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IBET - Módulo III - Seminário IV

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RESPOSTAS DAS QUESTÕES PROPOSTAS

QUESTÃO 01:

 A execução fiscal tem natureza jurídica de ação exacional de iniciativa do Fisco, disciplinada pela Lei 6.830/80 e subsidiariamente pelo Código de Processo Civil. Por sua vez, a cautelar fiscal tem natureza jurídica de ação acautelatória de iniciativa do Fisco, que tem como objetivo garantir a eficácia do resultado da ação principal (execução fiscal).

O diploma normativo que regula as cautelares fiscais é a Lei nº 8.397/92, cujos efeitos estão dispostos no seu artigo 4º:

 Art. 4° A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação.

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Por sua vez, os requisitos fáticos para a deflagração da cautelar fiscal estão elencados no artigo 2º do referido diploma. Em geral, são hipóteses em que o devedor está a praticar algum ato tendente a dificultar ou impossibilitar a satisfação do crédito:

 Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor:

I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que  possui ou deixa de pagar a obrigação no prazo fixado;

II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação;

III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens;

IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio;

V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal:

a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade;

b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros;

VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido;

VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei;

VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário;

IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.

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O artigo 3º da Lei nº 8.397/92 dispõe sobre os requisitos documentais necessários ao ajuizamento da cautelar fiscal.

 Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é essencial: I - prova literal da constituição do crédito fiscal;

II - prova documental de algum dos casos mencionados no artigo antecedente.

Por sua vez, o artigo 1º do mesmo diploma dispõe que a ação cautelar pode ser ajuizada após a constituição do crédito. O parágrafo único afirma que nas hipóteses em que o devedor notificado põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros ou aliena bens ou direitos sem comunicar à Fazenda, o ajuizamento da medida cautelar independerá da prévia constituição do crédito tributário. Veja-se:

 Art. 1° O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da execução  judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios e respectivas autarquias.

Parágrafo único. O requerimento da medida cautelar, na hipótese dos incisos V, alínea "b", e VII, do art. 2º, independe da prévia constituição do crédito tributário.

Em que pese exista expressa previsão legal nesse sentido, questiona-se a possibilidade de ajuizamento da medida cautelar antes da constituição do crédito tributário. Explica-se.

 A medida cautelar tem como escopo promover a indisponibilidade dos bens do contribuinte, até o limite da satisfação da obrigação tributária. Assim sendo, torna-se impraticável promover a referida constrição sem que se tenha a prévia constituição do crédito

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tributário, ato este imprescindível para identificação dos critérios subjetivo e quantitativo da obrigação tributária.

 Assim sendo, o momento mais adequado para o ajuizamento da ação cautelar fiscal é após a constituição do crédito tributário e antes do ajuizamento da execução fiscal.

QUESTÃO 02:

Primeiramente, importa ressaltar que o instrumento constritivo previsto no artigo 185-A do CTN não se confunde com a denominada “penhora on-line”.

O primeiro representa a comunicação da indisponibilidade de todos os bens do executado, feito através de ofícios endereçados aos órgãos que promovem registros de transferência de bens; registro público de imóveis e autoridades do mercado bancário e de capitais.

Por sua vez, a “penhora on-line” está prevista no artigo 655-A do Código de Processo Civil e representa o bloqueio efetuado apenas nas contas bancárias do executado, através do convênio BACENJUD. Essa medida independe da comprovação de não terem sido encontrados outros bens penhoráveis.

 A primeira medida, como se vê, é muito mais abrangente e depende da comprovação de não terem sido encontrados outros bens penhoráveis do executado.

Em seguida, esclarece-se que a natureza jurídica da chamada “penhora on-line”, como o próprio nome sugere, é de penhora do ativo financeiro do executado. Por se tratar de dinheiro em espécie, desnecessária a respectiva avaliação dos bens penhorados.

Importante ressaltar, também, que o mero deferimento do  bloqueio BACENJUD e/ou da indisponibilidade do artigo 185-A (coisas

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distintas) não é suficiente para dar início à abertura do prazo para oposição dos Embargos à Execução.

Conforme cediço, para que haja a oposição dos Embargos à Execução, é imprescindível que haja a efetiva garantia da Execução Fiscal. Por sua vez, o mero deferimento do bloqueio BACENJUD e/ou da indisponibilidade do artigo 185-A não significa necessariamente que haverá ativos do devedor aptos a garantir a Execução Fiscal. Portanto, seriam inadmissíveis os Embargos.

 Ademais, o próprio artigo 16 da Lei nº 6.830/80 expressamente dispõe que o termo inicial do prazo para oposição dos Embargos à Execução se dará apenas com a efetivação do depósito; a  juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; ou a

intimação da penhora. Acompanhe-se:

 Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:

I - do depósito;

II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia;

III - da intimação da penhora.

O bloqueio BACENJUD está previsto no artigo 655-A do Código de Processo Civil e independe da comprovação de a) ter sido citado o executado; b) não haver oferecimento de bens a penhora e c) não terem sido encontrados outros bens penhoráveis:

 Art. 655-A - Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário,  preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a

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ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução.

Por sua vez, a indisponibilidade de bens e direito está previsto no artigo 185-A do Código Tributário Nacional e depende da comprovação de a) ter sido citado o executado; b) não haver oferecimento de bens a penhora e c) não terem sido encontrados outros  bens penhoráveis:

 Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a  fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a

ordem judicial.

O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento (REsp 1.377.507) no sentido de que, para fins da constatação de que não foram encontrados outros bens penhoráveis deverá haver ao menos o pedido de bloqueios de ativos financeiros (BACENJUD) e de bloqueios de  veículos (RENAJUD) do executado.

QUESTÃO 03:

O administrador, quando chamado para responder pelo débito tributário com fundamento no artigo 135 do CTN não necessariamente deve ter integrado o processo administrativo tributário.

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Caso não haja a instauração do processo administrativo tributário, a Fazenda somente poderá constatar que se trata da hipótese do artigo 135 do CTN no decurso da execução fiscal, momento em que poderá requerer a responsabilização:

 Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos  praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato

social ou estatutos:

I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados;

III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

O redirecionamento poderá ser requerido com fulcro no artigo 135 do Código Tributário Nacional, ou subsidiariamente, com base no artigo 50 do Código Civil.

O direito é o conjunto de normas jurídicas válidas num determinado país em determinada época. Por sua vez, a decadência e a prescrição são efeitos jurídicos de perda de determinado direito.

Sendo assim, a decadência e a prescrição pressupõem a existência de uma norma jurídica que preceitua tal efeito em seu consequente e de um fato que o faça existir no âmbito jurídico.

Ocorre que, não há previsão legal para a ocorrência de decadência/prescrição para redirecionamento da execução fiscal contra os sócios da empresa.

O sócio, no entanto, poderá ser beneficiado em razão da prescrição intercorrente, que não só impedirá o redirecionamento, como também promoverá a extinção da execução fiscal e do crédito tributário.

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Importante fazer a ressalva de que o Superior Tribunal de  Justiça possui um histórico de Jurisprudência no sentido de que a prescrição para o redirecionamento da execução fiscal é de 05 anos e começa a correr a partir da citação da empresa. Entretanto, a matéria ainda é bastante controvertida.

QUESTÃO 04:

 Toda execução deve ser lastreada por um título, que represente a certeza, liquidez e exigibilidade da obrigação. No caso da execução fiscal, o título que a embasa é a certidão de inscrição em dívida ativa.

 Após a constituição do crédito tributário (que poderá se dar com o lançamento ou com o “auto-lançamento”), o Poder Público deverá realizar o procedimento de controle de legalidade.

Caso não sejam apuradas irregularidades, o crédito poderá ser inscrito em dívida ativa, gerando a certidão de inscrição em dívida ativa. Essa certidão, por sua vez, é o título executivo extra-judicial hábil para o ajuizamento da execução fiscal.

O artigo 203 do Código Tributário Nacional e o artigo 2º, parágrafo 8º da Lei nº 6.830/80 preveem a possibilidade da Fazenda Pública promover a substituição do título executivo que lastreia a execução fiscal. Acompanhe-se:

 Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito  passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que

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 Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

(...)

§ 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida  Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao

executado a devolução do prazo para embargos.

 Apesar das referidas normas não disporem de forma expressa quantas vezes a CDA poderá ser emendada, a redação do artigo 203 do CTN parece sugerir que essa substituição somente poderá ocorrer uma  vez.

Esses artigos autorizam a retificação da certidão de dívida ativa quando haja alguma incongruência entre a CDA e o lançamento do tributo. Isso significa que as alterações apenas abrangem a certidão e os requisitos necessários a sua existência, não podendo modificar o ato de constituição do crédito tributário (lançamento ou aut o-lançamento).

Os vícios materiais ou formais do processo administrativo relativo ao controle de legalidade do ato de constituição do crédito tributário somente são passíveis de alteração nos termos do artigo 149 do CTN, não por meio da substituição do título executivo respectivo.

Nesse sentido, a Súmula nº 392 do STJ deve ser interpretada de forma teleológica e não literal, permitindo que haja a modificação do sujeito passivo da execução apenas nos casos em que se trate de mero erro material ou formal constante na CDA e o lançamento tenha sido feito de forma correta.

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É permitido, assim, à Fazenda Pública retificar a certidão para que ela se adéque ao lançamento, mas jamais alterar o próprio lançamento.

 A substituição da CDA somente pode ocorrer até decisão de primeira instância, que deverá ser compreendida como a Sentença que extingue a jurisdição da primeira instância na execução fiscal ou nos embargos à execução.

QUESTÃO 05:

a) A Lei 11.382/2006 reformou o artigo 738 e acrescentou o artigo 739-A do Código de Processo Civil. O primeiro artigo estipulou o prazo de 15 dias para oferecimentos dos embargos do devedor. Por outro lado, o artigo 16 da Lei de Execuções Fiscais dispõe de forma específica que o prazo para oferecimento dos embargos à execução fiscal é de 30 dias.

Por tratar-se de norma especial, destinada especificamente às execuções fiscais, conclui-se que o prazo para oferecimento dos embargos à execução fiscal é, de fato, 30 dias.

 Já o artigo 739-A estipulou que a regra é a ausência de efeito suspensivo automático aos embargos, podendo o Juiz conceder tal efeito caso verifique a verossimilhança das alegações e o perigo da demora.

Quanto a esse segundo ponto, importa registrar que o artigo 1º da LEF estabelece que a ela aplica-se subsidiariamente o Código de Processo Civil.

Seguindo essa linha intelectiva, registra-se que não há na LEF nenhum dispositivo que trate sobre a (im)possibilidade de atribuição de efeito suspensivo aos Embargos à Execução Fiscal. Sendo assim, deve-se aplicar subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil (artigo 739, § 1º) quanto a esse tema.

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 Através de uma interpretação sistemática entre a LEF e o CPC, conclui-se que a regra geral é a NÃO atribuição do efeito suspensivo aos Embargos à Execução; podendo o Juiz, a requerimento do Embargante, conceder o efeito suspensivo, caso haja a) garantia da execução; b) fumus bonis iuris e c) periculum in mora.

Frise-se, inclusive, que o tema debatido já foi alvo de recurso representativo de controvérsia pelo STJ, nos moldes do artigo 543-c do Código de Processo Civil. Confira-se a seguir o inteiro teor do aresto:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. APLICABILIDADE DO  ART. 739-A, § 1º, DO CPC ÀS EXECUÇÕES FISCAIS.

NECESSIDADE DE GARANTIA DA EXECUÇÃO E ANÁLISE DO  JUIZ A RESPEITO DA RELEVÂNCIA DA ARGUMENTAÇÃO (FUMUS BONI JURIS) E DA OCORRÊNCIA DE GRAVE DANO DE DIFÍCIL OU INCERTA REPARAÇÃO (PERICULUM IN MORA) PARA  A CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS DO

DEVEDOR OPOSTOS EM EXECUÇÃO FISCAL.

1. A previsão no ordenamento jurídico pátrio da regra geral de atribuição de efeito suspensivo aos embargos do devedor somente ocorreu com o advento da Lei n. 8.953, de 13, de dezembro de 1994, que promoveu a reforma do Processo de Execução do Código de Processo Civil de 1973 (Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - CPC/73), nele incluindo o § 1º do art. 739, e o inciso I do art. 791.

2. Antes dessa reforma, e inclusive na vigência do Decreto-lei n. 960, de 17 de dezembro de 1938, que disciplinava a cobrança  judicial da dívida ativa da Fazenda Pública em todo o território nacional, e do Código de Processo Civil de 1939 (Decreto-lei n. 1.608/39), nenhuma lei previa expressamente a atribuição, em regra, de efeitos suspensivos aos embargos do devedor, somente admitindo-os excepcionalmente. Em razão disso, o efeito suspensivo derivava de construção doutrinária que,

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 posteriormente, quando suficientemente amadurecida, culminou no projeto que foi convertido na citada Lei n. 8.953/94, conforme o evidencia sua Exposição de Motivos - Mensagem n. 237, de 7 de maio de 1993, DOU de 12.04.1994, Seção II, p. 1696.

3. Sendo assim, resta evidente o equívoco da premissa de que a LEF e a Lei n. 8.212/91 adotaram a postura suspensiva dos embargos do devedor antes mesmo de essa postura ter sido adotada expressamente pelo próprio CPC/73, com o advento da Lei n. 8.953/94, fazendo tábula rasa da história legislativa. 4. Desta feita, à luz de uma interpretação histórica e dos  princípios que nortearam as várias reformas nos feitos executivos da Fazenda Pública e no próprio Código de Processo Civil de 1973, mormente a eficácia material do feito executivo a  primazia do crédito público sobre o privado e a especialidade

das execuções fiscais, é ilógico concluir que a Lei n. 6.830 de 22 de setembro de 1980 - Lei de Execuções Fiscais - LEF e o art. 53, § 4º da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, foram em algum momento ou são incompatíveis com a ausência de efeito suspensivo aos embargos do devedor. Isto porque quanto ao regime dos embargos do devedor invocavam - com derrogações específicas sempre no sentido de dar maiores garantias ao crédito público - a aplicação subsidiária do disposto no CPC/73 que tinha redação dúbia a respeito, admitindo diversas interpretações doutrinárias.

5. Desse modo, tanto a Lei n. 6.830/80 - LEF quanto o art. 53, § 4º da Lei n. 8.212/91 não fizeram a opção por um ou outro regime, isto é, são compatíveis com a atribuição de efeito suspensivo ou não aos embargos do devedor. Por essa razão, não se incompatibilizam com o art. 739-A do CPC/73 (introduzido pela Lei 11.382/2006) que condiciona a atribuição de efeitos suspensivos aos embargos do devedor ao cumprimento de três requisitos: apresentação de garantia; verificação pelo juiz da relevância da fundamentação (fumus

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boni juris) e perigo de dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora).

6. Em atenção ao princípio da especialidade da LEF, mantido com a reforma do CPC/73, a nova redação do art. 736, do CPC dada pela Lei n. 11.382/2006 - artigo que dispensa a garantia como condicionante dos embargos - não se aplica às execuções  fiscais diante da presença de dispositivo específico, qual seja o art. 16, § 1º da Lei n. 6.830/80, que exige expressamente a garantia para a apresentação dos embargos à execução fiscal.  7. Muito embora por fundamentos variados - ora fazendo uso da interpretação sistemática da LEF e do CPC/73, ora trilhando o inovador caminho da teoria do "Diálogo das Fontes", ora utilizando-se de interpretação histórica dos dispositivos (o que se  faz agora) - essa conclusão tem sido a alcançada pela  jurisprudência predominante, conforme ressoam os seguintes  precedentes de ambas as Turmas deste Superior Tribunal de  Justiça. Pela Primeira Turma: AgRg no Ag 1381229 / PR,

Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 15.12.2011; AgRg no REsp 1.225.406 / PR, Primeira Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 15.02.2011; AgRg no REsp 1.150.534 / MG, Primeira Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16.11.2010; AgRg no Ag 1.337.891 / SC, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 16.11.2010;  AgRg no REsp 1.103.465 / RS, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 07.05.2009. Pela Segunda Turma:  AgRg nos EDcl no Ag n. 1.389.866/PR, Segunda Turma, Rei. Min. Humberto Martins,DJe de 21.9.2011; REsp, n. 1.195.977/RS, Segunda Turma, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17/08/2010; AgRg no Ag n. 1.180.395/AL, Segunda Turma, Rei. Min. Castro Meira, DJe 26.2.2010; REsp, n, 1.127.353/SC, Segunda Turma, Rei. Min. Eliana Calmon, DJe 20.11.2009; REsp, 1.024.128/PR, Segunda Turma, Rei. Min. Herman Benjamin, DJe de 19.12.2008.

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8. Superada a linha jurisprudencial em sentido contrário inaugurada pelo REsp. n. 1.178.883 - MG, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 20.10.2011 e seguida  pelo AgRg no REsp 1.283.416 / AL, Primeira Turma, Rel. Min.

Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 02.02.2012; e pelo REsp 1.291.923 / PR, Primeira Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves,  julgado em 01.12.2011. 9. Recurso especial provido. Acórdão

submetido ao regime do art. 543-C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008.

(STJ - REsp: 1272827 PE 2011/0196231-6, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 22/05/2013, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 31/05/2013)

 b) Os artigos 8º e 9º da Lei de Execuções Fiscais dispõem sobre a possibilidade do executado, no prazo de 05 dias da citação, garantir a execução. Veja-se:

 Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias,  pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos

indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

 Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida  Ativa, o executado poderá:

I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

II - oferecer fiança bancária ou seguro garantia;

III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.

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Quanto às hipóteses de depósito em dinheiro (artigo 9º, inciso I); fiança bancária (inciso II); ou seguro garantia (inciso II) para caucionar à execução, parece se tratar de direito potestativo do devedor, independendo da anuência do Fisco ou do arbítrio do Magistrado.

Entretanto, quanto às hipóteses de nomeação de bens à penhora (inciso III) e indicação de bens de terceiros (inciso IV), aparentemente não se está a tratar de direito potestativo do contribuinte. Nesses casos, a redação da lei sugere que o exequente e o Magistrado poderão se manifestar sobre o bem oferecido pelo executado.

QUESTÃO 06:

O artigo 15, inciso I da Lei nº 6.830/80 garante ao executado o direito potestativo de substituição da penhora, a qualquer fase do processo. A redação inicial do referido artigo concedia tal direito ao executado, apenas nos casos de substituição do bem penhorado por depósito em dinheiro ou fiança bancária.

Entretanto, a Lei nº 13.043/2014 modificou a referida norma, para estender esse direito também aos casos de substituição do bem penhorado por seguro garantia. Veja-se:

 Art. 15 - Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz: I - ao executado, a substituição da penhora por depósito em dinheiro ou fiança bancária; e (Revogado pela Lei nº 13.043, de 2014)

I - ao executado, a substituição da penhora por depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia; e (Redação dada  pela Lei nº 13.043, de 2014)

(17)

 A fiança bancária funciona como um contrato de empréstimo entre o executado e o banco. Caso o banco tenha que responder pela dívida, ele pagará a quantia e posteriormente, promoverá a cobrança da dívida a altos juros em face ao executado.

Por sua vez, o seguro garantia funciona como um contrato de seguro, em que a seguradora analisa os riscos que terá para substituir o executado, caso este não consiga pagar a dívida.

Percebe-se que a fiança bancária possui maior liquidez, ao passo em que as chances de um banco quebrar ou dar um calote são consideravelmente menores do que as chances de uma seguradora assim o fazer.

 Ademais, devido a própria natureza do contrato, o banco não costuma criar embaraços para promover o pagamento da dívida, pois sabe que poderá cobrar o valor do executado, acrescido de juros escorchantes. O mesmo não ocorre com a seguradora, que certamente criará embaraços para tentar se desvencilhar da obrigação.

Entretanto, após a alteração promovida pela Lei nº 13.043/2014, ambas possuem o mesmo efeito de garantir o direito potestativo do executado à substituição da penhora, com fulcro no artigo 15, inciso I da LEF.

 A ordem preferencial para o oferecimento de bens a penhora na execução fiscal é aquela prevista no artigo 11 da Lei nº 6.830/80, em razão da especialidade. O CPC se aplica ao processo executivo fiscal apenas subsidiariamente.

Referências

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