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O esquema de Segurança e Defesa Nacional exige restabelecimentos urgentes Lunes 02 de Mayo de :59

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     Análisis del conflicto colombiano

    A retirada irregular do serviço ativo do general Gustavo Matamoros, após as revelações jornalísticas de eventuais fissuras na cúpula militar e um permanente frenisi noticioso e especulativo em torno do tema, deixa em evidência problemas estruturais acumulados que afetam o conjunto da Segurança e da Defesa Nacional, por falta de conhecimento técnico de sucessivos ministros de Defesa civis, limitada formação estratégica de alguns comandos militares, altos índices de desinformação pública e ausência de objetivos nacionais. 

    Dentro desse contexto saltam aos olhos dez pontos-chaves, todos de suma gravidade e portanto, de urgente solução tais como: inexistência de uma lei concreta e integral de defesa nacional, ausência absoluta de objetivos nacionais, inexistência do Serviço de Mobilização e Controle de Reservas, ausência total de uma estratégia integral de cooperação civil-militar, carência de uma estratégia de guerra psicológica, desconhecimento do Plano Estratégico das FARC, eventual agressão militar do governo chavista, nem os militares entendem de política nem os civis sabem de defesa nacional, a Polícia Nacional é uma roda solta na segurança nacional e dúvidas acerca da contratação e aquisição de equipamento militar.

     1. Inexistência de uma lei concreta e integral de defesa nacional 

     Em que pese a que desde seu nascimento como República independente a Colômbia tem vivido em meio de guerras civis, rebeliões, levantes armados partidistas, barbárie política, terrorismo comunista e narco-terrorismo, em nenhuma das etapas da república houve uma lei de defesa nacional projetada no tempo e enfocada com visão estratégica integral, para

pacificar os espíritos e evitar o inútil derramamento de sangue.

    Por desgraça, amplos setores da sociedade colombiana acreditam que a guerra do narco-terrorismo comunista contra a Colômbia é um problema de militares e guerrilheiros. E que a paz é um assunto do presidente com os chefes dos bandidos. Sem lei de defesa nacional que obrigue todos os mandatários e congressistas a seguir uma linha única de

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comportamento neste aspecto, a Colômbia encenou anistias, armistícios, desmobilizações parciais de guerrilheiros, enfrentamentos militares, todos eles matizados pela indolência generalizada em nível nacional. 

     Nesse ambiente de desinformação, o país suportou extensos períodos de Estado de Sítio, Estados de Exceção, Estatutos de Segurança e outras medidas impositivas, nas quais o

Exército Nacional não só deu elevadas quotas de sangue e sacrifício, senão que em reiteradas ocasiões salvou a república, quer dizer, apagaram as fogueiras de sangue e violência

desatadas pelo nunca saciado apetite voraz dos dirigentes políticos de turno.

    Para cúmulo dos males, em 1991 o então presidente César Gaviria desembaraçou a insaciável voracidade politiqueira característica dos governantes colombianos. Preocupado porque o Ministério da Defesa era um filão para inserir mais burocracia e assim devolver favores aos caciques políticos que o ajudaram a elegê-lo, e que ali se manuseia um vultoso orçamento, conotação especial para todo político colombiano, urdiu a fantasiosa versão de que os militares e policiais necessitavam de um ministério de defesa civil, para que os

representasse na vida política nacional.

    Pouco tempo depois, Gaviria e seu despreparado ministro da Defesa, Pardo Rueda, fizeram o ridículo e a vergonha histórica para o país ao permitir, com sua inaptidão e

desconhecimento de temas de segurança, que o narco-traficante Pablo Escobar fugisse de seu auto-confinamento em um cárcere imaginário que parecia um hotel de cinco estrelas

consentido pelo governo nacional.

    Finalmente, para os dirigentes políticos acostumados a usufruir do erário público como reis, o Exército e as demais Forças Militares foram vistas como um mal necessário ou algo que deve existir para garantir sua tranqüilidade e riqueza, sem se importar se há que agredi-los ou manipulá-los de acordo com suas conveniências políticas como aconteceu, por exemplo, com o atual Presidente Santos, que em seu afã de chegar ao poder, quando era ministro da Defesa se apropriou das exitosas operações militares Xeque e Fênix, mas escapuliu da

responsabilidade nas supostas execuções extrajudiciais. 

    Desde sempre a legislação colombiana em torno da defesa nacional gravitou na esfera política partidista e na miopia das conveniências grupais do momento. A Constituição de 1886 deu pela primeira vez sustento legal às instituições castrenses, porém as paixões e ódios parcializados afundaram o país em quase oito décadas de sangrentos enfrentamentos

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armados propiciados pelos diretórios Liberal e Conservador, até que em 1964 o Ministério da Guerra, sob o comando do General Alberto Ruiz Novoa, erradicou este problema.

    Não obstante o triunfo militar do Estado Colombiano contra as quadrilhas bi-partidistas, o Partido Comunista Colombiano se lançou à tomada do poder político por meio da combinação de todas as formas de luta, no preciso momento em que o comando militar da época,

encabeçado pelo general Ravéiz Pizarro, urdiu uma trama contra Ruiz Novoa semelhante à de 2011 contra Matamoros Camacho. Então, o Exército perdeu a iniciativa operacional acrescido de que nenhum dos governos desde essa época até os dias de hoje, formulou uma lei de defesa nacional de acordo com os desafios do conflito interno e da eventual agressão internacional.

    O ponto crítico do tema é que na Colômbia nem sequer existe clareza do que é a defesa nacional, nem porque é necessário tê-la ativa por agressão externa, comoção interior ou

ataques sistemáticos contra a institucionalidade, a soberania nacional e a integridade territorial. A isto acrescenta-se que o Conselho Superior da Defesa Nacional não se reúne, não dirige a política de Defesa, nem todos que o integram são experts na matéria e tampouco conhecem os alcances do Plano Estratégico das FARC, pois carecem de informação de inteligência

estratégica e de visão macro do problema.

    2. Ausência absoluta de objetivos nacionais

    A ausência de uma lei orgânica e consistente de Defesa Nacional radica em que a

Colômbia adoece de patriotismo coletivo por falta de objetivos nacionalistas. Nunca, nem agora nem antes, os ministérios trabalharam em equipe com vistas a unificar os objetivos finais, pois os planos de governo de turno tiveram matiz pessoal e não visão de Estado.

    Apenas como exemplo, a esquiva paz foi manejada não como um propósito nacional, senão como uma intenção pessoal de cada quatriênio. Os presidentes Andrés Pastrana e Belisario Betancur viram a paz como a oportunidade egocêntrica para apoiar-se em cenários internacionais, como o Prêmio Nobel da Paz ou a Secretaria Geral da ONU.

    Do mesmo modo ocorre com a política de fronteiras, a investigação científica, a cobertura educacional, os planos de casa própria, a infra-estrutura viária, a geração de empregos, ou o

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fomento das empresas, campo no qual nem sequer o país desenvolveu um artigo específico para se posicionar no entorno hemisférico.

    Uma das razões que explicaria a carência de objetivos nacionais é que nem as Forças Militares, nem as universidades, nem os meios de comunicação têm especialistas em

Geopolítica e Geoestratégia. Por não haver especialistas, tampouco há escolas formais, nem muito menos doutrina que incentive entre os colombianos desde a juventude a importância e o valor geopolítico de cada uma das cinco regiões naturais em que se divide o país. E isto faz o círculo vicioso com a falta de patriotismo.

   Sem pensamento geopolítico, tampouco pode-se entender nem desenvolver o potencial agropecuário da região andina, ou o potencial turístico e pesqueiro do Caribe e do Pacífico, etc. Nem se podem desenhar os programas educacionais técnicos e universitários aos quais

deve-se enfatizar a capacitação integral dos estudantes, ligados aos objetivos do desenvolvimento nacional.

    O serviço militar obrigatório é considerado pelas camadas sociais quatro, cinco e seis, não como a contribuição individual à defesa nacional e o fortalecimento da institucionalidade, senão como uma perda de tempo. Se por força das circunstâncias algum jovem das camadas altas é incorporado ao serviço jurando bandeira, seus familiares procuram intrigas políticas para que ele não vá ao combate, ou para que seja levado à península do Sinaí como tradutor, para que de alguma maneira passeie com os recursos do erário nacional.

    A maioria dos colombianos das camadas cinco e seis acreditam que a guerra contra o narco-terrorismo comunista deve ser combatida pelas camadas um, dois e três, que atenta contra suas propriedades e privilégios. Não é um problema que diga respeito aos donos do poder, pois ademais são muito escassos os presidentes, governadores, ministros ou

embaixadores que tiveram alguma vinculação com as Forças Militares.

    3. Inexistência do Serviço de Mobilização e Controle de Reservas

    Chama a atenção que desde há cinco décadas a Colômbia enfrenta uma guerra declarada pelo narco-terrorismo comunista contra a institucionalidade e a ordem vigente, porém, em contraste, o país não se mobilizou como tal para derrotar os agressores e pacificar o território

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nacional.

   A Colômbia não se mobilizou por duas razões básicas: primeiro, porque são muito poucos os colombianos, inclusive os altos oficiais das três Forças Militares, que estudaram o tema da mobilização para a Defesa Nacional. E segundo, porque existe o serviço de recrutamento que incorpora jovens nas fileiras militares e define a situação militar dos outros, mas não há uma entidade que sistematize os dados dos reservistas, os organize em unidades de reserva ou os classifique por especialidades.

    Muito menos há alguma instituição oficial que tenha à mão o controle sistematizado de dados cruciais para ativar a segurança nacional, por exemplo, quotas hospitalares, médicos e para-médicos disponíveis, empresas de produção de vestuário e alimentos, indústrias

metalúrgicas, estatísticas de equipamentos de comunicação em mãos de particulares, homens e mulheres em idade militar aptos para o serviço, etc.

    A prolongada guerra contra o narco-terrorismo comunista e a desacertada concepção político-estratégica como foi conduzida, impediu que nas escolas de capacitação e nas unidades operacionais se desenvolvam jogos de guerra para mobilizar tropas para os teatros de operações, de acordo com as hipóteses de agressão externa contra o país.

    E como não há serviço de mobilização estruturado tampouco há projeção estratégica no apoio e na previsão logística, assunto transcendental e definitivo para as operações militares. A duras penas há uma previsão aproximada e inexata para as dotações atuais das tropas, que toda a vida foram insuficientes, como por exemplo, o limitado serviço de saúde militar que nem sequer é ótimo para os feridos em combate.

     Isto incidiu em que a qualidade humana e profissional de oficiais e sub-oficiais tenha diminuído, pois muitas pessoas com altos coeficientes intelectuais e habilidade para o exercício do comando, que pudessem ser brilhantes comandantes de tropa, não têm acesso à carreira das armas.

     Ademais, isso influiu na incorporação de soldados com problemas sociais e psicológicos graves, que mais adiante refletem-se em atuações irregulares de algumas tropas. E isto forma um círculo vicioso com o complexo manuseio pessoal que não situa os quadros de comando

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dentro de suas especialidades ou não acerta nas políticas ao longo prazo para as substituições e destinações, ou o que é básico, o bem-estar familiar dos uniformizados. 

      4. Ausência total de uma estratégia integral de cooperação civil-militar

    Em que pese a doutrina internacional da guerra revolucionária e contra-revolucionária agora definida dentro do critério de assimétrica, contemple nos manuais de operações em teatros irregulares ganhar o apoio da população civil, esta promessa continua engatinhando frente a realidade do conflito colombiano.

      A explicação é simples. As autoridades regionais e municipais não identificam o problema estrutural do narco-terrorismo comunista como algo próprio, senão que de maneira

irresponsável e facilitadora o transferem para o governo central, com o argumento de que eles não têm recursos para ajudar na pacificação dos espíritos, em que pese os terroristas sejam oriundos de seus municípios e estados, e à qual as quadrilhas se desenvolvem em suas regiões, com ênfase onde a corrupção entronizada impediu a chegada do desenvolvimento sócio-econômico integral.

     Apesar de que já se vão 50 anos de guerra contra as FARC, o ELN, o EPL e outros bandidos, nem o governo nacional, nem a Ministério de Defesa, nem nenhum dos demais ministérios envolvidos no problema geraram uma estratégia integral de cooperação civil-militar na qual, da mão dos soldados, os dirigente regionais e locais integrem as comunidades ao desenvolvimento nacional, ao conceito do patriotismo e aos critérios estruturais da defesa nacional.

     Pelo contrário, nos anos sessenta a ação cívico-militar fortalecida com o Plano Laço para pacificar o país, foi vista pelos dirigentes políticos como uma forma perigosa da presença militar na sociedade pela suposta eventualidade de um golpe de Estado, não porque suprimisse as liberdades civis, senão porque tirava as prebendas de sempre dos partidos Liberal e Conservador.

     Com o passar do tempo e o desenvolvimento dos grupos terroristas, os prefeitos e governadores deixaram de lado a ação cívico-militar que só é desenvolvida pelos militares de maneira localizada, sem que corresponda a um plano estratégico nem a uma programação

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mantida. Assim, o governo nacional e as Forças Militares perderam a oportunidade de

conseguir o apoio solidário e decidido da população civil e, evidentemente, de impedir que os terroristas convençam mais incautos para envolvê-los em suas quadrilhas. 

      5. Carência de uma estratégia de guerra política

      Assim como não há estratégia concreta de cooperação cívico-militar, tampouco há um plano articulado de ação psicológica dentro e fora do país, para que o mundo inteiro conheça as barbaridades que os narco-terroristas cometem.

    A prova disso é que “Colombianos pela Paz”, o Foro de São Paulo, os governos

proto-terroristas da região e os partidos comunistas do continente, conchavados com uma série de organizações não-governamentais esquerdistas financiadas pelo governo venezuelano, procuram em todos os cenários possíveis a legitimação das FARC e a possibilidade de que estes delinqüentes cheguem ao poder na Colômbia.

    Ou pelas armas ou por meio de artimanhas políticas, sem que a resposta do governo colombiano seja proporcional a agressão. Pelo contrário, cônsules e embaixadores limitam-se a viver das doçuras do exílio dourado da diplomacia, sem fazer o mais mínimo esforço para se opor à presença midiática internacional das FARC.

     Os computadores apreendidos do terrorista Raúl Reyes no acampamento que as FARC tinham no Equador, com a anuência do presidente Rafael Correa, deixaram a descoberto uma inteligente e audaciosa estratégia integral de guerra política e psicológica da esquerda

internacional, mediante um sistemático complô contra a Colômbia. 

      Apesar de ter este tesouro informativo somado a dezenas de computadores apreendidos dos terroristas, o governo nacional deu um manuseio torpe à informação encontrada, até o extremo de que não há denúncias ante as Cortes Internacionais contra os governantes

pró-terroristas mancomunados com as FARC. Nem sequer as Forças Militares que combatem contra os terroristas conhecem os conteúdos destes computadores e das memórias eletrônicas apreendidas.

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     Mesma situação ocorre com milhares de desertores e capturados das FARC e ELN, cujos testemunhos não são empregados de forma adequada para processar os cabeças ou para produzir documentos escritos, eletrônicos ou audio-visuais para convidar os demais terroristas à deserção e reduzir a propaganda comunista que induz os jovens a se tornarem guerrilheiros.

      Outros temas como o recrutamento de menores, as barbaridades contra a mulher na

guerrilha,  os seqüestros de civis e

militares , atos terroristas

sistemáticos contra a população civil, o

narcotráfico

, etc., não são explorados na devida dimensão, porque existe o conceito errôneo de que o assunto já foi publicado por algum meio de comunicação e isso já é suficiente.

     A propaganda institucional contra o narco-terrorismo é elaborada sem critérios científicos e sem o conceito macro de campanhas. No geral, são temas isolados e independentes sem conexão com outros trabalhos, ou com temas generalizados que não correspondem às características regionais ou locais de cada quadrilha.

     O trabalho das emissoras institucionais não corresponde a uma direção estratégica ou um plano estrutural, senão a condições particulares de cada estação, o que indica que tampouco se articula a um plano geral.

     Nenhuma das publicações militares obedece a uma linha editorial ou a um plano a longo prazo para fortalecer a formação profissional dos quadros de comando. São documentos circunstanciais, sem conexão com o anterior e sem o propósito para o qual foram criados.

     A isto soma-se o fato de que não há escritores militares, nem historiadores militares, nem estímulos para que alguns oficiais e sub-oficiais se dediquem a investigar e escrever para a história o rico conteúdo da guerra contra o narco-terrorismo, ou a atualizar os manuais, ou a trabalhar na campanha da guerra midiática que a Colômbia necessita para fazer frente à ação integral das FARC e seus cúmplices.

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     Com exceção dos especialistas do alvo FARC em inteligência militar, são muito poucos os militares e civis que conhecem o Plano Estratégico das FARC e seus alcances. Sem exceção, todos os ministros de Defesa civis, desde 1991 até a data de hoje, passaram pelo cargo sem conhecer este plano. Os meios de comunicação tampouco o conhecem, em que pese todos os dias reportem eventos relacionados ao conflito. E nas universidades não se tem dado a devida importância a este tema. 

     A chamada sociedade civil está desinformada a respeito: sem fundamentação patriótica e sem informação adequada e básica da defesa nacional, da importância geopolítica das regiões afetadas pela agressão narco-terrorista, sem compreender a dimensão dos danos à economia e ao eco-sistema que as guerrilhas comunistas causam.

     O desconhecimento do Plano Estratégico das FARC se materializa na inexistência de um plano integral que vincule todos os ministérios, governos estaduais e prefeituras, na necessidade de ganhar a guerra para conquistar a paz. Desde meados da década de sessenta as operações militares, sem apoio dos outros elementos do poder nacional, se desenvolveram com visão limitada de exterminar as quadrilhas de bandoleiros sem acompanhamento de planos de desenvolvimento sócio-econômico. 

     Finalmente, as operações militares concentraram-se em destruir quadrilhas porém não a opor-se ao Plano Estratégico das FARC, nem sua cadeia interna, um erro político-estratégico gritante que infere carência de concepção estratégica da guerra e desconhecimento dos projetos do inimigo. Por esta razão singular, tampouco pôde-se ganhar a guerra.

     7. Eventual agressão militar do governo chavista

     Desde antes de tomar posse como presidente da Venezuela Hugo Chávez exteriorizou sua filiação comunista, sua subordinação à ditadura cubana, sua identidade político-ideológica com as FARC e seu inocultável desejo de atacar a Colômbia para “recuperar” os terrenos de Arauca e Guajira que faziam parte da antiga Capitania Geral da Venezuela, assunto que está incluído na Constituição venezuelana e que implica que o problema entre os dois países não se resolve somente com a saída do linguarudo mandatário Chávez do palácio de governo de Caracas.

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    Os computadores de Raúl Reyes destaparam a realidade de algo que era um segredo inconfessável. Chávez estava comprometido com as FARC a entregar 300 milhões de dólares para que se armassem e lançassem a ofensiva final contra a Colômbia, apoiadas pelas Forças Militares da Venezuela, Equador e Nicarágua, como parte integral do 

Plano Guaycapuro

, coonestado pela UNASUL e o Foro de São Paulo.

    Não obstante a gravidade do assunto, nem o governo nacional, nem o Ministério da Defesa, nem as Forças Militares deram a devida importância ao problema, pois persiste o convencimento de que Chávez é falador e incapaz de levar suas ameaças à prática, embora siga comprando armamento pesado da Rússia, iniciou a carreira atômica, desafia os Estados Unidos em todos os cenários, se alia com governos proto-terroristas do Oriente Médio e está empenhado em desenvolver a estratégia comunista anti-capitalista de “criar mil Vietnames em mil partes”.

     Se a Colômbia não estrutura um plano defensivo com capacidade de dissuasão

representada em armas de manobra, apoio aéreo, artilharia anti-aérea e força de cobertura navais, Chávez se acreditará com patente de corso para atacar a Colômbia, e poderá fazê-lo para despertar nacionalismo, no dia que veja em risco a continuidade de seu mandato e o inevitável reverso de sua futilidade comunista em um mundo globalizado.

      Ademais, a Colômbia não pode confiar em que os Estados Unidos atuariam em sua defesa e apoio porque, além da multiplicidade de problemas internacionais que as Forças Militares norte-americanas encaram, os cabos de Wikileaks demonstraram que neste caso, se imporia outra vez o conhecido pragmatismo gringo de não ter amigos, senão de utilizar a todos que possam cristalizar projetos geoestratégicos.

      8. Nem os militares conhecem política nem os civis sabem de defesa nacional

     Esse desconhecimento mútuo incide em que a cultura de defesa nacional seja nula ou inexistente, além de inadmissíveis prevenções mútuas fundamentadas no convencimento compartilhado do escasso patriotismo civil, e o credo generalizado da insuficiente preparação acadêmica dos uniformizados.

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     Em meio dessa prevenção mútua perde a Colômbia, pois os critérios geopolíticos básicos e a doutrina de segurança nacional ficam relegados a segundo plano, em um país de tendência anti-militarista.

     Por essa mesma razão os orçamentos são bloqueados, não funciona o serviço de mobilização, não há políticas concretas para se opor às ameaças a agressões atuais e potenciais, ou as interferências substanciais à segurança nacional.

    Não há um só graduado do Curso de Informação de Defesa Nacional (CIDENAL) da Escola Superior de Guerra que desenvolva atividades tendentes a fortalecer as relações

civis-militares neste nível para robustecer a segurança nacional. Pelo contrário, esta passagem pelos cursos universitários militares de pós-graduação, só serviu como uma referência a mais de cultura pessoal dos agraciados, ou como um valor agregado para seu currículo.

     Por sua parte, os militares não estudam ciências políticas, nem pela dinâmica da guerra têm tempo ou possibilidade para assistir a mais cursos, mestrados, pós-graduações ou

doutorados em ciências militares, sociais ou políticas, limitados só ao que estudam nos cursos de ascensão ou o que cada um possa ler por sua própria conta.

    Isto implica dizer que os militares colombianos não conhecem os meandros da política regional, têm vaga informação acerca dos fenômenos geopolíticos e geoestratégicos

hemisféricos ou globais e, de um modo geral, estão isolados do mundo acadêmico, social e político que no final manuseiam os assuntos de segurança nacional sem conhecê-los. 

     9. A Polícia Nacional opera como uma roda solta na segurança nacional

     O caso da Polícia Nacional colombiana é sui generis. É uma força armada civil que, em contraste com sua função de segurança cidadã e convivência com a comunidade, também desenvolve operações militares, porta armas de guerra, porém se recusa a

militarizar-se ou submeter-se ao comando e controle da unidade militar de sua jurisdição, tem foro militar e em assuntos penais internos se guia pela Justiça Penal Militar.

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     Sua função primordial é a segurança civil, porém, por ter milhares de agentes comprometidos no controle de trânsito, policiais de rodovias, turismo, aduanas, Instituto Penitenciário da Colômbia (INPEC), conselhos distritais, governos de estados, congresso da república, ministérios, etc., abandonou sua missão e permitiu que a delinqüência cresça em contraste com as cifras oficiais que apresentam.

     Por ausência de uma lei clara e precisa de Defesa e Segurança Nacional, o Diretor da Polícia está no mesmo nível do Comandante das Forças Militares, situação errônea pois o coloca acima do Exército, da Força Aérea e da Armada (Marinha).

     Por iniciativa de alguns oficiais da ativa e da reserva sugeriu-se passar a Polícia Nacional ao Ministério do Interior, e inclusive alguns mais ousados propuseram criar o Ministério de Segurança Interior dirigido pela Polícia que cooptaria o DAS, o INPEC e a vigilância privada.

    Soma-se a isto com incidência negativa que, desde a assinatura do Plano Colômbia, a Polícia Nacional não só converteu-se no principal receptor da ajuda norte-americana na luta contra as drogas, senão na Força privilegiada com a informação de inteligência técnica que facilitou os golpes mais contundentes contra os cabeças das FARC, com a circunstância

agravante de que este procedimento gerou prevenções inter-institucionais, inconvenientes para o país.

     Urge resolver este problema, determinar a natureza militar ou não da Polícia Nacional, ou separar os corpos policiais que realizam operações militares, tirar as armas de guerra a todas as suas unidades, recolher todos os agentes de polícia dispersos em tarefas alheias à sua missão constitucional e dedicá-los à segurança cidadã. Nada mais.

     10. Dúvidas acerca da contratação e aquisição de equipamento militar

     O escândalo de Fondelibertad e a pouco clara compra de esteiras e motores de menor capacidade para repotenciar os tanques, são apenas duas das muitas dúvidas que se teceram ao redor da contratação de equipamento e municiamento militar, a partir de 1991, quando o Ministério da Defesa começou a ser ocupado por dirigentes políticos civis, carentes

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da formação profissional para exercer este cargo.

     A saída da ministra Martha Lucía Ramírez devido à disputa pessoal que tinha com o general Mora Rangel acerca de quem comprava os abastecimentos das tropas, acrescida à obcecada inclinação de Santos como ministro para adquirir elementos bélicos e assessorias israelenses, centralizar as compras de todos os produtos para o setor de defesa, designar o manuseio das farmácias militares a um só operador, assim como o incremento de cargos

burocráticos em vice-ministros, institutos descentralizados e gastos aberrantes como o de Fond

elibertad

, perfilam uma intenção diferente à de defender politicamente as Forças Militares e a Polícia.

    Do mesmo modo, geram muitas dúvidas as liqüidações por diminuição da capacidade psico-física de altos oficiais que exercem cargos de suma responsabilidade com aparente excelente estado físico, já que para ascender, a instituição e a lei lhes exigem isso.

    Porém, ao se aposentar resultam repletos de inabilidades físicas que significam ingentes pagamentos para o erário nacional e, de maneira curiosa, alguns deles liquidados com

inabilidades permanentes em quase 95%, podem exercer e de fato tomam posse como funcionários públicos de alto nível, em contraste com a suposta inabilidade total que acabam de lhes pagar.

    Enquanto não haja transparência no manuseio do dinheiro do setor de defesa, e enquanto os ministros de Defesa não tenham autoridade moral e caráter para impedir que isto ocorra, tampouco será possível ganhar a guerra nem aclimatar a necessária paz para a Colômbia.

     Conclusões

     1. Durante 20 anos ininterruptos, desde 1991 até 2011, o cargo do Ministério da Defesa foi exercido por funcionários civis sem idoneidade profissional. A inadequada passagem à reserva do general Matamoros é o resultado dessa política errônea, porém, se continuar sem

solucionar os problemas estruturais de fundo, nem será o único nem o último.

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    2. O desconhecimento dos alcances do Plano Estratégico das FARC serviu para prolongar a guerra, incrementar fricções internas dentro das Forças Armadas e dar à Polícia Nacional um campo de ação que não corresponde à sua tarefa primordial de força civil dedicada à

segurança cidadã.

    3. A carência de lei orgânica de Defesa Nacional e a ausência de objetivos nacionais e de estratégias integrais de cooperação cívico-militar e ação psicológica, foram muito negativas para a Colômbia, país carente de patriotismo e de visão geopolítica de seu destino no entorno.

     4. A iminente agressão armada chavista contra a Colômbia, acoplada no Plano Gaycapuro e no Plano Estratégico das FARC, acrescentam-se a cumplicidade do Foro de São Paulo e o interesse dos governos pró-terroristas do continente de ver a Colômbia dentro da esfera da ditadura cubana.

      5. As soluções são de caráter imediato. Ativar o serviço de mobilização não é uma idéia etérea. É uma necessidade inadiável para estruturar a médio e longo prazo os desafios da defesa nacional de um país em guerra.

     6. Urge melhorar a capacitação profissional dos oficiais das Forças Militares em ciências militares como Segurança Nacional, Defesa Nacional, Logística, Estratégia, Geopolítica, Inteligência Estratégica, Mobilização Nacional ou Potencial de Guerra da Nação, etc.

       7. O esmero administrativo é pilar fundamental para qualquer passo positivo à melhoria do esquema de Segurança e Defesa Nacional.

 

Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

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www.luisvillamarin.com

 

Obras del coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

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