Informativo nº 102 de 11.12.2017
Í N D I C E
1. DISPÊNDIOS DE PESSOA JURÍDICA COM CONTRATAÇÃO DE EMPRESA DE TRABALHO TEMPORÁRIO (TERCEIRIZAÇÃO) – APURAÇÃO DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS – SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT N.º 29/2017 – NECESSIDADE DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO OU DEMANDA JUDICIAL PARA A EXTENSÃO ÀS EMPRESAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS ___________________________________________________ p.02
2. INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB n.º 1.765/2017 REGULAMENTA DIREITO DE COMPENSAR SOMENTE APÓS TRANSMISSAO DA ECF SOBRE PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO ________________ p.03
3. COMPENSAÇÃO NEGADA PELA RFB QUE NÃO IMPEDE RESTITUIÇÃO, EM CONTRATO DE CESSÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS - PRECEDENTE DO STJ PUBLICADO EM 29/11/2017________________________________________ p.04
4. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª. REGIÃO, DECIDE QUE CONTRIBUINTE QUE OPTA POR ADERIR À PARCELAMENTOS TRIBUTÁRIOS, ACABA POR INTERROMPER O CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL ________________ p.06
5. ICMS SOBRE ENERGIA ELÉTRICA – MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTAS (CONSUMIDORES COM GASTO MENSAL ACIMA DE 450 QUILOWATTS/HORA) – LEI ESTADUAL/RJ N.º 7.787/2017 – NECESSIDADE DE QUESTIONAMENTO JUDICIAL ______________________________________ p.07
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Este informativo foi redigido meramente para fins de informação e debate, não devendo ser considerado opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Direitos autorais reservados a Micheloni
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DISPÊNDIOS DE PESSOA JURÍDICA COM CONTRATAÇÃO DE EMPRESA DE TRABALHO TEMPORÁRIO (TERCEIRIZAÇÃO) – APURAÇÃO DE CRÉDITOS DE PIS E
COFINS – SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA COSIT N.º 29/2017 – NECESSIDADE DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO OU DEMANDA JUDICIAL PARA A EXTENSÃO ÀS
EMPRESAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
Publicada em 16/11/2017, a Solução de Divergência Cosit n.º 29/2017 que equacionou o dissenso existente quanto aos dispêndios de pessoa jurídica com a contratação de empresa de trabalho temporário para disponibilização de mão de obra (trabalho terceirizado) aplicada diretamente na produção de bens destinados à venda ou prestação de serviços, desde que observados os requisitos legais aplicáveis ao caso concreto, concluindo, assim, pelo cabimento da apuração de créditos referentes à não-cumulatividade das contribuições ao PIS e COFINS.
De fato, segundo a Solução de Divergência ora noticiada:
i. a pessoa jurídica
tomadora do serviço não paga mão de obra a pessoa física, mas, sim, contrata um serviço prestado
por outra pessoa jurídica qualquer, o que afasta a vedação ao creditamento de PIS e COFINS prevista nas Leis Federais n.os 10.637/2002 e 10.833/2003;
ii. a receita auferida
pela empresa contratada está sujeita à incidência das contribuições ao PIS e COFINS, o que leva ao cumprimento do princípio da não-cumulatividade, de modo que o creditamento ocorrerá na modalidade “aquisição de insumos” (cf. artigo 3º, inciso II, das referidas Leis Federais).
Todavia, a extensão do aludido entendimento às demais empresas de prestação de serviços a terceiros (reguladas pela Lei Federal n.º 13.429/2017, que recentemente modificou as normas jurídico-trabalhistas, permitindo a terceirização em
3 todas as áreas das empresas,
tanto em atividade-fim, quanto em atividade-meio), demanda a prévia realização de planejamento tributário, ou mesmo o ajuizamento de ação cabível, na medida em que a Solução de Divergência Cosit n.º 29/2017 expressamente assinala que “a terceirização de mão de obra somente é permitida para as
atividades-meio da pessoa jurídica, sendo vedada nas atividades-fim, nos termos da Súmula n.º 331 do TST – Tribunal Superior do Trabalho”.
A equipe técnica do Escritório Micheloni Advogados Associados está à inteira disposição dos interessados nesta relevante questão empresarial.
INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB n.º 1.765/2017 REGULAMENTA DIREITO DE COMPENSAR SOMENTE APÓS TRANSMISSÃO DA ECF SOBRE PEDIDOS DE
RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO
A Instrução Normativa nº 1.765/2017, publicada no DO de 04/12/2017, alterou a IN nº 1.717/2017, ao tratar sobre a recepção dos pedidos de restituição e das declarações de compensação.
De fato, a referida instrução reitera a necessidade de cruzamento dos créditos tributários pleiteados pelo contribuinte com suas respectivas obrigações assessórias. Nesse sentido a partir
de 1º/01/2018 são as seguintes mudanças: i. Na hipótese de saldo negativo de IRPJ ou de CSLL, o pedido de restituição e a declaração de compensação serão recepcionados pela RFB somente depois da confirmação da transmissão da ECF, na qual se encontre demonstrado o direito creditório, de acordo com o período de apuração. A regra é aplicável inclusive aos casos de
4 apuração decorrente de
extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou incorporação. Quando se tratar de saldo negativo de IRPJ
ou de CSLL apurado
trimestralmente, a restrição esta será aplicada somente depois do encerramento do respectivo ano-calendário;
ii. Na hipótese de
crédito do IPI, a PER/DCOMP será recepcionada pela RFB somente depois da confirmação da transmissão da EFD ICMS/IPI, na qual se encontre demonstrado o direito creditório, de acordo com o período de apuração. Porém tal regramento não é aplicável ao caso de crédito presumido do IPI apurado por estabelecimento
matriz não contribuinte deste imposto.
iii. Na hipótese de
créditos das contribuições da COFINS e PIS, o pedido de ressarcimento e a declaração de
compensação serão
recepcionados pela Receita, somente depois da confirmação da transmissão da EFD-Contribuições, na qual se encontre demonstrado o direito creditório, de acordo com o período de apuração.
Merece registro que as regras quanto ao IRPJ, CSSL, COFINS e PIS não se aplicarão aos créditos do período de apuração anterior a janeiro de 2014.
COMPENSAÇÃO NEGADA PELA RFB QUE NÃO IMPEDE RESTITUIÇÃO, EM CONTRATO DE CESSÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS - PRECEDENTE DO STJ
PUBLICADO EM 29/11/2017
O mercado de venda de créditos tributários através de cessão, é uma realidade diante dos intermináveis direitos creditórios as Fazendas Publicas em geral.
Entretanto, o STJ, decidiu que para fins de compensação tal direito, não é factível, senão o recebimento em espécie. O caso julgado tratou de uma cessão de
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créditos tributários na qual o adquirente/cessionário não logrou êxito em proceder a compensação de tributos que foi indeferida pela Receita Federal, por pertencer a terceiro (no caso o cedente).
Em razão da negativa de compensação, pleiteou o cessionário a declaração de nulidade do contrato, com a consequente restituição dos valores pagos pelas cessões.
Assim, cingiu-se a controvérsia a verificar se a impossibilidade de compensação de créditos tributários perante a Receita Federal é motivo suficiente para anulação do contrato de cessão desses créditos firmado entre sociedades empresárias.
Nos termos do precedente publicado no DJ em 29/11/2017 a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em que o Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA Relator do Resp. nº 1.645.719/RJ para o reconhecimento da
anulação da cessão de créditos tributários é necessário que o motivo esteja indicado expressamente como razão determinante para realização do contrato (art. 140 CC), ou na forma de condição. Vejam parte da fundamentação do Ministro: que “(...) de acordo com a dicção
do artigo 140 do Código Civil, a
identificação de "potenciais
motivos" ou de suposta intenção não são suficientes para anular o
contrato, pois somente a
declaração expressa do motivo no instrumento consegue imprimi-lhe a qualidade de determinante, ensejando a anulação do negócio jurídico caso não se confirme. Nesse contexto, o motivo alegado pela recorrida, isto é, a pretensão de compensar os créditos, ainda que frustrada, é irrelevante na
hipótese, permanecendo,
também sob essa perspectiva, hígida a contratação havida entre as partes. … Ademais, esta Corte tem entendimento firmado no sentido de que o cessionário tem legitimidade para executar os
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créditos tributários cedidos mesmo oriundos de precatório”.
Assim, como vimos avaliando casos pontuais, a aquisição de créditos de terceiros é uma operação contratual
legítima que sequer encontra óbice legal entre as partes contratantes, porém, com o escopo de realizar compensações tributárias, tal pretensão se entremostra inútil, perante o fisco federal notadamente.
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª. REGIÃO DECIDE QUE CONTRIBUINTE QUE OPTA POR ADERIR À PARCELAMENTOS TRIBUTÁRIOS, ACABA POR
INTERROMPER O CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL
Em entendimento adotado por unanimidade, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região com sede em Brasília, reformou sentença diante do recurso da Fazenda Nacional, no
processo nº
0030634-42.2012.4.01.9199, contra decisão que havia extinguido a execução fiscal por ocorrência de prescrição.
Para o relator,
desembargador federal Marcos Augusto de Sousa, a adesão ao parcelamento de execução fiscal interrompe o curso do prazo
prescricional, que recomeça a fluir, em sua integralidade, a partir da apresentação do respectivo requerimento administrativo.
Na decisão, foi destacado que o crédito tributário objeto de análise, fora constituído em 31/5/2005, e o ingresso da ação executiva em 1º/3/2012. Entretanto, houve adesão ao parcelamento em 11/11/2009, interrompendo assim, a prescrição. E na hipótese da União, manter-se inerte, a prescrição se consumiria em novembro de 2014.
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O desembargador
esclareceu que o pedido de parcelamento representa o reconhecimento dos débitos tributários pelo contribuinte e, em razão disso, se identifica como causa de interrupção da prescrição. Nesse sentido, fica caracterizada a confissão irretratável e irrevogável dos débitos pelo parcelamento.
Pontuou que, nesse ato de adesão, significa interromper o curso do lapso prescricional, e não há que se argumentar para extinção do processo dizer que houve prescrição dos débitos, porque o prazo de cinco anos, não decorreu entre a opção do parcelamento e o ingresso da
ação executiva.
ICMS SOBRE ENERGIA ELÉTRICA – MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTAS
(CONSUMIDORES COM GASTO MENSAL ACIMA DE 450 QUILOWATTS/HORA) – LEI ESTADUAL/RJ N.º 7.787/2017 – NECESSIDADE DE QUESTIONAMENTO
JUDICIAL
Os consumidores fluminenses de
energia elétrica, com gasto
mensal superior a 450 quilowatts/hora, que estavam isentos do adicional de ICMS destinado ao Fundo de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais (FECP), passarão, com a publicação da Lei Estadual/RJ n.º 7.787/2017 (ocorrida em 17/11/2017), a ser sobretaxados àquele título, o que estima-se venha a representar um aumento de 2% (dois por cento) na conta
mensal, não obstante o ICMS/RJ sobre energia elétrica seja o mais elevado do país e o Estado do Rio de Janeiro apresente, atualmente,
os maiores índices de
desigualdade de renda e
desemprego em escala nacional.
Desse modo, com base na referida legislação (combinada com as Leis Estaduais n.os 2.657/1996 e 4.056/2002, que já dispunham sobre esta tributação), a incidência do ICMS sobre
8 energia elétrica ocorrerá às
seguintes alíquotas finais (já considerando-se o FECP):
i. consumo mensal
de até 300 quilowatts/hora:18% ;
ii. consumo mensal
acima de 300 e até 450 quilowatts/hora: 31%;
iii. consumo mensal
acima de 450 quilowatts/hora: 32%; iv. consumo no transporte público eletrificado de passageiros: 8%; v. consumo nos serviços de comunicação e telecomunicação: 32%.
Acrescente-se a isto o fato de as concessionárias de energia elétrica repassarem, aos consumidores finais e com a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, os seus custos com os tributos federais incidentes no caso concreto.
Assim, o Escritório Micheloni
Advogados Associados está à
inteira disposição dos interessados para o necessário questionamento judicial da tributação em exame, a fim de, por exemplo, assegurar o direito à adoção da alíquota básica de 18% (dezoito por cento), ou à redução do montante sobre o qual são aplicadas as alíquotas de ICMS acima discriminadas, até mesmo por se tratar de tese ainda pendente de julgamento final no Supremo Tribunal Federal – STF.
Advogados responsáveis pela redação e revisão:
Ricardo Micheloni da Silva Av. Churchill, 129 – Grupo 1003
Paulo Nelson Nascimento Centro – Rio de Janeiro
Patrícia Van der Put Marcus Vinicius Gontijo
(21) 2533-2613