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O ESTADO DA ARTE SOBRE AS ESTRATÉGIAS DIDÁTICO- PEDAGÓGICAS RELACIONADAS À BIOLOGIA CELULAR

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 239 de 2382

O ESTADO DA ARTE SOBRE AS ESTRATÉGIAS

DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS RELACIONADAS À BIOLOGIA CELULAR

Isabela Gomes dos Santos; Renata Cristina Pereira Teodoro; Ana Flávia Vigário

(Instituto Federal Goiano, Campus Catalão, isabela_gomez102@hotmail.com) (Instituto Federal Goiano, Campus Catalão,renatinhateodoro18@gmail.com)

(Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão, afvbioufg@gmail.com)

Eixo 1: Ensino e aprendizagem de Ciências

Resumo: Para uma prática docente eficaz, é necessário que o professor pesquise e organize atividades diferenciadas que aproximem os escolares ao conhecimento científico. Em relação específica ao Ensino de Ciências e Biologia, muitos professores e escolares relatam sobre suas dificuldades em apreender os conteúdos relativos à Biologia Celular. O uso de jogos, modelos didáticos, animações audiovisuais e atividades práticas em laboratório pode favorecer a compreensão da Biologia em nível celular e molecular. Assim, este trabalho objetivou realizar uma prospecção sobre as pesquisas que envolvem o desenvolvimento e análise de estratégias pedagógicas relacionadas ao ensino da Biologia Celular. Por isso, pode-se dizer que este estudo caracteriza-se como uma pesquisa do tipo "estado da arte" que buscou selecionar as dissertações relacionadas ao tema no site da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) entre os anos de 2008 e 2018. Foram classificadas como pertinentes a esta revisão treze dissertações. Conclui-se que atividades diferenciadas são essenciais para motivar os alunos a aprenderem e, por consequência, facilitam o processo de ensino e aprendizagem. Várias pesquisas relacionadas ao Ensino de Biologia Celular mostram que as animações audiovisuais permitem que os estudantes visualizem e apreendem de fato os aspectos morfológicos e funcionais de uma célula. Assim, muitos pesquisadores apontam que é necessário agregar as ferramentas computacionais ao ensino e enfatizam a importância de um ensino contextualizado. Além disso, muitos estudos indicam que a utilização de mapas-conceituais trata-se de uma excelente estratégia para estruturar os conhecimentos dos estudantes.

Palavras-Chave: Ensino de Ciências; Ensino de Biologia Celular; Célula; Recursos

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 240 de 2382 Introdução

Sabe-se que o modelo didático-pedagógico tradicional, caracterizado pela transmissão mecânica de conhecimentos, não favorece a compreensão da verdadeira natureza da ciência e não prepara o aluno para enfrentar os problemas reais do dia a dia. É necessário, portanto, estimular a consolidação de uma nova prática pedagógica pautada na problematização e construção de saberes relacionados a situações reais. Assim, a partir desse contexto, torna-se importante dizer que a prática docente não se reduz ao domínio de teorias e conceitos científicos aleatórios. Para uma prática docente eficaz, portanto, é necessário que o professor pesquise e organize atividades diferenciadas que aproximem os escolares ao conhecimento científico visto em sala de aula (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2018).

Para que isso aconteça na prática, é imprescindível que os professores libertem-se dos paradigmas tradicionais que permeiam os processos educativos desde as séries iniciais. Entretanto, muitos cursos de formação docente inicial e continuada não conseguem consolidar um novo processo de ensino pautado na reflexão de problemas e construção de alternativas. Assim, pode-se dizer que muitos cursos de licenciatura não conseguem integrar de fato a teoria e a prática (AZANHA, 2019).

Além disso, os professores, na maioria das vezes, se veem sem outros recursos além do livro didático para ministrar suas aulas. Se utilizada de forma isolada, essa ferramenta de ensino pode enrijecer a prática educativa e dificultar a reflexão do professor sobre sua própria ação no contexto escolar (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2018). O uso de jogos de tabuleiro e cartas, modelos didáticos, animações audiovisuais, laboratórios, por outro lado, pode favorecer o ensino, pois essas estratégias, sem dúvidas, tornam o ambiente escolar motivador, prazeroso e ao mesmo tempo enriquecido com saberes científicos. Porém, muitos professores, com toda a razão, alegam não terem tempo e recursos para produzir tais materiais didáticos (NICOLA; PANIZ, 2016).

Em relação específica ao Ensino de Ciências e Biologia, muitos professores e escolares relatam sobre suas dificuldades em apreender os conteúdos relativos à Biologia Celular. Contudo, compreender as características, funcionalidades das estruturas que compõem uma célula, bem como o modo como as células se organizam e se dividem é

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 241 de 2382 fundamental para a compreensão da Biologia como um todo (PAIVA, GUIMARÃES, ALMEIDA, 2018).

Sem dúvidas, a célula é uma estrutura fundamental e está presente em todos os seres-vivos. Assim, espécies de bactérias, protozoários, fungos, vegetais e animais diferem entre si quanto à morfologia, fisiologia e comportamento. Entretanto, quando esses organismos vivos são comparados a nível celular e molecular, percebe-se que esses seres possuem um nível similar de organização, sendo as células as unidades estruturais de todas as formas de vida (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2005).

Assim, levando-se em consideração a importância e a complexidade dos conteúdos científicos expostos, este trabalho objetivou realizar uma prospecção sobre as pesquisas que envolvem o desenvolvimento e análise de estratégias pedagógicas relacionadas ao ensino da Biologia Celular. Por consequência, este estudo busca motivar e apresentar aos professores diversas estratégias metodológicas que podem ser facilmente replicadas em sala de aula.

Metodologia

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa do tipo "estado da arte". Conforme ressalta Pillão (2009),

―Estado da Arte tem sido entendido como modalidade de pesquisa adotada e adaptada/interpretada por diferentes pesquisadores de acordo com suas questões investigativas. Algumas vezes utilizando diferentes denominações – Estado da Arte, Estado do Conhecimento, mapeamento, tendências, panorama entre outras – os trabalhos envolvidos nessa modalidade de pesquisa apresentam em comum o foco central − a busca pela compreensão do conhecimento acumulado em um determinado campo de estudos delimitado no tempo e no espaço geográfico‖ (PILLÃO, 2009, p. 45).

Conforme esses pressupostos, esta pesquisa foi realizada no site da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), disponível em http://bdtd.ibict.br/vufind/ e foram utilizadas as seguintes palavras-chave: ensino de biologia celular e célula. Nesta busca, todas as palavras-chave deveriam estar presentes em qualquer campo do texto. Dessa maneira, organizou-se um panorama das teses e dissertações produzidas no período de tempo entre os anos de 2008 e 2018. Em seguida, a partir da leitura dos títulos e resumos, apenas as dissertações vinculadas à proposta deste estudo foram selecionadas.

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 242 de 2382 Dessa forma, através do levantamento conceitual das publicações, realizou-se uma prospecção sobre as dissertações de Mestrado que versavam sobre estratégias pedagógicas relacionadas ao ensino da Biologia Celular.

Resultados e Discussão

Mediante a aplicação do método descrito acima, 80 publicações (teses e dissertações) foram encontradas. Contudo, apenas treze dissertações foram classificadas como pertinentes a esta revisão. O título, objetivo principal do estudo, autor (a) e ano de publicação de cada dissertação analisada na íntegra constam no Quadro 1.

Quadro 1: Dissertações sobre o Ensino de Biologia Celular publicadas entre os anos de 2008 e 2018

Título Proposta do Estudo Autor(a) Ano da defesa

Produção e utilização de animações e vídeos no

Ensino de Biologia Celular para a 1ª série do

Ensino Médio

Desenvolver animações e vídeo-aulas Maximiliano Augusto de Araújo Mendes 2010 Desenvolvimento e avaliação de um método utilizando recursos da informática para o Ensino de Biologia Celular em cursos de Graduação

Desenvolver e apresentar como recurso didático um conjunto de animações e esquemas estáticos

para compor um software denominado BioCell

UNIFAL-MG Julio César Noronha Silva 2013 Desenvolvimento e avaliação de uma interface adaptativa para

Desenvolver um site para os três níveis de ensino: Fundamental,

Médio e Superior

Mayara Lustosa de Oliveira

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 243 de 2382 ensino de ciências e biologia celular A construção significativa

dos conceitos e suas relações por meio dos mapas conceituais: uma experiência no ensino de

respiração celular

Verificar a aplicabilidade do uso de mapas conceituais no processo de ensino e aprendizagem da temática ―respiração celular‖ Ataliba Durães Júnior 2015 Utilização de animações interativas aliada à teoria

da aprendizagem significativa: um recurso

no Ensino de Biologia Celular

Produzir e disponibilizar uma animação interativa Rafael Antunes Ferreira 2016 Processos de ensino e aprendizagem da Biologia

mediados por WebQuests

Apresentar as contribuições de uma ferramenta computacional,

a WebQuests

Bettina Heerdt 2009

O uso de modelos no ensino da divisão celular

na perspectiva da aprendizagem significativa

Investigar o potencial dos modelos didáticos e técnicas de modelagem no ensino da divisão

celular Cleonice Miguez Dias da Silva Braga 2010 Ensino-aprendizagem do conceito de ―célula viva‖: proposta de estratégia para

o ensino fundamental

Propor uma estratégia de ensino baseada na Teoria de Perfil

Conceitual

Jacqueline Alves Araújo França

2015

Filosofia para crianças como modelo para ensinar

conceitos básicos de

Propor como recurso pedagógico um diálogo científico/ filosófico

para aprimorar o Ensino de

Lucas Almeida Alencar

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 244 de 2382 Biologia Celular e

Genética para alunos dos anos finais do Ensino

Fundamental

Biologia Celular e Genética

Citologia no Ensino Fundamental: dificuldades

e possibilidades na produção de saberes

docentes

Apresentar em uma oficina de formação continuada diferentes

ideias que contextualizem o Ensino de Citologia Jane Victal do Nascimento 2016 Características da base de conhecimentos de professores no Ensino de

Biologia Celular a partir de um

curso de formação continuada

Analisar os conhecimentos de conteúdo e pedagógicos dos professores e, por meio de um

curso de formação docente continuada, fomentar novas ações para o Ensino de Biologia

Celular Júlia Katzaroff Ballerini 2014 A experimentação no Ensino de Biologia: contribuições da teoria do Ensino Desenvolvimental para a formação do pensamento teórico Apresentar as contribuições da teoria do Ensino

Desenvolvimento para o Ensino da divisão celular

Edna Sousa de Almeida Miranda

2017

Processo de significação dos conceitos de Ciências

da

Natureza no contexto de situação de estudo

Propor que as aulas sejam planejadas a partir de uma

Situação de Estudo

Rosângela Daniela Freitag de Andrade

2016

Por meio de suas experiências em sala de aula, Mendes (2010) constatou que muitos escolares apresentam dificuldades para apreender estruturas e conceitos em nível celular e

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 245 de 2382 molecular. Para ajudá-los a visualizar como alguns processos celulares acontecem, o autor desenvolveu algumas animações e videoaulas utilizando os aplicativos Microsoft Powerpoint 2007, Macromedia Flash 8, Adobe Photoshop CS 3 e Camtasia Studio 6.0.

Assim, Mendes (2010) produziu animações e vídeos que demonstram os seguintes processos celulares: funcionamento da bomba de sódio e potássio, caminho percorrido por uma proteína produzida no retículo endoplasmático granular, respiração celular e síntese protéica. Para facilitar ainda mais o processo de ensino e aprendizagem, o autor optou por sempre utilizar analogias em suas explicações. Essas analogias tiveram o propósito de associar o conhecimento prévio ao científico e, dessa maneira, contribuir para um ensino que aproxima o aluno de ensino médio a sua realidade.

Mendes (2010) pode concluir que as animações e vídeos produzidos são ferramentas que podem motivar os escolares e facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Conforme o próprio autor, diferentes estratégias didáticas estimulam cada aluno a sua maneira, pois o processo de ensino depende das preferências individuais de cada um. Por isso, sugere-se que o professor varie ao máximo suas estratégias didáticas, visando aproximar todos os estudantes aos conteúdos científicos (RODRIGUES et al., 2018).

De forma semelhante a Mendes (2010), Silva (2013) produziu animações e esquemas estáticos para compor um software denominado BioCell UNIFAL-MG. Essa ferramenta didática foi aplicada em um curso de Ensino Superior e abordou diversos assuntos relacionados à Biologia Celular: ciclo celular, sinalização celular, transporte através da membrana plasmática, organelas, dentre outros. O software BioCell UNIFAL-MG foi bem recebido e avaliado pelos alunos, pois muitos afirmaram que as animações e esquemas facilitaram a apreensão do conteúdo. Portanto, por meio de seus resultados, Silva (2013) motiva os professores do Ensino Superior a apostarem também em estratégias diferenciadas que facilitem o processo de ensino e aprendizagem.

Considerando que novas estratégias metodológicas devem ser implantadas nos três níveis de ensino, Oliveira (2013) desenvolveu um site destinado aos alunos do Ensino Fundamental, Médio e Superior. Assim, o site continha três abas, cada uma com recursos e linguagem específicos ao seu público para abordar a temática ―proliferação celular‖. Assim, a temática envolveu assuntos relacionados ao ciclo, controle celular, câncer, dentre outros

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 246 de 2382 assuntos.

Para avaliar a eficácia dessa ferramenta didática, os estudantes de todos os níveis foram divididos em grupo controle com aulas meramente expositivas, e grupo experimental com acesso a interface adaptativa criada pela pesquisadora. Após a divisão das turmas, os conhecimentos prévios dos alunos foram avaliados em um pré-teste e, em seguida, as aulas, com ou sem o auxílio da interface, foram ministradas. Ao fim da didática, todos os alunos responderam a um pós-teste e produziram mapas-conceituais a respeito do tema.

As análises dos testes e mapas-conceituais permitiram concluir que a ferramenta didática construída por Oliveira (2013) facilita o aprendizado. A autora pode perceber, por exemplo, que os mapas construídos pelos alunos do grupo experimental apresentam mais conceitos e interligações em relação aos mapas feitos pelos alunos do grupo controle.

Um mapa conceitual trata-se de um esquema visual que conecta diversos conceitos. Isto significa dizer que os escolares podem representar por meio de mapas como seus conhecimentos prévios e construídos se relacionam. Tavares (2007) diz que a construção de mapas conceituais facilita a aprendizagem e mostra como determinado conhecimento está estruturado no sistema cognitivo de quem o constrói. Assim, considerando tais vantagens e baseando-se nos pressupostos da teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel, Durães Júnior (2015) buscou utilizar mapas conceituais para favorecer a compreensão da temática respiração celular.

Durães Júnior (2015) aplicou essa ferramenta em uma turma de primeiro ano do Ensino Médio. Os escolares, inicialmente, foram orientados sobre os procedimentos relativos à construção de mapas conceituais. Em um segundo momento, os alunos puderam refletir sobre seus conhecimentos prévios em relação ao tema ―respiração celular‖. Na terceira aula, os estudantes leram um pequeno texto referente à temática e foram orientados a destacar as palavras mais importantes. Posteriormente, eles construíram o primeiro mapa conceitual. Durante as próximas três aulas, o conteúdo foi ministrado pelo professor responsável pela disciplina e, em seguida, os alunos produziram o segundo mapa conceitual. Por fim, análises referentes à abordagem permitiram concluir que o uso de mapas conceituais tornam os estudantes mais autônomos para aprender e atribuir significado ao conteúdo.

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 247 de 2382 interativa para representar uma célula eucarionte animal e avaliou o método mediante a aplicação de testes e mapas-conceituais. O aplicativo denominado ―Celulópolis‖ foi feito utilizando as seguintes tecnologias: Microsoft PowerPoint, iSpring, CorelDrawX8 e Voz do Narrador. A animação tivera o proposto de associar a célula a uma cidade.

Bettina Heerdt (2009) também apostou no uso de uma ferramenta computacional para mediar o processo de ensino e aprendizagem. Para o Ensino de Biologia Celular em turmas de primeiro ano do Ensino Médio, a pesquisadora utilizou como recurso didático-pedagógico uma plataforma de WebQuests intitulada ―O fascinante mundo das células‖. A WebQuest criada por Heerdt (2009) apresenta o conteúdo, direciona atividades de pesquisa e orienta os alunos para a construção de um trabalho. Ao final do processo de intervenção, Heerdt (2009) concluíram que a ferramenta é capaz de mediar a aprendizagem e aproximar os estudantes ao objeto de estudo.

Sem dúvidas, para que os estudantes compreendam de fato a Biologia em nível celular e molecular, o ideal seria que todas as escolas fossem equipadas com bons laboratórios. Contudo, a maioria das escolas não possui essa infraestrutura (ORLANDO et al., 2009). Assim, muitos professores passam a apostar no uso de modelos didáticos para facilitar a aprendizagem de conteúdos considerados como difíceis e abstratos. Braga (2010), por exemplo, propõe como estratégia didática a construção de um modelo concreto feito com canudos de refrigerante para representar os cromossomos.

A investigação conduzida por Braga (2010) envolveu alunos do primeiro ano do Ensino Médio e resultou na produção de uma sequência didática. Em um primeiro momento, os canudinhos foram utilizados para representar os diferentes tipos de cromossomos: metacêntrico, submetacêntrico, acrocêntrico e telocêntrico. Posteriormente, os escolares receberam quatro canudos vermelhos e quatro canudos azuis para representar os cromossomos que vieram da mãe e do pai, respectivamente. Dessa forma, a professora responsável pode explicar o que são cromossomos homólogos. Os estudantes também receberam ―letrinhas‖ para representar os alelos de um gene. Essas ―letrinhas‖ foram coladas nos ―canudinhos‖, para que a professora explicasse o que é homozigose, heterozigose, relação de dominância e recessividade.

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 248 de 2382 vermelhos e dois canudos azuis foram distribuídos aos alunos. Assim, cada canudo foi anexado a outro da mesma cor para representar a duplicação. Em determinado momento, os alunos também foram instruídos a modelar como ocorre o processo de mitose e meiose utilizando os canudinhos.

A estratégia foi avaliada por meio de questionários de pré e pós-teste, videogravações das aulas e entrevistas semi-estruturadas. Braga (2010), dessa forma, pode concluir que o uso de modelos em sala de aula pode motivar os alunos e facilitar o processo de ensino e aprendizagem de conteúdos tão complexos como a Biologia Celular e Molecular.

França (2015), por sua vez, reconhece que os escolares podem apresentar diferentes concepções acerca de um determinado conceito, a depender de suas experiências pessoais (Teoria de Perfil Conceitual). Por isso, França (2015) propõe em seu módulo didático que os alunos, inicialmente, respondam as seguintes questões: ―Biologicamente, do que você acha que somos feitos?‖, ―Todos os seres vivos têm o mesmo número de células?‖, ―As células são todas iguais?‖, ―Associe o termo célula a duas palavras.‖ França (2015) propõe que, em um segundo momento, os questionários sejam devolvidos aos alunos para que a turma discuta sobre suas concepções iniciais e decidam quais as melhores respostas. Após a conclusão desse momento de reflexão, França (2015) recomenda a utilização de estratégias diferenciadas, como o uso de História e Filosofia da Ciência, modelos tridimensionais ou microscopia, para apresentar aos alunos o conhecimento científico.

Alencar (2014), por sua vez, propõe associar Filosofia e Ciências para estimular a investigação científica em sala de aula. Para isso, o pesquisador desenvolveu um módulo didático composto por um diálogo denominado ―Clara e as Ciências da Natureza‖ e outras atividades. O diálogo apresenta a história de Clara em três capítulos. Ao desenrolar do enredo, Clara vicencia novas experiências em laboratório e sala de aula, contruindo novos conhecimentos relativos à célula e à hereditariedade. A todo momento, a personagem Clara demonstra suas curiosidades e inquietações a respeito do conteúdo trabalhado em sala de aula, tentando associá-lo a seus conhecimentos prévios. Assim, a proposta de Alencar (2014) visa que os alunos desevolvam habilidades de reflexão e pensamento crítico.

O estudo conduzido por Nascimento (2016) mostrou que a maioria das aulas são expositivas, tanto em escolas públicas como em escolas particulares de São Mateus, Espírito

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 249 de 2382 Santo. Isso mostra que muitos professores lecionam a mesma maneira como foram ensinados. Assim, diante dessa realidade, Nascimento (2016) organizou uma oficina de atualização pedagógica para socializar novas ideias que contextualizem o Ensino de Biologia Celular. No curso, os professores puderam então discutir sobre alternativas metodológicas para serem aplicadas no Ensino de Biologia Celular: o uso de jogos, teatro, modelos em biscuit, situações-problema e atividades prática que podem ser desenvolvidas em parceria com a Universidade. Após a realização dessa oficina, um projeto de intervenção foi então desenvolvido em duas turmas de 8º ano do Ensino Fundamental. Durante a realização do projeto, os alunos tiveram o primeiro contato com o microscópio e puderam visualizar as células que compõem o trato respiratório.

Ballerini (2014) também destaca a importância dos cursos de formação docente continuada e oficinas de atualização pedagógica e, por isso, desenvolveu um curso de caráter interdisciplinar intitulado ―A proposta de ensino por investigação na área de Ciências da Natureza: problematizando possibilidades curriculares em Biologia, Física e Química‖. Assim, quanto ao ensino específico de Biologia, Ballerini (2014) propôs a utilização de História e Filosofia da Ciência, atividades investigativas e modelos didáticos para aprimorar o Ensino de Biologia Celular.

Para investigar como os professores percebem a prática educativa, Ballerini (2014) aplicou um teste antes e após a intervenção denominado CoRe. Esse instrumento é capaz de verificar como o professor encara o ensino de determinado conteúdo. Assim, a partir dos dados obtidos pelo instrumento CoRe e a partir dos planos de aula elaborados pelos professores participantes, Ballerini (2014) concluiu que embora os professores conheçam diversas estratégias de ensino, eles dificilmente vão além das aulas meramente expositivas. Diante dessa realidade tão comum e para evitar que os objetivos do ensino se limitem a exposição de conteúdos que não se correlacionam com a realidade, Miranda (2017) enfatiza os benefícios do Ensino Desenvolvimental de Vassili Vassilievitch Davidov. Essa teoria pressupõe que o ato de apropriar-se de um conhecimento térico-científico deve colaborar e direcionar o aluno ao desenvolvimento da consciência e personalidade. Assim, Miranda (2017) elaborou um experimento didático composto por um sistema de tarefas sobre a divisão celular. Essas tarefas foram organizadas de modo a fomentar a formação do pensamento

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 250 de 2382 teórico e a personalidade dos alunos participantes.

Dentre algumas atividades que estimularam o processo de ensino e aprendizagem na perspectiva teórica descrita acima, destacaram-se as seguintes intervenções: exibição de vídeos, leitura de textos científicos, interpretação de imagens, resolução de problemas e a própria discussão em sala de aula. Para avaliar a qualidade do processo de ensino, ao final da intervenção, os alunos produziram um texto jornalístico de caráter científico relacionando o processo de divisão celular à saúde humana. Assim, a investigação concluiu que o Ensino de Biologia organizado na perspectiva desenvolvimental contribui para a formação e consolidação do pensamento teórico e para o desenvolvimento de cidadãos capazes de intervirem na realidade em que vivem.

Andrade (2016), por fim, propõe que as atividades de ensino estejam sempre relacionadas à Situações de Estudo (SE). Isso significa que os conteúdos científicos devem ser contextualizados para facilitar a apropriação daquele conhecimento. Assim, conforme a própria autora, as SE se desenvolvem em três fases: problematização, ampliação dos conceitos e sistematização do conteúdo. Assim,para avaliar essa dinâmica, a autora formulou as SE ―Alimentos – produção e consumo‖, ―Energia, extração, trasnporte e locomoção‖ e ―Adolescência – transformação, prevenção e orientação‖. A partir do desenvolvimento da primeira SE, a pesquisadora pode contextualizar o conteúdo ―célula‖ e outros conceitos científicos.

Conclusão

Conclui-se que o uso de estratégias metodológicas e recursos didáticos diferenciados facilitam o processo de ensino e aprendizagem. Várias pesquisas relacionadas ao Ensino de Biologia Celular mostram que as animações audiovisuais permitem que os estudantes visualizem e apreendem de fato os aspectos morfológicos e funcionais de uma célula. Assim, muitos pesquisadores apontam que é necessário agregar as ferramentas computacionais ao ensino e enfatizam a importância de um ensino contextualizado. Além disso, muitos estudos indicam que a utilização de mapas-conceituais trata-se de uma excelente estratégia para estruturar os conhecimentos dos estudantes. Espera-se, dessa forma, que este trabalho possa estimular os professores a utilizarem estratégias que vão além da mera exposição de

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 251 de 2382 conteúdos, pois os estudos descritos podem ser facilmente reaplicados em sala de aula.

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Contatos: cecifop@gmail.com gepeec@gmail.com Trabalho Completo II CECIFOP – 2019 ISSN: 2526-7485 (V. 2 -2019) Página 252 de 2382 FRANÇA, J. A. A. Ensino- aprendizagem do conceito de “célula viva”: proposta de

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Referências

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