sem o qual nenhum outro bem se pode gozar, a saúde. (mas a saúde está exposta a um) número sem número de enfermidades, ou geradas dentro do homem, ou nascidas e ocasionadas de fora.”

(31)

ARGUMENTAÇÃO

“As dores e as enfermidades desta vida tem dois remédios,

ou alívios: um natural, que são as lágrimas e os gemidos, e outro violento e artificial, que são os medicamentos. E a morte não só nos livra das misérias da vida, senão dos remédios delas”

(32)

ARGUMENTAÇÃO

“Assim como os tetos sobredourados dos templos e dos

palácios o que mostram por fora é ouro, e o que escondem e encobrem por dentro são madeiros comidos do caruncho (...) debaixo da pompa e aparato com que costumamos admirar os que vemos levantados ao zênite da fortuna, se viramos juntamente os cuidados, os temores, os desgostos que os comem e roem por dentro, antes havíamos de ter compaixão das suas verdadeiras misérias, que inveja à falsa representação e engano do que neles se chama felicidade.”

(33)

ARGUMENTAÇÃO

“Nos bens da graça (...) sendo estes os maiores de todos (...)

nenhuns são mais dificultosos de guardar, nem mais sujeitos à miséria de se perderem. Os anjos perderam a graça no céu, Adão perdeu a graça no paraíso, e depois destas duas ruínas universais, quem houve que a conservasse sempre? (...) sendo o maior mal da vida o pecado, e estando a mesma vida sempre sujeita e arriscada a pecar, só a morte a livra e segura deste maior de todos os males”

(34)

CONCLUSÃO

“Resumindo, pois as três partes deste último discurso,

delas consta que os bens da natureza, da fortuna, e

da graça, todos estão sujeitos a grandes misérias, das

quais só nos pode livrar a morte; donde se segue que

a mesma morte, sem controvérsia, é o maior bem da

vida”

(35)

SÍNTESE

A VIDA, EM TODOS OS ASPECTOS, É CHEIA DE

SOFRIMENTOS E ANGÚSTIAS, POR ISSO NÃO

DEVE SER AMADA, MAS TEMIDA.

A MORTE REPRESENTA O FIM DE TODOS OS

SOFRIMENTOS E O DESCANSO DA ALMA, POR

ISSO NÃO DEVE SER TEMIDA, MAS AMADA

Referências

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