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HISTOPATOLOGIA DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI EM FÍGADO DE MUS MUSCULUS

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Revista da Sociedade B rasileira de M edicina Tropical 19(2): 89-94, Abr-Jun, 1986

HISTOPATOLOGIA DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI EM FÍGADO DE

MUS MUSCULUS INFECTADO POR AMOSTRAS HUMANAS DE FASE AGUDA

E CRÔNICA DA PERIFERIA DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS

A m élia D u lc e V ile la d e C a r v a lh o

,1

R o b e rto J u n q u e ir a d e A lv a r e n g a

2

e A la n L a n e d e M e lo

3

E x e m p la r e s de B io m p h alaria g lab ratafo r a m in fecta d o s com m ira c íd io s o b tid o s de o vos de S ch isto so m a m an so n i, e n co n tra d o s em fe z e s d e in d iv íd u o s de 7 a 18 anos, da região de L a g o a d a P a m p u lh a , B elo H o rizo n te , M G . O s p a c ie n te s de fa s e a g u d a se in fecta ra m em u m a p rim e ir a visita ao fo c o . O s d a fa s e crônica eram m o ra d o res p r ó x im o s a o s fo c o s . P a ra c a d a caso clínico, iso lo u -se a respectiva a m o stra do p a ra sita . F o ra m in fe c ta d o s p e la c a u d a 55 ca m u n d o n g o s fê m e a s com 70 ± 1 0 cercárias. C ortes h isto ló g ic o s d e fíg a d o s , co ra d o s p o r H E , tricrôm ico d e G om ori, im p reg n a çã o m etá lica p e la p ra ta , e P A S fo r a m o b serva d o s à m icro sco p ia óptica. N ã o h o u ve d iferen ça s e sta tística s em relação à s m é d ia s d a s m en su ra çõ es d o s d iâ m e tr o s dos g ra n u lo m a s referentes à s a m o str a s e d a ta s de sacrifícios. O s g r a n u lo m a s a p resen ta ra m fa s e e x su d a tiv a d o tipo H a (reação de in fla m a ç ã o m is ta ) e I l l a (g r a n u lo m a co m células epitelióides). C o m a m o str a s d e p a c ie n te s em fa s e a g u d a o p a d r ã o p r e d o m in a n te f o i a H a na 7? sem ana. N a 10.a sem a n a p re d o m in a ra m g ra n u lo m a s do tipo I l l a . N a s am o stra s de p a c ie n te s em fa s e crônica, verificou-se u m a m escla d e g r a n u lo m a s do tipo H a e I l l a na

7 “ sem a n a . N a 10? s e m a n a p r e d o m in o u o tipo I l l a . A lg u n s a sp ecto s histo p a to ló g ico s de

fíg a d o s fo r a m d escrito s e co m p a ra d o s co m a q u e le s e x isten tes n a literatura.

P alav ras chaves: S c h is to s o m a m a n so n i. H isto p ato lo g ia. G ra n u lo m a .

In ú m ero s são os trab alh o s d escrito s na lite­ ratura sobre a fase aguda e crônica d a esquistossom ose mansoni.-1 4 5 7 8 9 1012 14 161 9 2 0 2 2 A ssim , diferenças

fisiológicas, m orfológicas e biológicas en tre várias am ostras de S c h is to so m a m a n s o n i foram relatad as por S a o u d .18 T ra b a lh o s ex p erim en tais com q u atro am ostras de S. m a n s o n i em cam undongos m o straram ser o fígado o principal órgão a fe ta d o .21 A s lesões hepáticas incluem este a to se e necrose h e p ato c elu lar,2 granulom a e fib ro se .15 In fecções ex p erim en tais de

S c h is to so m a ja p o n ic u m em cam undongos revelaram

que o grau de d o en ça h ep ato e sp lên ica não estav a sim plesm ente relacio n ad o só ao núm ero de ovos no fígado, m as que havia diferenças na resp o sta do

1. D epartam ento de Morfologia do Instituto de C iências Biológicas da Universidade Federal de M inas G erais, Belo H orizonte, Brasil

2. D epartam ento de Patologia G eral, IC B /U F M G 3. D epartam ento de Parasitologia, IC B /U F M G

T rabalho realizado com o auxilio do Conselho N acional de Desenvolvim ento C ientifico e Tecnológico - C N P q e U ni­ versidade Federal de M inas G erais, Brasil.

E ndereço para Correspondência: D ra. A m élia D ulce Vilela de C arvalho, R ua Santiago 118, ap. 302 - Sion - 30310 Belo Horizonte, M G , Brasil.

Recebido p ara publicação em 18/10/84.

h ospedeiro frente às diferentes a m o stra s.22 E vidências indicaram que a espécie ou am o stras de S c h isto so m a são d a m aio r significância e que o núm ero de ovos p resen tes não governa, p o r si só, a gravidade da d o en ça p roduzida. D esd e 1958, H su & Li H s u ,11 m o straram d iferen ças entre as am o stras e sua viru­ lência ao cam undongo. A s dim ensões de granulom as c au sad o s por ovos de 5. m a n s o n i no fígado hum ano em fase aguda d a d o en ça m o straram que há na estru tu ra dos granulom as esquistossom óticos pelo m enos dois fatores: tem po ou período de sua evolução e o estad o de reatividade do organism o, que interferem na su a c o n stitu iç ã o .17 A a m o stra de S c h isto so m a aliada a o u tro s fato res, com o c aracterísticas dos m oluscos tran sm isso res, raças, estad o nutricional dos h o sp ed eiro s, entre o u tro s, concorrem p a ra agravar esta d o en ça e n d ê m ic a .1 A im p o rtân cia dos fatores m encionados e a grande ex ten são d a endem ia no país m otivaram -nos ao estudo co m p arativ o de algum as alteraçõ es histopatológicas de fígados de cam u n d o n ­ gos albinos, ex p erim en talm en te infectados com am os­ tra de pacie n tes nas fases aguda e crô n ica da doença, p ro v en ien tes de foco endêm ico d a cidade de Belo H o rizo n te. A s d iferenças histopatológicas foram co n ­ frontadas nas várias am ostras de S. m a n so n i e outras já d escrita s na literatu ra, en fatizan d o as alteraçõ es he­ p áticas en co n tra d a s e os aspectos dos granulom as.

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Carvalho A D V , Alvarenga RJ, M elo A L . H istopatologia da esquistossom ose m ansoni em fíg a d o de M us musculus infectado p o r am ostras h u m anas d e fa s e aguda e crônica d a periferia d e B elo H orizonte, M in a s Gerais. R evista da Sociedade B rasileira de M edicina Tropical 19: 89-94, Abr-Jun, 1986

M A T E R IA L E M É T O D O S

E x em p lares adultos de B io m p h a la r ia g la b ra ta foram infectados com m iracídios ob tid o s a p a rtir de ovos de S. m a n so n i, en co n trad o s em fezes de in­ divíduos de 7 a 18 anos de id ad e. P a c ie n te s de um a m esm a fam ília com 10, 12 e 18 anos foram sele­ cionados na fase aguda (7 sem an as - H o sp ita l C arlo s C hagas, d a U F M G ) , infectados n u m a p rim eira visita ao foco. O s de fase crô n ica (1 0 sem an as, com idade de 7, 8 e 16 an o s, de o u tra fam ília) são m o rad o res próxim os d o foco. O s p acien tes se in fectaram na região d a b a c ia d a lagoa d a P a m p u lh a , em Belo H o rizo n te, M in as G erais.

P a ra c a d a c aso clínico, isolou-se a resp ectiv a am ostra do p a ra sito (3 caso s agudos) fo rm a to x ê m ic a e 3 casos crônicos (form a intestinal). D o s caso s agudos, foram infectados 25 cam undongos e, d o s caso s crô­ nicos, 30 anim ais.

C am undongos albinos, fêm eas, foram in fecta­ dos m ediante a im ersão d a c a u d a em recipientes contendo 7 0 ± 10 cercárias. O s anim ais foram sa­ crificados na 7? e 10? sem an as após infecção, p o r estiram ento cervical. F ra g m e n to s de fígado dos 55 cam undongos foram retira d o s e fixados em líquido de B ouin, p o r 24 horas. C o rte s em séries de todos os lobos hepáticos dos anim ais, em to rn o de 6 m icrô m etro s, foram subm etidos às técn icas histológicas de H E , tricrôm ico de G o m o ri, im p reg n ação m e tá lic a p ela

p ra ta (G o rd o n e Sw eet) e P A S .

M en su raçõ es dos granulom as foram realizad as com um a o cu lar m ilim etrada W in p p le -H a u sse r, ad ap ta d as à o c u la r 8 X e objetiva 10 X , a c e rta d a por

um m icrô m etro Z eiss-2 m icra, em m icro scó p io Z eiss. F o ra m m edidos 4 0 0 gran u lo m as p ro v en ien tes de a m o stra de fase aguda ou crô n ica nos fígados de cam u n d o n g o s sacrificados com 7 e 10 sem a n a s, 2 0 0 p a ra c a d a grupo resp ectiv am en te. P a ra c a d a granu- lom a foi tira d a a m édia de dois d iâm etro s e, em seguida, fo ram c o m p a ra d o s os d iâm etro s d o s gra­ n ulom as. F o i u tilizad a a classificação de von L ich ten b erg e c o ls .,19 inicialm ente sugerida p ara h a m ste r e qu e se a d a p ta à d escrição d o g ran u lo m a do cam undongo. A ssim , os g ranulom as que a p re s e n ta ­ ram em sua p o rç ã o c en tral ovos ou rem an escen tes foram a n alisad o s segundo o s seguintes p arâm etro s:

I - R e a ç ã o m ínim a; l i a - R e a ç ã o in flam ató ria m ista; I lb - P se u d o -ab scesso ; I l l a - G ra n u lo m a com células epitelióides; I l l b - G ra n u lo m a h istiogranulo- cítico; IIIc - G ra n u lo m a n ecró tico ; IV a - G ra n u lo m a em involução e IV b - G ra n u lo m a cica trizad o .

P a ra an álise e statística foi utilizado o teste t de Student.

R E S U L T A D O S

N a T a b e la 1 exp o m o s o s re su ltad o s obtidos p ara pesos d o s anim ais e dos fígados estu d ad o s.

N ã o houve d iferen ça e sta tístic a en tre os grupos de an im ais u tilizad o s a nível de 5 % de significância (t = 0 ,4 7 e 0 ,1 0 p a ra p eso dos anim ais e 0,51 e 0,1 2 p a ra o p eso do fígado dos m esm o s, resp ectiv am en te com 7 e 10 sem a n a s de infecção ex p erim en tal).

E m to d o s os lobos h ep ático s foram o b serv ad o s gran u lo m as, a olho nu. À m icro sco p ia ó p tica o b se r­ varam -se as seguintes lesões p atológicas no e stro m a e

T ab ela 1 - P eso d o s a n im a is e d o s fíg a d o s , exp resso em g ra m a s, e x a m in a d o s na fa s e a g u d a da esq u isto sso m o se

m a n s o n i e x p e rim e n ta l A m o s tr a s do p a ra s ito : A - is o la d a s d e ca so s h u m a n o s de fa s e a g u d a B - is o la d a s de ca so s h u m a n o s de fa s e crônica A m o s tra s Schistosom a N ° de S e m a n a s de infecção P eso d o s c a m u n d o n g o s P eso d o s fíg a d o s a n im a is M í n i­ m o M á x i­ m o M é d ia erro p a d rã o M ín i­ m o M á x i­ m o M é d ia e erro p a d rã o A - Iso lad as de p acien tes na 15 1 11 25 18,6 ± 3,7 1,0 1,6 1,2 ± 0 , 5 fase aguda da doença 10 10 14 29 2 0 ,2 ± 1,1 1,2 2,3 1,7 ± 0 , 3 B - Iso lad as de p acien tes na 15 7 18 28 23 ,8 ± 7,2 0 ,9 1,8 1,4 ± 0 , 3 fase crô n ica da d o en ça 13* 10 25 33 27,5 ± 5,1 1,2 2,8 1,7 ± 0 , 4

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Carvalho A D V, Alvarenga RJ, M elo A L . H istopatologia da esquistossom ose m ansoni em fígado de Mus musculus infectado por am ostras h u m anas de fa s e aguda e crônica da periferia de Belo H orizonte, M in a s Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de M edicina Tropical 19: 89-94, Abr-Jun, 1986

parênquim a h epático: fibras reticu lares m ais num e­ rosas e co n d e n sa d a s nos locais d as reaçõ es granu- lom atosas; p re s e n ç a de infiltrado inflam atório lin- fo-histiocitário co m alguns neutrófilos, nos espaços porta, p e riv a sc u la r (ram ificações p o rtais) e n a inti­ midade dos lóbulos. N o s h ep ató c ito s evidenciaram -se vacúolos regulares, sugerindo d eg en eração h id ró p ica e discreta este a to se . P elo m étodo de P A S foi o b serv ad a dim inuição de g rânulos de glicogênio. O s c ap ilares sinusóides a p resen tav am -se, às v ezes, d ila ta d o s , com células de K ü pffer h ip erp lásicas contendo escasso pigm ento esq u isto sso m ó tico . A s v eias centro-lobula- res estav am n o rm ais. O vos dos p arasito s foram ve­ rificados na luz de ram os d a veia p o rta e n as div ersas ram ificações, p o r vezes, sem o c a sio n a r reaçõ es in- flam atórias n as m esm as. F o i freqüente o en co n tro de endoflebite p ro d u tiv a em re la ç ã o a g ranulom as peri- vasculares, em diversos estád io s de evolução.

O s gran u lo m as ap re se n ta ra m ovos ou restos de ovos e infiltrado in flam ató rio linfo-histiocitário, pre­ dom inando a fase n ecró tico ex u d ativ a (F ig u ra 1).

Fig. 1 - V ista p a n o r â m ic a de g r a n u lo m a h epático -

H E - 2 5 X

C o m sete sem an as (am o stra de p acien tes em fase aguda), os g ran u lo m as ap resen taram -se co n sti­ tuídos p red o m in an tem en te por re a ç ã o leu co c itária (linfócitos e neutrófilos) p erio v u lar, sendo pouco freqüentes as célu las epitelióides. O b serv aram -se a in ­ da alguns gran u lo m as com necrose central. O p ad rão p redom inante foi o do tipo I l a - t i p o re a ç ã o infla- m ató ria m ista (F ig u ra 2).

N a d écim a sem an a, a m aio ria dos g ranulom as ap resen tav a ovos e m sua p o rção c e n tra l, circu n d ad o s por reaçõ es h istio citárias com infiltrados neutrofílicos e linfocíticos. U m m en o r núm ero de granulom as a p resen tav a fibrose incipiente, sen d o o casio n ais os

Fig. 2 - G ra n u lo m a tipo l i a - H E - 4 0 0 X

granulom as com necrose cen tral. P rep o n d eraram os granulom as com células epitelióides (tipo Illa ).

C om sete sem anas (am o stra de pacientes em fase crô n ica), verificou-se um a m escla de granulom as do tipo l i a e I l la , sendo as lesões paren q u im ato sas sim ilares as j á d escrita s p ara as am o stras de fase aguda (F ig u ra 3).

Fig. 3 - G ra n u lo m a tipo I l l a - H E - 4 0 0 X

C o m 10 sem anas tam bém predom inavam g ra­ n ulom as do tipo I lla , com fibrose incipiente. A fibrose n a m a io ria d o s granulom as era cen tralizad a. F o ram raras as reaçõ es giganto-celulares (F ig u ra 4). N ossos d ad o s q u an to ao fenôm eno de H õeppli são incon­ clusivos.

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Carvalho A D V , Alvarenga RJ, M elo A L . H istopatologia da esquistossom ose m ansoni em fíg a d o de M us musculus infectado p o r am ostras hum a n a s de fa s e a guda e crônica da periferia de B elo H orizonte, M in a s Gerais. R evista da Sociedade B rasileira de M edicina Tropical 19: 89-94, Abr-Jun, 1986

Fig. A - G r a n u lo m a com reação g ig a n to c e lu la r -

H E - 4 0 0 X

N a T a b e la 2 são ap resen tad o s os resu ltad o s do diâm etro m édio dos granulom as. N ã o houve diferença estatística ao nível de 5 % q u an d o se co m p a ra ra m as m édias entre as fases aguda e crô n ica na 7? e 10? sem anas, respectivam ente (t = 0 ,9 5 e 1,02). Ig u al­ m ente verificou-se que não houve d iferen ças e sta ­ tisticam ente significativas, ao nível de 5 % em relação às m édias dos diâm etros dos gran u lo m as, referen tes às am ostras e d atas de sacrifício en tre os cam undongos infectados p o r cercárias p rovenientes de p acien tes em fase aguda e crônica.

D IS C U S S Ã O

É sabidam ente n o tó ria a diferença en tre o diâm etro m édio de granulom as das form as ag u d a e crônica d a d o en ça. N a s form as crô n icas, de m ais longa duração, com o na h ep ato e sp lên ica, o núm ero de

granulom as é sensivelm ente inferior ao e n co n trad o em fase a g u d a .17

O s resu ltad o s d escrito s p o r H su e c o ls .12 m o s­ tra ra m um d iâm etro m édio de 311 m icrô m etro s em cam undongo, 2 73 m icrôm etros em h am ster, 190 m icrôm etros em co b aia e 130 m icrô m etro s em rato s albinos. A ssim , o d iâm etro do g ranulom a p o r ovos de

S c h is to so m a em espécies h o sp ed eiras susceptíveis

(cam u n d o n g o e h am ster) é m aio r do que n as espécies p o u co susceptíveis à infecção (co b aio e rato). C o m p aran d o o d iâm etro dos g ranulom as entre lin h a­ gens de P o rto R ico, E gito, T a n z â n ia e B rasil, W a r- re n 21 e n co n tro u no cam undongo infectado p o r S c h is ­

to so m a m ansoni, após 10 sem anas, um diâm etro m édio

de 377 m icrô m etro s ± 1 5 .

N o s s o s resu ltad o s q u a n to ao d iâ m e tro m édio dos granulom as da fase aguda, p a ra 7 sem a n a s, foi de 30 2 ,7 ± 74 ,7 m icrô m etro s e 3 1 3 ,0 ± 8 2 ,6 m icrô m e­ tro s p a ra 10 sem an as, sem d iferen ça estatisticam en te significativa. O s d iâm etro s dos g ranulom as, en c o n ­ trados em cam undongos, p ro v en ien tes de pacientes em fase crô n ica foram 3 5 9 ,8 ± 89 ,9 m icrô m etro s e 3 4 8 ,9 ± 8 2 ,8 m icrô m etro s p a ra 7 e 10 sem an as, resp ectiv am en te. N ã o houve d iferen ça e s ta tistic a ­ m ente significativa entre estas m édias. O diâm etro m édio dos granulom as não foi estatisticam en te si­ gnificativo q u an d o c o m p aram o s as fases agudas e crô n icas nos intervalos de 7 e 10 sem an as (T a b e la 2).

A sp ecto s histopatológicos de diferentes g ran u ­ lom as esq u isto sso m ó tico s produzidos p o r 5. m a n so n i,

S. ja p o n ic u m e 5. h a e m a to b iu m em h a m ste r foram

d escrito s p o r von L ichtenberg e c o ls .19 G ra n u lo m a s em estád io s altern ad o s de d esenvolvim ento ocorrem sim u ltan eam en te dentro do m esm o ó rgão, ap re se n ­ tando-se n ecró tico s ou com c ica triz fibrosa em a l­ gum as lesões, m as não em to d as. O s au to res citados co rre la c io n a ra m a p ato lo g ia do fígado com a gravi­ dade d a infecção d as v árias linhagens. P a ra o S.

m a n so n i, d escrev eram no fígado de h am ster g ran u ­

lom as I l l a , classificad o s em g ran u lo m as com células

T ab ela 2 - D iâ m e tr o m éd io d o s g r a n u lo m a s em flg a d o de c a m u n d o n g o s na 7? e 10? se m a n a s de infecção, em

m icrô m etro s A m o s tra s de S chistosom a iso la d a s de p a c ie n te s na N ? de g r a n u lo m a s e x a m in a d o s S e m a n a s de infecção e x p e rim e n ta l M é d ia s e d esvio s p a d rõ e s (em m icrô m etro s)

A - F a se 100 1 302,7 ± 74,7

aguda 100 10 3 1 3 ,0 ± 82 ,6

B - F ase 100 7 3 5 9 .8 ± 89,9

crônica 100 10 3 4 8 ,0 ± 82,8

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Carvalho A D V, Alvarenga RJ, M elo A L . H istopatologia da esquistossom ose m ansoni em fíg a d o de M us musculus infectado por am ostras h u m a n a s de fa s e aguda e crônica da periferia de Belo H orizonte, M in a s Gerais. R evista da Sociedade Brasileira de M edicina Tropical 19: 89-94, Abr-Jun, 1986

epitelióides, com ovos m ad u ro s e degenerados; lia granulom a do tipo reação in flam ató ria m ista. N e ste s , a presença de neutrófilos e ra ra ra ou m enor do que nas outras espécies, com necrose cen tral p eq u en a, sem fenôm eno de H ó ep p li, ra ra h em o rrag ia periférica e edema. N os últim os estád io s o b serv aram p seu d o tubérculos cic a triz a d o s, sem tro m b o s c a u sa d o s por vermes m o rto s, com pontes fibrosas portais e am iloi- dose. Interm e d iariam en te, d escrev eram endoflebite focal, sem endoflebite cen tro lo b u lar com infiltrado plasm ocitário, com necrose zonal de h ep ató cito s e corpos de C o u n cilm an . A típ ica lesão do ovo em es­ tádios tard io s era um gran d e e clássico g ran u lo m a ou "p s eu d o -tu b ercu lo ". com um ovo central e p ro em i­ nente p aliçad a de células epitelióides. v acu o lizad as, fortem ente d e m a rc a d a pelo halo linfocitario ou por fibroblastos con cên trico s. A s lesões iniciais ap re se n ­ taram focos inílam atorios m istos com m ais eosinofilos do que neutrofilos. Infiltrados linfocitarios eram d i­ fusos e se localizavam na v ascu larizaço portal e as necroses de h ep ato c ito s foram usualm ente m o d erad as, mas to rn aram significantes em níveis m aiores de infecção.

N o sso s resu ltad o s, na 7? sem an a, com am ostra de pacientes em fase aguda, d em o n straram que o padrão predom inante foi o do tipo IIa. N a 10? sem ana predom inaram os do tipo Illa . Em am o stra de p a ­ cientes da fase crônica, na setim a sem an a, houve uma mescla de granulom as do tipo 11a e 11 Ia. N a 10? sem ana predom inavam granulom as 11Ia.

M agzoub e A d a m .1-' em pregando m ctodos his- tologicos e histoquim icos no estudo de alteraçõ es hepaticas em cam undongos. o b serv aram que os a n i­ mais com 7 sem anas apos a infecçào com 100 cercarias de 5. m a n so n i, am o stra de S udão, a p re ­ sentaram perda de basofilia do cito p lasm a dos hepa- tociios e v acu o lação de algum as células parenquim a- tosas. nas partes m ais ex tern as dos lobulos. N u m e ­ rosos e discreto s focos de necrose h ep ato celu lar estavam presentes, m as sem nenhum a distrib u ição definida nos lobulos. N a s areas necroticas o cito ­ plasm a das células h ep aticas era uniform em ente acidofilo e os núcleos picnoticos. O glicogènio he- patico e stav a dim inuído nos focos necroticos e nos hepatocitos vacuolados. Ja nos cam undongos sa c ri­ ficados com 8 sem an as, apos a infecçào. as lesões hepaticas eram bem mais m arcan tes devido a p resença de verm es e ov ip o siçào em v aso s p o rtais, sem pre com uma ex ten sa infiltração celu lar e a fo rm ação de granulom a. A infiltração c elu lar co n sistia em células m o n o n u cleares e eosinofilos. E m alguns locais, al­ gum as células gigantes e stav am c ircu n d ad as por fi­ broblastos. O s ram o s p o rtais ap resen tav am -se au­ m entados. m as os vasos portais apareciam estreitados pela pressão d a s células infiltrativas. C élu las de K ü pffer na zo n a p erip o rta l e ram p roem inentes e

co n tin h am p eq u en a qu an tid ad e de pigm entos esquis- tossom oticos. A v acu o lação dos hepatócitos e necrose p aren q u im ato sa focal estav am tam bém presentes, envolvendo vários lobulos.

S egundo os m esm os a u to re s ,1 cam undongos sacrificados com 10 sem an as ap resen tav am m icros­ cop icam en te m uitos ram os p o rtais, com faixas de tecido conjuntivo frouxo d an d o inicio ao granulom a fibrocelular. A d ep o sição do tecido fibroso foi prin­ cipalm ente devido a um au m en to de fibras reticulares. A p roliferação focal ductal estav a presente na periferia de alguns lobulos. Em ad içào . um num ero de células de K üpffer m o stro u q u an tid ad es variáveis de inclusões g ranulares. E ste s d ep ó sito s foram co n sid erad o s ferro negativo e com lipofuscinas. N e c ro se de células p aren q u im ato sas e dim inuição de glicogènio foram persistentes.

N o sso s resultados histopatologicos são sim ila­ res aos ja d e s c r ito s ' 19 sem . contudo, observarm os p seudotuberculos c ica trizad o s, hem orragia, co rp ú scu ­ los de C oulcim an c am iloidose. um a vez que tra ­ b alh am o s com anim ais ate 10 sem anas e de linhagem e am o stras diferentes. P or outro lado. a hiperplasia de alguns h ep ato cito s. n ecroses focais com perda de basofilia de h ep ato cito s. d istrib u ição difusa de g ra­ nulom as. m ais freqüentes nos espaços p o rta, hip er­ p la sia de células de K ü pffer com escasso s pigm entos esq u isto sso m o tico s. sem p roliferação ductal e g ranu­ lom a fibrocelular são tam bem sim ilares aos descritos p o r M ag zo u b e A d a m .13 A s fibras reticu lares tam ­ bem se co n d en sav am em torno de granulom a e veri­ ficou-se dim inuição de glicogènio cm i'elação ao anim al não infectado.

A s lesões h ep aticas e gran u lo m ato sas o b ser­ vadas neste trab alh o foram sim ilares as de outras especies. varian d o , e n tretan to , as dim ensões dos d iâ ­ m etros dos granulom as. provavelm ente devido a re a ­ ção im unologica da espécie hospedeira, m étodos diferentes de m ensuraçòcs dos granulom as e datas diversas de sacrifício.

S U M M A R Y

Specim ens o /B io m p h alaria glabrata were infected with m ira c id ia o b ta in e d fr o m eggs o f S chistosom a

m ansoni f o u n d in th e fe c e s o f p a tie n ts a g ed 7 to

18 y e a rs old, fr o m L a g o a d a P a m p u lh a area, B elo H orizonte, M in a s G erais, tíra zil. The p a tie n ts in the acnte p h a se were in fected on th eir ftr s t visit to the fo c u s . T he p a tie n ts w ith ch ro n ic p h a s e d isea se were livin g a r o u n d th e fo c u s . E g g sa m p le s were iso- late fr o m each c lin ic a i case. F ifty f i v e fe m a le m iee were in fected by th eir tails with 70 ± 10 cercaria e. S e c lio n s o f lire r were sta in e d bv H E, G o m o ri trichrom e, s ilv e r im p reg n a tio n , a n d P A S , a n d e x a m in e d b y o p tic a l m icroscopy. N o sta tistic a l

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difference w as o b served betw een th e avera g e d ia - m eter o f th e g r a n u lo m a s a n d th e s a m p le a n d d a te o f sa crifice o f th e m ic e ( 7 th a n d 1 0 th w eeks). T he g ra n u lo m a s were in the e x u d a tiv e p h a se ; ty p e l i a (m ix e d in fla m m a to r y rea ctio n s) a n d ty p e I l l a (g ra ­ n u lo m a s with e p ith e lio id cells). A t th e 7,h w eek sa m p le s o f th e p a tie n ts in a c u te p h a s e sh o w e d g r a n u ­ lo m a s type lia . T yp e I l l a were p r e d o m in a m a t the 1&1' week. A t the 7'1' week, in s a m p le s fr o m chronic p h a se p a tien ts, a m ix tu r e o f typ e l i a a n d I l l a g ra n u lo m a s w as observed.

S o m e h is to p a th o lo g ic a sp ects o f th e liver are d escrib ed a n d c o m p a re d w ith th o se a lr e a d y f o u n d in the literature.

K e y w ords: S ch isto so m a m ansoni. H isto p a - thology. G ra n u lo m a .

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Referências

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