• Nenhum resultado encontrado

Engenharia de Tráfego 1 INTRODUÇÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Engenharia de Tráfego 1 INTRODUÇÃO"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

1

INTRODUÇÃO

1.1. CONCEITOS BÁSICOS

Transporte é a denominação dada ao deslocamento de pessoas e de produtos. O deslocamento de pessoas é referido como transporte de passageiros e o de produtos como transporte de carga.

O termo transporte urbano é empregado para designar os deslocamentos de pessoas e produtos realizados no interior das cidades. O transporte realizado entre cidades é denominado transporte interurbano. Também são utilizados os termos transporte suburbano (entre bairros distantes e a região central das grandes cidades), regional (entre cidades de uma região), interestadual (entre estados) e internacional (entre países).

Os motivos que levam as pessoas a viajar são diversos: trabalho, estudo, compras, lazer (recreação) e outras necessidades específicas como ir ao banco, prefeitura, correio, hospital, médico, dentista, residência de outra pessoa, etc.

O movimento de carga ocorre pelas seguintes principais razões: transporte da safra agrícola, transporte de insumos e produtos para e das indústrias, chegada e saída de mercadorias dos estabelecimentos comerciais, movimentação de terra e de entulhos, coleta de lixo, transporte de mudanças, etc.

A facilidade de deslocamento de pessoas, que depende das características do sistema de transporte de passageiros, é um fator importante na caracterização da qualidade de vida de uma sociedade e, por conseqüência, do seu grau de desenvolvimento econômico e social.

Também associado ao nível de desenvolvimento econômico e social está a facilidade de deslocamento de produtos, o que depende das características do sistema de transporte de carga.

Essas afirmações valem em todos os contextos geográficos, ou seja, em nível de país, estado,

região, município, cidade, bairro, etc.

As atividades agrícolas, comerciais, industriais, educacionais, recreativas, etc., que são essenciais à vida moderna, somente são possíveis com o deslocamento de pessoas e produtos. A mobilidade de pessoas e produtos é, sem dúvida, o elemento balizador do desenvolvimento econômico e social.

A palavra modo é empregada para caracterizar a maneira como o transporte é realizado. Existem vários modos de transporte de passageiros: a pé, bicicleta, montado em animal, charrete, motocicleta, carro, perua, ônibus, trem, bonde, embarcação, avião, etc.

O transporte de carga é realizado por caminhões, camionetas, peruas, trens, embarcações, dutos, aviões, etc. Também são utilizados o automóvel (para carga de baixo peso e pequeno volume, como, por exemplo, alimentos), carreta rebocada por trator, carroça puxada por animal, carriola empurrada por pessoa (em pequenas distâncias), etc.

A maior parte do transporte de passageiros e de carga é realizado na superfície da terra, através das ruas, rodovias, ciclovias, calçadões (vias exclusivas para pedestres), ferrovias, etc., originando o tráfego (trânsito) de veículos (carros, ônibus, caminhões, motocicletas, bicicletas, bondes, trens, etc.) e pedestres, cujo estudo é objeto da Engenharia de Tráfego.

1.2. DEFINIÇÕES

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT: “Engenharia de

(2)

vias públicas e de suas áreas adjacentes, assim como do seu uso para fins de transporte, sob o ponto de vista de segurança, conveniência e economia”.

De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito: “Considera-se trânsito a utilização das vias

por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.”

As palavras tráfego e trânsito são sinônimas, ambas significando movimentação de veículos e pedestres. Assim, é indiferente falar em Engenharia de Tráfego ou Engenharia de Trânsito, embora a primeira forma seja a mais utilizada nos meios técnicos do país.

1.3. OBJETIVO DA ENGENHARIA DE TRÁFEGO

O principal objetivo da Engenharia de Tráfego é fazer com que com que o trânsito de veículos e pedestres seja realizado com segurança, fluidez e comodidade.

A segurança está relacionada com os índices de acidentes. A meta é minimizar a freqüência de ocorrência dos acidentes, principalmente dos mais graves. É fundamental perseguir o ideal de eliminar por completo os acidentes, em particular os graves.

A fluidez está associada ao deslocamento com velocidades e esperas normais, sem excessiva lentidão ou congestionamentos. Em algumas situações, é impossível evitar a ocorrência de lentidão e congestionamentos, cabendo, contudo, à Engenharia de Tráfego utilizar todas as estratégias para minimizar a freqüência desses fatos, bem como a amplitude dos mesmos.

A comodidade corresponde à existência de condições de deslocamento com conforto para condutores, passageiros e pedestres. Isso significa: vias e calçadas (passeios) revestidas com superfícies regulares e em bom estado de conservação; facilidade de encontrar vaga para estacionamento relativamente próximo do local de destino; faixas veiculares e passeios com largura adequada; raios de curvatura das guias compatível com a velocidade da via ou dispositivo viário; cruzamentos com geometria e condições de operação adequadas, sinalização de trânsito apropriada; guias rebaixadas nas esquinas para os portadores de deficiência e pessoas que empurram carrinhos ou têm dificuldade em subir degraus; etc.

Três aspectos importantes com relação ao planejamento e projeto do sistema de trânsito são: economia, estética e impacto ambiental.

As soluções devem ser o mais barato possível, uma vez que os recursos econômicos são escassos.

As obras viárias e a sinalização de trânsito devem estar integradas de forma harmônica com a paisagem urbana ou rural, apresentando uma estética adequada.

Também importante é que as soluções não degradem o ambiente natural e o ambiente construído. Obras viárias e trânsito intenso podem trazer grandes prejuízos para as áreas verdes, as áreas residenciais, as áreas históricas, etc.

1.4. AÇÕES PARA UM TRÂNSITO RACIONAL

Para que o trânsito de veículos e pedestres seja realizado de maneira racional, isto é, apresente segurança, fluidez e comodidade, são necessárias ações em três áreas: Engenharia, Educação e Esforço Legal (fiscalização e punição dos infratores). Como as três palavras começam com a letra E, é comum o emprego do jargão que um bom trânsito depende de três “Es”.

A seguir são discutidos os diversos aspectos relativos a essas três áreas envolvidas na obtenção de um trânsito racional.

Engenharia

A área de engenharia engloba:

(3)

• Sistema de circulação e estacionamento: definição da hierarquia das vias, sentidos de percurso das ruas, locais de estacionamento, tipo de estacionamento (normal, em ângulo, com limitação de tempo tipo zona azul, etc.), forma de operação dos cruzamentos (com parada obrigatória, semáforo, etc.). • Sinalização: implantação e manutenção da sinalização vertical, horizontal e semafórica.

• Gerenciamento do trânsito: planejamento e implementação de estratégias de operação visando otimizar o sistema, detecção de incidentes na via e intervenção em tempo real (''on line") de modo a minimizar o prejuízo dos incidentes ao trânsito, projeto de desvios no caso da necessidade de interrupção de vias devido a obras ou outros motivos.

• Gestão da segurança viária: estatísticas de acidentes, mapeamento dos acidentes no tempo e no espaço, utilização de técnicas auxiliares no diagnóstico da segurança no trânsito (auditoria e técnicas de conflito), implementação de ações físicas para redução dos acidentes (alteração de geometria da via, dispositivos de “traffic calming”, etc.

Educação

A educação no trânsito tem dois objetivos:

• Conscientizar das pessoas da importância do respeito às leis e à sinalização de trânsito.

• Preparar (capacitar) as pessoas para que possam conduzir veículos (carros, motocicletas, bicicletas, charretes, etc.), ou se locomover a pé, com eficiência e segurança.

Algumas ações importantes na área da educação no trânsito são: abordagem do tema no currículo das escolas de todos os graus, emprego de unidades volantes de educação de trânsito (peruas equipadas com televisão, videocassete e outros equipamentos para educação nas escolas, nas empresas, etc.), cidade mirim de educação de trânsito (local onde o sistema viário é reproduzido em escala menor para se ministrar aulas práticas a crianças), centro de treinamento de condutores (local com toda infra-estrutura para preparação e reciclagem de condutores), campanhas educativas freqüentes utilizando todas as formas de comunicação de massa, cursos de direção defensiva, etc.

Esforço legal

No âmbito do esforço legal incluem-se:

• Fiscalização: corresponde ao policiamento constante para verificação da obediência das pessoas às leis e regras de trânsito, orientando e, quando necessário, fazendo multas ou tomando outras providências legais.

• Punição: consiste na aplicação de multas e outras sanções previstas nas leis para aqueles que infringem as leis e normas de trânsito.

Algumas ações importantes na área do esforço legal são: dotar a polícia militar de recursos humanos treinados e equipamentos adequados (viaturas, radares, bafômetros, etc.), empregar penas alternativas mais fortes com a obrigatoriedade da realização de serviços de relevância social, etc.

O novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei n.o 9.503 de 23/09/1997) representou um grande avanço no sentido de reduzir significativamente as infrações de trânsito no país e, em conseqüência, o número de acidentes. As multas e as penalidades aplicáveis aos infratores são muito mais severas em relação ao código que vigorava anteriormente.

1.5. MARCO LEGAL

No Brasil, o trânsito de veículos e pedestres é regido pelo Código de Trânsito Brasileiro (Lei n.o 9.503 de 23/09/1997). Conhecer esse código é fundamental para todos os profissionais que trabalham na área de trânsito.

A seguir são transcritos alguns trechos do código considerados relevantes para serem reproduzidos neste capítulo introdutório.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.

(4)

§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro.

§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente.

Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.

Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas.

Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a qualquer veículo, bem como aos proprietários, condutores dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele expressamente mencionadas.

Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os efeitos deste Código são os constantes do Anexo I.

CAPÍTULO II

DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO Seção I

Disposições Gerais

Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades.

Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito:

I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento;

II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito;

III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema.

Seção II

Da Composição e da Competência do Sistema Nacional de Trânsito Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades:

I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo;

(5)

II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores;

III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

V - a Polícia Rodoviária Federal;

VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI.

1.6. A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA DE TRÁFEGO

A utilização do automóvel após o seu advento no início deste século tem sido cada vez maior. Há cerca de três décadas, o uso massivo do automóvel se restringia aos países mais desenvolvidos: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, etc. Atualmente, no entanto, em quase todos os países do mundo há uma utilização intensa do automóvel.

Há alguns anos somente se pensava em congestionamentos e acidentes de trânsito nas grandes cidades. Hoje isso ocorre nas cidades médias e até mesmo nas pequenas.

Se de um lado o carro proporciona grande comodidade (conforto) para os seus usuários, de outro traz grandes problemas para as cidades: congestionamentos, poluição atmosférica, acidentes, necessidade de grandes investimentos em obras viárias e sistemas de controle do tráfego, etc.

Da necessidade de organizar o trânsito de veículos e pedestres e de minimizar os efeitos negativos do uso do carro é que surgiu a Engenharia de Tráfego ou Engenharia de Trânsito.

Atualmente todas as cidades do país, inclusive as de menor tamanho, têm necessidade de contar com técnicos para organizar e racionalizar o seu trânsito.

A Engenharia de Tráfego tem hoje uma importância muito grande, uma vez que a qualidade do trânsito (nível de congestionamento, de poluição, de acidentes, etc.) se reflete diretamente na qualidade de vida da população.

No Brasil, o mercado de trabalho para os profissionais que atuam nesta área está em franca expansão, em razão do grande crescimento da frota nacional de veículos.

1.7. EXERCÍCIOS

01.Conceituar transporte, transporte de passageiros e transporte de carga.

02.Quais os principais motivos de viagem das pessoas? E do deslocamento de produtos?

03.Quais os benefícios para a sociedade advindo de um adequado sistema de transporte de passageiros?

04.E de um adequado sistema de transporte de carga?

05.Quais os principais modos utilizados no transporte de passageiros? E de carga? 06.Qual a definição de Engenharia de Tráfego de acordo com a ABNT?

07.O que é trânsito de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro? 08.Quais os objetivos da Engenharia de Tráfego? Discorrer.

09.Que aspectos são importantes com relação ao planejamento e projeto do sistema de trânsito? Comentar.

10.Em que áreas se deve atuar para se conseguir um trânsito racional? Explicar.

11.O que é o Sistema Nacional de Trânsito? Quais os objetivos desse sistema? Quais os órgãos que compõem esse sistema?

Referências

Documentos relacionados

A convivência com animais é importante, no entanto, as famílias devem estar atentas aos cuidados que o animal de estimação necessita para não se tornar um problema, pois, este passa

1 - É expressamente interdito o estacionamento de veículos ou equipamento nas vias de circulação interna, que impossibilitem o trânsito de outros veículos, em especial os

“Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,

1º A suspensão das seguintes atividades, pelo prazo de 14 dias, em todo o território municipal em caráter extraordinário, como medidas sanitárias para fins de prevenção e

Contém: Álcool Cetoestearilico Etoxilado, Monoesterato de Glicerila, Propilenoglicol, Palmitato de Octila, Extrato de Castanha da Índia, Extrato de Calêndula,

avaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo- -se critérios para renovação da autorização

No presente trabalho, foi proposto um procedimento de soldagem de corpos de prova com geometria em T (semelhante às uniões observadas na confecção dos

O público alvo é definido pelos agentes que formam o trânsito, sendo: veículos motorizados, veículos não motorizados, pedestres e animais, para fins de circulação,