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A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA NA CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA EM CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO

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Academic year: 2021

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A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA NA CONSTRUÇÃO DA LEITURA

E DA ESCRITA EM CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO: Um estudo

sobre o acompanhamento sistemático de atividades pedagógicas

Maira Gledi Freitas Kelling Machado1 - UNIVALI

Resumo

Esta pesquisa, diferentemente de outras, se propõe a investigar a avaliação na alfabetização não como o fim, mas como o início do processo. Entende esse processo como um procedimento cíclico que tem a avaliação como o ponto de partida para a aprendizagem, orientando todo planejamento do professor alfabetizador. Portanto, a importância da pesquisa sobre alfabetização é evidenciada, sobretudo pela insatisfação dos índices de reprovação apresentados em diferentes regiões do país. A pesquisa convenciona informações estatísticas de desempenho a partir de momentos diagnósticos de aprendizagens, permitindo inferências que subsidiem uma análise qualitativa. Deste modo, esta pesquisa se propõe a analisar como o acompanhamento sistemático nas turmas de 1º ano e 2º ano do ensino fundamental de nove anos realizado na Rede Municipal de Ensino de Itapema se relaciona com os índices em avaliações institucionais da alfabetização proposta pelo MEC/Inep. Os sujeitos da pesquisa totalizam duzentos e onze (211) alunos matriculados em oito (8) turmas de 1º ano em 2009. Observa-se a existência de intervenções significativas que permitiram o aperfeiçoamento do planejamento e a qualificação da aprendizagem dos alunos.

Palavras-chaves: Alfabetização. Avaliação. Acompanhamento da Aprendizagem.

Para promover a igualdade de acesso e sucesso das crianças, proporcionando uma educação de qualidade, as metas no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) vem direcionando variados investimentos a proporcionar a qualidade na educação. Uma das metas estabelecidas para 2022 é uma das iniciativas firmada no movimento “Todos pela Educação”, organizado por representantes da sociedade civil. Este movimento tem como uma das metas: “toda criança plenamente alfabetizada até os oito anos”, ou seja, no início do 3º ano do ensino fundamental.

O tema “alfabetização” focado no fracasso escolar é um objeto de muitas discussões. No entanto, continua a existir uma dificuldade de entendimento em relação à leitura e a escrita e suas funções durante o processo de alfabetização, pois “se o aluno não se alfabetiza ou ele será reprovado ou terá dificuldades adicionais na escola” (OLIVEIRA e SILVA, 2006, p.7).

Neste sentido, Bolzan (2007) considera a pertinência do aprofundamento da temática da alfabetização por duas razões:

[...] a primeira diz respeito ao número significativo de crianças que ainda fracassam na primeira série do Ensino Fundamental; a segunda, à manutenção dos programas de alfabetização de jovens e adultos que ainda

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Estudante de Pós – Graduação Scricto Sensu do Curso de Mestrado Acadêmico em Educação da Universidade do Vale do Itajaí – 2009/2011.

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buscam suplantar o problema da marginalização, produzida pela escola e dos rótulos dados a esses sujeitos, quando experienciaram a escolarização na primeira série. Essas duas razões envolvem o fracasso no processo de alfabetização, permanecendo como referência mesmo depois da virada do século XX. (BOLZAN, 2007, p. 11)

A Lei 11.274/2006 que amplia o ensino fundamental para nove anos de estudo iniciando aos seis anos de idade, assegurando a todas as crianças desta idade “um tempo mais longo de convívio escolar e, consequentemente, maiores oportunidades de aprendizagem” (BRASIL, 2007, p. 7) é uma das medidas que tem o intuito de garantir a qualidade da educação, evitando o fracasso escolar.

Esforços de ordem nacional e iniciativas municipais vêm sendo desenvolvidas para diagnosticar e aperfeiçoar a prática pedagógica, na tentativa de compreender e amenizar as reprovações advindas do processo de ensino aprendizagem. Há várias publicações do MEC que orientam a prática pedagógica, bem como as publicações relacionadas ao ensino de nove anos.

O estado da arte da alfabetização é bastante amplo. Porém, há muito pouco em como se dá a avaliação diagnóstica no processo de aprendizagem. Até então, a avaliação era considerada o fim do processo. As pesquisas, na sua maioria, justificam a intenção a partir dos índices de reprovação, inclusive esta, pois, ao longo das últimas décadas as preocupações parecem ser as mesmas.

A alfabetização tem sido uma questão bastante discutida pelos que se preocupam com a Educação, já que há muitas décadas se observam as mesmas dificuldades de aprendizagem, as inúmeras reprovações e a evasão escolar. (CAGLIARI, 1990, p. 8)

Essas proporções de reprovação e evasão escolar demonstram que o Brasil tem conquistado números ainda tímidos em relação à aprendizagem da linguagem escrita. Supondo que uma alfabetização efetiva é indicador da qualidade da educação, ainda estamos longe, pois o que vem sendo evidenciado no estado da arte há várias décadas é a preocupação com os resultados de uma alfabetização ineficiente, conforme evidencia Patto (1996, p.1) “A reprovação e a evasão na escola pública de primeiro grau continuam a assumir proporções inaceitáveis em plena década de oitenta.”

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2007) indica que os índices de alfabetização são insatisfatórios, as taxas de analfabetismo do Brasil, ou seja, aqueles que são incapazes de ler e escrever pelo menos um bilhete simples, demonstra que 3,1% das crianças com idade entre 10 a 14 são analfabetas. Quanto maior a idade, maior também é a taxa de analfabetismo, chegando a 10% para os adolescentes que apresentam mais de 15 anos.

No município de Itapema, essa problemática não é diferente. O indicador de fracasso escolar no ano de 2007 foi de 9,6% de reprovação somente no 2º ano. Quase

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10% de reprovação, parecem em um número razoável, mas o gasto despendido para este fracasso significa uma perda anual de aproximadamente R$ 99.329,272.

Absorvidos com os índices de fracasso na alfabetização, a Secretaria Municipal de Educação (SME) do município de Itapema, interessada em minimizar os prejuízos advindos da reprovação, organizou com sua equipe de trabalho (direção, especialistas e professores) estudos no ano de 2007 e início de 2008, que pudessem contribuir para o acompanhamento da aprendizagem e consequentemente houvesse uma redução no número de reprovação nesta etapa escolar.

Contudo, essa iniciativa, está documentada na Diretriz “Acompanhamento da Alfabetização” sendo resultante destes estudos, instrumentos de coleta de leitura e escrita que acontecem mensalmente sob responsabilidade dos especialistas e alfabetizadores. A partir destes diagnósticos há o desenvolvimento de planos de ação diretamente ligado ao planejamento do professor, de forma a atingir metas e objetivos, garantindo que cada criança alcance o sucesso escolar.

Portanto, o propósito de analisar o processo da alfabetização na perspectiva da avaliação diagnóstica para o acompanhamento da aprendizagem durante o processo de alfabetização, tornou-se o objeto de pesquisa. Para tanto, se organizou objetivos específicos que permitam analisar, a partir dos instrumentos de coletas3 desta diretriz municipal, o desenvolvimento da linguagem escrita por escola e identificar as diferenças ou semelhanças entre os resultados de 2009/2010, nas coletas de leitura e escrita, com os resultados da Provinha Brasil de 2010.

Assim, pretende-se acompanhar os níveis de aprendizagem em turmas de 1º ano (2009) e 2º ano (2010) do ensino fundamental destas duas escolas da rede de ensino de Itapema. A pesquisa em andamento teve como critérios para a escolha dos sujeitos considerar os resultados de 2009 nas avaliações da Provinha Brasil4 de turmas de 3º ano do ensino fundamental em duas escolas da rede municipal de ensino de Itapema. A “ESCOLA A” obteve o nível mais alto (nível 4 e 5) e a “ESCOLA B”, o nível mais baixo (nível 2 e 3) de desempenho na Provinha Brasil, teste 1, realizada em março de 2009.

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Valor aluno FUNDEB/SC 2008.

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As coletas de escrita são realizadas pelo supervisor de cada unidade escolar, sempre na segunda quinzena dos meses de março, maio, agosto e outubro. Para realizar essas coletas utiliza-se de atividades que propiciem a escrita espontânea da criança. Essas atividades de escritas são analisadas com base em descritores contidos na Diretriz Municipal de Acompanhamento da Alfabetização que utiliza como referência os estudos de FERREIRO (1991) em que descreve os níveis conceituais da linguagem escrita. Nos meses de abril, junho, setembro e novembro, a escola realiza coletas de leitura que são de responsabilidade da orientadora educacional. Estas coletas respeitam o mesmo processo metodológico desenvolvido para as coletas de escrita.

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A aplicação da Provinha Brasil, ocorreu na 2ª série/3º ano, pois o município de Itapema só iniciou o ensino fundamental de nove anos em 2009. Para 2010, a aplicação da Provinha Brasil acontecerá nas turmas de 2º ano.

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Para este artigo será apresentado somente as análises do 1º momento da pesquisa relativo ao desempenho de escrita no ano de 2009 de uma turma de 1º ano, de uma escola.

A partir das coletas de escrita, apresento os dados em um quadro, para melhor visualização da evolução dos níveis de aprendizagem e uma análise parcial.

Quadro 1 Evolução dos Níveis de Aprendizagem

PRÉ SILÁBICO SILÁBICO SILÁBICO ALFABÉTICO ALFABÉTICO 1ª COLETA (MARÇO) 17 2 6 0 2ª COLETA (MAIO) 2 17 6 0 3ª COLETA (AGOSTO) 1 8 9 7 4ª COLETA (OUTUBRO) 0 3 6 15

Observa-se uma evolução significativa no desenvolvimento da aprendizagem verificada em todas as coletas de escrita. Se compararmos a primeira e a última coleta podemos afirmar que o avanço foi expressivo, pois dos 17 pré-silábicos iniciais, temos 15 alfabéticos na última coleta.

Considerando que esta evolução, entre pré-silábico e alfabético, aconteceu num período de sete meses, só demonstra haver intervenções significativas da professora, sendo que nos diagnósticos iniciais a criança encontrava-se com hipóteses de escrita que não correspondem convencionalmente com as palavras (letras e sons) e na última coleta apresenta um nível na qual consegue produzir bons textos e refletir sobre as questões ortográficas e gramaticais, ou seja, um nível de compreensão que lhe permite a comunicação adequada à idade escolar.

Isto nos possibilita inferir que os dados fornecidos à professora deram suporte para aperfeiçoar seu planejamento e qualificar a aprendizagem dos alunos, utilizando estratégias adequadas para o avanço de cada criança. Dessa forma uma avaliação sistemática corrobora com melhores resultados nas classes de alfabetização.

Referências

BOLZAN, Dóris Pires Vargas. (Org.). Leitura e escrita: ensaios sobre alfabetização. Santa Maria: Editora UFSM, 2007.

BRASIL. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. 135 p.: il.

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CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Lingüística. São Paulo. 2ª Ed. Editora Scipione. 1990.

EDUCAÇÃO NA MÍDIA. Metade dos brasileiros não completou o ensino

fundamental. Manchete da Folha Online, disponível no site:

http://www.todospelaeducacao.org.br/Comunicacao.aspx?action=5&mID=4979 Acesso em 10 out. 2009.

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre. 4ª Ed. Ed. Artmed, 1991.

ITAPEMA. Acompanhamento da Alfabetização. In: Diretrizes de Gestão Pedagógica. 2008.

OLIVEIRA, João B.A; SILVA, L.C.F. O impacto das séries iniciais: educação infantil, analfabetismo funcional e eqüidade. In: seminário sobre educação, pobreza e desigualdade no Brasil: Prioridades, IETS, 2006, Rio de Janeiro. Anais Eletrônicos, 2006. Disponível em: <http://www.iets.org.br/article.php3?id_article=681>. Acesso em 21 jun. 2009.

PATTO, Maria Helena Souza. A Produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo. T. A. Queiroz, 4ª reimpressão, 1996.

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