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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GOMES VARJÃO (Presidente), NESTOR DUARTE E ROSA MARIA DE ANDRADE NERY.

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Registro: 2012.0000020380

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 9150503-02.2008.8.26.0000, da Comarca de Teodoro Sampaio, em que é apelante LEONEL LOPES CORADO sendo apelados CLODOALDO DUVEZA e BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A.

ACORDAM, em 34ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento parcial ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GOMES VARJÃO (Presidente), NESTOR DUARTE E ROSA MARIA DE ANDRADE NERY.

São Paulo, 30 de janeiro de 2012.

Gomes Varjão

PRESIDENTE E RELATOR Assinatura Eletrônica

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Comarca: TEODORO SAMPAIO – VARA ÚNICA Apelante: LEONEL LOPES CORADO

Apelados: CLODOALDO DUVEZA; BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A

VOTO Nº 17.334

Seguro de vida, em que consta como beneficiário o empregador do segurado. Embora o segurado tenha assinado o contrato, o real proponente foi o empregador, pois de sua conta-corrente eram descontados os prêmios, e foi sua a iniciativa para a conclusão do negócio. Hipótese em que não houve declaração do real interesse pela preservação da vida do segurado. Nula a cláusula de designação do beneficiário, sob pena de ofensa à boa-fé. Seguradora que não agiu com a diligência necessária quando da realização do negócio, razão pela qual é responsável civilmente pelo pagamento da indenização a quem de direito.

Recurso parcialmente provido.

A r. sentença de fls. 181/185, cujo relatório se adota, julgou improcedente ação de indenização,

condenando o autor ao pagamento das custas e honorários advocatícios fixados em R$ 2.000,00, com fundamento no artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil, observados os benefícios da assistência judiciária.

Apela o autor (fls. 188/197). Sustenta que o empregador do de cujus se comprometeu a realizar o seguro, incluindo a família do último como beneficiária, ao invés de regularizar seus direitos trabalhistas. Alega que a apólice foi assinada em branco, tanto que o nome do segurado está incorreto, constando o endereço do

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empregador como proponente. Aduz que o apelado agiu com dolo, pois pagou à família do de cujus metade do que lhe caberia a título de indenização securitária, e auferiu lucro com a fatalidade. Assevera que a seguradora foi negligente, ao permitir a contratação nos moldes mencionados, desconsiderando o fato de que o empregador não tinha poderes para representar o de cujus. Afirma que o termo de quitação demonstra a má-fé de Clodoaldo, pois a indenização securitária não se confunde com verbas trabalhistas ou indenização por danos materiais e morais. Por isso, requer a reforma da r. sentença.

Recurso contrariado (fls. 205/211; 218/225).

É o relatório.

Leiner Lopes Corado firmou proposta de seguro de vida e acidentes pessoais com Bradesco Vida e Previdência, na qual constou como beneficiário Clodoaldo Duveza, que à época era seu empregador (fls. 09/10).

Em razão de acidente de trânsito ocorrido no dia 01 de dezembro de 2002, Leiner Lopes Corado e sua então namorada, Alessandra Messias Osório - que conduzia indevidamente um caminhão de propriedade de Clodoaldo Duveza - faleceram (fls. 13/14).

A indenização securitária, no importe de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) foi paga integralmente a Clodoaldo Duveza, empregador do de cujus. Este, por sua vez, entregou R$ 91.926,63 (noventa e um mil, novecentos e vinte e seis reais e sessenta e três centavos) aos pais e irmãos do falecido, a título de indenização por eventuais danos materiais e morais relacionados ao acidente do trabalho, e por verbas trabalhistas (fls. 11; 50).

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Corado, e entende fazer jus à totalidade da indenização securitária, por ter sido esta a intenção de seu filho ao celebrar o contrato, e por entender que Clodoaldo Duveza agiu com dolo, obtendo lucro indevido.

Ficou claro, tanto pelo termo de transação quanto pelo depoimento pessoal do co-réu Clodoaldo Duveza, que este realizava seguros de vida em nome de seus funcionários, a fim de se prevenir para o caso de pagamento de verbas rescisórias trabalhistas ou indenizatórias cíveis (fls. 11; 124). O depoimento de Huendersom Cleitom Silveira, que trabalhou para o co-réu Clodoaldo Duveza por quatro anos, corrobora tal assertiva (fls. 155).

Resta saber se tal fato implica ou não a invalidação do contrato de seguro.

Embora não haja prova de vício na manifestação de vontade do de cujus ao celebrar o contrato de seguro, o caso apresenta peculiaridades que devem ser consideradas.

Em primeiro lugar, a iniciativa da realização do contrato foi do empregador, que assim agiu também em relação a outros funcionários. Os prêmios, por outro lado, eram descontados de sua conta-corrente e não do empregado. Na proposta de apólice também consta o seu endereço. Depreende-se, portanto, que o real proponente foi Clodoaldo Duveza.

E o artigo 790 do Código Civil estabelece que, no seguro sobre a vida de outros, o proponente é obrigado a declarar, sob pena de falsidade, o seu interesse pela preservação da vida do segurado. O dispositivo se presta a evitar a ocorrência de fraudes, já que o contrato de seguro tem por intuito, em regra, garantir os riscos contra a vida e a integridade física de familiares ou pessoas próximas. Tanto assim é que o parágrafo único do mencionado artigo presume o

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interesse do proponente quando o segurado é seu cônjuge, ascendente ou descendente.

Na hipótese vertente, Clodoaldo Duveza realizou o seguro em seu próprio benefício, a fim de impedir ou amenizar as conseqüências decorrentes de eventuais ações trabalhistas ou indenizatórias. Tal motivo, no entanto, não foi expressamente declarado quando da realização do negócio jurídico, como impõe a lei civil. Por outro lado, a contratação, nos moldes em que realizada, tem objetivo, senão ilícito, ao menos imoral, não podendo a Justiça coadunar com tal comportamento. Assim, deve ser declarada nula a designação do beneficiário, prevalecendo a determinação legal quanto ao pagamento da indenização.

Trata-se de interpretação consentânea com a boa-fé e o princípio geral de direito segundo o qual ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.

A culpa da seguradora foi demonstrada. Apesar de ter alegado, na contestação, que realizou o seguro por ter o falecido declarado que o beneficiário era seu amigo, não demonstrou tal assertiva. E era seu o ônus de comprová-la, nos termos do que determina o artigo 333, II, do Código de Processo Civil. Ressalte-se que, pelas regras do que ordinariamente acontece, beneficiários de seguro de vida são familiares ou pessoas muito próximas do proponente. Por essa razão, há uma presunção em favor do autor, que não foi infirmada pela ré. A ela, por sua vez, competia agir com a diligência necessária, exigindo do proponente a declaração do interesse pela preservação da vida do segurado. E nem se alegue o desconhecimento do real proponente, já que os prêmios eram descontados da conta-corrente de Clodoaldo Duveza, e não do de

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Somente uma ressalva deve ser feita. O artigo 792 do Código Civil estabelece que, se não prevalecer a indicação do beneficiário, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge, e o restante aos herdeiros, obedecida a ordem de vocação hereditária. Inexistindo cônjuge ou filhos do falecido, a indenização deveria ser paga aos seus pais. Todavia, somente seu pai ajuizou a ação, e sendo a prestação divisível, tem ele direito apenas à metade da quantia pleiteada.

Ante o exposto, dou provimento parcial ao recurso para julgar parcialmente procedente a ação, condenando os apelados ao pagamento da quantia de R$ 54.036,68 (cinqüenta e quatro mil, trinta e seis reais e sessenta e oito centavos), corrigida monetariamente pela Tabela Prática deste Tribunal desde o ajuizamento da ação e acrescida de juros legais a partir da citação. Em razão da sucumbência recíproca, condeno o autor e ambos os réus, respectivamente, ao pagamento de metade das custas, arcando cada qual com os honorários de seus respectivos patronos.

É meu voto.

Des. GOMES VARJÃO Relator

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