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As relações coletivas de trabalho: alterações da reforma trabalhista no sistema de custeio sindical

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Academic year: 2021

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GRANDE DO SUL

TAINARA THAIS GEHCKE

AS RELAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO: ALTERAÇÕES DA REFORMA TRABALHISTA NO SISTEMA DE CUSTEIO SINDICAL

Três Passos (RS) 2020

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TAINARA THAIS GEHCKE

AS RELAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO: ALTERAÇÕES DA REFORMA TRABALHISTA NO SISTEMA DE CUSTEIO SINDICAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso - TCC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador (a): MSc. Paulo Marcelo Scherer

Três Passos (RS) 2020

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Dedico este trabalho à minha família, pelo incentivo, apoio e confiança em mim depositados durante toda a minha jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar, pois ele que me conduziu por esta jornada e me abençoou em todas as etapas da minha vida acadêmica.

Aos meus pais, Rui e Marcia, por todo amor, incentivo e apoio em toda minha caminhada, por não deixarem que eu desistisse nos momentos difíceis, por acreditarem em mim até quando eu mesma não acreditava, fica aqui a minha eterna gratidão por tudo.

A minha avó, Erci, que me ajudou para que meus sonhos se tornasse realidade, por me dar uma casa para morar e um lar para onde voltar, para que eu pudesse estudar, também por me incentivar em cada passo dessa jornada, te amo pra todo sempre.

A minha irmã, Maiara, companheira, amiga e minha maior incentivadora, que esteve presente em cada dificuldade enfrentada, sem nunca me deixar só por nenhum momento, você é fundamental na minha vida.

Agradeço a todos os amigos que fiz no decorrer do curso.

Ao meu orientador Msc. Paulo Scherer, meu muito obrigado pela confiança depositada em mim, pelos conselhos dados e pelo auxilio com seu conhecimento, lhe admiro muito pelo profissional e professor que és, serei eternamente grata.

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“uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas organizadas.” Karl Marx

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O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise das relações coletivas de trabalho após reforma trabalhista, a fim de propiciar uma investigação em busca da construção de um sindicato mais representativo. Analisa os sindicatos através de sua história e sua transformação diante da sociedade. Aborda a reforma trabalhista como responsável por trazer maior responsabilidade aos sindicatos perante seus representados, bem como, tem se o enfraquecimento econômico destes com a nova regulamentação trazida por ela, prevendo a facultatividade do desconto sindical. Estuda o princípio da liberdade sindical como um dos papeis mais importantes de discussão ao longo do histórico sindicalista, investigando suas vantagens e desvantagens a ser aplicado no ordenamento Brasileiro. Investiga a negociação coletiva diante dessa nova perspectiva trazida pós reforma. Faz uma breve análise em relação a unicidade e pluralidade econômica, bem como, das formas de financiamento sindical e de sua legalidade em nosso ordenamento. Examinar a dependência do Estado ao longo da história dos sindicatos brasileiros pela contribuição sindical obrigatória e assim demostrando também o enfraquecimento econômico dos entes sindicais após a perda desta obrigatoriedade, mas com isso demostrar o fortalecimento destes diante da reforma das negociações coletivas. Finaliza concluindo que se deve priorizar a representatividade dos sindicatos, para que os sindicatos retomem seu papel de protagonistas frente ao trabalhador.

Palavras-Chave: Reforma Trabalhista. Noções sobre sindicato. Negociações Coletivas. Alternativas à contribuição sindical. Incentivo a representatividade.

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The present work of conclusion of the course analyzes the collective labor relations after labor reform, in order to provide an investigation in search of the construction of a more representative union. It analyzes unions through their history and their transformation before society. It addresses labor reform as being responsible for bringing greater responsibility to the unions before their representatives, as well as the economic weakening of these with the new regulation brought by it, providing for the optional union discount. It studies the principle of union freedom as one of the most important roles of discussion throughout the union history, investigating its advantages and disadvantages to be applied in the Brazilian order. It investigates collective bargaining in the face of this new perspective brought after the reform. It makes a brief analysis in relation to economic uniqueness and plurality, as well as the forms of union financing and its legality in our organization. Examine the dependence of the State throughout the history of Brazilian unions for the mandatory union contribution and thus also demonstrating the economic weakening of union entities after the loss of this obligation, but with this demonstrating their strengthening in the face of the reform of collective bargaining. He concludes by concluding that the representation of the unions must be prioritized, so that the unions resume their role as protagonists before the worker.

Keywords: Labor Reform. Understanding union. Collective Bargaining. Alternatives to union contribution. I encourage representation.

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 9

1 O SINDICALISMO NO BRASIL: HISTÓRIA E FUNCIONAMENTO ... 11

1.1 O que é um sindicato ... 11

1.2 O Princípio da Liberdade Sindical ... 16

1.3 A Formação Estrutural Sindical Brasileira. ... 20

1.4 A negociação Coletiva: Acordos e Convenções Coletivas ... 26

2 O SISTEMA DE FINANCIAMENTO SINDICAL E A LEI 13.467 ... 32

2.1 Unicidade e Pluralidade Sindical: A Convenção 87 da OIT ... 32

2.2 As Formas de Financiamento Sindical ... 36

2.3 A Histórica Dependência do Estado pela Contribuição Sindical Obrigatória ... 40

2.4 O Fortalecimento do Papel do Sindicato e seu Enfraquecimento econômico ... 43

CONCLUSÃO ... 48

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo acerca das primeiras noções sobre os sindicatos, a fim de efetuar uma investigação em busca da construção de um sindicato mais representativo. Essa busca é necessária face à crescente insatisfação coletiva em relação ao papel dos sindicatos diante a representação do trabalhador, em relação ao fato de que as entidades sindicais já foram protagonistas neste papel, tendo o perdido em grade parte devido ao surgimento de sindicatos de fachada, demostrando assim que pós reforma, com a facultatividade da contribuição sindical obrigatória estes perderam seu lugar e assim os verdadeiros sindicatos poderão retomar seu protagonismo.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico, analisando também a reforma legislativas de 2017, a fim de enriquecer a coleta de informações e permitir um aprofundamento no estudo das relações coletivas de trabalho, revelar a importância dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho, na construção de um ambiente de trabalho mais justo e apontar novas perspectivas para a problemática de representatividade sindical , bem como, de seu enfraquecimento econômico.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem do que são as entidades sindicais e sua história ao longo das mudanças legislativas de nosso país, também como um agente de mudanças das sociedades e as formas de resolução dos conflitos nas relações coletivas de trabalho. Segue uma análise do princípio da Liberdade sindical, onde este teve grande importância histórica no surgimento dos sindicatos brasileiros. Também são analisadas as duas maiores vertentes da negociação coletiva, sendo elas acordo e convenção coletiva de trabalho, tendo o sindicato legalmente a obrigação de participar destas, demonstrando sua importância neta área, pois, com aludida reforma trabalhista o negociado prevalece sobre o legislado.

No segundo capítulo é analisada mais profundamente o sistema de financiamento sindical e a Lei 13.467. Também são analisados os sistemas de pluralidade sindical e

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unicidade sindical, em qual o ordenamento jurídico foi baseado, bem como, traz demonstrativos das normas reguladoras contidas na Convenção 87 da OIT. Aborda-se as formas de financiamento sindical que são previstas na legislação brasileira, trazendo a existência de obrigatoriedade de cada uma. Com isso demonstrar a dependência histórica que o Estado sempre teve pela contribuição sindical obrigatória, e assim conjuntamente os sindicatos de fachada que existiam apenas com o intuito de receber a dita contribuição. Por fim, expor o fortalecimento dos sindicatos frente as mudanças legislativas no âmbito da negociação coletiva, como também seu enfraquecimento econômico pós reforma, que previu a facultatividade do desconto sindical e como estas mudanças serram enfrentadas pelos sindicatos brasileiros nos próximos anos.

A partir desse estudo se verifica que os sindicatos perderam seu protagonismo frente ao trabalhador ao longo dos anos, porém, pós reforma trabalhista ao que se pode perceber estes tem a oportunidade de retomar seu papel, através de sua importância e obrigatoriedade de participação das negociações coletivas, demostrando a classe trabalhadora o quanto este ente é imprescindível na luta pelos direitos trabalhistas e assim apesar de ter enfraquecido economicamente, reconquistará o trabalhador para que este volte a contribuir, e assim ir em busca da consolidação do importante papel que sempre ocupou na sociedade brasileira.

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1 O SINDICALISMO NO BRASIL: HISTÓRIA E FUNCIONAMENTO

O sistema sindical brasileiro ao longo da história passou por diversas fazes até estrutura-se nos moldes atuais, portanto, para entendermos como este se estruturou e quais as suas funções, é essencial refazermos o caminho que as entidades sindicais trilharam até o momento. Sendo assim, primeiramente trataremos da conceituação do que seria o sindicato, e dentro deste tratar-se-á da estrutura e funcionamento.

Outro importante ponto a ser relacionado no debate acerca da constituição dos sindicatos é o princípio da liberdade sindical através da história e como este fez parte do surgimento das entidades sindicais, em seguida observar-se-á a formação histórica destes.

A Discussão acerca da eficácia do negociado sobre a o legislado, veio se acentuando através dos últimos anos, tendo um maior debate a partir da Reforma Trabalhista, a qual trouxe pontos exatamente em relação a esta questão, desta maneira, este será um dos assuntos abordados neste capítulo, porém, antes disso, é necessário um maior contextualização da história e estruturação dos sindicatos, passando-se a analisar no que segue.

1.1 O que é um sindicato

A palavra sindicato surgiu na Roma, com o objetivo de que determinadas pessoas fossem agir em favor de uma coletividade, com o objetivo de representação e estes seria entes permanentes ou não que defenderiam os direitos de determinada classe profissional.

Conceitua (NASCIMENTO, 2014, p.27), “Sindicato é uma organização social constituída para, segundo um princípio de autonomia privada coletiva, defender os interesses trabalhistas e econômicos nas relações coletivas entre os grupos sociais”. Desta forma os sindicatos tem por finalidade defender a classe de seus representados, buscando melhores condições de trabalho.

O Direito Coletivo do trabalho tem suas bases nas regras e princípios que regem as relações coletivas de trabalho, que se dão através dos empregados representados por seus sindicatos e pelas empresas, que agem individualmente ou representadas por seus sindicatos, desta maneira esses são:

Sindicatos são entidades associativas permanentes, que representam trabalhadores vinculados por laços profissionais e laborativos comuns, visando tratar de problemas coletivos das respectivas bases representadas, defendendo seus interesses

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trabalhistas e conexos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida. (DELGADO, 2017, p. 1512.)

O autor nos demonstra desta maneira que os sindicatos são entidades responsáveis por representar a classe de trabalhadores, com a finalidade de buscar melhores condições de trabalho. Traz ainda conceituação mais ampla, incluindo os sindicatos empresariais, devido ao fato de que a definição de sindicato deve abranger tanto a classe obreira e a classe empregatícia, ou seja, o sindicato busca representar o interesse de ambos, satisfazendo o coletivo nas relações entre eles.

Os sindicatos empresariais organizam-se estruturalmente e administrativamente em âmbito individual primeiramente, em um segundo momento estes se associam a outras empresas distintas para que juntos defendam os direitos de sua classe, formando os sindicatos empresariais, os quais serão voltados para seus trabalhadores e aqueles que correspondam aquela categoria econômica. (DELGADO, 2017)

Acerca das funções sindicais a de se dizer que o sindicato cumpre à em sua amplitude em diferentes sistemas jurídicos, sendo elas, a função negocial, função assistencial, a função de arrecadação, função de colaboração com o Estado no estudo e solução dos problemas e a função de representação.

Primeiramente a função negocial dos sindicatos, a qual confere poder a estes para que ajustem convenções e acordos coletivos de trabalho as quais serão fixadas as regras que serão aplicadas aos contratos de trabalho dos trabalhadores representados pelos sindicatos pactuantes, assim explicasse:

Primeira, função negocial, caracterizando-se pelo poder conferido aos sindicatos para ajustar convenções coletivas de trabalho, nas quais serão fixadas regras a serem aplicáveis nos contratos individuais de trabalho dos empregados pertencentes à esfera de representação do sindicato pactuante. Forma-se, assim, um direito do trabalho paralegal para complementar as normas fundamentais fixadas pelo Estado através das leis e para cobrir lacunas ou dispor de forma favorável ao trabalhador, acima das vantagens que o Estado fixa como mínimas. No Brasil, a Constituição Federal (art 7º, XXVI) reconhece as convenções coletivas de trabalho, e a CLT (art. 611) as define e obriga a negociação (art 616). (NASCIMENTO, 1997, p. 778-779)

Segundo Oliveira (2019) “na função de negociação, a ação sindical normalmente é caracterizada pelo poder de ajustar a Consolidação das Leis Trabalhistas, fixando regras a serem aplicadas nos contratos individuais de trabalho dos empregados de determinada categoria.” Ou seja o autor nos demonstra que com a função negocial se assegura a possibilidade de os trabalhadores ampliarem seus direitos.

Desta maneira pode-se perceber que através dessa função os sindicatos buscam condições de vida e de trabalho que expressam os interesses de seus representados, sendo que

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esta função é prerrogativa específica das entidades sindicais, bem como esta é meio autocompositivo de solução de conflitos. (BRITO FILHO, 2018)

A constituição de 1988 amplia a atribuição de negociação das entidades sindicais, através da possibilidade dos trabalhadores entrarem em greve, previsão encontrada no art. 9º da Constituição Federal, dispões o autor sobre esta função:

A Constituição de 1988 reforça a atribuição negocial dos sindicatos, quando dispõe sobre o “Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho” (Inciso XXVI do Art.7). Bem como, quando traz expressamente o direito de greve em seu Art. 9º dizendo que é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. (OLIVEIRA, 2019, p. 10)

Corrobora deste modo o autor, que a Constituição Federal ao prever o direito a greve faz com que os sindicatos tenham uma maior margem para negociar, ou seja, esta é uma forma de “pressionar” os empregadores na discussão e negociação dos direitos trabalhistas objetos de convenções e acordos coletivos de trabalho.

A função assistencial dos sindicatos tem por objetivo a prestação de serviços a seus representados, esta função é dada através de lei ou dos estatutos sindicais, a diversas funções assistenciais, dentre elas educação, saúde, colocação, lazer, fundação de cooperativas, fundação de cooperativas e serviços jurídicos. (NASCIMENTO, 1997)

Conforme entendimento de Gênia Darc de Oliveira (2019), a função assistencial é também um exercício da cidadania, pois esta garante direitos que são obrigações do Estado, um dos exemplos trazidos é assistência judiciaria que alguns trabalhadores que não possuem condições financeiras de litigar recebem, ou seja, é um dever social.

A função assistencial não deve ser a finalidade principal dos sindicatos, pois este tipo de assistência tem outras formas de serem cumpridas como se demonstra a seguir:

Apenas não deve ser a principal, dentro da finalidade do sindicato de defender os interesses do grupo que representa, pois esta é cumprida de outras formas, por meio da gestão que as organizações sindicais fazem junto aos empregadores e ao Estado, em busca de melhores condições de vida e de trabalho para aqueles que representam e não, principalmente, oferecendo serviços que são de responsabilidade de terceiros (BRITO FILHO, 2018, p.157-158)

Os sindicatos possuem também a função de arrecadação pela qual estes entes impõem contribuições através de assembleia e fixadas por lei, há as mensalidades sindicais e descontos assistenciais, ou seja, através desta função os sindicatos busca receitas necessárias para desenvolver suas atividades, deste modo, podendo cumprir com sua finalidade que é defender os interesses dos trabalhadores e empregadores.

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A função de colaboração com o Estado no estudo e solução dos problemas que relacionem com a categoria e desenvolvimento da solidariedade social, conforme abaixo:

A colaboração do sindicato com o Estado viabiliza através de estudos, a solução dos problemas que se relacionam com a categoria e no desenvolvimento da solidariedade social. Sendo que, o Estado cada vez mais tenta reduzir direitos dos trabalhadores, angariados mediante lutas, e para isso está sempre criando reformas sindicais na tentativa de desarticular de cima para baixo. (OLIVEIRA, 2019, p. 23)

Ainda, importante destacar que os sindicatos participam de órgãos do Estado, encontrando-se previsão legal na Constituição Federal (art. 10), onde se assegura que os trabalhadores e empregadores possam fazer parte de discussões que tenham haver com seus interesses profissionais e previdenciários, sendo que quem é responsável por esta função judicial são juízes togados e classistas que são os dirigentes nomeados para esta finalidade. (NASCIMENTO, 1997)

Ademais, temos também a função de representação, sendo esta uma das funções principais do sindicato, através desta os sindicatos representam seus membros perante as autoridades judiciais e administrativas, buscando efetivar os interesses coletivos ou individuais dos seus integrantes. Eles atuam em processos judiciais em dissídios coletivos e individuais, neste, exerce a substituição processual em que age em nome próprio na defesa de direito alheio, ou ainda em representação processual. (NASCIMENTO, 1997)

Os sindicatos tem por sua função principal a representação, se organizam em prol de sua categoria, podendo defender seus interesses tanto em âmbito judicial, quanto administrativo, como demonstra:

Essa função representativa, lato sensu, abrange inúmeras dimensões. A privada, em que o sindicato se coloca em diálogo ou confronto com os empregadores, em vista dos interesses coletivos da categoria (aqui, a função confunde-se com a negocial, a ser vista logo a seguir). A administrativa, em que o sindicato busca relacionar-se com o Estado, visando a solução de problemas trabalhistas em sua área de atuação. A pública, em que ele tenta dialogar com a sociedade civil, na procura de suporte para suas ações e teses laborativas. A judicial, em que atua o sindicato também na defesa dos interesses da categoria ou de seus filiados. (DELGADO, 2017, p. 1528-1529)

Deste modo, percebe-se que os sindicatos podem atuar em representação de sua categoria administrativamente e judicialmente, a primeira onde o sindicato tenta a solução do conflito ao se relacionar com o Estado no que lhe cabe, e na segunda o sindicato age por meio judicial, pelos meios processuais existentes.

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Para que se possa entender de que forma se estruturou as funções sindicais em nosso ordenamento, se faz considerável uma maior explicação e entendimento do surgimento do trabalho e consequentemente dos sindicatos como defensor dos direitos trabalhistas.

Ao longo da história o trabalho sempre foi considerado algo indispensável para humanidade, diante disso, o trabalho era empregado através de “castigo e anulação da individualidade das pessoas”, e deste modo Weber aponta a doutrina de Calvinismo que traz uma visão diferente sobre o trabalho, a qual é crista e não trabalhar significaria não homenagear a deus, e que ao não se conseguir trabalho é moralmente inaceitável, ainda, que a finalidade da vida seria o trabalho, e segundo ele tal concepção auxilia no desenvolver do capitalismo.

Demonstra (SANSON, 2019), a contribuição de Weber o qual “mostra que o capitalismo ensejado pela Revolução Industrial tinha, em sua base, uma concepção de trabalho vinculada ao ascetismo secular do protestantismo. Foi essa concepção de trabalho, que liberou moral e eticamente os homens – os capitalistas – à aquisição de bens, à obtenção do lucro, à cobrança de juros e à acumulação de capital.”

Para se ter um entendimento da história e do desenvolver dos sindicatos, se faz necessário contextualizar o desenvolver do trabalho, devido ao fato destes caminharem juntos, desta maneira preceitua-se.

Segundo Weber, não bastou o desenvolvimento do mercado, da moeda, do dinheiro, das relações de troca em geral para que o capitalismo se constituísse como sociedade particular. Essas condições estavam presentes em sociedades passadas, como na antiga Roma e durante a Idade Média, quando já existiam vários elementos que hoje governam as relações monetária, comerciais e de troca. (STUMPF, 2019)

Desta forma, o autor demonstra que Weber em sua concepção de que no mundo capitalista há a dependência do trabalho assalariado, sendo que tudo que consumimos em nosso dia a dia advém do trabalho.

Seguindo nesta linha, Marx traz a divisão de classes, que se dá entre burguesia e proletariado, as quais são fundamentais para o capitalismo, sendo reproduzida através do trabalho assalariado, no qual o trabalhador vende seu trabalho em troca de um salário. Corrobora ainda, que apesar de essa troca parecer igual, na verdade está acaba por ser desigual. (STUMPF, 2019)

Diante de todo o exposto, é evidente a importância do surgimento dos sindicatos como entes capazes e responsáveis por regular as atividades entre empregado e empregador, para que, se tenha equilíbrio e igualdade entre as partes, onde o empregador

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não pode apenas olhar para seu lucro e o empregado não deve questionar as suas funções na divisão do trabalho.

1.2 O Princípio da Liberdade Sindical

Ao analisar este importante princípio para o sindicalismo a de se falar que tendo este ente surgindo através das lutas pelos direitos do trabalhador, ou seja, na busca por maior liberdade, nada mais correto do que se manter sobre esta ideia de liberdade, e com isso se passa a expor.

José Cláudio Monteiro de Brito Filho (2018), conceitua "liberdade sindical consiste no direito de trabalhadores (em sentido genérico) e empregadores de constituir as organizações sindicais que reputarem convenientes, na forma que desejarem, ditando suas regras de funcionamento e ações que devam ser empreendidas, podendo nelas ingressar ou não, permanecendo enquanto for sua vontade"

Há de se discutir em contexto histórico e atual a liberdade sindical, a qual a de se enfrentar em dois pontos, na liberdade de associação dos trabalhadores da categoria sindical e após a liberdade em se dispor de mais de um sindicato que represente uma mesma categoria profissional.

Mauricio Godinho Delgado 2017 demostra que a alguns requisitos do direito sindical no Brasil, falando da democratização do sistema sindical e de seus traços corporativistas, mas que passa a trilhar um caminho rumo a plena liberdade de associação e liberdade sindical.

A liberdade sindical passou por estágios nos quais primariamente era proibida, ou seja, os trabalhadores não podiam se associar livremente, tal faze não obteve sucesso e então se passou a outra de tolerância e logo após a fase de reconhecimento do direito sindical, a qual pode ser percebida através das leis e da constituição. (BRITO FILHO, 2018)

O autor demostra neste ponto que a liberdade sindical enfrentou diversos contextos no decorrer da história, onde oras era admitida e em outras não, tendo que os trabalhadores se adequar as condições impostas pelo Estado, mas sem nunca na verdade deixar de se desapegar a associações sindicais, mesmo que proibidas. Até chegar aos moldes atuais a qual é permitida.

Na década de 80 passou-se a uma maior liberação das entidade sindicais, há a possibilidade de criação de entidades sindicais que antes eram proibidas, são criadas portarias do Ministério do trabalho, nesta mesma época cresce a importância dos sindicatos, ainda mais

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para as classes mais organizadas, permite também que os trabalhadores se tornem mais reivindicadores, ou seja, o país caminha para um estado com mais liberdade sindical. (KUMMEL, 2019)

O ordenamento deve se embasar sempre na ideia da liberdade sindical, pois o sindicalismo surgiu como um movimento de lutas pelos direitos dos trabalhadores, sendo que este é sustentado sempre pelo princípio da liberdade sindical, sendo possível a escolha de qual sindicato fará parte. (VIEGAS, 2019)

Segundo Brito Filho (2018) podem-se dividir a liberdade sindical em dois aspectos, a primeira como liberdade sindical individual na qual os trabalhadores e empregadores possuem direito de decidir por sua associação ou não nas entidades sindicais. A segunda um pouco mais complexa e dividida em quatro aspectos como demostra:

Quanto a segunda dimensão, a coletiva, é ela mais complexa, pela sua divisão em quatro aspectos. Pelo primeiro, a liberdade de associação, deve ser assegurado o direito de trabalhadores e empregadores criarem organizações sindicais. Nesse sentido, ela nasce quando o Estado passa a permitir o direito de sindicalização, existindo, neste aspecto, tanto nos modelos de sindicalização sob controle do Estado, desde que a criação de sindicatos, em si, não sofra controle discricionário. (BRITO FILHO, 2018, p. 83)

O autor demonstra em dois aspectos a necessidade de se respeitar a finalidade da instituições sindicais, dando a elas liberdade para que protejam os direitos de seus representados.

Segundo (SANTOS, 2018) o Brasil ainda não pode trazer a Convenção 87 da OIT para nosso ordenamento justamente pelo fato de ainda ter nele traços do corporativismo, aspectos estes que são “o poder normativo da Justiça do Trabalho, a unicidade sindical e o sistema de categorias.

A convenção 87 da OIT demostra como princípio fundamental para as entidades sindicais a Liberdade Sindical, entretanto ela não é totalmente aderida por nosso ordenamento, por força do Art 8º da Constituição Federal, nossas normas estão constituídas sobre a liberdade de associação, a unicidade sindical, a liberdade de administração, a liberdade de filiação, autonomia privada coletiva e representação exclusiva pelo sindicato. (BRITO FILHO, 2018)

Conforme entendimento de Mauricio Godinho Delgado (2017), há traços no sistema sindical que historicamente sempre foram motivo de controvérsias, sendo esses autoritários e corporativistas, permanecendo na Constituição Federal de 1988 resquícios desse sistema,

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fazendo com que aumenta-se a crise de legitimidade e força dos sindicatos, se tornando imprescindível a reforma sindical, a qual leva o país a plena liberdade sindical.

Há perspectivas diversas em relação a liberdade sindical, como ela sendo individual ou coletiva, ou seja primeiramente relativo a pessoa em seu singular e na segunda no que tange aos grupos profissionais, e ainda a classifica em liberdade de associação, liberdade de organização, liberdade de administração, liberdade de exercício das funções e liberdade de filiação e de desfiliação. (NASCIMENTO, 2009)

A liberdade de associação consiste na livre escolha de associar-se ou não a uma organização sindical, este direito foi reconhecido em nosso ordenamento com as Constituições e leis ordinárias de nossa época, como demonstrasse:

No Brasil a Constituição da República de 1891 (art.72, § 8º) dispunha que “a todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente, sem armas, as Constituições de 1934, de 1937 e de 1946 mantiveram o princípio; e a Constituição de 1967, com a Emenda Constitucional de 1969, também assegurou o direito de reunião, preservado, ainda, pela Constituição de 1988. (NASCIMENTO, 2009, p. 40)

Com isso pode-se perceber que a liberdade de associação sempre existiu em nosso ordenamento e é mantida até os dias de hoje, possibilitando a garantia da liberdade sindical.

A liberdade de organização surgiu de uma questão social, onde operários necessitavam de uma defesa coletiva, ao possuírem interesses coletivos, surgindo assim a de ideia de unirem-se na reivindicação e luta desses interesses. E assim surge os sistemas de organização onde coletivamente os trabalhadores são fortes para negociarem com os patrões, enquanto que individualmente não possuem a mesma força.

“A liberdade de organização caracteriza-se pela possibilidade de os trabalhadores e empregadores definirem seu modelo de organização, não podendo haver qualquer tipos de vedação ou limitação do direito de livre estruturação das entidades.” (VIEGAS, 2019)

Segundo Freire (2019) a liberdade de administração consiste na possibilidade dos entes sindicais administrarem suas instituições sem que aja interferência do Estado nestes, como antes era feito, esta liberdade foi constitucionalmente garantida com a Constituição Federal de 1988, permitindo deste modo que os sindicatos passassem a conduzirem as entidade sindicais pelos seus próprios passos.

A liberdade de exercício das funções é necessária para que se complete o princípio da liberdade sindical, sento através desta que os sindicatos buscam atingir os fins pelos quais foram constituídos, ou seja, se reconhece o direito que os sindicatos tem de executarem as ações necessária na defesa de seus representados.

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A liberdade de filiação e de desfiliação, como o próprio nome já nos faz pressupor, essa liberdade nos permite escolher entre associar-se ou não a um sindicato, encontrasse previsto na Declaração dos Direitos humanos e nas Convenções 98 e 83 da Organização Internacional dos Direitos Humanos-OIT, como se demonstra:

A Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) , art XXII,4, dispõem que todo homem tem direito a ingressar num sindicato. No mesmo sentido, são as convenções ns. 98 e 83 da Organização Internacional do Trabalho-OIT (arts. 2º e 5º e a Convenção de Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais (1950), art.11. (NASCIMENTO, 2009, p. 49)

O autor demonstra que é assegurado por diversas fontes legais o direito de filiação, bem como de se desfiar de uma entidade sindical ou ainda mesmo de não se filiar a nenhuma, ou seja, o trabalhador pode não querer aderir a filiação a um sindicato, sem consequências, ao contrário de outros países onde a filiação sindical é obrigatória.

A de se falar também que a liberdade sindical traz garantias, como mecanismos jurídicos responsáveis por resguardar os interesses dos trabalhadores, através de leis e convenções coletivas para o exercício da liberdade sindical, deste modo:

Note-se que tais garantias estão expressamente consignadas em textos normativos construídos ao longo de várias décadas do século XX pela Organização Internacional do Trabalho (Convenções ns. 11, 87, 98, 135, 141 e 151, por exemplo). Além disso, inserem-se tais garantias, classicamente, em experiências democráticas consolidadas no mundo ocidental (ilustrativamente, Estatuto dos Trabalhadores da Itália — Lei n. 300, de 1970).

Registre-se que não há, pois, qualquer contradição entre o implemento de plena liberdade e autonomia ao sindicalismo com a presença de garantias legais claras e inequívocas, aptas a assegurarem a mais transparente legitimidade representativa sindical e o mais eficaz dinamismo reivindicativo entidades sindicais obreiras. (DELGADO, 2017, p.1521)

Ainda pode-se dizer sobre a liberdade sindical, o que diz respeito a posição do Estado perante o sindicalismo, que deve ser de respeito com os grupos sociais, sem interferir nas atividades realizadas por esses, enquanto estiverem em conformidade com o interesse comum, ou seja, a liberdade sindical é também o “livre exercício dos direitos sindicais” (NASCIMENTO, 1997)

Segundo Freire (2019) a liberdade sindical é uma forma de demonstra a redemocratização do país, através da representatividade das organizações de trabalhadores.

Para se chegar a uma discussão mais aprofundada em relação as relações coletivas de trabalho e o sistema sindical atual, precisa-se trilhar sua história ao decorrer do tempo, como se estruturou nos moldes atuais, o que será abrangido no tópico seguinte.

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1.3 A Formação Estrutural Sindical Brasileira.

A formação estrutural dos sindicatos percorreu um longo caminho até encontrar-se como é na contemporaneidade, como sendo um instituto indispensável para as relações trabalhista, pelo fato de que estas estão em constante transformação, necessitando de um ente capaz de regular estes aspectos. Os trabalhadores passam a organizarem-se em entidades sindicais para lutarem por equilíbrio nas relações de trabalho, mas para que isso ocorresse de forma legal e aceita pelo Estado, tem-se uma longa história árdua e cheia de obstáculos, a qual passa-se a expor.

No mundo os primeiros traços de um sindicato surgiram com Revolução Francesa em 1789, através das corporações que de certa forma eram como um sindicato, tendo um agrupamento de capital e trabalho, está integrava sujeitos das relações de trabalho, porém, teve uma estrutura diferente do que os sindicatos viriam a ter, pois esta unia em uma só entidade a classe profissional e econômica, bem como, os empregadores, oposto do que é hoje, onde separou-se trabalhadores e empregadores, cada um de um lado. Nos séculos XV e XVI as corporações foram extintas, pois esta transformara-se em entidades opressivas e também por entenderem que o homem para ser plenamente livre não pode fazer parte de nenhuma associação, preceitos estes do liberalismo da Revolução Francesa de 1789. (NASCIMENTO, 2009)

O surgimento dos sindicatos se deram mais especificamente a partir da revolução industrial, através da qual as classes operárias passaram a reivindicar direitos que até então nunca haviam sido lhes concedido, bem como, buscar condições de trabalho mais dignas através de reivindicações organizadas pelas classes operárias e deste modo criaram-se os sindicatos como entes a defender os interesses de determinada classe.

O surgimento dos sindicatos nos primeiros momentos, eram através de reuniões feitas em lugares escondidos, visando ouvir os trabalhadores, como era a relação que os empregados tinham com seus empregadores, discutia-se sobre as longas jornadas de trabalho e os baixos salários, bem como, a inexistência de normas que regulassem as relações de trabalho para que estas deixassem de ser tão desumanas. (CANDIDO, 2019)

Por longos anos se viu no mundo punições severas para aqueles que se reunissem em associação, se tinha a existência de diversas leis penais para punir estas pessoas, porém, em um determinado momento desta história, mais especificamente a contar dos anos 1824 passou-se a uma fase de tolerância, onde o Estado revoga estas leis penais e passa a aprovar o direito de associação sindical, através da criação de outras leis. (NASCIMENTO, 2009)

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Deste momento em diante desencadeia-se pelos países da Europa o surgimento das entidades sindicais, na Inglaterra em 1824 se aprovou o projeto de lei que dava existência legal aos Sindicatos, projeto feito pelo movimento conhecido como cartismo, que lutava por direitos políticos e sociais.

As primeiras instituições representantes da classe trabalhadora surgem em 1850 na Inglaterra, ainda não conhecidos por sindicatos, mas como organizações clandestinas, eram vistas pela burguesia como um perigo, pelo fato de que estes temiam que elas unissem os trabalhadores que estavam dispersos e concorrendo entre si por um emprego. (BORGES, 2019)

Na Alemanha a luta por um sindicalismo que fosse aceito se deu nos anos de 1869, com o Código Industrial pruciano que passou a admitir a associação profissional, já em 1918 se reconheceu o direito de associação e com a Constituição de Weimar de 1919 se garantiu a liberdade de associação profissional para a defesa de direitos de trabalho e econômica, na França o sindicalismo se firmou sobre dois grandes acordos firmados entre empregados e empregadores, primeiramente o acordo de Matignon (1936), já na Itália os sistemas sindicais passaram a se firmar em 1889 com a aprovação da lei que permitia a greve e locaute e se expandiu em 1906 com a criação dos sindicatos, sendo que diversas leis trabalhistas forma aprovadas, e com a Constituição Republicana de 1948 se inicia o período de liberdade sindical no país. Fechando assim alguns dos marcos no surgimento das entidades sindicais no mundo. (NASCIMENTO, 2009)

No Brasil se percebeu a necessidade de criar-se organizações responsáveis pela representação e defesa de direitos trabalhista a partir do momento em que se passou a ter dificuldades com o avanço do trabalho, como demonstra:

Ao longo da história brasileira nota-se que surgiram situações indispensáveis a organização social em torno das dificuldades apresentadas pelo avanço do trabalho, sendo também preciso que houvesse a intermediação de um órgão representativo que abrangesse a organização operária brasileira, disposta a prever a organização, tendo poder de decisão junto às classes industriais. A origem da classe operária brasileira começa suas atividades no momento em que ocorreu a modificação na economia do país. (CANDIDO, 2019, p. 3)

Ao analisar historicamente a estruturação sindical brasileira pode se perceber como demonstra Nascimento 2009, que o direito sindical brasileiro ainda busca fundamentos com bases democráticas, pois esta não se desprendeu de suas raízes corporativistas e estratégicas, apesar das inúmeras mudanças, assim:

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Como em outros países, também no Brasil as corporações de oficio precederam os sindicatos, o direito de associação, depois de proibido, foi restabelecido, o corporativismo do Estado Novo exerceu forte controle sobre os sindicatos e no fim dos governos militares abriu-se uma nova perspectiva para o movimento sindical. (NASCIMENTO, 2009, p.113.)

Com isso percebe-se que o autor demonstra resumidamente as fases que a luta pelo direito sindical enfrentou, de uma época em que era proibido, segundamente um momento em que o Estado assume controle sobre os sindicatos e logo após finalmente o sindicato nas diretrizes atuais, caminho este que traçaremos a seguir.

Os primeiros traços de organizações com aspecto de um sindicato foram em Salvador no ano de 1699, onde se reunião carpinteiros, marceneiros, entalhadores entre outros trabalhadores, eram corporações que possuíam caráter administrativo e religioso. As primeiras associações lutavam por salários, a redução da jornada de trabalho e assistência. (NASCIMENTO, 2009)

Mais adiante nos anos de 1888 com o fim da escravidão no Brasil, estrangeiros adentrar no país, na expectativa de condições de trabalho melhores, porém, logo perceberam que o país encontrava-se em um contexto de semiescravidão, iniciando-se assim a formação de sindicatos, que buscavam melhores condições de trabalho e assegurar direitos aos trabalhadores, bem como a constituição de sindicatos sem viés político. (ROCHA, 2019)

Mário Alex Duarte de Candido (2019) aponta que com a imigração para o Brasil se fortaleceu ideias e posições para que se pudesse iniciar a militância sindical brasileira, ainda mais nas regiões industrializadas. Foi nesta época que o Estado percebendo o início das manifestações

Demonstra Nascimento (2009) que no ano de 1903 a palavra sindicato se generalizou no país e em 1906 surgiu a primeira associação com nome, que foi o Sindicato dos Trabalhadores em Mármore e Pedra e Granito. Sendo que o marco do surgimento das associações brasileiras foi a liberdade de associação, bem como não se teve restrições para a sua criação, com objetivo de defender os interesses de todas as classes e a diminuição da jornada de trabalho.

A luta por tais ideias surgiu no século passado, o qual foi marcado por uma alta na situação econômica do país, grande parte disso como resultado da enorme exploração da mão de obra dos trabalhadores:

Da mesma forma, desde fins do século passado, as péssimas condições de vida e de trabalho, os baixíssimos salários e a violência de um mercado de trabalho caracterizado pela discriminação, tornaram as demandas econômicas prioritárias, na medida em que dizem respeito à sobrevivência e à dignidade. Mas demandas

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econômicas, quando articuladas em planos classistas mais amplos, adquirem inegável peso político. (MATOS, 2009, p. 9)

Primariamente os sindicatos eram organizados em pequenos clubes nos quais eram realizadas reuniões para se assegurar a vigência das leis trabalhistas e estas eram feitas às escuras pois não se permitia associações e reuniões, desde então, passa-se a uma luta por liberdade de pensamento e liberdade profissional, buscando-se através da luta social a efetivação de mínimos direitos. (NASCIMENTO, 2014)

O termo sindicato surgiu no ano de 1906 no Rio de Janeiro no 1º congresso de operários no Brasil, dizendo que qualquer organização de trabalhadores na luta e resistência por mais direitos a classe trabalhadora, bem como na busca por melhores condições de trabalho, devendo estas organizações se chamar de sindicato. (MEIRELLES, 2018)

Posteriormente em mais uma marca na história do Brasil, assume Getúlio Vargas o governo do país em meio a agitações políticas, desta forma Rocha (2019, p.6), constata que:

Getúlio Vargas se deparou com um Brasil de grandes agitações políticas ao incumbir-se do poder, após um golpe de estado, diante de uma economia que se encontrava fundamentada na exportação de café já decrescente e em um enorme descontentamento dos trabalhadores, que indispostos por não alcançarem medidas efetivas de mudança, promoviam greves, inspirados, principalmente, pelos estrangeiros, que consigo trouxeram a ideologia anarco-sindicalista. (Rocha, 2019, p.6)

O período de 1929 inicia uma política interveniente trabalhista, dando início ao governo Vargas, sendo esta uma reação as provocações e agitações nos grandes centros e também pelas inúmeras greves que vinham sendo realizadas, o que fez com que se perdesse muitas horas de produção e com isso a crise econômica daquele período. Como resposta se trouxe ideologias filosóficas de direita, as quais pediam por medidas que fizessem parar os movimentos revolucionários, e a criação de um governo forte e capaz de parar as classes operárias. (NASCIMENTO, 2009)

Foi neste período criou-se o Ministério do Trabalho com objetivo de efetivação das medidas adotas pelo governo, ou seja, fundou se em uma estrutura que buscava assegurar direitos aos trabalhadores com controle por parte do Estado. Ameniza-se esta situação com a constituição de 1934 a qual institui a autonomia e liberdade sindical, mas ainda sobre uma forte intervenção do Ministério, pelo fato que em diversas situações necessita-se da prévia autorização desse para aplicabilidade de medidas dos sindicatos. A constituição de 1937 põe fim a autonomia e liberdade sindical dada pela Constituição anterior.

O progresso dos sindicatos acontece a partir da Consolidação das Leis Trabalhista, a qual passa a prever o direito a greve, que é utilizada pelos sindicatos como forma de pressão

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nas negociações coletivas, entretanto, perdura ainda a intervenção do Estado sobre o sistema sindical brasileiro. Durante o Regime Militar não aconteceram grandes mudanças nesse cenário, mas a época foi marcada pelas diversas greves e passeatas lideradas pelos sindicatos, estas tinham por objetivo a melhoria das condições de trabalho no país. (ROCHA, 2019)

A maioria das regras criadas com a Consolidação das Leis Trabalhistas permanecem até os dias atuais, e como isso Getúlio Vargas nunca foi esquecido na história trabalhista do Brasil, criou-se com esta a “cultura de um sindicalismo absolutamente assistencialista”. (MEIRELLES, 2018)

No fim dos governos militares surgiram as centrais sindicais, com estrutura espontânea na “cúpula do movimento sindical”, bem como estas se propuseram a promover a articulação dos sindicatos, as federações e confederações, ergueu-se também um movimento reivindicatório pelas centrais, como demonstra:

Nos centro de maior densidade trabalhista do País, como o Estado de São Paulo e, mais precisamente, na região do Estado denominado- por reunir as cidades de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul-altamente industrializadas, em especial com a indústria automobilística, ergueu-se um movimento sindical espontâneo reivindicativo e contestatório ao mesmo tempo em que cresceu o Partido dos Trabalhadores, nova agremiação política, combinando-se a ação política com a ação sindical, do que resultou uma nova atuação dos trabalhadores no relacionamento com as empresas. (NASCIMENTO, 2009, p.133.)

O autor demostra assim que com o surgimento deste novo movimento, faz com que a atuação que os trabalhadores têm com as empresas mudem, ou seja, foi uma contestação a intervenção que os sindicatos vinham sofrendo.

Após este período as mudanças na legislação foram poucas até a constituinte de 1988, revogou-se a portaria n 3.337/78, a qual proibia as centrais sindicais, em 1985 uma resolução promoveu a reintegração de sindicalistas punidos, já em 1987 o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional projeto de lei para revogar o Título V da CLT que dispõem sobre organização sindical e negociação coletiva, bem como a revogação da lei 4060/1964 lei de greve, porém não obteve aprovação. (NASCIMENTO, 2009)

Depois de todo este período chegamos a promulgação da Constituição Federal de 1988, que traz a estrutura das organizações sindicais nos moldes atuais, a constituição atendeu a vontade daqueles que buscavam a não interferência do Estado nos sindicatos, que passaram a reger suas entidades com autonomia, e também assegurou maior liberdade sindical. (BRITO FILHO, 2018)

Com a Constituição Federal de 1988 se teve mudanças importantíssimas para o cenário sindical brasileiro, pois com ela se firmou a liberdade de associação sindical, a não

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intervenção do Estado na organização sindical, a estabilidade do dirigente sindical e ainda passa-se ao direito da classe sindical escolher sua própria base territorial, desde que não seja inferior a área de um município. (MERIGO, 2019)

Segundo Santos (2019) uma das maiores garantias trazidas pela Constituição Federal de 1988 foi a liberdade sindical, apesar de limitada, pois prevê a livre associação, podendo o profissional associar-se e desassociar-se quando desejar, mas por outro lado limita a existência de apenas um sindicato de determinada classe profissional por território, ou seja, um por área municipal, então, ainda se vê uma liberdade vigiada e não uma liberdade total.

A Constituição federal de 1988 trouxe princípios constitucionais a serem seguidos pelos sindicatos (art 8º), primeiramente o princípio da auto-organização, a qual permite a fundação de sindicatos sem a prévia autorização do Estado, porém, é limitada pela Unicidade Sindical, em segundo o princípio confederativo, que prevê as formas de sindicato em lei, que divide-se verticalmente em estrutura piramidal, em terceiro o princípio da representatividade, no qual a lei indica os grupos que serão representados pelo entes sindicais, em quarto o princípio da liberdade sindical individual que permite que uma pessoa se inscreva livremente em um sindicato. (NASCIMENTO, 2009)

Como quinto princípio encontramos a combinação estatal e não estatal de receitas para que se forme os recursos dos sindicatos, federações e confederações, este seria através de uma contribuição sindical e de outros tipos de contribuições que seriam fixadas pelas assembleias e em negociações de convenções coletivas, em sexto o princípio da negociação coletiva para a resolução de conflitos, em sétimo o direito a greve, ressalvada as abusivas, em oitavo a representação dos trabalhadores na empresa e em nono o princípio das imunidades sindicais, estas são garantias conferidas por lei, encontra previsão legal no art. 8º,VIII da Constituição Federal. (NASCIMENTO, 2009)

Portanto, diante do exposto o que se constata é a longa jornada que as entidades sindicais percorreram, toda a luta da classe trabalhista na busca por melhores condições de trabalho, salários dignos e jornada de trabalho justa, bem como, a batalha que travaram contra o Estado e as empresas, para que fossem reconhecidos os sindicatos como entes representantes dos trabalhadores e defensores de seus direitos. Porém, ainda a muito a se discutir em relação as entidades sindicais, como em relação a liberdade sindical que ainda não é plena, apenas relativa, se contrapondo com o princípio da não interferência do Estado, mas por hora fiquemos com as conquistas efetivadas até o momento.

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1.4 A negociação Coletiva: Acordos e Convenções Coletivas

A negociação coletiva deve ser atentamente observada, atualmente é uma das formas mais importantes para a solução de conflitos, ainda mais nas relações coletivas de trabalho. Existindo a convenção coletiva de trabalho e o acordo coletivo do trabalho, que são instrumentos utilizados com a finalidade de consumar a negociação coletiva. (DELGADO, 2017)

Bem como os sindicatos, a necessidade de se criar um instituto que permitisse a negociação sobre temas relativos ao trabalho surgiu na Revolução Industrial, então após toda a formação histórica já vista, a negociação coletiva surgiu como um instrumento autônomo de produção de normas jurídicas referentes as relações trabalhistas, assim conceitua Meirelles (2018, p.17):

Portanto, como conceito de negociação coletiva tem-se como sendo o procedimento de discussão que envolve, de um lado, uma ou mais organizações empresariais, a própria empresa, ou, ainda, um grupo de empresas, e de outro lado, uma ou mais organizações de trabalhadores, ou mesmo um grupo determinado de trabalhadores, visando a composição amigável sobre a regulamentação das condições coletivas de trabalho, com aplicabilidade nos contratos individuais de trabalho, resultando na realização de um negócio jurídico. (MEIRELLES, 2018, p.17.)

O autor demonstra desta maneira que a negociação coletiva trata-se de uma discussão amigável para que se tenha a regulamentação das condições de trabalho, sendo que, esta discussão pode ocorrer entre uma ou mais organizações de empresas ou um ou mais grupos de trabalhadores.

A negociação coletiva no plano doutrinário é conceituada como sendo uma discussão (um diálogo) que ocorre entre trabalhadores e empregadores ou por seus representantes, podendo ter ou não a intervenção do Estado, para decidirem as condições de trabalho ou até para regular a relação de trabalho existente entre as partes, bem como, a negociação coletiva é um meio auto compositivo de solução de conflitos, ou seja, através desta se busca superar o conflito coletivo. (BRITO FILHO, 2018)

Segundo Nascimento (2009), a negociação coletiva tem importância externa como interna na solução de conflitos coletivos e individuais, em nosso ordenamento são utilizados dois instrumentos de negociação coletiva que são os acordos e convenções coletivas de trabalho, os quais são reconhecidos validamente em nossa ordem jurídica.

Ao conceituarmos esses dois institutos temos a convenção coletiva de trabalho quando dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam as condições de trabalho a serem seguidas pelos sindicatos de uma mesma base territorial, esta

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tem caráter normativo e obriga a todos, já o acordo coletivo de trabalho se dá entre sindicatos e uma ou mais empresas, que deve ser seguido apenas por aqueles que o aderirem. (DELGADO, 2017)

Como demonstra Carlos Eduardo Vanin (2019) a convenção coletiva de trabalho “é um acordo de caráter normativo (gera obrigações entre as partes) assinado entre o Sindicato dos Trabalhadores (empregados) e o Sindicato da Categoria Econômica (empregadores), obrigando todas as pessoas que compõem a base territorial dos respectivos sindicatos. ”

Deste modo, o autor mostra que através das convenções coletivas de trabalho o trabalhador consegue se adentrar na relação de trabalho, sendo essa bilateral, ou seja, passa a estar em pé de igualdade com o empregador e, portanto, de forma mais digna, pode se dizer que através dessa se estimula a solidariedade entre as partes.

Manifesta-se também Carlos Eduardo Vanin (2019) dizendo que o acordo coletivo de trabalho “é um ato jurídico celebrado entre uma entidade sindical laboral e uma ou mais empresas correspondentes, no qual se estabelecem regras na relação trabalhista existente entre ambas as partes.”

Sendo assim, o autor demonstra que os acordos coletivos de trabalho não se aplicam a todas as categorias, mas, apenas aquelas que a aderiram, bem como, apenas cabe aos empregados que estipularam o acordo como o sindicato e não a todos da categoria.

A constituição prevê o direito a celebração de acordo e convenção coletiva de trabalho, ou seja, assegura aos trabalhadores o direito a estipular através de negociação coletiva novas condições de trabalho, desta forma, podendo ampliar o que já consta em norma. Aqueles que tiverem vinculados ao constante no dispositivo do acordo e convenção coletiva de trabalho, terão a obrigação de cumprir as normas previstas na negociação, denota assim:

Através desses instrumentos normativos, portanto, o Estado reconhece o direito dos trabalhadores em estabelecerem novos direitos, que vincularam, assim como qualquer norma estatal, aqueles a quem se dirigem. Daí porque, através desses instrumentos normativos, são estabelecidas outras obrigações além daquelas já previstas em lei, a exemplo, do pagamento de adicionais, benefícios in natura, licenças etc. (MEIRELES, 2019, p.3)

Diante do exposto, Meireles (2019) ao interpretar o disposto no art 7° inciso XXVI da CF constata que o legislador ao assegurar o direito a acordo e convenção coletiva de trabalho garante a uma determinada classe social a estipulação de “regras de conduta”, sem que se tenha prejuízo da legislação estatal.

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A previsão da negociação coletiva de trabalho na constituição traz à tona a sua fundamental relevância para nosso país, ainda mais em um país emergente como o nosso, onde as taxas de câmbio, juros e inflação possuem oscilações, fazendo com que aja a perda do real e consequentemente no valor dos salários, necessitando que aja uma maneira de manter a paz e o controle social. (SANTOS, 2018)

Percebe-se que não havendo a solução de conflitos existentes nas relações de trabalho, os quais afetam as condições econômicas e sociais do país, sendo que o reflexo se dá na produtividade dos bens e serviços, exemplo disso são os recentes movimentos dos trabalhadores como vemos a seguir:

Exemplo disso são os recentes movimentos de trabalhadores dos serviços públicos de transportes de alguns estados brasileiros, após negociação coletiva de trabalho frustrada, que levaram à virtual paralização dos serviços públicos de transporte coletivo de passageiros e, virtualmente, à estagnação econômica nos períodos de conflito. (SANTOS, 2018, p. 143)

O autor busca demonstrar que quando não ocorre a negociação coletiva, as consequências para as atividades desenvolvidas no setor em paralisação podem ser severas, mas quando a negociação ocorre tem-se o controle do conflito.

A negociação coletiva de trabalho se dá como já demonstrado anteriormente através de acordo coletivo e convenção coletiva, os quais são fontes formais do direito e podem resultar em obrigações para os sindicatos ou empresas. Ainda para que os acordos e convenções coletivas possam ser celebrados precisam seguir alguns requisitos como demostra-se:

Dispõe o art. 612 da CLT que os sindicatos só poderão celebrar Convenções ou Acordos Coletivos de trabalho, por deliberação de Assembléia-Geral especialmente convocada para esse fim, consoante o disposto nos respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do comparecimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços) dos associados da entidade, se se tratar de convenção, e dos interessados, no caso de Acordo, e, em segunda, de 1/3 (um terço) dos membros.

O quórum de comparecimento e votação será de 1/8 (um oitavo) dos associados em segunda convocação, nas entidades sindicais que tenham mais de 5.000 (cinco mil) associados. (VANIN, 2019)

Percebe-se que uma serie de formalidades a serem seguidas para que aja a celebração desses dois institutos tão importantes ao direito coletivo, bem como dois grandes artifícios que os sindicatos tem para poderem efetivar a sua representatividade, bem como seu trabalho perante seus representas, haja vistas a sua participação obrigatória na celebração dos acordos e convenções coletivas, como preceitua o artº 613 da Consolidação das leis Trabalhistas.

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I – designação dos sindicatos convenentes ou dos sindicatos e empresas

acordantes;

II – prazo de vigência (máximo de dois anos);

III – categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos

dispositivos;

IV – condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua

vigência;

V – normas para a conciliação das divergências surgidas entre os convenentes por

motivo da aplicação de seus dispositivos;

VI – disposições sobre o processo de suas prorrogação e de revisão total ou parcial

de seus dispositivos;

VII – direitos e deveres dos empregados e empresas;

VIII – penalidades para os sindicatos convenentes, os empregados e as empresas

em caso de violação de seus dispositivos.

Como pode-se perceber, de imediato o artigo da legislação mencionada nos demonstra a obrigatoriedade da designação dos sindicatos que serão convenentes, ou seja, que irão fazer parte da convenção ou acordo coletivo e, sendo assim, tem se por obrigatório sua participação. Há de se perceber também a grande importância dos sindicatos no instituto da negociação coletiva quando, o artigo traz a possibilidade de punição para os sindicatos que violarem o que dispõem o acordo e convenção que aderirem.

O instrumento jurídico da negociação coletiva passou a ter maior visibilidade com a Reforma Trabalhista- Lei 13.467/2017, devido as mudanças que lei apresentou a esse instrumento, visando a segurança dos patões e seus empregados para negociarem as condições de trabalho. A reforma trouxe à tona o tema já discutido nas doutrinas, a prevalência do negociado sobre o legislado, observado os pontos possíveis de negociação no art. 611-A da Consolidação das Leis Trabalhistas, como dispõem:

Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:

I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais II - banco de horas anual;

III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;

IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015;

V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;

VI - regulamento empresarial;

VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; [...]

Ao observarmos o artigo da Consolidação das Leis Trabalhistas pode-se perceber que inúmeras foram as mudanças, trazendo diversos institutos que podem ser objeto de

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negociação coletiva, que antes não eram previstos, acima estão alguns deles, mas a um rol bem mais extensivo, fazendo com que analisemos apenas alguns deles.

Primeiramente o pacto para a jornada de trabalho que passou a ser objeto de negociação coletiva, ou seja, poderá ter ajuste entre empregado e empregador de qual será a jornada de trabalho que o trabalhador irá exercer, desde que respeitado o disposto na Constituição Federal. Outro direito a ser incluído como objeto de negociação foi o banco de horas anual, podendo negociar empregado e empregador em que momento o trabalhador irá usufruir de seu banco de horas, tendo este um lapso de um ano para isso, e assim diversos outros direitos foram incorporados ao rol dos objetos que podem ser negociados em acordo ou convenção coletiva.

Afirma João (2019), que a reforma trabalhista trouxe importantes mudanças “quanto à afirmação de valor da autonomia da vontade coletiva para atribuir às negociações coletivas mais segurança jurídica, e aos sindicatos, maior responsabilidade negocial.”

Assim como trouxe mudanças na intervenção do judiciário nos acordos e convenções coletivas, prevendo a intervenção mínima deste poder, assim nos demonstra Paulo Sergio João (2019):

Dentro do contexto da reforma, no campo das relações coletivas, vale sempre comentar o teor do artigo 8º, parágrafo 3º, da CLT, que assim dispõe: “No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva”. (JOÃO, 2019)

Constatasse assim que o autor demonstra a inovação trazida pela reforma, com a referência no art 8, § 3§° da CLT do art.104 do Código Civil/2002, trazendo a intervenção mínima do judiciário nos acordos e convenções, pois antes a validade do negócio jurídico passava pela análise do judiciário e caso não tivesse a observância das partes o instrumento jurídico era passível de nulidade.

Paulo Sergio João (2019) demostra que este instituto carrega consigo fundamental relevância para o instituto do direito do trabalho coletivo, como mostra:

Ao tratar da intervenção mínima do Judiciário na autonomia da vontade coletiva, no nosso sentir, não se trata de impedir a prestação jurisdicional, mas de garantir que a autonomia da vontade seja a expressão dos interesses manifestados em assembleia, base fundamental e nuclear das relações coletivas do trabalho. A intervenção mínima do Judiciário na autonomia da vontade coletiva poderá dar ensejo à interrupção do círculo vicioso em que a negociação coletiva seja revista pelo Judiciário trabalhista, que, considerando o sindicato frágil em sua composição associativa, desqualifica a norma coletiva. (JOÃO, 2019)

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O autor apresenta a perspectiva de que através do dispôs neste artigo se garante a autonomia da vontade, ou seja, os interesses decididos em assembleia não serão mais revistos tão comumente como acontecia, o que fragilizava os sindicatos, porém, agora estes se vem mais fortalecidos, pelo fato de ter que valer a autonomia da vontade coletiva.

Deste modo, ao que se percebe com a reforma trabalhista de 2017 os sindicatos passaram a ter mais autonomia, criando um ambiente mais favorável para as entidades sindicais brasileiras, pelo fato de que inúmeros direitos passaram a ser objeto de negociação coletiva, fazendo com que os entes sindicais tenham mais representatividade perante seus associados, bem como, poderão demonstrar sua responsabilidade em fazer parte dos acordos e convenções coletivas, ainda mais com a importância do legislado sobre o negociado, e no que se vê essas mudanças irão desafiar os sindicatos, empresas e o judiciário nos próximos anos.

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2 O SISTEMA DE FINANCIAMENTO SINDICAL E A LEI 13.467

A lei 13.467 de 2017 conhecida como a lei da Reforma Trabalhista trouxe grandes modificações ao sistema de financiamento sindical, como já abordado esta tornou a contribuição sindical obrigatória em facultativa, ainda prevendo que aquele que optar por contribuir deve o fazer de forma expressa, sendo assim, far-se-á uma análise das formas de financiamento sindical no ordenamento jurídico brasileiro.

Arouca (2020) aponta a necessidade e a importância de se ter um sindicato que tenha plena liberdade, que possua força e seja único, para que se possa defender os direitos e os interesses das classes profissionais.

Dessa forma, primeiramente se fará um estudo em relação aos institutos da unicidade e pluralidade sindical e sua previsão na Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho-OIT, e assim adentrar nas formas de custeio sindical, bem como, para analisar a história entre Estado e Contribuição sindical obrigatória, da qual o Estado sempre deteve certa dependência.

Com tudo isso ao finalizar a de se perceber que as entidades sindicais tendem a se reconstruir, tornando-se mais representativas aos seus representados para que estes continuem a contribuir, e assim surgindo o debate acerca do fortalecimento que a reforma trouxe ao papel dos sindicatos, porém, por outro lado o enfraqueceu economicamente, assim passa-se a expor.

2.1 Unicidade e Pluralidade Sindical: A Convenção 87 da OIT

Na pesquisa acerca da história dos sindicatos no Brasil, se percebe que o debate relativo a unicidade e pluralidade sindical já está presente há muito tempo, desde antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, então, antes de conceituarmos estes dois institutos é importante uma breve passagem de sua história em nosso país.

Ao longo da história pode-se perceber as diversas modificações nos modelos de representação sindical, em um primeiro momento os trabalhadores defendiam a liberdade e autonomia sindical, mas também defendiam uma unicidade sindical. O ano de 1946 foi marcado pelo combate a pluralidade sindical, pois se entendia que esta era prejudicial a classe trabalhadora, já em 1979 o Congresso Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos através da

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