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University

of

Toronto

(5)
(6)
(7)

OBRAS

Lillcialo Amci-.oneusc

Bento

de Figueiredo Tenreiro

Aranlia

2."

EDIÇÀO

Alandadãreedita?-peloEstadodo

Amazonas

durante a administração

Ex.'"" Sk CoronelJosé

Cardozo

Ramalho

Jumor

LISBOA

Typ. da Co.mpaxhl\ Nacioxal Eihtora

(8)
(9)

Obras

Litterarias

Bento

de FfcuEiREDO Tenreiro

Aranha

NaturaldaVilladeBarcellos

capital d'auti!;acapitania doRioNaçro,aí;oraProvindadoAmazonas

Senhor D.

Pedro

2.",Imperador do Brazil

D.eO.

JoÀoBaptistade FigueiredoTenreiro

filhodo Autor

Aranhas

//--'

f^Jl^/

^

PARÁ—

1S50

(10)

r

9

69/

i77í

(11)

.^Sf y

rmík

Vossa

Magestade

Imperial dedico as obras

litterarias de

meu

fallecido pai, porque

umas

fez elle

em

honrada Monarciíia, e das acções

preclaras dos Excelsos Antepassados deVossa

Magestade

Imperial; outras

em

louvor de varões

pres-tantes que, á gloria d'Elles e do paiz, se distinguirão

por feitos memoráveis, e de pessoas cujas virtudes

de-viam ter-se por exemplares.

Umas

e outras, porserem

de litteratura,

também

pertencem a Vossa

Magestade

Imperial,que é protector daslettras, e tem omais emi-nente lugar entre os sábios no Instituto Histórico

Bra-zileiro, onde já honrosa

mensão

^

fez destas

mesmas

obras; e todas

em

summa,

por ^i^remdo primeiro vate

do Amazonas, vão ser dadas

em

primícias a Vossa

Ma-gestade Imperial, pela elevação d'essa nova Provinda

no presente anno.

Talvez, Senhor, pareça de pouco vallor, por serde

pequeno volume,'o que offereçodas ditasobras; eu

po-rém as tenho

em

altoapreço, pelos motivos sobreditos, e por que, tendo-se perdido todas, amuito custo tornei a haver as que consagroa Vossa

Magestade

Imperial,

e sãoproducções ingénuas de

uma

fonte pura, amelhor

(12)

b

Com

a dita de beijar a

Mão

Augustade Vossa

Ma-GESTADEImperial,

em

Petrópolis,

também

tiveadeser-me

permittida esta oblação que

faço,

com

os votospuros do mais prbfundo acatamento,

no presente e tão propicio Anniversario,

em

que o

Céo

dilata e asseguraa venturae gloria dos Brazileiros.

Sou

De

VossA

Magestade

Imperial,Senhor

Súbditofiel e submisso EmBelém doGráoParàa

2deDezembrode iS3o.

(13)

Artigo

biographico

|o

6da Revista Trimensal daHistoria e

Geo-graphia, ou Jornal do instituto Histórico

Geo-graphicoBrazileiro,pag. 255,passoua ser reim-presso e publicado no Jornal do

Commercio

n.'^ 8 de10 de Janeiro de 1841,

com

licençadoSecretario perpetuo do

mesmo

Instituto, o seguinte:

Bento de Figueiredo TenreiroAranha

«Nasceu na villa de Barcellos, antiga cabeça de

co-marca do Rio Negro, no dia 4 de Setembro de 1769.(iy

«A

suaascendência he

huma

das mais honestáá

{?Ute-tinctas do Pará. Seu pai, Raimunct» de Figueiredo

Ten-reiro erafilho de Bento de Figueiredo Tenreiro,

capitão-(1)

O

Snr.Baenano seu Ensaio Corographico sobre a

provín-ciado Pará, aqui impressonoannode1839,tratandodaVillade

Barcellos,á pag.388e390, dizassim:

<^Barce//os: Villa creada em 1758peloGovernadordóPará

FranciscoXavier deMendonçaFurtado,eCapitaldae.xtincta

Ca-pitania do Rio Negro, tendosido atéentào Aldêa de Marina

mis-sionada pelos Carmelitas depois queo Principal Camandre da

Cabilda dos Manáos arogos de suamàiconvocou

um

dosditos

(14)

mor

da villa de

Gurupá

(1), e provedorda fazenda real no Pará; e sua mãi, D. Thereza Joaquina Aranha, era

filha do capitão-mór da

mesma

provínciaManoel

Guedes

Aranha, descendente de Bento Maciel Parente, governa-dor e capitão general do estadodo Maranhão.e

Gram-Pará, e donatáriodo

Cabo

do Norte.»

«Bento de Figueiredo Tenreiro Aríinha perdeuseupai

na primeira infância, e apenas completos sete annos de sua idade ficou

também sem

mãi.

Em

sua orphandade

foi entregue aos cuidados de

hum

tutorque, apezar de

o fazer aprender as primeirasletras,não soube

reconhe-cer os talentos de seu pupillo, para os applicar

conve-nientemente, antes o conduzio á solidão da roça, aque

Tenreiro não se podia accommodar.»

«Tocando a idade dedoze annos, sentio maisvivoo

seu desejo de se entregar ao estudo das bellas-letras, e

com

estedesígnio procurou oamparodeseu padrinho

o arcipreste e vigário geral José Monteiro de Noronha,

que, applaudindo e favorecendo estedesígnio de seu

afi-lhado, e de accordo

com

o juiz de orphãos, o

mandou

estudar no convento de S. António, onde,completando

os seus estudos preparatórios,se passou para as aulas maiores dos Padres Mercenários, sob a direcção do pa-dre mestre Fr. João da Veiga,cunhado do vigário geral

Noronha,e ahi aproveitou muito, desenvolvendo

pasmo-samenteos seus talentos.»

«Aos 19annosde suaidade.TenreiroAranha

aprom-ptava-se air completar os seus estudos na universidade

de Coimbra,

mas

foi embaraçadoneste seu projecto pela

falta de meios queUiecausara

hum

sequestro da fazenda

real sobre os

bens^erdados

deseu avô.

Removido

do

seu propósito, elle se deixou captivardo

amor

que

em

«No recinto destaViilanasceoBentode Figueiredo Tenreiro

Aranha,muidistinctopeloengenhoLyrico dequeodotara a

na-tureza.Haimpressas cestehomemjáhamuitofallecidoduasobras em versos, euma emprosa: entreosseusmanuscritosha

uma

OdePindarica aoGovernador

Gama

doRioNegrofrazeadacom

tantaenergia de e.xpressãoepompadeharmonia queellasópode

servirde baze,emqueassente o seumerecimentopoéticocomtal

firmezaquenenhumacensura o possaderruir.»

(15)

sua alma accenderãoos encantos e virtudes de D.

Roza-lina Espinoza, filha de

hum

official militar vindo de Por-tugal paraservirna província do Pará, e

com

ellase

ca-sou.»

«Tomado

este novo estado, figurou-se-lhe avida

re-tirada mais conveniente e aprasivel, e assimfoiviver

em

huma

fazenda dentto dajurisdicçào dacidade onde

em

socego se deu maisafincadamente ao estudo das

bellas-ietras e aos cuidados ruraes.»

«Tendo

conhecimento o governador e capitão

gene-ral, Martinho de Souza Albuquerque, das boas qualida-des de Tenreiro Aranha, nãosoffreu que permanecesse

em

retiro

quem

podia ser mais útil á pátria nos

em-pregos públicos; por isso,

com

a patente de alferesde

milícias, o

nomeou

director de Oeiras, villa de Índios:

Tenreiro obedeceu logo a este convite e deliberação da primeira autoridade de sua pátria. De suae.\cellente

di-recção resultou

hum

geral contentamento dos indígenas dessavilla, augmentando-se sensivelmente os productos

de seu trabalho, e o

numero

da população, pelo

incre-mento de muitos Índios, que, attrahidos das selvas por

suas maneirasconciliadoras, vierão engrossar orebanho

de Christo, ao qual Tenreiro consagrava

também

parti-culares cuidados.»

«D. Francisco de Souza Coutinho, que succedêra no

governo da província a Martinho de Souza, e que,

se-gundo assuas informações ao gabinete de Lisboa,

espe-rava

huma

lei que abolisse o directório dos Índios,

satis-feito do comportamento de TenreiroAranha no regimen

económico da directoriade Oeiras, edo desinteresseque

assazoextremarade muitosdirect/resambiciosose

des-abridos, não quiz que Tenreirose achasse aindadirector

quando chegasse a mencionada lei, paranãoser

confun-dido

com

os outrosque seriào então demittidos; e afim

de mostrar-lhe que os seus merecinientoslheoccupavão

a attenção, elevou-o ao posto de capitão de caçadoresdo

seu

mesmo

regimento, e conferio-lhe olugar de escrivão

daabertura da alfandega do Pará.»

«TenreiroAranha nãodei.xounoe.xerciciodestes seus

novos encargos de merecer de mais a mais o honroso

(16)

10

insidiosas machinaçõese negras calumnias,movidaspor

occasião da discórdia querebentara entre o governador, o bispo D. Manuel de Almeidade Carvalho, e ojuiz de

fora Luiz Joaquim Frotade Almeida, de

quem

erafiel e

extremoso amigo.

O

seu officio da alfandega foi logo

transferido para outro individuo que

com

lisonjas

sou-bera amar a graçado governador. Rtecolheu-se denovo

Tenreiro Aranha á solidão do campo, até que o conde dos Arcos, investido no governo, e inteiradodainjustiça

que se lhefizera, o

chamou

para o

emprego

de escrivão

da

mesa

grandedo Pará, que lhe foiconfirmadovitalício

pelo prínciperegente D. João.»

«Bento de Figueiredo Tenreiro Aranhafalleceu no dia

11 de novembrode 1811 (1).»

«Cabiaagora annunciar os diversos talentos deste

hon-rado Paraense pela

mesma

ordem

com

queelle os

ma-nifestou

em

seus escriptos,

mas

a falta de noticias

exa-ctas faz

com

que sejamos parcos

em

tal matéria,

conten-tando-nos de annunciar unicamenteoquetem chegadoa

nossoconhecimento, e que decerto basta paraacreditar

a memoria de Tenreiro Aranha

como

de

um

distincto

litterato.»

«De

suas obras

humas

se imprimirão avulsas, outras de todo se tem perdido. Passarão pelo prelo

huma

ode

horaciana ao governador e capitão-general Martinho de

Souza e Albuquerque, onde a gratidão de

mãos

dadas

com

a verdade, expressou louvores

em

sublime phrase;

e

huma

oração feita por occasião do nascimento da

Snr.^* D. Maria Izabel, infanta de Portugal, que foi

reci-tadanaresidência dojuiz deforaLuizJoaquim Frota de Almeida. N'esta

oraç^

brilhãoosliberaessentimentos de

quejáerapossuído n'aquelle tempoo illustre Paraense.

Querendo elle mostrar asvantagensdasmonarchias

jus-tas, fundadas na equidade e na razão,dirigidas por leis

econsagradas pela religião, diz assim: «Rastejão e

emi-tão de algum

modo

a força, aunidade,aordem,eaquella

acção rápida, poderosa e simplicíssima

com

que o Ente

Supremo, desde oalto do seu throno magestoso, regee

(17)

11

modera

o universo.» Depois,continuando o

mesmo

pen-samento, diz assim: «Seja para sempre detestado o

sce-ptro da tyrannia: sejabanido e desterrado para os

con-fins desses bárbaros climas onde, desconhecida ainda a dignidade do

homem,

perjietúa a ignorância o seu jugo infame sobre milhões de escravos.»

«Daspoesiasmai'luscriptas,dramas,cantatas, idylHos,

sonetos, etc, só escaparão á voracidade do descuido(1),

huma

ode pindaricaaogovernadordo Rio Negro,Manoel

da

Gama

LobodeAlmada,e

hum

sonetoá

Mamaíuca

Ma-riaBarbara,mulherde

hum

soldadodo regimento de

Ma-capá, cruelmente assassinada no caminho da Fonte do

Marco, por não querer adulterar; e heo seguinte:

SONETO

7

Seacaso aquitopares,caminhante.

Meufriocorpojácadáverfeito,

Levapiedosocomsentido aspeito

Esta novaaoesposoafflicto,errante.

Diz-lhecomodeferropenetrante

Me

visteporfielcravadoo peito.

Lacerado,insepulto,ejá sujeito

O

troncofèoao corvoaltivolante:

Qued'hum monstrointiumano Ifiedeclara,

A mãocruelmetratad'esta snrte.

Porém quealliviobusqueádôramara,

Lembrando-seque teveumaconsorte,

Que,porhonra daféquelhejyfára,

A'manchaconjugalpreferea morte.

,raTiha>,est

(1) As obras, com outros bens,do TenreiroAraíiha^stavào

bemguardadascomosefossemrelíquiasdemuitaveneratãoem

suacasano aprasivelsitiodaMemoria,pertodestaCidadede

Be-lém,eo filhodoAutor tinhaapromptadoumacopiaoucollecçào

delias, com odesígniode as publicar nos Estados Unidos,ouna

CortedoRio de Janeiro paraondefoi emigradonoannode1832.

Mandou ir a dita collecçào em

um

volumecomoutros papeise

livros para aFazendaPinheiro,ondeestava á esperadeum

(18)

12

Omittimos outras muitas poesias do

mesmo

Tenreiro

Aranha, compostas por diversos motivos, e

em

diversas occasiões

em

que oseu patriotismose fizerasempre

ma-nifestar brilhante e sublime,por nãoser de nossa tarefa

transcrever todas as suas composições. Tenreiro cantou

em

muitas poesias a trasladação da familia real

portu-gueza para o Brazil, e parece bru^colear desde então, a

independência e futuros destinos da nossa pátria (í).

sua bagagem naufragou, eperderão-setodos os objectosque

le-vava, salvando-seapenasosconductores a nado,eunspequenos

bilhetes dentro de umacaixinhadefolhadeflandres: oportador

de tudoera ocidadão\-torio de Figueiredo Vasconcellos,quebem

sabe dessaperda.Osescrlptosoriginaesdasmesmasobras

con-tinuarão a estarguardados na casa acimadita;masestafoi

in-vadidaesaqueadapelos rebeldesnoannode1835,e foioutravez

noannode 1836 pelosconquistadores quenoannode1838,

es-tando o filho do AutornaCorte,acabarãode adestruir,tirando

deliatudoquantoaindarestava. E' pois ávoracidadedesses

des-truidores, enãoádo descuido aquemsede\eatribuiraperda das

obrasede outrosbensdo TenreiroAranha.

O

Dr. Patroni,seu parente,sentio,descrevêoe fez sentirem

um

poema

AsruinasdaMemoria.

(1)Pareceque nãoera

bruxolear

,porqueosábioepoeta

podia antever eprognosticar a independência efuturos destinos

(19)

OBRAS

LITTERARIAS

BENTO DE

EIGUEIREDO TENREIRO

ARANHA

Quesetinhão perdido,

evàosendo achadasamuitasdiligencias, erecopiladas(*)

pelo Filhodo Autor

(20)
(21)

ORAÇÃO

Breve

discurso

feitoporoccasiãodofelicíssimonascimentodaserenissimjsenlior.i

D.

MARIA

IZABKL,

Infantade Portugal,

ParaserecHar nas casasdaresidência

DoutorLuiz

Joaquim

Frota deAlmeida,

Jiíi^deFora da Cidade do Para no anuo dei'gít

OFFERECIDO AO SENHOR

José

Gonçalves

da

Silva,

CavalleiroProfesso naOrdemde Chrislo, Fidalgo da RealCasa,

eCoronel de Mihcias no Estado doMaranhão POR

Bento

de Figueiredo Tenreiro

Aranha

NMumI

do Pjrà.

IMPRESSO

EM

LISBOA

NO ANNO DE

1S07

NaoflícinadeSimão ThadeoFerreira. ,

(22)
(23)

Vereisamor daPátria,nãomovido

Depremiovil;masalto,e quasi eterno :

Cam.Lus.Canhl.Est.lo.

DaqiiellaPortugueza,altaexceilencia,

Delealdade firme edeobejiencia. 'd.Cantí.Esl.-!

(24)
(25)

Senhor José Gonçalves da Silva.

[m qualquerparte, e

em

todootempo,ondea

vir-tude se ache,mereceasnossashomenagens.

O

^^Pfl!vassallohonrado,efielao seuPríncipe, eaoseu

"^ °~

Paiz; o

bom

patriota,o

homem

generoso,e

sen-sível he

hum

Cidadão de todo omundo, he digno deser

conhecido, e proposto

como

hum

modelo a todos os

homens. Estas reflexões bastarião paraque euhouvesse

de offereceraV. Senhoriaeste limitado tributode

huma

veneração a maisjusta, e a maissincera; aindaquando nãoconcorresse arazão deseacharestaCapitania,onde aProvidenciatemfi.xadoaminhaexistência,tãopróxima,

e visinha a essa, que V. Senhoriaillustra

com

assuas

virtudes.

Nella descançam

também

as cii-raas de alguns dos

meus

Antepassados; e

ambas

estas Capitanias formarão

largotempo

hum

só Estado, cujas relaçõesfysicas,e

po-liticas união estreitamente os seus habitantes; os quaes

ainda hoje se

devem

considerar animados pelo

mesmo

espirito, e ligados pelos

mesmos

vínculos, e interesses;

pois que tanto huns,

como

outros vivem debaixo da

mesma

zona, pisãoa

mesma

terra, e respirãoásombra do

mesmo

Throno, e das

mesmas

Leis.

Sobre estas razões se firmarão as outras,que mais

(26)

20

na occasião presente; quero dizer, os próprios feitos,e

as virtudes de V. Senhoria, representadas pela sua

repu-tação, e pela fama

em

toda a parte; as vozes dos

infeli-zes, que V. Senhoria tem arrancadodos braços da

mi-séria, e da desgraça; os muitos,ebrilhantestestemuntios

de beneficência, de generosidade e daquella grandeza

d'alma, que o caracterizão, e que fazem repetir o seu

nome

até nos lugares distantes; o nobre uso,que sabe heroicamente fazer dos meios, e dons, que recebeu da

Providencia,

como

um

fiel depositário, ou digno

instru-mento da

mesma,

sujeitando constantemente a fortuna

(oque é assaz difficil) ao império da razão,edavirtude, e não estas ão capricho, e á tyrannia daquella,

como

quasi sempre succede;

mas

sobretudo o seu patriotismo

consagrado ao

bem

publico

em

tantos, e tão repetidos

actos; e aquelle espirito de vassallagem, e de fidelidade

verdadeiramente Portugueza,

com

que V. Senhoria

nes-tes últimos, e calamitosos tempos deo de sivoluntário

asmaisaltasprovas ao Soberano,á Pátria,aoMaranhão,

a todo oBrazil, eaindaatodaaMonarchia,ouao

Mundo

todo: raro exemplo de generosidade e de zelo, que no

seu género, e

em

taes circumstancias não teve outro

igual! Eis aqui os grandes motivos, e asprincipaes

ra-zões, que hoje

me

transportão daqui

mesmo

atéolugar,

onde V. Senhoria habita, e que

movem

a minha alma

naturalmente sensívelás vivas impressões,quenella

pro-duz a

imagem

do merecimento,edavirtude, ea

contem-plação grata, e suavíssima das acções bellas, e dignas

de louvor.

Não

posso referir, e individuaraqui as de V.

Senho-ria,porquesão murtas,

enem

poderiamjámaisresumir-se

em huma

breve Carta. São, além disso, assaz notárias, e nãonecessitão de outros louvores;porquejá se achão

qualificadas, e repetidas pela voz publica, e elogios do

mesmo

Soberano nos honoríficos Decretos,

com

quetem

dado aV. Senhoriaas maise.xpressivas demonstrações

do seu Real Agrado, e Satisfação. Feliz o vassallo que

as merece, e todo o Cidadão, que no tempoda aíflicçào e do perigo concorre para sustentara Pátria,

como

huma

das suas firmescolumnas, offerecendo, eempregando op-portuna, e liberalmente

em

serviço, e soccorro delia o

(27)

21

precioso fructo das suasfadigas,dos seus suores, e da

sua industria, que os outros

homens

pela maior parte

adorão,e

com

tantoaferro, e egoísmoguardão,e só para

sireservão.Efeliz o Príncipe, e o Paiz, que temdestes

vassallos, e Cidadãos beneméritos; e que não

desperdi-çando

com

outros

menos

dignos as suas graças, e os

seus prémios, os fazem brilhar, e reluzir naquelles,

em

quem

honrão ao

mesmo

tempo a justiça, e o

mereci-mento.

O

de V. Senhoriafoi poissomente oque lhe te-ceo, e pôz sobre a cabeça a coroa civica; coroa essa devida a V. Senhoria, e dignamente representada nas Mercês, e Honras,

com

que a Real

mão

tem

magnifica-mente decorado aV.Senhoria, podendo-se-lhe ainda

de-pois de tudo isto dizer, ou applicar o que a respeito de

outro disse

hum

dos nossos Poetas:

E se onãofossesnasmercêspresentes,

Eras digno de oser,quehemais que tudo.

Finalmente nada mais creioque devo por agoraaqui

dizer, ou accrescentar senão que

me

pareceu

summa-mente acertado, e justo offerecer-se a V. Senhoria a

breve Oração, ou Discurso feito

em

applausodo

Nasci-mentode Inuma dasAugustasFilhasdos nossos

Clemen-tíssimos Príncipes. Elle

me

deo occasião de arranjar

algumas idéas, e exprimir os

meus

sentimentos

relativa-mente ao Systhema, ou Governo

Monarchico-Heredi-tario, mostrando ao

mesmo

tempo as vantagens deste sobre todos os outros, quanto

me

permittia a brevidade,

e o caracterde

huma

peça da naturezadesta.Daqui

pas-sei a tocar sobre algumas das exci^encias,e

prerogatí-vas, que distinguem, e exaltão aMonarchia Portugueza

entre todas as outras, fundando os

meus

principaes

ar-gumentos, ouasminhasprovas nas virtudeshereditárias,

características, e reciprocas dos seus benéficosPríncipes,

e dos seus leaes vassallos; na bondade das suas Leis;

mas

sobre tudo naReligião, e na Piedade Nacional.

Pa-rece-me quena conjunctura, e actual crise dos

aconteci-mentos presentes, entre afermentação das idéas novas,

ou espírito de vertigem, que tem assinaladoanossa

(28)

22

a todo o génio digno de se chamar Portuguez, doquea

fiel representação, ou ao

menos

hum

resumo das ditas

verdades. Assim se firma cada vez maiso

amor

decada

hum

á sua Religião, ao seu Príncipe, ao seu Paiz, eá

sua Constituição. E

como

es.tessão os sentimentos, que

mais resplandecem,eespecialmente caracterizamaV. Se-nhoria, esta offertanãodeixarádeIhfcseragradável pelo seu motivo, e circumstancias, posto que

em

si

mesma

tãopequena; e deste

modo

jáantecipadamente

me

lison-geo deque

com

ella consegui oduplicado fim de lhe

fa-zer este tal, ou qual obsequio, e ao

mesmo

tempode

dar aV. Senhoria aqui

mesmo

de longe

hum

publico

testemunho dajusta estima, ou da sincera veneração, e

respeito que lheconsagro.

Espero que V. Senhoria benignamente o receba; e

que desculpando a pobreza da offerta, e osdefeitos do

seu Author

em

attençào ábondade do objecto, e das

in-tenções, que aformarão, se sirvaigualmente de

me

hon-rar

com

os seus preceitos. Serei tãofiel, e sollicito

em

os executar, quanto o sou

em

desejar a V. Senhoria

uma

successão de felicidades, e todo obem, paraque

por dilatados annos o continue afazer

em

utilidade

pu-blica, e particular de tantos, que nisso verdadeiramente

se interessão,

como

eu, que

com

apossívelconsideração

sou

De

V. Senhoria

O

mais reverente, e sincero venerador, e fiel criado, V

(29)

Discurso

Não

he estaaprimeiravez, Senhores, que

hum

espi-rito fraco, excitado pelo estimulo, e presença de

um

mo-tivo poderoso, sahindo dos estreitos limites, quelhe

fo-rão prescriptos desde o berço, se abalançaa

huma

em-presa

summamente

superior ás suasforças naturaes.

O

extremoalvoroço, aprofunda sensação de

hum

prazer

ex-traordinário

com

afaustissima noticia,que acabamosde

receber, avivada, e dilatada neste

momento

feliz pelo

enérgico Discurso do Sábio, e digníssimo Magistrado,

cujo zelo patriótico,resplandecendo hojeentre asdemais

virtudes, que o caracterizão, nos attrahio a este lugar,

abala, e occupa todaaminha alma. Ellaporem nãoacha

meio mais próprio para desafogar os seus sentimentos,

e corresponder áhonra de tão gratoconvite,doque,

se-guindo as

mesmas

idéas, que elle nos propôz,imitarseu

claro exemplo, e

com

a luz, que recebe delle, demorar

mais alguns

momentos

a vossa attenção sobre odigno Objecto da nossa alegria. Tal he para todos os

Portu-guezes o FelicíssimoNascimentoda SereníssimaSenhora

D.Maria Izabel, Infantade Portugal; Nascimento,

em

que

vemos

continuadas sobre nós as bênçãosdoCéo,

perpe-tuada a Successão dos nossos amáveis, e Soberanos

Bemfeitores, dos nossos Augustos Pais, desempenhada

constantemente aProtecção Divina, e firmada

em

novos

fundamentos a honra immortal do

nome

Portuguez, a

nossa dita,aprosperidadepublica.

E

quem

duvidou já mais de quetodas estas

vanta-gens inestimáveis são o fruto precioso da conservação

dos nossos amabilissimos Príncipes? Qual de vós

duvi-dará deque d'Ellesdepende ada Monarchia? E de que,

sendo este o mais feliz, e o melhorde todos os Gover- .

(30)

24

distincta, ou a maisjusta, e amaisgloriosa entre todas?

Destes dois principios se deduz toda a felicidade, que

hoje logramos: e

como

heclara, emanifestaaconnexão,

que tem

com

o seu Objecto, nelles se estribará

também

o

meu

discurso. Discurso breve, e inferior ao seu nobre

argumento, digno de outra extensão,ede outra

eloquên-cia, e digno por si

mesmo

de inter5'ssar avossa atten-ção.

Nada

direi, que vos sejaestranho, e desconhecido;

mas

tocando, e suscitando ligeiramente as primeiras idéas deste grande Assumpto, deixarei á vossa reflexão o prazerde as desenvolver, e dilatar.

Apenas ogénero humano, sahindo dainfância,perdeu

aquellaamável singeleza, queos Poetas nosfigurarão no século de Saturno, e que os Livros Santos,fieis

deposi-tários da verdadeira historiado mundo, reduzem aos

re-motos tempos de Nenrod; apenas se gerarão as

desor-dens, e os crimes do corrupto fermento das paixões, e

crescendo estas sobre as ruinasdajustiça primitiva,

vio-larão os sagrados limites, que a

mesma

estabeleceo a

cada individuo; apenas se vio perturbada pela avareza,

e pela ambição, pelo orgulho, e pela vingança aquella

doce tranquillidade, de que gozarão osnossos

Progeni-tores, occupados noshonestosexercíciosdasua vida

fru-gal, ou ásombrade frondosos arvoredos,ounoseio

pa-cifico de suas choupanas, entretecidasde ramos,sempre

abertas, e patentes entre amor, e orespeito de

uma

fa-mília simples, e virtuosa, que

com

a sua innocencia, e

temperança lhes servia de muro, e de defeza; apenasse

multiplicarão

com

os

mesmos homens

as suas misérias,

e dividida já

em

numerosos bandos agrande família do

género humano, sérvio dilacerada pelos indivíduos da

mesma

espécie, atacada a sua segurança pessoal,e os seus outros direitos expostos aoinsulto, eáviolênciade seus irmãos degenerados; achou então que deviaperder

huma

parte da sua primitivaigualdadepara conservar as outras prerogativas; e não descubrindo nas urgentes

cir-cumstancías do seu estado pervertido outro meio para o melhorar, e diminuir os seus males, reconheceu

em

fim

pela

mesma

triste experiência, que tinha destes, e pela

luz inextinguível da razão, despertada,e soccorrída por

(31)

25

manteve a sua Ohra,anecessidade indispensável, que

ti-nha de confiar a sua conservação ahunna Autlioridade

Suprema, a qual servindo-lhe de abrigo na tormenta, e

concentrando-se

em

si a força publica,fosse ao

mesmo

tempo a depositaria perpétua dos direitos decada

indi-viduo, o instrumento, e executor do

bem

geral, a

co-lumna do fraco, o''freio do poderoso, ovingador do

cri-me, o defensor da innocencia,oprotector, e oconservador

da honra, daliberdade, davida, e da fortuna dos outros

homens.

Com

estas brilhantes qualidades apparecerão os Reis sobre a terra, traçando nella a

Imagem

Augustada

Di-vindade, quaes outros Deoses, ou

como

seus

substitu-tos, e Lugar-Tenentes, e

huma

espécie de Medianeiros,

e Executores dos Decretos Supremos, a fimde

suppri-rem de algum

modo

a distancia immensa, que haentre

o

mesmo

Deos, e oshomens.Que-caracter!

Que

esplen-dor!

Que

titulo!

Que

dignidade!

Tal he aorigem das Monarchias, e taes sào os

fun-damentos, sobre que apparecerão collocados os

primei-ros Thronos do mundo, a

quem

o resto do Universo,

por

um

pacto solemnissimo, e por

um

concertoassinado

em

seu nome, e das geraçõesfuturas, offereceo logo o

voluntário tributo das suashomenagens, e prestou o

in-dissolúvel juramento de perpetua fidelidade não só á

Pessoa Sagrada dos Reis;

mas

até aos seus

Descenden-tes mais remotos. Assim se devia retribuir,e ao

mesmo

tempo estimulara virtude desses Géniosescolhidos,que

pelo

amor

do

bem

publicose sujeitarãoaopezo

immenso

do Reinado: Assim se devião logo separar dos mais

vi-ventes essasfamílias privilegiadas,^ujos indivíduos, an-ticipadamente destinados para tão grandefim,

aprende-rião desde o berço a fazer felicesaos outros homens, a

vellos, e amallos,

como

filhos; Assim superiores pelo

seu estado, e educação a certas paixões vis, e

grossei-ras, que produz a rivalidade, e que aigualdade nutre,

olharião

como

próprio todo o

bem

daquelles, de cuja

conservação depende a sua, e de cuja prosperidade a

sua gloria,cuidando

em

os deixar, e transmittir

conten-tes, e affortunados,

como

huma

herançaamaispreciosa,

(32)

26

Já vedes, Senhores, que eunão faílo aqui senãodas

IVIonarchias Hereditárias, a

quem

só quadrão estes

bri-lhantescaracteres. Eu vosfallo dessesGovernostão

so-lemnemente instituidos,tão respeitáveis pelasua

anciani-dade,qualificadospelo maisirrefragaveldos testemunhos,

firmemente estabelecidos noconsensouniversalde todas

as gentes. Aqui reforçaria o

meu

cffscursò, e se acaso

não temesse fatigar antes de tempo a vossa attençãoe

faltar á promettida brevidade, aqui multiplicariaprovas,

e fariaver

em

toda aextensão os motivos,evantagens,

queexaltão, e firmáo solidamenteestaformadegoverno

sobre todos os outros,

em

que depoisse evaporoua

vo-lubilidade humana, e o espiritode ambição, e de

novi-dade.

Conduzido pela luzda razão, e dahistoria, efirmado

na authoridade dos Publicistas mais graves, eu vos

mos-trariaqueelle,e

nenhum

outrosuccedeo immediatamente,

econserva ainda, por

hum

modo

eminente, aquelles go-vernosjustos, e primitivos, que asabia natureza estabe-leceo entre as famílias denossosPais, relativamenteaos Chefes,eprimogénitos de cada

huma:

Mostrariaque

sim-ples nos seus princípios; seguro, e recatado nos seus planos; prompto efficaz, e livre na execuçãodeiles; he ao

mesmo

tempo omais próprio, e análogo á

constitui-ção fysica, e moral do

mesmo

homem,

cujos actos

de-pendem

sempre de

hum

movei, e de

hum

só principio,

que o determina: Mostraria quesó elle rasteja,e imita

de algum

modo

a força, a unidade, aordem, e aquella

acçãorápida, poderosa, e simplicíssima,

com

que oEnte

Supremo

desde o alto doseu Tl-irono magestoso rege,

emodera o Universol Mostrariaqueinstituídoassim pela

razão, e pela natureza, e consagrado pela Religião, he

elle

em

fim o

menos

susceptíveldos viciosdafrágil

hu-manidade, e o mais capaz de preencher o seu alto fim,

e de produzir a felicidade.

Mas

consultemos a experiência, e seja ella a nossa

guia: voltemos os olhos para os séculos,quenos prece-derão, e vejamos o que se passa ainda hoje diante de

nós mesmos. E que vemos. Senhores? Innumeraveis

po-vos mutuamente dilacerados, e destruídos; Republicas

(33)

Aristo-27

cracia, eda Democracia; governos sempre inquietos, e

agitados,

bem como

as vagas, e tumultuosas ondas do

mar, ondereina, e preside o furor, o espiritode partido,

as facções, rivalidades, discussões eternas; onde custa

muito o ser virtuoso; e onde aambição, e avareza

par-ticular, o orgulho, avingança, e as demais paixões

sol-tas, e

em

campo

abirto,tirandotodasasvantagens

pos-síveisde

huma

authoridade precária, opprimem aos seus

Concidadãos, epara perpetuar,efirmaraprópriafortuna,

e ade seus netos, ácustade milhares deinfelices,

sacri-íicão-se,degollão-seestes,para

com

oseusanguenutrir,

e cevaraquelies. Fluctuando sempre no pélago

immenso

dos exsessos, e do enthusiasmo,'depoisde cahirem poc

intervallos nos desvarios e horroresda Anarchia, se

pre-cipitão finalmente, e

vem

a perecer entre osferros do

cruel, eensanguentadodespotismo.Porissohouvejá

quem

dissessequesónoCéose poderia formar

huma

republica

justa, igual, permanente,everdadeiramente livre;porque

só lá heque oshomens,soltos jádaspezadas cadêasdo

crime, e isentos dos prestígiosdo espirito, edo coração, contentes nosseus limites, respeitarião nosoutt-osos

di-reitos de cadahum,euniriãoperfeitamente os seus

sen-timentos para o bem, e conservação de todos. Ese na

terrahe tãodifficilachar-se

hum homem

justo, e virtuoso,

como

se acharão nella muitos?

O

testemunhode todas as idades assas o comprova. Athenas, Esparta,Thebas,

Carthago, Syracusas, e tu, soberbaRoma, ondeestãoos teus triunfos? Esse Capitólio pomposo, que

dommava

os

Reis, eo Universo, sepultou nas suas ruinas a tua

glo-ria, oteu império, e atuaaltiva liberdade.

Mas

para que

me

demoro

em

buScar, ereferir

e.xem-plos tão antigos, se á nossa vista se offerece a prova

mais forte, e terrível dessaverdade?

Que

males,e que

horrores não tem causado!... (1)

Que

rios de sangue,e

de lagrimas!...

Mas

suffoquemospor oraonossopranto;

apartemosos olhos deste espectáculo de dor,

occupan-(1) Sabendo-se o anno, em quefoifeitoesteDiscurso,eos

acontecimentos funestos, eassas públicos daquelle tempo, he

fá-cil entender-se a queelle se refereneste lugar, eemoutros

(34)

28

do-nos somente, e applaudindo hojea singular

felicida-de, deque gosamos.

Basta decorrer por todas asMonarchiasantigas,e

mo-dernas,queflorecerão á face do Universo, para vêrquão

feliz, e differente se mostrou sempre a sua sorte.

Não

penseis porém que

me

confundo, e queeu entendo de-baixo deste

Nome

Augusto,erespeitívelaquelles

Gover-nos infelizmentearbitrários,ondereinao capricho;eonde

a vida, a honra, e o destinode tantos milhares de

Cida-dãos

dependem

sódotemperamento,dasinclinações,dos

vicios de

hum

Senhor despótico, e tyranno. Seja para

sempre detestado o seu sceptro, o sceptro da tyrannia:

seja banido, e desterrado para osconfins desses

bárba-ros climas, onde desconhecida ainda adignidadedo

ho-mem,

perpetuaa ignorância o seu jugo infame sobre mi-lhões de escravos desgraçados. Eu fallo, torno a dizer,

das Monarchias justas, fundadas na equidade, e na

ra-zão; dirigidas pelas Leis,(1)auguradaspelosvivas, e

ac-clamações de

hum

povo grato, e affortunado; e

consa-gradas finalmente pelaReligião.Estassão asdequefallo,

e as que, fazendo

em

todos os tempos afelicidade das

Nações, que governarão, devião ser eternas para

bem

das mesmas. E qual foi aquella, que não floreceo longo

tempoásombradestesThronosbenéficos?

Que

facemais

brilhante!

Que

grandeza!

Que

successos!

Que

triunfos!

Diga-o aGermânia, a Grão-Bretanha, e aHespanha:

Di-ga-o

também

esse por mais de doze séculos

florentis-simo Império dos Clodoveos.

Mas

oh

memoria

importu-na! Triste, è fatal cadèa dos destinos

humanos!

Diga-o

porém, e diga-o sempre portodas, a bella, a venturosa,

e invencível LusitarUa. Nós não precisamos de outros

exemplos,etestemunhos;pois

achamos

nestesó asmais

illustres, e sobejas provas, que felizmente concluem o

meu

argumento.

E portanto, se asmonarchias

em

simesmas,eentre

todos os Governosforão sempre osmaisaffortunados,e

vantajosos, que direi eu daquella, que ás prerogativas geraes ajunta outras, queprópria, esingularmente a

(35)

29

-tinguem, e que sustentada por

uma

constituição óptima,

e felicíssima, que os tempos nào tem podido alterar,foi

particularmentefundada sobre as bases sólidas, efirmes

da Religião e da virtude. E

quem

não reconhece logo a

estescaracteres a Monarchia Portugueza?

Sim,

Senhores^a

Religião, essaLuzDivina;

precio-síssimo

dom

da IJivindade para soccorro, e consolação

dosfracos mortaes; a Religião,

sem

aqual he o

homem

nada mais do que

hum

ente desgraçadíssimo, a

socie-dade

humana

hum

bando de feras,e de anthropófagos;

essa, que sópode produzira virtude, e suffocar o crime;

que ensina, prescreve, e limitaos direitos, e os deveres

decada

hum;

que obriga o súbditoa respeitar,

como

de-ve, ao superior legítimo; que inspiraaeste o

amor

mais terno para

com

aquelle; que equilibra ascondições;

re-gula a liberdade; anima, defende e castella o fraco;

as-susta, refrêa, e desarmaopoderoso;eformandoaordem,

eharmoniapublica,produz,e

mantém

aprosperidade

ge-ral, e particular dosindivíduos, e das nações;aReligião,

digo,foi sempre o movei, ea divisadoesclarecido

Impé-rio Portuguez, cujos religiosíssimosSoberanos nunca se

guiarão por outras máximas, nunca adoptarão outra

po-litica.

Nascendoentre osbraçosdavictoria, edaReligião(1)

no illustre

Campo

de Ourique, seufamoso berço, desde então atéhoje tem crescido, e tem prosperadoásombra

das suas azas. Ella tem feito

em

todos os temposesta

Naçãotão gloriosa; traçou todos os planos doseu

esta-(1) Nós não pretendemosentraremdueilo,edisputacom

al-guns criticos modernos. Basta que o facto,aque nosreferimos,

nàosejaimpossível,segundoosprincípiosdanossa crença;eque

elleseache authorísado porváriostestemunhoscoevos; pormuitos

monumentos, queoconfirmão;pelaasserção uniforme de graves

Historiadores; pela tradição Nacional continuadaaténós;epela

opiniãopublica,paraquepossa,edevaterlugarem humquadro

Oratório, tal como este; cuja verosimilhança subsistiria, ainda

quandose provasseo contrario;peloquerespeitaás

circumstan-cias;porqueemsubstanciasempreserá verdade que aMonarchia Portuguezadeve á Religião os seusprincípios,eestabelecimento,

dequalquermodoqueestese considere,comotambémoseu

(36)

30

belecimento; dirigio os seus successos, na paz dictou

Leis Santíssimas; consagrou naguerra os seus triunfos, e levando o nome, e a gloria Portugueza desde

huma

até outra extremidadedoUniverso,conduzio os seus

He-roes

pormares nuncad'antesnavegados

ásmais

ár-duas emprezas; mostrouao

mundo

admiradonovos

cli-mas; diffundio nelles a luz,edesterrou astrevas,queos

enlutavão; e arvorando

com

respeito a Cruz triunfante nas Regiões mais barbaras,è desconhecidas,fez

tremo-lar ao pédeliasobre os seus muros as Quinas

victorio-sas de Portugal. Ellahe finalmente aqueexaltae

acom-panha constantemente no Thronoa todos os Monarchas

Portuguezes; e a que inspirando-lhessentimentos

sem-pre justos, e suaves a respeito dos seus vassallos, ou

verdadeiros filhos, lhes tem igualmente merecido da

partedestes,

como

huma

herançaparticular, ebençãodo

Céo, a obediência, o respeito, o amor,e a mais pura

fe-licidade.

Oh

venturosa Monarchia! Nação distincta!

héli-ces Soberanos! Felices povos!

Nós osabemos,Senhores,ecada

hum

denóstem

em

si

mesmo

todas as provas desta verdade consoladora,

fundada

em

factosinnumeraveis.

Todo

o

mundo

ossabe

igualmente

com

nosco, e cheiosdeassombro,ede

huma

nobre inveja nos apontão, e assinalão

com

o dedo.

Em-bora o espiritodo erro, disfarçado

com

o trage, e

nome

impostor de

huma

nova, de

huma

atroz Filosofia, arvo-rando

em

huma

das suas

mãos

o funesto Estandarte da

revolta,

com

amagica InscripçãodosDireitosdo

homem,

que apregoa, e queinculca atodooUniverso,

em

quanto

com

a outralhe descarrega o golpe mortal, e nada

me-nos tenta do que aViestruição do

mesmo

homem

e de

todaasua espécie;embora derramepor todaaparte oseu mortíferoveneno, e vomiteda horrívelgarganta lavas de sangue, e de fogo, que inundào, que affogão, e devorão

mil povos desgraçados;ederribandoThronos,e Altares,

se esforce, e pretenda sobre as suas ruinas fundar o

monstruoso Império da Irreligião, e da Anarchia.

Deve-mos

sentir os males dos nossos semelhantes;

mas

não

temamos.

A

Religião, Senhores, a Religiãosomente

ob-stará entrenós, qual

muro

de bronze, atodos estes

(37)

goza-mos

ha tantos tempos, e que ainda nestes últimos nos

não tem podido roubar de todo os abalos da concussão

universal;aella

devemos

atranquillidade internanomeio

mesmo

da tormenta; a ella aquelles vínculos

indissolú-veis, que ligão reciproca, e estreitamente os Soberanos

com

os seus povos• e a ellafinalmente aquella

harmo-nia perenne, que

vemos

reinar

com

prazerentreo

Impé-rio e o Sacerdócio.

Digna, e SoberanaMãi de tudo quehe útil,honesto, decoroso, e grande, nestafonte pura he que os Augus-tos Reisde Portugal beberão, e aprenderão todasas

vir-tudes, que os caracterizâo, e que fazendo ha perto de

sete séculos

hum

dos fundamentos mais sólidos do seu

Throno, formão as delicias, eafelicidadede seus

vassal-los. Se consideramos o zelo, que mostrarão sempre

para conservarem illeso o Sagrado Deposito da Fé, para

sustentarem, e propagarem o verdadeiro Culto; e se

olhamos para tantos outros

monumentos

da sua

Pie-dade sublime, elles lhes merecerão osingular Titulo de Fidelíssimos: se contemplamos as suas virtudes

intré-pidas, e militares, que immenso, e vasto

campo

se não

offerece! Se admiramos as suas virtudespoliticas, e

so-ciaes, eu

me

perco. Senhores, neste pélago de

maravi-lhas!

Em

quanto

com

huma

das suas mãos, obrando

pro-dígiosde Valor á frente de esquadrõesguerreiros,

debel-lãobárbaros Reis, e acabão de livraraHespanhado seu jugo pezadissimo,

com

a outra, depois davictoria,

tra-ção esses planos justos de Legislação,quefarião

perpe-tuamentefelizesosseus povos.

Em

quanto fi.rmàoa

Mo-narchia

com

o própriosangue, e fixÃo a admiração, e o

respeitodasNaçõesvizinhas,extendem o seu Sceptro, e

asua fama além dos mares conhecidos. Ásia, e Africa

correm já a offerecer-lhes os seus tributos.

Hum

Novo

Mundo,abrindo o seuseio atéallirecôndito,patentêa os

thesouros, queencerraedesentranhando-se

em

riquezas, e preciosidades, esmalta

com

ellas a brilhante Coroa

dosAugustos Descendentes de Affonso, e a^^ornaos

lou-ros dos seus famosos Descobridores. Todas as quatro Partes

em

fim, penetradas de justo assombro, e

(38)

32

do Universo, concorrem a fazer célebre o

Nome

Portu-guez, cujas emprezas, e trabalhos, arguidos de

temeri-dade por aqueíles, que os não podião imitar, não

limi-tando asi somenteOs seus maravilhosos effeitos,

passa-rão aillustrar, e felicitaroutras Regiões,e outros povos,

que delles se aproveitarão, e aprenderão; e seguindoas

pizadas dos nossos, caminharão fíelo trilho, que estes abrirão

com

o seu sangue, e os seus suores, ainda hoje

lhes

devem

a parte principal da sua fortuna, e da sua

opulência(1).

Aqui florece a Agricultura, allise dilata o

Commer-cio; aindustria o

vem

já seguindo; as Artes, eas

Scien--cias crescendo, e extendendo as suas luzes entre o

es-trépito, e o brilhanteesplendor das armas, ostentarão á

face doUniverso toda asua gloria; honrandoaos

Natu-raes, admiravào aos Estranhos; e illustrando a

IVIonar-chia desde os formosos, e doirados diasdo Grande

Ma-noel, mostrarão ao

mundo

que nellareinavào de

mãos

dadas Minerva

com

as Musas;o Deos dos combates, e

o Génio da paz.

No

seu seio se formarão, e se formão

ainda hoje esses Heróes,que

em

todos ostempos farão

honra a hum. e outro; os Albuquerques, os Barros, os

Gamas,

e os

Camões

; tão dignos da sua fama, e dos

louros immortaes, que hunsaos outrosfabricarão.

E não lhes basta esta gloria?

Não

basta esta para que, distinguindo-a singularmente de todas, constitua a

Monarchia Portuguezatão sólida,e feliz, quantohe todo

aquelle povo, e Paiz, onde impera arazão; ondereinaa

Filosofia unida á Religião, as Letras

com

as Armas;e

onde as Musas, moderando o furor de Marte,e

huma-nizando osReis,

e^s

Nações,produzem costumespuros,

virtuosos, e suaves?

Mas

a quem, Senhores, a

quem

deve ella tantas, e

(1)Estetestemunhode honra,edejustiçasefirma, eseacha

authorisado pelavozuniversal.Os mesmosEstrangeirosassimo

confessão,eoublicão,cheiosde espanto, forçados pela notoriedade

de factos, qul não podem negar. Nós nos explicamosnolugar

acimaquasi pelosmesmostermos dehumdosseus Escrlptores:

Lafitan. Hist.des Conq.des Portug. L. I danslePréface, epor

(39)

33

tão admiráveis vantagens,senão aos Príncipes

Bem-Ama-dos, de que o Ceo, por

huma

Providencia particular, e

constante, lhe fez o nnais grato, e precioso presente?

Quantopois sepodedizer

em

louvor destaMonarchia,faz

igualmente oelogio dos seusMonarchas.Ellessão

como

a almadeste grand,| corpo, cuja vida, conservação, e

fe-licidade, animão, sustentão, e promovem. Dados a

huma

Nação fiel na effusão das Misericórdias do

Todo-Pode-roso,- estaGeração Real, e escolhidatem sabido

com

as

suas virtudescorresponder á excellenciade tão grandes

fins.

Amantes

semprezelososdaJustiça,ella

mesma

lhes

tem franqueado o

campo

para os successivostriunfosda

sua Clemência, dessa virtude Suprema, que tanto

asse-melha o

homem

á Divindade, virtude de Heróes, virtude

Régia, e propriamente característica dos Soberanos Por-tuguezes. Magníficos

sem

orgulho; affaveis

sem

baixeza;

compassivos,benéficos, e

humanos

nomeio dagrandeza,

e da Magestade, que os cerca; País, e Protectores dos

seus vassallos, ellesderão

com

o segredo de reinarnos

corações, fazendo-se amarporgratidão, respeitar, e obe-decer poramor. Estefoi sempre o maisbrilhante

dístin-ctivodoseu Sceptro;este o dilatou, eofezsuaveatodos

os povos, animou,e coroou os trabalhosemprehendidos

porelle, ácusta de mil perigos, e da própria vida,

sem-pre

amado

dosseus,admiradodos estranhos, respeitado,

e obedecido dentro, e fora do Reino, nos Climas

distan-tes, nas quatro Partes do Universo.

E

bem

longe de que o giro,e revolução dos séculos

tenhão podido produzir algum daquelles eclipses, que

tantas vezes alterarão a condição Ixumana, e de vez

em

quando obscurecemabrilhante facedosImpérios, otempo

só tem servidopara esclarecer mais a este, propagar, e

perpetuar as virtudes dos Soberanos Portuguezes: taes

como

os grandes, e caudalosos rios, que quantomaisse

apartão da sua origem, tanto mais alargão asuafoz so-berba, tantomais engrossão e dilatão as suascorrentes.

AffortunadosPortuguezes, e queprovas vosnãoofferece

destaverdadea Real,efirmíssimaCasaReinante, o

Nome

Augusto de Bragança?

Este tronco Régio, cujasraizes,passando semprepor entre Thronos, se entranhão, e tocão na mais alta

(40)

34

fundidade dos séculos, cujosramos seenlação

com

ou-tros tantos Sceptros, quantos são os que tem dado ao

mundo;

cujo excelso

cume

chega já aos Ceos; e cuja

copaflorida, e magestosa serve de abrigo e derefugioa tantos povos sobre a terra; este Tronco sagrado,

que-brotou da Semente mais pura, tem^adavez melhorado, e aperfeiçoado mais os seusfrutos: affortunados Portu-guezes, e onde ha Príncipes

como

os vossos?

Onde

ha

príncipes

como

estes? Possuindoe reunindo

em

sitodas

as virtudes,quedivididascaracterizãoaosSenhoresReis

passados, seus altos progenitores: se minha língua as pertendesseenumerar,perderlãosua grandeza;seriaesta

huma

empreza mui superior ás minhas forças, e a

tão-pequenodiscurso; eseria

huma

injuriapara avossa

gra-tidão. Eu fallo

com

os

meus

Compatriotas, e todo

o-mundo

tem já lido nossas historias.

Portuguezes, vós o sabeis: vós sabeisqueaelles,ou

ás suas virtudes deveis os doces frutos da preciosa

li-berdade, depois de terem quebrado, e despedaçado

com

as suas

mãos

triunfantes os pezados ferros,quevos op-prlmiào: sabeis que delles voslivrarãoácustademil

pe-rigos, e do sacrifício difficll do seu descanço, eda

pró-pria vida,

com

asuaprudência,

com

o seuvalor, ecom.

asua Pessoa Sagrada;

sem

aqual, desfalecida a vossa,

nada ousariaIntentar, faltar-vos-hla aalma, eo

estimulo-para

huma

das maiores emprezas, que vio o mundo, e

flcariãoassim desarmadas, e maniatadas sempre as

vos-sas

mãos

valerosas: a ellas deveis a perpetuidade de

huma

Monarchla, que faz, e fará sempre toda a vossa

felicidade:a ellas aconservação,e oaugmento do vosso

estado actual, eflorente: aellas, a ellasfinalmente, por

complemento de tudo, o melhor, e omais glorioso dos

Reinos,e Reinadoimmortal de Maria 1.

Que nome! Que

Maravilha!

Jactem-se emboraasNaçõesestranhasdealguns

dos-seus Príncipes mais famosos: nós até contamos

huma

Heroina entre os nossos. EseosgrandesReis,

dom

pre-cioso do Ceo, formando nos annaes do género

humano

abalizadas épocas, forào semprena historia

hum

obje-ctoadmirável, e Interessante, queseráaos olhosdo

(41)

35

Huma

Rainha, que unindoás virtudesmais puras,e amá-veis do seu sexotodas as virtudes sublimes dos maiores Imperantes, tem collocado o seu Nome, e oReinado a

par das Isabeis, das Christinas, das MariasTiíeresas, e

das Catharinas;igual a estas nos talentos,querecebeo; superior no uso qu,j fez delles; e ainda maisrara, e

di-gna de louvor pelos sentimentos sempre constantes de

Justiça,deBeneficência, ede Piedade,que acaracterizão.

Mortaes de todas as Regiões, e de todos os Climas,

vinde prostrar-vos aos pés do seuThrono,vinde

render-Ihe o tributo das vossas homenagens, e vinde ver, e

admirar de pertono Príncipe adorado, AugustoHerdeiro

do seu Sceptro,e das suasvirtudes, e legitimo Succes-sorde tantos Reis esclarecidos, odignoFilhodetalMãi, o novo Depositário da nossa felicidade.

Cheiodos princípios maisjustos, e sublimes; dotado

de

hum

coração recto, e de

huma

alma nutrida, e

habi-tuada no

bem

;

com

queprazer, emaravilha onão temos

visto repetiros seus ensaios; ou antes verdadeiras

pro-vas, na grande, edifficil Arte de Reinar!

Com

queacerto, e firmeza não tem regido o pezado leme daMonarchia

nestes tempos tão tristes, e tormentosos!

Que

prom-ptas, e sabias Providencias! E ao

mesmo

passo, que

Graças não derrama continuamente sobre milhões de

vassallos na occasião

mesma em

que parece esgotar-se

afonte delias nas urgências mais indispensáveis do

Es-tado! E finalmente,que zelo, humanidade, moderação, e quepiedade.

E se Deos, pelos seus profundos, e impenetráveis

Juízos, costuma punir, ou premiar^^nos povos as

virtu-des,ou os crimes dos queos governão,edos seus

Prín-cipes, quantas razões não temos nós de attribuíraos

nossos toda a felicidade de que gozamos, e

particular-•mente esta, que hoje tanto nos interessa? Unido pelos vínculos mais Santos a

huma

Princeza amável, e digna

d'Elle; o Ceo, que muitas vezes começa aremuneraro

Justo sobre a terra; o

Ceo

que teceo, e formou esses laços sagrados; o

Ceo

mesmo

os coroou

com

abenção

de fecundidade, a fim de que, fazendo d'Elles o

instru-mento das suas Misericórdias sobre

hum

povoescolhido,

(42)

A MamalucaMaria Barbara,mulherdehumsoldado, cruelmente assassinada nocaminhoda Fonte do karco, perto d'esta Cidade

deBelém, por quepreferioamorteámanchadeinOelao seu espozD

Se acaso aqui topares, caminliante,

Meu

frio corpojá cadáverfeito,

Levapiedoso

com

sentido aspeito

Estanova ao esposo afflicto, errante.

Diz-lhe

como

deferro penetrante

Me

viste porfie! cravado o peito,

Lacerado,insepulto, e já sujeito

O

tronco fêo ao corvo altivolante:

Que

d'hum monstro inhumano, Itie declara

A

mão

cruel

me

trata desta sorte;

Porém

que alivio busque ádôramara,

Lembrando-se que teve

huma

consorte,

Que

porhonra dafé quelhe jurara,

(43)

Dignando-seoGovernadoreCapitão General

D. Francisco deSouzaCo-alinlioaparecercomuniforme de simples soldado

emparada de mostra

do2."Corpoauxiliar,por incentivoetionraaosbriosdos milicianos

Não

vence o General,que nabatalVia

mostra brios

em

trazer bordados

Ricos telizes, elmos emplumados,

Luzentesarmas, e lustroza malha;

Mas

sim aquelle, quefiel trabalha

Em

inspirar

magnânimo

aos soldados

O

puro

amor

da gloria,despresados

Os

fúteis dons que a

mão

dotempo talha.

Assim Coutinho illustre, que vestido

Vem

de uniforme simplese ligeiro,

Fama

nos dá, e exemplo esclarecido.

Honra-te, ó Terço, (1)desde já o primeiro,

Que, se

em

Souza outros ternJChefe subido.

Tu

o contas

também

porcompanheiro.

(1) Nessetempoos corpos demilicias au.xiliaresse

denomi-navào Terços,eo Autor eraofficialdaquelleemquese

(44)

/

A MamalucaMaria Barbara,mulherdebumsoldado,

cruelmente assassinada nocaminhoda Fonte dotiarco,perto d'estaCidade de Belém,por quepreferioamorteámanchadeinOelao seu espoza

Se acaso aqui topares, caminhante,

Meu

friocorpo jácadáverfeito.

Levapiedoso

com

sentido aspeito

Esta novaao esposo afflicto, errante.

Diz-lhe

como

deferro penetrante

Me

visteporfiel cravado o peito.

Lacerado, insepulto, e já sujeito

O

tronco fêo ao corvoaltivolante:

Que

d'hum monstro inhumano, lhe declara

A

mão

cruel

me

trata desta sorte;

Porém

que alivio busque ádòr amara,

Lembrando-se que teve

huma

consorte,

Que

porhonra dafé que lhe jurara,

(45)

Dignando-seo GovernadoreCapitão General

D. Francisco deSouzaCoatinlioaparecercomuniforme de simples soldado

emparadademostra

^02." Corpoauxiliar,por incentivoehonraaosbriosdos milicianos

Não

vence o General,que na batalha

nriostra brios

em

trazerbordados

Ricostelizes, elmos emplumados,

Luzentesarmas, e lustrozamalha;

Mas

sim aquelle, quefiel trabalha

Em

inspirar

magnânimo

aos soldados

O

puro

amor

da gloria, despresados

Os

fúteisdons que a

mão

do tempotalha.

Assim Coutinho illustre,que vestido

Vem

de uniforme simples e ligeiro,

Fama

nos dá, e exemploesclarecido.

Honra-te, ó Terço,(1) desdejá o primeiro.

Que, se

em

Souza outros temí^Chefe subido.

Tu

o contas

também

porcompanheiro.

(1) Nesse tempoos corpos demilícias au.xiliaresse denomi-navão Terços,e oAutoreraofíicialdaquelleemquese

(46)

AoGovernadoreCapitão General do Estado do Pará D.Francisco deSouzaCout^atio,

sendo promovidoao posto de Capitão deMareGuerra,naoccasião dos primeirosmovimentos

da Europaacercada Revolução Franceza

SONETO (1)

Sangues,mortes, incêndios vomitando,

Sahe do

avemo

a Discórdia regicida.

Que

aEuropa, de mil males opprimida.

Vai

em

tristes ruinas sepultando.

Todos

se aprestão,cada qual buscando

Resistir, e salvar a Pátria, avida:

Sõad'Austria'atrombeta retorcida,

Ejá Sardos, e Prussios vão marchando.

De

Britannos baixeis o

mar

se cobre;

E,

em

tanto estrago, Lysia acautelada

Arma também

o

empavesado

Pinho:

E, p'raque sfcu respeito então se dobre, Ajuntaaos Capitães da forte

Armada

O

grande

Nome,

o

Nome

de Coutinho.

(47)

.humpassarinho,quandooAutorsoffriavexações

Passarinho, que logras docemente

Os

praseres daamável innocencia, Livre de que aculpada consciência

Te

afflija

como

affligeao delinquente.

Fácil sustento, e sempre mui decente

Vestido tefornece a Providencia;

Sem

fucturos prever, tua existência He feliz, limitando-se ao presente.

Não

assim, ái de

mim!

porque soffrendo

A

fome, a sede, ofrio, aerifermidade,

Sinto

também

do crime opezo horrendo.

Dos

homens

me

rodêaa iniquidade,

A

calumnia

me

opprime; e, aofim tremendo,

(48)

AoSnr.JoséEugénio deAragãoeLima,

ProfessordePtiilosopbia,amigodo iutor, quaikloellefoiperseguido, presoedesterrado

Em

quanto o molle Syberitatreme

Da

desgraçaco' o simples pensamento;

O

Varão forte,

sem

perder o alento,

De

arrrostar-se

com

ella nào, nãoteme:

Entre cadèas e grilhões, nào

geme

;

Mas

armado de heróicosoffrimento.

Livre aalma, conserva o peito isento,

Na

fornalha, no potro, ena trireme.

Tal Eugénio presado,tu, que unindj

Com

a sãa Philosophia a Cristandade,

Dos

jogosdafortuna te estás rindo. E das fezes da negra adversidade.

Qual provido IVlineiro,colligindo

(49)

Aosannos daExm,^ Condeçados Arcos,em180í, e offerecidoaoCotríeseufllho,GovernadoreCapitão General

do Estado do Pará

Não

só do Tejo os immortaes cantores Alegres

hymnos

ateu

nome

entoão,

Também

nas margensdo

Amasonas

soão, O' preclara heroina, os teus louvores.

Se aquelles de teu berço os resplandores

De

pertoadmirão, entre nós ressoão

As mil virtudes,que brilhantesc'roão

Os

dons que herdaste, as graças, os favores.

Elies virão nascer teu claro dia;

Mas

nós

vemos

aqui o doce fructo,

Que

o Céo, de tinascido, nos envia.

Oh!

quanto te hé devido este tributo!

Pois quedeti nasceo nossa alegria.

(50)

Aosgloriosos successosdasArmas na restauração dePortugal, depoisda Invasão dosFranifezes,

epelosfeitosdos briososParaensesnaConquista deCayenna

HoI.1120Invicto asArmasTriunpliames(i)

SONETO

(LIE1MPK0VI>0(

Os

crimes innundavão toda a Terra,

E váriosmonstros no Avernoconcebidos, •

Na

Córsegae no Sena produsidos,

A' todos osmortaesfazião guerra.

A

impiedade, aperfidia, e o mais que encerra

Pandora nos seus Cofres denegridos.

Entre lúgubresáis, entre gemidos,

Da

face do Universoa paz desterra.

Porém, á tantomal, o Céo, que héjusto.

põem

termo, suscita mil Atlantes,

Lopes, Silveiras, Palafo.x

sem

susto.

li

Suscita outros Heroes da Pátria amantes, E faz que brilhem no Braziladusto

Do

Luzo

Invicto as

Armas

Triunphantes.

(1)inscripçào em uma pequenabandeira,quecomasarmas

reaes,sobre

um

Castello de confeitaria sé achava nocentroda

meza de doces, queo Governador eCapitão General do Grão

Pará deo aos Convidados no Palácio do Governoemo diados

Festejos pelos sobreditos sucessos.Enessa occasiãooAutorcom

(51)

NoAnniversariodo^riacipeRegente á 13 de Maio de 1809, l."depois dasua vinda parao Brazii,

e1."daConquista daGoyannaFranceza, pelasArmasPortuguezas desta Capitaniado Grão Pará, queoGovernador eCapitão General José Narciso de MagalhãeseMenezesexpedio

Neste dia, o mais beilo,

em

quede perto

Te vio, qual Phebo,renascer jucundo,

Cheio de gloria e luz o

Novo

Mundo,

Hum

puro amor, ó Príncipe,te offerto.

O

Grão-Pará, dejubilo coberto.

Abre seu peito

em

producções fecundo;

E,

com

zelo e respeito o mais profundo,

Te

offreceprovas mil, tributo certo:

Os

bens, o sangue, avida te offrece

;

Mas, sobre todos, Magalhães sublime

O

Teu

Sceptro magnifico engrandece

:

i

Em

todos seu valor, seu génio imprime;

Já Cayenna, Senhor, te reconhece,

(52)

AoSnr.Alexandre deSouzaMalheirf de Menezes, Intendente daMarinhado Pará,eCapitão de Fragatad'A[madaReal,

naoccaslãoemquefoipromovidoaesteposto

O

nobre sangue teu, teu génioclaro,

Talentos e valor, já conhecidos,

N'um

pólo, e n'outro

em

factos repetidos,

Do

Francezbellicioso, e INIouro avaro;

Não

são,Malheiroillustre, o que maisraro

Em

ti contemplãohoje enternecidos

Os

Paraenses, todos convencidos

Do

teu singular méritopreclaro.

Hum

peito bemfeitore generoso,

Sensível coração,

huma

alma pura:

Hé estesim o teu brazão honroso.

Porelle o

Céo

te leva á

mor

altura;

Eeu, entre todis, grato e sonoroso

(53)

AoIllm."c Exm.",Siir. Martinho deSouza e Albuquerque,

GovernadoreCapitão General

do Estado do Pará, actiando-se ábanhosforada Capital

IDYLLIO (1)

Hum

dia, que apressado

O

manso

gado trouxe ao seu aprisco,

Por poder socegado

Hirbantiar-me no rio,

sem

o risco

Da Onça

tragadora

A

cria vir roubar-me á

mesma

hora.

Quando

jámergulhando

Nas ondas té ao centro m'entranhava,

Ou

sobre aagua olhando

O

delphim nadador arremedava;

E

em

tanto o claro dia

Cos

exforços da noite mal podia.

Á

praia

me

recolho;

E,

tomando

o vestido,

um

murmurinho

Sintoda esquerda! olho:

um

bando deNymphas, que o visinho

igarapé descendo,

Com

pressa ao largo rio

vem

rompendo.

(54)

48

4."

Queto

me

ponho a ouvillas,

Porver o que dizião,pois fallando

Entre si

vem

: sentillas

Fácil

me

foi;

mas

euvou duvidando,

Que

acertar possa ofio *

Dascousas, quedizião peiorio. 5.»

«Vamos, ó

Nymphas, vamos

«Renderao Maioral nossa

homenagem.

«Parece que tardamos!

«Eiapois, avistemos a paragem,

«Onde

o ChefeSubido

«Ha

dias, por doença, está detido.

6.0

«Estamosaqui juntas

«As

Nymphas

tutellares destes rios,

«E vem-nosadjuntas

«Muitas queos lagos tem por senhorios:

«Todas Martinho honremos,

«Faça-mos,

Nymphas,

tudo oque devemos.

7.»

«As agoas mais sadias

«Para qui n'altá enchente encaminhadas

«Sejào, e nestes dias

«As

floresjunto ao banho amontoadas:

«Os

ventoschamaremos,

«E, que brandos respirem, lhes

rouguemos

Humas

assim dizião

;

Porém

outras, parando concertavão

(55)

49

Em

que o

bom

Maioral muito iouvavão; Aquellas afinando

Os

retorcidos búzios, e cantando:

9.0

« Já

huma

entoa,

como

Havia o

bom

IMartinlio navegado

O

Amasonas, e

como

O

Guámá,

Tocantins há visitado,

E ámi! rios distantes

Porver, e dar auxilio aos Habitantes!

10."

Cantão outras Deidades,

Como

fora

com

festasrecebido;

E quantassaudades

Os

povos de seos rios tem sentido

Depois;

como

se sente

A

nova damoléstia impertinente.

11.

Promettem logo aquellas,

Qu'em

melhorando, ao Deos da Medicina

Tem

delevar Capellas

Da

branca surnaúmeira, muitofina,

Cos

ramos enlaçados '^

D'umiry por cheirozos procurados.

«O.xalá que depressa

«As

Tutellares Deosas destes rios

«Cumprão

suapromessa...

Clamei então;

mas

ah!

meus

votos pios

As

Nymphas

assustarão!

(56)

Idillio

emlouvor doIllm."eExra." Snr.D.Francisio deSouzaCoutinho, nodiaemquese festeja

o ADDlTersario de sua Posse doGovernode^teEstado

INTERLOCUTORES

TiRSENO, E AlBENIO

Serranos deste Contorno (1)

Deixa Tirseno a vàa melancolia.

Que

sempre traz tão lividos teusoínos

:

Que

fazes,

em

legar tão solitário,

Mudo

e triste pensando?

Não

te

movem

Os

prazeres, que occupão nestedia.

Nestediaditozo anossa Aldêa?

Assimchegandojunto de Tirseno,

Albenio lhe dizia, o

bom

Albenio Pastor honrado, e

hum

dos mais polidos

De

grande authoridade entre os Pastores,

Que

habitão sobre as margens do Amazonas,

E

em

gados, e i^izaes mui opulento.

Desse

mesmo

contorno era Tirseno,

Serrano inda mancebo, a

quem

os fados

Por altapermissão do

Céo

Supremo,

Deixarão

sem

haveres, e cabana:

E os grossos cabedaes,que possuião

(1)

Com

onomede Tirseno se disignaoAutord'este idytlio,

ecom o de AlbeniooCoronelAmbrósio Henriques,festeiro,que

foi quempedio ao primeiroqueemtrezdiasfizessealgumaobra

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