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PRÁTICAS ABUSIVAS CONTRA ANIMAIS

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Academic year: 2021

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PRÁTICAS ABUSIVAS CONTRA ANIMAIS

PEREIRA, Cláudia Dayane ( UNITRI – claudiadayanep@gmail.com)

RESUMO: O presente artigo tem por escopo analisar a censurável prática de maus-tratos aos animais, bem como fazer uma análise sob a ótica da legislação vigente e, por fim, uma ponderação sobre a controversa relação leis e casos concretos. Nesse confronto, o que se tem é um notório descaso na aplicação das sanções legais nessas infrações. Valendo-se do respaldo principiológico para entender a legislação e também as ações legais perante esta prática deplorável, vem-se por fim enfocar a necessidade de que a lei seja respeitada e, sobretudo, cumprida na íntegra, visto não ser mais concebível o tratamento rodeado de descaso, como se os animais não fossem sujeitos de efetiva proteção legal.

Palavras-chave: Maus-tratos. Animais. Proteção Penal Ambiental.

INTRODUÇÃO

O presente artigo versa, em uma breve análise, sobre um tema que atualmente tem chamado muito a atenção, tanto pela escassez de comentários na doutrina especializada, como sobretudo pela sua área de ação, ou seja, elemento de abrangência. Abordar-se-á com base na autonomia do Direito Ambiental, assim como na sua natureza jurídica, considerando a posteriori uma interpretação fundamentada no princípio da insignificância no Direito Ambiental, no que se refere aos crimes praticados contra animais.

Assim, ao discutir-se um assunto tão pouco explorado no mundo jurídico, assume-se o risco de se tomarem certas posições controversas do ponto de vista de grande parte da doutrina conservadora brasileira.

Observa-se nos dias atuais uma verdadeira batalha ideológica entre dois lados distintos da sociedade. Se de um lado se encontram aqueles que são absolutamente indiferentes ao sofrimento de animais, pregando a ideia de que há coisas mais relevantes a serem buscadas, doutro estão os defensores advogando por uma conduta respeitosa e, principalmente, legal com os animais. Essa lide ideológica, porém, emana da própria natureza humana, visto que os animais nem sempre são considerados pelo homem.

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A princípio, discutir-se-ão os conceitos básicos a respeito do meio ambiente; posteriormente será feita uma abordagem sobre a proteção ao mesmo sob o contexto da CF/88, comparada com as demais Constituições.

Falar-se-á também sobre a tutela legal ao meio ambiente, bem como quais legislações e o que elas trazem a respeito de uma proteção específica à fauna. Num posterior momento será estudada a tutela penal do meio ambiente, buscando-se analisar as leis sobre a tutela penal dos animais.

Por fim far-se-á uma análise dos crimes e maus-tratos aos animais, bem como uma abordagem jurídica dessa conduta delituosa.

A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Antes do Brasil, alguns países já haviam tutelado o meio ambiente em suas Constituições como, por exemplo, Portugal em 1976, a Espanha em 1978, o Equador em 1979, Peru em 1979, o Chile em 1980 e a Guiana em 1980.

Já a Constituição Federal de 1988 mostrou a seriedade que a sociedade, Estado e as ferramentas jurídicas devem ter quando se está diante de um bem jurídico ambiental. Conforme Celso Antonio Pacheco Fiorillo e Marcelo Abelha Rodrigues, essa inquietação está corroborada, pois os constituintes partiram da seguinte premissa: “proteger o meio ambiente, em última análise, significa proteger a própria preservação da espécie humana”.

A princípio, cabe enfatizar que apenas em 1960 o Brasil começou verdadeiramente a se atentar aos problemas ambientais. Todavia, a primeira grande marcha para a proteção ambiental aconteceu em 1970, quando o país fez parte da 1ª grande conferência sobre o meio ambiente, realizada em Estocolmo em 1972. Nessa década, teve início a atuação mais incisiva da relação do Estado e da sociedade, para buscar uma racionalização da exploração ambiental, pois foi justamente nessa fase que o Governo brasileiro incentivou o crescimento industrial visando ocupar espaço no cenário internacional, entre os países desenvolvidos.

Na década de 80, entusiasmado pela criação de um Direito Ambiental Internacional, o Brasil promulgou leis de extraordinária seriedade para a tutela do meio ambiente. Uma delas é a Lei nº 6.938/81, que até hoje compõe o Ordenamento Jurídico brasileiro e versa, entre outras situações, da responsabilidade civil por ato lesivo ao meio ambiente, instituindo instrumentos de preservação do dano. Nesta

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fase, o Estado Brasileiro já contava com Organizações Não Governamentais, instituições científicas, imbuídas não só da intenção de promover a fiscalização do meio ambiente, como de procurar alternativas para a adequada exploração dos recursos ambientais.

Influências sociais e econômicas internas e externas, na década de 80, culminaram na promulgação, em 05 de outubro de 1988, da Carta Magna, que abarcou o tema com respeitável evidência, tanto que ficou afamada como “a Constituição Verde”, isso devido ao considerável avanço no que ser refere à tutela legal do meio ambiente trazida por este diploma legal.

Como assegura, em sua obra, Fernanda Luiza Fontoura de Medeiros:

A partir da década de 80, as disposições legais referentes à proteção ambiental apresentaram maior fôlego, culminando na Constituição Federal de 1988, que dedicou um capítulo inteiro ao tema. A Lei nº 6.803, de 1980, veio normatizar o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição. Em 1981, podemos destacar a Lei nº 6.902, que cria áreas de proteção ambiental e as estações ecológicas, além do advento da Lei nº 6.938, que disciplinou e instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, adotando princípios e regras estabelecidas pela Carta resultante da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, em 1972.

Assim sendo, a constitucionalização da proteção ambiental no Brasil é muito atual e incipiente, se levarmos em conta os 500 anos da História. Verifica-se que são apenas 24 anos de proteção augurada na Lei Maior. A Constituição Federal de 1988 franqueou um capítulo inteiro para a proteção do meio ambiente, o capítulo VI do Título VIII, com o artigo 225, seus parágrafos e incisos.

Salienta-se que os preceitos relativos ao meio ambiente não estão limitados ao artigo 225, suprarreferido, mas mesmo a outros, como a norma referente ao artigo 170, a qual descreve que a ordem econômica brasileira e seu desenvolvimento devem, essencialmente, respeitar o meio ambiente, como se pode observar:

Artigo 170, caput: a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observando os seguintes princípios:

VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.

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O princípio acima registrado teve sua composição abonada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19/12/2003; entretanto, antes desta EC, já possuía a presciência neste mesmo inciso, no qual despontava a apreensão de ter como um dos princípios gerais da atividade econômica a defesa do meio ambiente.

Cristiane Derani arrola a considerável doutrina alemã de Rolf Stober, e assim ensina:

A necessidade de assegurar a base natural da vida (natureza) coloca novos matizes na política econômica. É, na verdade, o grande desafio das políticas econômicas. A obviedade da necessidade de uma relação sustentável entre o desenvolvimento industrial e meio ambiente é exatamente a mesma da irreversibilidade da dependência da sociedade moderna dos seus avanços técnicos e industriais. Assim, qualquer política econômica deve zelar por um desenvolvimento da atividade econômica e de todo seu instrumental tecnológico ajustado com a conservação dos recursos naturais e com uma melhora efetiva da qualidade de vida da população.

O princípio contido no inciso IV, do artigo 170 da Carta Magna, mostra a necessidade de haver um desenvolvimento econômico ajustado com o meio ambiente, mantendo-o ecologicamente equilibrado, suscitando, dessa forma, o desenvolvimento e o uso sustentável dos recursos naturais, inter-relacionando o crescimento econômico e o mercado de consumo com a qualidade de vida e do meio ecológico em que o sujeito se encontra arraigado.

Deste modo, torna-se manifesta a estreita relação entre a economia e o meio ambiente, e, por conseguinte, apresenta como consequência o caráter econômico do Direito Ambiental. Destarte, o desenvolvimento econômico, fundado na sustentabilidade dos recursos naturais, torna-se um assunto de grande proeminência para a atual conjuntura socioeconômica.

José Afonso da Silva aborda o tema em sua obra Direito Constitucional Ambiental, conceituando até mesmo o que seria o desenvolvimento sustentável, da ulterior maneira:

São dois valores aparentemente em conflito que a Constituição de 1988 alberga e quer que se realizem no interesse do bem-estar e da boa qualidade de vida dos brasileiros. Antes dela, a Lei 6.938, de 31/08/1981 (arts. 1º e 4º), já havia enfrentado o tema, pondo corretamente, como o principal objetivo a ser conseguido pela Política Nacional do meio ambiente, a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. A conciliação dos dois valores consiste, assim, nos termos deste dispositivo, na promoção

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do chamado desenvolvimento sustentável, que consiste na exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades do bem-estar da presente geração, assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras. Não obstante, como já citado, há na Carta Magna uma parte específica que tutela o meio ambiente. Trata-se do Capítulo VI do Título VIII, que é composto somente pelo artigo 225, havendo 6 parágrafos e incisos, sendo este de relevância extrema nesta discussão que aqui se abrolha.

Ainda que não seja dentro da mesma fonte legal que trata dos direitos fundamentais, não há mais dissensão, nem da doutrina, nem mesmo no âmbito jurisprudencial, de que a proteção do meio ambiente é, irrefutavelmente, um direito e um dever fundamental da pessoa humana, convencionado na ordem constitucional brasileira. Assim o autor Paulo de Bessa Antunes endossa tal assertiva: “a fruição de um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado foi erigida em direito fundamental pela ordem jurídica vigente”.

Desta feita, a expressão direitos fundamentais aplica-se àqueles direitos do ser humano adotados e positivados na esfera constitucional de cada Estado de Direito. Por conseguinte, em que sobrecarregue a existência de inúmeros conceitos de diversos autores diferenciando e individualizando o significado da expressão direitos fundamentais, há uma aptidão aderente ao conceito de Antunes, em que direitos fundamentais são:

(...) todas aquelas posições jurídicas concernentes às pessoas, que, do ponto de vista do Direito Constitucional Positivo, foram, por seu conteúdo e importância (fundamentalidade no sentido material), integradas ao texto da Constituição e, portanto, retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes constituídos (fundamentalidade formal), bem como as que, por seu conteúdo e significado, possam lhes ser equiparados, agregando-se à Constituição material, tendo, ou não, assento na Constituição formal (...).

Portanto, como dito acima, o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado é um bem jurídico essencial à boa qualidade de vida, e de uso comum do povo. Ainda há, no caput do artigo 225, a determinação de que a responsabilidade de defender e preservar o meio ambiente é do Poder Público e da coletividade, estabelecendo, assim, a divisão dessa responsabilidade ambiental entre as gerações presentes e as que estão por vir.

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A responsabilidade civil pelo dano ambiental, instituída pelo artigo 14 § 1º, da Lei 6.938/81, encontra o seu fundamento axiológico na própria Constituição Federal, a qual incide diretamente sobre as relações privadas, e passa a ter uma função especifica: servir a relação do dano ambiental autônomo, protegendo-se a qualidade dos ecossistemas, independentemente de qualquer utilidade humana direta e de regimes de apropriações públicos e privados. Esta percepção é extraída dos fatos de os parágrafos segundo e terceiro do artigo 225 tratarem de responsabilidade pelo dano ambiental logo após o reconhecimento da importância do direito em causa. Cuida-se, então, de perceber que a responsabilidade ambiental pelo dano ambiental possui uma função social que ultrapassa as finalidades punitiva, preventiva e preparatória, normalmente atribuídas ao instituto.

Destarte, a responsabilidade civil ambiental, como se depreende do que foi acima exposto, está prevista constitucionalmente, e será tratada num capítulo próprio. Não se pode deixar de retratar que, quando se está diante do direito ao meio ambiente, quer-se simplesmente colocar que esse direito, em verdade, é pressuposto de exercício lógico dos demais direitos do homem, vez que, em sendo o direito à vida o objeto do Direito Ambiental, somente aqueles que possuírem vida e, mais ainda, vida com qualidade e saúde, é que terão condições de exercitar os demais direitos, nestes compreendidos os direitos sociais, da personalidade e políticos do ser humano.

Entretanto, o direito ao meio ambiente equilibrado também condiciona a livre iniciativa, previsto no mesmo artigo, inciso IV, pois este direito somente será tutelado pelo ordenamento jurídico se estiver em conformidade com o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Intrinsecamente ligado com esse entendimento, Celso Antonio Pacheco Fiorillo afirma:

A defesa do meio ambiente pode justificar restrições a outros direitos constitucionalmente protegidos. Assim, por exemplo, a liberdade de construção, que muitas vezes se considera inerente ao direito de propriedade, é hoje configurada como liberdade de construção potencial, nas quais se incluem as normas de proteção ao meio ambiente.

O mesmo direito à igualdade, augurado no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, é lesado quando não se tem um meio ambiente ecologicamente equilibrado, pois só quem tem o poder econômico é que se consente o uso de um ambiente ecologicamente equilibrado com a salutar qualidade de vida. O mesmo se justapõe com relação ao direito social de habitação, previsto no artigo 6ª da Constituição Federal, quando, por uma deficiência da política urbana, por exemplo,

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não existam espaços habitáveis que ofereçam qualidade de vida para mais de 25 milhões de brasileiros, pertencentes a um grupo de pobreza extrema.

Dessa forma, Alexandre de Morais, citando o Autor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, apresenta a seguinte categorização:

Modernamente, a doutrina apresenta-nos a classificação de direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira gerações, baseando-se na ordem histórica cronológica em que passam a ser constitucionalmente reconhecidos. (...) por fim, modernamente, protegem-se, constitucionalmente, como direitos de terceira geração os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade, que englobam o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, ao progresso, a paz, a autodeterminação dos povos e a outros direitos difusos (...). Conclui Manoel Gonçalves Ferreira Filho, ‘a primeira geração seria as dos direitos de liberdade, a segunda, dos direitos de igualdade, a terceira, assim, complementaria o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade’.

Desta forma, torna-se corroborada a acuidade dada pelo legislador ao Direito Ambiental, sendo esse direito de fundamental importância para a concretização e eficácia social do princípio da dignidade da pessoa humana, princípio norteador de todo o Ordenamento Jurídico brasileiro.

TUTELA PENAL DO MEIO AMBIENTE

A importância da Tutela Penal do Meio Ambiente foi destacada antes da Constituição de 1988. Porém, foi com a publicação da Carta Magna que a criminalização das condutas contra o ambiente se legitimou.

Ao determinar que a lei punirá toda e qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5º, XLI), a Carta Magna consentiu a interferência do Direito Penal no campo ambiental como garantia de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e uma salutar qualidade de vida, procurando garantir a efetividade desse direito, até mesmo indicando a adoção de sanções penais, concomitantemente com as penas civis e administrativas:

as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (CF, artigo 225, § 3º).

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Em razão disso, o legislador no âmbito penal, compelido pelo empenho de fornecer suporte e tutela legal, editou a Lei 9.605/98, a conhecida Lei dos Crimes Ambientais, renovando consideravelmente o ordenamento jurídico penal ao proporcionar a possibilidade da penalização da pessoa jurídica, em consonância com o dispositivo constitucional supracitado.

A evidente alusão da proteção penal pela Constituição institui um respeito expressivo do homem pelo ambiente. A Lei Maior atribui proteção aos valores fundamentais, entre os quais está o meio ambiente, isto considerando que dele não só depende a qualidade do maior bem jurídico, a vida humana, todavia, por ser essencial a manutenção desta na Terra. E é exatamente este bem jurídico, a vida humana, que a Tutela Penal trata com evidência.

O Direito Penal Ambiental padece das dificuldades geradas pela sobreposição de esferas de modo particularmente intenso, já que inúmeros tipos penais apresentam elementos que necessitam, para sua compreensão, do recurso à esfera administrativa. Além disso, muitas são as condutas penais que somente se configuram quando praticadas sem autorização da autoridade ambiental.

É correto e necessário o amparo penal quando se fizer cogente, ou seja, quando grave for o dano social, sendo, destarte, tão relevante a Tutela Penal para a proteção do meio ambiente, já que trata de valores vinculados ao acesso à dignidade humana, entendendo-se por isso a vida, a honra, a integridade física e o patrimônio. Refere-se a um bem jurídico mais vasto, visto que é um direito difuso, “é de cada um, individualmente, e, ao mesmo tempo, de todos”.

Do mesmo modo, é assaz importante a consciência de que o meio ambiente compreende um direito fundamental por estar intrinsecamente ligado ao direito à vida. Em decorrência disso, “ele é um fator preponderante, que há de estar acima de quaisquer outras considerações como as de desenvolvimento, como as de respeito ao direito de propriedade, como as de iniciativa privada”.

Contudo, a proteção penal está restringida ao princípio legal da intervenção mínima. O Direito Penal só precisa operar quando os demais ramos do Direito se mostrarem inábeis ou impossibilitados de tutelar certa conduta contra um bem jurídico relevante para o indivíduo ou para a própria sociedade. Refere-se a um princípio limitador do poder punitivo do Estado. Por conseguinte, “o Direito Penal só deve atuar quando os demais ramos do Direito se revelarem inoperantes”.

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O princípio da intervenção mínima é a implicação do caráter fragmentário e acessório do Direito Penal. O caráter fragmentário recomenda que o Direito Penal está adstrito aos casos mais complexos, realmente prejudiciais à sociedade, com afronta aos bens jurídicos fundamentais. E o caráter subsidiário admite a atuação do Direito Penal quando as demais partes do Direito não se mostram eficientes para a proteção de um bem jurídico. Em suma, trata-se de derradeira solução para a tutela de um bem jurídico. Não precisa o Direito Penal afastar a autonomia e a liberdade do indivíduo quando outros ramos do Direito forem aceitáveis para sancionar comportamentos dissolutos que ferem bens jurídicos.

Desta forma, fundamenta-se tal assertiva nas palavras de Jesus:

[...] evitar a imposição de penas injustas, desumanas ou cruéis, a criação de tipos delituosos deve obedecer à imprescindibilidade, só devendo intervir o Estado, por intermédio do Direito Penal, quando os outros ramos do Direito não conseguirem prevenir a conduta ilícita. Também Bitencourt, ao ser mencionado por Freitas, ensina que:

[...] o princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico.

De tal modo, a interferência do Direito Penal deve ser perpetrada de forma limitada e precavida, para que não aconteça a transgressão de um direito fundamental, a liberdade, na pretensão de se proteger outro.

Como bem ensina Milaré:

[...] a razão de ser do princípio da intervenção mínima do Direito Penal reside no reconhecimento da liberdade como direito fundamental do homem e valor supremo para a vida em sociedade, essencial no Estado Democrático de Direito”, e, [...] “de fato, toda condenação penal, especialmente quando esta atinge a liberdade da pessoa, estigmatiza o indivíduo e repercute negativamente em seu senso de dignidade, razão pela qual o Direito Penal há ser minimamente usado.

Assim, a tutela ambiental precisa ser efetivada pelo Direito Constitucional, Administrativo e Civil, de maneira que ao Direito Penal permaneçam reservadas as hipóteses mais danosas de agressões ao meio ambiente. Acontece que nem sempre as sanções administrativas e civis são satisfatórias para dominar tais agressões, que são incomensuráveis, o que explica a atuação acessória do Direito Penal para

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reprimi-las. Até mesmo por se discutir a proteção de um bem jurídico digno de uma tutela com maior eficácia dissuasória.

Diante da imperativa necessidade de um amparo eficaz, indispensável se faz a interferência do Direito Penal para dominar as condutas nocivas ao meio ambiente. Assim sendo, o Direito Penal, com seu caráter repressivo e preventivo, torna-se cogente para a tutela ambiental. Ainda porque, como debela Milaré, “preservar e restabelecer o equilíbrio ecológico em nossos dias é questão de vida ou morte”. O que dispensa maiores explanações quanto à ação do Direito Penal no campo ambiental.

Depois a proteção penal do meio ambiente, bem jurídico de irrefutável importância para a sobrevivência da humanidade, mostra-se categoricamente necessária, sobretudo diante da impotência dos outros meios. É como conclui Freitas:

O Direito Penal mínimo não deve ser aplicado em tema de infrações ambientais, onde os danos são de consequências graves e nem sempre conhecidas, e a preservação é um dever a ser levado com o máximo empenho e seriedade, não apenas para esta, mas principalmente para as futuras gerações.

Assim, o meio ambiente tem encontrado no Direito Penal um dos seus mais significativos instrumentos. “O processo penal causa efeitos que os outros ramos do Direito não alcançam”.

Adverte-se que as tutelas, administrativa, civil e penal, operam pacificamente, o que admite uma ação contígua às medidas aplicáveis aos casos reais.

Apropinquar-se que a interferência penal é residual, que deve agir em último recurso atuando somente quando não for satisfatória a atuação de outra área jurídica, não constitui que a interferência mínima do Direito Penal significaria uma mínima aplicabilidade das normas. O fundamento está em uma legislação técnica e coesa.

Muitas vezes, a tolerância do Estado está consolidada na própria lei especial, como se pode perceber no entendimento do art. 40 do Código Florestal com o art. 8º da Lei das Contravenções Penais, que aceita erro de proibição para os casos ali tutelados, segundo Freitas. Porém, em grande parte dos casos, não é simples a deferência da dirimente ora interpretada, em razão do item evitabilidade, arrolado no art. 21 do Código Penal.

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Desta forma, a aplicação do princípio da intervenção mínima, o reconhecimento de eximentes e a deferência de dirimentes nos delitos que chegam o meio ambiente são ocorrências que abrangem o prestígio do Direito Penal Ambiental, corroborando o equilíbrio do Estado no trato de assunto tão relevante como o que diz respeito à preservação da vida.

Para que se entenda a relevância de toda esta discussão para fins de abordar-se especificamente o assunto em tela, convém mostrarem-se algumas jurisprudências que envolvem o tema aqui abarcado Não se pode falar em Direito Ambiental sem falar de princípios que norteiam o mesmo, ainda que de forma básica. Desta maneira começa-se a apresentar o princípio da insignificância considerando que os demais princípios de maneira sistemática lhe dão consistência.

O princípio da insignificância, ou da bagatela, segundo Damásio de Jesus, recomenda que o Direito Penal:

“[...] somente intervenha nos casos de lesão jurídica de certa gravidade, reconhecendo a atipicidade do fato nas hipóteses de perturbações jurídicas mais leves (pequeníssima relevância material)”.

No mesmo sentido, Mirabete esclarece que, “sendo o crime uma ofensa a um interesse dirigido a um bem jurídico relevante, preocupa-se a doutrina em excluir do Direito Penal certas lesões insignificantes”. Desta máxima, criou-se o princípio da insignificância, “que permite na maioria dos tipos, excluir, em princípio, os danos de pouca importância”.

Infelizmente, este princípio tem sido aplicado aos crimes contra a fauna com o argumento de que a conduta do agente não colocou em risco a função ecológica da fauna. Isso, como se a morte ou lesão de um animal individualmente diferisse da matança coletiva ou fosse de ínfima relevância.

Pelo que se pode verificar, mesmo com o esforço do legislador em punir as condutas de ofensa ao bem jurídico de natureza difusa – a fauna – a jurisprudência tem “flexibilizado” tal punição, como se pode analisar nas jurisprudências citadas.

Ante o exposto, chega-se apenas à conclusão de que os delitos contra a fauna não intimidam os que maltratam os animais.

Além da aplicação da Lei 9.099/95 na maioria dos crimes, tem-se a aplicação deste princípio de criação doutrinária, contudo admitido pela jurisprudência, que faz questionar a eficácia da tutela penal dada aos animais. Jesus afirma que:

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Conforme verificado, o princípio da insignificância não deveria ser aplicado em delitos contra a fauna, eis que a morte ou lesão à integridade física de um animal não será irrelevante na esfera jurídico-penal, tendo em vista o bem jurídico tutelado: a preservação da integridade biológica e do bem-estar dos animais em geral.

Quando há uma lesão insignificante de tal modo incapaz de causar ofensa de um bem jurídico, pode-se dizer que não ocorre adequação típica, faltando um dos elementos do crime, qual seja, a tipicidade.

Os requisitos do princípio da insignificância são a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. A aplicação desse princípio deve ser analisada de acordo com as circunstâncias do caso concreto, levando-se em consideração suas especificidades; tradicionalmente, repelia-se a aplicação do princípio da insignificância no Direito Ambiental sob o argumento de que o meio ambiente é um bem jurídico incomensurável e indisponível.

A inteligência doutrinária em pauta encontra eco, outrossim, em inequívocos decisórios, seja do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, como se ver a seguir:

O princípio da insignificância pertine aos delitos de bagatela, permite sua consideração pela jurisdição penal como fatos atípicos, posto que destituídos de qualquer valoração a merecer tutela e, portanto, irrelevante. São os que pertinem a ações aparentemente típicas, mas de tal modo inexpressivas e insignificantes que não merecem a reprovabilidade penal. (TACrimSP, RSE, 485.451-2, Rel. Walter Swensson, 23.03.1988).

No entanto, doutrina e jurisprudência têm admitido a aplicação do princípio da insignificância nos crimes ambientais quando a conduta pelo réu evidentemente não é capaz de trazer qualquer dado ao bem juridicamente tutelado, o que deve ser analisado no caso concreto.

Contudo, entendemos que, em certas hipóteses, a conduta pelo réu evidentemente não é capaz de trazer qualquer dado ao bem juridicamente tutelado. A análise dessa circunstância deverá ser feita verificando-se cada caso concreto.

Esse é o entendimento da doutrina, como cita o Prof. Alexandre:

[...] o reconhecimento do princípio da insignificância deverá ser reservado para as hipóteses excepcionais, principalmente pelo fato

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de que as penas previstas na Lei nº 9.605/98 são leves e admitem transação ou suspensão do processo (Lei nº 9.099/95, arts. 76 e 89). A título de ressaltar, observa-se que se embasa o princípio da insignificância junto a outros princípios que, unidos, lhe dão a concretude. O princípio da insignificância está intrinsecamente ligado a outros princípios, dentre os quais convém se ressaltar o da fragmentariedade, entre outros.

Conforme o ensinamento de Prado, o Direito Penal só deve agir no amparo de bens jurídicos indispensáveis à convivência pacífica dos homens e que não podem ser eficientemente resguardados de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só precisará intervir quando for categoricamente necessária para a sobrevivência da comunidade. Entretanto, antes de se buscar a causa de pedir, há que se observar se há conflito quanto à coexistência de dois ou mais princípios, de forma a não levar a decisões antagônicas, e isso acontece quando a preservação de um princípio pressupõe a preferência momentânea sobre o outro.

Tradicionalmente, repelia-se a aplicação do princípio da insignificância no Direito Ambiental sob o argumento de que o meio ambiente é um bem jurídico incomensurável e indisponível.

O juiz, ao escolher um princípio em prejuízo do outro, deve ponderar a quais valores sociais aspira resguardar e, de tal maneira, qual dos princípios mais adequadamente protege esses valores. Note-se, entretanto, que não há uma liberdade irrestrita no uso dos princípios pelo operador jurídico, devendo fundamentar sua determinação nos princípios e, dentro dos limites da indeterminação de cada um deles, fazer o apropriado aproveitamento ao caso concreto.

Apesar disso, tal tipo de legislação é aprovada com uma visão antropocêntrica, que não se relaciona com a abolição do “especismo” e com os direitos dos animais. É o caso, por exemplo, de dispositivos que objetivam a regulação de estoques para exploração humana, tais como a Convenção Internacional para Regulamentação da Pesca da Baleia, ou o Decreto-Lei 221 de 28/02/1967, que dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca.

Igualmente não interessam, no presente contexto, dispositivos legais que resguardem os animais enquanto propriedade, já que também desconsideram os interesses próprios destes seres, não indo assim ao embate dos objetivos centrais do movimento pelos direitos dos animais. Apesar disso, tal tipo de legislação é

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aprovado com uma visão antropocêntrica, que não se relaciona com a abolição do “especismo” e com os direitos dos animais.

MAUS-TRATOS E CRUELDADES CONTRA ANIMAIS DOMÉSTICOS E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS

Antes que sejam abordadas especificamente as leis que tratam dos crimes contra animais domésticos, faz-se necessário entender a origem do processo que as criou, partindo-se, então, das leis que tratam de crimes contra o meio ambiente como um todo. Primeiramente, animais domésticos, segundo Milaré:

[...] São os mansos ou domesticados pelo homem, sendo por ele assinalados. Serão mansos se nasceram e vivem em poder de seu proprietário, e domesticados se, sendo anteriormente bravios, acostumaram-se a prestar serviços àquele que os apreendeu. Os animais mansos ou domesticados que não forem assinalados por seu dono, se tiverem perdido o hábito de retornar ao local onde costumavam se recolher, serão tidos com coisa sem dono, exceto se o seu proprietário ainda estiver a sua procura.

A título de informação complementar, conforme estudo realizado pela Human Society of the United States (HSUS) nos Estados Unidos da América, no ano de 2008, estatisticamente os crimes praticados contra animais domésticos têm a seguinte proporção:

33% dos casos envolvem tiros;

14% dos casos envolvem espancamento; 8% dos casos envolvem arremesso do animal; 8% dos casos envolvem mutilação;

6% dos casos envolvem queimaduras; 6% dos casos envolvem envenenamento; 5% dos casos envolvem facadas;

4% dos casos envolvem rinhas; 4% dos casos envolvem chutes;

2% dos casos envolvem sexual abuso contra animais; 2% dos casos envolvem afogamento;

2% dos casos envolvem enforcamento;

6% dos casos envolvem outras formas de violência intencional. Tais números vêm apresentar uma realidade nauseante da ação do ser humano com os animais. Surgem em caráter de analogia, pois não se referem a dados nacionais, porém não ficam tão distantes da sociedade brasileira; não generalizando, porém ressaltando que ainda predominam os maus-tratos, numa sociedade moderna que já deveria ter abolido há muito tempo tais condutas.

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Valendo-se da ideia de Sirvinskas, mostra-se que um meio muito difundido da prática de maus-tratos a animais refere-se aos rodeios e condutas afins, que são uma modalidade de tortura aos cavalos, touros e bezerros na qual os animais, para terem aparência selvagem, são submetidos a instrumentos de tortura que os fazem saltar, corcovear, cair e ter seus pescoços torcidos. Citam-se também, no mesmo estilo, as touradas.

A tourada é comumente praticada nas cidades espanholas. Cuida-se de uma festa nacional na Espanha. O touro, antes da corrida, é preparado da seguinte forma: a) colocam-se tufos de papel molhado em seus ouvidos; b) seus chifres são cortados para que se desoriente; c) coloca-se vaselina em seus olhos para nublar sua visão; d) colocam-se chumaços de algodão em suas narinas para obstruir sua respiração; e) colocam-se soluções irritantes em suas pernas para que cambaleie; f) colocam-se agulhas em seus órgãos genitais; g) seus chifres são lixados para que fique mais indefeso; h) na véspera, são ministrados fortes laxativos para que se enfraqueça e sacos cheios de areia são colocados na altura dos rins; i) finalmente, o touro é drogado e colocado em um chiqueiro para lhe incutir terror. Os cavalos utilizados nas touradas também são preparados. Suas cordas vocais são cortadas; seus ouvidos, tampados com chumaços de papel molhado e seus olhos são vendados. Depois de preparado, o touro é solto na arena e logo em seguida o toureiro já crava o primeiro arpão. E assim, sucessivamente, até a sua morte, que ocorre depois de muito tempo de sofrimento. O touro cai no chão sufocado em sua própria hemorragia.

Dentro do rodeio algumas modalidades se destacam pela sua selvageria, como a “laçada de bezerro”: um animal de apenas 40 dias é perseguido em velocidade pelo cavaleiro, laçado e derrubado ao chão. Por vezes ocorre ruptura na medula espinhal, ocasionando morte instantânea. Alguns ficam paralíticos ou sofrem rompimento parcial ou total da traqueia. O resultado de ser atirado violentamente para o chão tem causado a ruptura de diversos órgãos internos, levando o animal a uma morte lenta e dolorosa.

Outra modalidade que chama atenção é a de “laçada em dupla ou team roping”: dois peões saem em disparada, sendo que um deve laçar a cabeça do animal e o outro, as pernas traseiras. Em seguida os peões esticam o boi entre si, resultando em ligamentos e tendões distendidos, além de músculos machucados.

As “ferramentas” ou “equipamentos” de tortura mais utilizados para deixar os animais mais irritadiços são os seguintes: seden ou sedenho, agulhadas elétricas, pedaço de madeira afiado, unguentos cáusticos, esporas, terebintina, pimenta e

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outras substâncias abrasivas, peiteira e sino, golpes e marretadas. Um espetáculo deplorável.

Na atualidade cabe destacar que possui particular interesse a legislação voltada à proteção do animal enquanto ser vivo, com interesses próprios e distintos daqueles dos seres humanos, paradigma central do movimento pelos direitos dos animais. Assim, não são relevantes no presente contexto os dispositivos legais de mera proteção ambiental ou de estoques, cuja vigência transcende, por motivos óbvios, os interesses dos próprios animais não humanos, atendendo, na maioria das vezes, primordialmente aos interesses dos seres humanos.

Sob o ponto de vista de Rodrigues, o bem jurídico tutelado por algumas dessas leis “não são propriamente os Animais, porém a função ecológica, pois não são considerados sujeitos de direitos pela doutrina majoritária”.

Uma relevância considerável e específica chama a atenção da legislação que proteja os animais contra a crueldade, proibindo ou minimizando a exposição dos mesmos a procedimentos e atos cruéis e capazes de lhes provocar sofrimento. Não é intenção exaurir o tema, mas destacar os principais aspectos e dispositivos pátrios que demonstrem o eventual avanço legislativo brasileiro na esfera federal.

Sem dúvida, os animais são objeto de proteção ampla em nível constitucional, com interesses próprios, claramente independentes daqueles dos seres humanos. Há, entretanto, pelo menos duas grandes dificuldades para efetiva proteção dos direitos animais garantidos constitucionalmente, quais sejam, o conceito de “animal” e o conceito de “crueldade”. Recentemente, não há qualquer legislação vigente que defina claramente esses dois conceitos.

ASPECTOS JURÍDICOS DA QUESTÃO

A Lei de Crimes Ambientais – nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 instituiu um documento que reordena a legislação ambiental brasileira, sobretudo no que se refere às infrações e punições. A pessoa jurídica, autora ou coautora da infração ambiental, pode ser punida, chegando-se até mesmo à liquidação da empresa, se a mesma tiver sido criada ou usada para promover ou encobrir um crime ambiental. A punição pode ser suprimida caso se confirme a recuperação do dano ambiental. As multas variam de R$ 50,00 a R$ 50 milhões de reais.

Precisam-se abarcar, também, as tipificações levadas a efeito no Código Penal, art. 251 (explosão), art. 252 (emprego de gases tóxicos ou asfixiantes), art.

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267 (epidemia, com emprego de germes patogênicos) e art. 270 (envenenamento de água potável ou substância alimentícia). São tipos em que se percebe, tacitamente, a preocupação do legislador com os pontos relativos ao meio ambiente.

O art. 32 da Lei dos Crimes Ambientais observa, no seu parágrafo 1º, uma pena para a experiência dolorosa ou atroz em animais vivos, mesmo considerando os utilizados para fins científicos, quando houver recursos alternativos. O parágrafo 2º dispõe que existirá aumento da pena de um sexto a um terço, caso venha a ocorrer a morte dos animais, nas situações previstas no artigo. Admite-se o sofrimento dos animais se este for inevitável para a pesquisa, pois, nesta proposição, o interesse público nas descobertas científicas sobressai sobre o interesse em evitar sofrimentos aos animais. A conduta punida não é a experiência em si, pois esta é cogente para o desenvolvimento humano, cura de doenças e divulgação de cultura.

Na mesma linha, Édis Milaré, ao explanar sobre o art. 32 da Lei nº 9605/98, diz que os animais constituem o objeto material da conduta e que o sujeito passivo é a coletividade. Ao que Pierangeli, analisando o mesmo artigo da citada Lei, adverte dizendo que o patrimônio natural constitui o bem jurídico a ser resguardado pela norma penal e que, assim sendo, “coloca-se a humanidade como sujeito passivo”. Segundo o que já foi arrolado no presente estudo, o sujeito passivo da crueldade contra animais são todas as pessoas da coletividade. Segundo este autor, são elas as vítimas da prática de crueldade.

No que se refere ao conceito de “animal” cumpre mencionar que se encontram em tramitação, no Congresso Nacional, alguns Projetos de Lei que, de certa forma, suprem essa deficiência, ao menos para algumas atividades específicas.

Quanto ao conceito de “crueldade”, o Decreto 24.645 de 17/07/1934 contém o conceito de maus-tratos, que pode preencher, ainda que parcialmente, a referida lacuna.

Desta forma, na mesma direção professa Ackel Filho: “Já se pode afirmar que a norma atribui aos animais uma espécie de personificação, que os torna sujeitos de direitos dos quais podem gozar e obter a tutela jurisdicional em caso de violação”.

A interpretação desse Decreto conduz à conclusão de que o Ministério Público pode ser qualificado como substituto processual, tendo assim a possibilidade de fazer valer em juízo qualquer decisão sobre direito individual e indisponível dos

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animais. Cabe mencionar que, como é de amplo conhecimento, a substituição processual permite, neste caso, ao Ministério Público chamar para si o papel de parte no processo. Repetindo as palavras de Rodrigues:

Ao considerar que o Ministério Público possui legitimidade para substituir as partes para as quais atua em nome próprio, na qualidade de autor ou réu, de pessoas físicas ou jurídicas a quem são atribuídas personalizações, o legislador, mediante o Decreto 24.645, não só conferiu nova função relevantíssima ao Ministério Público, mas também reconhece que os animais não são meramente coisas como se abstrai do Código Civil.

Apesar disso, parece haver aqui um conflito de leis, já que se os animais fossem considerados coisas não deveria ter o Ministério Público legitimidade para a referida substituição processual determinada pela norma em questão. Esse tema é mais profundamente analisado na já mencionada obra de Rodrigues, que cita:

Como se pode aduzir da análise dos comportamentos elencados, alguns deles vão diretamente ao encontro dos anseios dos atuais movimentos pelos direitos dos animais, enquanto outros são claramente utilitaristas e talvez satisfaçam os adeptos do movimento pelo bem-estar animal.

Os demais incisos do aludido artigo versam precipuamente sobre proibições que se dispõem a diminuir ao máximo possível qualquer eventual sofrimento dos animais, mantendo, todavia, uma visão antropocêntrica.

Entretanto, como se pode averiguar pelos incisos transcritos, trata-se de legislação com aspectos extremamente avançados, que proíbe terminantemente diversas práticas contrárias aos interesses dos animais. Algumas dessas práticas, infelizmente, ainda podem ser corriqueiramente observadas em distintas regiões do País.

A teoria antropocêntrica vem apresentar o homem como centro do universo e tudo mais é subsidiário a isso, girando em torno dele. Desta forma, considera o homem como o eixo principal de um determinado sistema. Tal termo provém da filosofia, assim como a própria teoria em si. Baseado nesta teoria, parece que tudo mais fica irrelevante ou, como já dito, subsidiário.

A passagem de uma visão de universalidade antropocêntrica para outra ecocêntrica não se perpetrou sem que transcorresse muito tempo e também se observassem etapas que ocorrem nos processos de mudança. Isso é notório na evolução das ciências que estudam o meio ambiente. Compete minutar ainda que na

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Ética, que é um saber normativo de fundo filosófico assim como o Direito em parte o é, notou-se um progresso conceitual e prático bastante rápido.

Por mais abstrata e vazia que possa parecer, a questão do embate antropocentrismo X ecocentrismo não é imparcial, nem irrelevante. De fato, além dos aspectos teóricos tão controversos nos seus fundamentos, esses pontos de vista assinalam caminhos concretos a serem seguidos pelos vários segmentos da sociedade, atores sociais e agentes ambientais, e desembocam em aplicações práticas com grande repercussão tanto no mundo social como no mundo natural.

Deve-se enfatizar que as ideias precedem as ações, servindo-lhes de inspiração e pretexto. De tal modo, as várias abordagens da questão ambiental, científico-tecnológica, econômica, cultural, social e política, individualizadas ou em conjunto, partem forçosamente de um dos termos deste trinômio: homem, meio e vida.

Ainda neste contexto diferentes posições das éticas ambientais ocasionaram distintas decisões para diferentes questões práticas. Peter Singer utiliza-se da edificação de uma represa para ponderar os diferentes posicionamentos ecológicos possíveis. Portanto, afirma:

Se fosse para tomar a decisão exclusivamente com base nos interesses humanos, confrontaríamos as vantagens econômicas da represa para os cidadãos com a perda para os que gostam de andar pelas matas, para cientistas e outros, hoje e no futuro, que valorizam a preservação do rio em seu estado natural. Já vimos que, pelo fato de esse cálculo incluir um número indeterminado de gerações futuras, a perda do rio terá um custo muito maior do que imaginaríamos a princípio. Mesmo assim, se levarmos o fundamento de nossa decisão além dos interesses dos seres humanos, teremos muito mais elementos contrários às vantagens econômicas da construção da represa. Nesses cálculos devem agora entrar os interesses de todos os animais que vivem na área a ser inundada. Assim, observa-se, historicamente, que as disposições originais dos movimentos ambientalistas eram de origem antropocêntrica. Contudo, com o passar dos tempos, cada vez mais apareceram movimentos fundamentados na ética ecocêntrica.

No exemplo da represa de Peter Singer, o autor destaca que, em determinado tempo, a maior complicação e, também, o maior amparo ambiental são os dados pela ética ecocêntrica no âmbito das valorações e opções de atuação do homem frente à natureza:

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Talvez isso não seja tudo. Não seria o caso de atribuirmos importância não apenas ao sofrimento e à morte de um determinado número de animais, mas também ao fato de que toda uma espécie pode desaparecer? Que dizer da perda de árvores que ali estiveram por milhares de anos? Que importância (se é que há alguma) devemos atribuir à preservação dos animais, das espécies, das árvores e do ecossistema do vale, independentemente dos interesses dos seres humanos – sejam eles econômicos, recreativos ou científicos – em sua preservação?

Tal assertiva conduz a uma reflexão sobre a mentalidade arraigada no passado que considera o homem senhor e dono de tudo e tudo tem que se adequar a isso, num antropocentrismo deturpado que não condiz com a realidade de um novo milênio.

Não obstante nenhuma outra legislação que esteja em vigor defina abertamente o que pondera serem “maus-tratos”, o que por si só demonstra o valor do Decreto 24.645, mencione-se que legislação inequivocamente em vigor, mais especificamente a Lei 9.605 de 12/02/1998, distinguida como Lei dos Crimes Ambientais, considera crimes os maus-tratos aos animais, com a devida cominação de penas. E atualmente cada vez mais a sociedade tem buscado o cumprimento compulsório do que é determinado pela Lei por meio do acesso aos Tribunais para fazer valerem os direitos dos animais; entretanto, ainda assim é muito pouco perto do número de animais maltratados.

Neste contexto convém se ressaltar o Decreto 24.645 de 10/07/1934, que estabelece diversas medidas efetivas de proteção dos direitos animais, além de personificá-los, na medida em que define o Ministério Público como substituto processual. Tal legislação, todavia, está por fazer jus a uma atualização, já que completou mais de 70 anos de existência, período no qual significativa evolução do pensamento ocorreu na sociedade humana, consentindo assim o surgimento de uma visão não tão antropocêntrica do tema.

A objetividade jurídica prevista na norma consiste, segundo Mirabete, na “preservação da integridade biológica e do bem-estar dos animais em geral, da fauna e do meio ambiente”.

Ou ainda, segundo Édis Milaré, a norma “visa a tutelar a fauna silvestre que integra o meio ambiente, doméstica ou domesticada, nativa ou exótica”.

Como sujeito passivo tem-se a coletividade em geral, e não o animal que é objeto material da conduta, podendo inclusive ser sujeito passivo a União, quando se

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tratar de animais silvestres. Acredita-se que neste caso o sujeito passivo principal é a sociedade, enquanto o Estado figura como sujeito passivo frequente.

Neste tipo penal são previstas as seguintes condutas: praticar ato de abuso, maus-tratos e ferir ou mutilar. Configura a prática de ato de abuso quando se exige do animal um esforço acima de suas forças, abusando dele, extrapolando limites. É o caso daquele que cavalga por muitas milhas, sem dar necessário repouso ao animal, ou daquele que exige dos jumentos atrelados à carroça que puxem cargas pesadas em longos trajetos.

Por sua vez, Guilherme de Souza Nucci entende que:

[...] este dispositivo em relação à prática de atos de abuso e maus-tratos, é inaplicável, eis que trata de forma genérica e ampla. Sua aplicação ensejaria desrespeito ao princípio da taxatividade, fruto da legalidade. Alega este autor que nestas previsões legais inserem-se qualquer tipo de condutas, tais como, deixar o animal sem água por um dia ou privá-lo de contato com outros da mesma espécie. Contudo, por óbvio, tais condutas não ensejam a aplicação do dispositivo. Isto deverá ser analisado em cada caso concreto. [...] É complexo arrolar todos os atos que possam implicar maus-tratos, daí ter o legislador optado por um gênero, cabendo ao intérprete, no caso concreto, averiguar se a ação ou omissão foi inadequada ou cruel e se, em virtude dela, o animal foi molestado.

A prática de “maus-tratos” consiste no castigo excessivo e desnecessário ao animal. Pela conduta “ferir”, entende-se lesionar o animal, lesar sua integridade corporal. Por sua vez, “mutilar” é extrair parte do corpo do animal.

Neste comportamento, há uma altercação como, por exemplo, se seria configurado o delito no caso em que os profissionais habilitados cortam o rabo do animal por mera estética. Nucci afirma que:

A doutrina acredita que sim, eis que “motivo estético não é o bastante para abonar a conduta. Só não haverá a responsabilidade se a conduta for necessária e inevitável para resguardar a saúde ou a vida do animal”.

Ainda, entende a doutrina que configura o delito o ato de arrancar os dentes ou as garras dos animais para exibição, prática esta muito utilizada nos animais de circo.

Um dos temas jurídicos que tem tomado vulto e gerado importantes debates entre os estudiosos do Direito no Brasil é o que diz respeito à tutela jurídica aos

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animais e a proteção contra maus-tratos, assim como o abandono de animais de estimação, como cães e gatos.

Ante a evolução dos conhecimentos científicos, sabemos que os animais são seres possuidores de características semelhantes aos humanos e estão sujeitos a sensações muito parecidas, o que nos deve tornar mais sensíveis no trato com eles, criando assim leis de proteção.

Em suma, como se pode concluir destas breves análises, a legislação federal brasileira é consideravelmente ampla e contém alguns dispositivos capazes de tutelar de maneira eficiente, se não todos, pelo menos alguns direitos significativos dos animais, o que, como pôde ser visto nos julgados supracitados, tem acontecido e, desta forma, livrado os mesmos de maus-tratos e sofrimentos absolutamente desnecessários.

Entretanto, faz-se totalmente relevante a necessidade de conscientização da sociedade como um todo, pois, caso se observe por analogia a situação em tela, os animais são sujeitos de direitos e, portanto, têm que ser respeitados, podendo ser comparados, sem o risco de parecer exagero, com o próprio ser humano, se fosse lesado num direito que lhe fosse legalmente garantido.

CONCLUSÃO

Observa-se que no decorrer do tempo o homem sempre utilizou os animais, dependendo deles para a sua sobrevivência, o que os torna importantíssimos colaboradores; porém, nem sempre foram bem tratados, sendo expostos muitas vezes a enormes sacrifícios e atrozes crueldades, porquanto são muitos os animais utilizados até os limites de suas forças e depois mortos, diversas vezes insensivelmente e de forma bárbara e atroz.

Contudo, nos últimos tempos, mormente, a humanidade tem se sensibilizado em relação às ações de maus-tratos e crueldade contra animais, tanto que em diversas partes do mundo busca-se encontrar regras mais "humanas" de abate, bem como de proibição a atos que embutam aos animais inúteis sofrimentos.

Do mesmo modo, também recentemente consolidou-se em muitos segmentos da sociedade o entendimento de que os animais devem ser realmente protegidos contra maus-tratos e crueldade, surgindo movimentos, campanhas e até ações judiciais nesse sentido.

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Em muitos países já existem leis protetivas aos animais, no sentido de evitar que sejam maltratados. Na legislação atual, maltratar animais, quer sejam eles domésticos ou selvagens, como também já citado, caracteriza crime ambiental, conforme art. 32 da Lei 9.605/98, com detenção de três meses a um ano, e multa, para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.

Também constitui crime previsto na legislação citada abdicar animais de estimação, infligindo-lhes fome e desabrigo, já que dependem do seu dono para sobreviver. Quanto aos animais silvestres, não estão fora da proteção legal, de modo que ações cruéis contra eles também constituem crime.

Destarte, o tratamento cruel aos animais, quaisquer que sejam eles, além de demonstrar um alto grau de insensibilidade do ser humano, é crime. Apesar de já ter chegado o século XXI, ainda existe grande crueldade, sem a menor consideração com colaboradores tão importantes para a vida do homem.

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