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O papel das políticas governamentais na modernização da agricultura brasileira

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

O Papel das Políticas Governamentais na Modernização

da Agricultura Brasileira

WALDEZ BATISTA DOS SANTOS

matrícula nº: 096224121

ORIENTADOR(A): Prof. René Louis de Carvalho

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Dedico este trabalho aos meus pais, Clemilda e Batista, pelo amor e carinho incondicionais e empenho na minha formação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Prof. René Louis de Carvalho, por toda sua dedicação a este trabalho e paciência com um jovem economista.

Agradeço a Anna Lúcia Braga Salles, a qual dispenso enormes palavras de agradecimento e gratidão ao longo desta caminhada.

Agradeço ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelos bons anos aqui vividos e pela formação me dada por esta Escola, e pela construção de um caráter de economista permeado pelos valores essenciais de ética e responsabilidade social aqui transmitidos.

Agradeço aos meus pais, Clemilda e Batista por toda a infra-estrutura familiar a mim concedida, pelo empenho na minha formação e por todas as vitórias até então alcançadas. Muito Obrigado, meus pais.

Por fim, agradeço a Deus, pela capacidade de amadurecer e compreender o mundo aos olhos das Ciências Econômicas e aprender cada vez mais.

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RESUMO

O trabalho descreve as políticas agrícolas que contribuíram para o desenvolvimento da agricultura, enfatizando a relação entre o crédito rural subsidiado pelo Governo e o crescimento da economia agrícola ocorrida na década de 90, não deixando de tratar de um dos tópicos mais importantes que são as novas fontes de financiamento voltadas para a atividade rural que surgiram no final da década de 80. A discussão privilegia os tipos de financiamento direcionados para tal setor, a partir da década de 90, no Brasil. Os objetivos pretendidos apontam para a especificação do papel do Estado brasileiro na oferta de crédito rural.

Além disso, procura-se descrever foi o panorama da economia agrícola no Brasil durante as décadas de 70 a 90, tendo em vista, que foi nesse período que ocorreram algumas mudanças na gestão governamental, as quais fizeram com que o Estado passasse a tomar medidas liberais para o ajustamento da demanda pelo crédito rural.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 8

CAPÍTULO I – CRÉDITO E POLITICA AGRÍCOLA...9

1.1 - O P rim ei ro Governo Vargas ... 9

1.2 – Dem ocracia Li beral – 1946 a 1964 ...12

CAPÍTULO II – A EC ONOM IA AGR ÍC OLA NO BR AS IL E O CRÉD ITO RURA L... ... ... ... ... 15

2.1 — Os Anti gos Mecanism os de C rédito Rural e a Produção Agrí col a nos Anos 70 ... 15

2.2 - A Quest ão do C rédito Agrário ...2 2 2.3 - A agri cult ura brasil eira nos anos 80 e 90 ...3 1 2.4 — Novas font es de financi am ent o da agri cultura ... ...3 5 CAP ÍTU LO III – IMPAC TOS S OC IA IS DA MODER NIZA C AO DA AGR ICU LTURA ... ... ... ... ...32

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7 CAP ITU LO IV – PR ONAF

4.1 – C aract erí sti cas gerais ... ...4 9

4.2 – Diret rizes... ... .51

4.2.1 – Pronaf – C ... ...52

4.2.2 – Pronaf –M ... ... ... ..5 4

CONCLUSÃO ... ..58

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INTRODUÇÃO

O trabal ho enfatiza o crescim ento da economia agrí cola ocorri da na década de 90, cit ando ainda as nov as fontes de financi am ento volt adas para a ativi dade rural que s urgi ram no final da década de 80. A di scuss ão privilegi a os ti pos de financi ament o volt ados para est e s et or, no Brasil, durant e a década de 90. Os obj etivos aqui perseguidos consist em em es pec i fi car qual o papel do Est ado bras ileiro no processo de fornecim ento de crédito rural.

O trabal ho analis a três aspectos pri nci pai s: prim ei ram ente será analis ado no capitul o 1 , as políti cas util izadas na pri mei ra Era Vargas e na fase conhecida como democra ci a liberal, de 1946 at é 1964. Os capítulos 2 e 3 enfatizam o período de m aior desenvolvi ment o agrí col a naci onal, a parti r da implant ação do Si st em a Nacional de C rédito R ural focan do a análi se do trabalho na agroi ndústri a e nos grandes produtores rurais. P or fim , o capitul o 4 fala sobre o Pronaf, que foi o redi reci onamento da políti ca agrícol a para o fortalecim ent o da agricultura famili ar.

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CAPÍTULO I

CRÉ DITO E POL IT ICAS AGRI COLAS

1.1 — O Pri mei ro Governo Vargas

As m udanças regist ra das na economi a brasil ei ra entre 1930 e 1945 foram em boa parte induzidas pel as políticas governam entais, ini ci alment e volt adas para a sustentação das ati vi dades agro -export adoras e para a continui dade dos serviços da divida externa, e num s egundo momento, para o fom ent o da indust ri alização substit utiva de import ações. Na formul ação e execução des sas pol íticas merecem s er dest acados, por exemplo, o crédit o rural públi co mini strado pel a CREA I (Carteira de C rédito Agrí col a e Indust ri al), ins tituí da em 1937 pe l o Banco do Brasil, e em menor grau, da CFP (Comis são de Financi am ent o da Produção), ofi ci alm ent e est abel eci da em 1943, e que mais t arde encarregar -s e-i a do cont rol e e da execução da políti ca de preços míni mos. Tai s inovações s e deram fora do âmbit o do Min i stéri o da Agricultura, que tinha parti cipação limi tada e até s ecundári a, uma vez que produtos import ant es como o café, o cacau e a cana de açúcar não tinham s eu culti vo e comerci aliz ação cont rol ados.

Na s egunda m et ade da década de 30 surgi u uma est rat ég ia agrí col a não mais volt ada para a defesa de um det erm inado produto ou regi ão, mas tendo com o objet ivo a ampliação e a diversifi cação da produção agropecuári a do

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10 Pais como um todo, especi alm ent e aquel a destinada ao abas t ecimento de s eu mercado int erno. O princi pal i nst rum ent o utilizado foi o credito rural publi co da CREAI do Banco do Brasil, que foi considerada a prim eira organização brasil ei ra para o fi nanci am ent o de l ongo prazo de ati vidades priorit ári as. Ess e fat o m arca o surgim ent o da consci ênci a que c abe ao Governo int ervi r para diversifi car a estrutura produtiva e para reduzi r a dependênci a externa.

Ess a m edida, de fat o, foi precedida, com a instituição, em 1934, do Cons elho Federal de Comércio Exterior (C FCE), órgão consul tivo e de coordenação de div ersos segm entos do governo cent ral, encarregado de estudar e propor medidas rel acionadas a políti ca com erci al externa do pais .

Na m edida que a i nfra -est rutura físi ca da economia começava a s er encarada em conj unt o pelo nossos governantes , as políti cas de c ambio e de crédito tam bém pas s ari am a ser integradas num a pers pecti va mais ampl a e de prazo mai s longo, faz endo com que o credit o rural publi co ent ão recém instituído propi ci ass e aos agricultores;

A disponibilidade de recursos para o financiamento de su as ativi dades.

O estabelecimento de prazos e de outras condições adequadas à nat ureza especifi ca dessas at ividades .

A fixação de taxas de jutos favorecidas, importante em uma economia com o a brasil eira, suj eit a a recorrent es s urtos infl acionários.

Essas vant agens tornaram possí vel , no período de 1938 a 1945, uma grande ampl iação dos empréstim os bancários ao setor produti vo, assim como

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11 um cres cim ento considerável da produção agropecuári a (em termos fí sicos ) durant e o m esm o período. Esses res ult ados fo ram consegui dos basi cam ent e devido aos s eguint es fatores.

A criação de um quadro de técnicos e de profissionais bancários capazes de fazerem com que os agri cultores soli cit ass em os financi am entos na bas e de orçam entos de despes as corretam ent e calculados

A fiscalização do dispêndio desses recursos por parte dos agentes da CR EA I

A conseqüente redução do risco dos empréstimos para o Banco a níveis i nsi gnificantes.

Desta form a o credit o rural contri bui u ao mesmo t empo para reduzi r os cust os financeiros dos est abel ecimentos agropecuários, ao promover um a progressiva substituição dos int ermedi ári os que t radi cionalm ent e vinham at endendo as necess idades de credito da produção, muit as vez es cobrando abusivos e im pondo exi gênci as e condições abusivas aos seus prest amist as .

Por sua vez, a políti ca de garanti a de preço mí ninos, que começari a a funcionar efetivam ente a parti r dos anos ci nqüenta, t eve s eu ini cio na época da S egunda Guerra, com a cri ação do da C omis são de Financi am ent o da Produção (C FP), encarregad a de t raçar os planos financei ros relati vos à produção que int eres sass em à defes a econômica e milit ar do país.

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1.2 — Democracia Liberal - 1946 a 1964

Durante a m aior parte da fase liberal de nos sa hi stori a republicana, as políti cas agrícol as do gover no federal estiveram volt adas para o estimulo a produção através de m ecani smos de mercado. Ess as pol íticas não eram priorit ári as e os i nvestim entos públi cos mais si gni fi cativos concent raram -s e na infra-es trutura de transportes e arm az enagem .

A polí tica agr í col a dess a fase t inha com o principais vertent es a admi nist ração de preços de al guns produtos , os subsídios a aquisi ção de insum os im port ados e nos s ubsí dios rel acionados t anto a produção como a com erci aliz ação do setor. Ao cont rari o da ass ist ênci a aos pro dutores e da pesquisa agronômi ca, o que teve grande expans ão foi a am pli ação da front ei ra agrí col a, que conti nuou como o component e fundam ent al do cres cim ent o setori al. Porem , ao mesm o t empo, houve cres cim ento em al gum as form as de cri ação ani mal , com o cr es cim ent o dos rendimentos por hect are e por pess oa ocupada.

A ênfas e na utiliz ação de i nst rum ent os de naturez a conj untural não poderi a ser m antida de form a indefi nida, t endo ati ngido a efi ci ênci a necess ári a em meados da década de 60. A parti r dess a época h ouve uma redução da expans ão da front ei ra agrí col a, o carát er est rutural de cert os problemas foi aparecendo m ais niti dam ent e, exi gi ndo m edi das do Governo, com o por exemplo, a erradicação da cafei cult ura e sua substit uição por out ras cult uras, pri ncipal ment e nos est ados de São Paulo e Paraná. O

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13 aprofundamento, e post eriorment e a est agnação da indust ri alização também contri buí ram para tal fato.

Is so não quer diz er que os probl em as estruturais da agri cult ura brasil ei ra ti vess em s ido res olvidos, uma vez que um dos pres supostos bási cos das pol íti cas agrícol as em vi gor era de que a est rutura agrária concent rada não representava um empecilho ao aum ento da produção e da produtivi dade setori ais . Houve continui dade das polí ticas vi gent es e apenas m udanças si gni fi cat i vas ocorreram com a expans ão da i nfra -est rutura de transportes e de arm az enagem, e de subsí dios cambiai s , fis cais e post eriorment e, t ambém creditícios para a aquisi ção de insumos produtivos, pri mei ro import ados e post eriorment e de produtos de fabri cação na cional . Tais s ubsídios tiveram papel fundamental para o aumento no cons umo de fertil izant es, uso de tratores e outros equipam entos m ecânicos, que desencadeari am a indus tri aliz ação da agri cult ura brasil ei ra, ocorrida com m aior intensidade na segunda met ade da década de 50.

No ini cio da década de 60, devido as cris es de abast ecim ento interno do Pais e s eu cons eqüente recrudescimento do processo i nfl acionário, o desenvol vimento agrícol a t ornou -s e pri orit ári o, es peci alm ent e com o Pl ano Tri enal de 1963, el aborad o por Cel so Furt ado, que tinha a reforma agrári a com o solução para o impass e. No ent ant o, o pl ano foi rejeitado pelo governo J oão Goulart, que preferiu expandir o credit o rural e valoriz ar a políti ca de preços m ínim os.

O pri ncipal obj eti vo das políti cas a grícol as governam ent ai s, nessa fas e, de 1946 a 1964 era o aumento da lucrat ivi dade da produção sem el evação

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14 corres pondent e dos preços pagos pelos consumi dores e, cons eqüent ement e dos índi ces de custo de vida publicas . Apesar do êxito, especi al ment e em rel ação à prim ei ra part e, pode -s e questionar a real contri bui ção de tais políti cas ao desenvol vimento s ócio -econômi co do p aí s. A parti r dos anos 60, as t axas de juros do crédit o rural tornam -s e negati vas em t ermos reais, estim ul ando de forma art ifi ci al sua de m anda, cuj a expansão des de aquel a época tenha sido caus ada m ais pel a especul ação do que por m otivações ess enci alm ent e produti vas.

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CAPÍTULO II

A ECONOMIA AGRÍCOLA NO BRASIL

E O CRÉDITO RURAL

2.1 — Os Antigos Mecanismos de Crédito Rural e a Produção

Agrícola nos Anos 70

A parti r da década de 50, a políti ca agrícol a do paí s j á reconheci a a importância do crédito como inst rum ento de fom ento e trans form ação da agri cultura e do mei o rural . S egundo Massuquett i (1998), em trabalhos como o Plano de Met as (1956 - 1960), o Plano Tri enal (1963 -1965) e o Pl ano de Ação Econômi ca do Governo - PAEG (1964 -1966), o crédito rural já era vi sto com o peça chave nas políti cas de desenvolvimento do Paí s. O PAEG, por exempl o, previa como necessária ent re outras med idas , a cri ação de uma coordenação de crédi to rural e de um fundo nacional de refi nanci amento rural,

com apoio ext erno e interno.

Apes ar das const ant es recom endações ins er i das nos es tudos e planos de desenvol vimento do país, é som ent e a part ir de 196 5 que a propost a de empregar o crédito na agri cul tura se institucionaliz a e ganha fort e im puls o. Neste ano é const i tuído o Sist em a Nacional de Crédi to Rural (SNC R), tornando o crédi to rural um inst rumento perm anente, com papel estrat égi co dentro das políti cas de promoção da agri cult ura brasil ei ra. Depois de criado o

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16 SNCR em 1965, ocorreu nas décadas de 60 a 70, cres cim ent o do volume t otal de crédito agrí cola no Brasil destinado à modernização da agri cultura brasil ei ra e com bas e nas exi gibilidades i mpost as pelos Bancos Comerciai s. O crédito agrícol a era compl em entado por recurs os do Banco do Brasil e do Tes ouro Nacional.

Viveu -s e o perí odo de cres cim ento const ant e dos valores apli cados no crédito rural, atingi ndo o auge no final dos anos 70, conforme podem os obs ervar no gráfico 1. Neste período, considerado como a fas e áurea do crédito rural , a polí tica agrí cola brasil eira foi conduzi da de forma bastant e planej ada pelo governo federal, apresentando m et as e obj et ivos cl aram ente defini dos .

GRÁFICO 1

Evolu ção dos recurs os d estinados ao Crédito Rural Valores con stantes em Reai s (1969 -198 0)

F o n t e : e l a b o r a d o c o m b a s e no s d a d o s d a t a b e l a d o B a nc o C e n t r a l d o B r a s i l d i s p o n í ve l e m ht t p : / / w w w. b c b . go v. b r / h t ms / C r e d i t o R ur a l / 2 0 0 0 / e vo l u c a o . p d f - a c e s s o e m 0 8 / 0 8 / 2 0 0 7 . ( *) I G P -D I - Í nd i c e mé d i o a n ua l

Com rel ação à produção agrí cola brasil eira, no final dos anos 70 a maior part e dos estudiosos em economia agrí col a ant evi a um a cris e na

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17 produção da agri cult ura brasil ei ra para os anos seguintes. At é ent ão, o set or tinha cons eguido expandir a produção a taxas anuais que os cilaram ent re 4 e 6% , tidas com o suficientes para at ender os pri nci pais papéis exi gidos ao setor, quai s s eriam :

Contribuir para o crescimento do produto

Gerar divisas, aumentando o esforço exportador

Abastecer o mercado interno sem gerar pressões sobre os índices de custo de vi da.

Ainda na década de 70, passou -s e a obs ervar um a dim inui ção nas t axas de cres cim ent o de parcel a si gni ficati va da produção agrí cola, gerando pres são infl acionári a que se tomava especi alm ent e rel evant e dada a al ta concentração da renda no país.

Barros e Graham (1978) const at am uma cres cent e s egm entação ent re dois grupos de produtos agrí col as que pass aram a s er classifi cados como dom ésti cos e export áveis1. O el em ento que disti nguia um grupo do out ro era a formação de preços : no pri mei ro eram form ados pel a oferta e dem anda interna, enquanto no segundo grupo eram dados pelo m ercado i nternacional . O setor de export áveis vinha most rando uma dinâmi ca muit o mais vi goros a, cres cendo a t axas de 5% a.a. Os produtos dom ésti cos , por seu t urno, chegaram a apres ent ar decrés cimo de 4% no produto tot al no período de 1970 -1975, segundo os autores acim a cit ados.

1 F a z i a m p a r t e d o s p r o d ut o s d o mé s t i c o s , s e g u n d o B a r r o s e G r a ha m ( 1 9 7 8 ) , t r i go , a r r o z ,

fe i j ã o , ma n d i o c a , mi l ho , c e b o l a , t o ma t e . O s e x p o r t á ve i s e r a m c a c a u , a l go d ã o , c a na d e -a ç úc -a r , c -a f é , s o j -a , f u mo e l -a r -a nj -a .

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18 A t abel a 1, si nt eti zada de Goldin e Rezende (1993), m ostra quão assim ét ri co foi o padrão de cres cim ento da produção e da produtividade entre os doi s grupos. No t a-s e que ent re 1971 e 1980 as quant idades produzidas de soja e de laranj a chegaram a aum ent ar às taxas de 18,6% e 11,8% a.a., respectivam ent e. Vale obs ervar que os ganhos de produtivi dade foram bem modestos e, em al guns casos, negati vos . Nos produtos de c onsum o int erno percebe -s e que a el evação da quantidade produzida foi bem m enor, com diminui ção na quant idade ofert ada de feijão e mandioca. Em diversos casos houve redução na produti vidade.

TABELA 1

Taxa d e Cresci mento Médi o Anu al das Quantidad es Produ zida s e dos Rendi mentos Físi cos de Lavouras S el ecionadas , 1971 -1980 (%)

Lavoura Quantidade Produzida Rendimento Físico

Exportáveis Soja 18,6 1,1 Laranja 11,8 3,0 Cana-de-açúcar 7,0 2,4 Fumo 6,8 2,7 Cacau 5,6 -2,6 Café -3,1 5,2 Algodão -4,8 -3,0 Domésticos Trigo 6,9 1,1 Milho 2,6 -0,3 Arroz 2,7 -4,6 Mandioca -2,2 1,3 Feijão -2,7 -2,4 F o nt e : G o l d i n e R e z e nd e ( 1 9 9 3 , p . 4 8 )

O baixo des em penho dos produtos dom ésti cos comprom eti a o bem -es tar da mai or part e da popul ação, um a vez que ess es pro dutos eram muito

rel evantes na composição da cesta bási ca de cons umo.

A perda de di namismo da produção dos principais alim ent os com ponent es da cest a bási ca acarretou uma el evação nos preços dos mesmos ao l ongo da m aior part e dos anos 70. Barros (1979) ind ica que ent re 1970 e

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19 1977 houve um aument o real de 52% no preço dos alimentos. Como decorrênci a dest e movim ent o o autor sinal iza que o papel pri nci pal da agri cultura pas sa a s er o da est abili dade i nterna:

E n t r e t a n t o t a m b é m f a z p a r t e d a e x p e r i ê n c i a b r a s i l e i r a a o c o r r ê n c i a d e s é r i o s p r o b l e m a s d e e q u i l í b r i o i n t e r n o (i n f l a ç ã o ) e e q u i l í b r i o e x t e r n o (b a l a n ç o d e p a g a m e n t o s ) , e é n e s s e s p o n t o s q u e v a i s e r e p o s i c i o n a r a a g r i c u l t u r a . E m o u t r a s p a l a v r a s , a a g r i c u l t u r a d e i x a d e s e r u m p r o b l e m a d e c r e s c i m e n t o p a r a s e r d e e s t a b i l i d a d e . D a d a a i m p o r t â n c i a d o s e t o r p r i m á r i o n a f o r m a ç ã o d e u m p r e ç o b á s i c o d o s i s t e m a , o s a l á r i o ( v i a c u s t o d a a l i m e n t a ç ã o e v e s t u á r i o ), e n a g e r a ç ã o d e d i v i s a s , p o d e - s e o b s e r v a r c o m m u i t a n i t i d e z q u e p a r a a í s e d e s l o c a o i n t e r e s s e d a p o l í t i c a a g r e g a d a , d e f i n i n d o u m p a d r ã o d e d e s e m p e n h o (e s p e r a d o ) d o s e t o r p r i m á r i o . (B A R R O S , 1 9 7 9 , p . 9 ).

Argum ent ava -s e que o baixo desempenho do s etor domésti co era decorrente, em al guma m edida, da própria di nâm ica do s etor de export ávei s. A produção para export ação reduzi ri a a produção domésti ca de alim ent os ao gerar um efei to de substitui ção na com posição do produt o, aci rrando a di sput a por fatores de produção, principalm ent e a terra. Além diss o, o aum ento na produção de export áveis acabava por reduzi r o emprego dos moradores resident es ao s erem adotadas tecnologias que privilegi avam o uso int ens o de terras e m aquinari a. C omo o excedente de produção dess a população represent ava part e considerável da ofert a int erna de alim ent os, a diminui ção da mes ma acarretou um decr éscimo na produção dos dom ésti cos.

O s etor export ador rapidam ent e passou a adot ar em m aior volum e os insum os modernos, apropri ando -s e dos ganhos em es cala que ess a t ecnol ogi a proporci onava. A concent ração da produção nos eixos de export ação favoreceria a p esqui sa (pri ncipalm ent e adaptação de vari edades ), bem como a disseminação do conhecim ent o pel os agri cult ores que se encontravam ness es pólos de produção.

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20 Obs ervava-se que a agri cultura brasil eira vinha crescendo basi cament e em decorrênci a da expans ão da ár ea produtiva. Apenas o Est ado de São Paulo apresent ava ganhos mais expressi vos de produtivi dade da t erra. A tabel a 2, reproduzi da de Di as e Barros (1983), decom põe a taxa anual de cres cim ento da produção agrí col a no Brasil no período 1970 -1980. Observa-se que a taxa de aumento na produção por área é bem inferior àquela da produção t ot al, indi cando que a m ai or parte da expans ão do produt o s e deveu ao aum ent o da área col hida.

Dias (1989) cal cul a que 80% do cres cim ento da produção no perí odo foi decorrente da elevação da área culti vada. Out ro aspecto rel evant e que s e depreende da referi da t abela é o aumento na relação área -hom em, ass ociada à forte redução nas taxas de crescim ent o de absorção da m ão -de-obra empregada na agri cultura. Esse comportam ento i ndi cava que o processo de mecanização da agri cult ura brasi lei ra passava a ser bast ant e si gnificati vo.

TABELA 2

Decomposição da Taxa Anual de Crescimento da produção Agrícola Brasileira, 1970-1980 (%).

Componentes 1970-1975 1975-1980

Δ produção/área 1,53 1,78

Δ relação área/homem 0,27 3,5

Δ mão de obra ocupada 2,96 0,74

Δ produção 4,76 6,01

F o nt e : D i a s e B a r r o s ( 1 9 8 3 , p . 4 3 ) .

O probl em a da produção de ali ment os ganhava especial dest aque quando se considerava que os pequenos incrementos na produtividade aci ma ap resent ados encontravam -se associados a um perí odo de forte dis pêndio no setor agrí col a por parte do governo cent ral. A políti ca de crédito rural ganhou

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21 força ao longo dos anos 70, atingi ndo seu auge ent re 1974 e 1976, quando os volum es em prest ados equivali am ao próprio produto agrí col a . Al ém do valor total em prest ado, cham avam at enção os subsídios i m plíci tos ness es empréstimos. Gol din e R ez ende (1993) calculam que entre 1970 e 1986 as taxas de juros nos empréstim os de crédito rural m anti veram -s e sistemat ic am ent e negati vas. Em 1976 o juro real foi de -21,9%, atingindo o pico de -37,7% em 1980.

Um dos objetivos da polí ti ca de crédito rural no Brasi l era o de fom ent ar a moderni zação da agri cul tura brasil ei ra at ravés da aquisi ção de insum os modernos. Em es tudo realizado por Gol din e R ezende (1993), os volum es de i nsumos , de fato, apres entaram si gni fi cati vo aument o: enquanto em 1970 foram adquiri dos 14.000 t rat ores de roda, ess e número sobe para 63.000 unidades em 1976; ent re 1975 e 1980 o consum o de fertiliz ant e mai s do que dobra (112%) e o de defensivos aument a 43%.

A des peito dess e forte crescim ento nas vendas de ins umos modernos não era possível perceber, até ent ão, ganhos expressivos de efi ciência na produção. Quando se considerava a fort e dependênci a da ven da de fertiliz ant es , m áquinas e defensi vos ao volum e de crédito rural concedi do e, al ém diss o, percebi a -s e o carát er não s ustentável dos subsídios as sociados a ess a políti ca dado s eu cus to fis cal , antevia -se, na entrada dos anos 80, que o problema da produ ção de alim ent os i ri a aumentar expres sivam ent e.

Ocorre, contudo, que o que se seguiu com a produção agrí col a brasil ei ra revert eria, em boa m edi da, a tendênci a apresent ada ao l ongo dos anos 70. No

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22 decorrer dos anos 80 e 90 as font es de cres cim ent o da agricu lt ura s eriam bast ante dist int as daquelas do pass ado .

2.2 — A Questão do Crédito Agrário

O obj etivo des ta s eção é di scuti r a importância do crédito rural para o desenvol vimento econômi co do país, o papel do Est ado como princi pal agent e financi ador e o pap el desem penhado pelo Sistem a Naci onal de Crédito Rural.

Pode-s e dizer que a reform a do crédito rural, ini ci ada na década de 80, represent ou um dos princi pai s inst rum entos da hist óri a da política agrícola do governo brasil eiro. A té o fi nal dos anos 80, o s etor agrí cola experim entou taxas de juros reai s negativas . Situação que s ó se revert eu n os anos 90, quando eclodi u o mo vim ent o de produtores rurais cont est ando o veto presidenci al ao arti go 16º da Lei 8.880, que previ a a indexação do empréstim o rural pelos m esm os parâmet ros em pregados na correção dos preços mí nimos . Até ent ão, a ques tão do crédi to rural vinha s endo pouco di scutida, represent ando um entrave para o desenvolvimento econômi co do país .

As ati vidades agrícola e agropecuári a demandam um t ratam e nto especí fico da parte de seus agentes financiadores. A políti ca de financi am ent o rural deve assumi r um carát er priorit ário em qualquer gestão governam ent al. Nesse sentido, como visto na seção ant erior, a abundânci a de recursos não si gni fi ca que a sua uti lização sej a feit a da forma m ais efici ent e, quer em

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23 termos da al ocação dos recursos para as atividades propostas , quer ainda quanto às s uas final idades de dist ri bui ção. C umpre, port ant o, analis ar aqui, quais foram os impactos da principal ação col ocada em práti ca pelas políti cas de financi am ento para a produção rural da hist ória do governo brasil ei ro, que foi o Sis tem a Nacional de Crédi to R ural (SNCR).

2.2.1 — O Sis tema Nacional de Crédi to Ru ral (S NCR)

A polít ica de crédi to rural no Bras il pode ser caract erizada a parti r dos obj etivos persegui dos com a implant ação do Sist em a Naci onal de C rédito Rural (S NCR ), no ano de 1965. S egundo Sérgio Leit e (2001), poderi am s er distinguidos dois m omentos da políti ca de crédito rural no Brasil depois do SNCR, que abrang em os períodos de 1965 a 1985, e de 1986 a 1997. Nas pal avras do aut or:

O s v i n t e a n o s i n i c i a i s d a p o l í t i c a d e c r é d i t o r u r a l c a r a c t e r i z a m - s e p e l a r e l a t i v a f a c i l i d a d e d e e x p a n s ã o c r e d i t í c i a e c o n d i ç õ e s d e r e p a s s e a o s b e n e f i c i á r i o s . (. . . ) N o s e g u n d o p e r í o d o , d a d a a u n i f i c a ç ã o o r ç a m e n t á r i a e e n c e r r a m e n t o d a c o n t a m o v i m e n t o j u n t o a o B a c e n , e s t a s f a c i l i d a d e s s e r e d u z e m , c o m o t a m b é m é r e d u z i d a a p a r t i c i p a ç ã o d o T e s o u r o n o f i n a n c i a m e n t o d o p r o g r a m a ( L e i t e , 2 0 0 1 , p . 5 5 ).

Segundo M as suquet t i (1998), d e acordo com a Lei 4.829, as princi pai s met as do S NCR foram de transform ar a bas e técnica dos est abel ecimentos agrí col as, aum ent ar a produt ividade do set or, consolidar compl exos agroindus tri ais e cadei as agro alim entares , e i ntegrar os capitais agrários ao circuito de val oriz ação do capit al fi nanceiro.

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24 A admini stração da políti ca de crédito sob vi gência no S NCR t eve como base o Orçamento Monetári o, o Banco Cent ral e o Banco do Brasil . A distribui ção dos recursos dava -se através de dois m ecanismos bási cos:

. expansão pass i va do crédito, apoi ada em exi gências específi cas para os benefi ciári os, que contava com fundos fi s cais e out ros recursos adicionais .

. expansão at iva do crédit o, cujo pri nci pal agent e financi ador foi o Banc o do Brasil , proporci onando assi m um sistem a de at endim ento paut ado na dem anda s etori al da soli cit ação do crédit o rural.

Mass uquett i (1998) ressalt a que os recursos públi cos provinham da admi nist ração de Fundos e Program as realizados pel o Banco Cent ral e pelo Orçamento M onetári o da Uni ão. Uma outra font e da ori gem dos recursos admi nist rados pel o Sistem a Naci onal de Crédit o Rural provinha das exi gênci as t ri but ári as impost as aos bancos privados que, at ravés de depósit os à vi st a de recursos não -infl aci onários , repres entou prati camente toda a parti cipação do s etor pri vado no funcionament o do si stema.

2.2.2 — A I mp ortân cia da Reforma d o Crédi to Ru ral

.

A políti ca de crédito rural, que t eve seu auge no período com preendi do ent re 1965-1980, vi sava alterar o m odo de produzir e fez com que foss e empregado um padrão agrári o moderno, i ndust ri aliz ado, cujas característ icas

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25 são distint as dos padrões ant eri ores . Houve um a mudança do carát er art es anal manufatureiro para outra que cada vez mais cons umi a ins umos indust ri ais . A Tabel a 1 mostra o capit al apli cado pel o SNC RE durant e ess e perí odo. Ess e processo de i ntegração pode ser desi gnado Com pl exo Agroi ndust ri al e com el e se constit ui um padrão agrário m oderno que se expres sa com a apli cação das conquist as da ciênci a moderna na agri cultura e das novas formas de organiz a r a produção rural . Essas mudanças ocorrem em t odo o proces so produti vo desde a geração de produtos agropecuários e florest ais , seu benefi ciamento e a produção de bem de capit al e de insum os indus tri ais para as ati vidades agrícolas : ainda a col eta, arm azen agem, o transport e, a distribui ção dos produtos i ndustri ais e agrí col as , al em do financi am ent o, pesquisa, tecnologi a e assi st ência t écnica. Em 1974 era implant ado o P lano Nacional de ferti li zant es e C al cári o Agrícol a (PNFC A) que objetivava tripli car a capa cidade de produção nacional. Ness a ação, ao l ado das em pres as privadas naci onais e multinacionais, tam bém est atai s do complexo pet roquími co ingress aram na produção de ferti lizantes, dominando o processo de al gumas m atéri as prim as , como os nit rogenados . As Tabel as 2 e 3 ilustram o cres cim ento do consumo naci onal de fertilizant es e defensivos agrícol as.

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26

Recursos aplicados pelo SNCR (1969/1980)

ANOS VALORES VARIAÇÃO ANUAL (%)

1969 12666381865,36 1970 15113314555,45 19,32 1971 17480619402,18 15,66 1972 21613901415,53 23,64 1973 30563072938,19 41,4 1974 37794977243,83 23,66 1975 55102521215,58 45,79 1976 56453956812,43 2,45 1977 50402721714,88 -10,72 1978 51243189328,44 1,67 1979 63858696587,02 24,62 1980 61071496986,37 -4,36

Fonte: Banco Central do Brasil/Departamento de Cadastro e Informações/Divisão de Registros Cadastrais/Registro Comum de Operações Rurais - Recor

Consumo Aparente, Producao Nacional e Importações de Fertlizantes, Total de Elementos Nobres

em toneladas do elemento

Ano Consumo Aparente Produção Nacional Importação

1964-66 275.647 98.665 176.982 1969-71 910.440 212.138 690.302 1974-76 2.110.157 782.149 1.320.008 1979-81 3.507.129 1.664.722 1.842.407 1984-86 3.544.780 2.135.447 1.409.333 1989-91 3.245.442 1.821.142 1.424.300

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27

Evolução do Faturamento Do Consumo Aparente, a Produção Nacional e das Importações de Defensivos Agrícolas, Brasil, 1964-66 a 1994-96

ANO VALOR DAS VENDAS(1) CONSUMO APARENTE PRODUÇÃO NACIONAL EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO

1964-66 39.298 22.122 6.309 ... 15.813 1969-71 138.566 41.299 27.166 ... 14.133 1974-76 987.917 82.845 22.655 ... 60.190 1979-81 1.918.139 82.851 47.356 16.884 35.495 1984-86 1.411.688 58.168 60.795 14.356 14.257 1989-91 1.367.272 62.290 62.296 ... 14.350 1994-96 1.642.432 71.120 ... ... ...

(1) Expresso em R$1.000 valores constantes de 1996, pelo Indice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getulio Vargas

Fonte: Sindicato Nacional da Infustria de Defensivos Agrícolas (SINDAG)

em toneladas de alimentos

De acordo com Rezende (2003), a dinamização do sistema de financi am ento do crédito rural, sobretudo a parti r da década de 80, bas eou-se num a reform a const ituída na el evação da taxa de j uros e na redução do volum e di sponível para empréstimo. Es s as m edi das proporci onaram inúmeros impactos na economi a do paí s. Num pl ano macroeconômico, pode -s e dizer que a reform a do crédito rural pr oporci onou impactos posit ivos s obre os produtos export ávei s, como grãos e carne bovi na. Val e lem brar que o sucesso da reform a deveu -s e também à confi guração de um mercado de export ação internacional si gnifi cativam ent e favorável durante as décadas de 80 e 9 0 .

Sobre o des envol vi ment o socioeconômi co do país, Massuquetti (1998) afi rm a que o SNCR foi fundam ental para a ampliação do s etor de produção de alim ent os, assim como para a el evação da renda e geração de em pregos no meio rural. Ess e sist em a foi de sum a im port ânci a no que t ange ao contingente

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28 dos pequenos produt ores agrí col as , sobretudo agindo em favor da dimi nui ção da at ração que o ambient e urbano exerce s obre a mão -de-obra rural.

Obs erva-s e que o fi nanci am ent o do crédito rural pode at rair inúm eros benefí cios para a m acro e a mi croeconomia. A boa execução dos proj et os de financi am ento para a produção rural pode, i nclusi ve, produzir im pact os soci ai s positi vos para al ém do próprio s etor agrí cola. No fi nal dos anos 70 a dinâmica econômi ca ganhou out ra caracterí sti ca im portante princi pal ment e no Sul Sudest e, movim ent o ampli ado para o Centro Oeste nos anos 80 e para regiões especi ficas da regi ão Nordest e. Form a -se na grande regi ão Centro Sul, que agrega o s ul do Maranhão e o oeste da Bahi a, a área de agricultura rel evante, concent rando a produção dos pri nci pais produt os agropecuários , ass oci ada, ass oci ada a corredores de ex port ação vis ando ati ngir o mercado externo, em especi al de soj a, sucos cít ricos, café e açúcar. A indúst ri a do agro processam ent o deslocou -s e para as áreas de produção de m atéria prima e com isso ocorreu a int eri oriz ação do des envolvimento, ou s ej a, a nova dinâmi ca econômica abrangeu um espaço geográfi co consi deravelm ent e ampli ado.

As t abel as a segui r most ram o impacto do S NCR na m ecanização da agri cultura e o conseqüent e aum ent o da produtivi dade agrícol a.

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29

Ano Área cultivada Tratores de Rodas Índice de Mecanização (em 1.000 há) (Frota em unidades) (hectare por trator)

1960 25673 62684 410 1965 31637 76691 413 1940 34912 97160 359 1975 41811 273852 153 1980 47641 480340 99 1985 49529 551036 90 1990 47666 515815 92 1995 50038 481316 104

Fonte: FIBGE, citado em VEGRO, FERREIRA & CARVALHO (1997)

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30 Anos Produtividade da mão de obra Produtividade da terra

Brasil e UF 1970 1975 1980 1970 1975 1980 BRASIL 100 140 169 100 135 162 Acre 100 85 91 100 97 117 Amazonas 100 76 87 100 103 117 Amapá 100 121 122 100 139 151 Pará 100 99 122 100 132 193 Rondônia 100 103 126 100 255 265 Roraima 100 99 165 100 92 132 Alagoas 100 140 158 100 149 174 Bahia 100 108 116 100 112 114 Ceará 100 166 147 100 172 147 Maranhão 100 102 117 100 112 131 Paraíba 100 130 131 100 157 140 Pernambuco 100 130 148 100 136 163 Piauí 100 126 99 100 139 127

Rio Grande do Norte 100 141 132 100 159 154

Sergipe 100 107 135 100 108 134

Distrito Federal 0 100 170 0 100 231

Goiás 100 148 180 100 133 155

Mato Grosso do Sul 100 100 147 100 100 139

Mato Grosso 100 50 87 100 73 117 Espírito Santo 100 108 111 100 103 109 Minas Gerais 100 97 99 100 134 157 Rio de Janeiro 100 141 144 100 147 159 São Paulo 100 141 178 100 137 175 Paraná 100 199 264 100 194 236

Rio Grande do Sul 100 115 136 100 132 154

Santa Catarina 100 128 195 100 136 195

Fonte dos dados brutos: IBGE - Censo Agropecuário e FGV

Índices de Produtividade da mão de obra e da terra Brasil e Unidades da Federação

SUDESTE SUL NORTE NORDESTE CENTRO OESTE

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31

2.3 — A agricultura brasileira nos anos 80 e 90

Em t rabalho realizado por Guanzi roli (1994), o autor expli ca que,

(. . . ) n o f i n a l d o s a n o s 7 0 . . . o s f o r t e s s u b s í d i o s , e s p e c i a l m e n t e o s d o c r é d i t o r u r a l , p a s s a r a m a s e r v i s t o s c o m o u m d o s p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s d o s c r e s c e n t e s d é f i c i t s o r ç a m e n t á r i o s , o s q u a i s , p o r s u a v e z , e r a m a p o n t a d o s c o m o u m a d a s c a u s a s d a a c e l e r a ç ã o i n f l a c i o n á r i a . E a p r ó p r i a e f i c á c i a d o s i s t e m a d e s u b s í d i o p a s s o u a s e r q u e s t i o n a d a , n a m e d i d a e m q u e f i c a v a m c a d a v e z m a i s c l a r a s a s p o s s i b i l i d a d e s d e f r a u d e s o f e r e c i d a s p e l o s i s t e m a . ( G U A N Z I R O L I , 1 9 9 4 , p . 1 7 ).

O aut or t ambém dest aca que no com eço da década de 1980, o Governo se vi u obri gado a promover uma viol ent a redução na ofert a do crédito rural, tendo em vist a a cri se econômi ca e o agravamento do des equilíbrio do set or públi co. Na prim eira met ade da década de 80, houve uma redução progressi va do s ubsí dio, que cai d e 38% em 1980 para 2,3% em 1985 (ver gráfi co 2).

Rezende (2003) obs erva que, ai nda no inicio da década de 1980, o crédito rural subs idi ado perde espaço, pass ando a ganhar destaque medidas com o a políti ca de preços mínim os. As ações do governo pas sam a bas ear -s e num a vis ão menos es tratégica e m ais de cu rto prazo, negoci ada de acordo com a realidade i mediata da s afra corrente e das caract erísti cas conjunt urais do mercado. Nes te perí odo, a políti ca macroeconômica enfrent a um a profunda cri se fi scal, agravada pel as condi ções externas, e o país experim ent a um quadro reces sivo. Os valores dest inados ao crédito rural pass am a s er declinantes, acompanhando a crise econômica. Souza (2004) verifica que es ta queda é compens ada pel o aum ent o dos recursos do Tesouro, just am ent e num período em que as finanças públi cas s e det erioram. É ness e período que o

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32 Est ado começa a s e des vencilhar da política agrí col a prati cada a parti r da mont agem do S NCR el evando as taxas de juros dos crédit os concedidos e reduzindo os subs ídi os fi nancei ros , deixando -os a cargo do s etor privado e às condi ções gerais do mercado financeiro.

Podem os obs ervar, ainda no gráfico 2, que est a t endênci a de redução dos subsídios é parci alm ent e modifi cada em 1986/ 87, com o advento da Nova Repúbli ca e das m edidas cri adas pelo Plano Cruzado. Numa t ent ati va de at acar o probl em a de falta de verbas, em 1986 é lançad a a Poupança Verde e, em 1988, os Fundos Constit ucionais de Des envolvi mento Regi onal. Ess as font es , post eriormente, se mos traram incapazes de m ant er os mesm os níveis de recursos ant es apl icados .

GRÁFICO 2

Evolu ção dos recurs os d estinados ao Crédito Rural Valores con stantes em Reai s (198 1 -1999)

F o n t e : e l a b o r a d o c o m b a s e no s d a d o s d a t a b e l a d o B a nc o C e nt r a l d o B r a s i l d i s p o ní v e l e m

ht t p : / / w w w. b c b . go v. b r / h t ms / C r e d i t o R ur a l / 2 0 0 0 / e vo l u c a o . p d f . ( *) I G P -D I - Í nd i c e mé d i o a n ua l

Guanziroli (1994) t ambém faz a m esm a observação, evidenci ando que em 1986 a tax a de s ubsídio voltou a subir devido ao Plano Cruzado, porém volt a a des aparecer a parti r do segundo sem est re de 1987. Nest a época, o

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33 governo reativou muitos dos i nst rum ent os de políti ca agrí col a, fazendo com que o mont ant e de recursos do crédito rural apresent ass e uma fase de nova expansão. A decis ão do governo de a mpliar os recursos de crédito, ali ada a outras m edi das com plem ent ares de es tí mulo ao setor, e a defas agem dos val ores dos financi ament os causados pel a retom ada da infl ação, fizeram com que os produt ores recuperas sem, por al gum tem po, a sua rent abil idade e o poder de rolagem das dívi das ant eri ores. Coel ho (1997) sustenta que, ainda no ano de 1987, devi do à cris e fi scal do Est ado, o governo s e vê na necessi dade de m udar a pers pecti va de fil osofi a a respeit o de i ntervenção governament al. Com isso elimi na -se parte dos subsí dios ao crédi to rural at ravés de indexadores. Iss o justifi ca, em grande part e, a queda ocorri da nes te ano de 1987, a qual s e pode obs ervar no gráfi co 2.

No ano de 1988, segundo Massuquetti (1998), o governo m uda subst anci alm ent e de rot a, em f unção da cris e i nfl acionári a e da reforma (parci al ) da est rut ura adminis trati va e fiscal trazida com a prom ul gação da nova Constitui ção. O crédito rural é i ncorporado ao orçament o geral da Nação, fazendo com que a s ua liberação necessi tas se agora de negoci ações e acordos ent re o Executivo e o Legi slativo. O set or procura alt ernativas para o financi am ento da agricult ura, que tinha perdido s uas font es princi pai s, como a conta movim ento do Banco do Bras il e os depósit os à vist a , que foram drasti cament e reduz i dos com a elevação da i nfl ação .

Embora t enha ocorrido esse consi derável declí nio na oferta de crédito rural na década de 80, a produção agrí col a não sofreu essa m esma queda.

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34 Ferreira Fi lho (1994) avali a que o t raço m arcant e do padrão de cres cim ent o da p rodução agrícol a ao longo dos anos 80 e 90 não é tant o seu result ado absolut o, mas sim, o rel ati vo. Entre 1980 e 1990 o P IB da agropecuária el evou -s e em 28,2%, enquanto o P IB t ot al aumentou 3,84%. Ess e cres cim ento represent a um a t axa médi a anual de 2,5% a. a. para a agropecuária e apenas 0,38% a.a. para a indúst ria. Ess a taxa de expans ão represent a um a redução no rit mo de cres cim ento da agri cultura em relação a décadas ant eriores, mas dado o baixo padrão de cres cim ento da economi a decorrente da det eri oração m acroeconômica do país , ess e desem penho foi considerado por al guns analist as como surpreendent e.

Rezende (2003) es tudou o des empenho da agricultura nos anos 80 e 90, e o que cham a at enção s ão os ganhos de produti vidade que ocorreram no s et or com o um todo. Des agregando -se a produção t ot al ent re export ávei s e dom ésti cos , é possí vel perceber que os dois grupos apres entaram dinâmi ca sem elhant e quant o ao aum ento da produt ividade da terra. Ent ret anto, há que se t er caut el a ao analis ar as fontes de cres cim ent o na agri cult ura. Pois as medi das de produtividade parciais (terra e trabal ho) são ins ufi ci ent es para caracteriz ar o desem penho agregado do setor. Faz -se necess ári o comparar o produto tot al com o uso combinado de todos os recursos. Por vez es o aum ento da produti vidade de um fat or encontra -s e associ ado à redução da produti vidade de outro qual quer. Assi m, por exem plo, é perfeitamente possí vel que em respost a ao aumento do preço de um fat or ocorra m aior procura por outro que l he seja substit uto.

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35 Gasques e Concei ção (1997) cal cul am as t axas anuais de cres ci ment o da produção t otal e parci al na agricultura brasil ei ra. Os autores estim am que ent re 1976 e 1994 a produti vidade t ot al dos fatores aum ent ou 3,38% a.a.; a produti vidade da terra 3,79% a.a. e a do t rabalho 4,02% a.a.

A produção agrícol a brasil ei ra revelou tendência de cres cim ento a parti r do ano de 1993. Est a t endênci a s e fi rmou no fi nal da década de 90, quando o agronegóci o alcançou índi ces de expansão bas tante si gni fi cat ivos.

. . . D i s s o t u d o r e s u l t o u u m a t e n d ê n c i a g e r a l d e a u m e n t o d e p r o d u t i v i d a d e a g r í c o l a e r e d u ç ã o d e c u s t o s ( . . . ) E s s e e f e i t o d a s n o v a s p o l í t i c a s f o i m a g n i f i c a d o , c o n t u d o , p e l a p o l í t i c a c a m b i a l a d o t a d a a t é o i n í c i o d e 1 9 9 9 (. . . ) E m b o r a a c o n s e q ü ê n c i a t e n h a s i d o b e n é f i c a p a r a o c o n j u n t o d a e c o n o m i a , i s s o g e r o u u m a s i t u a ç ã o d e s t r e s s n o s e t o r a g r í c o l a . C o m a m u d a n ç a d a p o l í t i c a c a m b i a l a p a r t i r d e 1 9 9 9 , e n t r e t a n t o , o s e t o r a g r í c o l a d e i x o u d e s o f r e r e s s a p r e s s ã o c o m p e t i t i v a e t e v e e l e v a d a a s u a r e n t a b i l i d a d e , r a z ã o p e l a q u a l p a s s o u a o s t e n t a r u m a t a x a m a i o r d e c r e s c i m e n t o . (R E Z E N D E , 2 0 0 3 , p . 2 3 4 / 2 3 5

2.4 — Novas fontes de financiamento da agricultura

A liberaliz ação financei ra ocorrida no i níci o da década de 90, rel at ada por Di as e Amaral (2001) fez com que o Est ado parti ci pass e ainda m enos na concess ão de crédito para a agricultura. Souza (2004) t rat a dess e ass unt o ao verificar que a parti r dess a nova s ituação, o Est ado deixa cl ara a sua i nt enção de que sua parti ci pação será cada vez m enor e que o m ercado deve agir para garanti r a ofert a de crédi to. P orém , o que se not a é que as novas fontes privadas não t êm potenci al sufi ci ent e para compensar a diferença que se cri a com a menor parti cipação do Estado.

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36 N o f i n a l d o s a n o s o i t e n t a , d e p o i s d e m a i s d e d e z a n o s d e c r i s e d e c r e s c i m e n t o o E s t a d o d e i x a d e s e r u m p o u p a d o r l í q u i d o e a d í v i d a p ú b l i c a i n t e r n a e e x t e r n a f i c a m i n s u s t e n t á v e i s n u m p r o c e s s o a b e r t o d e h i p e r - i n f l a ç ã o . O m o d e l o i n t e r v e n c i o n i s t a d e u l u g a r a u m n o v o m o d e l o c o m u m a p o l í t i c a c o m e r c i a l m u i t o m a i s l i b e r a l . ( D I A S E A M A R A L , 2 0 0 1 , p . 7 )

Mass uqueti (1998) também avali a o cenário do crédito rural nes se iníci o da década de 90, e constat a que com o anúnci o do novo plano de est abil ização da economi a em dezembro de 1993, que tinha como ideal e vi tar impactos sobre a base monetári a, o Governo s e vi u forçado a reduz ir ainda mais o volum e de empréstim os e fi nanci am ent os , sendo necess ário um redesenho da políti ca de credito rural , que consis tia na políti ca de garanti a de preços m ínim os e na formação de estoques agrí colas.

A est rat égia do governo d esde os anos 1990 em rel ação a agri cult ura est a bas eada de um lado no fortal ecim ento da com pet itivi dade da agri cult ura empres ari al e, de out ro, no fort al ecimento da agri cultura famil iar . Enquant o a prim ei ra li nha de ação prioriza a melhori a da infra -estrutura e incenti vos através de novos i nstrum entos de pol ítica agrí col a, o fortalecim ent o da agri cultura famil iar est a centrado em um program a bási co: P rogram a Nacional de Fort al ecim ento da Agri cult ura Famili ar (Pronaf) .

Infelizment e, a pri mei ra linha, de i nv est imento de infra -estrutura, nunca foi de fato de impl em ent ação e o Pronaf tem sido um program a de credito de cust eio. O lançam ento do P ronaf pelo Governo Federal e o ret orno da reform a agrári a si gni fi caram um a guinada de 180 graus na tradici onal ori ent ação d a políti ca agrí cola brasil eira. Trat ou -se de reconhecimento da importância econômi ca e soci al, present e e pot enci al, da agri cult ura famili ar,

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37 e incorporou es sa ampla camada de agri cult ores e trabal hadores rurais com o possí vei s benefi ci ári os de ações da pol íti ca

Ess a reorientação t ornou -se necessári a porque o Est ado não tinha capaci dade fi nancei ra para bancar as pol íticas dos anos pass ados; além diss o o model o ant erior foi des envolvi do para regul ar as ati vidades econômi cas em uma economi a rel ativam ent e fech ada, subm eti da a forte cont rol e e regul am ent ação est at al, sendo inadequado e inefici ente para operar no at ual contexto i nstit ucional.

Por ultim o, varias das políti cas us adas no pass ado ent ram em choque com parâm et ros bás icos da at ual instit uci onalidade i nt ernacional (OMC ) e com o projet o de int egração sub regional (M ercosul ).

Tem com o objet ivo o fort al ecimento das ati vidades pel o produtor fam ili ar, de form a a int egrá -l o à cadei a de agronegócios, proporcionando -l ha aum ent o de renda e agregando val or ao produ to e à prosperi dade, m ediante a modernização do si stem a produti vo, valorização do produtor rural e a profis sionaliz ação dos produtos fam ili ares.

Segundo Souz a (2004), com e sta nova perspect iva , agregada à val oriz ação cambi al trazi da pel o Plano R eal, as dif iculdades do setor agrí col a aum ent aram subst ancialm ent e no que diz respeit o ao crédito rural .

Nas pal avras da autora:

O c r é d i t o p a r a i n v e s t i m e n t o p r a t i c a m e n t e d e s a p a r e c e u n e s s e s a n o s , e x c e t o p a r a a s r e g i õ e s b e n e f i c i a d a s p e l o s F u n d o s C o n s t i t u c i o n a i s . N a s r e g i õ e s S u d e s t e e S u l , a s d u a s á r e a s m a i s i m p o r t a n t e s d o p o n t o d e v i s t a d a p r o d u ç ã o a g r o p e c u á r i a b r a s i l e i r a , a s t a x a s d e j u r o s c o b r a d a s i n v i a b i l i z a r a m a t o m a d a d o s

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e m p r é s t i m o s . A l é m d i s s o , o G o v e r n o f a c i l i t o u a s i m p o r t a ç õ e s d e p r o d u t o s a g r í c o l a s , i n c l u s i v e d a q u e l e s q u e e r a m s u b s i d i a d o s n o s p a í s e s d e o r i g e m , c o m o t r i g o e a l g o d ã o , r e f o r ç a n d o a i n d a m a i s a q u e d a d o s p r e ç o s i n t e r n o s . (S O U Z A , 2 0 0 4 , p . 7 )

A parti r do es got am ent o do anti go modelo de financi ament o agrí col a, Gasques e Vill a Verde (1995a) rel acionam as novas form as de financi amento da agricultura que surgem no iníci o da década de 90. É fei to um redesenho do SNCR e nele podemos veri fi car al gumas das novas fontes form ais de concess ão de crédito, t ais com o:

A Caderneta de Poupança Rural2, que havia sido in stit uída em 05/09/1986 , e era operada som ente por bancos ofi ci ais federai s, pas sando a s er operada, tam bém, por bancos privados de acordo com a r es olução do BACEN n º. 2.164 de 19/06 /19 95.

Recursos Extra -Mercado, que foi instituído pela resolução BACEN nº . 2.108 de 12/09 /19 94 e trat a-s e de um fundo de investim ent o junt o ao Banco do Brasil desti nado a apli cação em títulos do Tes ouro Naci onal e C ert ifi cados de Depós itos Bancári os (CDB), onde no mínim o 70% deverão ser dest inadas a operações de crédit o rural .

Os Fundos Constitucionais foram estabelecidos na Constituição de 1988 e regul am ent ados pel a l ei 7.827 de 27/09/1989. Os financi am entos concedidos pel os fundos constituci onais est ão sujeitos ao pagam ento de juros e encargos de atualização monetári a e s ão dest i nados aos produtores e empresas que des envol vem ativi dades produti vas no setor agropecuári o. Foi

2 S e g u nd o G a s q ue s e V i l l a V e r d e ( 1 9 9 5 a ) , a C a d e r n e t a d e P o up a n ç a R u r a l fo i a p r i me i r a

fo n t e i mp o r t a n t e d e r e c ur s o s c r i a d a c o m a fi na l i d a d e d e a mp l i a r d e fo r ma s ub s t a nc i a l a o fe r t a d e c r é d i t o e fo i i n s t i t u í d a p e l a R e s o l uç ã o n º . 1 . 1 8 8 , d e 0 5 / 0 9 / 1 9 8 6 .

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39 est abel ecido que as taxas de juros não poderão s er superiores a 8% ao ano.

A Finame Agrícola, que é pautada n os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FA T) e do P IS/ PASEP. S ua cl ientel a s ão empres as de qual quer port e do s etor agrí col a, i ncl usive cooperativas e pessoas físi cas .

Os Fundos de Investimentos (FINOR, FIN AM e FUNRES). Trata-se de incenti vos fiscais para investim entos privados em regiões economicam ent e m enos desenvolvidas. Est es tiveram iní cio após a cri ação da S uperi ntendênci a de Des envolvim ent o do Nordes te – SUDENE em 1959 e que com a Lei nº . 8.167, de 16 /0 1/1991, alt erou a legisl ação sobre o Imposto de R enda rel ativa a incenti vos fis cai s estabel ecendo novas condi ções operaci onais dos Fundos de Invest iment os R egionais .3

O Mercado a termo é aquele que envolve transações para entrega do produto em dat a futura. O Mercado futuro é caract erizado por trans ações de contrat os com vencim entos futuros. Ess e s contratos são t rans aci onados em bols a s es pecí ficas . A finali dade da operação é fix ar um determinado preço para o produto a ser com prado ou vendi do no fut uro. ―O financi am ent o é s empre pago em produt o, com preço est abel ecido na data do contrat o, e as

3 S e g u nd o o a r t i go 6 º d a L e i nº . 9 . 8 0 8 , d e 2 0 / 0 7 / 1 9 9 9 , ― f i c a m o s b a n c o s o p e r a d o r e s d o s F u nd o s d e I n v e s t i me n t o s R e gi o n a i s ( . . . ) a u t o r i z a d o s a r e n e go c i a r d é b i t o s ve nc i d o s r e l a t i vo s à s d e b ê nt ur e s s ub s c r i t a s p e l o s r e fe r i d o s F u nd o s , n a fo r ma p r e v i s t a no a r t . 5 º d a L e i nº 8 . 1 6 7 , d e 1 9 9 1 , e x c l u s i v a me n t e p a r a o s c a s o s e m q ue a f a l t a d e p a ga me nt o t e n ha d e c o r r i d o d e fa t o r e s q ue nã o p o s s a m s e r i m p ut a d o s à r e s p o n s a b i l i d a d e d a e mp r e s a b e n e fi c i á r i a d o i nc e n t i vo , o b s e r va d o s o s l i mi t e s e c r i t é r i o s a s e r e m e s t a b e l e c i d o s e m d e c r e t o d o P o d e r E x e c u t i vo ‖ .

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40 garanti as us uai s são o aval, a hipot eca e o penhor. ‖ (GAS QUES E VILLA VER DE, 1995a, p. 13)

Quanto às operações de hedge, Massuquetti cita Aguiar (1993)4, e trans creve sua expli cação sobre es se tipo de mercado:

“... o hedge con siste em se fa zer operaçõ es oposta s nos mercado s f í s i c o e f u t u r o , o u s e j a , c o m p r a r n o m e r c a d o f í s i c o e v e n d e r n o m e r c a d o f u t u r o e v i c e - v e r s a . C o m o o s p r e ç o s c a m i n h a m n o m e s m o s e n t i d o n o s d o i s m e r c a d o s , a p e r d a d e f r o n t a d a e m u m m e r c a d o t e n d e a s e r c o m p e n s a d a , a o s m e n o s p a r c i a l m e n t e , p e l o g a n h o o b t i d o n o o u t r o . S e o s p r e ç o s c a í r e m n o s d o i s m e r c a d o s , o h e d g e r5 t e r á p r e j u í z o n o m e r c a d o o n d e e l e i n i c i a l m e n t e h a v i a c o m p r a d o e l u c r o n o m e r c a d o o n d e e l e h a v i a v e n d i d o , o c o r r e n d o o o p o s t o e m caso d e eleva ção de p reços”

Mass uquett i complet a:

O s a ge n t e s e n vo l vi d o s n o p r o c e s s o d e c o mp r a e ve nd a d e c o nt r a t o s s ã o o s p r o d u t o r e s , a s c o o p e r a t i va s , o s c e r e a l i s t a s , a s i nd ú s t r i a s p r o c e s s a d o r a s , o s e xp o r t a d o r e s e o s i mp o r t a d o r e s , o s fo r n e c e d o r e s d e i n s u mo s e d e e q ui p a me nt o s a gr í c o l a s , o s i n v e s t i d o r e s , e nt r e o ut r o s . ( M A S S U Q U E T I , 1 9 9 8 , p . 1 5 6 )

Em out ro t rabalho, Gasques e Vill a Verde (1995b) si ntet izam ess e l eque de novas font es da s eguint e forma:

Q u a n t o à s n o v a s f o n t e s d e r e c u r s o s p a r a a a g r i c u l t u r a , a l é m d e c o m p l e m e n t a r e m a s t r a d i c i o n a i s , d i f e r e n c i a m - s e d e s t a s p o r s e c o n s t i t u í r e m e m f u n d o s d e r e c u r s o s p a r a a p l i c a ç õ e s d e m é d i o e l o n g o p r a z o s . E s t e é o c a s o d o F i n a m e R u r a l , F u n d o s C o n s t i t u c i o n a i s , P o u p a n ç a R u r a l , P r o c e r a e F A F . E s t a s f o n t e s o p e r a m c o m t a x a s d e j u r o s r e a i s , p o i s , a l é m d a c o r r e ç ã o m o n e t á r i a , i n c i d e m s o b r e o s e m p r é s t i m o s t a x a s q u e v a r i a m d e a c o r d o c o m a f o n t e d e r e c u r s o s . . . E m t e r m o s d e a p l i c a ç õ e s , a s n o v a s f o n t e s d e r e c u r s o s r e p r e s e n t a v a m , e m 1 9 9 0 , 1 1 , 2 % d o t o t a l d a s a p l i c a ç õ e s e m c r é d i t o r u r a l , t e n d o e s t e p e r c e n t u a l a t i n g i d o a c i f r a d e 7 4 % e m 1 9 9 3 . I s t o r e p r e s e n t a u m a m u d a n ç a r a d i c a l n o p a d r ã o d e f i n a n c i a m e n t o d a a g r o p e c u á r i a . ( G A S Q U E S e V I L L A V E R D E , 1 9 9 5 b , p . 2 1 )

Conform e apont ado por Di as e Amaral (2001), m udanças est rut urais si gni fi cat ivas geral ment e acarret am cri ses de ajust am ent o longas, at é que o

4 AG U I A R , D a n i l o R o l i m D i a s . O m e r c a d o f u t u r o c o m o o p ç ã o d e c o m e r c i a l i z a ç ã o

a g r í c o l a . P r e ç o s A g r í c o l a s . P i r a c i c a b a - S P , nº . 7 3 , p . 8 -9 . 1 9 9 3 .

5 O h e d g e r s e r i a a q ue l e a g e nt e q u e t e m i nt e r e s s e no p r o d u t o e q ue ut i l i z a a B o l s a c o mo

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41 mercado se ajus te a nova reali dade. Ent ret anto, não foi bem assim que ocorreu no caso brasil eiro, nest e epi sódio em que o Governo reduziu subst anci alm ent e a conces são de crédit o para a agri cult ura, l evando o s et or a perder grande parte do crédi to ofi ci al alt am ent e s ubsi diado e faz endo com que os produt ores agrícolas partis sem para um novo model o de obt enção d e crédito.

Part indo dess a análi se, é surpreendent e que no Brasil a traj etóri a de cres cim ent o da agri cult ura não t enha si do afet ada da form a que s e po deri a imagi nar, levando em conta as di fi culdades pel as quais passaram o set or agrí col a nes sas duas últim as décadas do século XX.

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42

CAPÍTULO III

IMPACTOS SOCIAIS DA MODERNIZAÇÃO DA

AGRICULTURA

O fundo publi co era o credit o e est e capi tal financeiro desencadeou o processo de indust riali zação do campo , que foi parcial, segundo produtos, regiões e est ratos de produtores . A int egração dos produtores com o capital s ubsi di ado aconteci a de acordo com a capacidade de resposta que poss uíam à expansão e a diversi fi cação sus cit adas pelas agroindús tri as as dem andas proveni ent es das export ações e da m ass a de sal ários do m ercado interno, pela sua capacidade de endivi dam ent o e pel a capaci dade de raci onaliz ar suas linhas produti vas face a nova estrutura de despesas. Como havi a um cli ma li beral de crédito, sem critéri o e prati cam ent e sem control e de uso, a mas sa de di nheiro parou com al guns grupos soci ais. Assim , apenas al guns grandes tom adores t êm acesso ao fin anci am ento agropecuário, o que acaba por confi gurar elevados val ores m édi os d e contratos. O alargament o do num ero de contrat os am pli a a incorporação de parcel a mai or dos agropecuarist as ao uso de insum os modernos, obj eti vo princi pal da políti ca.

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43 Anos Contratos Valor Financiado(1) Valor Médio 1958 93859 2710 29 1969 1142454 10439 9 1976 1832207 52857 29 1979 2373485 59792 25 1985 2271316 31576 14 1989 791981 23916 30

(1) Expresso em R$ de dezembro de 1996, deflacionados pelo IGP-DI da FGV. Os valores financiados estão

apresentados em R$1 milhão e os valores médios em R$ 1 mil

Na ulti ma met ade dos anos 80, os volum es de recursos despencam , m as o num ero de contrat os caem em m enor proporção, ret omando o aum ento do val or m édio, o que i ndi ca au m ento no perfi l dos tom adores. Assim , a própri a sel eção do sist em a bancári o, nessa redução do num ero de contratos pode est ar refl etindo mai or excl usão dos pequenos e médi os agropecuarist as.

A dist ribui ção dos recurs os pelo tam anho dos tom adores não apena s revela -s e concent rada no período 1966 -76 como apresent a nítida piora . Os pequenos lavradores |(renda brut a anual at e 50 salários mínimos) detinham 90% dos cont ratos e 34% do val or fi nanci ado em 1966: dez anos m ais tarde, em plena expans ão dos volumes apl i cados , pass aram a det er 73% dos contratos e apenas 11% do valor, num a tendênci a em que os val ores mos tram queda m ai s acentua d a que o num ero de contrat os. Os m édios lavradores (entre 50 e 500 s alários mí nimos de renda bruta anual) most ram cres cim ento rel ati v o no num ero de cont ratos de 9,5% em 1966 para 22,9 em 1976, s endo que, ent retanto, para os val ores apropriados, os percent uai s caem de 45,6% para 35% no m esmo perí odo. Na outra ponta , os grandes l avradores (renda brut a

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44 anual maior que 500 s alári os mí nimos ) não apenas cres cem em num ero de contratos) e vi a de regra esses t om adores fazem mais de 1 contrato, ao contrario dos pequenos ) – aum ent ando de 0,4% para 3,3%, com o mais que dupli cam sua parti ci pação no valor fi nanci ado. Ess a concent ração do credito rural , e por cons eguinte do acesso aos benefí cios decorrent es dos el evados subsídios propiciados por essa política no período, ocorre em pleno ―Milagre Brasileiro‖, quando a área de lavouras cresce vertiginosamente, impulsi onando a ex pansão das grandes áreas de pl anti o mecanizado. Es sa intensi ficação, num a situação em que a propri edade era requisito para obt er os financi am ent os, i mpulsi onari a a concent ração da t erra. A euforia vivida nessa época, onde a es perança de incorporação na sociedade idealiz ada pel a ideologi a do ―Brasil Potênci a‖ encobri ri a os efeit os da dist ribuição perversos .

Ano Pequenos Contratos Valor Médios Contratos Valor Grandes Contratos Valor

1966 90,05 34,13 9,51 45,6 0,44 20,27 1967 88,48 32,29 10,93 47,2 0,59 20,51 1968 87,27 31,07 12,22 49,72 0,51 19,21 1969 88,16 30,95 11,17 45,81 0,67 23,24 1970 85,91 27,57 13,25 47,16 0,84 25,27 1971 85,71 24,61 13,25 43,99 1,04 31,4 1972 83,56 20,69 14,82 42,17 1,52 37,14 1973 79,46 17,22 18,59 38,75 1,95 44,03 1974 76,61 15,12 20,88 37,43 2,51 47,45 1975 74,18 11,77 22,48 34,18 3,34 54,05 1976 73,73 11,38 22,93 35,09 3,34 53,53

Pequenos são lavradores com renda bruta ate 50 salários mínimos, médios com renda bruta de 50 ate 500 salários mínimos e grandes com renda bruta maior que 500 salários mínimos

Fonte: Banco do Brasil, dados compilados por PINTO (1980)

Em áreas ou regi ões do paí s, onde a diversidade e a densidade da dem anda agroindust rial, da dem anda solvável dos centros urbanos e da

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