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Processo de desenvolvimento do noroeste do Rio Grande do Sul sob a ótica dos seus atores – o caso do município de Santa Rosa

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESENVOLVIMENTO GESTÃO EMPRESARIAL

GUILHERME STRÖHER RENZ

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL SOB A ÓTICA DOS SEUS ATORES – O CASO DO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA

IJUÍ 2016

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GUILHERME STRÖHER RENZ

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL SOB A ÓTICA DOS SEUS ATORES - O CASO DO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA

Dissertação apresentado ao Programa de Pós Graduação

Stricto Sensu em Desenvolvimento, na linha de pesquisa

Gestão Empresarial, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. Martinho Luís Kelm

IJUÍ 2016

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R424p Renz, Guilherme Ströher.

Processo de desenvolvimento no Noroeste do Rio Grande do Sul sob a ótica dos seus atores: o caso do município de Santa Rosa / Guilherme Ströher Renz. – Ijuí, 2016. –

131 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: Martinho Luís Kelm”.

1. Desenvolvimento. 2. Atores sociais. 3. Hélice tríplice. 4. Desenvolvimento endógeno. 5. Teoria institucional. I. Kelm, Martinho Luís. II. Título. III. Título: O caso do município de Santa Rosa.

CDU: 330.34

339.9(816.5) Catalogação na Publicação

Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/1879

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL SOB A ÓTICA DOS SEUS ATORES – O CASO DO MUNICÍPIO DE

SANTA ROSA

elaborada por

GUILHERME STRÖHER RENZ

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Martinho Luís Kelm (UNIJUÍ): __________________________________________

Prof. Dr. Claudionor Guedes Laimer (IMED): ______________________________________

Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio (UNIJUÍ): ________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS por ter permitido que eu tivesse força e energia necessária para concluir esta etapa e que me premiou com saúde para que pudesse enfrentar os desafios dos caminhos percorridos até aqui.

A minha família, principalmente meus pais que nunca desistiram de me apoiar e me proporcionar a infraestrutura necessária para que atingisse meus objetivos. Que me ensinaram os valores da sociedade, que me ampararam nas minhas decisões, sendo elas certas ou erradas. Agradeço pelas vezes em que me mostraram limites e que me ensinaram coisas que a escola e a sociedade não ensinariam. Agradeço a vocês pois todas as minhas conquistas são inspiradas na minha realização e na felicidade de vocês.

Agradeço de modo geral a minha família e aos meus amigos, por terem permitido que eu me ausentasse fisicamente de todos em diversos momentos para que fosse possível a realização dos estudos, leituras, trabalhos e atividades.

Aos meus colegas do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da UNIJUÍ, pela parceria que desenvolvemos ao longo desta caminhada, seja para os momentos de compartilhar conhecimentos como os poucos momentos que tivemos para descontração.

Ao meu orientador por possibilitar que os limites impostos por mim fossem quebrados e pela paciência que teve em aguardar meu desenvolvimento, em contribuir e colaborar com o presente estudo. Pela maneira amigável e flexível de me proporcionar feedback quando necessário.

Aos colegas de trabalho que de modo geral contribuíram para a realização deste estudo com a indicação de materiais, com apoio moral nos momentos de angústia e pela parceria e paciência em compreender este momento ao qual me encontrava.

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Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”.

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RESUMO

O presente estudo tem como tema o processo de desenvolvimento do município de Santa Rosa analisando sobre a ótica dos atores sociais que participaram desse processo. Tem o objetivo geral de compreender quais fatores influenciaram e desencadearam o processo de desenvolvimento no município no ano de 1994 a 2014. Para isso foi necessário compreender as definições de desenvolvimento, fazer um resgate a teoria do desenvolvimento endógeno proposta por Barquero, da teoria institucional de Douglas North e definir a contribuição dos atores no processo de desenvolvimento. O estudo se justifica visto que existem diversas definições para o tema desenvolvimento, porém não há um estudo que evidencie os fatos que ocorreram no território em questão e que avaliem se estes de fato impactaram no desenvolvimento de maneira positiva. Com relação aos critérios ontológicos, esse se define como interpretativismo, já que busca interpretar os fatos da realidade. Quanto a abordagem, como quali-quantitativo descritivo. A coleta de dados foi realizada através do método da

direct research juntamente com o modelo de estudo da mudança. Em relação ao universo da

pesquisa definiu-se o município de Santa Rosa no estado do Rio Grande do Sul e quanto aos sujeitos, foram definidos os atores sociais que tiveram participação nesse processo. Nesta pesquisa, foram contemplados os fatos que impactaram o processo de desenvolvimento ao longo dos anos de 1994 a 2015 a partir de um modelo de análise proposto por Barquero onde se distinguem quatro eixos: i)Inovação e Difusão do Conhecimento; ii)Flexibilidade e Complexidade Institucional; iii)Desenvolvimento Urbano do Território; iv)Organização Flexível da Produção. Os resultados obtidos elencaram que o fator preponderante ao desenvolvimento deste município foi a constituição do Programa Regional de Cooperação Científico Tecnológico que propiciou um conjunto de pesquisas que gerava resultados para serem aplicados nas firmas locais e regionais. Posteriormente, outro fator que impactou significativas mudanças na sociedade, foi a consolidação de uma indústria multinacional do setor metalmecânico no município, bem como a reestruturação de outra multinacional em município vizinho, o que gerou um aumento do número de empresas que estavam ligadas a essa atividade produtiva. Ao final do estudo, foi possível verificar que o território possui um conjunto de instituições de ensino que possui representatividade no território, mas que ainda tem uma atuação tímida na parte pragmática do processo de desenvolvimento ao gerar inovações e tecnologia para agregação de valor. Também, que existem instituições que apoiam e pensam esse projeto e que no conjunto possuem uma atuação com pouca harmonia entre os diversos segmentos da sociedade.

Palavras Chave: desenvolvimento; atores sociais; hélice tríplice; desenvolvimento endógeno; teoria institucional

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ABSTRACT

This study has as its theme the development process of the municipality of Santa Rosa on analyzing the perspective of social actors who participated in this process. It has the general objective of understanding what factors influenced and triggered the development process in the city in 1994 to 2014. This required understanding the development settings, make a ransom theory of endogenous development proposed by Barquero, institutional theory Douglas North and define the contribution of the actors in the development process. The study is justified as there are several definitions of the subject development, but there is no study that demonstrates the events that occurred in the territory in question and to assess whether they actually affected the development in a positive way. Regarding the ontological criteria, this is defined as interpretivism, since search interpret the facts of reality. The approach, as descriptive qualitative and quantitative. Data collection was performed using the direct method of research with the study of change model. Regarding the research universe defined the municipality of Santa Rosa in Rio Grande do Sul state and as the subjects, social actors who have participated in this process were defined. In this research, the facts were contemplated that impacted the development process over the years 1994-2015 from an analysis model proposed by Barquero where distinguish four areas: i) Innovation and Dissemination of Knowledge; ii) Institutional Flexibility and Complexity; iii) Urban Development of the Territory; iv) Flexible Production Organization. The results elencaram that the predominant factor for the development of this municipality was the establishment of Regional Scientific and Technological Cooperation Programme which provided a number of surveys generated results to be applied in local and regional firms. Later, another factor that impacted significant changes in society, was the consolidation of a multinational industry of the metal-mechanic sector in the municipality as well as the restructuring of another multinational in the neighboring municipality, which led to an increase in the number of companies that were linked to this activity productive. At the end of the study, we found that the area has a number of educational institutions that have representation in the territory, but still has a timid performance in the pragmatic part of the development process to generate innovations and technology to add value. Also, there are institutions that support and think this project and which together have a performance with little harmony among different segments of society.

Keywords: development; social actors; triple helix; endogenous development; institutional theory

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Acumulação de capital. ... 33

Figura 2: Modelo de Estudo sobre Mudança de Pettigrew ... 45

Figura 3: Municípios pertencentes ao Corede Fronteira Noroeste ... 47

Figura 4: Evolução do Produto Interno Bruto dos municípios elencados para o estudo ... 47

Figura 5: Fatores determinantes para acumulação de capital ... 51

Figura 6: Organograma da Pesquisa ... 60

Figura 7: Valor Acrescentado Bruto por Setor ... 62

Figura 8: Proporção de empresas que implementaram inovações ... 72

Figura 9: Número de Patentes / Invenções registradas ou em análise pelo INPI ... 73

Figura 10: Evolução do Número de Registros de empresas em Santa Rosa ... 82

Figura 11: Número de Empresas Segmento Município de Santa Rosa ... 84

Figura 12: Estabelecimentos por Porte segundo faturamento ... 84

Figura 13: Crescimento do Volume de Veículos no Município de Santa Rosa ... 90

Figura 14: Evolução do número de Homicídios/Ano ... 91

Figura 15: Município de Santa Rosa e Anéis Viários ... 100

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACISAP - Associação Comercial, Industrial, Serviços e Agropecuária de Santa Rosa AD - Agencia de Desenvolvimento

AD - Agencia de Desenvolvimento

ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil

CEPAL - Comissão Econômica para América Latina e o Caribe CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COOPERCONCÓRDIA – Cooperativa Educacional Concórdia

COOPERLUZ - Cooperativa Distribuidora de Energia Fronteira Noroeste COOPERMIL – Cooperativa Mista São Luiz

COOTRAB – Cooperativa dos Trabalhadores de Santa Rosa COREDE - Conselho Regional de Desenvolvimento

COTRIROSA – Cooperativa Tritícola Santa Rosa CSLL - Contribuição Social sob o Lucro Presumido CT - Centros de Tecnologia

CTG - Centros de Tradição Gaúcha

DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito FAHOR - Faculdade Horizontina

FEE - Fundação de Economia e Estatística FEMA - Faculdades Machado de Assis FENASOJA – Feira Nacional da Soja FIES - Financiamento Estudantil

FUMSSAR - Fundação Municipal de Saúde

IBGE – Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IES - Instituições de Ensino Superior

IFF - Instituto Federal Farroupilha

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual IPI - Imposto sob Produtos Industrializados

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JUCERGS - Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul MEI - Microempreendedores Individuais

ONU - Organização das Nações Unidas P&D - Pesquisa e Desenvolvimento

PAC - Programa de Aceleração do Crescimento PED - Plano Estratégico de Desenvolvimento PIB – Produto Interno Bruto

PISA - Programa Integrado de Sistemas Agropecuários PNUD - Programa das Nações Unidas Pelo Desenvolvimento PRCT - Programa Regional de Cooperação Científico Tecnológica SCM - Supply Chain Management

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem

SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte SESC - Serviço Social do Comércio

SESI – Serviço Social da Indústria SEST - Serviço Social do Transporte

SETREM - Sociedade Educacional Três de Maio

SIMMMESR - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de Santa Rosa

SINDILOJAS - Sindicato do Comércio Varejista de Santa Rosa TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação

UNICOOPER – Cooperativa Central da Agricultura Familiar UNIDERP - Universidade Anhangera

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIP - Universidade Paulista

UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina UNOPAR - Universidade Norte do Paraná

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SUMÁRIO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 18 1.1 Apresentação do tema ... 18 1.2 Problema ... 21 1.3 Objetivos ... 26 1.3.1 Objetivos Gerais ... 26 1.3.2 Objetivos Específicos ... 26 1.4 Justificativa ... 26 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 29

2.1 Das definições de desenvolvimento ... 29

2.2 A Teoria do desenvolvimento endógeno segundo Barquero ... 33

2.3 A Teoria Institucional de Douglas North ... 37

2.4 O Atores do Desenvolvimento a partir do enfoque da hélice tríplice ... 38

3 METODOLOGIA ... 45

3.1 Classificação e Delineamento da Pesquisa ... 45

3.2 Abordagem ... 45

3.3 Unidade de Análise ... 46

3.4 Coleta de Dados ... 49

3.5 Análise de Dados ... 53

3.5.1 Inovação e difusão do conhecimento ... 55

3.5.2 Flexibilidade e complexidade institucional ... 58

3.5.3 Desenvolvimento urbano do território ... 60

3.5.4 Organização Flexível da Produção ... 61

3.6 Design da Pesquisa ... 63

4 ESTUDO APLICADO NO MUNICÍPIO EM ESTUDO ... 65

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4.1.1 Inovação e difusão do conhecimento ... 67

4.1.2 Flexibilidade e complexidade institucional ... 80

4.1.3 Desenvolvimento urbano do território ... 92

4.1.4 Organização Flexível da Produção ... 106

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 113

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 123

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INTRODUÇÃO

O tema central desta dissertação é a análise do processo de desenvolvimento do município de Santa Rosa no estado do Rio Grande do Sul. Este tema desperta interesse científico uma vez que diversos são os estudos sobre o processo de desenvolvimento, porém, pouco se tem estudado sobre o tema considerando os aspectos locais do território em questão. Muitas são as abordagens empíricas sobre o contexto do território e sobre os eventos que desencadearam um processo desenvolvimentista mais acelerado. Compreender que eventos foram esses, qual o contexto de mudança e como esta impactou no território, é fator preponderante a conceber projetos de desenvolvimentos futuros.

É indiscutível que a sociedade, com o passar dos tempos vem se moldando às transformações institucionais decorrentes da globalização e de outros fatores que remetem a um cenário de muitas variáveis interconectadas. O novo cenário mundial é resultado de um conjunto de mudanças provenientes da globalização o que envolve o aumento da competitividade e da difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), estas responsáveis pela difusão do conhecimento, diversificação de negócios que resultam em um aumento da competitividade ao mesmo tempo em que provocam o crescimento e o desenvolvimento das sociedades nas suas mais diversas formas.

As mudanças decorrentes deste novo cenário mundial cria desdobramentos com diversos pontos, como por exemplo, aumento do fluxo de informações que favorecem o desenvolvimento de novos produtos e serviços, a abertura de mercados possibilitando negócios entre países do mundo todo, o crescimento do modelo capitalista que de certa forma gera um desenvolvimento desequilibrado aumentando os índices de miséria em algumas regiões do planeta, o aumento das pesquisas em ciência e tecnologia, e etc. Castells (1999) comenta que essa gênese de um novo paradigma da sociedade está moldada em uma revolução da tecnologia da informação, crises econômicas do capitalismo, um apogeu dos movimentos culturais entre outras.

Estas mudanças geram impactos diretos e indiretos na sociedade, na organização, nas pessoas, na forma de atuação das organizações, na estratégia de ação de governos e de empresas, na estrutura das indústrias de manufatura entre outras. Ressalta-se como impacto indireto, por exemplo, que o nível de investimento de um determinado país em ciência e tecnologia, favorece o seu desenvolvimento através de elucidação de vantagens competitivas que corrobora para a manutenção da sua permanência no mercado. Como impacto indireto

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desta temática, países onde o investimento em ciência e tecnologia são baixos, diminuem a capacidade empreendedora na busca de ofertar novos bens e serviços, com baixa eficiência na geração de emprego e renda.

Castells (1999) salienta ainda que um novo contexto de desenvolvimento da sociedade se cria a partir desse processo de mundialização da globalização, que obriga às organizações, as pessoas e a sociedade a se adaptarem a variáveis que na sua maioria, são intangíveis e não controláveis. Essa adaptação remete a um processo de desenvolvimento que contempla estratégias de ação para adaptação da sociedade, das pessoas e das organizações.

Este estudo buscou compreender qual foi esse processo de adaptação e como esse processo de desenvolvimento desencadeou ações para adaptação da sociedade, das pessoas e das organizações.

O presente estudo se insere no contexto do programa de Mestrado em Desenvolvimento da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul uma vez que este tem por objetivo auxiliar no processo de desenvolvimento da região, além de contribuir com o conhecimento teórico e empírico no campo das ciências sociais de forma a fomentar a troca de informações e de conhecimento.

Esta dissertação é apresentada em quatro capítulos distintos. No capítulo um, é exibido a contextualização do estudo, a apresentação do tema, a problemática, objetivos gerais e específicos e a justificativa para a realização do mesmo.

Posteriormente, no capítulo dois, é apresentado o referencial teórico que foi utilizado para embasar esse estudo elencando as definições para o tema desenvolvimento, a teoria do desenvolvimento endógeno de Barquero (2001) que é a base deste, a teoria institucional de Douglas North (1990) e os atores do desenvolvimento a partir do enfoque da hélice tríplice (Etzkowitz, 2013).

A seguir deste capítulo, no capítulo três, são apresentados os aspectos metodológicos adotados para a investigação. Inicialmente é apresentado os pressupostos ontológicos da pesquisa onde foi definido que essa será orientada através da perspectiva do interpretativismo (BURREL; MORGAN, 1979). Quanto abordagem, definiu-se que este foi um estudo quali-quantitativo descritivo. Esta se deu em virtude dos objetivos específicos a serem alcançados que adiante serão apresentados. Com relação a coleta de dados, este estudo se utilizou da metodologia proposta por Mintzberg (1979) denominada direct research onde possui como premissa básica descrever os fatos através da indução do pesquisador ao pesquisado. Paralelo a esse método foi utilizado as premissas de abordagem longitudinal e abordagem processual e contextual, modelo de estudo sobre a mudança proposto por Pettigrew; Ferlie e McKee

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(1992). Com relação a unidade de análise, se definiu que o município de Santa Rosa seria base para este estudo por ser de fácil acesso ao pesquisador e por fazer parte do escopo de atuação do Programa de Mestrado da Unijuí. Por fim, em relação aos sujeitos da pesquisa, definiu-se que seriam entrevistados os principais atores sociais que tiveram representatividade no processo de desenvolvimento.

No capítulo quatro está a apresentação dos dados obtidos na pesquisa. Este foi subdividido em quatro subcapítulos. O capítulo 4.1 inicia realizando uma contextualização do município, descrevendo suas atividades econômicas, apresentando dados relevantes para compreensão da realidade atual. Nos capítulos conseguintes, está apresentado os dados empíricos do estudo, contemplando as entrevistas realizadas e a análise dos dados com base no modelo proposto por Barquero (2001) que sustentam o atendimento aos objetivos específicos deste estudo.

Por fim, são apresentadas as considerações finais e as contribuições do estudo bem como as recomendações e sugestões de estudos e pesquisas futuras sobre o tema.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO 1.1 Apresentação do tema

A globalização é o resultado de transformações econômicas, tecnológicas, sociais e culturais que abrangem todos os países. Numa economia globalizada é possível que as empresas possam trabalhar a redução de custos e a otimização da produção através da tecnologia de automação de processo que ocorre devido à relação desenvolvida com outros países.

Outro fator preponderante a ocorrência do processo de desenvolvimento é a geração de empregos. Países que possuem um crescimento da sua economia demandam mão de obra mais especializada e com custos mais competitivos, este, ocorrendo na maioria das vezes possibilitado pela automatização de processos produtivos. Ao mesmo tempo em que o processo de globalização e do ‘avanço’ da sociedade ocorrem, proporcionando mais tecnologia, bem-estar, segurança, saúde entre outros, surgem outros temas que devem ser estruturados pelo comparecimento do Estado em partícipe com outros atores sociais de modo a fomentar um processo de desenvolvimento mais equilibrado.

Para exemplificar esta afirmação pode-se considerar que, a partir do momento que uma grande indústria resolve se instalar em uma determinada região, essa passa a receber um número maior de pessoas em busca de trabalho. Relacionado a isso, algumas condições devem ser consideradas, como por exemplo, a qualidade de vida das pessoas que residem nesse local, oferta de educação e ensino de qualidade, o nível de transferência tecnológica, segurança, condições de saúde e etc.

O Estado juntamente com a sociedade e demais atores sociais, deve ser capaz de criar condições que favoreçam a instalação destas indústrias e das demandas que surgem com a sua chegada (educação, segurança, saúde etc.). Na prática, embora algumas destas seriam obrigatórias ao Estado, esse processo não remete, na maioria das vezes, a uma condição de níveis satisfatórios de serviços. A instalação de uma indústria em determinada região e a demanda de certos serviços que surgem com a instalação desta, desencadeia a um processo de desenvolvimento que grande parte das vezes ocorre de maneira desenfreada pela falta de planejamento criando uma relativização quanto aos pontos positivos e negativos da indústria nesta hipótese.

É de se salientar que diversos são os atores partícipes deste processo junto com Estado, Governo e Indústria. Denominados de atores sociais estes possuem papel preponderante a dinâmica de desenvolvimento, nesta temática, denomina-se ator social os

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agentes sociais e econômicos, indivíduos e instituições, que realizam ou desempenham atividades, ou, então, mantém relações num determinado território (SABOURIN, 1992). Corroborando esta visão Souza (1991) define ator social como alguém que representa algo para a sociedade (para o grupo, a classe, o país). Uma pessoa ou instituição que de certa forma encarna uma ideia, uma reivindicação, um projeto, uma promessa, uma denúncia. Pode ser também uma classe social, uma categoria social ou um grupo. O mesmo autor ainda salienta que ator social pode ser definido por uma instituição que possui participação no processo de desenvolvimento da comunidade como Igrejas, Sindicatos, Associações de Classe e etc.

Para tanto, deve-se compreender o contexto do processo de desenvolvimento de uma região, pois este é fator preponderante para criar políticas públicas integradas com a sociedade que de fato contemplem estratégias para alavancar uma condição de status quo da sociedade com níveis superiores qualidade de vida. Estas mudanças que ocorreram em virtude da globalização da economia, implicam em várias transformações regionais, principalmente nas economias tradicionalmente industrializadas.

Estas modificações acabaram provocando o declínio de algumas regiões que, embora antes industrializadas, não conseguiram adaptar-se ao novo paradigma tecnológico nem produzir novas configurações produtivas que lhes garantisse competitividade.

Consequência destas mudanças, o nível de desigualdade de renda pessoal é marcante e, não obstante, é necessário vincular essa a perspectiva ao desenvolvimento. Theis (2008) já menciona na sua definição de desenvolvimento que o nível de renda é um dos itens que devem ser considerados para mensurar o quanto uma região se desenvolve.

Neste sentido se propôs analisar e sistematizar a dinâmica de ação e interação dos diversos grupos de atores sociais intervenientes no desenvolvimento no município de Santa Rosa no período de 1994 a 2014 na perspectiva de seus atores.

Dentro dessa dinâmica, uma das teorias que foram consideradas para compreender essa dinâmica é a abordagem de Barquero (2001) ao desenvolvimento. Ele salienta que uma das mudanças mais importantes ocorridas na teoria do desenvolvimento econômico nos últimos 20 anos foi à formação de um novo paradigma: o “desenvolvimento endógeno”. Esta teoria se desenvolve a partir da perspectiva da acumulação de capital e do progresso tecnológico, esses são indiscutivelmente, fatores-chave no crescimento econômico. Afirma ainda que a partir desta cria-se uma dinâmica de desenvolvimento sustentável que será melhor explorado no decorrer deste estudo.

Para tanto o ambiente está marcado pelas incertezas, aumento dos mercados e pelas mudanças institucionais. Estas geram novas formas de acumulação e de regulação do capital,

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que caracterizam processos de crescimento e transformação estrutural e que ainda se converteram em instrumentos que vão acarretar o desenvolvimento.

A tese do desenvolvimento endógeno (BARQUERO, 2001) também afirma que o desenvolvimento econômico se dá em consequência da utilização do potencial e do excedente gerado localmente e, eventualmente, pela atração de recursos externos, assim como pela incorporação das economias externas que estão ocultas nos processos produtivos. Isto ocorre das mais diversas formas, porém, se dará de forma diferente em cada região, território e etc.

As capacidades locais são relevantes no processo visto que as regiões possuem vocações específicas, circunstâncias, ou até mesmo recursos particulares que em alguns momentos se caracterizam como a origem de um processo de desenvolvimento. Evidenciar estas características internas permite que a região incorpore a capacidade de atrair e potencializar o investimento através do excedente gerado pelas economias locais.

Com relação à participação do Estado, Brum (2012) afirma que este teve de historicamente intervir na sociedade assumindo principalmente a função de prover a infraestrutura (transporte, energia, comunicações...), produção de matérias-primas básicas (ferro e aço e, mais tarde, também petróleo, petroquímica, fertilizantes...) indispensáveis à alavancagem do processo de industrialização fato que acabou levando ao avanço do processo de acumulação do capital. A intervenção do Estado se deu diante da fraqueza ou da baixa expressão do empresariado nacional em oportunizar esse tipo de infraestrutura através de um modelo de produção que beneficiasse ambas as partes. Além disso, tais práticas provocaram uma alavancagem das empresas que foram executoras das atividades elucidadas acima.

Juntamente com o Estado, as universidades possuem papel relevante no processo de desenvolvimento, visto que esta é responsável pela geração e transmissão de conhecimento das pessoas que vivem e fazem parte destas organizações. Como formadora, geradora de conhecimento e responsável pela transferência tecnológica, é interesse da universidade e dos Centros de Pesquisa desenvolver a região para que o conhecimento gerado pelos seus alunos e professores seja aplicado na região onde está instalada gerando demandas futuras e fortalecendo o ciclo de retroalimentação do ensino e da pesquisa com base na região onde estão inseridos. O papel das universidades na dinâmica do desenvolvimento endógeno será discorrido de maneira mais profunda posteriormente (ETZKOWITZ, 2013).

Não menos importante que o Estado e a universidade, deve-se considerar o setor empresarial, pois este é responsável pela maior geração de emprego, renda, competitividade, crescimento das regiões. Este setor integrado ao Estado e a universidade criam uma dinâmica que contempla aos interesses mútuos, gerando benefícios a toda a sociedade.

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Criar condições para que isso ocorra é uma dinâmica, segundo Barquero (2001) de dentro para fora, sendo assim, a teoria do desenvolvimento endógeno é a principal abordagem deste estudo buscando avaliar os fatores que contribuem ou inibem essa dinâmica em um determinado território.

Com base nos fatos apresentados, o tema deste estudo se deu em compreender os fatos que corroboraram para o processo de desenvolvimento do município de Santa Rosa em um determinado período analisado, sobre a ótica dos seus atores.

1.2 Problema

As atuais definições que se tem do tema desenvolvimento nos diferentes espaços locais e regionais são resultados obtidos em diferentes regiões que se desenvolveram e estas uniformemente apontam para uma determinante necessidade de articulação entre atores sociais e políticos que fazem parte dos processos socioeconômicos, resultando então diferentes possibilidades de desenvolvimento.

Por ator social entende-se o cidadão ou entidade social que utilizando de sua liberdade individual inseparável da participação na vida coletiva, impõem-se a necessidade de uma nova representação da vida social (TOURAINE, 1994), ou seja, um indivíduo que na condição de ir e vir decide por vontade própria participar de grupos, instituições ou organizações que tem objetivos comuns.

Para identificar as estratégias de desenvolvimento que são utilizadas no presente estudo foi necessário realizar uma definição preliminar de desenvolvimento, e que será melhor construída no decorrer do estudo. Para este estudo tem-se de compreender que o desenvolvimento não é um mero processo de mudanças quantitativas associadas a conquistas materiais, mas envolve fundamentalmente o empoderamento das pessoas e das representações sociais, ou seja, desenvolvimento como um processo cada vez mais associado com o desdobramento de capacidades e atitudes (SIEDENBERG, 2012). Também é de se considerar que o empoderamento mencionado não se refere a uma concentração de poder ou de benefícios sociais para uma ou outra classe, mas sim um protagonismo dos diversos atores sociais que são legitimamente constituídos para que estes estejam engajados no processo de articulação de momentos que vão promulgar o desenvolvimento da região onde estão inseridos.

Como definição de desenvolvimento, ressalta-se aqui a observação de Boisier (2006): O conceito de desenvolvimento se encontra, no momento, numa fase de transição entre a antiga concepção, que o assimilava à ideia de crescimento econômico e, por

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conseguinte, a algo objetivo, quantificável e associado a conquistas materiais, e a nova concepção, que o representa como processo e estado intangível, subjetivo e intersubjetivo, e que está associada mais com atitudes e menos com conquistas materiais. (BOISIER, 2006, p. 69).

Compreender que o desenvolvimento de um país, região ou território não depende apenas de investimentos em capital fixo é uma das premissas para entender a dinâmica de desenvolvimento (SCHULTZ, 1987). A densidade de capital humano qualificado é um dos fatores que impactam o seu processo.

Uma das definições de desenvolvimento utilizadas para este estudo será do autor Boisier (2006, p. 69) onde este afirma que o desenvolvimento é

A obtenção de um contexto, meio, momentum, situação, âmbito, ou como se prefira chama-lo, que possibilite a potenciação do ser humano para que ele se transforme em pessoa humana, na sua dupla dimensão biológica e espiritual, capaz nesta última condição de conhecer e amar. Isto significa recolocar o conceito de desenvolvimento num quadro construtivista, subjetivo e intersubjetivo, valorativo ou axiológico e, com certeza, endógeno, ou seja, diretamente dependente da autoconfiança coletiva na capacidade para inventar recursos, movimentar aqueles já existentes e agir em forma cooperativa e solidária, desde o próprio território.

Apresentada esta definição, compreende-se que a densificação do capital humano qualificado é parte importante na perspectiva do desenvolvimento visto que ela possui uma condição que impacta no processo.

As estratégias para promoção do desenvolvimento sofrem alterações de paradigmas, tanto de questões pragmáticas quanto de questões estratégicas em virtude das mudanças de cenários que ocorrem da integração de mercados e dinamismos econômicos. O mundo cresceu e se desenvolveu, cabe então perguntar: quais são as estratégias que fazem o desenvolvimento ocorrer? É necessário realizar esforços deliberados buscando o crescimento e o desenvolvimento através de dinâmicas integradoras. Etzkowitz (2013) defende que o Estado deve entrar como meio propulsor de novas estratégias de desenvolvimento e crescimento aliados as universidades e as empresas. É de se considerar que o Estado deve entrar não somente como investidor de novos empreendimentos, mas como um Estado empreendedor que aloca recursos em projetos e empreendimentos que algumas vezes vão além da infraestrutura, visto que existem projetos que financeiramente não sejam lucrativos e não justifiquem diretamente o seu investimento, mas considerando uma perspectiva empreendedora ao Estado alguns projetos impactam outros pontos que favorecem a melhoria da qualidade de vida.

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Como a definição do termo desenvolvimento é ampla e polissêmica e posto que não é objetivo deste estudo discuti-la, se utilizará como complementar a definição dada por Theis (2008) onde o mesmo afirma que o desenvolvimento é um processo da melhoria das condições de vida, em geral, fruto de uma geração maior de renda, aumento do índice de empregabilidade e competitividade das organizações que nela estão inseridas.

Como já dito anteriormente, o desenvolvimento econômico ocorre em consequência da utilização do potencial e do excedente gerado localmente e, eventualmente pela capacidade da região em atrair recursos externos, assim como pela incorporação das economias externas que são ocultas nos processos produtivos (BARQUERO, 2001, p.19).

O mesmo autor ressalta que alguns fatores são determinantes para a acumulação de capital como, por exemplo, a criação e difusão de inovações no sistema produtivo já que é das inovações de produtos e serviços que os saltos tecnológicos ocorrem e estes impactam no desenvolvimento da sociedade; na organização flexível da produção visto que os fatores de produção favorecem o desenvolvimento de novos produtos/serviços; o desenvolvimento urbano do território já que as sociedades precisam se desenvolver em alguns aspectos para que a indústria seja capaz de realizar seu papel no sistema produtivo; e flexibilidade e complexidade institucional de perceber que as instituições que permeiam esse contexto tenham a flexibilidade de se adaptar as mudanças que são provocadas por esse contexto de maneira coletiva, organizada e o menos divergente possível. Estas variáveis estão elencadas na Figura 1 apresentada posteriormente onde estes fatores serão apresentados novamente.

Compreendido a definição de desenvolvimento, parte-se para uma concepção mais descritiva do modelo de desenvolvimento endógeno apresentado por Barquero (2001). O desenvolvimento endógeno é compreendido e aplicado como um processo de crescimento econômico que acaba implicando em um contínuo aumento da capacidade de geração e agregação de valor sobre a produção bem como da capacidade de absorção da região, na retenção do excedente econômico gerado na economia local e na atração de excedentes provenientes de outras regiões. Esse conjunto de processos acaba resultando no aumento do emprego, do produto e da renda/local/regional que é gerada por um conjunto de atividades econômicas (AMARAL FILHO, 2002).

Foi objeto deste estudo o município de Santa Rosa, localizado na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Esta é referência ao estudo, pois faz parte da macrorregião onde o Programa de Mestrado em Desenvolvimento, a qual compete este estudo, está inserido. Também por este ser um município de maior acessibilidade a este pesquisador.

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O município de Santa Rosa possui uma área de aproximadamente 489 mil km², com 71961 habitantes (IBGE, 2014) e PIB de R$ 1.936.343.437 (FEE, 2012). A economia do município se caracteriza basicamente por um polo da indústria metalmecânica, construção civil e agropecuária.

Segundo dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2012), o município de Santa Rosa apresentou crescimento populacional positivo juntamente com Horizontina. Esse fato não se confirma em outros municípios vizinhos de Santa Rosa. Evidencia-se que Santa Rosa frente aos outros municípios da região apresentou o maior aumento populacional no período de 2000 a 2010, passando de 65.016 habitantes em 2000 para 68.587 habitantes em 2010 (IBGE 2010).

Considera-se neste período que houve perda de população rural, porém com proporção bem inferior ao que se percebe no quesito ganho de população urbana o que sugere uma transferência de contingente do meio rural para o meio urbano da mesma forma que uma afluência de população de outros municípios.

Paralelo a esses fatos, o Valor Agregado Bruto (VAB) conota uma diminuição significativa no ano de 2012 em relação ao período de 2010 e 2011 na Agropecuária o que configura uma visível diminuição da produção de commodities. De forma diferente do VAB Agropecuário, o município de Santa Rosa no quesito VAB Indústria demonstra um crescimento de quase 32% na atividade industrial no ano de 2012 em relação ao ano de 2011 (FEE, 2012).

Resultado de um aumento da produção industrial, o PIB per capita do município obteve um crescimento significativo no ano de 2012 comparado a 2011. Evidencia-se então o PIB per Capita de 2011: R$ 23.668 contra R$ 28.011 em 2012, ano que foi publicado o último dado pela Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul.

Outro fator considerável na dinâmica de desenvolvimento do município é o aumento do número de empresas já que este vem aumentando nos últimos 3 anos conforme pode-se verificar, através de dados do Empresometro, órgão do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (2016), o município possuía em: 2013 - 6.947 empresas ativas; 2014 - 7.589 e 2015 - 8.290 empresas ativas.

Para o desenvolvimento do estudo, se partirá da análise segundo os atores mencionados no modelo de Etzkowitz (2013), utilizando-se como referência estes atores sociais que fazem parte do modelo da hélice tríplice (universidade, empresas e governo). Embora a interação entre universidade, empresas e governo seja a chave para a inovação e o crescimento em uma economia baseada no conhecimento essa interação orgânica nem sempre

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é observada, mas a atuação destes grupos de atores é inevitável. Isto é observado quando se analisa a esfera da universidade que tem um papel preponderante no fortalecimento do capital humano que é imprescindível para que indústrias produzam e se desenvolvam. Inerentes a esse processo, a sociedade precisa garantir que o Estado cumpra o papel de incentivar as empresas a se desenvolverem através de políticas públicas que condigam com as suas realidades em parcerias com as universidades.

Segundo o autor, as universidades são geradoras, acumuladoras e transferidoras de conhecimento, fator preponderante para o desenvolvimento das regiões.

Embora universidades, empresas e governos não tenham por objetivos interferir um no papel do outro, as dimensões básicas acabam se complementando embora possuam identidades distintas (ETZKOWITZ, 2013).

A universidade assume o papel da indústria ao estimular o desenvolvimento de novas empresas a partir da pesquisa, introduzindo a “capitalização do conhecimento” como uma meta acadêmica. As empresas desenvolvem treinamentos para níveis cada vez mais altos e compartilham o conhecimento por meio de joint

ventures, agindo um pouco como universidades. Os governos agem como

capitalistas públicos de joint ventures, ao mesmo tempo em que mantêm suas atividades regulatórias. Em contraste com teorias que enfatizam o papel do governo ou das empresas na inovação, a hélice tríplice concentra-se na universidade, como fonte de empreendedorismo e tecnologia, assim como de investigações críticas. (ETZKOWITZ, 2013, p. 2-3)

As empresas, em meio aos fluxos e imprevisibilidades constantes em um mundo globalizado, desenvolvem-se e caminham rumo a uma forma de gestão que contemple aproveitar melhor as oportunidades do mercado aumentando sua eficiência e eficácia e indiretamente corroborando para o desenvolvimento de uma região ao tempo em que geram mais empregos, renda, impostos, qualidade de vida e etc.

Esta efetividade somente ocorre se houverem condições de aproveitamento das oportunidades que surgem no mercado. Algumas questões são pertinentes, como mão de obra qualificada, estrutura física para adequadas instalações produtivas, questões relacionadas ao meio ambiente, entre outras. É, neste caso, papel da universidade (ETZKOWITZ, 2013) identificar deficiências que estejam comprometendo o processo de desenvolvimento e inovação tecnológica através de investigações críticas e em conjunto com o Estado e esfera empresarial criarem políticas públicas que sanem os eventos frutos desse trabalho de investigação crítica que se origina das deficiências.

Desta forma, considerando a definição de desenvolvimento de Theis (2008), os fatores de desenvolvimento propostos por Barquero (2001) e o potencial papel dos atores que compõe a hélice tríplice de Etzkowitz (2013) a questão central deste estudo é assim descrita: Como se

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deu a interação dos diversos atores sociais implicados no território em estudo e como este fato repercutiu em seu processo de desenvolvimento?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivos Gerais

Analisar e sistematizar a dinâmica de ação e interação dos diversos grupos de atores sociais intervenientes no desenvolvimento no município de Santa Rosa no período de 1994 a 2014 na perspectiva de seus atores.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar quais são consideradas as principais variáveis intervenientes do processo de desenvolvimento na região relacionadas ao município;

b) Identificar e compreender a atuação dos principais atores ou segmentos sociais que tem atuado na estruturação e condução do processo de desenvolvimento do município; c) Identificar e compreender como se deu a dinâmica de desenvolvimento a partir das

dimensões do modelo de desenvolvimento endógeno;

d) Sistematizar a visão dos diversos atores sobre o processo de desenvolvimento do território em análise a partir da interação de suas variáveis e estratégias;

1.4 Justificativa

Diversas são as discussões que versam sobre o desenvolvimento das regiões, seja este em sua dimensão econômica, social ou ambiental.

A globalização é parte inerente destas discussões nos processos de desenvolvimento e como observa Ferrer (1996), esta é, sem dúvida, um fenômeno antigo, associado às trocas internacionais de bens e serviços e à internacionalização dos mercados e da produção estar ligada a informação e ao uso das novas tecnologias, diferenciando-se, assim das experiências anteriores, vinculadas à busca de matérias-primas ou de novos mercados.

Ainda aos olhos de Ferrer (1996), a globalização é um processo vinculado ao território, não apenas porque envolve nações e países, mas, sobretudo, porque a dinâmica econômica e o ajuste produtivo dependem das decisões sobre investimento e localização tomadas pelos atores econômicos, sendo também uma função dos fatores de atração de cada

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território. Por isso compreende-se que esta é uma questão que condiciona diretamente a dinâmica econômica das cidades e regiões e que, é diretamente afetada pelo comportamento dos atores locais.

A partir da ideia de que o desenvolvimento ocorre desde o início dos processos de globalização, Barquero (2001) afirma que este ocorre em função da capacidade que os atores sociais possuem em articular esforços coletivos que impactem nas variáveis do processo de desenvolvimento.

Questiona-se a partir dessa premissa quais seriam estas variáveis visto que, como já dito anteriormente, a globalização é um processo vinculado ao território, da mesma forma que o desenvolvimento deve-se considerar as características locais da economia, recursos, mão de obra entre outros.

Neste ponto, para promover o desenvolvimento de uma região, é necessário em primeiro momento conceber quais são as questões básicas que competem ao termo ‘desenvolvimento’. Num segundo momento se faz necessário compreender quais são as variáveis que impactam neste processo e posteriormente realizar uma análise do que já vem sendo feito em relação a estas variáveis e o que ainda pode ser construído para que o mesmo ocorra.

Conforme afirma Brandão (2010) precisa-se conceber o que faz o desenvolvimento de uma região e como ele ocorre. O mesmo autor salienta que até o momento faltam estudos que contemplem de fato as variáveis que impactam no complexo processo de desenvolvimento.

Não sabendo quais ações devem ser tomadas, fica complexo ao Estado criar políticas articuladas com outros atores que promovam o desenvolvimento de uma região de forma que este remeta a um aumento dos índices econômicos, sociais entre outros e não somente isso, mas principalmente a melhora da qualidade de vida da população.

Uma das mais respeitadas organizações pertencentes à Organização das Nações Unidas (ONU) a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) disponibiliza diversos indicadores que servem como balizadores para a mensuração do processo de desenvolvimento. Ela também disponibiliza relatórios com base em estudos que servem como padrão para a análise e percepção da realidade e que auxiliam na concepção de estratégias para equacionar a economia e os aspectos ligados ao desenvolvimento.

Porém, estas informações quantitativas embora importantes, não resumem pragmaticamente o nível de qualidade de vida das pessoas que vivem nessa sociedade.

O estudo é pertinente visto que para elencar estratégias de desenvolvimentos futuros ou a utilizar modelos de desenvolvimento existentes, é necessário compreender quais foram

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os fatores que impactaram neste processo até o presente momento. Infelizmente, como Barquero (2001) afirma, o processo de desenvolvimento ocorre com base nas características deste ambiente e por isso não é possível se utilizar de análises de outros locais visto que variáveis e cenários são diferentes.

Caracterizando-se por um estudo voltado a um programa de mestrado em desenvolvimento, este é extremamente pertinente visto que procura investigar quais são os fatores que impactaram no processo de desenvolvimento de uma macrorregião utilizando como base um município. Este será importante para que surjam outros estudos futuros que somados auxiliem no processo de fortalecimento de um projeto de desenvolvimento local alavancando a região frente a outros ambientes que se caracterizam como mais desenvolvidos.

Como já citado, o processo de desenvolvimento se dá também através da inovação e que foi fundamentada através do conceito da hélice tríplice, o estudo se torna mais oportuno visto que como pesquisador, atuo em Programa de Extensão onde o mesmo auxilia na interação entre governo, empresas e universidade buscando o aumento da competitividade das empresas, aumento da empregabilidade, aumento da renda entre outros.

Discutir o desenvolvimento de um determinado território é fator preponderante para contextualizar iniciativas passadas que geraram resultados tanto positivos quanto negativos para a região. Mais importante que isso, é utilizar destes fatos para uma concepção de aprendizado do que se deve ou não fazer para a região. Essa discussão é consequência da ação articulada e integrada dos diversos atores sociais que fazem parte de uma região. A região deve ser palco de conflitos, pressupondo a necessária construção permanente de canais institucionais, legitimação de interlocutores e de um espaço público de reflexão, mediação, barganha, incentivo ao diálogo e à constituição coletiva de diagnósticos de problemas e meios de seu enfrentamento compartilhado (BRANDÃO, 2008).

Será utilizado o modelo elencado por Barquero (2001) onde este ilustra quais são as variáveis que provocam a ocorrência do desenvolvimento endógeno e com base nessa a identificação de eventos críticos do município que se refere o estudo. São as variáveis: i) inovações e de conhecimento; ii) organização flexível da produção e o sistema produtivo; iii) desenvolvimento urbano do território; e iv) flexibilidade e complexidade institucional.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo são elencadas primeiramente as definições de desenvolvimento utilizadas para a confecção deste estudo visto que o termo recebe diversas conotações, é necessário realizar abordagem sobre o mesmo.

Posteriormente é apresentada a teoria do desenvolvimento endógeno de Barquero (2001) visto que esta é estruturante para compreender como as regiões desenvolvem fatores que favoreçam o processo de desenvolvimento.

Por conseguinte, a teoria institucional é apresentada já que será realizado um estudo sobre o papel dos atores sociais e para estes são considerados pessoas ou instituições que contribuíram para que a região se desenvolvesse.

2.1 Das definições de desenvolvimento

O tema desenvolvimento, principalmente em uma especificação regional, vem ganhando importância a partir dos anos de 1990, em virtude da estratégia europeia de valorizar e disseminar os programas de descentralização econômica regional valorizando as potencialidades endógenas. Segundo Leydesdorff, Cooke e Olazaran (2002) a dificuldade de atrair recursos externos à região aumenta significativamente e paralelo a esta crescente dificuldade Scott e Storper (1986) afirmam que é necessário realizar análises de fatores endógenos e exógenos a região.

Resgatar algumas definições de desenvolvimento se faz necessário para compreender a dimensão que esse tema engloba e a perspectiva que justifica o presente estudo. Definir o conceito de desenvolvimento está ligado a crescimento econômico, porém Oliveira (2002), reitera que o termo na prática está ligado também a fatores sociais, culturais, ambientais e políticos, acompanhado da melhoria da qualidade de vida.

Desenvolvimento regional também é compreendido como um processo de “mudança social sustentada que tem como finalidade última o progresso permanente da região, da

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comunidade regional como um todo e de cada indivíduo residente nela” (BOISIER, 2006). Corrobora a esta visão, Dallabrida (2006), quando afirma que esse processo resulta de um crescente esforço das sociedades locais na busca de formulação de políticas territoriais com o intuito de discutir as questões centrais da complexidade contemporânea capazes de tornar a região o sujeito de seu próprio processo de desenvolvimento.

O processo de Desenvolvimento envolve e exige transformação estrutural em vários aspectos (produtivo, social, regional etc.) este irá resultar de diversas, variadas e complexas interações sociais, todas voltadas ao aumento de determinação da própria sociedade. Este processo deve ser capaz principalmente de envolver e mobilizar sujeitos sociais e políticos, buscando ampliar o campo de ação e aumentando a liberdade de decisão em prol de demandas que pautem projetos de desenvolvimento locais.

Não é objetivo deste estudo, esgotar as definições do termo, porém, é necessário realizar tal resgate para contextualizar o quão amplo o termo se torna e que perspectivas poderão ser adotadas aqui com base no estudo realizado.

Fica evidente que em grande parte das definições adotadas pelos autores referenciados que o processo de desenvolvimento resulta em alterações estruturais e estratégicas da região e que para que elas ocorram é necessária a atuação de atores participando de um processo de discussão com base em interesses locais, mediando, incentivando o diálogo e a construção de diagnósticos coletivos frente aos problemas da região e estratégias de enfrentamento.

O processo de desenvolvimento, segundo Theis (2008), é entendido como um processo de melhoria das condições de vida, em geral fruto de uma geração maior de renda, aumento no índice de empregabilidade e competitividade das organizações que estão inseridas na região.

É necessário salientar que as definições aqui utilizadas para o desenvolvimento, consideram que se vive em mundo que gira em torno do capitalismo. Há de se considerar então que as teorias básicas do capitalismo como em Schümpeter (1997) nos mostram que este não seria um sistema estático, acomodado em eterno equilíbrio. É defendido nas teorias do capitalismo do autor alemão que a economia teria de ser dinâmica frequentemente sacudida por inovações tecnológicas, saltos de produtividade, novas combinações de fatores de produção com novos produtos e serviços, de modo a criar novos ciclos de expansão do capitalismo.

Barquero (2001), ainda salienta na teoria do desenvolvimento endógeno que a acumulação de capital e o progresso tecnológico são, indiscutivelmente, fatores-chave no crescimento econômico.

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Dallabrida (2010), busca explicar a dinâmica de desenvolvimento quando insere que: A dinâmica territorial do desenvolvimento refere-se ao conjunto de ações relacionadas ao processo de desenvolvimento, empreendidas por atores/agentes, organizações/instituições de uma sociedade identificada histórica e territorialmente. O seu uso sustenta-se na hipótese de que o desenvolvimento tem uma relação direta com a dinâmica (social, econômica, cultural e política) dos diferentes territórios. Dependendo do tipo de ação, passiva ou ativa, dos atores territoriais na defesa dos seus interesses, frente ao processo de globalização, os territórios assumem opções de desenvolvimento que os favorecem ou que os prejudicam, em diferentes intensidades, transformando-se em territórios do tipo ‘inovadores/ganhadores’ ou ‘submisso/perdedores’. Desse processo dialético global-local, de ação-reação, cujas intenções são projetadas pela dimensão global, mas acontecem no território, resultam as diferenciações ou desigualdades territoriais. (Dallabrida, 2006, p. 19). Barquero (2001) comenta que para falar em desenvolvimento de uma região é preciso considerar que ela é composta por diversas organizações e que segundo ele, quando estas se desenvolvem, acabam consolidando um processo de desenvolvimento da região tanto econômico, social e ambiental.

Quinn, Anderson e Finkelstein (2001), defendem que vantagens tradicionais não são mais suficientes para garantir diferenciais competitivos no mercado. Segundo estes autores a única vantagem duradoura é a habilidade de gerar novas vantagens, ou seja, o desenvolvimento e a disseminação do conhecimento são “a chave para a sobrevivência na hipercompetitividade”.

Segundo estes autores, considerar um conjunto de fatores responsáveis por essa hipercompetitividade remete a considerar que as estratégias que se formulam para a consolidação dos negócios e o consequente processo de desenvolvimento sejam extremamente relevantes. Partindo desse princípio, é possível compreender que a capacidade de desenvolvimento das regiões se dá a partir de novos modelos de gestão que se originam nas questões estratégicas da região utilizando seus potenciais excedentes através da articulação de atores sociais.

Siedenberg et al (2004) ainda ressalta as fases do desenvolvimento conforme suas variações ao longo do tempo e de acordo com diversas escolas do pensamento. O autor afirma que as estratégias, períodos, principais elementos e ênfases do desenvolvimento podem ser assim organizadas:

a) Estratégia da modernização, enfatizada até a década de 1950: possuía os principais elementos de industrialização (substituição das importações e fomento as exportações) juntamente com a revolução verde. A ênfase era setorial, econômica e orientada para o crescimento.

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b) A Estratégia da dissociação, enfatizada a partir da década de 1960: possuía como principais elementos o desenvolvimento de mercado interno e a autoconfiança nacional. As ênfases deste período foram à política e o nacionalismo.

c) A estratégia do equacionamento de necessidades básicas, na década de 1970: teve como orientação a superação da miséria e grupos marginalizados e participação. A ênfase principal foi regional e na área social.

d) A estratégia do ajuste estrutural, na década de 1980: enfatizou a desregulamentação, flexibilização, equacionamento da dívida, balanço e inflação interna. A ênfase foi prioritariamente econômica.

e) A estratégia do desenvolvimento sustentável, na década de 1990: focalizou o desenvolvimento socioeconômico participativo e preservação do meio ambiente e recursos naturais. A ênfase foram os âmbitos regional, ambiental e socioeconômico.

f) A estratégia da governança global, no fim dos anos 1990: destacando novas formas da regulamentação global e conferências mundiais. A ênfase foi global e política.

g) A estratégia das teorias de médio alcance, preconizadas no início deste novo milênio: através deste se constroem pactos sócio territoriais, participação ativa dos atores e a constituição de regiões inovadoras. A ênfase passa a ser regional, através de redes e embasada nas especificidades.

A relação linear de causa e efeito (que consolida o paradigma positivista) já não é mais suficiente para compreender o desenvolvimento das regiões. É de se construir uma dinâmica para contemplar como se deu o processo de desenvolvimento até então para diante disto, evidenciar ações que trouxeram resultados que beneficiassem a comunidade satisfazendo os interesses coletivos.

Apresentadas todas essas definições de desenvolvimento, se percebe que o processo de desenvolvimento de uma região vai ocorrer sempre em função do uso do potencial e do excedente que são gerados localmente e, às vezes, também com recursos externos. É unânime na literatura também, que as iniciativas e o controle exercido pelos atores locais e a sociedade civil através da sua capacidade de articulação propiciam uma dinâmica a esse processo.

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2.2 A Teoria do desenvolvimento endógeno segundo Barquero

Uma das teorias mais utilizadas para fundamentar a perspectiva do desenvolvimento regional se traduz na Teoria do Desenvolvimento Endógeno (BARQUERO, 2001).

O conceito de desenvolvimento, no viés econômico, se traduz, segundo Barquero (2001) em um processo de crescimento e mudança estrutural que ocorre em razão da transferência de recursos das atividades tradicionais para as modernas. Segundo o autor, este processo se dá pelo aproveitamento das economias externas e pela introdução de inovações, determinando a elevação do bem-estar da população de uma cidade ou região. Aquém deste conceito o mesmo autor salienta que quando a comunidade local é capaz de se utilizar do potencial de desenvolvimento e liderar o processo de mudança estrutural, temos a dinâmica do desenvolvimento endógeno.

A constatação de Barquero (2001), sobre a como a dinâmica ocorre fica clara quando o mesmo afirma que

A teoria do desenvolvimento endógeno considera que a acumulação de capital e o progresso tecnológico, são indiscutivelmente, fatores-chave no crescimento econômico. Além do mais, identifica um caminho para o desenvolvimento auto sustentado, de caráter endógeno, ao afirmar que os fatores que contribuem para o processo de acumulação de capital geram economias de escala e economias externas e internas, reduzem os custos totais e os custos de transação, favorecendo também as economias de diversidade. A teoria do desenvolvimento endógeno reconhece, portanto, a existência de rendimentos crescentes no tocante aos fatores acumuláveis, bem como dá ênfase ao papel dos atores econômicos, privados e públicos nas decisões de investimento e localização. (BARQUERO, 2001, p.19)

Corroborando para essa revisão contextual do tema, o autor define que o processo de desenvolvimento ocorre em função da capacidade da região em utilizar o seu potencial e o excedente dos recursos produtivos para criar vantagem competitiva no mercado.

Esta perspectiva remete então a ressaltar que a teoria da inovação e do conhecimento elencada por Etzkowitz (2013) é convergente as definições adotadas na citação anterior. A acumulação de capital que está ligada a atividade das empresas, o progresso tecnológico que é obtido através da pesquisa nas universidades e por último então o governo que garante a estas duas a possibilidade de atuar interagindo na sociedade produzindo resultados que satisfaçam as demandas das organizações.

Com relação ao processo de desenvolvimento endógeno de uma região, é preciso conceber que

A região passa a ser um agente de transformação e não um suporte dos recursos e atividades econômicas, uma vez que há interação entre empresas e os demais atores, que se organizam para desenvolver a economia e a sociedade. De acordo com esse

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pensamento, o ponto de partida para uma comunidade territorial reside no conjunto e no inter-relacionamento entre os recursos (econômicos, humanos, institucionais, culturais) formadores de seu próprio potencial de desenvolvimento. (XAVIER et al. 2013, p. 1046)

Fica visível que a partir da teoria do desenvolvimento endógeno, diversas variáveis reforçam e influenciam este processo. Uma delas seria a articulação dos diversos atores representativos de uma localidade, tanto atores da sociedade civil, organizações não governamentais, instituições privadas, governo, universidades e instituições de ensino. Nessa dinâmica cada um tem um papel que, articulados em si e combinados a um objetivo comum criam uma dinâmica de desenvolvimento através das potencialidades existentes no local. As principais teorias sobre o desenvolvimento englobam variáveis que fazem parte do ambiente onde se pretende que os indicadores evoluam. Sendo assim, como já salientado anteriormente Barquero (2001), defende que o processo de desenvolvimento deve ocorrer de maneira endógena, ou seja, pelas articulações, atividades, movimentos, constituições de coalizão de um determinado território. Segundo o autor quem promove o desenvolvimento regional são os atores da própria localidade a partir da adoção de estratégias com base nas potencialidades existentes em seu território, gerando a partir deste processo um consequente aumento do bem-estar da sociedade.

Conforme elencado anteriormente, Barquero (2001) apresenta algumas variáveis que são pertinentes a ocorrência do desenvolvimento endógeno. Estas estão representadas na figura

1 abaixo:

Figura1: Acumulação de capital Fonte: Barquero, 2001 p.19

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As etapas da difusão das inovações e do conhecimento segundo o autor remetem a perceber que o desenvolvimento econômico e a dinâmica produtiva estão diretamente dependentes da introdução e propagação de inovações e de conhecimento, que por sua vez acabam impulsionando o processo de transformação e uma nova forma no sistema produtivo, já que a acumulação de capital é sinônimo de tecnologia e de conhecimento. Sendo assim, para que isso ocorra, é necessário que os atores participes do sistema produtivo local, tomem decisões adequadas que favoreçam investimentos em tecnologia e organização (MAILLAT, 2002). Esse processo é fator eminente na dinâmica do processo de inovação, já que conforme Schumpeter (1997) a inovação está ligada a produção de novos bens, à introdução de novos métodos de produção e à criação de novas formas de organização ou de abertura de novos mercados para produtos ou fatores. Estas inovações se caracterizam tanto como radicais ou incrementais, mas ambas as formas sempre serão resultado de uma cooperação coletiva tácita entre as empresas de uma determinada região, já que uma única organização não é capaz de realizar o papel de todos os atores pertencentes a este sistema produtivo.

Sobre a organização flexível da produção e o sistema produtivo, o autor afirma que a relevância está ligada muito mais na organização do sistema produtivo local, ou seja, na capacidade que estas organizações têm de se inter-relacionar com outras empresas, clientes, provedores e etc. do que com relação ao tamanho das empresas. Estas dinâmicas são importantes, pois este relacionamento, principalmente entre as empresas, que propicia o crescimento e uma mudança estrutural do sistema através de rendimentos crescentes ocasionados por uma economia que se transforma em escala e oculta. Essa relação também favorece pesquisas e desenvolvimento de novos produtos. Em resumo, “novas formas de organização do sistema produtivo, contribuem para que as empresas desfrutem de economias externas e internas e que façam uso das indivisibilidades ocultas do sistema produtivo, o que certamente contribui para os processos de crescimento econômico e mudança estrutural”. (BARQUERO, 2001, p.23).

Grande parte do processo de desenvolvimento ocorre em um meio urbano favorecendo ou exigindo então o desenvolvimento urbano do território. Isto ocorre, pois é no ambiente urbano em que ocorre a tomada de decisões de investimento, localização das indústrias, prestadores de serviço em sua maioria e etc.. É na parte urbana da cidade onde situa-se uma organização que propicia que os atores interajam para a troca de bens, serviços e conhecimento, segundo regras específicas institucionalizadas pela sociedade. É onde surgem as características mais propícias ao desenvolvimento endógeno que resultam em

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