caso de Campo Magro, Paraná, Brasil
Resumo:
Tendo em vista o surgimento do turismo rural na agricultura familiar como atividade complementar às práticas agrícolas, a pesquisa aborda a agroecologia como potencial para o turismo no município de Campo Magro, Paraná, Brasil. Uma vez detectado que os agricultores familiares, incluindo os agroecológicos, não estão efetivamente integrados ao turismo local, o objetivo do artigo é analisar como atuam as entidades associativas de turismo e de agroecologia (Associação de Turismo de Campo Magro e Grupos da Rede Ecovida) em relação ao associativismo e à inserção da agroecologia no turismo. A metodologia teve caráter qualitativo com pesquisa no referencial teórico e coleta de dados a campo com entrevistas junto aos produtores agroecológicos, empreendedores do turismo rural e gestores públicos. O artigo estrutura-se em duas etapas: a primeira de base conceitual, no qual são apresentados conceitos básicos entorno das temáticas trabalhadas. Num segundo momento, além de uma breve caracterização do município, foi apresentada a coleta de dados a campo e a discussão sobre os resultados da pesquisa. A discussão sobre as informações coletadas apontou que os agricultores agroecológicos estão organizados de forma associativa e possuem potencial para se integrarem ao turismo rural, porém tem dificuldade de integração com a associação de turismo por motivos apresentados ao longo da presente pesquisa.
Palavras-chave: Turismo. Desenvolvimento. Turismo rural. Agroecologia. Associativismo.
Introdução
A crescente especialização dos produtos e serviços oferecidos às pessoas em decorrência
de um público mais informado e exigente sobre o que consome, tem gerado impactos em
diferentes âmbitos da economia, inclusive no turismo. A massificação do turismo e o esgotamento
de modelos tradicionais gerou uma demanda por atividades individualizadas, pela sensação de liberdade, um sentimento de experimentação e a procura por destinos não massificados.
Além dessas tendências da demanda, tem-se uma nova concepção do turismo, como uma atividade impulsionadora do desenvolvimento local e regional, pautado nos conceitos de sustentabilidade. Neste sentido, o Turismo Rural vem sendo desenvolvido em diversos municípios do Brasil, assim como já surgiu de forma pioneira em países como França, Itália e Espanha. No Brasil, a atividade desenvolvida em áreas rurais com um enfoque social, cultural e ambiental está em processo de consolidação. Como exemplo, tem-se o projeto “Acolhida na Colônia” (GUZZATTI, 2010) implantado em Santa Catarina e projetos como as Caminhadas Internacionais na Natureza (PARANÁ, 2011). Ambos apresentam como proposta a valorização do modo de vida no campo seja por meio de atividades como caminhadas contemplativas ou por um turismo rural ecológico de base comunitária.
No Brasil, percebido o potencial do Turismo Rural como instrumento para desenvolver famílias rurais, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) criou uma linha especial de crédito para fortalecer o turismo rural na agricultura familiar, o PRONAF. Além disso, incentivou que instituições, técnicos e representações de agricultores se articulassem em rede, por meio da Rede TRAF (Rede de Turismo Rural na Agricultura Familiar), no âmbito nacional. No estado do Paraná, no ano de 2006 foi implantado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual do Turismo, Ecoparaná e Emater/PR em convênio com o MDA, o projeto “Turismo Rural na Agricultura Familiar” o qual proveu um investimento de R$ 300 mil até o final de 2006 (ECOPARANÁ, 2010).
Dentro deste contexto de crescimento do turismo rural no Estado do Paraná, optou-se por analisar a realidade de Campo Magro, município da Região Metropolitana de Curitiba, localizado a menos de doze quilômetros da capital, cuja economia se baseia na atividade agrícola (TELES, 2009, p. 02). Nele, foi desenvolvido desde 2002 um roteiro de turismo rural chamado Circuito de turismo rural Verde que te Quero Verde.
Está em atividade no município três grupos compostos por agricultores familiares estruturados em torno da agroecologia, sendo que 16 deles (EMATER, 2011) estão certificados pela Rede Ecovida 1 , ou seja, atendem princípios mínimos relativos a técnicas de produção vegetal,
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