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A prática profissional do serviço social no fundo de reconstrução do Instituto Comunitário Grande Florianópolis

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA SIMONE APARECIDA MARCELINO DE JESUS

A PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO FUNDO DE RECONSTRUÇÃO DO INSTITUTO COMUNITÁRIO

GRANDE FLORIANÓPOLIS

Palhoça 2010

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SIMONE APARECIDA MARCELINO DE JESUS

A PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO FUNDO DE RECONSTRUÇÃO DO INSTITUTO COMUNITÁRIO

GRANDE FLORIANÓPOLIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus Pedra Branca, como requisito parcial à obtenção do título Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Prof. Regina Panceri, Dra.

Palhoça 2010

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SIMONE APARECIDA MARCELINO DE JESUS

A PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO FUNDO DE RECONSTRUÇÃO DO INSTITUTO COMUNITÁRIO

GRANDE FLORIANÓPOLIS.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do Título de Bacharel em Serviço Social, aprovado em sua forma final pelo curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 09 de setembro de 2010.

_________________________________________________________ Professora e Orientadora: Profª. Regina Panceri, Dra.

Universidade do Sul de Santa Catarina

__________________________________________________________ Profª. Mestre. Vera Nicia Fortkamp de Araujo

Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________________________ Marcelo Souza Oliveira

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela infinita bondade de deixar nascer luz onde havia apenas névoa.

Ao meu esposo, Rui, por sua companhia, apoio, paciência e generosidade nesse caminho que trilhamos juntos. Ao meu filho Miguel, pela força e coragem que me trouxe, para continuar na luta por novos conhecimentos.

A todos os professores do Curso, que ao longo desse período contribuíram com conhecimento e, principalmente, amizade. Obrigada.

Agradeço, em especial, à professora Regina Panceri, por me fazer acreditar no meu potencial, a descobri-lo, vivenciá-lo e a não desistir. A vida, diante da grandeza de algumas mulheres, torna-se mais afável, amável e muito mais bonita. Simplesmente porque elas existem, resistem e nos ensinam. Obrigada, Regina.

Obrigada a todos os colegas do Curso, pois são as oficinas feitas de amizade, discussões, desafios que nos preparam para o cotidiano profissional.

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É tempo de ver florescer De ver o mundo mudar De ver o homem crescer É tempo de acreditar É tempo É tempo de paz Tempo de igualdade Tempo de luz Tempo de fraternidade É tempo... É tempo... Simone de Jesus

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RESUMO

O presente trabalho de Conclusão de Curso foi realizado durante o Estágio Curricular obrigatório, desenvolvido no semestre de 2009, no Instituto Comunitário da Grande Florianópolis, no Fundo Comunitário de Reconstrução. O tema abordado refere-se à grandeza dos eventos adversos que ocorreram em 2008 em Santa Catarina e que necessitaram de profissionais assistentes sociais capacitados. Para dar maior sustentabilidade às ações, foram feitas parcerias, e vieram contribuições de conhecimento da Defesa Civil Estadual, do Instituto Voluntários em Ação, e da Associação dos Municípios da Região do Vale do Itajaí. Dentro desse contexto, entendeu-se a grandeza da pesquisa como instrumento e fonte de trabalho mensurável. Pôde-se perceber a importância das relações interpessoais, da articulação cotidiana com a rede sócio-assistencial como forma de garantia de direitos e agilidade no fazer, de forma conjunta. Pôde-se, também, visualizar, de forma clara e concisa, o valor da interdisciplinaridade e suas mais variadas contribuições no aprendizado ao longo do processo. A partir das abordagens dos mais variados profissionais, das pesquisas realizadas, da produção dos textos é que se formou essa pequena contribuição que poderá, talvez, instigar o desejo em mais acadêmicos e profissionais de produzir conhecimento na área de risco e desastre.

Palavras-chave: Assistente Social. Situação de Risco. Capacitação. Desastre. Pesquisa.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Estrutura Instituto Comunitário Grande Florianópolis ... 16

Figura 02 – Organograma do SINDEC ... 50

Figura 03 – Organograma DEDC ... 51

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Papel e ações do assistente social em situação de risco e desastre... 26

Gráfico 02 - Instrumentos técnico-operativos utilizados pelo assistente social em situação de risco e desastre... 27

Gráfico 03 - O assistente social dispõe de plano de ação voltado ao enfrentamento das situações de risco e desastre?... 28

Gráfico 04 - Dificuldades enfrentadas pelo assistente social diante das situações de risco e desastre... 30

Gráfico 05 - O que o assistente social precisa saber para enfrentar situações de risco e desastre... 31

Gráfico 06 - Recursos que o assistente social precisa acionar para enfrentar as situações de risco e desastre... 32

Gráfico 07 - Conhecimentos que o assistente social utilizou na hora da situação de risco e desastre... 34

Gráfico 08 - Existe mapeamento das organizações municipais e que podem ser articuladas em situação de risco e desastre?... 35

Gráfico 09 - Existe uma equipe que se organiza para atuar frente às situações de risco e desastre?... 36

Gráfico 10 - Os profissionais que compõem a equipe para atuar em situação de risco e desastre... 37

Gráfico 11 - Competências do Profissional do Serviço Social para atuar em situações de risco e desastre... 38

Gráfico 12 - Competências do Profissional do Serviço Social para atuar em situações de risco e desastre... 40

Gráfico 13 - Preparação necessária para o enfrentamento das situações de risco e desastre... 41

Gráfico 14 - Ações desenvolvidas pelo serviço social em parceria com a defesa civil... 42

Gráfico 15 - Como foi a atuação do serviço social frente às situações de risco e desastre... 42

Gráfico 16 - O que o profissional assistente social precisa saber para atuar em situação de risco e desastre... 43

Gráfico 17 - Municípios... 87

Gráfico 18 - Formação... 88

Gráfico 19 - Em capacitação... 89

Gráfico 20 - Sexo... 90

Gráfico 21 - Atuação profissional... 91

Gráfico 22 - Aspectos do evento... 92

Gráfico 23 - Formato do evento... 93

Gráfico 24 - Temas... 94

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LISTA DE TABELA

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LISTA DE SIGLAS

AMFRI – Associação dos municípios da Região da Foz do Rio Itajaí CEBES – Centro Brasileiros de Estudos de Saúde

CEDEC – Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil

CENAD – Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres CF – Constituição Federal

CGFNHIS – Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social COMDEC – Coordenadorias Municipais de Defesa Civil CONDEC – Conselho Nacional de Defesa Civil

CORDEC – Coordenadorias Regionais de Defesa Civil CRAS – Centro de Referência da Assistência Social DEDC – Departamento Estadual de Defesa Civil FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FNHIS – Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social FUNCAP – Fundo Especial para Calamidades Públicas FUNDEC – Fundo Estadual de Defesa Civil

GEACAP – Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas GRAC – Grupos Integrados de Ações Coordenadas

ICom – Instituto Comunitário Grande Florianópolis IVA – Instituto Voluntários em Ação

LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social

MNRU – Movimento Nacional pela Reforma Urbana NOPRED – Notificação Preliminar de Desastre NUDEC – Núcleos Comunitários de Defesa Civil ONGs – Organizações Não-Governamentais ONU – Organização das Nações Unidas

PAC – Programas de Aceleração de Crescimento PETI – Programa Erradicação Trabalho Infantil PNAS – Política Nacional de Assistência Social PNDC – Política Nacional de Defesa Civil

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SCO – Sistema de Comando em Operações SEDEC – Secretaria Nacional de Defesa Civil SEMDEC – Secretaria Municipal de Defesa Civil SIEDC – Sistema de Defesa Civil

SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil

SNHIS – Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 CONTEXTUALIZANDO O INSTITUTO COMUNITÁRIO GRANDE FLORIANÓPOLIS E A IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ... 15

2.1 HISTÓRICO DE IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO ... 17

3 A PRÁTICA DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL E O FUNDO COMUNITÁRIO DE RECONSTRUÇÃO ... 19

4 O SERVIÇO SOCIAL FRENTE ÀS DEMANDAS SOCIAIS E DE SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE ... 25

4.1 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 26

4.2 PERCEPÇÃO DA DEFESA CIVIL PELO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL ... 39

5 CAPACITAÇÃO TÉCNICA EM SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE ... 44

5.1 POLÍTICA NACIONAL E DEFESA CIVIL ... 46

5.1.1 Histórico de desastres climáticos em Santa Catarina ... 52

5.2 FASES DA ADMINISTRAÇÃO DOS DESASTRES: PREVENÇÃO, PREPARAÇÃO, RESPOSTA E RECONSTRUÇÃO. ... 57

5.2.1 Prevenção ... 57

5.2.2 Preparação ... 57

5.2.3 Resposta ... 59

5.2.4 Reabilitação do Cenário do Desastre ... 59

5.2.5 Socorro à população atingida ... 59

5.2.6 Logística ... 59

5.2.7 Promoção social ... 60

5.2.8 Reconstrução... 60

5.3 ACESSO A DIREITOS ... 60

5.4 PERCEPÇÃO DE RISCO ... 65

5.5 ABORDAGEM COM FAMÍLIAS ... 68

5.6 GESTÃO DE ABRIGOS ... 72

5.7 COMUNICAÇÃO HUMANA ... 78

5.8 HABITAÇÃO E POLÍTICAS HABITACIONAIS ... 82

6 PERFIL DOS PARTICIPANTES ... 87

6.1 AVALIAÇÃO DA CAPACITAÇÃO TÉCNICA EM RISCO E DESASTRE ... 92

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 96

REFERÊNCIAS ... 99

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1 INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso é fruto da prática profissional do Curso de Serviço Social – Unisul/Pedra Branca, e realizou-se no Fundo Comunitário de Reconstrução / Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICom) – no período 2009 a 2010.

O tema: “Risco e Desastre” é essencial para alavancar entre instituições civis e públicas a necessidade de estar se preparando para atuar nessa área.

O aquecimento global é causador de diversas alterações no clima, gerando conseqüências que afetam toda a humanidade, deixando milhões de pessoas desabrigadas, desalojadas, desamparadas, muitas vezes sem identidade e com perdas irreparáveis.

O desastre não é a ocorrência de um fenômeno. Caracteriza-se pela impotência aos acontecimentos, quando ultrapassa a possibilidade de resposta rápida da sociedade. Embora não possamos evitá-lo, podemos trabalhar de várias maneiras para diminuir seus efeitos.

O cenário catastrófico vivenciado no Estado de Santa Catarina em novembro de 2008 e janeiro de 2009 – e novamente em 2010 – faz-nos buscar instrumentos técnico-operativos, teórico-metodológicos e ético-políticos para responder com eficácia a tais acontecimentos.

É nesse contexto que se instaura uma nova demanda de risco e desastre, e é nele que se chama o profissional de serviço social para atuar, tendo que se articular as mais diversas áreas de saber para entender, compreender e buscar respostas para efetivar ações e dar uma resposta rápida e concreta no que se refere a área social.

Na contemporaneidade, exigem-se profissionais aptos a mudanças e flexíveis e comprometidos com a transformação. Essa pede aperfeiçoamento, especialização, preparo teórico e metodológico com um projeto ético político voltado a um plano de ação interdisciplinar e intersetorial. Portanto, o profissional deve ter essa visão de interdependência, sabendo articular a rede sócio-assistencial. O que se solicita é pró-atividade e comprometimento, compondo o tripé da competência: conhecimento, habilidade e atitudes.

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Segundo Panceri (2003),

A competência implica numa articulação eficaz de diversos tipos de saberes o que requer a mobilização de várias capacidades e habilidades das pessoas tanto de ordem técnica, quanto social, emocional, comportamental e política. A qualificação precisa estar assentada sobre competências intelectuais abundantes e ampla flexibilidade de formação e de espírito capazes de permitir a readaptação. As aquisições das competências individuais estão diretamente vinculadas a um processo de aprendizagem contínua que depende, sobretudo, da motivação pessoal.

Conforme a autora, a articulação e a busca de conhecimento é um fato pessoal. Deve vir do profissional. Esse deve estar preparado para as mudanças, pois não é um ser acabado, findo e sim transitório, passível de crescimento e experiências que devem servir de suporte para alavancar novos campos de atuação. A temática Risco e Desastre nasce da necessidade de oferecer subsídios e sistematizar o conhecimento já adquirido pelos profissionais de Serviço Social que já atuam nessa área. Este cenário instigou-nos a refletir sobre o tema da capacitação técnica em risco e desastre. Prosseguir nesta problematização justifica-se, porque é fundamental unir forças a esse fazer profissional e sistematizar o conhecimento, criando sinergia entre os mais diversos atores sociais, para que dêem respostas a essas situações adversas. A sociedade civil organizada e participativa pode – e é seu dever – participar da construção desse novo conhecimento, que dará suporte aos assistentes sociais e a outros atores sociais que atuam em situação de risco e desastre.

Daí emerge a seguinte reflexão: Como se dá à intervenção do Serviço Social no Fundo Comunitário de Reconstrução e nas questões relativas a situações de risco e desastre?

Para dar resposta a esta questão, definiu-se como objetivo geral: apresentar a intervenção do Serviço Social nas atividades desenvolvidas no Instituto Comunitário da Grande Florianópolis – Fundo Comunitário de Reconstrução, no período de 2009 a 2010.

O presente estudo está estruturado em seis capítulos sendo, o primeiro, esta Introdução.

No segundo capítulo, contextualiza-se o Instituto Comunitário da Grande Florianópolis e a implantação do Serviço Social, e será abordado o histórico de implantação do Serviço Social na Instituição.

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No terceiro capítulo, explicita-se a prática de intervenção profissional e o Fundo Comunitário de Reconstrução, a partir do instrumental técnico-operativo-teórico-metodológico, utilizado pelo profissional de Serviço Social.

No quarto capítulo, apresenta-se o Serviço Social frente às demandas sociais e de situação de risco e desastre, e apresenta o resultado da pesquisa, intitulada Intervenção do Serviço Social em situação de Risco e Desastre.

No quinto capítulo, apresenta-se a Capacitação Técnica em Situação de Risco e Desastre, com os temas abordados.

No sexto capítulo, entendendo-se a importância da avaliação durante todo o processo, apresenta-se a análise do perfil dos participantes e sua própria capacitação.

Para finalizar, apresentam-se as Considerações Finais, as Referências e os Anexos.

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2 CONTEXTUALIZANDO O INSTITUTO COMUNITÁRIO GRANDE FLORIANÓPOLIS E A IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

O Instituto Comunitário Grande Florianópolis é uma associação civil sem fins econômicos, fundado em 25 de novembro 2005, como resultado de um trabalho de articulação de um grupo de profissionais, líderes comunitários e empresários que buscavam uma alternativa inovadora para a promoção do desenvolvimento social local na região da grande Florianópolis.

Uma das principais estratégias do ICom é a criação de fundos de investimento social, reunindo um ou mais investidores que compartilham o objetivo de promover o desenvolvimento social sustentável de sua comunidade. O ICom faz a gestão destes fundos, elaborando programas técnicos de investimento social, identificando as organizações a serem apoiadas, avaliando seus resultados, e, por meio de parcerias nacionais/internacionais e locais, oferece oportunidade de intercâmbio e aprendizagem entre investidores sociais.

Tem como Missão promover o desenvolvimento comunitário, através da mobilização, articulação e apoio a investidores e às organizações sociais. As ações visam fortalecer o terceiro setor e, para isso, trabalha em três eixos estratégicos:

Produção e disseminação de informações sobre organizações e iniciativas sociais locais;

Apoio técnico e financeiro as organizações sem fins lucrativos;

Capacitação para o fortalecimento Institucional e o estabelecimento de parcerias.

O ICom realiza a gestão de diversos fundos de investimento social, identificando prioridades, fornecendo orientação técnica e de avaliação para potenciais doadores e para organizações que desenvolvem projetos sociais.

Fundo Comunitário: formado por vários doadores que desejam investir no desenvolvimento social na Grande Florianópolis.

Fundo de Investimento Social específico: formado por empresas ou indivíduos que desejam investir em uma causa ou área geográfica determinada (município ou bairro da Grande Florianópolis).

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O levantamento de fundos se parece com um investimento financeiro: o doador – que chamamos de investidor social – tem várias opções de investimento social, tem um detalhamento preciso e aditado sobre o que é e já foi feito com o seu dinheiro e o dos outros investidores, e tem como acompanhar os resultados de seu investimento.

Fundo Permanente: formado por doações de empresas, indivíduos e/ou fundações nacionais e internacionais. Visa criar uma fonte sustentável para investimentos sociais em médio e longo prazo.

A manutenção do ICom se dá por meio de projetos, e a governança está assim constituída:

Figura 01 – Estrutura Instituto Comunitário Grande Florianópolis Fonte: Elaboração da autora, 2010.

O Instituto é referência em elaboração de projetos e apoio a ações de organizações não-governamentais, e vem se firmando como referência nesse âmbito. E busca consolidar sua imagem tanto nacional como internacionalmente, através de parcerias.

Gestão ICom 2008-2011 ASSEMBLEIA GERAL

(Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Diretoria)

Reunião 1 vez por ano

CONSELHO FISCAL CONSELHO DELIBERATIVO DIRETORIA EQUIPE TÉCNICA Coordenadora Geral Assistente de Coordenação

Coordenação Administrativa - Financeira Fundos de Investimento Social

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2.1 HISTÓRICO DE IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO

No ICom visa-se o aprendizado contínuo dos profissionais que integram seu quadro, sendo que todos têm capacidade teórico-metodológica e técnico- operativa, tendo excelência na formação acadêmica para o desenvolvimento dos projetos empreendidos.

O ICom, desde o seu surgimento, tem a presença do Assistente Social, sendo que a vice- presidente e mais duas assistentes sociais integram seu quadro.

O ICom tem, como especificidade, atender organizações não- governamentais, identificar demandas, elaborar, coordenar e avaliar projetos sociais, elaborar relatórios, fazer levantamento de dados, ver oportunidades de mercado, coordenar reuniões técnicas, produzir conhecimento, entre outros.

Por se tratar de uma organização gerenciada por projetos, parte dos profissionais é contratada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): (coordenadora geral, assistente de coordenação, coordenação administrativa) e parte dos profissionais são consultores, contratados para desenvolver atividades específicas. O que se leva em conta no processo seletivo dos profissionais é a capacidade técnica, teórico-metodológica e ético-política, sendo que a pró-atividade, o conhecimento, habilidades e atitudes é o que deve permear o trabalho inovador e engajado do profissional.

O foco de atendimento institucional são investidores sociais e as Organizações Não-Governamentais (ONGs), os quais recebem aporte técnico e financeiro para desenvolver as ações e beneficiar diretamente os usuários.

O ICom se constitui como uma organização social inovadora, e seu diferencial está na composição da equipe técnica para o desenvolvimento dos serviços prestados. Não há limitações para o profissional que atua nessa Instituição, pelo número de projetos que apresenta e pelo foco que tem em diversos setores, abrangendo as mais variadas áreas e indivíduos.

Quanto aos projetos e fundos destacam-se:

Fortalecimento de programa de formação e assessoria para o desenvolvimento institucional de ONGs da Grande Florianópolis. Seu objetivo é fortalecer a capacidade Institucional das ONGs, para melhorar a qualidade de seu trabalho e gestão.

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Fundo Comunitário para Empreendedorismo Social Jovem – tem como objetivo preparar e incentivar jovens a implementar melhorias na sua comunidade, formando jovens empreendedores frente à vida e à comunidade.

Projeto Sinais Vitais: visa à publicação de um check-up anual da cidade, apresentando indicadores sociais, econômicos e ambientais.

Mapeamento das ONGs II (Palhoça, São José, Biguaçu), objetivando conhecer as ONGs que atuam na região mencionada. Elabora-se o mapeamento e publicação de guia de ONGs para os municípios de Palhoça, São José e Biguaçu, tendo sido realizado o mapeamento das ONGs de Florianópolis.

Portal Transparência: promover a transparência das organizações da sociedade civil (ONGs) que atuam na Grande Florianópolis e apresentar indicadores sobre quem são as organizações (identidade), o que elas fazem (resultados), como elas fazem (gestão) e com quem elas fazem (parcerias).

Fundo para Desenvolvimento Institucional: esse fundo é uma estratégia do ICom para apoiar financeiramente o fortalecimento das organizações da sociedade civil (ONGs) da Grande Florianópolis. Investe nas ONGs locais para que implementem processos e ações para: melhorar sua gestão e a qualidade dos serviços que prestam à comunidade, fortalecer sua identidade e ampliar suas parcerias.

Fundo Comunitário de Reconstrução – SC: teve como objetivo a soma de esforços de diversos atores sociais, repercutindo na construção de 06 moradias, melhoria na infra-estrutura de 08 ONGs atingidas pelas enchentes, o fortalecimento da capacidade de resposta da rede social local, e a criação de um banco de voluntários para situação de emergência.

Por ter sido o espaço de atuação da estagiária de Serviço Social, dar-se-á maior destaque ao Fundo, a seguir.

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3 A PRÁTICA DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL E O FUNDO COMUNITÁRIO DE RECONSTRUÇÃO

Em Santa Catarina ocorreram chuvas torrenciais que levaram a cheias, deslizamentos, milhares de desabrigados, mortes e destruição, no período de novembro de 2008 a janeiro de 2009. Por meio do ICom, foi criado o Fundo Comunitário de Reconstrução, somando esforços de diversos investidores sociais que queriam apoiar o Estado, mas não sabiam como fazê-lo.

O objetivo do fundo é apoiar famílias e organizações da sociedade civil sem fins lucrativos (ONGs) que sofreram perdas significativas em decorrência das chuvas em Santa Catarina no final do ano de 2008. O investimento envolve ações de reconstrução de casas, da infra-estrutura de ONGs e de prevenção, através de seminários e de capacitação da rede social local para a proteção de crianças e adolescentes em situação de emergência.

Foram elaborados planos de contingência específicos para área da criança e do adolescente, com os municípios mais frequentemente atingidos por enchentes, e criado, em parceria com o Instituto Voluntários em Ação (IVA), o Força Voluntária, para capacitar e preparar voluntários para atuar em situações de desastres.

O Fundo Comunitário de Reconstrução foi o espaço ocupacional em que atuamos e desenvolvemos o estágio curricular obrigatório e supervisionado em Serviço Social.

Dentre as ações do Fundo estava o investimento na construção de 06 casas, reconstrução e melhorias na infra-estrutura de 08 ONGs atingidas pela enchente e que atuam com crianças e adolescentes; a capacitação da rede de proteção social para agir de forma mais efetiva no que se refere a crianças e adolescentes em situações de emergência; e a criação de um banco de voluntários, totalizando investimentos na ordem de R$ 618 mil reais.

No decorrer dos investimentos feitos, observou-se que a população – de modo geral – e os profissionais de diferentes áreas, encontram-se despreparados para atuar em situações de desastre. Então o Fundo também apoiou e deflagrou ações para que a população saiba como agir, a quem procurar e o que fazer nestas situações.

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Os instrumentos técnico-operativos que utilizamos durante o período de estágio foram relatórios, entrevista, visita domiciliar e institucional, reuniões e eventos.

No que se refere ao atendimento de famílias que perderam suas casas, estabeleceu-se contato com a Secretaria Municipal de Assistência Social e, a partir das famílias selecionadas e encaminhadas pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), foram feitas visitas domiciliares para identificação e para um melhor conhecimento da situação.

A visita domiciliar é um instrumento técnico operativo do profissional de Serviço Social, com “o objetivo de clarificar situações, considerar o caso na particularidade de seu contexto sociocultural e de relações sociais” (MAGALHÃES, 2003, p.54).

Visita-se para analisar dados, observar as condições de vida, de moradia, de vulnerabilidade social e conhecer a situação e organização da família. Para coletar esses dados, utilizou-se a Entrevista, que norteia a direção da conversa com o usuário, mantendo-se o foco no assunto.

Segundo Magalhães (2003, p. 48-49):

Um bom entrevistador ouve muito e fala pouco; direciona a verbalização dos usuários para os objetivos do trabalho, isto é, retoma o eixo da entrevista ao perceber que o entrevistado está sendo prolixo e repetitivo. As reflexões devem ser estimuladas, e conselhos ou críticas evitadas. As peculiaridades da linguagem devem ser observadas, porque fornecem indícios importantes para a avaliação. Tal fato não significa “falar igual” ou criticar o uso da linguagem diferente.

Um bom entrevistador sabe valorizar essas falas e reter as informações que necessita, retirando subsídios para seus relatórios. Através de um olhar atento e sensível, observa gestos, olhares e procede a uma escuta qualificada.

A escuta qualificada não é a psicologização do Assistente Social, pois ele não está ali para analisar “sentimentos” e, sim, entender o contexto em que o sujeito está inserido como cidadão de direito. Com um olhar sensível, associado à escuta qualificada, o Assistente Social consegue perceber se esse usuário está tendo seus direitos garantidos ou não, sendo orientado para o enfrentamento de outras situações que vão se colocando.

Dessa forma, a seleção criteriosa das organizações não governamentais, que receberam o apoio do Fundo de Reconstrução, deu-se de forma a priorizar as

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que mais necessitavam. Num primeiro momento, se estabeleceu que seria dada preferência a ONGs que atendessem crianças e adolescentes, e por meio de contatos com as secretarias de assistência social dos municípios de Blumenau, Ilhota, Gaspar, Camboriu e Itajaí, que enviaram uma relação das ONGs inscritas. Foi feito contato e as interessadas encaminharam projetos com fotos, informando para quê necessitavam de recursos e em que seriam investidos.

Após a avaliação dos projetos, 08 ONGs foram selecionadas, e receberam o benefício. Passamos, então, para a realização das visitas institucionais, para assinatura do contrato, a fim de receber o apoio.

Disponibilizar recursos financeiros no menor tempo possível, sem burocratização e com responsabilidade, foi a resposta de sucesso apresentada pelo Fundo de Reconstrução aos investidores e aos beneficiados pelo Fundo.

Outro instrumento técnico operativo utilizado foi o relatório de visita domiciliar ou institucional.

Ainda conforme Magalhães (2003, p.60),

O relatório é a descrição ou o relato do que foi possível conhecer por meio do estudo, ou seja, um parecer ou exposição dos fundamentos de um voto ou de uma apreciação, ou ainda de qualquer exposição pormenorizada de circunstâncias, fatos ou objetos.

Por meio deste relatório é que se registram as ações desenvolvidas, encaminham-se informações para os investidores e procede-se a gestão do conhecimento. Daí a importância de o profissional ter atributos teórico- metodológicos, domínio dos instrumentos técnico-operativos e ético-políticos, para nortear sua ação.

Dentre as atividades realizadas pelo Fundo, destaca-se a assessoria aos municípios integrantes (Itajaí, Blumenau, Ilhota, Gaspar, Florianópolis, Palhoça, São José e Biguaçu) visando capacitá-los para o fortalecimento da rede de proteção social, com destaque a ações voltadas para crianças e adolescentes em situação de emergência. Como uma das ações era a elaboração de um Plano de Contingência, com foco em criança e adolescente, foi oferecida uma oficina, ministrada pela assessora Ana Schuarz, da Save the Children (International Save the Children Alliance), que é uma organização não-governamental, criada em 1919 após a Primeira Guerra. Esta Instituição nasceu em defesa dos direitos das crianças, devido

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à situação catastrófica dessas. Seu objetivo é atender demandas nos cantos mais remotos do mundo.

Estiveram presentes assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, representantes da Defesa Civil e líderes comunitários. Cada município, através do acesso desse conhecimento, elaborou o seu Plano de Contingência local, com foco em criança e adolescente.

Durante o ano de 2009, ocorreram 04 seminários regionais, realizados nos municípios de Blumenau, Itajaí, Gaspar e Florianópolis. Os seminários reuniram cerca de 600 profissionais, estudantes e voluntários, que trabalharam os temas: mudanças climáticas e situações de risco; proteção da criança e do adolescente em situação de emergência; atuação da rede de proteção social local, e elaboração de planos de contingência com foco na criança e no adolescente.

Em novembro, foi realizado o Seminário Estadual Fundo Comunitário de Reconstrução de Santa Catarina: lições aprendidas e resultados alcançados, prestando contas sobre os investimentos do Fundo, com o objetivo de mostrar os resultados do fundo à comunidade, aos parceiros e aos investidores. O evento foi realizado em Florianópolis, e contou com 150 participantes e com a presença de autoridades locais e regionais.

Foram elaborados diferentes materiais como:

1 – Guia de Proteção de crianças e adolescentes em situação de emergência;

2 – Folder, destacando o que é o Fundo, ações pensadas;

3 – Reprodução do DVD: Percepção de Risco, autorizado pela Defesa Civil;

4 – Manual Força Voluntária – que visa mobilizar, organizar e capacitar grupos de voluntários para agir em situações de desastres em Santa Catarina;

5 – Plano de Contingência para a área da Criança e do Adolescente.

Apoiado pelo Fundo Comunitário de Reconstrução do Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICom, e executado pelo Instituto Voluntários em Ação, em parceria com a Defesa Civil e outras organizações, criou-se um banco de voluntários treinados e capacitados para atender a essa nova demanda. Através do portal www.forcavoluntaria.org.br , os voluntários poderão se cadastrar e receber treinamento específico para atuarem em situação de desastre.

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Segundo a Lei do Voluntariado, nº 9.608, de 18/02/98 Art.1°,

Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada sem fins lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Parágrafo único: O serviço voluntário não gera vínculo empregatício nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim.

Situações de risco e desastre acarretam riscos imensuráveis, havendo a necessidade de se estar capacitado para atuar e fazer frente a estas situações, tendo em vista que este tipo de evento normalmente excede à capacidade de resposta, exigindo mobilização e treinamento dos voluntários.

Conforme o site do Instituto Voluntários em Ação:

Atualmente os voluntários são pessoas economicamente ativas, na sua maioria jovens, com alto nível de qualificação, e usam a internet para obter informação. Ao contrário de anos anteriores, quando a maioria das pessoas buscava uma atividade voluntária quando já tinha sua carga de trabalho reduzida ou mesmo já havia se aposentado, já tinha concluído sua formação profissional, ou ainda por pessoas, na sua maioria mulheres, que não tinham atividade profissional e dedicavam-se integralmente à administração de suas casas e famílias.

Hoje, os voluntários podem colocar seu saber à disposição do que é necessário, tornando suas ações mais eficientes na hora do desastre. Um exemplo da necessidade da capacitação, tanto do voluntario como dos profissionais, foi o relato que “na hora do desastre, os assistentes sociais foram separar e dobrar

roupas”. Para lidar com essa realidade, é preciso fazer uso do instrumental técnico

imprescindível em qualquer profissão.

Outro instrumento utilizado no ICOM são as reuniões técnicas mensais, em que cada coordenador de projeto expõe o que foi realizado naquele período e a coordenadora geral pontua e direciona as ações para a manutenção do foco e cumprimento da missão institucional. Observa-se que há cumplicidade entre as diferentes áreas, visando seu fortalecimento, e por meio das reuniões técnicas socializam-se ações, resultados, dificuldades e busca-se a melhor alternativa para o alcance da eficácia e eficiência dos projetos. É um meio de sistematizar e usar sua sinergia para conhecer as dificuldades enfrentadas por seus consultores.

(25)

Segundo Magalhães (2003, p. 53),

Esse tipo de reunião também pode ser considerado um instrumento técnico operativo, utilizado com o objetivo de solucionar problemas na equipe, discutir casos, redimensionar o trabalho realizado, solucionar problemas, avaliar atividades ou simplesmente estudar.

Nessa perspectiva, cumpre seu objetivo e surpreende pela flexibilidade e matricialidade, diminuindo a hierarquia e potencializando o alcance de objetivos em comum, em que as pessoas envolvidas se auxiliam em prol do desenvolvimento dos projetos.

Segundo Palma (1986, p.77),

A institucionalização democrática não representa um jogo de cartas marcadas, no qual as classes subordinadas estão, desde o início, fatalmente condenadas a perder. Ao contrário, [...] se trata de arenas contraditórias, dinâmicas, onde se abrem e fecham espaços e alternativas segundo as iniciativas – sempre relacionais e opostas dos sujeitos coletivos que nela se encontram e confrontam. Jogar este jogo, ganhar forças para apoiar o próprio projeto, debilitar a vigência do projeto contrário, ampliar e controlar espaços – isto é fazer política.

Esta política institucional do ICom possibilita um aprendizado contínuo das pessoas envolvidas nas mais diferentes áreas e a troca de experiências.

Durante uma das reuniões com a Defesa Civil, foi explicitada a importância do trabalho do profissional de Serviço Social em situação de risco e desastre e como sua atuação foi prejudicada pela falta de capacitação. Diante disto, decidiu-se fazer uma pesquisa para identificar quais conhecimentos são necessários e que tipo de ação os assistentes sociais desenvolvem.

Segundo Bourguignon ( 2005, p.7),

Pesquisar é exercício sistemático de indagação da realidade observada, buscando conhecimento que ultrapasse nosso entendimento imediato, com um fim determinado, e que fundamenta e instrumentaliza o profissional a desenvolver práticas comprometidas com mudanças significativas no contexto em que se insere e em relação à qualidade de vida do cidadão.

Escolheu-se realizar essa pesquisa para aprofundar os conhecimentos sobre o trabalho do assistente social frente às situações de risco e desastre, os quais serão cada vez mais frequentes.

(26)

4 O SERVIÇO SOCIAL FRENTE ÀS DEMANDAS SOCIAIS E DE SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE

O motivo, pelo qual realizamos essa pesquisa, foi aprofundar os conhecimentos sobre o trabalho do Assistente Social frente às situações de risco e desastre, considerando que as previsões apontam para sua continuidade e frequência. Buscamos, dentro desse contexto, identificar quais as demandas mais urgentes, pois se acredita que a maneira mais sábia de utilizar esses conhecimentos é sistematizando-os, diminuindo, com isso, a vulnerabilidade humana.

É preciso compreender que todas as pessoas envolvidas numa situação de desastre devem desenvolver seus papéis e que têm condições de contribuir para a diminuição do risco. O enfoque tradicional dava conta somente quando os desastres aconteciam. E eram esporádicos. Hoje, portanto, vê-se a necessidade de uma ferramenta de apoio constante e de toda uma estrutura de prevenção e preparação para quando ocorrerem os sinistros.

Esta pesquisa justifica-se, tendo em vista as críticas feitas aos assistentes sociais pela Defesa Civil por sua incapacidade de agir em situação de desastre. Um duplo interesse motivou a pesquisa: verificar como foi a atuação do assistente social nos últimos desastres e identificar que conhecimentos são necessários para o assistente social atuar de forma eficaz em situação de risco e desastre.

O presente estudo foi realizado nas cidades de Florianópolis, Gaspar, Blumenau, Itajaí, Palhoça, Ilhota e Biguaçu e procurou identificar quais conhecimentos são necessários para o assistente social atuar de forma efetiva em situação de risco e desastre, e como foi a atuação do assistente social nos últimos sinistros.

Participaram como agentes do estudo: Profissionais assistentes sociais

Profissionais da Defesa Civil município de Florianópolis e Defesa Civil Estadual. A coleta de dados foi feita através de questionários enviados via e-mail para os profissionais, com explicação sobre a importância das respostas.

Considera-se o relatório de pesquisa relevante, para que novas ações de enfrentamento das situações de risco e desastre sejam pensadas.

(27)

Pretende-se que a análise dos dados contribua com a ação e possibilitem novos horizontes para o assistente social.

4.1 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Apresentam-se os dados da pesquisa realizados com profissionais de Serviço Social e da Defesa Civil de Florianópolis, Blumenau, Gaspar, Itajaí, Biguaçu e Palhoça, todos municípios do Estado de Santa Catarina.

Foi elaborado questionário com onze questões, enviadas a dezesseis profissionais de Serviço Social e cinco profissionais da Defesa Civil, alertando e conscientizando sobre a importância do preenchimento.

Gráfico 01

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Durante os desastres, os assistentes sociais relataram que 17% orientam as pessoas atingidas para seus direitos e benefícios e o seu acolhimento dentro dos abrigos, sendo que nos questionários é visível a importância do acolhimento; 13% fazem o cadastramento das pessoas e a articulação com a rede sócio-assistencial; 7% fazem a integração dos profissionais com a Defesa Civil; 6% organizam locais para alojamento e cuidam da segurança dentro dos abrigos; 4% fazem o

17% 17% 13% 13% 8% 6% 6% 4% 4% 3% 3% 2% 2% 2%

PAPEL E AÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL EM SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE

Orientação para direitos e benefícios Acolhimento no Abrigo

Cadastramento das pessoas atingidas Articulação com a rede sócio assistencial Integração dos profissionais com a Defesa Civil Local para alojamento

Segurança dentro dos abrigos Atendimento das famílias Gerenciamento dos Abrigos Relatório e estudos sociais Alimentação

Solicitação de documentos

Elaboração dos planos emergenciais Código de Ética

(28)

atendimento das famílias e gerenciamento do abrigo; 3% cuidam de relatórios sociais e providenciam alimentação; e 2% cuidam da solicitação de documentos, elaboração de planos emergenciais e do código de ética.

Das respostas obtidas pelos assistentes sociais, a mais agravante e que dá os indicativos da necessidade da Capacitação Profissional para essa área é dentro do abrigo, na hora de fazer o gerenciamento, em que o profissional deve estar focado em elaborar seus planos de ação para atender a demanda que em situação de desastre se acumula. Essas respostas dão a devida medida do cotidiano do fazer profissional em situação de risco e desastre.

Reconhecendo-se a importância de saber identificar e usar os instrumentos técnico-operativos, indagou-se quais destes instrumentos são usados em situação de risco e desastre.

Gráfico 02

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

O uso dos instrumentos técnico-operativos pelo assistente social em situação de risco e desastre é essencial, sendo que 33% fazem contatos; 27%, entrevistas; 21%, relatórios; 19%, dinâmicas de grupo, mostrando-nos a importância do instrumental. Destes instrumentos citados, cabe destacar a importância dos relatórios e de um local para que, após o desastre, possam ser consultados.

33% 27%

21%

19%

INSTRUMENTOS TÉCNICO-OPERATIVOS UTILIZADOS PELO ASSISTENTE SOCIAL EM SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE

Contatos

Entrevistas

Relatórios

(29)

Segundo Guerra (2000, p.02):

Na medida em que os profissionais utilizam, criam, se adéquam às condições existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das intencionalidades, suas ações são portadoras de instrumentalidade. Deste modo, a instrumentalidade é tanto condição necessária de todo trabalho social quanto categoria constitutiva, um modo de ser, de todo trabalho.

É por meio da efetivação do instrumental técnico-operativo que o assistente social vai penetrando e decifrando a realidade, mudando contextos e inserindo direitos, seja através de contatos, de entrevistas, de relatórios ou de dinâmicas de grupo, que possam ser criados para o enfrentamento daquela realidade.

A adequada utilização desses instrumentos requer uma contínua capacitação profissional, que busque aprimorar conhecimentos e habilidades nas suas diversas áreas de atuação. Para eficiência de suas ações é imprescindível conhecimento teórico anterior para poder planejar suas ações.

Quanto ao profissional dispor de um plano de ação para o enfrentamento de situações de risco e desastre, os entrevistados mencionaram:

Gráfico 03

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Para atuar em situações de risco e desastre, 63% dos profissionais afirmaram não dispor de um plano de ação, o que comprova que o trabalho do

63% 31%

6%

O ASSISTENTE SOCIAL DISPÕE DE PLANO DE AÇÃO VOLTADO AO ENFRENTAMENTO DAS SITUAÇÕES DE RISCO

E DESASTRE?

Não

Sim

(30)

assistente social, dentro de tais condições e sem preparo técnico, torna-se engessado e lento, colocando em risco suas ações na garantia dos direitos dos usuários e no acesso a eles; 31% possuem um plano, e estes são de áreas normalmente atingidas pelas cheias. O conhecimento que possuem é da experiência vivenciada em campo, porém não possuem relatórios ou histórico das famílias que foram atingidas pelas cheias para medir suas ações; 6% não opinaram.

Mesmo os assistentes sociais, que possuem contato com a Defesa Civil, ainda não se deram conta da importância de sistematizar seus conhecimentos, bem como a elaboração de planos de ação eficientes, uma vez que quando o desastre ocorre, a população precisa ser acolhida, o que requer preparação antecipada dos profissionais para darem respostas rápidas.

Segundo a fala do palestrante Mello (2010),

Os planos de ação são pouco usados pelo assistente social e isso dificulta a eficiência diante das situações de risco e desastre. Não há nem mesmo organização do trabalho, que é feito por ordem de emergência. O assistente social que atua nas situações de risco e desastre muitas vezes não está articulado com a Defesa Civil e desconhece sua hierarquia, sua funcionalidade, atrasando a resposta a determinadas demandas.

Uma medida de plano de prevenção para resposta a risco e desastre seria articular defesa civil e assistência social para darem respostas conjuntas às demandas que se colocam antes do desastre, e depois, no período de normalidade.

Criar eixos de articulação, refletir e propor planos de ações constitui-se, hoje, um grande desafio para os profissionais, entre eles, os gestores municipais. Conselheiros, pertencentes aos diferentes Conselhos de Direitos – que respondem pela garantia dos direitos fundamentais do cidadão – consideram que não é uma função isolada do assistente social, mas um conjunto de ações e articulação que fazem esta resposta ser eficaz, vinculadas a políticas públicas efetivas.

(31)

Quanto às dificuldades enfrentadas pelo assistente social em situação de risco e desastre, mencionaram:

Gráfico 04

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Os desafios para atuação em situação de risco e desastre são muitos e, entre eles, 27% relataram falta de capacitação; 23%: inexistência de um plano de ação da área profissional; 16%: conhecimento sobre recursos, verbas e benefícios eventuais, os quais em situação de desastre são um entrave ao fazer profissional desqualificado, pois requerem agilidade no preencher de formulários para a liberação de recursos; 14% disseram ter dificuldades de articulação com a rede, a qual deve estar mapeada e deve-se ter contato contínuo a fim de estreitar laços e obter respostas; 7% mencionaram falta de estrutura. A falta de estrutura dos abrigos é uma constante em situação de risco e desastre, deixando profissionais de mãos atadas, gerenciando o caos; 5% mencionaram falta de autonomia e apoio em suas ações; 2%: pressão do tempo para dar respostas, excesso de atribuições, falta de condução dos trabalhos voluntários, e falta de políticas públicas para dar resposta mais eficiente, e em curto prazo.

Diante dos dados, o fazer profissional deve superar os desafios, lutar por benefícios dentro de sua área de atuação, propor e criar novas perspectivas, enfrentando as dificuldades, criando e elaborando seu plano de contingência, uma

27% 23% 16% 14% 7% 5% 2% 2% 2% 2%

DIFICULDADES ENFRENTADAS PELO ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DAS SITUAÇÕES DE RISCO E DESASTRE

Falta de capacitação

Falta de plano de ação da área profissional

Conhecimento sobre recursos, verbas e benefícios eventuais

Dificuldades de articulação com a rede Falta de estrutura

Falta de autonomia e apoio em suas ações

Pressão do tempo para dar respostas

Excesso de funções

Condução do trabalho voluntário Falta de políticas públicas para resposta

(32)

vez que se identificou o que o assistente social precisa saber para enfrentar situações de risco e desastre.

Gráfico 05

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Novamente a capacitação é mencionada, sendo que para 26% dos entrevistados é uma necessidade primordial. Para 16%: conhecer a rede de proteção; para 10%: fazer encaminhamentos e conhecer a área atingida, o que dá ao assistente social credibilidade e confiança junto à população atendida, dentro dos abrigos, e em campo, nas visitas domiciliares; 8% apontam para os locais de abrigamento e a estrutura da defesa civil; 7%: gestão de abrigos; 5%: recursos financeiros; 3%: voluntários e garantir a segurança; 2%: trabalho em grupo e atuar com o poder público.

Deste modo, o assistente social procura responder às demandas dos usuários, garantindo o acesso aos direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 e na legislação complementar.

Para tanto, se faz necessário atualização constante e cursos de capacitação, treinamentos e estudos frequentes, além de conhecimento de toda a rede e serviços.

Estabelecer parceria e contatos frequentes com a Defesa Civil cria facilitadores, bem como saber quais as áreas de maior vulnerabilidade social e onde se localizam os abrigos e recursos disponíveis para acessá-los.

26% 16% 10% 10% 8% 8% 7% 5% 3% 3% 2% 2%

O QUE O ASSISTENTE SOCIAL PRECISA SABER PARA ENFRENTAR SITUAÇÕES DE RISCO E DESASTRE

Capacitação

Conhecer a rede de proteção Encaminhamentos

Conhecer a área atingida Locais de abrigamento Estrutura Defesa Civil Gestão de Abrigos Recursos financeiros Voluntários Garantir a segurança Trabalho em grupo Atuar com o poder público

(33)

Exige-se do profissional assistente social um projeto ético-político, para permear suas relações, uma vez que a gestão de pessoas, recursos e serviços vai além de ser um executor de políticas.

Segundo Sarmento Boska (2000, p.102-103),

É preciso, portanto, reconstruir o perfil sócio técnico e ideo-político do profissional de Serviço Social. Mas, isso implica conhecimento do profissional de Serviço Social. Implica conhecimento do profissional sobre o contexto de gestão privada e pública, suas diferenças, especificidades e interações. E mesmo Serviço Social precisa responder às especificidades locais sim. Mas, não pode adequar-se a um receituário e nem deixar-se ser excluído do quadro de serviços por indisposição ao estudo e capacitação intelectual, bem como falar de conhecimento de novas culturas e formas de trabalhar; pois o importante é a garantia dos direitos sociais e o conteúdo a ser repassado na formação de novos valores, contemplando a direção social apontada pelo projeto ético político da profissão.

Antepor-se aos acontecimentos, buscando a capacitação específica para o enfrentamento das situações, será o desafio do profissional assistente social, a fim de garantir direitos e autonomia das pessoas que sofreram danos por eventos adversos.

No que se refere aos recursos a serem acionados em situações de risco e desastre, os entrevistados informaram:

Gráfico 06

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Dos recursos que são necessários nas situações de risco e desastre foram citados: 20% - recursos financeiros; 18%: rede sócio-assistencial; 15%:

20% 18% 15% 10% 8% 8% 5% 5% 5% 3% 3%

RECURSOS QUE O ASSISTENTE SOCIAL PRECISA ACIONAR PARA ENFRENTAR AS SITUAÇÕES DE RISCO E DESASTRE

Financeiros Rede Humanos Materiais Lojísticas Transporte Defesa Civil Alimentos Políticas e Programas Material Informativo Abrigos

(34)

recursos humanos (pessoas capacitadas para a cozinha, segurança interna dos abrigos, como guarda ou polícia); 10%: recursos materiais; 8%: logística e transporte (roupas, mantimentos, ambulâncias para encaminhamento de feridos para hospitais e para movimentar idosos, crianças e pessoas com deficiência, nos dias que seguem); 5%: estar articulado com a Defesa Civil, alimentação, políticas e programas; e 3%: material informativo e abrigos, os quais devem ser elaborados no período de normalidade.

Conforme o palestrante Melo (2010),

O profissional de serviço social que atua em situação de risco e desastre precisa saber quais recursos financeiros disponibiliza para poder planejar suas ações em situação de abrigamento ou para poder auxiliar famílias que tenham sido atingidas por alguma catástrofe e estejam em situação de vulnerabilidade, para que possam garantir a seguranças desses usuários.

A segurança dentro dos abrigos deve dar-se de maneira integrada com as polícias militares, guarda municipal e com as pessoas em situação de abrigo, feita com antecedência e prevista no plano de contingência.

Segundo Kliksberg (1998, p.48),

Um Estado inteligente na área social não é um Estado mínimo, nem ausente, nem de ações pontuais, mas um Estado com uma “política de Estado”, não de partidos, e sim de educação, saúde, nutrição, cultura, orientado para superar as graves iniquidades e promotor da sociedade civil, com um papel sinergizante permanente.

É tarefa do assistente social articular-se com o Estado, de maneira a se prevenir para essas novas demandas, de fazer o papel de educador e de disseminador de informações. Criar parceria com as Defesas Civis e com as secretarias de Assistência Social e com a rede pública e sociedade civil organizada para o enfrentamento dessa nova situação. O assistente social deve compreender que seu trabalho é uma ação de ponta e de base, mas que movimenta e transforma toda a estrutura de maneira sistêmica.

(35)

Gráfico 07

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Dos conhecimentos necessários para serem utilizados em situações de risco e desastre foram relatados: 32%: formação acadêmica específica em Serviço Social; 20%: cadastramento dos atingidos; 12% não possuíam conhecimento e foram aprendendo; 12%: conhecimento sobre leis; 8%: gestão de abrigos e articulação com a rede sócio-assistencial; e 4%: conhecimento sobre solicitação de benefícios e percepção de risco.

Da formação acadêmica específica do serviço social, utiliza-se do suporte teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo, evidenciando seu uso em todas as respostas obtidas. Isso não dispensa uma formação específica na área de risco e desastre, com conhecimentos da Política Nacional de Defesa Civil, percepção de risco e afins, na medida em que contribuem para a prevenção e enfrentamento nas vulnerabilidades.

No que se refere ao mapeamento da rede sócio-assistencial: 32% 20% 12% 12% 8% 8% 4% 4%

CONHECIMENTOS QUE O ASSISTENTE SOCIAL UTILIZOU NA HORA DA SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE

Formação acadêmica em Serviço Social

Cadastramento dos atingidos Não tinha conhecimentos foi aprendendo Leis Gestão de abrigos Articular a rede Solicitar Benefícios Percepção de risco

(36)

Gráfico 08

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Dos entrevistados, 69% informaram não haver mapeamento das organizações municipais e 31% afirmam haver mapeamento.

Os que disseram haver o mapeamento citaram, como dificuldade, a falta da disponibilidade dos dados na hora da situação de risco e desastre.

É possível também perceber a disparidade na resposta, sendo que a maioria não conhece a rede mapeada e não sabe onde localizar os dados.

A rede sócio-assistencial e seus órgãos devem ser do conhecimento de todos os cidadãos, e os serviços que prestam em determinada comunidade devem trazer transparência e visibilidade, para que possam ser acessados sempre que necessários.

Segundo Costa (2000, p.100),

Gerenciar organizações do terceiro setor não é tarefa que se esgota no ativismo diário e na luta solitária pela sobrevivência institucional. Significa compreender que as instituições socioassistenciais não-governamentais têm uma função social mais ampla na atual conjuntura brasileira: transcender a perspectiva assistencialista em direção a uma ação de real promoção e desenvolvimento social, superando a exclusão social; e conhecer e cumprir as diretrizes preconizadas pelo ordenamento legal.

A sociedade civil deve cumprir seu papel, sendo organizada, mapeada e responsabilizada por suas ações. Tem o dever de ficar à disposição, principalmente em situações de risco e desastre. Cada município pode exigir das ONGs que mantenham cadastros atualizados em sites de prefeituras, com: nomes, atividades

69% 31%

EXISTE MAPEAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES MUNICIPAIS E QUE PODEM SER ARTICULADAS EM SITUAÇÃO DE RISCO E

DESASTRE?

Não

(37)

desenvolvidas, telefones e endereços para contato de qualquer cidadão. Se a ONG for desativada, seu cadastro deverá ser retirado do sistema e, cada ONG criada, deverá ser cadastrada.

A sugestão é o cadastro único de todas as instituições municipais, com atualizações frequentes em sites municipais, a exemplo da home page das Prefeituras.

Sabe-se que para atuar frente às situações de risco e desastre é necessário um plano de contingência, estabelecendo as áreas e os profissionais que irão atuar e como se organizarão.

.

Gráfico 09

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Quanto à existência de uma equipe para atuar em situações de risco e desastre, 56% disseram que sim existe, e 44%, que não.

O que causa preocupação é que os profissionais do Serviço Social e das áreas de humanas não têm seu plano de contingência, não sabem que medidas tomar, como agir, o que fazer. Não há trabalho de prevenção em risco, ameaças e vulnerabilidades comunitárias, o que aumenta o grau de probabilidade do evento adverso ser mais danoso.

Ficam limitadas, a seguir, ordens, que podem vir ou não de encontro ao seu projeto ético e ferirem até mesmo direitos humanos ao serem surpreendidos por

56% 44%

EXISTE UMA EQUIPE QUE SE ORGANIZA PARA ATUAR FRENTE ÀS SITUAÇÕES DE RISCO E DESASTRE?

Sim

(38)

situações fora de seu contexto, do qual não possuem conhecimentos para darem respostas.

A Defesa Civil deve ser a facilitadora e orientadora do conhecimento prévio durante o desastre, e deve mediar segurança e provisão de alimentos, dentre outros.

É responsável por fazer essa mediação do conhecimento, incentivando as universidades, com ênfase ao Serviço Social, a estarem criando capacitações adequadas nessa área. Porém a disseminação e a parceria com universidades em Santa Catarina são tímidas e desconhecem-se ações da Defesa Civil com outras Universidades que não seja a Universidade Federal de Santa Catarina, ficando as ações mediadas somente a um olhar.

Quanto à equipe para atuar em situação de risco e desastre, responderam:

Gráfico 10

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Os profissionais que compõe a equipe para atuar em situação de risco e desastre são: 18%, de assistência social; 13%: profissionais de saúde; 11%: defesa civil e engenheiros; 10%: operacionais da secretaria de obras; 6%: educação, geólogos, psicólogos, secretaria de habitação, secretaria de assistência social; 5%: voluntários; 3%: bombeiros e polícia militar; e 2%: padres.

Segundo a fala de Melo (2010) 17% 13% 11% 10% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 5% 3% 3% 2%

OS PROFISSIONAIS QUE COMPÕEM A EQUIPE PARA ATUAR EM SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE

Serviço Social Profissionais de saúde Defesa Civil Engenheiros

Operacionais secretaria de obras Educação

Geólogos Psicólogos

Secretaria de habitação Secretaria de Assistência Social Voluntários

Bombeiros Polícia militar Padre

(39)

Ficou evidente a coordenação da defesa civil em situação de risco e desastre, sendo sua especificidade as coordenadas sobre onde e como atuar, para onde se levam as vítimas de desastres e definir para quais abrigos. Criar mais transparência e conhecimento sobre suas ações é o desafio da Defesa Civil junto à população atendida.

Uma gama de profissionais é exigida em situação de risco e desastre, o que requer planejamento das ações e a certeza das tarefas a serem realizadas. O trabalho com uma equipe multidisciplinar, que possa ser articulada, treinada e preparada antes de o desastre ocorrer.

Quanto às competências, responderam:

Gráfico 11

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

33% indicaram saber lidar com situações de risco e desastre; 26%: com acolhida; 19%: planejar ações; 15%: trabalho multidisciplinar e intersetorial; e 7%: construir espaços de políticas públicas.

Segundo Almeida (2007, p. 4),

A competência profissional implica uma formação acadêmica qualificada, que viabilize a “análise concreta da realidade social” imprescindível ao desenvolvimento de procedimentos adequados. A auto-formação permanente e o exercício de uma postura investigativa revelam-se fundamentais. 33% 26% 19% 15% 7%

COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL PARA ATUAR EM SITUAÇÃO DE RISCO E

DESASTRE

Saber lidar com situações de risco e desastre

Acolhida Planejar ações

Trabalho Multidisciplinar e intersetorial

Construir espaços para políticas públicas

(40)

A pesquisa é uma fonte de conhecimento e parte integrante da formação e competência do profissional. A atitude do profissional demonstra habilidade de querer fazer e o desastre pode ser usado como espaço para controle social e efetivação de políticas públicas com agilidade, e espaço para novas conquistas.

4.2 PERCEPÇÃO DA DEFESA CIVIL PELO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL

Para identificar e saber como se deu a participação do assistente social na situação de risco e desastre, e identificar como é percebido pela Defesa Civil, elaborou-se um questionário, com cinco questões, enviadas aos profissionais da Defesa Civil, sendo que retornaram três questionários.

O profissional de Serviço Social deve ser o propulsor de ações, identificando demandas e buscando o conhecimento necessário para seu enfrentamento.

Gráfico 12

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Para efetivar suas ações dentro das situações de risco e desastre, e reduzir os danos causados, é necessário um trabalho de prevenção. 15% responderam que sua contribuição é a identificação da comunidade, ou seja, dos

15% 14% 14% 14% 9% 9% 9% 9% 9%

CONTRIBUIÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL PARA O ATENDIMENTO DAS SITUAÇÕES DE RISCO E DESASTRE

Identificação da comunidade Visita aos locais atingidos Prevenção

Organização e alojamento das pessoas Distribuição de benefícios

Indicar locais de maior vulnerabilidade Levantamento das pessoas Cadastramento

(41)

riscos e vulnerabilidades encontrados dentro das comunidades e as chances de ocorrência de evento adverso; 14% responderam que contribuem com visitas aos locais atingidos, no intuito de organizar ações para contribuir com as famílias atingidas, trabalho de prevenção junto a essas comunidades, com organização e alojamento das pessoas; 9%, com a distribuição de benefícios, sendo que a indicação de maior vulnerabilidade se dá através da prevenção, levantamento de pessoas e cadastramento; e 9% se dão com o abrigamento das famílias.

Levantou-se, também, o fato de ser o profissional assistente social quem trabalha na conscientização das famílias para que elas deixem os locais de risco. Esses locais são seu lar, um lugar de proteção, e não percebem o risco ao qual estão expostas.

A Defesa Civil é responsável pela remoção das famílias e pela designação dos profissionais que atuarão com ela, sendo que dentro dos abrigos temporários faz-se necessária a presença do assistente social como gestor.

Gráfico 13

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Para fazer o enfrentamento das situações de risco e desastre, os profissionais precisam ter, segundo a Defesa Civil, 30% de capacitação técnica e percepção de risco, e 10%: de conhecimento do instrumental técnico específico da profissão e noções de primeiros socorros, bem como entender de hierarquia.

30% 30%

20%

10%

10%

PREPARAÇÃO NECESSÁRIA PARA O ENFRENTAMENTO DAS SITUAÇÕES DE RISCO E DESASTRE

Capacitação técnica Percepção de risco

Conhecimento do Instrumental técnico Primeiros Socorros

(42)

Ficou evidenciada a necessidade de qualificação nessa área específica, tanto por parte dos profissionais assistentes sociais quanto por parte da Defesa Civil.

A percepção do risco é um instrumento que deve ser muito utilizado, para diminuir as chances de o evento adverso causar maiores danos aos indivíduos. Esse deve ser utilizado na forma de prevenção.

Outra resposta preocupante é a necessidade de hierarquia entre os profissionais. Esse trabalho deverá dar-se em parceria, utilizando-se dos mais variados saberes para garantir, à população usuária, seus direitos.

Quanto às ações desenvolvidas pelo Serviço Social, em parceria com a Defesa Civil, mencionaram:

Gráfico 14

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Os papéis que o Serviço Social desenvolve juntamente com a Defesa Civil, em situação de desastre, 34% dos assistentes sociais coordenam e recebem donativos; 33% fazem a montagem e gestão de abrigos; 22% fazem o acolhimento; e 11% auxiliam na remoção das famílias de locais de risco. No gráfico acima ficam evidenciadas as ações desenvolvidas pelo assistente social em situações de risco e desastre, e é intrínseco a este profissional a responsabilidade de manter os atendimentos com foco na garantia de direitos.

34%

33% 22%

11%

AÇÕES DESENVOLVIDAS PELO SERVIÇO SOCIAL EM PARCERIA COM A DEFESA CIVIL

Coordenar locais que recebem donativos

Montagem e gestão de abrigos

Acolhimento

Auxílio na remoção das famílias

(43)

Gráfico 15

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

Quanto à atuação do assistente social frente às situações de risco e desastre, 50% consideram satisfatória sua atuação. Um dos motivos citados foi a falta de recursos. 33% tiveram dificuldades nas ações, por não conhecer o campo no qual estavam atuando; 17% trabalharam com número de profissionais assistentes sociais reduzidos, tendo que permanecer longas horas fazendo atendimentos, sem descanso.

Gráfico 16

Fonte: Elaboração da autora, 2009.

50%

33% 17%

COMO FOI A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE ÀS SITUAÇÕES DE RISCO E DESASTRE

Satisfatória

Dificuldades nas ações

Número de profissionais reduzidos

50% 33%

17%

O PROFISSIONAL ASSISTENTE SOCIAL PRECISA SABER PARA ATUAR EM SITUAÇÃO DE RISCO E DESASTRE

Capacitação de risco e desastre

Trabalhar em equipe

Referências

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