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Tem avançado a convergência de que o que move a economia é a flexibilidade que as organizações têm de produzirem resultados com base na sua capacidade de inovar, seja em produtos, processos, agregação de valor, diminuição de custos, reengenharia e etc. Nesse cenário, a inovação entra como um fator preponderante para o sucesso das organizações não como um processo isolado, mas como uma estratégia articulada que culminam com uma série de fatores para seu sucesso.

Nesse processo, Etzkowitz (2013) defende que a interação entre a universidade, a indústria e o governo são a base para a inovação visto que as sociedades estão cada vez mais vivenciando a era do conhecimento.

O mesmo autor salienta de maneira muito clara que a dinâmica da hélice tríplice se inicia quando os três entes participantes dessa dinâmica dão início a um relacionamento recíproco onde todos buscam de maneira direta ou indireta a melhoria do desempenho do outro.

É importante salientar que na perspectiva defendida pelo autor, a colaboração entre as esferas institucionais mais envolvidas é fator de sucesso para que esta dinâmica ocorra de maneira satisfatória. O exemplo ilustrado pelo autor demonstra que a universidade, indústria e o governo, em seu território, possuem autonomia para provocar discussões que permeiem almejar quais são os fatores limitantes para o crescimento da economia local e traçar estratégias conjuntas de maneira com que cada um assuma um papel que é importante no somatório das atividades.

Indaga-se que a transformação interna das instituições para conceber que esta faz parte de um conjunto maior, onde outras organizações e instituições estão presentes é relevante, visto que é necessário perceber que além das suas tarefas tradicionais ela também precisa assumir o papel da outra.

O autor salienta de maneira relevante a dimensão que esta deve ocasionar na empresa quando relata:

Além de instigar novas atividades, “assumir o papel do outro contribui para as missões tradicionais, como quando a participação na capitalização do conhecimento leva ao desenvolvimento de novas pesquisa acadêmicas e de programas educacionais. [...] Ao assumir o papel do outro, cada instituição mantém seu papel primário e sua identidade distinta. O papel fundamental da universidade, como a instituição que preserva e transmite o conhecimento, permanece como sua missão central. Assim as universidades dão continuidade à sua missão especial de socialização da juventude e disseminação do conhecimento, mesmo que assumam algumas funções relativas aos negócios e à governança. (ETZKOWITZ, 2013, p. 12)

No modelo de inovação defendido pelos autores da hélice tríplice, apresenta-se a perspectiva de que em alguns países é o governo a esfera dominante na condução do processo que desencadeia a dinâmica da inovação e do conhecimento. A indústria e o Estado acabam ficando subordinados as políticas públicas desenvolvidas pelo estado. Essa prática, segundo Etzkowitz é aceitável visto que o Estado seria o único capaz de conduzir as outras esferas a convergirem para os mesmos pensamentos e práticas.

É pertinente ao estudo, questionar o papel que cada instituição de ensino vem desenvolvendo na região. Num primeiro momento, é necessário diferenciar quais são as instituições de ensino que hoje se caracterizam como faculdades, centros universitários e um último estágio as universidades. O compromisso legal que cada uma assume como obrigatório a sociedade devido a existência dos órgãos reguladores faz com que a dinâmica de atuação gere algumas vantagens no processo de inovação tecnológica e até o próprio compromisso de socialização que ela representa.

Segundo o Decreto nº 5773 de 9 de maio de 2006, as faculdades não possuem autonomia para a abertura de novos cursos. Os requisitos em relação ao quadro docentes ditam que os professores devem ter no mínimo pós-graduação para possuir legitimidade de atuação no ensino. Ainda, as instituições de ensino classificadas como faculdades não têm, originalmente, compromisso com pesquisa e extensão. Geralmente se caracterizam por ofertarem a sociedade cursos na área da saúde, economia, administração e etc.

Os centros universitários, por sua vez, possuem cursos em diversas áreas do ensino e possuem autonomia para ofertarem cursos superiores. Não possuem por sua vez obrigatoriedade quanto à oferta de cursos de cursos stricto sensu (especializações de longa duração), ou seja, mestrados e doutorados.

Com relação às exigências, os centros universitários estes devem obrigatoriamente ter um terço do corpo docente com mestrado e doutorado. Ainda, pelo menos um quinto dos professores contratados em regime de tempo integral.

Por sua vez, as universidades possuem uma gama de requisitos maiores a ser atendidos. Suas atividades englobam dinâmicas que devem ocorrer muito além das aulas. O comprometimento com a pesquisa e a extensão são requisitos para obtenção deste título. Um terço do seu corpo docente, pelo menos, deve possuir título de mestres e/ou doutores. Como a pesquisa é um dos pré-requisitos, quanto maior o número de mestres e doutores, mais experiência e tempo de pesquisa terão para transmitir aos alunos e principalmente aprimorar o processo de desenvolvimento da sociedade através da inovação que provém das pesquisas e da transferência de conhecimento.

Ainda em relação ao papel das empresas, é possível verificar que a estratégia das organizações possui uma relevância significativa no processo de desenvolvimento. A consolidação da estratégia das organizações acarretará em um fortalecimento dos seus processos, redução dos custos de transação, aumento da confiança dos atores econômicos, ainda em um estimulo da capacidade empresarial, fortalecendo redes e a cooperação entre os atores e que, por conseguinte acaba incentivando os mecanismos de aprendizagem e de interação. Contudo então, fica claro que o processo de desenvolvimento e sua dinâmica ocorrerão com a interação entre os diferentes atores discutindo estratégias integradas de ação que favoreçam o coletivo.

Sobre a perspectiva das empresas, também se ressalta o modelo de grandes corporações com produção verticalizada se adaptando a outros modelos de acumulação mais flexíveis com produção descentralizada e menos dependentes da existência de economias de escala. Isso proporciona um favorecimento na condição de crescimento de pequenas e médias empresas (BENKO e LIPIETZ, 1994). Baseado nesta condição as regiões tendem a receber as instalações de pequenas e médias empresas, pois estas baseadas na sua interdependência produtiva e ações corporativas acabam criando condições que vão impactar na dinâmica do processo de desenvolvimento através da sua articulação com os outros atores sociais, na geração de emprego e renda entre outros.

As políticas públicas nos últimos anos apontam claramente para a construção de um novo ambiente de cooperação entre as empresas, a universidade e o governo. Muitas destas iniciativas e atores governamentais acabam atuando nessa direção segundo Etzkowitz (2013).

Sendo assim, é relevante salientar o papel da hélice tríplice (universidade, indústria e governo) no processo de desenvolvimento. Ponderando isto, e a teoria apresentada brevemente, Etzkowitz salienta que a dinâmica da hélice tríplice ocorre quando a universidade, a indústria e o governo iniciam um relacionamento de reciprocidade, onde cada um tenta melhorar o desempenho do outro, pois ambos impactam os resultados de ambos.

A teoria salienta que os primeiros passos a serem dados no quesito da hélice tríplice é a colaboração entre as esferas institucionais mais envolvidas com a inovação. Universidade, indústria e governo devem participar de discussões para melhorar a economia local, possibilitar um acordo mútuo para crescimento regional, discutir estratégias para empreender novos negócios e etc.

Percebe-se então que é necessário para a veemência do processo da hélice tríplice que ocorra um mecanismo de articulação das lideranças e das forças econômicas e políticas das organizações que se enquadram neste território.

O ator social universidade elencado no modelo da hélice tríplice tem o papel de formar quadros de indivíduos capacitados para atuar na sociedade. Através dessa formação também conduz pesquisas para empreender soluções a situações que estejam limitando o crescimento, geração de valor entre outros na indústria e no governo. É a partir da geração de conhecimento que se sustentam modelos contingenciais que se relacionam dinamicamente para fomentar o papel de cada ente pertencente à hélice tríplice.

Esse processo de geração de conhecimento que resulta em inovações é preponderante para a dinâmica do desenvolvimento. A inovação, de acordo com a teoria neo- schumpeteriana, é a mola mestra da dinâmica capitalista e, também, parte integrante do processo concorrencial. Este é o fator que faz com que, no capitalismo, o desenvolvimento das forças produtivas se dê a um ritmo muito mais acelerado do que nas sociedades pretéritas, fazendo com que o caráter progressista seja um elemento singular dentro deste regime de produção (POSSAS, 1999).

É possível verificar que os números de universidades, instituições de ensino e faculdades aumentaram no Brasil nos últimos anos segundo dados do Censo de Educação Superior de 2010 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP). O crescimento do acesso ao ensino superior no Brasil foi de 110,1%. Este aumento é mais do que significativo e com base no que já foi apresentado anteriormente, o ensino é parte significativa no processo de desenvolvimento de uma região. Ainda, nos anos de 2009 a 2010, no Brasil o número de pessoas que buscam realizar uma graduação aumentou 7,1%. É possível perceber ainda que a maior parte das matrículas em 2010 continuou concentrada nas universidades (54,3%), seguida das faculdades (31,2%) e dos centros universitários (14,5%) (INEP, 2016).

É interessante, diante destes indicativos, verificar o número de profissionais que se formam em cada uma destas instituições, principalmente as que se localizam na cidade de Santa Rosa. Esse indicador possibilita verificar o nível de transferência tecnológica que resultar em inovação e tecnologia para a região.

Já foi citado anteriormente que o Estado juntamente com as universidades e as indústrias (empresas) são essenciais para moldar iniciativas de inovação que fomentem o desenvolvimento da sociedade.

É evidente que ao desenvolvimento da sociedade a concepção do papel do Estado veio se moldando com base nos acontecimentos que propiciavam percepções diferentes do seu papel na sua interferência. Etzkowitz (2013) ressalta que a depressão da década de 1930

demonstrou que o Estado teria um papel não só através de políticas macroeconômicas, mas de incentivar a produção industrial sustentada por inovações tecnológicas.

O papel do Estado no processo de desenvolvimento é definir prioridades estratégicas através da alocação de recursos em setores e atividades que possuem interferência no processo de desenvolvimento. Cabe ao estado desenvolver políticas sociais de redistribuição de rendas, medidas protecionistas as indústrias nacionais, a abertura de portos entre países entre várias medidas que favoreçam indústrias de um determinado território. Levantar demandas da sociedade buscando através disto proporcionar soluções a problemas que as esferas privadas não resolveriam ou por incapacidade financeira ou por ausência de legitimidade social.

Não é objetivo, neste momento, esgotar as tratativas em relação ao seu papel como conjunto de atores no processo de desenvolvimento. Pretende-se ao longo da pesquisa perceber que fatos ocorreram e a estas vislumbrar que contribuição o Estado teve para sua efetividade, se é que estas ocorreram de modo efetivo na percepção dos atores sociais que subsidiarão informações para esta pesquisa.

A ‘hélice’ governo busca criar medidas para promover um aumento no fluxo de troca entre universidades/empresa/Estado, estimulando algumas ações que são relevantes ao desenvolvimento da região como um todo. O financiamento de projetos de pesquisa, os parques tecnológicos, o incentivo fiscal a empresas que possuem cultura inovadora entre outras que serão evidenciadas no decorrer do estudo. Esta dinâmica, prepondera que as outras hélices se convertam e convirjam para um mútuo ganho de troca beneficiando a ambos.

O papel das empresas no contexto da hélice tríplice se dá na conversão em base produtiva para o processo de transformação de matéria-prima em produto final ao consumo. É a empresa que interliga o Estado e a universidade através de um ciclo que se retroalimenta com variáveis que se interligam como pessoas, capital financeiro, infraestrutura, questões de saúde e etc.

A demanda de soluções e inovações tecnológicas do mercado que chegam até as empresas não são sanadas, na maioria das vezes, visto que a realidade econômica não permite que as empresas invistam em Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos, principalmente pelo custo financeiro já que muitas não dispõem de capital próprio para fomentar esse processo, também ocasionado pela falta de know-how. Este é o fator preponderante para que a universidade seja demandada pelas empresas, oportunizando situações práticas do cotidiano ao mesmo tempo que se sente na obrigação de propor soluções que se transformem em inovações e saltos de tecnológicos.

3 METODOLOGIA

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