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Ano 58 Número JUNHO 2018

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Academic year: 2021

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Hora presente

“A propósito de…”

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VIDA NOVA (VN)

Revista de Formação e Informação Cristã

Ano 59º, No. 689, Junho 2018

Direitos de propriedade: Arquidiocese de Nampula Director Editorial: Pe. Fernão Magalhães

Redação:

Dir. Executivo: Antonio Bonato Redação: P. Cantifula de Castro Revisão: CCSC Maputo

Paginação: JFN e Equipa de Redacção Tiragem: 21.000 ex.

Reg. No. 5/RRA/DNI/94

Administração:

Ir. J.Neto e Cecilia Constantino

Ed. e Impr.: Centro Catequético Paolo VI - Anchilo VN-CP-564-3100 Nampula. Celular:850485214 (M-Pesa) 860484388(M-Mola) Conta BIM 177614082 E-mail: vidanovaanchilo@gmail.com Segue-nos em: facebook.com/vidanova.anchilo

O

s meses passados, correu nos vários canais das redes sociais, em Moçambique, esta a mensagem; “África do Sul inicia hoje julgamento de Zuma e Brasil, tribunal decreta prisão a Lula da Silva. Em Mozambique??

Estamos a discutir quem marcou melhor golo, Messi ou Ronaldo”. Porém, os senhores Zuma e Lula não são casos isolados: Park Geun-hye, primeira mulher eleita democrati-camente na Coreia do Sul, foi acusada de abuso de poder, coerção, suborno e vazamento de segredos governamentais e foi condenada a 24 anos de prisão. Depois temos, Ollanta Humala do Peru, preso em 2017, foi acusado de la-vagem de dinheiro devido ao recebimento de dinheiro ilegal. O seu antecessor na presidência do Peru, Alejandro Toledo também foi denunciado na Operação Lava Jato. Ricardo Martinelli do Panamá, preso em 2017 é mais um político na lista dos envolvidos em corrupção na Operação Lava Jato. Otto Pérez Molina do Guatemala, preso em 2015 envolvi-do numa série de fraudes ligadas ao contrabanenvolvi-do, com a cobrança de suborno a empresários em troca da isenção de impostos aduaneiros. Alberto Fujimori sempre do Peru, en-volvido em escândalos de corrupção e violação de direitos humanos, preso em 2009 e libertado este ano, por doença. Carlos Menem da Argentina, preso em 2001, começou a ser investigado por contrabando de armas para a Croácia e Equador durante o seu governo, violando, respectivamente, o embargo imposto aos croatas pela ONU, e um acordo de paz firmado com os equatorianos em 1942.

Então a mensagem acima citada lança-nos um grande desa-fio, porque indica quanto, aqui em Moçambique, seja ainda distante a política e as acções dos políticos, do povo, apesar dele ter que sofrer as consequências de escolhas que alguns governantes do passado tomaram.Por provocando as divi-das ocultas.

Por outras palavras, é prefe-rível deixar discutir a gente de futebol, talvez com uma cerveja na mão, em lugar de ajudá-la a encontrar meios e caminhos necessários para fazer crescer o grau de participação activa na vida política do país; para alcan-çar uma boa e saudável go-vernação!

(É de notar que, cigarros e bebidas alcoólicas, nestes últimos tempos, não sofre-ram grande aumento de preço tais como outros bens de primeira necessidade). Por exemplos, são ainda de-masiados os casos impunes de crime contra jornalistas, juízes e outros. A política do silêncio, por exemplo, sobre as dívidas ocultas, que pa-rece ser a resposta oficial, também não ajuda o país a crescer saudavelmente. É tempo de maior clareza e transparência, não olhando para nenhum interesse par-tidário ou económico, mas querendo assim que o Pais seja casa para todos os mo-çambicanos.

A tentação

do poder…

“As ideias e opiniões expostas nos artigos desta revista são de exclusiva responsabilidade de seu autor”

“Vão tentar nascer aqui em Moçambique capitalistas pretos, a chamada burguesia nacional. Não queremos isso aqui, não há lu-gar para exploradores aqui. Preto ou branco, não pode explorar o povo. O dever de cada um de nós é dar tudo ao povo, sermos os últimos quando se trata de benefícios, primeiros quando se trata de sacrifícios. Isso é que é servir o povo”.

(Samora Machel)

“Defender os chamados direitos da Igreja seria uma das tentações possíveis… a Igreja aparece ainda bastante ligada a privilégios… O único privilegiado é o povo. Neste sentido, a Igreja nada tem a defender. Primeiro, porque é um serviço ao povo e, se algum direito reclama, é o de poder servir livremente com aquilo que lhe é próprio: o Evangelho de Jesus de Nazaré.

Depois, porque a Igreja não pode aparecer como sociedade paralela à sociedade política e alheia à luta dos homens pela liberdade e bem-estar”.

(Tentações da hora presente - 1975, Dom Manuel Vieira Pinto)

Ano 58 —Número 689

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“Sacerdotes para a consoli-dação da igreja local” espa-lhada em todas as dioceses

do País. Durante estes anos passaram pelo seminá-rio muitos estudantes dos quais, vários são bispos, sacerdotes e leigos com-prometidos com o serviço na Igreja.

Vida Nova

informa

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No passado 29 de Abril, a Arquidiocese de Maputo homenageou o Sr. Card. Dom Alexandre José Maria dos Santos no Pavilhão do Maxaquene. Primeiro sa-cerdote (Ordenação 1953), primeiro bispo (ordenação 1974) e primeiro cardeal nativo de Moçambique (eleição 1988), o cardeal Alexandre José Maria dos Santos, O.F.M., Arcebispo Emérito de Maputo desde 2003, nasceu em Zavala, na diocese de Inhambane, em 18 de Março de 1924. Fez os seus primeiros estudos

1918 2018

ANOS

Dia 29 de Abril No Pavilhão do Maxaquene 09:00 Horas Homenagem ao Sr. Cardeal José Maria dos Santos Pelos 100 Anos de Vida

SERVIR E NÃO SER SERVIDO

Arquidiocese de Maputo

na escola dos missionários franciscanos. Em 1947 en-trou no noviciado da pro-víncia portuguesa dos fran-ciscanos, perto de Lisboa. Tendo completado a sua profissão temporária em 1948, frequentou o curso de Teologia em Lisboa. Ele trabalhou arduamen-te em nome das pessoas afligidas pela guerra civil e desastres naturais; fundou a Caritas de Moçambique e foi o seu primeiro presiden-te; promoveu programas de ajuda para os pobres, para os refugiados e para

as vítimas da seca. Com-prometeu-se também em promover novas relações entre as comunidades ecle-siais dos países das antigas colónias portuguesas. Dom Alexandre, ad multos anos! Obrigado.

Jubileu do Cardeal Dom Alexandre

50 anos do Pio X

O Seminário Teológico In-terdiocesano S. Pio X, em Maputo, celebrou o Jubileu de Ouro no dia 15 de Abril com uma Missa de acção de graças concelebrada por todos os bispos de Moçambique. As co-memorações do Jubi-leu trazem a inspiração do lema: “50 anos, Formando Sacerdotes para Consolida-ção da Igreja Local”. O Jubi-leu continuará até ao mês de Outubro.

No Seminário preparam-se

Nacala em festa

A diocese de Nacala está em festa porque está a acolher o novo bispo, Dom Alberto Vera, até então bispo auxiliar de Xai Xai. Pa-rabéns ao novo bispo e obrigado a Dom Ger-mano Grachane bispo emérito, pela generosi-dade com a qual serviu esta porção do povo de Deus que está em Na-cala.

Adeus Afonso!

Afonso Dhlakama, líder da Renamo há quase 40 anos, morreu no dia 3 de Maio na sequência de uma crise diabética na região da Gorongosa. O líder do maior partido de oposição de Moçambi-que, a Renamo, tinha 65 anos e vivia na região na Gorongosa, no centro do país, para onde se mu-dou desde que em 2014 recomeçaram as hostili-dades com o partido ao poder.

Desde o último cessar-fogo, entre a Renamo e a

Frelimo em Março de 2017, esperava-se que Dhlakama re-gressasse a Maputo e liderasse a oposição a partir da capital. No dia 17 de Abril, o PR, Filipe Nyusi, confirmou que o Go-verno e a Renamo estavam a finalizar um acordo para o de-sarmamento, desmobilização e reintegração dos seus com-batentes nas forças de segurança. "Conseguimos acertar um diálogo com o presidente da Renamo, e através de contactos temos estado a construir confiança mútua, o que até ao mo-mento ajudou o nosso país a parar com a violência, mesmo que tenha sido localizada", disse à data Nyusi.

Afonso Dlakhama nasceu em Mangunde (Sofala) no dia 1 de Janeiro de 1953. Em 1974, o jovem Dhlakama ingressou na FRELIMO. No entanto, pouco tempo depois abandonou esse movimento para se tornar, em 1976, um dos fundadores da RNM (Resistência Nacional de Moçambique), um movi-mento armado criado com o apoio do regime minoritário da então Rodésia do Sul. Após a morte do primeiro presiden-te, André Matsangaíssa em combapresiden-te, Dhlakama tornou-se presidente deste movimento de oposição ao regime, que se começou a designar RENAMO.

A guerra civil em Moçambique, entre FRELIMO, e a RENA-MO, durou 16 anos durante os quais Dhlakama se manteve a liderar a guerrilha. Em 1984 foi assinado Acordo de Nkomati e em 1990, o governo moçambicano adoptou uma Consti-tuição que instaurava o multipartidarismo. Após longo pe-ríodo de negociação, a 4 de Outubro de 1992 foi assinado com Joaquim Chissano, em Roma, o Acordo Geral de Paz, pondo fim a guerra civil que destruiu a economia e

infra-es-truturas do país, e que pro-vocou centenas de milhares de mortos. Desde então a RENAMO passou a ser um partido político, o segundo maior partido político de Moçambique.

Foi candidatos as presi-denciais de 1994, 2009 e 2014, o partido Renamo concorreu nas várias elei-ções autárquicas ganhando, por último, o Município de Nampula e está represen-tado a AR nas bancadas da oposição.

Agora o futuro parece estar muito incerto porque são 40 anos que a Renamo é Dhlakama e a sua sucessão vai ser um processo interno difícil e complicado porque não é claro quem vai ser o seu sucessor no partido. Fi-camos então a testemunhar qual será o legado de Afon-so Dlakhama para o país.

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À Escola da Igreja

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O Papa Francisco faz-nos um convite saboroso à San-tidade. Fá-lo num espírito de alegria que lhe é carac-terístico. Ele é o Papa da Alegria que experimenta na sua comunhão com Cristo. É possível ser Santo no contexto actual? Sim, é a resposta do Papa. O Senhor disse a Moisés: «Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: ‘Sede san-tos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo» (Lv 19,2).

de santidade está assim in-timamente ligada à vida de misericórdia, “a chave para o céu”. Portanto, santo é aquele que sabe comover--se e movercomover--se para ajudar os miseráveis e curar as mi-sérias.

“as capacidades da inteli- gência e as forças da vontade humana” (n. 54).

Diante das doenças que apon-támos acima, quais os caminhos a percorrer para alcançarmos o estado de perfeição? A melhor maneira é viver o espírito das Bem-aventuranças.

1º A pobreza de coração ou austeridade da vida (nº. 70). Isso exige compaixão pelos que sofrem. “A realidade mostra--nos como é fácil entrar nas súcias da corrupção, fazer parte desta política diária do “dou para que me deem”, onde tudo é negócio. E quantos sofrem por causa das injustiças, quan-tos ficam assistindo, impotentes, como outros se revezam para repartir o bolo da vida” (nºs. 78-79).

2º “Olhar e agir com misericórdia”, o que significa ajudar os outros “e até mesmo perdoar” (nºs. 81-82), “manter um co-ração limpo de tudo aquilo que suja o amor” por Deus e o próximo (nº. 86). Aqui entra em questão a pureza interior por palavras, obras e omissões.

3º “Semear a paz” e “amizade social” com “serenidade, cria-tividade, sensibilidade e destreza” – conscientes da dificul-dade de lançar pontes entre pessoas diferentes (nn. 88-89).

“Ser santo não significa re-virar os olhos num suposto êxtase” (nº. 96), mas viver Deus por meio do amor aos últimos. Trata-se de uma

resposta às palavras de Jesus “Bem-aventurados os miseri-cordiosos” e um espelho do que São Mateus diz no capítulo 25 sobre o Juízo final.

O grande perigo para o qual o Papa Francisco nos chama a atenção é o de viver sem uma profunda experiência de Deus e, por fim, transformar o Cristianismo “numa espécie de ONG, privando-o daquela espiritualidade irradiante” vivi-da por São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, Santa

Teresa de Calcutá. (n. 100). Encontramos igualmente os que “suspeitam do com-promisso social dos outros”.

Na nossa catequese nós aprendemos as obras de misericórdia, que são 14. Sete são corporais e as outras sete são espirituais. No caminho da santidade, as obras de misericórdia são apontadas como par-te do estilo de vida que requer: “perseverança, pa-ciência e mansidão”, “ale-gria e senso de humor”, “audácia e fervor”. Como um caminho a percorrer, a santidade não é uma

con-quista. Não é algo que se procurava e uma vez alcançada tudo está completo e descanso abso-luto. Não. Para ser santo é preciso in-vestir diariamente nos “pequenos gestos” de caridade. Aliás, não duvi-damos que a vida cristã é uma luta “constante” con-tra a “mentalidade mun-dana” que “nos engana, atordoa e torna medío-cres” (n. 159).

“ALEGRAI-VOS E EXULTAI”

A 9 de Abril passado, a Santa Sé publicou, no Vaticano, a terceira Exortação Apostólica do Papa Francisco. Depois da “Alegria do Evangelho” e da “Alegria do Amor”, esta terceira Exor-tação é igualmente um hino à Alegria como convite à Santidade.

Nós nos tornamos santos vivendo as bem-aventu-ranças, o caminho prin-cipal porque vai “contra a corrente” em relação à direção do mundo. A vida

A chamada

à Santidade

.

A Alegria

e a Santidade

.

Doenças que impe-

dem a Santidade

.

A vocação à Santidade destina-se a todos. Mas, muitas ve-zes, alguns sentem um frio interior e ficam indiferentes e estacionários. Não são quentes nem frios. Grande influên-cia para isso são as doenças antigas do “gnosticismo” e “pelagianismo”, duas heresias que surgiram nos primeiros séculos do cristianismo, mas continuam a ser de alarman-te atualidade (n. 35).

O Papa considera isso como uma “vaidosa superficialida-de”, que pretende “reduzir o ensinamento de Jesus a uma lógica fria e dura que procura dominar tudo

O importante para eles não é viver o amor a Cristo, mas a realização pessoal, exibir que ninguém mais senão eles. Por isso, há sempre disputas nas nossas comunidades por pensar que se eu não for a Igreja ninguém vai animar a Missa, sou a única e a melhor pessoa que sabe cantar. O Papa chama isso de “ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja” (n. 57). Deste modo, devemo-nos recordar que tudo é Graça e a Graça, supera

Os caminhos

de santidade

.

A grande regra

da Vida

.

Gastar-se

na Misericórdia

.

(5)

O maligno pode ser uma pessoa que até conhece-mos. Por isso, como diz o Papa, “não é um mito”, ele existe. Pode manifestar-se pelas suas obras num vizi-nho ou nalguém que con-vive connosco diariamente. Os seus conselhos e ideias nos puxam para o mal. En-tão, é importante também fazer o “discernimento”. Contudo, “Não se faz dis-cernimento para descobrir o que mais podemos de-rivar dessa vida, mas para reconhecer como podemos cumprir melhor a missão que nos foi confiada no Ba-tismo.” (174).

Não se duvida que a santi-dade é para todos. O Papa Francisco deixa-nos umas palavras-chaves para abrir a porta da santidade na nossa vida.

“Para ser santo, não é ne-cessário ser bispo, sacer-dote, religiosa ou religioso. Condição reservada apenas àqueles que têm possibili-dade de se afastar das ocu-pações comuns, para

dedi-car muito tempo à oração.” “Se não cultivarmos uma certa austeridade, se não lutarmos contra esta febre que a sociedade de con-sumo nos impõe para nos vender coisas, acabamos por transformar-nos em pobres insatisfeitos que tudo querem ter e provar.”

“Tudo se enche de pala-vras, prazeres epidérmicos e rumores a uma velocidade cada vez maior; aqui não reina a alegria, mas a insa-tisfação de quem não sabe para que vive.”

“Todos, mas especialmen-te os jovens, estão sujeitos a um zapping constante. É possível navegar simulta-neamente em dois ou três visores e interagir ao mes-mo tempo em diferentes cenários virtuais. Sem a sa-piência do discernimento, podemos facilmente trans-formar-nos em marionetes à mercê das tendências da ocasião.”

“Não pensemos que o dia-bo seja um mito ou uma

ideia. Este engano leva-nos a diminuir a vigilância, a descuidar-nos e a ficar mais expostos. Ele envenena-nos com o ódio, a tristeza, a in-veja, o vício.”

“A defesa do inocente nas-cituro, por exemplo, deve ser clara, firme e apaixona-da, tanto quanto é sagrada

a vida do pobre e do explorado.”

Eis o desafio que o Papa Francisco nos coloca. Somos aspirantes da vida santa. Enquanto buscamos essa pérola escondida, devemos carre-gar a vigilância e a oração e autêntica vivência dos sacramentos da Igreja. Que Deus nos faça santos com o agir e pensar de cada dia da nossa vida. (P. Cantifula)

O combate

contra o maligno

:

Chamada

de atenção

.

Realidade (é)

m

Sonhos e realidades

de 43

anos

A

i n d e p e n -dência, em Moçambique, já não é crian-ça, ela já cres-ceu e chegou à fase de pessoa adulta. Tem 43 anos! Quanta água passou por debaixo das pontes durantes estes anos. Vamos então recordar o que se passou, para que o presente da nossa história seja iluminado.

Fazer memoria para compreender

Quem, como eu, viveu as vicissitudes dos últimos anos do colonialismo ao lado do Bispo Manuel Vieira Pinto (que aca-bou expulso na Páscoa de 1974) e o entusiasmo e a alegria da festa da independência, revive aquele entusiasmo de quem sentia a alegria, o sonho e a responsabilidade de ser actor do parto de uma nação que despontava: “Hosi Kateki-sa Áfrika” (Ó Deus, abençoai a África).

Claro que passados 43 anos, o País e a Nação que nele se vem gerando, experimentaram profundas transformações. Nunca mais me esquecerei das imagens da cidade de Nam-pula: as janelas e as varandas dos prédios desta cidade eram, finalmente, emolduradas por caras negras como nunca, antes, vira. A cidade do cimento passara a ser, também, ci-dade dos africanos. A cici-dade dos africanos já não era só a dos bairros suburbanos do Namicopo, da Nametequeliua, de Napiphine, do Matadouro (hoje Mwatala), etc. A cidade do cimento descolonizara-se.

Excursos dos 43 anos de independência do País: os problemas, as alegrias e

os desafios que solicitam respostas rápidas para o bem do País.

Reflexões duma testemunha ocular destes 43 anos de Independência.

As escolas, incluindo as se-cundárias, rebentam, hoje, pelas costuras, com a mul-tidão de crianças que as invadem na ânsia de ace-derem ao conhecimento e à sabedoria. Em 1974, no Liceu Gago Coutinho (hoje Escola Secundária de Nam-pula) havia apenas um alu-no negro.

As Escolas Superiores (Ins-titutos e Universidades, públicos e privados) multi-plicaram-se imensamente, sendo hoje várias dezenas, presentes de Norte a Sul do País.

O mesmo se pode dizer do Sector da Saúde cujas insti-tuições, dos hospitais cen-trais aos simples Postos de Saúde vão, pouco a pouco, cobrindo todo o território até aos mais recônditos lu-gares do País.

O mais complicado, a eco-nomia! De uma condição de economia dependente do colonialismo, passou-se,

«Não podemos propor--nos um ideal de santida-de que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folga-damente e reduzem a sua vida às ovidades do consu-mo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina mi-seravelmente». (n. 101)

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com a independência, segundo o modelo socialista leninista a uma economia rigidamente planificada onde o Estado era quem tudo mandava.

Deu asneira! A que centralismo exagerado se chegou! Por isso, as Aldeias Comunais e as Cooperativas, que deveriam ter sido pedagogicamente geridas e orientadas, tornaram--se símbolos de ódio e miséria. Quem ousará hoje, falar de Cooperativas e de Socialismo em Moçambique? Mas as pe-quenas cooperativas livres e por vezes quase de dimensão familiar são, por exemplo na Itália, uma das mais vivas for-mas de economia social.

Do fracasso de uma economia de inspiração socialista mal gerida e com muitos ladrões oportunistas que estragaram o sonho das machambas colectivas e das cooperativas, o go-verno evoluiu para o modelo capitalista do ultraliberalismo onde hoje nos encontramos e cujas consequências sentem, sobretudo, os pobres cujo parco dinheiro não chega para quase nada.

A guerra civil

Mas, sem dúvida nenhuma, a maior desgraça que nos aconteceu, foi a sangrenta guerra civil – a tal dos 16 anos – que matou mais de um milhão de moçambicanos. Graças a Deus e aos esforços permanen-tes de pessoas como o saudoso Arcebispo da Beira, Jaime Gonçalves, que arriscou a própria vida teimando na busca do caminho da Paz, a ela se chegou com o Acordo de Roma, entre o governo da Frelimo e a Renamo, no dia 4 de Agosto de 1992.

Porém, como bem nos lembramos e ainda hoje o sentimos, não foi uma Paz efectiva porque a Frelimo, segundo me di-zia o Arcebispo Jaime, não cumpriu o Protocolo IV que didi-zia respeito às questões militares e forças de segurança. Como sabemos, até hoje, esse é o assunto que continua a levan-tar muitos obstáculos, pois a Renamo não aceita entregar as armas enquanto não for claro o processo da integração

dos seus homens em todos os sectores das Forças de Defesa e Segurança, desde o exército único e não par-tidarizado pela Frelimo, às Polícias, incluindo o SISE (Polícia dos serviços de in-formação secreta), para não voltar a ser enganada como de 1992 a 2014, em que o governo daqueles anos, segundo fontes jor-nalísticas, protagonizaram ataques até contra a vida de Afonso Dlhakama

Estratégia da tensão:

esquadrões da morte

Este ambiente de inse-gurança e atemorização destes anos, tem sido per-manentemente provocado por um monstro sem cara conhecida a que os jornais têm chamado Esquadrões da Morte. Escolhendo as pessoas a dedo, eles vêm matando figuras políticas de que a Frelimo não gosta por motivos vários. Aqui, em Nampula, perdemos o edil Sr. Amurane. Certo é que, nestes anos, nenhuma personalidade da Frelimo ainda foi morta ou raptada, prova mais que evidente de que, apesar de se tratar de um monstro sem cara nem identidade conhecidas, é de dentro dela, dos seus mili-taristas mais acérrimos, que

esses bandidos são coman-dados. Será possível que o SISE os não conheça? Por isso, apesar dos avanços que o PR Nyusi conseguiu imprimir ao avanço do pro-cesso de Paz na vertente política, indo encontrar-se com Dlhakhama, pondo, por isso, também, em ris-co a sua própria vida, e, em consequência, conseguin-do remeter à AR propostas relativas à descentralização do poder político-adminis-trativo (de que a eleição dos Governadores Provin-ciais é, talvez, o aspecto mais importante), as ques-tões militares continuam a ser o grande tropeço para a Paz definitiva.

As riquezas da

desgraça

Mas, entretanto, outra desgraça chegou a este imenso País: lá nas zonas do petróleo e do gás, em Mocímboa da Praia e em Palma, surgiram, desde Ou-tubro de 2017, ataques de homens armados. Quem são os atacantes e quem os comanda? Uns dizem que são fundamentalistas islâmicos infiltrados a partir da Tanzânia. Mas, como o Governo nunca esclareceu de que tipo de gente se tratava, houve quem

admi-tisse a hipótese de poderem ser também os esquadrões da morte disfarçados de muçulmanos. E, em meados de Abril, apareceu uma notícia oriunda de um jornal sul-africano di-zendo que 95 desses tais fundamentalistas islâmicos se ti-nham infiltrado em Moçambique e se dirigiam para o por-to de Nacala, contando, porventura, com a colaboração de homens da Renamo. O Governo disse que esta notícia era falsa. A Renamo não se pronunciou. Mas o é certo, é que dias depois desta notícia, a Assembleia da República anunciou a necessidade de criar uma lei antiterrorista, tendo em conta justamente estes acontecimentos complicados. Como bem vemos, a Paz definitiva, por todos almejada, parece não es-tar para breve!

Liberdade de comunicação e expressão

Aqui está outra desgraça que vem manchando a vida co-lectiva deste país. É pena que se tenha chegado a esta at-mosfera de desconfiança e de medo. E medo que se justifica pois, os casos dos raptos e torturas de dois jornalistas como Ericino Malema e de José Jaime Macuane. Não haverá Paz en-quanto não pudermos falar, discutir, comunicar sem receios de qualquer ordem. A causa genuinamente nacional exige que todos os amantes da paz e do desenvolvimento sadio de Moçambique se irmanem neste objectivo. ».

(Zé Luzia - 1. Continua) Num recente livro do filósofo moçambicano, Severino Ngoenha, o seu prefaciador, Carlos Carvalho, diz que nos primeiros anos da independência de Moçambique:

«Todos nós sabíamos para onde íamos; sabíamos que a «carroça» do desenvolvimento era pesada e que os que ti-nham tido o privilégio de estudar deveriam todos esforçar--se para a fazer avançar, estando na primeira fila dos “tcho-vadores”. A estrada era longa, íngreme e cheia de grandes pedregulhos e muitas covas e armadilhas; sabíamo-lo, mas tínhamos um dirigente que amava o seu povo, que tinha uma visão clara do que era necessário fazer para dar aos moçambicanos um futuro melhor, e que era um líder. Não estava isento de defeitos, mas era honesto, íntegro, e nós empurrávamos a carroça com toda a energia que tínhamos e o entusiasmo que aquela liderança suscitava».

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Ecologia: a Terra Mãe

m

ECOLOGIA: O CUIDADO AO MEIO

AMBIENTE

Desde 1972 a humanidade comemora no dia 5 de Junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente para que a humanidade pos-sa defendê-lo e melhorá-lo, cuidando-o e preservando-o para as actuais e futuras gerações.

E

m 1972, realizou-se uma Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano. Na ocasião, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e apresentou a Declaração da Conferência da ONU sobre o

Meio Ambiente, que apresenta princípios que visam à me-lhoria da preservação do meio ambiente.

Estatísticas da ONU

O relatório apresentado durante a 2ª Sessão da Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, no Quénia, em 2016, indica que “cerca de 23% de todas as mortes prematuras no mun-do são causadas por problemas de degradação ambiental, com número estimado em 12,6 milhões de mortes no ano de 2012.

O PNUMA ressalta que as diferenças regionais dessas mor-tes são grandes, indo de 11% nos países europeus chegando a 28% no Sudeste Asiático. As principais causas evitáveis de morte que o PNUMA cita como ligadas ao ambiente são as doenças diarreicas, lesões causadas por atividades de risco ou situação de moradia insalubre, asma, malária etc. Porém, a principal causa de morte por degradação ambiental é a po-luição do ar, responsável por 7 milhões de mortes por ano.

O problema do

ambiente

Há pessoas que vivem como se o mundo acabas-se hoje mesmo. Destruir é tudo quanto sabem fazer, sem pensar no futuro e nas próximas gerações. Resul-tado disso é a poluição do ar e mudanças climáticas assustadoras. Alguns até di-zem “antigamente não era assim”. Sim. Isso é fruto das acções humanas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou recentemente que uma em cada nove mortes, em 2012, está relacionada com doenças causadas por

agentes cancerígenos e outros venenos presentes no ar. Pois, há muito carbono no ar. Além disso, em Moçambique e não só, florestas ricas em espécies estão sendo destruídas de forma “selvagem”, para, sobretudo, a exploração de ma-deira e carvão. Estima-se que cerca de 30% da área terrestre do planeta é coberta por florestas. Cerca de 7,3 milhões de hectares de floresta são destruídos cada ano, principalmente nos trópicos.

Em muitos lugares do nosso país, há pessoas que se queixam com problemas sérios de erosão, a compactação do solo, a exposição excessiva a poluentes, a conversão de terras, como formas de deformação do solo. Aproximadamente de 12 milhões de hectares de terras agrícolas são degradados seriamente todos os anos, de acordo com estimativas da ONU.

O que fazer? Que atitudes a tomar?

A mudança de comportamento é a primeira medida a ser tomada. Todos nós temos uma corresponsabilidade sobre os impactos actuais das nossas acções no planeta. Os cidadãos do mundo inteiro, e os seus governantes têm a difícil missão de preservar os recursos existentes, fazer leis justas e práti-cas que garantam o desenvolvimento sustentável, ou seja, que não prejudique o meio ambiente.

O Papa Francisco propõe-nos algumas práticas para o cui-dado do meio ambiente na Laudato si´, a Encíclica “Sobre o Cuidado da Casa Comum” (de 18/06/2015).

•“ Todos podemos colaborar, como instrumentos de Deus, no cuidado da criação” (nº. 14);

•“São necessárias maiores contribuições económicas para prover de água limpa e de saneamento os povos mais po-bres.” (nº. 30);

•“É necessário sempre integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres.” (nº. 49);

•“É preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Não há fronteiras nem barreiras políticas ou sociais que permitam isolar-nos e, por isso mesmo, também não há espaço para a globalização da indiferença.” (nº. 52);

•“É preciso responder ao desafio educativo para que os jovens tenham cada vez mais uma nova sensibilida-de ecológica e um espírito generoso.” (nº 209); •“É muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas acções diá-rias.” (nº. 211);

•“É na família que se culti-vam os primeiros hábitos de amor e cuidado da vida para com a criação.” (nº. 213);

•“É necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros.” (nº. 229). Para nós, aqui em Moçam-bique, comecemos a: eco-nomizar água e energia; usar energia renovável; al-terar processos industriais; conservar o que resta das florestas naturais e recu-perar as áreas degradadas com o replantio de espécies arbóreas nativas; reciclar; não desperdice alimentos. Assim, talvez teremos vida longa!

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Palavra da vida

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JULHO 2018

Por: José Júlio Marques

01.07.2018 - 13º Domingo Comum

Sab. 1, 13-15.2, 23-25; 2Cor. 8, 7.9.13-15; Mc. 5, 21-43 Deus é vida

Como criatura de Deus, a pessoa humana só pode ser um ser para a vida, um ser imortal. Como explicar então a existência da morte? O livro da sabedoria diz que o culpado não é Deus, mas a maldade humana: o pecado. E como ninguém gosta de ser culpado, atiram-se as culpas para o diabo mas, no fundo, o diabo é o mal que está em nós, na nossa zona de pecado, onde se esconde o orgulho, o egoísmo, a mentira, a rivalida-de, o ciúme, a ganância, etc.

A morte que é provocada pelo pecado não é a morte física. Esta faz parte da natureza humana e já existia antes do pe-cado.

Então, qual é essa morte que é provocada pelo pecado? É certamente aquela que se experimenta durante a vida, com a qual a pessoa perde a sua dignidade humana. De facto, a imagem de Deus fica morta na pessoa que escolhe perma-necer no mal. O pecado destrói a pessoa por dentro e estra-ga mortalmente a sua felicidade: rouba-lhe a riqueza mais valiosa.

Mas há outro tipo de morte, totalmente diferente daquela: É a morte de quem ama e faz o bem. Essa é a morte de Jesus: é uma morte que salva, que restitui vida a quem a perdeu e que realiza a verdadeira felicidade. Ao convidar os Coríntios a darem os seus bens, generosamente, para ajudar os irmãos de Jerusalém que estavam a passar mal, S. Paulo incita-os com o exemplo de Jesus que deu tudo, até o seu próprio san-gue, na cruz. Amar é morrer: é gastar a vida para que outros tenham mais vida. Aqui está a fonte da verdadeira vida e da felicidade.

A ressurreição da filha de Jairo mostra a força da fé em Je-sus, fonte da vida. Quem vive no pecado e é profundamente

infeliz (porque se fechou si mesmo, nos seus interesses egoístas e numa solidão de morte), ao abrir-se aos ou-tros e ao dar a vida por eles como Jesus, recupera a vida e a alegria que nem a morte física pode apagar.

A mulher com escorrimen-to de sangue (assim como os leprosos, os endemo-ninhados, etc. = pessoas que nenhum médico podia curar: viviam na morte) é apresentada como sinal de quem vive no pecado. To-cando Jesus (pela fé), é res-tituída à vida.

Somos hoje convidados a renovar o nosso seguimen-to de Jesus, para o seguimen-tocar.

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A nossa saúde

N

este tempo os casos de diarreia são muito fre-quentes no nosso meio. Po-dem ser causados pela insu-ficiência de água o pela sua má qualidade, pela ausência da rede sanitária: falta de higiene pessoal ou domésti-ca e pela preparação inade-quada dos alimentos.

O que fazer? Como

prevenir?

Para prevenir as doenças que provocam a diarreia: é necessário observar as medidas básicas da higie-ne: tais como lavar as mãos com frequência durante o dia e sempre antes de co-mer, sobretudos depois de ter ido a casa de banho; evi-tar o consumo de vegetais não cozinhados ou de fruta fresca com casca; evitar o consumo de frutos silvestre e carne mal passada. A primeira medida a tomar em caso de diarreia aguda e a preparação do soro ca-seiro e depois ir ao Posto de Saúde mais perto de casa.

Como preparar o soro caseiro:

4 colheres de sopa de açúcar, 1 colher de chá de bicarbona-do de sódio, 1 colher de chá rasa de sal da cozinha, um copo de sumo de laranja, um litro de água fervida morna.

Não esquecemos que a diarreia aguda é a súbita alteração do hábito intestinal, seja como aumento do número de eva-cuações, ou como modificação nas consistências das fezes, causadas por agentes infecciosos.

A diarreia aguda é a principal causa de morte em crianças com idade inferior a 5 anos. Estima-se que cerca de 3.5 mi-lhões de crianças no mundo morrem por causas de diarreias agudas.

E nós, nas nossas casas ou aldeia o que vamos fazer? Devemos sempre melhorar as condições higiénica e evitar o consumo de água impropria.

Não abuse dos antibióticos estes devem ser usado, quando e se for necessário, mas sempre com a supervisão do enfer-meiro.

Enfim, recorrer sempre a Unidade Sanitária mais próxima evitando a automedicação.

(Celina Paulo e Ligório Alexandre)

Ai! Ai! Doe-me a barriga!

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08.07.2018 - 14º Domingo Comum

Ez. 2, 2-5; 2Cor. 12, 7-10; Mc. 6, 1-6 Com pouco Deus faz muito

Sempre que há eleições, já nos habituámos a ouvir os can-didatos prometer obras grandiosas. E todos perguntamos: onde está o dinheiro para fazer isso tudo? Logo começa-mos a desconfiar daquelas promessas.

Isto acontece porque estamos habituados a calcular a grandeza de uma obra em base aos meios e aos fundos empregados: com muito dinheiro faz-se obra grande, sem dinheiro… nem vale a

pena começar!

Seguirá Deus os mesmos critérios? Parece que não: Ele costuma utilizar o que é fraco e humilde, o que parece desprezível e rejei-tável, para fazer grandes coisas. As grandes coisas de Deus nascem sempre pequenas. S. Daniel

Com-boni costumava dizer que elas nascem e crescem aos pés da cruz.

Quando Deus quis chamar Israel à conversão, mesmo sa-bendo que era um povo com um coração duro e que não seria uma tarefa fácil, não escolhe como profeta (aquele que fala em Seu nome) um anjo ou um arcanjo. Escolhe um “filho de homem”, com todas as suas limitações e fra-quezas, defeitos e pecados.

Também S. Paulo, sendo um grande Apóstolo, se lembra de que, no princípio, foi perseguidor de Cristo e, pela vida fora, sempre notava o espinho do mal cravado na sua pessoa. Bem queria ele ser libertado desse espinho, para poder fazer melhor o trabalho de Jesus. Mas Deus en-tendia de outra maneira: era melhor que ele trabalhasse consciente da sua fraqueza, para poder descobrir que as maravilhas realizadas não vinham dele, mas de Deus. Foi assim que Paulo sentiu a força de Deus a realizar coisas grandiosas através dele.

Porque é que Jesus não foi aceite como Messias na sua aldeia de Nazaré? Não foi por ele teimar em se apresentar como um sim-ples homem, negando até realizar qualquer milagre? Jesus mostrou-se pequeno e fraco, porque não queria impor a fé n’Ele através do poder e da força. Foi aí que Jesus chocou com a ideia

deles, ideia já feita: Mes-sias é igual a rei poderoso e forte, que castiga os ím-pios, os inimi-gos de Israel. O mal dos conterrâneos de Jesus e de todos nós é não admitir que Deus pos-sa fazer maravilhas a partir de coisas pequenas, tais como: o amor de todos os dias, o sacrifício diário de ir trabalhar para o bem da família, o tratar com pa-ciência uma pessoa doente ou idosa, o atender bem os utentes numa repartição pública, o sofrer ao lado de alguém que não consegue livrar-se do seu vício… Vale a pena investir nas coisas pequenas, porque é nelas que Deus mostra o seu poder!

15.07.2018 – 15º Domingo comum

Amós 7, 12-15; Ef. 1, 3-14; Mc. 6, 7-13 O dinheiro e o Evangelho

Na opinião de alguns, quem segue o Evangelho nunca sairá do subdesenvolvimento, porque a pregação e a postura de Jesus ao lado dos pobres apesenta a riqueza como algo erra-do. Também os alertas de Jesus aos ricos (dizendo que difi-cilmente entrarão no Reino dos céus) desencorajaria a pro-cura de uma vida melhor: o pobre é que seria a pessoa boa. Ora, Jesus não condena a riqueza, mas o acumular riqueza egoisticamente, sem a partilhar com ninguém. Fazer da ri-queza um ídolo, que se adora acima de todas as coisas é onde está o perigo. A riqueza, se não nos considerarmos donos dela e fizermos dela uma oportunidade para nos abrirmos ao bem-estar de todos, evitando a avareza e a humilhação de quem não tem nada, é dom de Deus.

Igualmente, também não é aceitável subjugar a verdade, a justiça, o respeito e outros valores humanos (e divinos!) aos benefícios económicos. É o que diz o profeta Amós às pessoas que o aconselhavam a ir profetizar para outro lado, se quisesse ganhar a vida e evitar problemas, pois o rei não estava a gos-tar das suas profecias! Amós responde que o seu objetivo não é ganhar dinheiro. Para viver já tinha uma profissão. Mas está a cumprir uma missão: dizer o que Deus lhe mandou, mais nada. Isso significa que o dinheiro pode ser um perigo para a liberdade de um profeta. Quem recebe dinheiro de alguém

terá a coragem e a liberdade de lhe dizer a verdade de que ele não gosta?

No Evangelho Jesus manda os discípulos em missão sem carteira e sem mochila. Pre-vine-os, assim, contra o pe-rigo de misturar o anúncio da Palavra com benefícios económicos ou privilégios materiais. É importante que a evangelização seja feita sem grandes meios mone-tários e técnicos, para que se reconheça que os seus frutos não vêm de um po-der material, mas de Deus. É verdade que, para o anún-cio do Evangelho, são preci-sos meios económicos. Mas eles nunca devem ofuscar a ação do Espírito, que é o protagonista da missão. Sempre que a Igreja se uniu e ficou dependente do po-der político ou do popo-der económico, sofreu sempre graves consequências.

22.07. 2018 – 16º Domingo Comum

Jr. 23, 1-6; Ef. 2, 13-18; Mc. 6, 30-34 Jesus, o bom pastor

Quando os Assírios atacaram Jerusalém e derrotaram os seus exércitos, o rei Nabucodonosor deixou lá, a governar a cida-de, um rei muito fraco, Sedecias, que, para agradar aos inva-sores, não defendia o povo simples. Mas, ao mesmo tempo, odiava-os e queria ver-se livre deles. Para isso pensou fazer aliança com outros reis vizinhos, aconselhado por políticos aventureiros. O profeta Jeremias dizia que aquilo não ia dar

certo, mas Sedecias não o escutou. O certo é que Na-bucodonosor não gostou da brincadeira: voltou a atacar Jerusalém, derrotou o rei e os seus aliados, destruiu completamente a cidade e levou os seus melhores habi-tantes como escravos. Perante este desastre, Je-remias responsabilizou os

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políticos sem critério mas, ao mesmo tempo, procurou dar esperança e animar o desespero do povo. Os pas-tores que deviam proteger o rebanho falharam, mas Deus assume, ele mesmo, o papel de Pastor do povo: Ele promete fazer surgir da família de David um descen-dente justo e sábio, capaz de governar bem, para renovar o esplendor de Israel. Surgiu assim a esperança da vinda do Messias, o bom pastor.

S. Marcos, ao dizer que Je-sus sentiu compaixão pelas multidões que andavam de-sorientadas como ovelhas sem pastor, apresenta Jesus como o pastor prometido por Jeremias.

Também no nosso tempo a humanidade continua a pre-cisar de quem a guie bem. Já não é só o povo de Israel que precisa de pastores. Como diz a 2ª leitura, Deus quer guiar todos os povos. Conhecemos bem os de-sentendimentos, guerras e conflitos existentes na nossa sociedade. Só Jesus e a sua Palavra são luz desinteressa-da e isenta de objetivos es-curos: obter benefícios pes-soais ou de grupo (família, tribo, partido, nação, grupo religioso, etc).

Como é que nós, os cristãos, estamos empenhados em difun-dir essa luz? Todos somos chamados a ser pastores da huma-nidade, dando visibilidade ao único pastor, Cristo. Os pastores não são só os bispos, os padres e as irmãs, mas toda a Igreja. Como comunidade, estamos atentos e sensíveis (como Jesus) aos problemas, angústias e sofrimentos das pessoas que nos rodeiam? “Perdemos tempo” a descansar (oração) com Jesus, para ganhar novas forças e aprender a evangelizar bem?

29.07.2018 - 17º Domingo Comum

2Re. 4,22-44; Ef. 4, 1-6; Jo. 6, 1-15

Qual é o pão que garante vida sem fim?

No tempo do profeta Eliseu, Israel vivia um tempo de forte crescimento económico, mas os israelitas tinham começado a pensar que isso se devia ao facto de os antigos habitantes daquela terra adorarem Baal, o deus da chuva e da fertilidade. Iavé, o Deus de Israel, teria sido bom na guerra, libertando o povo da escravidão do Egito, mas não sabia nada de agricultu-ra. Sendo assim, na nova situação, o melhor seria abandonar Javé e começar a adorar Baal. Grande tentação para Israel! O profeta Eliseu reage fortemente contra esta tentação: Javé é o mesmo Deus que tirou o povo do Egito e que está a dar boas colheitas e não deixa faltar o sustento aos mais pobres, mesmo no tempo da seca. Esse é o sentido da narração do livro dos Reis que hoje lemos.

No Evangelho vemos Jesus realizar um gesto semelhante ao de Eliseu. E o evangelista João diz que isso aconteceu no tempo da Páscoa, quando se celebrava a libertação do Egito. Significa que é um gesto libertador, para dar vida a quem está na morte (fome mata). João é o único evangelis-ta que menciona quem contribuiu para a salvação de todos, pondo em comum os poucos pães que tinha: um rapazito. Uma criança pequena e insignificante, com poucos meios, dá oportunidade a Deus de fazer uma grande maravilha. Isso mostra que os cristãos, mesmo humildes e pobres, são o ins-trumento que Deus usa para fazer bem a muita gente. Jesus propõe, como forma de dar vida a muitos, (salvá-los da morte) a partilha e a colaboração de todos: Deus atua nesse juntar de forças e de corações.

Panorama eclesial

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Depois de 43 anos repropomos um resumo de uma reflexão que o então bispo de Nampula, Dom Manuel Vieira Pinto, fez com os missionários da Diocese, logo após a proclamação da Independência, nos primeiros dias de Julho 1975. Ele pergun-tava-se acerca do futuro e do papel da Igreja no contexto novo da independência. Um texto de grande actualidade também para as comunidades da Igreja em Moçambique de 2018.

«A proclamação da independência de Moçambique foi uma vitória decisiva e significativa. Vitória da liberdade sobre a escravidão, da dignidade sobre a humilhação, da solidarieda-de sobre o imperialismo, da paz sobre a guerra e o crime, da vida sobre a morte. Vitória não apenas do Povo Moçambica-no, mas de todos os povos que lutam contra a exploração, contra a destruição do Homem. A libertação de Moçam-bique não é um acontecimento isolado. A vitória do Povo Moçambicano é vitória de todos os povos oprimidos. É, sem dúvida, um passo em frente na construção da fraternidade. Igreja, que presença?

Perguntamo-nos, qual a forma de presença que a Igreja deve viver, hoje e aqui (ndr 1975), para servir efectivamente o Povo Moçambicano? Ao longo da história, várias têm sido as formas de presença da Igreja na sociedade. Pela sua inci-dência na evangelização e na pastoral vale a pena destacar

a presença e acção de cris-tandade, a presença e ac-ção de nova cristandade, a presença distinguindo duas missões: a de evangelizar e de animar as realidades temporais.

Em que consistia a situação de cristandade?

Em resumo podemos dizer que na situação de cristan-dade, o poder civil e político andam intimamente ligados ao poder da Igreja. O civil e o político não tinham uma autêntica independência ou consistência própria frente à Igreja. Nestas condições, meter-se em política para um cristão, era meter-se a trabalhar para que a Igreja tivesse um campo de in-fluência cada vez mais vas-to, um prestígio cada vez maior. Os leigos estariam ao serviço da hierarquia e esta ao serviço da institui-ção. A Igreja era primaria-mente instituição.

A nova cristandade Esta presença de nova cris-tandade, se reconhece a autonomia do político e do civil, procura manter ainda

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Rosto de mulher

o poder religioso frente ao poder temporal. Nesta perspecti-va, a Igreja, continuando a considerar-se centro de salvação, trata de estar presente na sociedade, não como um poder, mas como um princípio inspirador de valores cristãos. Evangelizar e animar

Compete à Igreja evangelizar e animar. À evangelização está ligado todo o Povo de Deus, particularmente a hierarquia; à animação está ligado, por vocação específica, o cristão leigo. A nova situação leva-nos a pensar a presença da Igreja em termos de fermento libertador. Passou o tempo do poder, da aliança, do privilégio. Chegou a hora da Igreja metida no povo como fermento na massa. Esta presença de fermento libertador, proclamada pela Igreja de Jesus de Nazaré, im-plica necessariamente a ruptura com todas as situações de opressão e de alienação, a opção pelos explorados e o com-promisso político de todo o povo de Deus.

Igreja identificada com o povo

Convém por isso analisar honestamente as alienações que porventura ainda existam dentro da Igreja em Moçambique. A partir da conversão e do desaparecimento das alienações, poderemos entender que a Igreja não está hoje e aqui para defender os seus interesses. A Igreja do Evangelho não tem interesses. O seu interesse é a salvação integral do povo. É a consolidação da justiça, da liberdade, de fraternidade, da paz e da abundância. É o crescimento do povo na fé, na es-perança, na alegria de Jesus Ressuscitado. É o Anúncio dis-creto da Boa Nova de Jesus de Nazaré. Talvez a Igreja tenha de morrer muito mais como meio institucional para renascer como comunhão. Chegará então para a Igreja em Moçambi-que a hora da pobreza efectiva, a hora da identificação com o povo como povo.

Que fazer imediatamente?

- Toda a Igreja em Moçambique deve testemunhar clara-mente a sua opção pelo povo. Testemunhar claraclara-mente a opção pelo povo significa, finalmente, que os missionários entregam efectivamente a responsabilidade de evangeliza-ção às comunidades, a responsabilidade das obras de assis-tência, de promoção, de ensino e saúde, ao povo.

- Todos os missionários, desde o bispo ao leigo, devem dar a primazia de tempo, de energia e de cria-tividade ao crescimento, expressão e autossuficiên-cia das comunidades. - Todas as comunidades de-vem suscitar a partir do seu próprio seio os diversos mi-nistérios. O tempo de mis-sionários de fora passou. É chegada a hora de os mo-çambicanos serem missio-nários dos moçambicanos. - Todos os cristãos adultos deverão comprometer-se com as diversas tarefas da revolução. O seu distintivo no engajamento que vive e realiza, será o amor frater-no a toda a prova e a alegria de servir.

O tempo novo de Moçam-bique é também tempo novo da Igreja».

Dom Manuel Vieira Pinto

Educar Rapariga

Desafio Global

A educação das adolescentes é um desafio não

mente para os seus pais, mas também para a

so-ciedade inteira.

A adolescência é aquela fase da vida compreendida entre os 10 e 19 anos, na qual começam as transfor-mações biológicas e psicossociais, tais como a busca de uma identidade ou a procura da própria autonomia, a quebra com os laços familiares e com a dependên-cia infantil. Esta busca de autonomia e da descoberta da nova identidade, é frequentemente acompanhada por comportamentos agressivos e por uma oposição aos valores familiares e sociais. Nestas faixas etárias, é fundamental que a família e os educadores ofereçam apoio e orientação necessários para um crescimento saudável e harmonioso.

Estatísticas

Em Moçambique, existem muitas Organizações que trabalham em prol da Rapariga Adolescente, por exemplo, a CECAP

(Coligação para a Eliminação dos Casamentos Pre-maturos), no seu relatório anual afir-ma que existem no Pais, aproxima-damente, 12.6 mi-lhões de crianças, representando mais de metade da população moçambicana e que Mo-çambique está no 11º lugar da lista dos países com a maior taxa de ca-samentos prematuros do mundo. Isto quer dizer que cerca de metade das mulheres se casam antes dos 18 anos. Também, ao nível da região da África Austral e Oriental, Moçambique ocupa a 2ª posição. Isto é preocu-pante.

O desafio da Iniciação

Há um ditado popular que diz: “É de pequeno que se torce o pepino”. Os casamentos prema-turos constituem um problema social e um entrave à rapariga ado-lescente, principalmente nas zonas rurais, privan-do-a do acesso à edu-cação, saúde e a outros serviços que lhe garan-tam a realização dos seus direitos.

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Igreja e

cidadania

Ser chamado, hoje

Portanto, as

comunida-des devem proporcionar--lhe uma boa iniciação e ensiná-la sobre algumas regras básicas, a saber: valores morais, como respeito, a importância de tomar diariamente banho e o cuidado do hi-giene pessoal e as práti-cas elementares na pre-paração dos alimentos.

As meninas de Montepuez

Em Montepuez conheci uma interessante rea-lidade que cuida das meninas: é o internado das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria que acolhe cerca de 30 meninas, de 11 a 19 anos. O Centro conta com o apoio de algumas mamãs leigas que ou-trora passaram por ali quando eram meninas elas mesmas e hoje, são conselheiras e acompa-nhantes no crescimento delas em todos os senti-dos.

O Centro não descri-mina as meninas pela sua religião, pois exis-tem meninas cristãs e muçulmanas, que

par-tilham o mesmo espaço, o mesmo programa do dia--a-dia, os mesmos sonhos e as mesmas regras de vida. Aí aprendem as regras básicas de higiene pessoal e da casa. Conforme o horário de cada uma, elas aprendem também a cozinhar para todo o grupo e a fabricar hós-tias e velas decorativas, como meio de auto sustenta-mento.

Enfim, aqui encontrei um grupo de raparigas adoles-centes, a serem formadas pela comunidade cristã para serem Mulheres de Amanhã!

No dia 15 de Abril, o Seminário Teológico S. Pio X de Maputo celebrou 50

anos da sua fundação. Queremos celebrar esta Instituição de formação da

Igreja local, apresentando a história vocacional de dois seminaristas.

A história do Horácio

“Sou Horácio André Calavete, frequento o 4º ano do curso de Teologia no Seminário Teológico Interdio-cesano de São Pio X de Maputo e nasci numa família cristã.

Nos dias 06 e 07 de Outubro de 2007, enquanto par-ticipava na peregrinação Mariana

no Santuário de Meconta, durante a procissão senti o meu coração comover-se olhando a tamanha fé dos crentes que estavam ali em oração e observando que o núme-ro dos padres participantes era tão reduzido para atender a todos. Depois da peregrinação ingressei no grupo vocacional da paróquia, eu estava na 9ª classe.

Quando regressei a casa, falei dis-so ao meu pai o qual não acolheu

esta novidade de bom agrado, principalmente sendo eu o único filho masculino de 7 irmãs. Mas, com o pas-sar do tempo, ele foi-se conformando com esta minha escolha. Em 2009 entrei no Seminário Propedêutico Mater Apostolorum. Não foi fácil para a minha família sustentar as despesas do seminário, mas todos uniram as forças para eu poder continuar.

Os desafios da

forma-ção sacerdotal

Os primeiros três anos da minha formação no se-minário foram marcados por momentos de alegria

e tristeza. Tristeza, por-que era a primeira vez que saía de casa e ficava longe dos meus familiares por muito tempo. Alegria, porque sentia que come-çava a fazer parte de uma nova família.

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Brilhe a vossa luz diante dos

homens (Mt 5,16)

Olhar profundo

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Com esta citação, os bispos de Moçambique lan-çam um apelo para a preservação da paz e bem comum, em Moçambique. Comunicado final da reunião da CEM realizada no mês de Abril.

«Queremos partilhar convosco as nossas preocupa-ções relativas à vida eclesial e social do momento presente.

Realidade da Igreja

Chamamos a vossa atenção para as três dimensões da evangelização que não podem faltar nas nossas comunidades nomeadamente: o Anuncio da Pa-lavra, a Comunhão na fé e o Testemunho de vida.

Achamos importante insistir na pastoral de conjun-to, promover uma espiritualidade de comunhão e melhorar o nosso diálogo e comunicação.

Nossas preocupações

Estamos preocupados com a crescente deteriora-ção dos valores éticos e sociais no nosso país,

visí-veis nas dívidas ocultas que incompreensivel-mente continuam sem solução e responsabili-zação, nos frequentes raptos que semeiam medo e insegurança, na violência generalizada, nas manifestações de intolerância, na degra-dação da qualidade da vida, no aumento do fosso entre os poucos que detêm a riqueza e o poder e o Povo cada dia mais empobreci-do… infelizmente está a tornar-se num modo de ser em Moçambique prometer uma coisa e fazer outra ou omitir e privatizar informações às quais todos têm di-reito de ter acesso. Estamos também mui-to preocupados com as notícias que nos che-gam de Mocimba da Praia (Cabo Delgado) sobre ataques e violên-cia nos últimos meses. Sem testemunho de vida o anuncio do Evan-gelho fica incompleto por isso convidamos os

Nos três anos sucessivos, estudei Filosofia no seminário da Matola procurando redescobrir a ascese interior e familiarizar-me com a Palavra de Deus.

Agora estou na terceira etapa da formação no curso de Teologia onde estou aprofundando a minha intimidade com Cristo.

Obrigado, Senhor

Quero agradecer a Deus pelo dom da vida e da vocação e por todas as maravilhas que Ele me concedeu, e con-tinua a conceder-me e pelas angústias que me ajudam a reconhecer que sou um homem frágil, propenso a er-ros, que precisa do auxílio de Deus. Somos como, dizia são Paulo, “Vasos de barro” que contêm um tesouro para toda a humanidade”.

A história do Serafim

“Sou Serafim João Muacua, natural de Nampula. Em 2007 senti-me chamado por Deus e como é k eu o descobri? Na-quela altura, estudava na Escola Secundá-ria de Napipine e tinha como professor de português um padre com o qual conver-sava e me confrontava. Depois tinha

ou-tros amigos que eram “vocacionados”. E assim, graças a estes encontros, decidi que eu também teria gostado fazer parte do grupo vocacional da paróquia. Em 2008 comecei com o acompanhamento vocacional no Cen-tro Vocacional.

A vida no Seminário

Desde 2010 percorri todas as etapas formativas do seminário: a fase do “discernimento vocacional” com o estudo propedêutico, “a fase do discipulado”, com o estudo da filosofia e a fase da “configuração”, com o estudo das disciplinas teológicas.

Redescoberta da Vontade de Deus

Neste tempo descobri que cada dia no Seminário é uma nova descoberta da vontade de Deus na nossa vida.

Esta é uma caminhada marcada por vida comu-nitária, oração, pastoral, estudos e trabalhos que são por si uma maravilha que molda a maturidade humana e espiritual da pessoa.

Às vezes, é difícil conti-nuar a caminhar, sobre-tudo, quando as crises se fazem ao nosso caminho. Mas a fé e a oração fazem

desta caminhada uma alegria para quem deci-de configurar-se com o Senhor no serviço dos irmãos.

Estou feliz na minha vo-cação. Não estou arre-pendido por ser semina-rista. Por último, lanço um apelo aos irmãos que, porventura, sentem o chamamento de Deus, para experimentar esta vida de seminarista, em resposta a Cristo, o Bom Pastor.

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A AÇÃO PASTORAL

1. CAMINHAR COM OS JOVENS

Caminhar com os jovens significa ir ao seu encontro e partir do lugar onde estão (física, espiritual, intelectualmente).

Acompanhar os jovens exige sair dos próprios esquemas, encontrando-os lá onde eles estão, adaptando-se aos seus tempos e aos seus ritmos; significa também levá-los a sério na dificuldade que têm de decifrar a realidade em que vivem e de transformar um anúncio recebido em gestos e palavras, no esforço quotidiano de construir a própria história e na busca mais ou menos consciente de um sentido para as suas vidas.

Três verbos, que nos Evangelhos conotam o modo de Jesus se encontrar com as pessoas do seu tempo, ajudam-nos a estruturar este estilo pastoral:

A Igreja está consciente da sua missão e quer mesmo acompanhar os jovens

com carinho no seu processo de crescimento humano e na escolha de

opções de vida que garantam a sua felicidade. Para isso, segue alguns princípios que podem servir de base

para a sua ação de pastoral.

Sair Aceitando o convite do Papa Francisco, podemos sair dos nossos esquemas pré-fabricados, do nosso modo de pensar “sempre foi

assim” e ter coragem de ir ao encontro dos jovens.

Ver Indica disponibilidade a passar tempo com eles, a ouvir as suas histórias, as suas alegrias e esperanças, as suas tristezas e angústias,

para as compartilhar com eles

Chamar Despertar o desejo, tirar as

pessoas daquilo que as mantém bloqueadas ou das comodidades em que elas se

instalam. Formular perguntas para as quais não

existem respostas pré-fabricadas.

nossos cristãos para um testemunho coerente atra-vés do cultivo e prática da santidade de vida. (c.f. Ex. Ap., Alegrai-vos e exultai, de Papa Francis-co)

Preservar a Paz

Convidamos todos os cidadãos a participar massiva-mente nas próximas eleições municipais. Que pos-samos consolidar com actos aquela paz e democra-cia que com discursos públicos afirmamos buscar.

IV Assembleia Nacional de Pastoral

Começamos a preparar a IV Assembleia Nacional de Pastoral, dentro dos próximos 2 ou 3 anos, movidos por estas constatações: necessidade de fazer uma avaliação das acção pastoral delineada na Assem-bleia de 2015, responder as mudanças a nível ecle-sial e social seja em Moçambique como pelo mundo for, aparecimento de novos desafio dentro e fora da Igreja que exigem uma resposta, necessidade de oferecer linhas de orientação para uma renovada acção de evangelização no contexto actual.

1ª Jornada Nacional da Juventude

Comunicamos com muita alegria a realização da 1ª Jornada Nacional da Juventude a realizar-se de 20 a

24 de Junho em Chimoio. Nesta ocasião poderemos preparar-nos melhor para o próximo Sínodo dos Bispos em Roma no mês de Outubro. Pedimos para

que todas as comunida-des Cristãs das nossas dioceses se preparem bem para este aconte-cimento e rezem pelo seu sucesso.

Apelamos a todos os fiéis para cultiva-rem o gosto de ler, conhecer, meditar e deixar-se guiar pela Palavra de Deus. Exortamos todos os cristãos, especial-mente os que estão inseridos nos diver-sos âmbitos da vida político e social, para que iluminem a sociedade através duma vida coerente com a própria fé. A todos apelamos que na sua vida e actuação na socie-dade se orientem pelos valores de coerência, integri-dade, solidarieda-de, transparência, tolerância, respeito e busca do bem co-mum.

Sobre todos invoca-mos as bênçãos de Deus.

(CEM, Bispos de Moçambique)

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caixa 564

A voz do povo

Pedido de Ajuda

A menina Vanedia Valentim de 14 anos de idade, hóspe-de do orfanato das Irmãs Contemplativas do Mosteiro Mater Dei, em Nampula, está à procura da sua mãe, de nome Natália Carlos Madeira, natural de Gurúè. Pede-se a quem tenha qualquer informação de contac-tar as Irmãs ao número 826801870 ou na secrecontac-taria da Rádio Encontro, na cidade de Nampula.

Obrigado

2. Sujeitos

Os primeiros agentes da pastoral juvenil são os próprios jovens. Para nós, eles não são apenas “público-alvo”, ou objetos, mas são os sujeitos da pastoral.

Na sociedade atual os jovens, principalmente os mais pobres, são descartáveis, valem enquanto consomem (compram!). Para a Igreja não é e não pode ser assim! A própria Igreja é chamada a aprender dos jovens: disto dão um testemunho luminoso numerosos jovens santos, que continuam a ser fonte de inspiração para todos.

A comunidade cristã como um todo deve preocupar-se da evangelização educação das novas gerações nos valores do evangelho. Muitos cristãos estão envolvidos em processos políticos, sociais e educativos: isso também é evangelizar! Acolher os jovens e deixá-los participar dos espaços de decisão (como os conselhos pastorais) também é um caminho de atenção à participação dos jovens.

O papel de adultos confiáveis (pessoas de referência), com os quais entrar em aliança positiva, é fundamental em cada percurso de amadurecimento humano e de discernimento vocacional. São necessários crentes autorizados, com uma clara identidade humana, uma sólida pertença eclesial, uma visível qualidade espiritual, uma vigorosa paixão pela educação e uma profunda capacidade de discernimento (pais de família, pastores, professores e outras figuras educativas). Responder com generosidade à própria vocação é o primeiro modo de promover a pastoral vocacional.

3. Lugares

 A vida cotidiana e o compromisso social

 Os encontros juvenis (JMJ, Jornadas, retiros, etc)

 As universidades e as escolas

 As experiências de voluntariado e serviço pelo bem comum

 As experiências missionárias

 Os seminários e as casas de formação

 O mundo digital (os meios de comunicação e as redes sociais)

4. Instrumentos

 As linguagens da pastoral: a música, o teatro, o desporto, a dança, o grupo de partilha, a liturgia,

a catequese... Sonhamos com uma Igreja que saiba deixar espaços ao mundo juvenil e às suas

linguagens, apreciando e valorizando a sua criatividade e os seus talentos.

 A atenção à educação e aos percursos de evangelização

 O silencio, a contemplação, a oração: Finalmente, e sobretudo, não há discernimento sem cultivar

a familiaridade com o Senhor e o diálogo com a sua Palavra. Em particular, a Lectio Divina é um método precioso que a tradição da Igreja nos transmite. Numa sociedade cada vez mais barulhenta, que proporciona uma superabundância de estímulos, um objetivo fundamental da pastoral juvenil vocacional consiste em oferecer ocasiões para saborear o valor do silêncio e da contemplação, e formar para a nova leitura das experiências pessoais e para a escuta da própria consciência.

Produção: Equipa de Comunicação Social da Visitadoria Maria Auxiliadora Texto adaptado do Documento Preparatório do Sínodo 2018

Diagramação: S. Augusto Rodrigues SDB FImagens personagens: LDC-Italia

Encontro: Na Trilha do Grupo de Jovens- Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude.

Esclarecimento

Sou crente da Paróquia de Inhassunge e tenho uma dúvida: na minha comuni-dade no primeiro domingo de Páscoa, coincidiu que houve uma cerimónia fúne-bre. Eu pergunto será possí-vel plantar flores na campa do malogrado neste dia?

(Luis Sadá - Inhassunge) VN: As normas litúrgicas proíbem celebrar um fune-ral no dia de Pascoa. Contu-do pode acontecer que haja o enterro de alguns irmãos da comunidade. Neste caso é bom proceder como os vários Directórios de Pasto-ral, das dioceses de Moçam-bique, nos indicam.

Tudo fica

Nos comícios nos falam da força da mudança, que é tempo de mudar; mas pa-rece que nada está a mu-dar. Por exemplo aqui no meu distrito, os preços dos produtos aumentam cada vez mais, porque as vias de acessos para a vila de A.

Molocué, onde estão os armazéns, estão cada vez mais da-nificadas. É desde as enxurradas de 2015 que pouco foi feito para recuperar as estradas e as pontes. Portanto tudo fica parado e muito caro. Estou desanimado.

(Carta assinada - Napacala) VN: Querido leitor, perante as dificuldades não é tempo para ficar desanimado. Pelo contrário temos que reagir po-sitivamente. Lutando e exigindo para que seja cumprido o programa de prevenção e recuperação que o governo faz através do INCN. É importante que a consciência civil dos moçambicanos não adormeça mas sempre vigilando possa ajudar os nossos governantes a realizar aqueles programas que favorecem o desenvolvimento e o bem de todo o Pais.

Onde está a agenda?

Sou assinante da VN há muitos anos e estou satisfeito com o que a revista traz cada mês paa os seus leitores. Infelizmente são dois anos que , na altura da publicação da Agenda, eu não a recebo. Será que vocês se esquecem de envia-la para mim? Será que na viagem ela fica perdida? Ou será que na

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minha paróquia ela foi desviada? Assim não é bom. (Carta assinada - Gilé) VN: Esta é uma pergunta que vale 2 milhões de meticais!!! Como responder? Primeiramente procurar com o responsá-vel da distribuição da VN da tua zona, porque se desaparece somente a Agenda, alguma coisa não está a correr bem. O rato está a roer o saco querendo comer a sua parte.

Página FB de Março e Abril

7 de Abril: “Eu gostaria que este dia se estendesse a todas as mulheres moçambicanas sejam elas da OMM, OMM1, OMM2,etc”. (Tobias Manuel Florêncio)

“Aquilo que é importante é valorizar com respeito todas as mulheres. Evitando os vícios exagerados, o uso descontro-lado do álcool, o abuso de drogas e o excessos de emoções para apreciar e colaborar com as mulheres de coração aber-to e sincero”. (Neto José)

“Parabéns mulher moçambicana. Deus abençoes a tua ca-minhada. Grande honra contar com grandes amigas deste amado País”. (Montanha Malpartida).

“Obrigado amiga VN porque nunca faltas em chegar nas minhas mão apesar da minha comunidade estar longe das principais estradas de comunicação. De facto chegas sem-pre atrasadas mas as tuas palavras confortam semsem-pre o meu coração e o coração de toda a comunidade”. (Manuel Tomé) Alegrai-vos e Exultai: “A esperança renovada em Cristo ressuscitado traz alegria aos nossos corações apesar que há dias sem sol. Obrigado pela força que o Papa nos infunde e para a amiga VN por fazer tudo para que os nossos dias sejam melhores” (Catarina Charles)

“Muitas vezes nas nossas comunidades não se utilizam as palavras do Evangelho. Vejo pessoas que cobiçam o lugar dos outros ou monopolizam a assembleia em prol dos próprios interesses. E assim como alcançar à santidade tal e qual como o Papa nos convida? Orgulho, medo, inveja, injustiça, falsidade, isolamento etc., são alguns obstáculos que encontramos na nossa caminhada para a santidade.

Vamos com coragem remo-ver estas pedras do nosso caminho para responder ao apelo do Papa que nos re-corda que o chamamento à santidade é para todos não só para os eleitos”.

(Calos António) Dia do Jornalista moçam-bicano: “Parabéns a todos os jornalistas de Moçam-bique em particular os da cidade de Nampula. Lute e lute cada vez mais para me-lhorar a informação neste nosso belo Pais”. (Esperança Mairosse)

VN: Obrigado a todos aqueles que nos acompa-nham nos canais das redes sociais. Gostaríamos que aproveitassem mais des-tes meios, para partilhar e comunicar activamente as vossas opiniões e reflexões para com todos os leitores. Portanto, aproveitemos a VN virtual representada pelo FB, para aumentar a nossa participação activa na composição dos conteú-dos da revista.

A solução está à nossa volta

U

m homem muito rico comprou um fato muito caro. No primeiro dia em que o vestiu no-tou uma linha que pendia na lateral das calças. A sua empregada, sempre solícita, disse que rapidamente daria um jeito.

Ele zangou-se:

– Você sabe quanto custam umas calças como estas?

A empregada afastou-se, entristecida, e ele decidiu que iria até à empresa responsável pela confecção do fato.

Chegando à empresa, falou com a recepcionista que logo o encaminhou ao gerente. Após cerca de 10 minutos, o gerente, muito simpático e educado, disse-lhe:

– Meu amigo, não há ninguém melhor que a Dona Maria, da oficina de costura, para ajudá-lo. Vá até lá que ela tem a solução!

O homem seguiu até a oficina. Já na porta, a costureira que estava no corredor, vendo aquela linha pendurada, correu, enlaçou-a e puxou suavemente, eliminando o "grave defeito" das calças do fato. Ele, assustado, começou a vistoriar a calça de um lado para o outro e viu que estava em perfeita condições.

A costureira explicou:

– Sabe, senhor, isso se chama limpeza de costura. Às vezes, ficam linhas dependuradas que o controle de qualidade não vê. O seu problema era simples e poderia ter sido solucionado pela sua empregada.

O homem, envergonhado, entendeu que, por vezes, pagamos caro por um trabalho profis-sional por não confiarmos na capacidade daqueles que estão dia a dia ao nosso lado.

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1-15 de Junho

é a quinzena da criança

“A palavra progresso não terá qualquer

sentido enquanto houver crianças infelizes.”

Referências

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