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PROJETOS DE TRABALHO NO ENSINO BÁSICO: EXPERIÊNCIAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

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Academic year: 2021

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PROJETOS DE TRABALHO NO ENSINO BÁSICO: EXPERIÊNCIAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Claudia Lisete Oliveira Groenwald claudiag@ulbra.br

Universidade Luterana do Brasil, Brasil Modalidade: CB

Nível Educativo: Ensino Fundamental Tema: Formación de professores y maestros

Palavras-chave: Educação Matemática. Projetos de aprendizagem. Metodologia de ensino.

Resumo

Esta conferência vai levantar a discussão e reflexão sobre o uso da metodologia de projetos de aprendizagem. A realização de projetos escolares possibilita aprendizagens significativas, permitindo ao aluno ampliar a compreensão de conteúdos já trabalhados e descobrir outros através das experiências vivenciadas na realização da investigação. Os alunos, na realização dos projetos, desenvolvem uma atitude de investigação e passam a perceber a Matemática ao seu redor, o que influi de maneira significativa nos resultados da aprendizagem escolar.

Conferência

Azcárate (1997) indica que a Matemática que os alunos necessitam para compreender o mundo atual implica saber formular problemas, interpretá-los, desenvolver um sistema de ações que permitam enfrentar os problemas detectados, contrastarem idéias, métodos e soluções, saberem comunicar os resultados e tirarem conclusões do processo de forma clara, rigorosa e precisa.

Além disso, cada vez mais, é exigido dos indivíduos a capacidade para ler, escrever e falar na sua língua materna, efetuar cálculos e resolver problemas do dia-a-dia, cumprindo as tarefas que lhe são exigidas tanto no emprego como na sociedade. O conjunto dessas capacidades denomina-se literacia. No estudo internacional PISA (Programme for International Student Assessment), considerado o maior estudo já desenvolvido sobre as competências dos alunos que terminam a escolaridade obrigatória, encontra-se o conceito de literacia mais abrangente e mais exigente, aparecendo três vertentes específicas: literacia em Leitura, literacia Matemática e literacia Científica.

A Matemática escolar não pode se limitar a ensinar os conceitos que estão nos programas dessa disciplina, mas deve possibilitar o desenvolvimento dos pensamentos que se colocam em funcionamento, como abstração, demonstração, raciocínio através

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de hipóteses, resolução e elaboração de problemas. Importante salientar o que afirma D’Amore (2005), a aprendizagem Matemática não é apenas construção de conceitos, mas envolve três tipologias de aprendizagens distintas, com intersecções, que são: aprendizagem conceitual, aprendizagem de estratégias (resolver, demonstrar,...) e aprendizagem algorítmica (calcular, operar,...). Cantoral et al (2000) propõem, como forma de aprender significativamente, que os alunos reconstruam os conceitos, que a aprendizagem aconteça de forma ativa e através do descobrimento dos conceitos, que sejam eles a descobrirem e a proporem formas de resolver os problemas. Salientam, também, que a função do professor é a de guiar a aprendizagem, de propor atividades que coloquem os alunos frente às dificuldades inerentes ao novo conceito e que seja capaz de proporcionar ferramentas para superar as dificuldades encontradas, quer dizer, de incentivar o processo de pensamento, de tal maneira que lhe permitam enfrentar novas situações e proporem soluções. Para os autores, isso significa dar aos estudantes um papel mais ativo no seu processo de apropriação do conceito, conferindo-lhes uma maior responsabilidade.

Logo, para desenvolver um ensino comprometido com as necessidades atuais é fundamental a utilização de metodologias que possibilitem o desenvolvimento de competências para formar um aluno cidadão e comprometido. Entende-se que a Matemática pode e deve contribuir para um currículo cujo processo de ensino e aprendizagem esteja em consonância com esses princípios e valores. Neste contexto, os projetos de trabalho apresentam-se como uma forma que permite tratar de situações reais em sala de aula de forma interdisciplinar, permitindo assim, segundo Nogueira (2001), conferir significados a conteúdos que possuem, aparentemente, apenas vida acadêmica, possibilitando também uma ampliação nos objetivos escolares do professor e da escola, favorecendo a inclusão, no planejamento escolar, de temas relevantes por sua urgência social.

O método de projetos pode ser definido como uma busca organizada de respostas a um conjunto de interrogações em torno de um problema ou tema relevante do ponto de vista social, individual ou coletivo, o qual pode ser trabalhado dentro e/ou fora da sala de aula com o trabalho cooperativo envolvendo a comunidade escolar. Hernández (1998) define o método de projetos como procedimentos que dizem respeito ao processo de dar forma a uma idéia que está no horizonte, que favorecem o ensino por compreensão, a subjetividade, a contextualização, o trabalho ativo por parte do aluno e a atitude de

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avançar, pois, além de interpretar os dados, os estudantes devem apresentar argumentos a favor do tema pesquisado ou contra ele, isto é, argumentando e posicionando-se. O desenvolvimento de projetos representa uma forma de colocar os alunos em contato com uma Matemática aplicada à realidade, que nem sempre é explorada na sala de aula. Este tipo de metodologia permite, ao aluno, raciocinar, conjeturar, levantar hipóteses, coletar, organizar, representar e analisar dados, desenvolver o espírito crítico, ou seja, permite a entrada em um mundo da Matemática não só de regras e fórmulas a aplicar. A realização de projetos escolares possibilita aprendizagens significativas, permitindo ao aluno ampliar a compreensão de conteúdos já trabalhados e descobrir outros através das experiências vivenciadas na realização da investigação. Os alunos, na realização dos projetos, desenvolvem uma atitude de investigação e passam a perceber a Matemática ao seu redor, o que influi de maneira significativa nos resultados da aprendizagem escolar.

A proposta de educar pela pesquisa, segundo Demo (2000) tem quatro pressupostos fundamentais: a certeza de que educar pela pesquisa é o mais adequado na educação escolar; o reconhecimento de que o questionamento reconstrutivo com qualidade formal e política é o cerne do processo de pesquisa; a necessidade de fazer da pesquisa uma atitude cotidiana no professor e no aluno; a definição de educação como processo de formação da competência histórica humana.

Martins (2003) considera os projetos como propostas pedagógicas, interdisciplinares, compostas de atividades a serem executadas por alunos, sob a orientação do professor, destinadas a criar situações de aprendizagem mais dinâmicas e efetivas, pelo questionamento e pela reflexão. Os projetos de trabalho, por sua própria concepção, ultrapassam o campo específico de uma disciplina e, na opinião de Villela (1998), apresentam-se como alternativa metodológica que permite integrar conteúdos de diferentes disciplinas, que se relacionam naturalmente, na tentativa de solucionar e compreender um problema.

Os objetivos da metodologia de projetos podem ser sintetizados segundo Groenwald, Kaiber e Mora (2004):

• o trabalho em grupo, dentro da idéia sobre projetos, impulsiona a capacidade de trabalhar cooperativamente, levar em conta séria e solidariamente os companheiros de trabalho, a reflexão sobre atitudes egoístas, próprias da sociedade altamente individualista e a produção de resultados como produto da ação coletiva;

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• a escolha das temáticas e o planejamento de situações problemáticas passam pela discussão crítica coletiva, na qual se respeita a opinião de cada participante;

• o trabalho intensivo e a resolução de problemas impulsionam o pensamento complexo estrutural dos estudantes, o qual se manifesta na elaboração de estratégias de solução que podem ser aplicadas a outras situações similares;

• que os participantes partam de diferentes perspectivas, baseados em um processo investigativo, encontrando respostas adequadas a uma variedade de interrogações que envolvem a temática.

No desenvolvimento de um projeto, é possível estabelecer relações entre a teoria e a prática da aprendizagem (MARTINS, 2001), adotar uma atitude positiva de trabalho e de curiosidade frente ao novo (VILLELA, 1998) e ampliar as perspectivas e os objetivos da educação. Gandin (2001) chama atenção para as diferentes possibilidades que se abrem frente a um projeto de trabalho, como o estudo de temas vitais, de interesse dos alunos e da comunidade, permitindo a participação de todos e abrindo espaço ao fazer, condição básica para existência de um projeto. Os projetos de trabalho, para esse autor, abrem perspectivas para a construção do conhecimento a partir de questões reais, possibilitam a experiência da vivência crítica e criativa e ajudam o educando a desenvolver as capacidades de observação, reflexão e criação, pois criam um clima propício à comunicação, à cooperação, à solidariedade e à participação.

Para que o trabalho com projetos tenha resultados satisfatórios, é importante seguir algumas fases, pré-estabelecidas e organizadas. As fases são, segundo Groenwald, Silva e Mora (2004): iniciativa, discussão, planejamento, desenvolvimento, apresentação dos resultados e avaliação.

Na fase da iniciativa, tanto os alunos como os professores assumem a elaboração de um projeto, debatendo temáticas que sejam do interesse dos estudantes e que se relacionem com suas experiências. Essa fase é muito importante, porque, se o tema escolhido atende a esses princípios, serve de motivação aos alunos para o desenvolvimento, com êxito, das aprendizagens a serem realizadas durante a realização do projeto. Nessa fase, todas as ideias devem ser levantadas, prevalecendo a democracia participativa entre os diferentes componentes envolvidos, como alunos, docentes, escola e comunidade. Na discussão, deve-se debater, sob diferentes pontos de vista, o tema escolhido para a realização do projeto. Cada participante deve ter a possibilidade de expressar sua opinião ou ponto de vista em torno do tema. Cada aluno deve estar consciente do seu

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experiências. Trata-se de chegar a um acordo em relação ao planejamento do trabalho, a observação de um conjunto de regras sociais necessárias para o êxito do trabalho. O objetivo é a elaboração de um conjunto de ideias, levando em consideração as propostas de cada participante, os recursos necessários e as estratégias de trabalho.

No planejamento, é organizado um cronograma de atividades, os procedimentos que devem ser realizados e quem os realiza. A partir da variedade de ideias e sugestões apontadas por todos os participantes na fase anterior, passa-se à elaboração de um plano de trabalho realizável em um tempo previsto. Nessa etapa cada integrante deve indicar sugestões e iniciativas, de acordo com suas possibilidades e potencialidades. Igualmente, é muito importante que todos os participantes assumam uma conduta ativa e tenham clareza de qual será o seu papel, em cada uma das atividades. Os detalhes do plano de trabalho devem ser publicados, de tal maneira que todas as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente no projeto, tenham acesso imediato a ele. Estabelecem-se as fases, os prazos, os subgrupos, a bibliografia e os recursos materiais, humanos e técnicos. Também, é de extrema importância estabelecer as razões pelas quais se decidiu optar por um assunto em especial e estar ciente de que o planejamento de um projeto é um instrumento flexível, que deve sofrer modificações em seu desenvolvimento, adaptando-se às dificuldades e às novas dúvidas que poderão surgir. Espera-se que o aluno, ao trabalhar com um tema de seu interesse e relevante para a comunidade na qual ele está inserido, consiga construir seu conhecimento de forma prazerosa e transformadora, através da integração, cooperação e criatividade, tendo em vista a construção do cidadão competente e produtivo.

O desenvolvimento é a fase onde se executa o planejado. As informações pesquisadas devem ser compartilhadas e discutidas pelos membros do grupo ao qual pertencem. Igualmente, cada grupo se responsabilizará pela apresentação dos resultados de seu trabalho parcial para todos os membros da sala de aula. Dessa maneira, poderão ser discutidos, com maior profundidade, os avanços, inconvenientes e novas ideias surgidas da realidade investigada.

A apresentação dos resultados deve ser à comunidade escolar, através de um trabalho escrito, de um pôster ou de outra maneira que exija o envolvimento dos alunos na apresentação. Essa etapa é importante para a socialização dos conhecimentos adquiridos e ampliação através do debate com o público.

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Na fase de avaliação, devem-se definir as formas de avaliação da atividade realizada pelos alunos, podendo ser realizada pelo professor, por outros professores ou outros envolvidos, além do próprio aluno.

Para alcançar com sucesso os objetivos e atingir um real crescimento dos alunos, todas as etapas devem ser elaboradas e cumpridas, tendo, sempre, um espaço para reflexão, ação e novamente reflexão, modificando o planejamento cada vez que o grupo sentir necessidade, sem que se perca de vista o objetivo final, traçado no início do planejamento.

O trabalho matemático desenvolvido nas escolas deve ser real e útil para a vida e as metodologias aplicadas em sala de aula são fundamentais para um ensino significativo. Assim, o trabalho com projetos de trabalho, na disciplina de Matemática, assume um papel relevante, os alunos constroem e socializam conhecimentos relacionados a problemas da realidade, a temas de interesse da comunidade, considerando suas experiências, a coleta de dados realizada, a análise, a crítica e avaliação desses dados, a discussão com seus colegas de aula e a tomada de posição relativa ao problema pesquisado.

A Educação Matemática deve ser desenvolvida visando um ensino comprometido com as transformações sociais e a construção da cidadania, contando com a participação ativa do aluno no processo de ensino e aprendizagem em um contexto de trabalho em grupo e não individual. Deve basear-se em um ensino que torne a Matemática significativa para o aluno, vinculando-a a realidade, na utilização de recursos específicos e um ambiente que propicie o desenvolvimento de seqüências metodológicas que levem o aluno a construir seu próprio conhecimento.

Em relação ao ensino da Matemática é possível perceber uma dificuldade muito grande em superar a organização linear dos conteúdos, o que leva à práticas que evidenciam um tratamento acadêmico dos mesmos. Quando centrada em si mesma, isolada, sem conexões entre seus próprios campos ou outras áreas do conhecimento a Matemática pouco contribui para a formação do aluno em outros aspectos que não seja o domínio de conteúdos. Integrar os temas de relevância social à Matemática permite romper essa estrutura e esta integração pode se concretizar nos projetos educativos.

O desenvolvimento de projetos de trabalho possibilita que os alunos desenvolvam as competências de: manter-se atualizado; trabalho em grupo; estudo independente; raciocínio lógico; relacionar conhecimentos; ler, interpretar e resolver problemas;

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Ao adotar a metodologia de projetos de trabalho os professores podem educar pela pesquisa, permitindo aos alunos romperem com o estudo que se faz através de um currículo linear, fazendo-os dar significado a Matemática, enxergando-a no seu cotidiano. Não se quer afirmar que a implementação de projetos seja a solução para os problemas enfrentados na Educação Matemática, mas o que se quer demonstrar é que é possível e está as alcance dos professores e das escolas a execução de projetos significativos para a aprendizagem dos alunos.

Referências Bibliográficas

AZCÁRATE, Pilar Goded. (1997). Que matemáticas necesitamos para comprender el mundo actual? Investigación en la Escuela. Sevilha, n.32, p. 77-85.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. (1998). Parâmetros curriculares

nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília:

MEC/SEF.

CANTORAL, Ricardo et al. (2000). Desarrollo Del pensamiento matemático. México: Trillas.

D’AMORE, Bruno. (2005). Epistemologia e didática da Matemática. São Paulo: Escrituras.

DEMO, Pedro. (2000). Educar pela Pesquisa. Campinas: Editora Autores Associados. GANDIN, Adriana Beatriz. (2001). Metodologia de projetos na sala de aula: relato de

uma experiência. São Paulo: Loyola.

GROENWALD, Claudia Lisete O. e SILVA, Carmen Kaiber da e MORA, Castor David. (2004). Perspectivas em Educação Matemática. ACTA SCIENTIAE, Revista de Ciências Naturais e Exatas. Volume 6, número 1, Jan/Jun 2004. 37-55.

HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. (1998). A organização do currículo

por projetos de trabalho. 5.ed. Porto Alegre: Artmed.

MARTINS, Jorge Santos. (2001). O trabalho com projetos de pesquisa: do ensino

fundamental ao ensino médio. Campinas, SP: Papirus.

MORA, David. (2004). Aprendizaje y enseñanza: proyectos y estrategias para una

educación matemática del futuro. La Paz: Campo Iris.

STEEN, L. A. (2001). Mathematics and Democracy: The case for Quantitative

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Referências

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