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RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL

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Academic year: 2021

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O PROCESSO DECISÓRIO NO INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA (CAMPUS CHAPECÓ): UMA

RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL

RESUMO

O processo decisório é fundamental para a administração das organizações e possibilita o gerenciamento de melhorias. Este artigo apresenta o perfil de tomada de decisão dos gestores do Campus Chapecó do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e cria uma relação com o desenvolvimento organizacional desta Instituição. Trata-se de um estudo de caso a partir de pesquisa aplicada, descritiva e com abordagens qualitativa e quantitativa. A coleta de dados foi por meio de utilização de questionário e sua análise resultou da interpretação de gráficos e das respostas das questões abertas. Os resultados obtidos mostraram o estilo de decisão predominante e as dificuldades encontradas no processo de tomada de decisão. Com isso ressalta-se a importância do estudo na área do processo decisório para que seja intensificada a busca pela missão desta instituição. Cabe aos gestores cumprirem seu papel de nortear este processo e incentivar seus subordinados a buscarem e cumprirem os objetivos almejados pela organização.

PALAVRAS-CHAVES: Processo Decisório; Estilos de Decisão; Desenvolvimento Organizacional.

DECISION MAKING IN THE FEDERAL INSTITUTE OF SANTA CATARINA (CHAPECÓ CAMPUS): A

RELATIONSHIP WITH ORGANIZATIONAL DEVELOPMENT

ABSTRACT

The decision making process is critical to the management of organizations and enables the management of the improvements. This article aims at understanding the profile of decision-making of managers of the Federal Institute of Santa Catarina (IFSC), Campus Chapecó, and create a relationship with the organizational development of this institution. This is a case study from applied research, descriptive and with qualitative and quantitative approaches. The data collection was gathered through questionnaires and its analysis was based on interpretation of graphs and the responses to the open questions. The results indicate the predominant style of decision and the difficulties encountered in the process of decision making. This fact highlights the importance of intensifying study in the decision-making process area the search for the mission of this institution. It is the managers work to fulfill their role of guiding this process and encourage their subordinates to seek and fulfill the objectives aspired by the organization.

KEYWORDS: Decision-Making; Decision Styles; Organizational Development.

Revista Brasileira de  Administração Científica,  Aquidabã, v.4, n.4, Jul, Ago, Set,  Out, Nov, Dez 2013. 

 

ISSN 2179‐684X   

SECTION: Articles  TOPIC: Gestão Pública   

DOI: 10.6008/ESS2179‐684X.2013.004.0010

     

 

Andressa Bregalda 

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil  http://lattes.cnpq.br/3524785257736181    andressabregalda@gmail.com     

Marcos Baptista Lopez Dalmau 

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil  http://lattes.cnpq.br/4530240320266470    dalmau@cse.ufsc.br  

  

Júlio Eduardo Ornelas Silva 

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil  http://lattes.cnpq.br/4458887662542960    julioornelas@yahoo.com.br   

 

Pedro Antônio de Melo 

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil  http://lattes.cnpq.br/3852153573907873    pedro.inpeau@cse.ufsc.br  

 

Thiago Henrique Almino Francisco 

Universidade do Extremo Sul Catarinense, Brasil  http://lattes.cnpq.br/4642297917670022    proftf@gmail.com   

 

Cláudio José Amante 

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil  http://lattes.cnpq.br/4072691666603411    claudiojosea@yahoo.com.br   

 

   

Received: 16/04/2013  Approved: 15/12/2013 

Reviewed anonymously in the process of blind peer. 

   

Referencing this: 

 

BREGALDA, A.; DALMAU, M. B. L.; SILVA, J. E. O.; MELO,  P. A.; FRANCISCO, T. H. A.; AMANTE, C. J.. O processo 

decisório no Instituto Federal De Santa Catarina  (campus Chapecó): uma relação com o desenvolvimento 

organizacional. Revista Brasileira de Administração  Científica, Aquidabã, v.4, n.4, p.164‐184, 2013.DOI: 

http://dx.doi.org/10.6008/ESS2179‐

684X.2013.004.0010  

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INTRODUÇÃO

Segundo Simon (1979) o processo de escolha é inerente à administração, pois envolve a relação da decisão com a ação, em que uma é dependente da outra. Concomitantemente, o processo de tomada de decisão também é influenciado pelo comportamento organizacional, ou seja, como os administradores definem a solução para os problemas e como os colaboradores visualizam e respondem às solicitações. Esta, de acordo com Simon (1979) é a melhor forma de compreender o funcionamento de uma organização.

O cenário de expansão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) nos últimos cinco anos tem sido fator de muitas mudanças e adaptações em todos os Campi, trazendo como consequência o crescimento acelerado da Rede. O campus Chapecó faz parte do plano de Expansão I, ocorrido e implantado em 2006-2007 que criou novas três unidades além do campus Florianópolis.

A partir deste cenário, fez-se necessário observar como está ocorrendo a tomada de decisões no setor administrativo do Campus Chapecó e como este processo influencia no desenvolvimento organizacional. Compreende a este processo uma série de parâmetros que possibilitam aos gestores maior confiabilidade em suas decisões e que permitem criar e manter uma gestão consciente de que os problemas devem ser resolvidos buscando a racionalidade, consequentemente diminuindo as dificuldades recorrentes do setor público para obter melhores resultados.

É desafiador para os gestores públicos a aplicação de técnicas modernas que fujam aos modelos burocráticos, visto que as leis devem ser cumpridas, caso contrário o administrador fica suscetível a responder processos administrativos por desrespeitar a legislação e pôr em risco o patrimônio público.

Portanto, tomando o campus Chapecó como caso, o enfoque deste estudo descreve sobre o processo de tomar decisões, envolvendo os modelos e os principais perfis existentes na literatura, tendo como objetivo verificar de que forma o perfil de tomada de decisão dos gestores influencia no desenvolvimento organizacional do IFSC – Campus Chapecó.

Para isso é pertinente conhecer o perfil dos gestores deste campus, para melhor compreensão de como está sendo norteado o processo decisório e descobrir as principais dificuldades no meio do processo, pois este é o ponto de partida para a identificação de uma cultura.

É para a instituição e para todos que dela fazem parte uma oportunidade de se fazer uma

reflexão de como está sendo conduzido o Campus Chapecó e quais as possibilidades de

mudanças para melhorias. Baseado em Simon (1979), se todos abraçarem a causa e

compartilharem suas opiniões trabalhando em grupo, há maiores chances de se atingir os

objetivos com eficácia e eficiência, mesmo que a decisão tomada não seja a melhor alternativa

para a solução do problema.

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REVISÃO TEÓRICA Processo Decisório

O processo de tomar uma decisão é “uma escolha entre alternativas ou possibilidades com objetivo de resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade” (SOBRAL; PECI, 2008).

Robbins (2005) destaca que a tomada de decisão é uma reação do indivíduo frente a um problema, que será identificado e solucionado de acordo com as suas percepções pessoais. Estas tendem a ser caracterizadas como a forma que as pessoas interpretam e dão sentido ao seu ambiente e que nem sempre traduzem a verdadeira realidade, pois há diversas formas de visão perante as situações.

Segundo Gomes, Gomes, e Almeida (2009), o processo de tomada de decisão é subjetivo, de forma que são utilizados parâmetros qualitativos e quantitativos para escolher a decisão mais coerente com os objetivos da empresa e do ambiente em que está inserida. Estas decisões visam minimizar perdas e maximizar os ganhos, buscando a visão do estado futuro, mesmo que o resultado esperado somente se confirme após a implementação da decisão.

Conforme descrito por Sobral e Peci (2008) é a qualidade das decisões que determinarão o desempenho de uma empresa, em muitos casos provocando medo ao administrador em agir nas tomadas de decisão mais complexas. Porém, “uma indecisão é, por vezes, muito mais prejudicial para a organização do que uma má decisão. Um administrador deve estar ciente das dificuldades, mas, ainda assim, assumir que essa é sua principal função na organização”

(SOBRAL; PECI, 2008, p.97).

Relação entre Ambiente, Nível Organizacional e Tipo de Decisão

Sobral e Peci (2008) e Simon citado por Maximiano (2011) afirmam que situações ou problemas corriqueiros submetem a decisões programadas, ou seja, são soluções já testadas para situações repetitivas, geralmente de nível operacional, influenciadas por hábitos e rotinas em que a empresa já possui procedimentos estruturados para controlar e/ou resolver os problemas organizacionais.

Já as decisões não programadas são mais específicas e exigem maior comprometimento e estudo por parte da organização, comumente nos níveis hierárquicos superiores, pois não possuem as informações completas e necessitam de pesquisa para adquirir o máximo de dados.

Oliveira (2007) relata que estas decisões fazem parte de um ambiente dinâmico e que se modifica muito, tendo os resultados destas decisões como de alto impacto para as empresas.

A figura 1 retrata a relação entre o ambiente de tomada de decisão, o nível organizacional

e o tipo de decisão. O ambiente de tomada de decisão varia em uma escala da certeza para a

incerteza, intermediada pela zona de risco, que, segundo Robbins (2002) é fator indispensável a

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ser levado em consideração na avaliação das alternativas existentes. Em um ambiente de certeza, o tomador de decisão conhece os possíveis resultados da escolha. Já em um ambiente de incerteza é muito mais difícil de tomar uma decisão, visto que não há conhecimento ou informações suficientes para definir os resultados esperados.

Ainda de acordo com Robbins (2002) a zona de risco é característica de situações em que o tomador de decisões pode calcular o grau de certeza ou incerteza e permear suas decisões a partir desta análise probabilística.

Robbins (2002) também relaciona o nível organizacional com o tipo de decisão (programada/não programada), além de enfatizar que “a alta administração é mais bem qualificada para tomar decisões estratégicas de longo prazo” (ROBBINS, 2002, p.65). Ou seja, confirma que uma decisão não programada é mais característica do nível estratégico, pois são os gerentes quem definem os rumos que a organização vai tomar, ao passo que os funcionários hierarquicamente de nível operacional tomam decisões pré estabelecidas.

Figura 1: Relação entre o ambiente de tomada de decisão, o nível organizacional e o tipo de decisão.

Fonte: Sobral e Peci (2008).

A maneira utilizada por um administrador para tomar decisões, independente de serem programadas ou não programadas, reflete muito na qualidade de seus atos, sendo que poderá causar prejuízos para a organização ao invés de melhorar a situação e obter ganhos.

Conforme a bibliografia pesquisada, são quatro os principais modelos de tomada de decisão que norteiam os perfis dos administradores: o modelo racional, o comportamental, o heurístico e o intuitivo.

O modelo racional, conforme exposto por Caravantes, Panno e Kloeckner (2005) traduz como características das pessoas deste grupo a objetividade, a busca por informações completas e a consideração de todas as alternativas e consequências possíveis para tomar suas decisões,

Ambiente de tomada de decisão 

Risco  Incerteza 

Certeza 

Nível Organizacional 

Estratégico  Operacional 

Tipo de decisão 

Não programada 

Programada 

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usando de aspectos lógicos para decidir e buscar o melhor para a organização, independentemente de seus anseios pessoais.

É o que Simon (1979, p.78) conceitua como a “seleção de alternativas de comportamento preferidas de acordo com algum sistema de valores que permite avaliar as consequências desse comportamento”. Ou seja, é a utilização do comportamento correto considerando os meios e os fins para a busca dos objetivos da organização e não para interesses pessoais, sendo explicado por Robbins (2002) que a ordem em que as alternativas de escolha forem submetidas é irrelevante, visto que seguindo o modelo racional todas elas serão avaliadas para chegar a uma solução ótima.

Sobral e Peci (2008) ainda destacam que a utilização do modelo racional permite que seja tomada a decisão ideal, independente de quem é o sujeito que está à frente do processo, ou seja, há um delineamento de como as decisões deveriam ser tomadas, caracterizando um modelo normativo.

A literatura consultada segue a linha da tomada de decisão racional, que compreende em seis etapas: identificação e reconhecimento, diagnóstico, desenvolvimento de alternativas, avaliação, seleção e implementação e monitoração e feedback.

Algumas destas etapas acontecem naturalmente, mas é importante que sejam observadas e analisadas pelo administrador, pois a ausência de alguma pode comprometer a decisão final.

Junto a isso, o administrador pode tomar suas decisões com auxílio de instrumentos de apoio, que contribuem para seguir as etapas com clareza e segurança. Dentre eles podem ser citados a análise de vantagens e desvantagens, matriz de resultados, matriz de prioridades, árvore de decisão e sistemas especialistas.

No modelo comportamental, de acordo com Caravantes, Panno e Kloeckner (2005), os gerentes não possuem informação completa da situação e das alternativas propostas, limitando seu potencial para tomar a melhor decisão possível, ou seja, há dificuldade em prever as consequências. Este modelo é explicado pela ‘teoria da racionalidade limitada’ proposta por Hebert Simon, em que os indivíduos baseiam suas escolhas em pressupostos que permeiam sua visão de mundo, sendo que “a complexidade da situação, as restrições de tempo e de recursos e uma capacidade de processamento de informação limitada restringem a racionalidade do tomador de decisão” (SIMON citado por SOBRAL; PECI, 2008, p.109).

Robbins (2005) ainda retrata que o ser humano possui dificuldades em processar e assimilar todas as informações existentes, buscando soluções que satisfazem a necessidade principal, tornando o processo de tomada de decisão mais simplificado.

O modelo heurístico é constituído por perguntas e respostas que viabilizam e facilitam a tomada de decisão. Este modelo segundo Robbins (2002) é dividido em duas categorias:

disponibilidade, que é a tendência que as pessoas possuem em basear suas decisões em

julgamentos existentes e definidos por uma cultura sem avaliar a veracidade dos fatos ou em

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acontecimentos recentes e, a representatividade, que é explicada por Robbins como a projeção das decisões com base nos sonhos ou idealizações.

A decisão intuitiva é definida por Robbins (2002) como um resultado através da experiência adquirida, a partir da premissa de que o individuo utiliza valores e princípios e os baseia em suas decisões, verificando se a alternativa intuída é compatível ou não com a resolução do problema. Desta forma, o modelo intuitivo é considerado uma maneira simples e rápida para encontrar a solução do problema.

Estilos de tomada de decisão

Sobral e Peci (2008) citam um modelo desenvolvido por Alan Rowe, que possui finalidade de demonstrar os estilos de tomada de decisão a partir de duas dimensões. A primeira dimensão é a orientação para as tarefas ou pessoas, que justifica a maneira de pensar do tomador de decisão e, a segunda dimensão é a complexidade cognitiva, que descreve o “grau de tolerância que as pessoas demonstram com a ambiguidade no processo de tomada de decisão” (SOBRAL;

PECI, 2008, p.116).

A maneira de pensar do tomador de decisão pode ir do racional ao intuitivo, ou seja, sendo racional ele busca o maior número de informações possível para embasar sua decisão e sendo intuitivo, o tomador de decisão age praticamente por impulso, baseando-se nos seus pensamentos e ideais.

Já a tolerância para a ambiguidade é direcionada ao número de alternativas que o tomador de decisão busca e como as ordena de acordo com suas diferentes opções antes de escolher a alternativa adequada para resolver seu problema.

A partir destas dimensões são evidenciados quatro tipos de estilos de tomada de decisão:

diretivo, comportamental, analítico e conceitual.

O estilo diretivo é característico de pessoas com baixa complexidade cognitiva e orientação para tarefas, ou seja, de acordo com Robbins (2005) este estilo não costuma avaliar muitas alternativas, mantendo o foco no desempenho baseado na lógica e eficiência voltada ao curto prazo. O administrador que se enquadra neste estilo de decisão prefere tomar decisões com base no que a empresa possui como padrão das decisões programadas e buscam soluções claras para os problemas. “O estilo diretivo é eficaz em organizações hierárquicas em que prevalece a manutenção do status quo e nas quais a mudança é previsível” (SOBRAL; PECI, 2008, p.117).

O estilo comportamental conforme Sobral e Peci (2008) e Robbins (2005) é característico

de pessoas com baixa complexidade cognitiva, avaliando poucas alternativas, e orientação para

as pessoas, em que o foco é o seu bem estar. Há preocupação com o impacto que as decisões

tomadas causarão para as pessoas envolvidas, sendo os administradores mais comunicativos e

voltados para o aconselhamento aos colaboradores para que estes cresçam e atinjam suas

metas, evitando o conflito e buscando a aceitação.

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O estilo analítico representa pessoas com alta complexidade cognitiva e orientação para tarefas, sendo que os administradores pertencentes a este grupo buscam soluções complexas para a resolução da situação baseadas em grande quantidade de informações e levantamento de variadas alternativas, tornando as soluções inovadoras e promovendo a maximização dos resultados. “O executivo do tipo analítico poderia ser descrito como um tomador de decisões cuidadoso e capaz de se adaptar ou de enfrentar novas situações” (ROBBINS, 2005, p.120).

O estilo conceitual é resultante da combinação entre a alta complexidade cognitiva e a orientação para as pessoas, caracterizando pessoas que consideram a informação como base e que buscam um envolvimento social com as pessoas, permitindo que elas exponham seus anseios e contribuam com o processo. Robbins (2005) destaca que as decisões são focadas no longo prazo e o levantamento de dados é minucioso, para que possam ser propostas várias alternativas criativas e que maximizem os resultados.

É importante ressaltar que segundo os autores, as pessoas podem se enquadrar em mais de um estilo de tomada de decisão, tendo um deles como dominante em sua personalidade e modo de agir. O fundamental é que o administrador seja flexível e adapte suas tomadas de decisão para o estilo que melhor se enquadre, pois as situações que ocorrem nas organizações são diversas e devem ser abordadas de maneira única, para alcançar o máximo de eficiência e eficácia.

Processo Decisório no Setor Público

Conforme Simon (1979) o administrador pode ser um sujeito que não concorda com as definições impostas pela legislação, ou ainda, a situação pode ter uma característica que poderia ser resolvida de maneira mais simples e eficiente, o que pode gerar resistência em aplicar os princípios legislativos, pois cada sujeito possui sua escala de valores pessoais.

Sobral e Peci (2008) em sua análise sobre o processo de tomada de decisão no setor público afirmam que, quanto mais alto o nível hierárquico, maior é o foco no todo da organização.

Concomitante a isso, o gestor público necessita desenvolver a capacidade de mediação que, conforme exposto no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFSC (2009-2013) as decisões dependem de um processo democrático que envolve sociedade, economia, cultura, possibilidades tecnológicas, etc.

Assim a gestão pública envolve uma série de fatores que interferem nas decisões que precisam ser tomadas para garantir a eficiência das ações executadas. São considerados no PDI (2009-2013): a interdisciplinaridade, a complexidade, a exiguidade, a multiculturalidade, a inovação e a competitividade.

A interdisciplinaridade e a complexidade são traduzidas como o envolvimento de equipes

de diferentes áreas, perfis profissionais e linguagens para executar os processos e a quantidade

de variáveis envolvidas para sua análise e execução.

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A Exiguidade é a insuficiência ou restrição de tempo para a tomada de decisão, pois os gestores se deparam com problemas que exigem atitudes rápidas para sua resolução. Assim precisa estar preparado e amparado pelo planejamento estratégico para a melhor tomada de decisão.

Já a multiculturalidade, a inovação e a competitividade demonstram o elo da globalização, em que existem inúmeros pontos de vista referentes às situações de trabalho, que devem ser avaliados com auxílio das novas tecnologias para que a instituição mantenha-se competitiva no mercado.

Neste sentido, a organização quando bem amparada por seus gestores, quando tomam conhecimento dos fatores mais relevantes para o futuro da organização, consegue evoluir de forma coesa e atingir seus objetivos e metas, mantendo o foco no seu público alvo e agindo com uma postura determinada e pró ativa no processo de tomada de decisão.

Desenvolvimento Organizacional (DO)

Com o avanço em tecnologias e no conhecimento, as organizações necessitam se adaptar aos novos modelos de gestão que estão surgindo ou mesmo criar um modelo para sua gestão.

Isto se dá porque as pessoas são movidas a incentivos e as exigências quanto à qualidade de vida tem sido recorrentes.

As pessoas necessitam ter um bom ambiente de trabalho e que a empresa dê uma contrapartida psicológica além do salário, preocupando-se com a saúde e o bem estar dos seus colaboradores.

Entretanto Dellagnelo in Laner e Junior (2004), afirma que muitas destas mudanças referentes às novas formas organizacionais que têm envolvido práticas de formação de equipes, achatamento dos níveis hierárquicos, visão estratégica de longo prazo e muitas outras, não possuem embasamento teórico e científico que confirme que há o distanciamento entre as novas metodologias e o modelo burocrático de organização.

Este posicionamento é resultante de uma mudança social em que é priorizada a cultura organizacional e em como as organizações estão agindo para proporcionar melhor qualidade de trabalho para seus colaboradores e melhorias no atendimento ao seu público alvo. De acordo com a autora, são as chamadas concepções modernas de organização e administração, que são movidas por padrões tecnológicos, econômicos, culturais e intelectuais.

Há uma nova forma de compreensão de mundo e das organizações movido pela era do conhecimento de forma dinâmica, sendo que as empresas necessitam adaptar-se ao ambiente e tornarem-se mais flexíveis perante as mudanças necessárias.

Neste sentido, observam-se fortemente presente elementos de amizade,

confiança, algo que pode ser considerado por alguns como significando valores

substantivos e, por outros, como compartilhamento de valores de determinados

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grupos, próprios de mecanismos culturais de controle, presentes em qualquer tipo de organização formal (DELLAGNELO in LANER; JUNIOR, 2004, p.253).

O planejamento da mudança baseado nas necessidades da organização permite um processo evolutivo da cultura, o que caracteriza o processo de desenvolvimento organizacional (DO).

Oliveira (2007, p. 425) conceitua o desenvolvimento organizacional como “o processo estruturado para a mudança planejada dos aspectos estruturais e comportamentais nas empresas, com a finalidade de otimizar os resultados anteriormente estabelecidos nos planos estratégicos, táticos e operacionais”.

No entanto, em outra visão, Chiavenato (2000) citado por Dellagnelo (2011), entende o DO como uma ferramenta de gestão que possibilita o estudo dos processos de mudança planejada nas organizações, com aplicação dos conhecimentos referentes ao comportamento humano e suas reações para melhorar o desempenho da organização e a qualidade de vida das pessoas que nela trabalham.

Dellagnelo (2011, p.16) também cita o conceito de French e Bell (1995) sendo o Desenvolvimento Organizacional “um esforço de longo prazo, liderado e apoiado pela alta administração para melhorar os processos de visão, aprendizagem e resolução de problemas, por meio do gerenciamento contínuo e cooperativo da cultura organizacional”.

Com base nos conceitos abordados pelos autores é possível verificar que o desenvolvimento organizacional ocorre a partir de mudanças, que são necessárias para a organização fortalecer sua cultura e se solidificar no seu ambiente de atuação.

Mudança e Cultura Organizacional

O elemento chave para o processo de desenvolvimento organizacional é a constante mudança nas organizações que podem ser vinculadas a fatores tecnológicos, econômicos, científicos, sociais, políticos, entre outros. Por isso a evolução da administração ocorre a partir das mudanças, sejam elas planejadas ou não.

De acordo com Robbins (2005) a globalização é o fator de maior importância para o crescente processo de mudanças nas organizações, pois hoje está muito mais fácil de as pessoas manterem contato com diversas organizações, seja na mesma cidade ou em outro país. Isto exige que os dirigentes destas organizações mantenham-se com atitudes inovadoras e criativas.

Chiavenato (2000) citado por Dellagnelo (2011) acredita que o sucesso do

desenvolvimento organizacional advém das mudanças planejadas, ou seja, aquelas que são

pensadas em um ambiente sistêmico, considerando a organização como um todo e

conscientizando seus colaboradores a manterem o comprometimento para com o sucesso da

organização.

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Os objetivos da mudança planejada são dispostos por Robbins (2005), no sentido de que a organização deve buscar pela melhoria da sua capacidade em se adaptar às mudanças e buscar mudar o comportamento dos funcionários, para que se comprometam com os objetivos da organização.

Porém ao se falar de mudança deve-se levar em questão a reação das pessoas em relação a este processo, que pode ser positiva ou negativa.

A reação positiva é favorável ao processo de desenvolvimento organizacional e contribui para que a organização atinja seus objetivos com maior eficácia. Já a reação negativa age como um freio nos processos, pois inicia com a resistência às mudanças, fato que acarreta na posição de discordância das pessoas ou estas por diversos motivos não querem que as formas que realizam os procedimentos diários mudem. Robbins (2005) cita que uma reação positiva pode ser caracterizada como a obtenção de um grau de estabilidade e a possibilidade de prever comportamentos, mas, a resistência à mudança pode gerar inúmeros conflitos na organização.

Segundo Oliveira (2007) o indivíduo ao se deparar com um cenário de mudanças pode aceitar, ignorar ou resistir à mudança, sendo este último o causador de efeitos na organização de origem econômica, quando há mudanças que afetam salários ou benefícios; organizacionais, conforme a delimitação do poder, autonomia ou alterações na carga de trabalho; e sociais, em nível de relacionamentos perante chefia e subordinados.

Assim os autores sugerem que para minimizar estes eventos, é necessário adotar atitudes preventivas, como por exemplo, manter uma comunicação frequente, informando os porquês das mudanças, as necessidades e objetivos existentes, bem como fazer um trabalho de persuasão com as pessoas envolvidas, para que se obtenha maior colaboração com os processos, desde o diagnóstico até as decisões e planejamento das ações.

A cultura organizacional é a maneira que as organizações são conceituadas, apresentas e vistas pela sociedade, ou seja, segundo Sobral e Peci (2008) é o conjunto de todos os significados expressivos para a organização que são compartilhados pelos seus membros, vista como uma dimensão complexa e particular, além de tornar possível a observação dos padrões no processo decisório e os avanços no desenvolvimento organizacional. “A cultura organizacional se refere à maneira pela qual os funcionários percebem as características da cultura da empresa, e não ao fato de eles gostarem ou não delas” (ROBBINS, 2005, p.376).

Sobral e Peci (2008), Maximiano (2011), Robbins (2005) e Freitas (1991, citado por Dellagnelo, 2011) citam Edgar Schein como um dos autores que possui os estudos mais avançados referente à cultura organizacional. Apesar de outros autores questionarem o modelo proposto por Schein, este ainda é considerado como o mais influente neste assunto.

Nestes moldes, Sobral e Peci (2008) e Maximiano (2011) explanam sobre os três níveis de

aprendizado da cultura propostos por Schein (1986): os artefatos, que são tudo o que é visível

pelas pessoas, como suas vestimentas, a linguagem, os símbolos, os hábitos e padrões

comportamentais; os valores ou crenças das pessoas, ou seja, tudo o que consideram como certo

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ou errado com base nas suas vivências, histórias ou lendas aprendidas no relacionamento e comunicação com as pessoas; e os pressupostos básicos, que são a explicação referente à construção das crenças e valores da organização.

É por meio do aprendizado da cultura que se pode compreender como e porque os indivíduos participantes de uma organização resolvem seus problemas e tomam determinadas decisões. Para Maximiano (2011, p.440) “todas as organizações desenvolvem uma cultura. O conteúdo específico de cada cultura depende da aprendizagem no processo de resolver problemas de adaptação ao meio ambiente e de convivência interna”.

Mello (1978) citado por Oliveira (2007) acredita que a cultura aprendida é traduzida em sentimentos de satisfação ou insatisfação e os indivíduos participantes são motivados pelo nível de satisfação perante suas necessidades individuais, ou seja, sua produtividade e dedicação ao trabalho na empresa dependerá do quanto esta estará mantendo-o motivado a realizar suas atividades com eficiência e eficácia, resultado assim em benefícios para a empresa.

METODOLOGIA

Este estudo se caracterizou como uma pesquisa aplicada que, segundo Zanella (2007), é utilizada para entender como ocorrem os problemas, baseada na teoria existente, visto que há interpretação dos dados levantados e estes necessitam ter fundamentos para então estabelecer comparativos e/ou sugestões para o problema de pesquisa. De forma mais sucinta, Matias-Pereira (2010) conceitua a pesquisa aplicada como uma forma de solucionar problemas específicos a partir de uma aplicação prática.

Tratou-se também, de uma pesquisa descritiva, que “visa descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática”

(MATIAS-PEREIRA, 2010, p.72).

Baseado neste conceito, o objetivo desta pesquisa descritiva foi conhecer a realidade do processo decisório do Instituto Federal de Santa Catarina – Campus Chapecó e analisar suas características. Quanto à sua abordagem, foi de caráter qualitativo e quantitativo em busca de dados primários, ou seja, das opiniões dos pesquisados.

A base qualitativa foi utilizada para conhecer a realidade estudada e observar a opinião dos entrevistados. Conforme Matias-Pereira (2010) na pesquisa qualitativa ocorre interpretação e atribuição de significados aos dados obtidos, construindo assim informações concretas a partir da objetividade e subjetividade do sujeito.

Já a base quantitativa foi utilizada como complemento à qualitativa, para definir um perfil

de gestão e realizar um comparativo de opiniões por meio de mensuração de dados. Por fim, no

âmbito dos procedimentos para a coleta de dados, caracteriza-se como um estudo de caso, pois

objetiva conhecer a realidade da instituição pesquisada, fundamentada em que o estudo de caso,

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conforme Matias-Pereira (2010) é caracterizado pela busca de conhecimento amplo e aprofundado sobre determinada problemática.

Levantamento e Análise de Dados

A estrutura organizacional do campus Chapecó compreende 15 cargos, aos quais foi aplicado o questionário “A” para a definição do perfil de tomada de decisão. Aos demais 64 servidores foi aplicado o questionário “B” para complementar a pesquisa em relação ao desenvolvimento organizacional do campus.

Assim teve-se um censo com os 15 ocupantes dos cargos de direção e uma amostra não probabilística com os demais servidores, ou seja, em razão da intenção desta pesquisa ser questionar também os demais servidores sobre sua visão referente ao assunto, os respondentes não foram obrigados a responder em virtude da criticidade do tema. Apesar disso, todos os servidores foram incentivados a responder o questionário e foi esclarecido que suas respostas ficariam no anonimato, respeitando a opinião de cada um.

Os questionários foram submetidos a um pré teste, que, segundo Lakatos e Marconi (2010) é a submissão do questionário a uma avaliação antes de ser aplicado aos respondentes, que possui como objetivo visualizar falhas e inconsistências que possam resultar em problemas posteriores. Foi identificado que havia uma pergunta em cada questionário que poderiam ser retiradas, pois eram muito parecidas com outra questão e confundiu os respondentes. Após estas adaptações, os questionários foram aplicados aos integrantes da amostra, na condição de anonimato, para que todos os respondentes se sentissem a vontade para expressar suas opiniões.

O questionário “A” foi aplicado ao grupo de gestores e o questionário “B” foi aplicado aos demais servidores do campus, ou seja, para aqueles que não ocupam cargos de gestão. Zanella (2007) descreve o questionário como uma forma de o respondente poder ter liberdade de expressão, pois suas respostas ficam no anonimato, além de permitir a tabulação dos dados para se obter as estatísticas referentes ao estudo.

A primeira parte dos questionários “A” e “B” foi tabulada de forma quantitativa. A segunda parte do questionário “A” seguiu as orientações da avaliação do estilo decisório propostas na citação de Robbins (2002), com a atribuição de valores numéricos e a sua soma final conforme o modelo de Alan Rowe. A terceira parte do questionário “A” e a segunda parte do questionário “B”

foram avaliadas qualitativamente pelo método indutivo, a partir da premissa de que a

pesquisadora deste trabalho faz parte da organização estudada e possui conhecimento e

envolvimento com os problemas e situações recorrentes.

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Caracterização da Organização

O Instituto Federal de Santa Catarina foi criado em 2008, mas sua estrutura existe há 103 anos, quando em 1909 foi criada em Florianópolis a Escola de Aprendizes Artífices, com o objetivo de profissionalizar as classes econômicas menos favorecidas, atendendo às demandas dos setores produtivos. Assim, na década de 60 ocorre a transformação para Escola Técnica de Santa Catarina e a expansão de suas instalações também para os municípios de São José e Jaraguá do Sul.

No ano de 2002 houve a transformação da Escola Técnica em Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET-SC), o que permitiu que a instituição iniciasse ofertas de cursos superiores de tecnologia, expandindo-se em 2006 para as unidades Florianópolis – Continente, Joinville e Chapecó.

Finalmente, em 29 de dezembro de 2008, por meio da Lei nº 11.892, são criados os Institutos Federais e a comunidade do então CEFET/SC decidiu que se transformaria em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina.

O PDI (2009-2013) enfatiza que o IFSC procura atender as demandas de cada região do Estado de Santa Catarina, oferecendo educação profissional e tecnológica pública, gratuita e de qualidade, proporcionando o desenvolvimento desta sociedade e destaca sua Missão:

“Desenvolver e difundir conhecimento científico e tecnológico, formando indivíduos capacitados para o exercício da cidadania e da profissão”; e sua Visão: “Consolidar-se como centro de excelência na Educação Profissional”.

O Campus Chapecó obteve autorização de funcionamento a partir da Portaria nº 1.492/2006 emitida pelo Ministério do Planejamento em 28 de abril de 2006. Na época ainda era CEFET. A gestão do Campus Chapecó se dá através do Colegiado Executivo e do grupo de chefes de departamento e coordenadores de setores do campus. O Colegiado Executivo é o órgão que assessora o Diretor Geral do Campus para que as decisões sejam tomadas de acordo com as políticas do IFSC.

Perfil dos Gestores Quanto à Tomada de Decisões

O campus Chapecó do IFSC é dividido em dois departamentos: Departamento de Administração e Manutenção (DAM) e Departamento de Desenvolvimento do Ensino (DDE).

Destes, quatro pessoas são do DAM e onze pessoas do DDE. Este grupo de direção é formado em sua maioria por pessoas com idade entre 30 e 39 anos, que indica maior vivência e experiência profissional.

Quanto a área de formação, prevalece a educação, composta por formação em

licenciaturas ou pedagogia. Outro fato observado é que apenas duas pessoas possuem formação

na área da administração e ocupam cargos no departamento de administração.

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Ao avaliar o tempo de instituição e relacionar com o tempo de cargo, percebeu-se que a maioria dos respondentes está na instituição há dois para mais de quatro anos e ocupa cargos de um a dois anos. Isto se comprova com o regimento interno do campus, que prevê mandato de 04 anos para diretor e chefes de departamento e 02 anos para as coordenações, permitindo uma recondução.

Pressupõe-se que as pessoas que se mantêm nos cargos são as que estão há mais tempo na instituição, o que possibilita o conhecimento das rotinas e maior envolvimento com a coordenação/chefia e isto pode influenciar na qualidade do processo decisório, que poderia ser fator para o estudo de manter estas pessoas capacitadas e vincular seus subordinados para aprenderem os processos de tomada de decisão. Desta forma tornar-se-iam todos capacitados ao passar dos anos e poderiam contribuir de forma mais concreta para as melhorias necessárias neste processo.

Quanto ao estilo decisório predominante, percebeu-se a partir da aplicação da adaptação do teste proposto por Alan Rowe que a maioria dos gestores possui o perfil analítico de tomada de decisão, que conforme fundamentado neste artigo são pessoas que buscam resolver os problemas com base em grande quantidade de informações e levantamento de várias alternativas, promovendo a maximização dos resultados.

O segundo maior grupo possui o estilo comportamental como predominante. Estes indivíduos possuem baixa complexidade cognitiva e são orientadas para as pessoas, buscando o seu bem estar, além de serem preocupados com o impacto que as decisões tomadas irão tomar e procuram evitar o conflito para conseguir aceitação.

Em proporções menores também estão presentes os estilos diretivo e conceitual. O primeiro, caracterizado por pouca avaliação de alternativas e com foco baseado no curto prazo, com preferência em tomar decisões programadas, ou seja, decisões recorrentes na organização, e o segundo, característico de pessoas que tratam a obtenção da informação como base para a decisão, além de ter como foco as decisões de longo prazo e o minucioso levantamento de dados.

Deste resultado, pôde ser observado o perfil característico em cada departamento: no departamento de administração estão presentes apenas dois estilos de decisão, sendo que o predominante, com 75% dos respondentes é o analítico e os outros 25% é o diretivo, o que pode caracterizar o foco do setor, que por ser totalmente administrativo necessita que as pessoas envolvidas investiguem os problemas e levantem o maior número de alternativas antes de tomar uma decisão. Já no departamento de ensino estão presentes os quatro estilos de decisão, tendo como predominantes o analítico e o conceitual.

Procedimentos e Dificuldades na Tomada de Decisão

A maior parte dos respondentes segue algumas das etapas do processo decisório,

podendo assim ser destacado que há a busca da racionalidade na tomada de decisões,

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característica do estilo de decisão predominante analítico, para que o processo se concretize e demonstre os resultados esperados pela instituição. Porém, percebe-se que não há indícios da fase de monitoração e feedback nas falas dos respondentes, o que pode causar prejuízos à instituição, pois pode não haver um acompanhamento referente à obtenção dos resultados esperados, e sim, apenas resoluções de problemas.

Ainda considerando as etapas da tomada de decisão, um elemento muito importante que deve ser observado nos procedimentos tomados pelos gestores é a avaliação das consequências.

Esta faz parte das etapas de desenvolvimento e avaliação das alternativas e permite verificar o uso de instrumentos de apoio para a tomada de decisão, como a análise de vantagens e desvantagens e o uso da matriz de prioridades.

Para tanto se verifica que todos os respondentes consideram as consequências de suas decisões, mas cada um possui uma maneira diferente de pensar e de agir, o que caracteriza que não é um instrumento ou outro que irá definir a melhor forma de se tomar uma decisão e sim a busca pela racionalidade neste processo.

Concomitante a isso é possível elencar as três dificuldades mais relatadas pelos respondentes. A primeira é a análise de consequências, em que apesar de os gestores avaliarem criticamente as consequências de suas decisões, suas falas demonstram a responsabilidade que seus atos possuem e a dificuldade de medir essas consequências.

A segunda dificuldade observada é a transmissão e recepção de informações, partindo do pressuposto que os gestores observam que os demais servidores também sentem dificuldades em absorver os motivos das tomadas de decisão. Isto pode ser gerado por dificuldades de assimilação ou ainda pela falta de entrosamento entre o grupo da direção e de critérios definidos para a tomada de decisão. Percebe-se então que pode haver um gargalo no momento em que o gestor transfere a informação da decisão tomada pelo grupo de direção, ou seja, alguns podem entender a decisão de maneira singular e transmitir de forma diferente do que foi realmente discutido. Isto se torna visível no momento em que os demais servidores recebem as informações de dois ou mais gestores, e acabam verificando a falta de sinergia em suas falas.

A terceira dificuldade observada é a burocracia e o tempo que uma decisão leva para ser efetivada em razão da morosidade dos processos e da quantidade de setores e documentos que devem ser transitados. Estas barreiras podem prejudicar o processo de tomada de decisão e o próprio cumprimento e execução da ação, pois independente da pró-atividade do gestor e da necessidade de execução da tarefa, ao depender de outras pessoas que podem não possuir o mesmo nível de comprometimento, acaba por restringir a abrangência do gestor.

O Processo Decisório e o Desenvolvimento Organizacional

Identificados os perfis de tomada de decisão, os procedimentos adotados pelos gestores e

as dificuldades mais relevantes neste processo, se faz necessário observar como as ações

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implementadas influenciam no desenvolvimento organizacional do campus Chapecó e o que pode ser feito para melhorar a forma de gerir a organização.

Nesta seção inserem-se os dados obtidos pelo questionário “B”, que foi aplicado aos demais servidores como forma de complementação a esta pesquisa, com o objetivo de verificar se as angústias dos gestores estão refletidas nos demais servidores.

A manifestação dos gestores referente ao que percebem como resultado do processo de tomada de decisão no Campus Chapecó representa características da cultura e do desenvolvimento organizacional.

Dentre elas, observa-se que há a intenção em tomar as decisões com o anseio de conseguir bons resultados, mas falta comprometimento dos demais servidores para a execução destas ações. Isto pode prejudicar a instituição em um nível preocupante, pois a falta de comprometimento torna o processo moroso, já que o servidor que executa a ação pode não se esforçar da maneira que deveria.

É notório o uso da democracia na instituição e pode ser evidenciado que a democracia possui sua tentativa justa, mas na prática ocorrem discussões que dividem o grupo e que afetam o clima organizacional. São dois vieses que representam a conquista do direito de expressar opiniões e por outro lado algumas pessoas que tem seu voto vencido ainda não assimilam como sendo uma escolha saudável.

Em contrapartida, há respondentes que observam de maneira diferente a forma de escolha das decisões denotando uma visão de que os coordenadores acatam as decisões do diretor do campus, ou seja, que não há a conversa ou democracia citada.

Há também que se considerar o posicionamento dos gestores incitando que os demais servidores não participam do processo decisório e que estes possuem o sentimento de não poder participar das decisões.

Outra característica observada neste estudo remete-se às decisões redundantes, quando são discutidas, decididas e em um próximo momento voltam à tona com a mesma problemática.

Pode ser percebido que há falhas neste processo, pois após a execução, deveria ser feita a análise dos resultados para verificar se a decisão foi acertada ou não. Mas há indícios de que existe resistência em transmitir e aplicar o que ficou acertado.

É possível realizar uma conexão entre as respostas obtidas em que mesmo tratando de alguns assuntos diversos, a linha de pensamento dos respondentes demonstrou-se semelhante.

Existe preocupação em tomar a decisão mais acertada, porém há dificuldades em conseguir apoio

dos demais servidores que, aparentemente, por algum motivo estão desmotivados a trabalhar em

prol da instituição. Além disso, deve ser levado em consideração que o processo pode estar

truncado e os próprios gestores estão com dificuldades em se organizar e estabelecer

procedimentos para o processo decisório, justificando a manutenção recorrente dos mesmos

problemas sem conseguir solução.

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É de praxe também as chefias abrirem espaço para que os servidores exponham suas opiniões sobre as decisões, mesmo não as acatando. Deve ser considerado que cada pessoa possui maneiras de pensar e de agir diferentes das outras e é por isso que em um processo de tomada de decisão pode acontecer de nem todas as pessoas saírem satisfeitas, pois suas percepções e parâmetros de avaliação podem divergir das de um grupo maior, ou mesmo da sua chefia.

O processo identificado como democrático, é o relato de respondentes que questionam e expõem seus pontos de vista sobre os assuntos que interferem em seu ambiente de trabalho, porém percebe-se também que em alguns momentos há a imposição da hierarquia.

Esta situação interfere na satisfação do grupo, que cria um clima organizacional e uma resistência a mudanças característica aos posicionamentos dos seus superiores, ocorrendo relações de ação e reação, que traduzem o comportamento dos servidores, em colaborar ou não com suas chefias.

Assim pode ser justificada a cultura do campus, em que os servidores acreditam que discussões podem servir de base para resolução de problemas, mas estas são realizadas somente no âmbito gerencial. O verificado é que os demais servidores aparentemente são consultados após a tomada de decisão, ou seja, quando tomam conhecimento dos procedimentos, e isso faz com que questionem e tentem expor suas opiniões. Isto acarreta em outra decisão do gestor, em acatar as opiniões e levar novamente a uma discussão no grupo de direção ou recusar as opiniões e cumprir o que já foi decidido.

É perceptível a insatisfação da maioria do grupo de servidores respondentes, já que se sentem alheios a uma discussão que poderia ser conduzida de melhor maneira caso fossem consultados antes do processo de tomada de decisão.

Há a percepção de que a comunicação das decisões não está ocorrendo de maneira satisfatória e os gestores apontam que deve haver maior transparência e clareza neste processo, além da necessidade de maior comprometimento em repassar estas informações.

As respostas dos servidores corroboram com estas percepções, pois a maioria dos subordinados identifica que a comunicação das decisões no campus é deficitária, apontando vários problemas como as divergências entre os gestores ao repassarem as decisões aos diferentes grupos e até mesmo a falta desta comunicação.

Analisar o contexto geral neste momento é de extrema importância para que não ocorram avaliações de forma errônea. Percebe-se a crença de que as pessoas têm lutado pelos interesses da instituição e elas mesmas evidenciam isto em suas falas. Porém não são unânimes. Ocorre uma divisão entre aqueles que acreditam em bons resultados e aqueles que ainda buscam evidenciar que há falhas no sistema.

A priori os gestores possuem o entendimento da busca pelo melhor para a instituição no

processo de tomada de decisão. Porém os servidores não estão recebendo o feedback destas

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ações, o que evidencia a falha na comunicação e a falta de comprometimento observada pelos gestores.

Além disso, os servidores também verificam que as decisões tomadas giram num círculo vicioso, pois identificam os problemas sendo resolvidos, mas em alguns momentos cria-se um problema maior.

Melhorias Necessárias

A comunicação é o fator mais citado como gargalo das decisões, em que os próprios gestores verificam falhas e há indícios de que eles mesmos não conseguem “falar a mesma língua” aos demais servidores.

Os servidores subordinados também elencam a comunicação como um fator crítico que necessita melhorias urgentes além da necessidade de participação em reuniões para que tenham a possibilidade de ao menos saber o que está sendo discutido e a forma que este processo está ocorrendo.

Poderia ser criado com apoio do setor de tecnologia da informação um canal para a consulta aos servidores do campus sobre as pautas das reuniões de direção, quando de interesse de todos e na mesma plataforma a disponibilização dos encaminhamentos tomados pelo grupo, para que todos possuam acesso e não ocorra o problema de um coordenador repassar informações diferentemente do outro.

Além disso, é pertinente a melhoria dos canais de comunicação das decisões tomadas, para evitar os entendimentos distorcidos, que foram evidenciados por alguns respondentes. Os próprios gestores podem elencar entre si um responsável para transmitir as informações e decisões tomadas em reuniões em um boletim informativo, que deve ser mantido com periodicidade e transparência. Assim fala-se a mesma língua com todos os setores e os servidores que possuírem dúvidas podem esclarecer com seus chefes.

Outra sugestão seria a criação de procedimentos de decisão para que os coordenadores possam utilizar como base, estabelecendo critérios de decisão que agilizem o processo, evitando a morosidade e a sensação de “enrolação”. Ou seja, em decisões de nível administrativo desde rotinas diárias até questões mais complexas que envolvem a vida dos servidores ou alunos, a Instituição deveria criar critérios claros para que o tratamento na tomada de decisão tenha isonomia. Assim ocorre a padronização da tomada de decisão.

Estes procedimentos poderiam partir dos fluxos hoje existentes em nível operacional e serem documentados, para que próximas gestões possam entrar e dar continuidade aos processos de forma mais confiante. Contar também com estudo e aplicação da Gestão do Conhecimento viabilizaria muito esta sugestão.

Além disso, se faz necessário estabelecer os parâmetros de decisão de cada coordenador,

para que seja respeitada a hierarquia, definindo até onde cada um possui atribuição para decidir e

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evitar que um passe sobre os limites do outro, pois cada gestor possui atribuições inerentes ao seu cargo, bem como os conhecimentos para a função que desempenha. Assim as decisões podem ser tomadas em conjunto com mais eficiência.

É muito importante também uma capacitação na área de administração e gestão para poderem melhorar o entendimento sobre os processos de tomada de decisão e sobre a instituição em si, incluindo o entendimento da missão e visão do IFSC, para focarem suas ações nos objetivos da instituição, tornando o processo decisório mais confiável e melhorando a relação com os subordinados.

Considerações Finais

O processo de tomada de decisão nas organizações é o processo de maior importância para que sejam atingidos os seus objetivos e metas. Tudo depende de escolhas, sejam elas boas ou ruins, mas necessárias para que a organização delineie seus rumos em busca dos melhores resultados e isto depende totalmente da forma que os gestores conduzem este processo e como os colaboradores visualizam e se dispõem a trabalhar para atingir os objetivos firmados pela instituição.

Cada gestor possui suas percepções e conduz o processo de escolha de alternativas de forma singular utilizando determinadas etapas para decidir e instrumentos de apoio, que dão o respaldo necessário para que a escolha seja a mais acertada. Isto significa que cada um possui um estilo predominante de decisão, que, conforme o modelo de Alan Rowe pode ser o analítico, o diretivo, o conceitual e o comportamental.

Em resposta ao objetivo de identificar os perfis dos gestores quanto à tomada de decisões foi obtido o resultado de que a maior parte deste grupo de gestores possui como estilo dominante o analítico, que é característico de pessoas que buscam o maior número de informações para fundamentar suas decisões, tornando possível a maximização dos resultados.

Quanto aos procedimentos de tomada de decisão utilizados pelos gestores em suas rotinas administrativas verificou-se que todos de alguma forma utilizam etapas pré determinadas neste processo, caracterizando a busca da racionalidade e a iniciativa para manter as decisões fundamentadas em dados concretos. Observou-se também que há a tentativa, mas encontram dificuldades em mapear as consequências que seus atos podem gerar, o que influencia na falta de um feedback adequado para concluir o ciclo da tomada de decisão.

Concomitante aos procedimentos utilizados, o mapeamento das dificuldades percebidas

pelos gestores foi construtivo para verificar os gargalos que dificultam o processo decisório no

campus. O que mais foi evidenciado além da dificuldade em mapear as consequências futuras

foram as falhas de comunicação, que podem ser consideradas como problemas na transmissão

da informação aos demais servidores, e a morosidade dos processos em virtude da burocracia

característica do setor público, que torna as decisões lentas e dificulta o processo de ação.

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Estabelecendo a relação do processo decisório no Campus Chapecó com o seu desenvolvimento organizacional foi observado que gestores verificam que a sua organização está se tornando redundante ao retornar várias vezes à mesma pauta. Percebem também que seus subordinados estão desmotivados e não buscam a mesma resolutividade para os problemas, denotando assim uma cultura de “esperar que o outro faça” e uma resistência grande às mudanças sugeridas pelas chefias.

Em contrapartida se verificou que os subordinados esperam de suas chefias a atitude de transmitir as informações de maneira mais clara, para sentirem-se parte integrante deste processo decisório e que tenham voz ativa para opinar nos assuntos que gostariam, permitindo que as decisões realmente fossem tomadas de forma democrática e de conhecimento de todos.

Por fim as sugestões de melhorias indicadas para que o Campus Chapecó do IFSC obtenha melhores resultados são no sentido da construção de conhecimentos em relação ao processo decisório. Elenca-se a criação de procedimentos para a transmissão das informações referentes aos problemas e às decisões tomadas, a criação de procedimentos no próprio processo decisório, a submissão dos gestores em capacitação para conhecerem melhor o funcionamento e os objetivos e metas da instituição e a realização de um estudo do clima organizacional na instituição, aprofundando o desenvolvimento organizacional.

Desta forma, a autora reconhece que este estudo é apenas o início de uma gama de oportunidades de investigações que podem contribuir para que o desenvolvimento organizacional do Campus Chapecó seja melhorado e instiga a construção de maiores conhecimentos na área do processo de tomada de decisão. Para isso se faz necessário evidenciar a importância de efetivar a boa comunicação dentro da organização para buscar o envolvimento de todos os servidores que desta Instituição fazem parte.

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Referências

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