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Sendo os sindicatos entidades as quais pessoas se associam, para que estas entidades busquem por melhores condições de trabalho, é visto que para manter-se e realizar este objetivo necessita de sustento financeiro, portanto ao discorrer sobre a estrutura sindical brasileira é imprescindível a elucidação das formas de financiamento sindical existentes em nosso ordenamento.

No sistema sindical brasileiro existem quatro formas de financiamento sindical, são elas a contribuição associativa, a contribuição confederativa, a contribuição assistencial/negocial e a contribuição sindical, as quais serão abordadas cada uma em separada no que segue.

Assim, primeiramente a contribuição associativa que também é conhecida por mensalidade sindical. Esta contribuição é devida por todos aqueles que se associaram a um sindicato livremente e se tornaram sócios, possui natureza privada e contratual, ou seja, o empregado assina um documento autorizando expressamente o seu desconto. (ALECRIM, 2018)

Este tipo de contribuição encontra-se fundada no estatuto ou ata da assembleia geral de cada entidade sindical e também está acolhida no Artigo 548, alínea b, da Consolidação das Leis Trabalhistas-CLT que dispõem:

Art. 548 - Constituem o patrimônio das associações sindicais: [...]

b) as contribuições dos associados, na forma estabelecida nos estatutos ou pelas Assembléias Gerais;

[...]

Portanto, pode notar-se que em se tratando a contribuição associativa de contribuição na forma voluntaria, não tendo sua fundamentação em lei, mas sim em estatutos e assembleias gerais da própria entidade sindical, está não possui caráter tributário.

Nesta forma de financiamento sindical a mensalidade será paga diretamente pelo associado ou haverá o desconto em folha de pagamento e após o empregador repassará ao sindicato, e com esta contribuição o empregado pode usufruir dos benefícios e vantagens que o sindicato oferece, outro fato importante em relação a esta contribuição é que o valor arrecadado não entra no sistema confederativo ou seja não se divide com as demais entidades sindicais, como demonstra:

Em contrapartida à associação do empregado ao sindicato, aquele pode utilizar de todos os benefícios e vantagens oferecidos pelo sindicato, tais como colônias de férias, descontos em convênios odontológicos, farmacêuticos, médicos, orientação jurídica e demais benefícios oferecidos pelo sindicato.

Diferentemente das demais contribuições (sindical, confederativa e assistencial/negocial), o valor arrecadado com a contribuição associativa não entra no sistema confederativo, ou seja, não é rateado com as demais entidades sindicais (federações, confederações e centrais sindicais). (ALECRIM, 2018, p. 45)

Sendo assim vislumbra-se que com a contribuição associativa o empregado terá vantagens como colônias de férias, descontos em convênios odontológicos, farmacêuticos, médicos, orientação jurídica, bem como outras vantagens oferecidas pelo sindicato e também a questão de que este tipo de contribuição não entra no sistema confederativo.

A contribuição confederativa é a segunda fonte de receita mais importante para as entidades sindicais, ela foi criada com a Constituição Federal de 1988, a qual destina-se ao custeio confederativo de representação sindical, encontra previsão normativa no Art 8°, IV da CF, dispondo:

Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...]

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

[...]

Sendo assim, a contribuição confederativa é aquela na qual segundo artigo citado acima através de assembleia geral se fixará a contribuição e em se tratando de categoria

profissional haverá desconto em folha de pagamento para o custeio do sistema confederativo de representação.

Demonstra Sergio Ferreira Pantaleão (2020), “A Contribuição Confederativa, cujo objetivo é o custeio do sistema confederativo, poderá ser fixada em assembleia geral do sindicato, conforme prevê o artigo 8º inciso IV da Constituição Federal e alínea "e" do art. 513 da CLT (...).”

A contribuição confederativa tem por objetivo fazer a manutenção do sistema confederativo sindical, sendo responsável por custear os sindicatos, federações e confederações da categoria profissional e econômica. Não são beneficiárias desta contribuição as centrais sindicais, os conselhos federais e regionais fiscalizadores do exercício de profissionais liberais, pelo fato de que estes são pessoas jurí dicas de direito público e não fazem parte do sistema confederativo. (MOREIRA, 2020)

Há amplo debate acerca da natureza tributária desta contribuição, porém, segundo entendimento majoritário da doutrina e das jurisprudências dos tribunais trabalhistas a contribuição confederativa não tem caráter tributário, pelo fato de que esta obriga somente os filiados ao sindicato ao pagamento, sendo que a contribuição confederativa é estabelecida em assembleia geral. (PESSOA, 2020)

A contribuição confederativa foi instituída com a Constituição Federal de 1988 visando se ter uma forma de financiamento sindical mais democrático, deliberada em assembleia sindical a qual fixará o seu valor, esta não encontra regulamentação em lei, pois é deliberada em assembleia sindical, outra característica desta é que não possui natureza tributária, como já demonstrado. (NASCIMENTO, 2009)

A contribuição assistencial ou negocial é estabelecida por acordo ou convenção coletiva de trabalho, através desta busca-se sanar gastos do sindicato da categoria a qual representa, assim demonstra:

A contribuição assistencial é destinada a custear atividades assistenciais do sindicato, como negociações coletivas, greves, despesas administrativas e outras, não tem seu repasse ao sistema confederativo, ficando suas receitas somente para o sindicato. O fato gerador reside nos ACT e CCT bem como no art. 513 da CLT. Baseado no art. 513 da CLT combinado com o inciso IV do art. 8° da CF, é que os sindicatos instituíram mais uma forma de contribuição para custear o seu sistema financeiro. (ALECRIM, 2020, p. 51)

Deste modo, define-se a contribuição assistencial por ser responsável por custear a atividades assistenciais do sindicato, nesta não se tem repasse ao sistema confederativo e nota-se também que através de aprovação em assembleia os sindicatos podem instituir a

contribuição aos trabalhadores de sua categoria, a serem reguladas por Acordo Coletivo de Trabalho e Convenção Coletiva de Trabalho

A previsão normativa também encontra-se no art. 513 da Consolidação das Leis Trabalhistas combinado com o já mencionado art 8° da Constituição Federal, bem como no art. 462 da CLT o qual autoriza o desconto desta contribuição, desta forma, dispõem:

Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:

a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos associados relativos á atividade ou profissão exercida;

b) celebrar contratos coletivos de trabalho;

c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal; d) colaborar com o Estado, como orgãos técnicos e consultivos, na estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal; e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.

Parágrafo Único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de fundar e manter agências de colocação.

Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.

[...]

Assim nota-se que a contribuição assistencial possui aplicabilidade por parte dos sindicatos se assim acordado em Acordo Coletivo e Convenção Coletiva de trabalho, bem como, demostra-se a autorização ao desconto no salário do empregador para a contribuição se disposto em lei ou contrato coletivo como mencionado acima.

A contribuição sindical sempre foi a principal fonte de financiamento dos sindicatos, até novembro de 2017 esta contribuição era obrigatória e era descontada em folha de pagamento do trabalhador em uma só vez no mês de março de cada ano, o valor correspondia a remuneração de um dia de trabalho, agora está passou a ser facultativa, ou seja, só será possível o desconto mediante autorização prévia e expressa do trabalhador. (PANTALEÃO, 2020)

A contribuição sindical destina-se ao custeio do sistema confederativo, sendo repartida entre sindicato, federação e confederação, bem como parte dela é destinada ao Estado e também as centrais sindicais com o advento da Lei 11.648/08, foi criada na Constituição Federal de 1937 e sendo assim possui traços do corporativismo. (BRITO FILHO, 2018)

A contribuição sindical encontra-se prevista nos arts. 578, 599 e 582 respectivamente da Consolidação das Leis Trabalhistas, dispondo:

Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e

aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.

Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.

[...]

Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.

[...]

Portanto, constata-se que a contribuição sindical é uma forma de financiamento sindical, na qual será descontado da folha de pagamento do trabalhador, da remuneração de um dia de trabalho, no mês de março de cada ano, desde que com prévia e expressamente autorização do trabalhador.

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