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Chapeuzinho Amarelo: uma proposta de projeto gráfico e ilustrações

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA - SEDE CENTRAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

RANIERE ALVES AGUIAR DE CARVALHO

CHAPEUZINHO AMARELO: UMA PROPOSTA DE PROJETO GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES

CURITIBA 2018

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA - SEDE CENTRAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

RANIERE ALVES AGUIAR DE CARVALHO

CHAPEUZINHO AMARELO: UMA PROPOSTA DE PROJETO GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial – DADIN – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo. Orientadora: Priscila Zimermann

CURITIBA 2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 093

Chapeuzinho amarelo: uma proposta de projeto gráfico e ilustrações

por

Raniere Alves Aguiar de Carvalho – 1741136

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 03 de dezembro de 2018 como requisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O aluno foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que após deliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Profa. Luciana Martha Silveira (Dra.) Avaliadora Indicada

DADIN – UTFPR

Profa. Waleska Chagas Sieczkowski Pacheco (MSc.) Avaliadora Convidada

PPGDesign – UFPR

Profa. Priscila Daienny Zimermann Nardon (Esp.)

Orientadora

DADIN – UTFPR

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”. UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Curitiba

Diretoria de Graduação e Educação Profissional Departamento Acadêmico de Desenho Industrial

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Wilma e Raniere Tavares, por toda dedicação aos meus estudos, pelo amor, incentivo е apoio incondicional em todas as áreas da minha vida. Agradeço a minha mãe, que, desde sempre, foi para mim um exemplo de heroína do dia a dia, que me apoiou em todos os momentos difíceis. Agradeço ao meu pai, por ser esse exemplo de força e superação, que, mesmo com seu jeitão, soube me confortar e incentivar através de palavras tão simples. Agradeço a Deus e a eles, por guiarem meu caminho até Curitiba e me possibilitarem a conclusão dos estudos. Às minhas irmãs, Thais Carvalho e Thamires Carvalho, pela dedicação e apoio valioso. Aos meus amigos, em especial Williana Fernandes, Nathalia Chiguti, Geovana Franco, Henrique Alves, Davi Pereira, Nikolas Oliveira, Fernanda Sobral, Gustavo Lavorato e Damaris Mendes, por serem meu suporte e exemplos de pessoas e profissionais, que, por tantas vezes, apenas um “vai dar tudo certo” me caiu tão bem! Por fim, gostaria de agradecer a todos que estiveram envolvidos nesse processo, grandes amigos e família.

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RESUMO

CARVALHO, Raniere. ​Chapeuzinho Amarelo: uma proposta de projeto gráfico

e ilustrações. ​​2018. 70 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico da Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

O estudo apresentado a seguir tem como objetivo central o desenvolvimento de um projeto gráfico editorial e ilustrações de um livro infantil, utilizando o poema Chapeuzinho amarelo, de autoria de Chico Buarque de Holanda, como texto-base. Este projeto destina-se ao público infantil e tem como propósito materializar um livro, pois o mesmo é um instrumento de aprendizado. Utiliza-se, para tanto, uma abordagem metodológica projetual de Archer (1964), com o propósito de analisar similares, gerar definições de necessidades para o projeto, gerar alternativas e chegar à produção do protótipo.

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ABSTRACT

CARVALHO, Raniere. ​Chapeuzinho Amarelo: uma proposta de projeto gráfico

e ilustrações. ​​2018. 70 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, da Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

This essay aims the development of an editorial graphic and illustrative child’s book utilising Chico Buarque’s poem “Chapeuzinho amarelo”, as the core text-base. Its focus proposes a learning book to the infant public. Thus, using Archer's methodological approach it analyses similar product options (1964), defines the projects’ necessities, develop method alternatives to achieve the prototype production.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Adaptação do processo metodológico do Bruce Archer 13 Figura 2 – Desenho do interesse das crianças pelo livro literário infantil 17 Figura 3 – Capa do livro O Menino que Tinha Medo de Errar 23 Figura 4 – Miolo do livro O Menino que Tinha Medo de Errar (Página dupla) 23 Figura 5 – Miolo do livro O Menino que Tinha Medo de Errar (Textura) 24 Figura 6 – Miolo do livro O Menino que Tinha Medo de Errar 24 Figura 7 – Capa do livro Alguns Medos e Seus Segredos 25 Figura 8 – Miolo do livro Alguns Medos e Seus Segredos (Parte 1) 26 Figura 9 – Miolo do livro Alguns Medos e Seus Segredos (Parte 2) 27 Figura 10 – Capa do livro O medo que mora embaixo da cama 28 Figura 11 – Miolo do livro O medo que mora embaixo da cama (Parte 1) 29 Figura 12 – Miolo do livro O medo que mora embaixo da cama (Parte 2) 29 Figura 13 – Capa do livro Chapeuzinho Amarelo 30 Figura 14 – Miolo do livro Chapeuzinho Amarelo 31 Figura 15 – Representação de aproveitamento de papel 66x96cm 36

Figura 16 – Definição da mancha gráfica 39

Figura 17 – Representação de legibilidade com baixa leiturabilidade 40

Figura 18 – Entreletras 41

Figura 19 – Entrelinha 41

Figura 20 – Entrepalavra 41

Figura 21 – Família tipográfica escolhida para o projeto 42 Figura 22 – Conjunto mínimo de caracteres da tipografia 42

Figura 23 – Painel Semântico 43

Figura 24 – Capa como exemplo de esboço 44

Figura 25 – Exemplo de esboço do miolo 45

Figura 26 – Exemplo de esboço sob suporte escuro 45 Figura 27 – Exemplo de utilização da cor branca como base do desenho 46

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Figura 28 – Exemplo de detalhamento e finalização com lápis de cor 46 Figura 29 – Exemplo de ilustração finalizada com giz pastel e lápis de cor (1) 47 Figura 30 – Exemplo de ilustração finalizada com giz pastel e lápis de cor (2) 47 Figura 31 – ​Página dupla finalizada (1) 49 Figura 32 – ​Página dupla finalizada (2) 49 Figura 33 –Papel escolhido para cobertura externa da capa 50 Figura 34 – Papel para cobertura da externa e interna da capa respectivamente 51 Figura 35 – Papel escolhido para o miolo do livro 52 Quadro 1 – Quadro comparativo da análise de similares 32

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 1.1 PROBLEMA 10 1.2 OBJETIVO GERAL 11 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 11 1.4 JUSTIFICATIVA 11 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 13 3 REFERENCIAL TEÓRICO 15

3.1 A LITERATURA E VALORIZAÇÃO CULTURAL NACIONAL 15

3.2 IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA INFÂNCIA 1​7

3.2.1 O livro ilustrado 18

3.3 O MEDO NO LIVRO INFANTIL 1​9

3.4 MEDO NA INFÂNCIA 20

4 ANÁLISE DE SIMILARES 22

4.1 O MENINO QUE TINHA MEDO DE ERRAR 22

4.2 ALGUNS MEDOS E SEUS SEGREDOS 25

4.3 O MEDO QUE MORA EMBAIXO DA CAMA 27

4.4 CHAPEUZINHO AMARELO 30 4.5 QUADRO COMPARATIVO 32 4.6 CONCLUSÃO DA ANÁLISE 33 5 CONCEITUAÇÃO 3​​4 6 FASE EXECUTIVA 3​​5 6.1 FORMATO E DIMENSÕES 3​5 6.1.1 Aproveitamento de papel 3​​6 6.1.2 Encadernação 37

6.2 CONSTRUÇÃO DA ILUSTRAÇÃO ATRAVÉS DA NARRATIVA 3​7

6.3 PROJETO EDITORIAL 38

6.3.1 Mancha gráfica 3​​8

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6.4 TIPOGRAFIA 3​9 6.5 ILUSTRAÇÃO 4​3 6.5.1 Papel Semântico 43 6.5.2 Técnica de ilustração 44 6.5.3 Resultado da diagramação 48 7 PRODUÇÃO GRÁFICA 50 7.1 CAPA 50 7.2 MIOLO 51 7.3 IMPRESSÃO 53 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 54 REFERÊNCIAS 55 APÊNDICE A - STORYBOARD 58

APÊNDICE B - PÁGINAS DIAGRAMADAS 60

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema

O indivíduo sofre, durante toda a vida, influência de agentes externos que interferem na forma de interpretar fatores e fatos. O desenvolvimento de habilidades que possibilitarão o conhecimento e interiorização do mundo humano é baseado no aprendizado adquirido durante toda a vida, iniciado na esfera infantil. O processo de aprendizagem começa das mais diversas formas:

O intelecto não é precisamente a reunião de determinado número de capacidades gerais - observação, atenção, memória, juízo, etc. - mais sim a soma de muitas capacidades diferentes, cada uma das quais em certa medida, é independente das outras e portanto deve ser desenvolvida independentemente mediante um exercício adequado. (...) Consiste em desenvolver não uma única capacidade de pensar, mas muitas capacidades particulares de pensar em campos diferentes: não em reforçar nossa capacidade geral de prestar atenção, mas em desenvolver diferentes faculdades de concentrar a atenção sobre diferentes matérias. (VYGOTSKY, 2001, p. 3).

A evolução é constante e imensurável, variando individualmente. Porém, é de senso comum que o começo do aprendizado é trilhado pelos fatos considerados relevantes pela sociedade. Noções de certo e errado e lições de como lidar com situações adversas são exemplos de ensinamentos fundamentais que devem ser doutrinados desde os primeiros anos de vida. Uma forma de atingir esses objetivos essenciais é através da leitura. Escarpit (2014, p.15) defende a importância das crianças encontrarem livros de imagem desde o primeiro estágio da infância, antes mesmo da idade da aprendizagem, ou seja, o livro ilustrado pode despertar na criança um interesse prévio pelo conhecimento.

A literatura infantil surge no século XVIII com o intuito de moralizar as crianças, ou seja, como mais uma forma de transmitir valores impostos pela sociedade. A formação do leitor e literatura infantil são peças-chave quando se trata da formação da personalidade e do caráter de um indivíduo. Somos expoostos, desde pequenos, a um universo formado por cantigas, histórias de ninar e livros educativos. Porém, atualmente, envoltos em uma atmosfera virtual, percebemos a

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necessidade de valorização de conteúdos relevantes e precisos, focados na aquisição de conhecimento, principalmente para as crianças. (BRANDÃO, ROSA, 2011)

Portanto, é preciso enfrentar o difícil papel de atrair a atenção da criança, tornar a leitura mais interessante e continuar com o processo de aprendizagem presente desde os primórdios da sociedade moderna. O livro é um objeto de comunicação que possibilita a transmissão de conhecimento de um povo e de sua cultura. Considerado um instrumento de aquisição do conhecimento, segundo Machado (1994 apud SILVA, 2017, p.19), é todo e qualquer dispositivo onde uma civilização grava, fixa, memoriza para si e para as próximas gerações, o conjunto de conhecimentos, de suas descobertas, de seus sistemas de crenças e desenvolvimento de sua imaginação. Atualmente, o livro compete diretamente com diversos outros recursos, como televisão, videogames e internet, formas de entretenimento, menos complicadas e mais atrativas. (ONÇA, 2014).

1.2 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um projeto editorial e ilustrações para o livro Chapeuzinho Amarelo, voltado ao público infantil.

1.3 ​OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Pesquisar e entender a relação da criança com o medo;

● Estabelecer um projeto gráfico que coloque a linguagem escrita e a linguagem; visual de forma que se complementem;

● Criar um protótipo de um livro ilustrado;

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1.4 JUSTIFICATIVA

A poesia tem o dom de ensinar de forma lúdica e divertida, pois é um jogo de palavras. Portanto, aproximar a criança da poesia é uma maneira fácil de atraí-la ao mundo dos livros, cultura e aprendizado. Como explanado anteriormente, as crianças são expostas às mais diversas formas de aprendizado. Algumas delas, como canções de ninar e cantigas, não deixam de ser uma forma de poetizar. Assim, essa forma de texto lírico mostra-se já presente no imaginário infantil:

(...) a poesia não serve apenas para a decodificação de símbolos gráficos, nem apenas para ser recitada na escola, ela pode configurar-se em uma forma educativa para além do uso e aquisição da língua. A poesia assim pode ser subentendida como inerente à própria infância, sejam pela musicalidade, metáforas, e o lirismo tanto quanto o é pelo humor que apresenta e elementos humanizadores que constituem os poemas infantis (ROSA, 2009, p. 20).

Com o intuito de valorização cultural do Brasil, ao utilizar o poema Chapeuzinho Amarelo, de autoria de Chico Buarque (1970), como objeto desse projeto, proporcionamos um incentivo ao conhecimento da cultura nacional. Além de enaltecer um dos maiores nomes da música popular brasileira, o poema trata de um tema comum entre as crianças: o medo.

O objetivo deste projeto, portanto, é propor um livro ilustrado para o público infantil, sejam crianças ainda não leitoras ou leitoras. Busca-se uma forma de estimular as percepções visuais, de fazer com que as crianças sejam mais imaginativas e de criar uma outra forma de prender a atenção dos pequenos leitores, objetivando a valorização da poesia e cultura nacional.

O livro infantil é um objeto de conhecimento pois atende a uma demanda de leitores e aborda um tema importante para o desenvolvimento da criança. O projeto do livro visa utilizar o poema do Chico Buarque para contar a história por meio de uma narrativa feita pela união dos preceitos do Design Gráfico editorial e ilustração. O projeto gráfico de um livro influencia na intenção de leitura das pessoas, determinando, muitas vezes, se o indivíduo vai retirar ou não o livro da estante para começar a lê-lo. Para Linden (2011) A ilustração, por sua vez, tem a mesma capacidade comunicativa da comunicação verbal ou escrita, não sendo apenas

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figuração, pois tem eficácia linguística, podendo contar histórias, relatar e explicar uma narrativa.

2 ​​PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a elaboração deste projeto, pretende-se utilizar passos da metodologia ​Systemic Method for Designer de Bruce Archer (1964). O método é dividido em três fases: analítica, criativa e executiva.

Figura 1: Adaptação do processo metodológico do Bruce Archer (Fonte: O autor, 2018).

A fase analítica é subdividida na definição e aprofundamento do problema, como pesquisa de base científica para entender o problema e o público-alvo; analisar materiais gráficos produzidos para esse público; estudar quais fatores da diagramação e produção gráfica editorial são adequados à faixa etária; e, ainda, a relação da criança e o medo, a importância da leitura e a valorização cultural nacional.

A segunda fase é a fase criativa, onde é feita a análise de similares,

levantando livros para o mesmo público, identificando o material, formato, cores, tipografia e acabamento. Nesta etapa é onde começam a serem desenvolvidos os esboços e o desenvolvimento do projeto.

Já na terceira fase, a executiva, é a fase onde é feita a criação de esboços, onde é executado o projeto gráfico editorial e de ilustração, escolha tipográfica e é feita a parte de produção gráfica como: a seleção de papéis,

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especificações técnicas, aproveitamento de papel e a solicitação de um orçamento em gráfica para simulação de produção em grande escala, tendo como objetivo atingir a solução final.

A tarefa central dessa metodologia, segundo Ascher (1964), seria

reduzir as maçantes tarefas supressoras da imaginação que agora o designer tem que aprender, liberando-o para dedicar mais tempo em se preparar para o seu ato principal, o salto criativo.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A LITERATURA E VALORIZAÇÃO CULTURAL NACIONAL

Diversas formas de aprendizado são apresentadas em diferentes idades, seja através de conversas e trocas de sabedorias, leituras, filmes, documentários e seriados. Lidamos diariamente com uma grande quantidade de informações, que influenciam nossos pensamentos e nossas ações. “O acesso ao conhecimento e às leituras que uma pessoa realiza ao longo da vida influem direta e indiretamente em seus atos e em sua maneira de ser” (PIRES, 1985, p. 9).

A literatura é, inegavelmente, uma fonte de conhecimento que, através de narrativas, traz consigo ensinamentos e estímulos à criatividade através da imaginação. Para o autor de histórias infantis e juvenis, o educador, museógrafo e ensaísta Bartolomeu Campos de Queirós (2015):

A literatura nos aproxima, por meio dela também nos amparamos. É porta que se escancara para fronteiras sem dicotomias entre o real e a fantasia. Na literatura, o imaginário é matéria de trabalho. A literatura é necessária uma vez que o universo pessoal é originalmente insuficiente. Há sempre que se confrontar com a experiência do outro. (QUEIRÓS, 2015, p. 2)

Queirós (2015) também afirma que a literatura, assim como as demais artes, por exemplo a pintura, música e dança, são muito importantes para a formação do caráter do ser humano. Todas essas manifestações caracterizam a cultura, e a sua manutenção reforça e perpetua a identidade de um povo:

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As identidades nacionais não são nem genéticas nem hereditárias, ao contrário, são formadas e transformadas no interior de uma representação. Uma nação é, nesse processo formador de uma identidade, uma comunidade simbólica em um sistema de representação cultural. E a cultura nacional é um discurso, ou modo de construir sentidos que influenciam e organizam tanto as ações quanto às concepções que temos de nós mesmos. Não é ocioso lembrar que tais identidades, no caso do Brasil, estão embutidas em nossa língua e em nossos sistemas culturais, mas estão longe de uma homogeneidade – que já não perseguimos –; ao contrário, estão influenciadas (as identidades) pelas nossas diferenças étnicas, pelas desigualdades sociais e regionais, pelos desenvolvimentos históricos diferenciados, naquilo que denominamos ‘unidade na diversidade’. Como todas as nações, mas bem mais do que a maioria delas, somos híbridos culturais e vemos esse processo como um fator de potencialização de nossas faculdades criativas. (MIRANDA, 2000, p.5)

Para Pereira e Lóssio (2007), existem várias maneiras de valorizar a cultura popular: a primeira, pela dimensão de símbolos que possuímos na comunicação, essa espetacular forma de gestos e mandingas da nossa cultura afirmam o valor de cada manifestação; a segunda são questões de rivalidades entre as manifestações, sendo a disputa um fator que acelera a competição sadia, incentivando a criatividade; já a terceira é a afetividade, que faz da manifestação uma divindade. Desta forma, é de fundamental importância o repasse de conhecimentos e signos culturais para a valorização da cultura nacional, buscando estimular a afetividade desde a infância.

O Brasil, detentor de um território vasto, com diversas regiões e microrregiões, detém dentro de si uma enorme variedade de culturas, costumes e influências, mas é de se considerar que existem figuras conhecidas por todo o território nacional. Temos em nosso país grandes nomes da literatura como: Saramago, Machado de Assis e Augusto dos Anjos. Na poesia, nomes como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Clarice Lispector, grandes compositores como Vinícius de Moraes e o ilustre cantor e compositor Chico Buarque de Holanda. Todos esses ícones da cultura nacional merecem ser lembrados por todas as suas obras.

Chico Buarque é hoje um dos compositores e cantores mais respeitados da música brasileira. É impossível falar da história da MPB sem citá-lo. Compondo e se apresentando desde cedo, Chico Buarque tornou-se conhecido do grande público em 1966, ao participar do Festival de Música da Record. Conhecido por

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sua inteligência, Chico Buarque vagou pelo mundo da literatura através do seu romance “Budapeste”. Suas obras são conhecidas mundialmente por seu caráter poético e político, recebendo o autor o Oscar de Literatura Popular Brasileira, o prêmio Jabuti. “Cantor, compositor, poeta, teatrólogo e romancista, Chico Buarque é um artista ímpar no Brasil contemporâneo. Poucos produziram obra tão ampla e variada quanto a sua” (ROCHA, 2009, p. 131).

3.2 IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA INFÂNCIA

“Ler é, anteriormente a qualquer análise do conteúdo, uma operação de percepção, de identificação e de memorização dos signos”. (JOUVE, 2002, p.17). Ao interpretar e entender a declaração de Jouve (2002) sobre os aspectos técnicos da leitura, que abrangem o reconhecimento de caracteres, identificação e decodificação dos mesmos, é ilimitável segmentar a leitura à sua atividade mecânica, pois ela abrange um caráter muito maior: a possibilidade de interpretação, estímulo da imaginação e a capacidade de controlar o livro, como podemos ver no esquema abaixo de Lourenço (2011):

Figura 2 - Desenho do interesse das crianças pelo livro literário infantil. (Fonte: LOURENÇO, 2011)

Segundo Pires (1985, p. 9), “é a partir dos livros infantis e através de histórias tradicionais que as crianças batalham com o seu consciente interior, em que para além de aprenderem a enfrentar problemas também se divertem com essa mesma

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aprendizagem”. Portanto, crianças usam da imaginação para enfrentar a vida e solucionar problemas, desenvolvendo o intelecto e as emoções:

É essencial na educação a leitura e o ouvir ler. As crianças precisam de compreender o que se sucede no seu consciente para poder enfrentar as questões do subconsciente. Familiarizando-se com este por meio de devaneios para responder a tensões inconscientes. (PIRES, 1985, p. 9)

A formação do leitor e a literatura infantil, por conseguinte, são assuntos muito discutidos quando se trata da formação da personalidade e do caráter de um indivíduo. O acesso ao conhecimento e às leituras que uma pessoa realiza ao longo da vida influem direta e indiretamente em seus atos e em sua maneira de ser (PIRES, 1985, p.9).

3.2.1 O livro Ilustrado

Além do valor comunicativo, o livro ilustrado é uma porta aberta à fantasia. A ilustração também tem o poder de atrair visualmente a criança, através de suas características, como cores, texturas e forma, estimulando a absorção da informação presente no livro.

Linden (2011) afirma que a ilustração é adequada aos não alfabetizados, pois raramente sua leitura é resultado de um aprendizado prévio. Isso, tendo em vista a noção de que, para interpretar uma ilustração, não se necessita de um pré-aprendizado: a figura torna-se um instrumento ideal para despertar o interesse de crianças não alfabetizadas pela leitura.

Assim, o livro ilustrado torna-se um meio eficaz de gerar interação das crianças com o objeto. Da mesma forma, torna-o transmissor auxiliar de conteúdo e, por consequência, aprendizagem:

(...) histórias variadas que desenvolvem no pequeno leitor o prazer da leitura; ou nas ilustrações que estimulam e enriquecem o ato de ler; ou ainda nas leituras gostosas que vão alimentar a imaginação das crianças. São promessas de situações mágicas, humor, texto poético, graça e delicadeza, muito encanto (CATÁLOGO ÁTICA, s/d, Apud Goulart, p.206).

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Denise Escarpit (2011, p.15) declara que a criança que pega um livro de imagens e explora cada uma das imagens, lê. Trazendo assim à tona a necessidade da relação de crianças com livros, de forma que haja interação entre elas e as ilustrações, defende que as noções de aprendizagem vão além da leitura unicamente.

3.3 O MEDO NO LIVRO INFANTIL

Como tratado anteriormente, o medo está inerente no desenvolvimento do ser humano, já que serve como um recurso de proteção e defesa. Porém, muitas vezes, os adultos têm dificuldades em conseguir lidar ou tratar do medo, podendo não dar a ajuda necessária que a criança precisa. Ao enxergar esse problema, faz-se necessário o uso de materiais que auxiliem os pais, educadores ou responsáveis pelas crianças, sendo o livro uma ótima ferramenta para abordar temas difíceis para as crianças:

(…) a sensação de medo é produzida em caminhos minúsculos entre células nervosas numa pequena porção de tecido em forma de amêndoa chamada amígdala. (…) O medo tem sido dividido em quatro componentes: a experiência subjectiva de se estar nervoso ou apreensivo: mudanças fisiológicas; efeitos exteriores, como tremores ou tensão; e a tendência para recuarmos perante certas situações ou para as evitarmos. (NEWMAN,2004, p. 11)

No Brasil, há um número significativo de obras de literatura infantil contemporânea que abordam o medo. De acordo com o estudo de Mainardes (2004, p.6), ao pesquisar 76 obras infantis que tratam sobre o medo, 53 são de autores brasileiros. E ao aprofundar as leituras, conseguiu definir que:

De modo geral, as obras analisadas abordam o medo como algo natural, perfeitamente superável e que pode ser enfrentado. Sugerem, ainda, que ao expressarmos nossos medos pela fala, pela leitura e outras formas de expressão (choro, por exemplo), eles podem ser aliviados ou resolvidos. (MAINARDES, 2004. p. 6)

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Segundo Mainardes (2004), é possível classificar o medo em três categorias: o medo como sentimento natural (que todos já têm ou já tiveram); o medo como algo superável (que, no final da história, é superado); o medo como prudência (ferramenta de auto-conservação). Nesse caso, a literatura tem o papel de usar da contação de história para acalmar as crianças em relação aos seus temores e inseguranças:

Ao falar sobre as crianças, os catálogos parecem entabular uma conversa informal com os/as leitores/as, e ao abordar as situações difíceis pelas quais as crianças passam, as editoras contextualizam uma situação ou um problema e indicam que a solução está na leitura de uma determinada obra, e fazem uma fantástica promessa ao oferecer “um texto que tranqüiliza a criança em relação às suas fantasias. (GOULART, 2007, p. 206)

Para que haja uma naturalização da criança em relação as suas inseguranças e incertezas através de um livro, é necessário que seja feita uma escolha consciente do responsável a respeito do conteúdo, de acordo com a faixa etária.

3.4 MEDO NA INFÂNCIA

Os seres humanos deparam-se com muitos medos, durante toda sua vida. Seja o tão comum medo do escuro, altura, ficar sozinho, se perder, entre tantos outros. Segundo Essau e Petermann (apud BAPTISTA, CARVALHO, LORY, 2005), essa sensação que proporciona um estado de alerta começa nos primeiros anos de vida, ou seja, “os medos, os distintos tipos de ansiedade e as suas desregulações aparecem num indivíduo em desenvolvimento, habitualmente, durante a infância até o início da idade adulta, tendendo depois a diminuir com a idade”.

O medo faz parte do desenvolvimento humano e serve como recurso de defesa e proteção. Mas, de acordo com Rodrigues, Andrade e Cercado (2000), em excesso e sem o tratamento adequado, o medo pode tornar-se patológico, transformando-se em fobias. “ É na infância que muitos desses sentimentos são despertados e é a qualidade das experiências vividas que vai determinar o comportamento nas fases mais avançadas na vida da pessoa”. (ANDRADE,

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RODRIGUES, CERCADO, 2000, p. 131)

Considera-se medo quando existe um estímulo desencadeador externo óbvio que provoca comportamento de fuga ou evitação, enquanto que ansiedade é o estado emocional aversivo sem desencadeadores claros que, obviamente, não podem ser evitados. Do ponto de vista das teorias das emoções, o medo é considerado como uma emoção básica, fundamental, discreta, presente em todas as idades, culturas, raças ou espécies. (BAPTISTA, CARVALHO, LORY, 2005, p. 1)

Os medos mudam, aparecem e/ou desaparecem de acordo com a idade e estágio de desenvolvimento do ser humano, de acordo com as tarefas desempenhadas típicas de cada faixa etária, conforme descrito por Baptista, Carvalho e Lory (2005). Porém, os tipos de manifestação do medo podem acontecer de diversas formas, sejam elas comportamentais, com manifestações sonoras, entre outras:

O choro e as birras podem ser, na infância, manifestações de medo que, gradualmente, são substituídos por outros sinais comportamentais expressivos. O medo deve ser considerado como um programa genético, aberto às influências do ambiente que, por processos de habituação ou de sensibilização, os podem fazer diminuir ou aumentar. (BAPTISTA, CARVALHO, LORY, 2005, p. 5).

De acordo com o estudo “A Influência do Meio do Medo no Desenvolvimento Infantil”, dos autores Rodrigues, Andrade e Cercado (2000), em pesquisas realizadas com participantes entre 3 a 5 anos, 9 em cada 10 crianças manifestam medo em relação aos animais, como cobras e aranhas, classificado como medo de coisas reais, depois passam a ser reféns de sua própria imaginação, tendo assim, medo de situações criadas pela sua imaginação. O estudo ressalta a necessidade do auxílio à criança ao vê-la se deparar em situações de medo e insegurança:

É importante reafirmar também que o medo funciona como um sinalizador de perigo e temos o papel de ajudar as crianças a reconhecer situações de risco e determinar quando realmente devem ter medo. É preciso ensinar a criança a avaliar a realidade fornecendo-lhe informações necessárias com segurança e autoridade. (RODRIGUES, ANDRADE, CERCADO, 2000, p. 8)

Mediante o conhecimento dessas situações-problema, decidiu-se tomar o poema de Chico Buarque de Holanda, Chapeuzinho Amarelo, pois trata da narrativa de uma criança que deixa de aproveitar momentos maravilhosos de sua infância por

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estar tomada de medos, tanto reais, como no caso de animais, como medos inventados por sua imaginação. Com o intuito de elaborar um material para auxílio às crianças, optamos por essa história também por ela desconstruir todos os medos, mostrando aos pequenos leitores que eles podem vencer obstáculos.

4 ANÁLISE DE SIMILARES

Com a intenção de realizar um projeto bem estruturado, a análise de similares se torna essencial no desenvolvimento de todo projeto, já que, através dela, é possível obter informações que embasam as decisões tomadas para a realização deste trabalho.

Como citado anteriormente, o Brasil tem um grande acervo de livros que tratam sobre o medo na infância. Buscando enriquecer e enaltecer a cultura nacional, foram escolhidos três livros indicados pela revista Crescer (2015), com o mesmo tema tratado no poema de Chico Buarque, e voltadas ao público infantil, contendo obras para crianças a partir de 3 anos, leitoras e não leitoras.

4.1 O MENINO QUE TINHA MEDO DE ERRAR

O livro de Andrea Viviana Taubman (2016), recomendado para crianças a partir de 4 anos, trata sobre a história de um menino, ​Pedro, que vive preocupado com medo de errar. Ele prefere passar os dias sozinho em sua casa a aproveitar o tempo brincando com seus amigos, pois tem medo de fazer alguma coisa errada nas brincadeiras. Na escola não é diferente, e, sim, uma preocupação ainda maior para ele, pois é um lugar que proporciona grandes chances de errar. Mas com a ajuda de uma fada, Pedro percebe que viver reprimido o impede de experimentar momentos incríveis.

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Figura 3 - Capa do livro O Menino que Tinha Medo de Errar. (Fonte: TAUBMAN, 2016)

A capa do livro conta com uma mistura de texturas, com um degradê em tons pastéis e um quadrado irregular bege ao centro da capa, contornado por uma linha estreita. Ao se colocar o título com fonte serifada e cor escura em um background claro, dá-se bastante contraste e ênfase ao nome do livro.

A ilustradora dessa obra foi a Camila Carrossine, que utilizou de ilustrações com páginas duplas (Figura 4), preenchendo com bastante cor e diversas texturas (Figura 5), que carregam consigo uma grande quantidade de detalhes.

Figura 4 - Miolo do ​do livro O Menino que Tinha Medo de Errar​ (Página dupla). ​(Fonte: TAUBMAN, 2016)

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Figura 5 - Miolo do livro ​do livro O Menino que Tinha Medo de Errar (T​extura). ​(Fonte: TAUBMAN, 2016)

Carossine utiliza de um traço leve, que passa a ideia de fragilidade, e, em sua maioria, utiliza formas e linhas curvas e arredondadas e finas. Seu traço minimalista e levemente rústico busca se aproximar do universo infantil, sem deixar de ser extremamente expressivo, evidenciado nas feições dos personagens (Figura 6).

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O livro utiliza de tipografia com serifa, como percebido nas imagens acima, além de possuir alinhamento à esquerda em todas as páginas. Possuindo, em sua maioria, até três parágrafos por página dupla. Pode-se, também, observar que a quantidade espaço ilustrado é bem maior que a quantidade texto e que o texto concentra-se apenas em uma das páginas.

O livro foi publicado em 2016 pela Zit Editora, com o texto em português, no formato 26 x 26 cm fechado, com profundidade da lombada de 0,40cm, acabamento em brochura e com 40 páginas.

4.2 ALGUNS MEDOS E SEUS SEGREDOS

O livro de Ana Maria Machado (2009) trata sobre​sentir medo de algo, real ou imaginário, com o intuito de mostrar às crianças que esse é um sentimento comum, e que até a pessoa mais valente tem medo de algo. Todo mundo tem seu medo, cada um tem seu segredo. Essa obra mostra diversos caminhos para combater e enfrentar os medos e inseguranças.

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A capa do livro (figura 7) conta com uma ilustração representativa do medo, explicitando o conteúdo do livro. As cores escolhidas pelo ilustrador foram, em sua maioria, o contraste entre azul, branco e amarelo. O título é colocado na parte superior, com fonte serifada em branco sob o fundo azul e apresenta também o nome da escritora com bastante destaque em amarelo.

Figura 8 - Miolo do livro Alguns Medos e Seus Segredos (Parte 1) ​(Fonte: do autor, 2018)

No que diz respeito à ilustração, pode-se perceber na Figura 8 a presença da técnica de aquarela, com desenhos bastante expressivos, com grande riqueza de detalhes. O ilustrador Alcy Linares optou por fazer ilustrações que não sangram a página, obtendo uma margem e mancha gráfica delimitada. As ilustrações contêm cores quentes e a diagramação foi feita colocando a ilustração em uma página e o texto na outra, como se pode ver também na figura 9 a seguir:

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Figura 9 - Miolo do livro Alguns Medos e Seus Segredos ​(Parte 2) (Fonte: do autor, 2018)

O uso das cores quentes aumentam a tensão do livro, tornando-o mais dramático, passando uma sensação de euforia. O livro utiliza de tipografia com serifa, com parágrafo centralizado e um espaçamento entrelinha significativo.

O ano da edição é 2007 e copyright em 2009 pela Editora Global, com o texto em português, no formato 19 x 27,5 cm fechado, acabamento em brochura e com 40 páginas.

4.3 ​O MEDO QUE MORA EMBAIXO DA CAMA

Nessa história, Mariza Tavares (2004) conta sobre o medo que o personagem João tem do escuro, medo de ter um monstro embaixo da cama ou dentro do armário. João percebe, então, que as cobras e dragões que ele tanto temia eram apenas roupas e brinquedos espalhados pelo seu quarto. De forma simples e divertida, a história traz uma boa abordagem para esse medo clássico da infância, descontruíndo as inseguranças no final da história .

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Figura 10 - Capa do livro O medo que mora embaixo da cama ​(Fonte: TAVARES, 2004)

A figura 10 mostra a capa do livro que contém uma ilustração que ocupa toda a capa, sangrando as margens, representando o personagem principal, João, que se revela amedrontado. A ilustração traduz, exatamente, de forma complementar, figurativa, o título do livro, onde o pequeno menino acende uma lanterna para aliviar sua insegurança. A capa também contém o título em destaque, na cor vermelha sobre o branco, em uma fonte sem serifa, com terminações arredondadas.

Sobre a técnica de ilustração, deduz-se que é utilizada a técnica mista, manual e digital, preservando os traços manuais e a coloração é feita digitalmente, trazendo as cores de forma chapada e uniforme.

A ilustradora opta por uma paleta de cores frias, já que a história se passa à noite. A utilização dessas cores em contraste com o preto reforça a ideia de frieza e vulnerabilidade. Nas figuras 11 e 12, pode-se observar que as ilustrações, assim como no livro O menino que tinha medo de errar, estão dispostas em página dupla.

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Figura 11 - Miolo do livro O medo que mora embaixo da cama ​(Parte 1) (Fonte: TAVARES, 2004)

Figura 12 - Miolo do livro O medo que mora embaixo da cama (Parte 2) ​(Fonte: TAVARES, 2004)

Nas ilustrações acima, os traçados expressivos e exagerados trazem dramaticidade à ilustração da ​Nina Millen. Os parágrafos são dispostos em lugares de destaque sob as ilustrações, como na figura 11, onde percebemos que o texto é colocado onde o abajur ilumina, única parte da ilustração onde contém a cor branca com as letras em preto, apresentando um bom contraste. Na figura 12, os olhos do menino direcionam o olhar ao texto, que por sua vez, é colocado em branco sobre fundo cinza escuro.

O livro foi publicado em 2004 pela editora Globinho, com o texto em português, no formato 23 x 23 cm fechado, com profundidade da lombada de 0,3 cm, lombada quadrada capa flexível e com 32 páginas.

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4.4 CHAPEUZINHO AMARELO

O livro de Chico Buarque (2018), a ser analisado a seguir, foi escolhido por se tratar da mesma narrativa designada a este projeto, tendo como ilustrador o renomado Ziraldo, com seu traço inigualável.

A história da Chapeuzinho Amarelo está disposta completa no Anexo I. Trata-se de uma garota que, por medo, deixava de aproveitar as melhores coisas da sua infância: não ia às festas, não brincava do lado de fora, ou seja, tinha medo de tudo.

No decorrer da história, Chapeuzinho acaba perdendo seus medos, percebendo que muitos deles eram imaginários, tomando assim, coragem para começar a explorar as coisas boas da vida. Ao final, a personagem principal se libertar de seus medos, permitindo-a até caçoar deles.

Na figura 13, a seguir, a capa do livro Chapeuzinho Amarelo, do autor Chico Buarque e ilustrado por Ziraldo.

Figura 13 - Capa do livro Chapeuzinho Amarelo ​(BUARQUE, 2018)

A capa é composta por uma ilustração em técnica mista, onde Chapeuzinho é apresentada portando seu chapéu amarelo, ao centro da capa e em grande escala. A menina tem feições tranquilas, como quem não tivesse mais medo algum.

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da Chapeuzinho, próximo ao nome do autor, com ambos em destaque. Já para as cores utilizadas, em sua maioria, optou-se por uma harmonia triádica, com cores primárias, azul, vermelho e amarelo.

No interior do livro, o miolo (figura 14 a seguir) é composto por ilustrações em página dupla, com relação associativa de texto e imagem. Os parágrafos são alinhados à esquerda, contendo capitular e fonte serifada, sendo dispostos nos espaços em branco (que não contêm ilustração), como podemos perceber na figura 14.

Figura 14 - Miolo do livro Chapeuzinho Amarelo ​(Fonte: BUARQUE, 2018)

Esse livro foi publicado em 2018 pela sua 40ª edição pelo grupo Autêntica, com o texto em português, no formato 21 x 21 cm fechado, com profundidade da lombada de 0,5 cm, brochura e com 36 páginas.

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4.5 QUADRO COMPARATIVO

Tomando-se como base a análise realizada, através de um quadro comparativo, são dispostas as características, diferenças e semelhanças entre os livros analisados, para facilitar a comparação das obras analisadas.

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4.6 CONCLUSÃO DA ANÁLISE

Com essa análise dos livros infantis sobre o medo voltados ao público infantil, podem-se observar diversos aspectos que ajudaram a definir os requisitos para o projeto gráfico.

Pode-se perceber que as obras apresentam formatos de tamanhos aproximados, onde três das quatro analisadas se aproximam do formato quadrado, mas, no quesito ilustração, notamos o uso de técnicas, estilos de traços e cores bem distintos.

Quanto à disposição do texto com relação à imagem apresentou-se de forma variável. Em alguns livros, trabalhou-se com texto sobre a ilustração, enquanto em outros aproveitaram-se dos espaços vazios dos desenhos para colocar os textos; e em apenas um livro, utilizou-se de uma página para ilustração e a outra para texto. Já a relação entre narrativa e ilustração é, em sua maioria, uma interpretação do texto através da imagem. Portanto, as ilustrações funcionam como uma forma de retratar a cena descrita na narrativa.

Quanto a tipografia, entre os livros analisados, há uma certa dominância da tipografia serifada e com alinhamento, em sua totalidade, à esquerda.

Os livros contêm, em média, entre 30 e 40 páginas, e, no que diz respeito à mancha gráfica, há uma predominância de ilustrações sangradas. Os textos, em geral, são aplicados em espaços sem muito ruído, quando aplicados em cima das ilustrações ou onde tem cor chapada, homogênea.

Para este projeto serão utilizados os seguintes requisitos, definidos através da análise de similares: Formato aproximado do quadrado, as ilustrações serão realizadas através da interpretação da narrativa, as ilustrações serão feitas com técnica mista, manual e digital e previamente pensadas a deixarem respiros para colocar os textos de forma que facilitem a sua diagramação. A tipografia será utilizada sem serifa, com alinhamento à esquerda para as páginas da esquerda, e à direita para as páginas da direita. O livro é previsto para ter 36 páginas a fim de ser compatível com a encadernação de capa dura e acabamento com costura.

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5 CONCEITUAÇÃO

A partir da análise de similares e reflexões feitas e com base na fundamentação teórica, pode-se formar o percurso pelo qual foi traçado o conceito do livro. O poema Chapeuzinho Amarelo do Chico Buarque de Holanda será utilizado como texto base para o projeto, pois, assim como os livros analisados anteriormente, aborda o medo infantil.

A construção do livro foi elaborada para desconstruir o medo ao passar de cada página, acompanhando-se a narrativa do autor para, através das ilustrações e do projeto gráfico editorial, formar uma narrativa visual que complete o texto.

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6 FASE EXECUTIVA

Nessa fase define-se todo o projeto. Para que o livro, como um todo, se tornasse coerente, ele foi pensado levando-se em consideração todos os seus elementos, desde a interpretação do texto para a produção das ilustrações, ao formato previamente definido, para as ilustrações se adequarem perfeitamente no formato do projeto, entre outros requisitos.

6.1 FORMATO E DIMENSÕES

O formato caracteriza o aspecto físico do livro. O formato, dimensões e embalagem causam a primeira impressão no leitor. De acordo com Romani (2011, p. 28), o projeto, para determinar o melhor formato, deve levar em conta a proporção conveniente à leitura e manipulação, bem como pensar nos formatos disponíveis do substrato utilizados em sua produção:

O formato, a capa e a embalagem criam uma expectativa no leitor, uma prévia do que ele encontrará na narrativa, bem como o tamanho do livro expressa a ação: dos livros pequenos se espera uma narrativa mais sutil e meiga, formatos menores transmitem charme e delicadeza, ao contrário dos formatos maiores (ROMANI, p. 28, 2011).

Considerando as análises de similares, foi definido o formato 21 x 21 cm para o livro fechado. Esse formato foi escolhido observando-se a utilização do formato quadrado em três dos quatro livros analisados na análise de similares, como no livro “O menino que tinha medo de errar” (TAUBMAN, 2016) que tem 26x26. Além disso, levou-se em consideração a facilidade de transporte, os formatos padrões de livro e o aproveitamento de papel:

Os formatos padrões, nos livros, são três: retrato, formato cuja altura da página é maior que a largura; paisagem, formato cuja altura da página é menor que a largura; e quadrado. Os formatos que fogem do padrão permitem dispor as imagens de forma não usual, gerando diferentes respostas (ROMANI, p. 28, 2011).

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Levou-se em consideração, para o manuseio do livro, objeto deste projeto, que o mesmo será portado por crianças. Tschichold (2007) orienta levar-se em conta uma proporção que seja conveniente à leitura, manuseio e viabilidade econômica. O propósito do livro também deve ser levado em consideração, por exemplo: um atlas deve ser grande para que todos os detalhes das imagens consigam ser vistos, assim como um livro de bolso deve caber no bolso.

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6.1.1 Aproveitamento de papel

Com base no aproveitamento, foi escolhido o formato suporte definido foi 22 x 48 cm, pois, cabem 6 folhas dentro da medida do substrato 66 x 96 cm, medida padrão de substratos. Este aproveitamento foi definido pois o formato do livro fechado será de 21x21cm, sendo assim, quando aberto ficará com 21x42cm, e ao colocar sangra e considerando a pinça da máquina, ainda obterá o tamanho de 22 x 43, estando dentro do tamanho previsto para impressão. Como representado a figura 15, visando à redução de material desperdiçado.

Figura 15 - Representação de aproveitamento de papel 66x96cm (Fonte: do autor, 2018).

Ao considerar também a impressão do protótipo deste projeto em gráfica rápida, optou-se por realizar o formato do livro aberto 21 x 42 cm e 21 x 21 cm livro fechado, pois, nesta medida, também é possível imprimir no papel com formato Super A3 (A3 aumentado), que possui formato 34 x 48 cm.

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6.1.2 Encadernação

Ao se definir o público infantil como alvo deste projeto, entende-se que é necessário pensar na encadernação que seja durável, que contenha certa resistência às danificações causadas pela falta de cuidado natural da criança.

Considera-se, então, o uso da capa dura para este projeto, pois, por ser rígida, tende a proteger o miolo, evitando rasgos, amassados, descolamentos ou queda de páginas.

Além da capa dura, optou-se por utilizar a costura como meio de encadernação, pois ela possibilita uma boa abertura sem comprometer a integridade do livro, já que esse tipo de encadernação é considerado resistente.

6.2 CONSTRUÇÃO DA ILUSTRAÇÃO ATRAVÉS DA NARRATIVA

Para iniciar o processo de ilustração, foi feito uma divisão do texto base, a fim de facilitar a interpretação e definir a quantidade de texto que iria em cada página, além de definir quais partes do texto seriam ilustradas. Para isso, atentou-se por realizar a divisão de forma que o texto não perca o sentido, respeitando-se as estrofes.

As ilustrações foram construídas com base na narrativa. Abaixo, exemplifica-se de maneira breve, a forma com que a ilustração foi construída através da interpretação do texto. A história completa está disponível no Anexo A, e todas as ilustrações finalizadas estão localizadas no Apêndice B.

Página 1 - Era a Chapeuzinho Amarelo Amarelada de medo

Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.

Ao interpretar o texto, o autor ilustrador interpreta que Chapeuzinho, protagonista da história, é uma menina que estava perdida em seus medos, chegando até a ser amarelada. Por isso, o autor representa, na primeira página

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dupla, a personagem flutuando, com olhos fechados, perdida nos medos que tinha.

Página 3 - Não estava resfriada, mas tossia Ouvia conto de fada, e estremecia

Não brincava mais de nada, nem de amarelinha

Para a segunda página dupla, escolheu-se a estrofe acima para traduzir em forma de imagem. Com o foco da narrativa permanecendo sobre o fato de Chapeuzinho ter tanto medo que parece estar doente, mesmo quando saudável, representou-se a menina ainda perdida em seus medos e doente, através da onomatopeia “cof cof”, simbolizando a tosse.

Com isso, segue-se interpretando cada estrofe e realizando-se as ilustrações de forma a complementar a narrativa, reforçando visualmente a sua mensagem.

6.3 PROJETO EDITORIAL

Nessa fase, foi executado o estudo e a realização do planejamento do design do livro. Foi onde se definiram as questões de diagramação, grid, tipografia, mancha gráfica e ilustrações.

6.3.1 Mancha gráfica

Ao pensar no projeto editorial, considerou-se a mancha gráfica como sendo a área de impressão do material. Para este projeto, decidiu-se utilizar todo o espaço disponível, ou seja, utilizar-se de imagens sangradas.

Com isso, objetiva-se ampliar, de forma fluida, sem bordas limitantes de margens, a utilização de ilustrações, a fim de provocar no leitor a sensação de liberdade. (Figura 16).

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Figura 16 - Definição da mancha gráfica (Fonte: do autor, 2018).

6.3.2 Grid

Ao considerar-se o texto como parte do projeto editorial, para não haver corte de conteúdo durante a impressão, faz-se necessário ter uma margem de segurança. Como foi definido anteriormente para a mancha gráfica, atribuiu-se uma margem de 2cm como limite para as extremidades.

6.4 TIPOGRAFIA

O projeto gráfico do livro é composto da escolha correta do tipo, da composição dos elementos na página, do substrato e do cálculo da quantidade de páginas:

No desenvolvimento de um projeto gráfico, portanto, deve-se levar em conta tanto questões técnicas quanto a função estética dos elementos envolvidos (forma, tipologia, cor, etc.). Isso se aplica tanto ao miolo (escolha adequadas de famílias, fontes, tipos e entrelinhamentos, de acordo com a especificidade da obra) quanto à capa do livro, “que deve ser visualmente agradável e coerente com o conteúdo da obra (ARAÚJO, 2008, p. 277).

Segundo Jouve (2002 apud LOURENÇO 2011), o processo de leitura da criança difere do adulto, pois se baseia no reconhecimento de cada letra. Pensando

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dessa maneira, é preciso levar em consideração as noções de legibilidade e leiturabilidade. Lourenço afirma que:

Um dos aspectos da legibilidade está relacionado a uma categoria de avaliação de uma boa ou ruim leitura de um texto, no sentido tipográfico, ou seja, para a tipografia possibilitar a eficácia de um texto, deve seguir os aspectos da legibilidade e leiturabilidade. (LOURENÇO, 2011, pág. 85)

A leiturabilidade, pois, trata-se da compreensão de um texto. Segundo Strunck (1999 apud LOURENÇO 2011), a legibilidade refere-se à facilidade de identificação correta de um grupo de caracteres por parte do leitor (figura 17).

Figura 17 - Representação de legibilidade com baixa leiturabilidade (Fonte: do autor, 2018).

Ou seja, tanto a leiturabilidade quanto a legibilidade são importantes, pois, mesmo com os caracteres facilmente decodificáveis, o texto pode permanecer difícil de ler. Outros aspectos também influenciam na boa leitura, como a distância entreletras (figura 18), entrelinhas (figura 19) e entrepalavras (figura 20). As imagens abaixo foram todas adaptadas de Lourenço (2011).

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Figura 18 - Entreletras (Fonte: do autor, 2018).

Figura 19 - Entrelinha (Fonte: do autor, 2018).

Figura 20 - Entrepalavra (Fonte: do autor, 2018).

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que o uso de tipografias serifadas é inadequado, pois é importante destacar a necessidade de que as letras sejam “limpas” e claras, para não confundir a leitura pelas crianças. Lourenço (2011) também disserta que a tipografia deve se assemelhar à caligrafia praticada e ensinada às crianças. Conclui-se, então, que os tipos sem serifas e em caixa alta aproximam-se mais dessas exigências.

Com apoio nos estudos de Lourenço (2011), ao analisar tipografias, definiu-se a família tipográfica Dosis (Figura 21), como adequada para ser utilizada neste projeto. Tendo como característica uma grande família tipográfica, não é uma tipografia serifada, os caracteres possuem boa legibilidade, havendo uma boa diferenciação entre caracteres (Figura 22).

Figura 21 - Família tipográfica escolhida para o projeto (Fonte: do autor, 2018).

Figura 22 - Conjunto mínimo de caracteres da tipografia (Fonte: do autor, 2018).

Assim, com base nas justificativas apresentadas anteriormente, optou-se por trabalhar com a tipografia Dosis. Apesar dos similares não seguirem esta linha de tipografia, a fonte Dosis atende as necessidades levantadas anteriormente, sobre legibilidade, leiturabilidade, bom espaçamento entreletras, entrelinhas e entrepalavras.

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6.5 ILUSTRAÇÃO

Ao Iniciar a prática de ilustração, o autor ilustrador voltou sua atenção à definição de requisitos listada na conclusão da análise de similares, objetivando preparar as ilustrações de uma forma com que elas trabalhassem a favor da diagramação previamente planejada.

6.5.1 Painel Semântico

Para desenvolver as ilustrações do livro, foi realizada uma pesquisa de imagens que serviram de inspiração para o projeto. No painel semântico abaixo (Figura 23), reuniu-se o trabalho de dois ilustradores, Daniel Lourenço e Willian Santiago. Ambos trabalham com técnica mista, ou seja, possuem a proximidade estética almejada no projeto, além das referências utilizadas para o projeto, como os traços delicados, proximidade de formas e rostos infantis, utilização das cores, dentre outros.

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6.5.2 Técnica de Ilustração

As ilustrações foram pensadas a partir da utilização de técnica mista, que envolve o uso de pastel seco, lápis de cor, tinta guache e complemento com ilustração digital, por aproximação e domínio da técnica pelo autor, além de similaridade com a estética utilizada pelas crianças ( no caso das técnicas manuais). O processo de ilustração se deu, inicialmente, a partir da criação de um

storyboard ​(Apêndice A), onde foi planejada a ilustração em página dupla para cada

página do livro, pois, para Romani (2011), livros estreitos ou que utilizam apenas um dos lados da dupla possuem menor oportunidade de explorar a descrição no fundo, o que acarreta em imagens confusas e desinteresse do leitor. Esse planejamento trouxe uma noção da quantidade de ilustrações a serem feitas e definições dos elementos que estariam em casa página.

Figura 24 - Capa como exemplo de esboço ​(Fonte: do autor, 2018)

Na figura 24, percebe-se o estudo do autor em busca de fluidez e suavidade, que são representadas pelas formas curvas e alongadas, como apresentado nos

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membros superiores e inferiores, distorcendo a realidade e aproximando-se da fantasia. A mesma técnica é apresentada na figura 25 e as demais pranchas estão no Apêndice A.

Figura 25 - Exemplo de esboço do miolo ​(Fonte: do autor, 2018)

Após a elaboração dos esboços, inicia-se a fase de execução da ilustração. Ao escolher o suporte colorido sem textura, onde as ilustrações seriam realizadas, fez-se necessário definir o processo para a técnica de ilustração. Na figura 26, abaixo, o esboço com lápis de pintar branco.

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Em seguida, foi utilizado o giz pastel na cor branca para fazer uma base (Figura 27), a fim de que, quando a cor for aplicada, ela fique vibrante, pois, quando sobreposta diretamente ao papel escuro, torna-se apagada e pouco saturada.

Figura 27 - Exemplo de utilização da cor branca como base do desenho ​(Fonte: do autor, 2018)

Depois do branco, o giz pastel é utilizado para aplicar a cor, pois tem uma boa pigmentação, o que possibilita uma maior cobertura da base. Em seguida, o lápis de cor é usado para detalhamento e finalização da ilustração.

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Após esse processo, é feita a finalização da ilustração, onde se obtém o resultado da utilização do giz pastel e do lápis de cor (figura 29).

Figura 29 - Exemplo de ilustração finalizada com giz pastel e lápis de cor (1) ​(Fonte: do autor, 2018)

É nesse momento onde é empregada a tinta guache, aplicada nos lugares que continham formas orgânicas com grande área chapada (Figura 30), a fim de facilitar o processo de tratamento digital das ilustrações.

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Ao finalizar o processo manual, as ilustrações foram digitalizadas com resolução de 300dpi para que seja feito o tratamento de imagem e complementação com ilustração digital, totalizando 18 páginas ilustradas.

6.5.3 Resultado da diagramação

Após a digitalização das ilustrações, iniciou-se o processo de tratamento de imagem. Inicialmente, objetivava-se, com base na conceituação do livro, criar a ideia da desconstrução do medo, para isso, havia sido definido que as primeiras páginas do livro fossem escuras e, com o passar da história, à medida que a Chapeuzinho fosse perdendo o medo, as páginas iam clareando até chegar ao branco, onde não haveria mais medo. Por isso as ilustrações foram realizadas em suportes coloridos.

Depois do tratamento de imagem realizado, as ilustrações foram sobrepostas sobre o background cinza. A quantidade de cor preta utilizada no CMYK foi diminuindo periodicamente, de 10 em 10 por cento, conforme as páginas avançavam. Porém, ao efetuar um teste de impressão, percebeu-se que a máquina em que se realizou a testagem (em um maquinário de uma gráfica digital) não conseguiu captar a sensibilidade da mudança, ou seja, a sensação almejada através da sutil alteração no background passou despercebida, além de deixar o fundo “lavado”. Desta forma, o resultado proposto não foi alcançado.

Tendo encontrado esse percalço, decidiu-se por modificar o projeto. Porém, esse processo não foi de todo negativo, pois realizar a ilustração em um papel escuro facilitou no processo de recorte e tratamento de imagem.

Com isso, decidiu-se trabalhar com uma paleta de cores assonantes, como as cores principais, o magenta, azul e amarelo (cores primárias) e as demais cores de forma com que, em toda a história seja transmitida a sensação de calma e tranquilidade.

Chegou-se, assim, ao resultado final das ilustrações diagramadas, exemplificadas abaixo na figura 31 e 32 e contendo o resultado de todas as páginas no apêndice B.

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Figura 31 - Página dupla finalizada (1) ​(Fonte: do autor, 2018)

Figura 32 - Página dupla finalizada (2) ​(Fonte: do autor, 2018)

Com a finalização desse processo, partiu-se então para a parte da produção do livro.

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7 PRODUÇÃO GRÁFICA

Na fase de produção do livro, apresentam-se a seleção de papéis e as orientações para impressão.

7.1 CAPA

Para este projeto, como foi objetivado realizar um livro de capa dura, a estrutura da capa dura divide-se em 3 etapas: o papelão 3mm rígido, para estruturar; o papel para revestimento e impressão da capa, sendo escolhido um papel levemente acetinado Stucco Tintoretto 120g da Fedrigoni (Figura 33); e a folha de guarda.

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Para a folha de guarda, que é utilizada no revestimento interno da capa, onde conterá ilustração, foi escolhido o papel texturado Opala 180g, também da Fedrigoni, de cor cinza. A figura 34 abaixo apresenta o papel de revestimento externo e interno da capa, consecutivamente.

Figura 34 - Papel escolhido para cobertura da externa e interna da capa, respectivamente ​(Fonte: do autor, 2018).

7.2 MIOLO

Para o miolo, foi escolhido o papel também da Fedrigoni, o Trigo telado 180g (Figura 35).

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Figura 35 - Papel escolhido para o miolo do livro ​(Fonte: do autor, 2018).

Com o intuito de enobrecer esse projeto, foi escolhido o papel trigo telado, pois ele obtém uma textura telada, agregando valor ao livro, fazendo parecer uma edição de luxo. Esse papel também foi escolhido porque, além de obter-se textura fibrosa, é levemente acinzentado e com pequenos “ruídos”, o que traz um preenchimento aos espaços de respiro das ilustrações.

Além das qualidades listadas acima, esse papel tem gramatura 180g, o que tornará o livro mais resistente e dará mais espessura para a lombada do livro, o que proporcionará uma maior harmonia entre a espessura da capa dura e a altura do miolo do livro.

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7.3 IMPRESSÃO

Ao pensar na produção não apenas do protótipo deste projeto, foi realizado um resumo das especificações técnicas de impressão em larga escala.

Para a capa: cor 4x0, 1 folha, papel Stucco Tintoretto 220g, obtendo formato aberto de 21 x 42 cm e fechado 21 x 21 cm e, por fim, o acabamento com capa dura, lombada quadrada, refile, vinco e cola.

Para o miolo: Cor 4x4, 36 páginas simples e 9 folhas no total, impressão frente e verso, e por fim, o acabamento com refile do miolo; vinco; costura.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desenvolver um livro sobre medo e tendo o público infantil como alvo, trouxe diversas reflexões e desafios. Um dos desafios foi definir como a narrativa seria apresentada e representada através das ilustrações, a forma como o medo seria mostrado de forma sutil. O estudo do referencial teórico mostrou que todos passam por medos e inseguranças em diversas etapas da vida.É importante que a criança compreenda que o medo é um sentimento comum e que muitos deles deixam de existir ao passar da idade. Ao saber disso, o processo de desconstrução desses medos se torna mais fácil.

O maior desafio foi sem dúvida se traduzir a narrativa em ilustrações. Outra grande dificuldade foi conseguir conciliar o projeto com os aspectos pessoais e outras disciplinas e trabalho, no entanto, ter o cronograma detalhado com as obrigações e datas favoreceu para que se chegasse à conclusão do projeto. Apesar de todas as dificuldades, o resultado final foi bastante satisfatório, inclusive motivando para a busca de mecanismos para possível publicação. Este projeto também contribuiu para o autor voltar-se a novos projetos de ilustração e editorial infantil, visando alcançar o aperfeiçoamento das técnicas e desenvolvimento de um traço característico do autor.

Por fim, esperamos que este projeto seja efetivo e que consiga de fato transmitir tranquilidade aos que estão amedrontados e que o resultado gráfico consiga atrair o público visualmente.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro : princípios da técnica de editoração. 2ª edição. São Paulo: Editora da UNESP, 2008.

BAPTISTA, Américo; CARVALHO, Marina; LORY, Fátima. ​O medo, a ansiedade e

suas perturbações​​. Portugal, 2001. Disponível em:

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