TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 009.760/2014-8
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GRUPO II – CLASSE V – Primeira Câmara.
TC 009.760/2014-8.
Natureza: Aposentadoria.
Entidade : Fundação Universidade Federal de Uberlândia.
Inte ressadas: Cynthia Barbosa Firmino (327.181.446-53); Denize
Donizete Campos Rizzotto (350.659.746-91); Eliana Freitas
Coelho Silva (393.630.236-72); Maria Auxiliadora Cunha Grossi
(247.875.826-15); Maria Margarida Naves (558.891.236-53); Nora
Ney Santos Barcelos (432.965.306-06); Soraia Cristina Cardoso
Lelis (440.205.116-91).
Advogado constituído nos autos: não há.
SUMÁRIO: PESSOAL. APOSENTADORIA ESPECIAL DE
PROFESSOR. CÔMPUTO DE TEMPO DE SERVIÇO
REFERENTE A AFASTAMENTO/LICENÇA PARA ESTUDO.
ILEGALIDADE DE ALGUNS ATOS E LEGALIDADE DOS
DEMAIS. DETERMINAÇÕES.
1. O direito à aposentadoria especial de professor de que trata o
§ 5º do art. 40 da Constituição Federal de 1988, com a redação
dada pela Emenda Constitucional 20/1998, tem como requisito a
comprovação de tempo de serviço exclusivamente no efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio.
2. Como efetivo exercício das funções de magistério, entende-se
apenas o tempo de serviço prestado em sala de aula ou o tempo no
exercício de funções de direção, coordenação e assessoramento
pedagógico, desde que tais funções tenham sido desempenhadas
em estabelecimentos de ensino básico, excluídos os especialistas
em educação.
3. O tempo de serviço relativo a licenças ou afastamentos para a
realização de cursos de qualquer natureza não se enquadra no
conceito acima, só podendo ser computado para fins de
aposentadoria ordinária.
RELATÓRIO
Cuida o presente processo de aposentadorias instituídas pela Fundação Universidade
Federal de Uberlândia em favor das interessadas em epígrafe.
2.
No âmbito da Sefip, os autos foram analisados conforme a instrução da peça 9, da qual
destaco o seguinte excerto, com ajustes de forma (p. 5-6):
“2. Ab initio, esta Unidade Técnica procedeu, de forma automática, à análise dos fundamentos legais e das informações prestadas pelo órgão de Controle Interno.
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3. Em um primeiro momento, o sistema de análise eletrônica de atos de pessoal apontou, como possível irregularidade a macular os atos em apreciação no presente processo, o fundamento legal
informado na ficha Sisac, por ser este incompatível com as demais informações prestadas no ato e
com aquelas encontradas no sistema Siape, todas referentes a verificação dos requisitos objetivos para a aquisição da aposentadoria.
4. A despeito de tal fato, esta Unidade Técnica, buscando consonância com orientação contida no § 1º do art. 6º da Resolução 206/2007, verificou que o fundamento legal atualmente constante do Siape, cotejado com as informações constantes da ficha Sisac, é suficiente para justificar e dar suporte à concessão sob análise, regularizando eventuais pagamentos tidos por irregulares sob a égide do fundamento constante da ficha Sisac. Impende mencionar que a norma citada prescreve que, nos casos em que a inconsistência ou irregularidade constante da versão submetida ao Tribunal não estiver, no momento da apreciação, ocasionando pagamentos irregulares, o ato pode ser considerado legal. Veja-se a dicção do comando normativo:
‘Art. 6º Ao apreciar os atos sujeitos a registro, o Tribunal: (...)
§ 1º Os atos que, a despeito de apresentarem algum tipo de inconsistência ou irregularidade em
sua versão submetida ao exame do Tribunal, não estiverem dando ensejo, no momento de sua apreciação de mérito, a pagamentos irregulares, serão considerados legais , para fins de
registro, com determinação: (NR)(Resolução – TCU nº 237, de 20/10/2010, DOU de 26/10/2010) I – ao órgão ou à entidade de origem para efetivação das devidas anotações nos assentamentos funcionais dos servidores; (AC)(Resolução – TCU nº 237, de 20/10/2010, DOU de 26/10/2010); II – à unidade técnica competente para as devidas correções no Sistema Sisac. (AC)(Resolução – TCU nº 237, de 20/10/2010, DOU de 26/10/2010);’
5. No caso dos atos analisados no presente processo, a despeito de ter sido lançado no Sisac fundamento legal equivocado, no Siape, o fundamento legal está correto e serve de base para a aposentadoria em apreciação. Significa dizer que, analisando as informações do Sisac e considerando-se o fundamento legal constante do Siape, o ato reúne condições para ser apreciado pela legalidade.
6. Vale dizer que, para esses casos, é desnecessária a determinação constante do art. 6º, § 1º, inciso I, da Resolução TCU 206/2007 uma vez que a informação correta já consta no assentamento das servidoras. Cabe, entretanto, determinação à Sefip para que providencie as devidas correções de fundamentos legais no sistema Sisac, nos termos do que preconiza o inciso II, do § 1º, do art. 6º da Resolução TCU 206, de 2007, com redação dada pela Resolução TCU 237, de 2010.
7. Relativamente aos períodos de tempo que este TCU tem, em princípio, por irregular o seu cômputo para fins de inativação, a exemplo do tempo rural, tempo de aluno aprendiz, tempo de estágio, tempo de residência médica ou obtido por justificação judicial, entre outros, vale dizer que eles são excluídos da contagem de tempo para fins de inativação, para, então, se verificar se as aposentadas ainda teriam implementado os requisitos temporais para se inativar na forma deferida pelo gestor de pessoal.
8. Entre os tempos impugnáveis pelo TCU, encontram-se aqueles relacionados à contagem ponderada decorrente do exercício de atividade insalubre, desde que não atendidos os requisitos do Acórdão TCU 2008/2006. Assim, no presente processo, tempos de insalubridade por ventura informados não integraram o cômputo do tempo total disponível para fins de inativação, na medida em que, para o deferimento das aposentadorias nas formas concedidas, a utilização do mencionado tempo não se fez necessária.”
3.
Com base nisso, a Sefip propõe considerar legal e autorizar o registro dos atos em exame,
com determinação àquela secretaria especializada para que providencie as devidas correções de
fundamentos legais no sistema Sisac, tendo por base as informações constantes do sistema Siape, nos
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termos do que foi estabelecido pelo art. 6º, § 1º, inciso II, da Resolução TCU 206/2007, com a redação
dada pela Resolução TCU 237/2010 (peça 9, p. 6).
4.
O Ministério Público de Contas, representado nos autos pelo Procurador-Geral, Paulo
Soares Bugarin, dissentiu em parte do encaminhamento proposto pela Sefip, pelos seguintes
fundamentos (peça 10):
“3. Discorda-se da proposta da unidade técnica relativamente aos atos de CYNTHIA BARBOSA FIRMINO, MARIA AUXILIADORA CUNHA GROSSI e de MARIA MARGARIDA NAVES. 4. CYNTHIA BARBOSA FIRMINO aposentou-se no cargo de professor de 1º e 2º graus, a partir de 01/06/2010, com 25 anos, 6 meses e 28 dias de tempo de serviço, com fundamento no art. 6º da EC nº 41/2003, c/c o § 5º do art. 40 da Constituição Federal.
5. O § 5º do art. 40 da Constituição Federal dispõe:
‘§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, ‘a’, para o professor que comprove exclusivamente tempo de
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)’
6. De acordo com a ‘discriminação dos tempos de serviço e averbações’ e com a ‘discriminação das licenças’ na p. 03 da peça 2, foi considerado 2 anos e 1 dia de afastamento no país para completar os 25 anos de efetivo exercício de magistério. Deduz da justificativa do parecer do Controle Interno, na p. 02 da peça 2, que o afastamento da servidora foi para cursar doutorado. 7. De acordo com o § 2º do art. 67 da Lei nº 9.394/96, na redação dada pela Lei nº 11.301/2006, considera-se efetivo exercício de magistério:
‘Art. 1º O art. 67 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do
seguinte § 2º, renumerando-se o atual parágrafo único para § 1º: ‘Art.67 (...)
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8º do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.’
8. Depreende-se do dispositivo legal citado que o afastamento no país para cursar doutorado não se enquadra no conceito de efetivo exercício de magistério para fins de aposentadoria especial de professor. Poderá, contudo, ser aproveitado para fins de aposentadoria comum. Nesse sentido, o Acórdão nº 355/2006-1ª Câmara, que apresenta a seguinte ementa:
‘Pedido de reexame. Aposentadoria especial de professor. Cômputo de tempo de serviço proveniente de período (01/03/1982 a 31/08/1984) em que a recorrente afastou-se para cursar pós-graduação. Possibilidade do cômputo deste tempo tão-somente para fins de aposentadoria
ordinária, visto que, para fins de aposentadoria especial, é necessário que haja efetivo exercício
em sala de aula, conforme jurisprudência pacífica deste Tribunal, bem assim do Superior Tribunal de Justiça - STJ e do Supremo Tribunal Federal - STF (Súmula/STF nº 726). Argumentos insuficientes para modificar o teor do Acórdão recorrido. Conhecimento e negativa de provimento do recurso. Orientação. Ciência à recorrente.’ (destaques acrescidos)
9. Igualmente, MARIA AUXILIADORA CUNHA GROSSI, aposentada no cargo de professor de 1º e 2º graus, a partir de 02/04/2012, com 25 anos, 7 meses e 6 dias de tempo de serviço, com fundamento no art. 6º da EC nº 41/2003, c/c o § 5º do art. 40 da Constituição Federal, utilizou, indevidamente, para completar os 25 anos de efetivo exercício de magistério, 2 anos, 11 meses e 6 dias de afastamento (Lic Afast Est. ou Missão).
10. Da mesma forma, MARIA MARGARIDA NAVES, aposentada no cargo de professor de 1º e 2º graus, a partir de 01/02/2010, com 25 anos, 9 meses e 22 dias de tempo de serviço, com
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fundamento no art. 6º da EC nº 41/2003, c/c o § 5º do art. 40 da Constituição Federal, utilizou 1 ano, 10 meses e 22 dias de licença para estudo para completar os 25 anos de efetivo exercício de magistério.
11. Dessa forma, este representante do Ministério Público opina pela ilegalidade e recusa de registro dos atos em favor de CYNTHIA BARBOSA FIRMINO, MARIA AUXILIADORA CUNHA GROSSI e de MARIA MARGARIDA NAVES.
12. Quanto às demais concessões, aquiesce à proposta de encaminhamento oferecida pela Sefip. 13. Adicionalmente, observa que os atos em favor de CYNTHIA BARBOSA FIRMINO, MARIA AUXILIADORA CUNHA GROSSI e de MARIA MARGARIDA NAVES ingressaram no TCU há menos de 5 anos; dessa forma, nos termos do Acórdão nº 587/2011-Plenário, é desnecessária a prévia oitiva das interessadas.”
É o Relatório.
VOTO
Cuida o presente processo de sete aposentadorias instituídas pela Fundação Universidade
Federal de Uberlândia.
2.
A Sefip propõe considerar legal e autorizar o registro de todos os atos ora apreciados, com
determinação àquela secretaria especializada para que providencie as devidas correções de
fundamentos legais no sistema Sisac, tendo por base as informações constantes do sistema Siape, nos
termos do art. 6º, § 1º, inciso II, da Resolução TCU 206/de 2007, com a redação dada pela Resolução
TCU 237/2010.
3.
Por sua vez, o Ministério Público de Contas dissentiu do encaminhamento formulado pela
Sefip relativamente a três dos atos de aposentadoria em exame, os quais considera ilegais, por terem
computado, para fins de aposentadoria especial de professor, tempo de serviço referente a
afastamento/licença para estudo.
4.
De fato, assiste razão ao Parquet, pois o direito à aposentadoria especial de professor de
que trata o § 5º do Art. 40 da Constituição Federal de 1988, com a redação dada pela Emenda
Constitucional 20/1998, tem como requisito a comprovação de tempo de serviço exclusivamente no
“efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio”.
5.
Como efetivo exercício das funções de magistério, entende-se apenas o tempo de serviço
prestado em sala de aula (Enunciado 726 da Súmula de Jurisprudência do STF) ou o tempo no
exercício de funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico, desde que tais funções
tenham sido desempenhadas em estabelecimentos de ensino básico, excluídos os especialistas em
educação, conforme deixou assente o STF no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
3.772/DF, cuja ementa transcrevo a seguir:
“EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 40, § 5º, E 201, § 8º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, COM INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constit uição
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Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos supra.” (DJe de 27/03/2009).
6.
Não se enquadra no conceito acima, só podendo ser computado para fins de aposentadoria
ordinária, o tempo de serviço relativo a licenças ou afastamentos para a realização de cursos de
qualquer natureza (como mestrado, doutorado, ou especialização).
7.
Nesse sentido, aliás, já manifestou este Tribunal nos seguintes precedentes:
“Sumário: Pedido de reexame. Aposentadoria especial de professor. Cômputo de tempo de
serviço proveniente de período (01/03/1982 a 31/08/1984) em que a recorrente afastou-se para cursar pós-graduação. Possibilidade do cômputo deste tempo tão-somente para fins de aposentadoria ordinária, visto que, para fins de aposentadoria especial, é necessário que haja
efetivo exercício em sala de aula, conforme jurisprudência pacífica deste Tribunal, bem assim do Superior Tribunal de Justiça - STJ e do Supremo Tribunal Federal - STF (Súmula/STF nº 726). Argumentos insuficientes para modificar o teor do Acórdão recorrido. Conhecimento e negativa de provimento do recurso. Orientação. Ciência à recorrente.” (Acórdão 355/2006-TCU-Primeira Câmara, grifos acrescidos)
“VOTO
15. É dizer, a aposentadoria especial é devida apenas ao professor ou professora no efetivo exercício do magistério, ou seja, ao ocupante do cargo de provimento efetivo de professor, e que esteja ministrando aulas (cf. Decisão nº 281/2001-TCU-1ª Câmara e Acórdão nº 401/2003-TCU-2ª Câmara).
16. Portanto, inexistindo dispositivo legal que equipare o cargo de auxiliar de ensino ao de professor, não há como aceitar o tempo exercido no primeiro para fins da aposentadoria especial que é reconhecida somente aos ocupantes do segundo.
17. Aliás, como bem observou a instrução da SERUR, ainda que fosse possível equiparar o cargo de auxiliar de ensino ao de professor, o interessado não contaria com o mínimo de 30 anos de
efetivo exercício do magistério em sala de aula, ante o seu afastamento da UFSC, para realização de cursos, em dois períodos (5/9/73 a 15/12/75 e 16/12/75 a 30/9/76), o que impediria a obtenção de aposentadoria especial, porquanto, nos termos da Súmula nº 726 do STF, ‘para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula’.” (Acórdão 267/2006-TCU-Primeira Câmara, grifos
acrescidos) “VOTO (...)
7. No que se refere ao cômputo, para a obtenção de aposentadoria especial de professor, do tempo utilizado em afastamento relativo à realização de curso de doutorado, não assiste razão à recorrente. 8. Com efeito, a jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que, para fins de aposentadoria especial de professor, somente é permitida a contagem de efetivo exercício em funções de magistério, desenvolvidas em salas de aula.” (Acórdão 1.058/2013-TCU-Segunda Câmara).
8.
Na mesma linha, cabe mencionar também o seguinte julgado do Superior Tribunal de
Justiça:
“
A contagem de tempo de serviço do professor, para fins de aposentadoria especial, se dá com a efetiva função de magistério (dentro de sala de aula), não se computando aí períodos de licença,ainda que o objetivo de tais licenças tenha repercussão sobre o ensino em geral” (STJ, RMS
6031/RS, DJ 24.2.1997).
9.
No caso em análise, observo que os atos de três servidoras, todas aposentadas com base na
regra especial do § 5º do art. 40 da Constituição Federal de 1988, possuem tempo de serviço relativo a
afastamento para estudo, a saber: Cynthia Barbosa Firmino (dos 25 anos, 6 meses e 28 dias de tempo
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de serviço, 2 anos e 1 dia são de afastamento para cursar doutorado); Maria Auxiliadora Cunha Grossi
(dos 25 anos, 7 meses e 6 dias de tempo de serviço, 2 anos, 11 meses e 6 dias correspondem à
afastamento “Lic Afast Est. ou Missão”); e Maria Margarida Naves (dos 25 anos, 9 meses e 22 dias de
tempo de serviço, 1 ano, 10 meses e 22 dias se referem à licença para estudo ).
10.
Diante disso, considerando que esses afastamentos não podem ser computados para fins de
aposentadoria especial de professor, e que excluídos esses períodos, as aludidas servidoras não
possuem tempo de serviço suficiente para se aposentarem com fundamento no § 5º do Art. 40 da
Constituição Federal de 1988, cabe, conforme proposto pelo Parquet, considerar ilegais e negar
registro aos referidos atos.
11.
Registro que os atos ora examinados deram entrada no TCU há menos de cinco anos.
Assim, não se encontram sujeitos ao procedimento preliminar decorrente da orientação fixada pela
Corte de Contas, mediante o Acórdão 587/2011-TCU-Plenário, em razão da jurisprudência do STF,
que impõe seja assegurada a cada interessado a oportunidade do uso das garantias constitucionais do
contraditório e da ampla defesa sempre que transcorrido lapso temporal superior a cinco anos quando
da apreciação do ato, contados a partir da sua entrada no TCU.
12.
Quanto às demais concessões, concordo com a proposta da Sefip, à qual anuiu o Ministério
Público, no sentido de considerá-las legais e autorizar o registro dos atos correspondentes,
determinando-se a realização das devidas correções de fundamentos legais no sistema Sisac.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de março de
2015.
Ministro BRUNO DANTAS
Relator
ACÓRDÃO Nº 1838/2015 – TCU – 1ª Câmara
1. Processo nº TC 009.760/2014-8.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Aposentadoria.
3. Interessadas: Cynthia Barbosa Firmino (327.181.446-53); Denize Donizete Campos Rizzotto
(350.659.746-91); Eliana Freitas Coelho Silva (393.630.236-72); Maria Auxiliadora Cunha Grossi
(247.875.826-15); Maria Margarida Naves (558.891.236-53); Nora Ney Santos Barcelos
(432.965.306-06); Soraia Cristina Cardoso Lelis (440.205.116-91).
4. Entidade: Fundação Universidade Federal de Uberlândia.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de aposentadorias instituídas pela Fundação
Universidade Federal de Uberlândia em favor das interessadas em epígrafe.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,
diante das razões expostas pelo relator, e com fundamento no art. 71, incisos III e IX, da Constituição
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Federal de 1988, c/c os arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45 da Lei 8.443/1992, e ainda com os arts.
260, § 1º, e 262 do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. considerar legais, para fins de registro, os atos de aposentadoria de Denize Donizete
Campos Rizzotto (350.659.746-91), Eliana Freitas Coelho Silva (393.630.236-72), Nora Ney Santos
Barcelos (432.965.306-06) e Soraia Cristina Cardoso Lelis (440.205.116-91);
9.2. considerar ilegais as aposentadorias instituídas em favor de Cynthia Barbosa Firmino
(327.181.446-53), Maria Auxiliadora Cunha Grossi (247.875.826-15) e Maria Margarida Naves
(558.891.236-53), negando registro aos atos correspondentes, por terem computado indevidamente,
para fins de aposentadoria especial de professor, tempo de serviço referente a afastamento/licença para
estudo;
9.3. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas de boa-fé pelas
interessadas (Súmula/TCU 106);
9.4. determinar à Fundação Universidade Federal de Uberlândia que, no prazo de 15 (quinze)
dias, contados da ciência deste Acórdão:
9.4.1. faça cessar os pagamentos decorrentes dos atos ora considerados ilegais, sob pena de
responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa;
9.4.2. dê ciência do inteiro teor desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a
fundamentam, às interessadas cujos atos foram considerados ilegais, esclarecendo-lhes que o efeito
suspensivo proveniente da interposição de recurso não as exime da devolução dos valores percebidos
indevidamente após a notificação sobre o presente Acórdão, em caso de não provimento do recurso
porventura interposto;
9.4.3. encaminhe ao TCU cópia do comprovante da data em que as interessadas tomaram
conhecimento da notificação a que se refere o subitem anterior;
9.5. determinar à Sefip que providencie, em relação aos atos de que trata o subitem 9.1 supra,
as devidas correções de fundamentos legais no Sistema Sisac, tendo por base as informações
constantes do sistema Siape, nos termos do art. 6º, § 1º, inciso II, da Resolução TCU 206/2007, com
redação dada pela Resolução TCU 237/2010;
9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam, à
Fundação Universidade Federal de Uberlândia.
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10. Ata n° 9/2015 – 1ª Câmara.
11. Data da Sessão: 31/3/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1838-09/15-1.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, José Múcio
Monteiro e Bruno Dantas (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)WALTON ALENCAR RODRIGUES
(Assinado Eletronicamente)