• Nenhum resultado encontrado

HELENA PALUDO ALVES FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA : UMA ANÁLISE DAS PROPOSTAS E AÇÕES DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2018

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "HELENA PALUDO ALVES FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA : UMA ANÁLISE DAS PROPOSTAS E AÇÕES DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2018"

Copied!
19
0
0

Texto

(1)

HELENA PALUDO ALVES

“FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”: UMA ANÁLISE DAS PROPOSTAS E AÇÕES DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2018

NOVA ESPERANÇA 2018

(2)

HELENA PALUDO ALVES

“FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA”: UMA ANÁLISE DAS PROPOSTAS E AÇÕES DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2018

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Teologia do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR).

Área: Teologia Católica

Assunto: Campanha da Fraternidade

NOVA ESPERANÇA 2018

(3)

Dedico este trabalho: a todos os irmãos em Cristo que lutam, através de seus trabalhos nas igrejas, por uma sociedade mais fraterna para todos.

(4)

AGRADECIMENTOS

A caminhada até aqui nem sempre foi fácil, mas foi valiosa, de muita aprendizagem e apropriação de conhecimentos que levarei para a vida toda. Esse percurso não foi individual, contei com o auxilio de muitas pessoas, sujeitos que contribuíram, imensamente, com a minha formação. Nesse sentido, expresso minha gratidão a elas:

Primeiramente, agradeço a Deus, aquele que me ampara e que guia todos os meus passos e que esteve, totalmente, presente na realização desse curso, portanto, dedico essa conclusão a ele, senhor de todos os sonhos que foram realizados e que ainda estão por vir.

À minha família, muito obrigada por estar comigo em todos os momentos que precisei, especialmente, aos meus filhos Gledson, João Vitor e Rita de Cássia Alves.

Ao meu esposo João e a minha neta por tornarem os momentos de aflição mais leve e por serem presenças constantes em minha vida.

À comunidade católica a qual eu faço parte, no município de Nova Esperança.

Por todo o apoio nos estágios e nos trabalhos que precisei da participação desses. E por ser inspiração para que eu buscasse a minha formação nessa área de Teologia.

À Unicesumar, por possibilitar a realização desse sonho de formação universitária, presente desde a minha juventude, sobretudo, no curso que eu sempre desejei; a Teologia. Agradeço os professores, orientador Paulo e tutores que foram essenciais na minha apropriação do conhecimento.

À todos o meu muito obrigado, essa é a conclusão de um sonho e inicio de vários outros, com a presença do senhor, amém.

(5)

Que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus (FILIPENSES 1:9-11)

(6)

- 1 -

RESUMO

O presente texto tem como objetivo analisar, discutir e refletir sobre as propostas, ações e objetivos para a superação da violência, presentes na campanha da fraternidade de 2018, da igreja católica, considerando o contexto vivenciado de um elevado índice de violência conforme relatório IPEA-2017. Esse estudo justifica-se pela importância das campanhas da fraternidade, desenvolvidas pela Igreja Católica Apostólica Romana – (ICAR), ao abordar temas referentes aos problemas sociais do período, visando soluções para eles e fazendo com que as pessoas se transformem nos agentes da mudança nesse processo, por meio das reflexões e ações em sociedade. Portanto, nesse estudou indagou-se por que a campanha de 2018 aborda o assunto da violência? Qual o contexto vivenciado? E por que esse contexto requer esse trabalho?

Dessa forma, analisou-se as propostas, objetivos e ações dessa campanha, compreendo que a instituição igreja possui um relevante papel para a superação da violência auxiliando, por meio de ações e propostas, o Estado na resolução de alguns problemas, tais como a violência e promovendo uma cultura de paz.

Palavras-chave: Campanhas da Fraternidade; Igreja Católica; Violência; Superação

(7)

- 2 -

1 INTRODUÇÃO

Esse texto trata-se de um artigo científico sobre o tema Campanha da fraternidade de 2018, superação da violência, com o objetivo de discutir e analisar as ações e propostas da Igreja Católica Apostólica Romana – (ICAR), no Brasil, para findar com os atos violentos expressos em sociedade.

Discuti-se, nesse trabalho, por que a campanha da fraternidade de 2018 aborda como questão central a superação da violência? O porquê o contexto vivenciado exige um trabalho com esse assunto? E quais propostas, objetivos e ações que foram desenvolvidas para isso? Bem como analisar, brevemente, algus resultados atingidos, quais são eles? No sentido, de compreender e responder essas questões analisou-se todos esses elementos presentes na atual campanha desenvolvida pela Igreja católica.

Para tanto, esse artigo está dividido em três itens, em que no primeiro abordaremos um breve histórico sobre a elaboração das campanhas da Fraternidade, os objetivos que fizeram estas surgirem e a importância delas. No segundo, momento, serão realizadas discussões e reflexões sobre a violência em vários setores da sociedade e quais seus prejuízos sociais. E por fim serão desenvolvidas reflexões sobre as propostas e ações da campanha da fraternidade de 2018 e as relações com o contexto atual de violência.

Visando o desenvolvimento das discussões desse trabalho, a metodologia proposta consistiu em bibliográfica, pautada em estudiosos, renomados, que versam no tocante a essa temática.

2 CAMPANHAS DA FRATERNIDADE NO BRASIL: UMA BREVE APRESENTAÇÃO

As campanhas da fraternidade elaboradas pela Igreja Católica Apostólica Romana – (ICAR), no Brasil, especificando que, nas próximas discussões será utilizada, somente, a denominação Igreja Católica, iniciaram no ano de 1962 na

(8)

- 3 -

cidade de Natal no Rio Grande do Norte. No qual o intuito era arrecadar recursos para a realização de ações assistenciais no município e por isso apresentou como lema a fraternidade, além de que a mesma ocorreu no período da quaresma.

Posteriormente, em 1963, houve a ampliação dessa campanha e dezesseis municípios mediante suas dioceses aderiram (CNBB, 2018).

No ano de 1964 a campanha da fraternidade, promovida pela Igreja Católica, passou a ser desenvolvida em um contexto nacional e tiveram como objetivo abordar temas que buscassem a resolução dos problemas que a sociedade apresentava no período. Dessa forma, todos os anos é desenvolvida uma campanha com um tema diferente, pois esta se coaduna com as questões que estão em voga na sociedade e que precisam de uma resposta social e assim também da igreja para a sua resolução.

A campanha da fraternidade constitui-se uma ação de cunho evangelizador pastoral que é organizada pela Conferência Nacional dos bispos do Brasil (CNBB) e conta com o auxílio, para o desenvolvimento de suas ações, das comunidades de caráter cristão, das arquidioceses, das paróquias e dioceses, visando possibilitar reflexões conjuntas no tocante as vivencias durante a quaresma.

Porém, que seguem na continuidade do ano litúrgico, objetivando promover a fraternidade e também a solidariedade entre os cidadãos, mediante ações, especificamente, designada aos pobres, aos que estão à margem da sociedade (CNBB,2018).

Essas campanhas que a cada ano promove um tema distinto, no tocante aos problemas sociais dos brasileiros e objetivam, também, possibilitar uma formação de consciência nas pessoas em um viés crítico fazendo com que estas se compreendam como agentes capazes de promover a mudança na sociedade, entendendo que os verdadeiros cristãos não podem, somente, alegar amor a Deus, sem vincular a sua fé com as questões que estão presentes em sociedade e que afetam a todos, sobretudo, as classes de poder aquisitivo menor.

Para o desenvolvimento dessas campanhas diversos materiais são elaborados, assim como constam a produção de distintas mídias que objetivam a divulgação, bem como a disseminação dos conteúdos que promoverão e embasarão as ações. Toda campanha tem um tema, um lema e os objetivos que

(9)

- 4 -

pretendem alcançar e mediante a isso apresenta-se um texto referência que embasará teoricamente e norteará todas as ações. Além, do texto, citado anteriormente, desenvolve-se nas comunidades os encontros de catequese, os círculos bíblicos, as vias sacras, os cartazes, folhetos, vestimentas, todos contemplando a temática (CNBB,2018).

2.1 A importância da Campanha da Fraternidade

Oler (2009) aborda-se a importância da realização das campanhas da fraternidade para a realização dos trabalhos com o tema referente a questão ambiental. Oler destaca a relevância dessas campanhas ao abordar temas que compreendem os problemas presentes em sociedade e que necessitam que sejam realizados pelos cidadãos reflexões até que cheguem em soluções para eles.

O autor ainda ressalta que todos os temas trabalhados nas campanhas da fraternidade objetivam, de forma geral, promover a atenção da sociedade para as desigualdades sociais e que tanto o tema do meio ambiente, bem como outros tem como cerne essa questão. Assim, as reflexões e discussões são necessárias entre todos os agentes que podem possibilitar a mudança da sociedade e consequentemente transformá-la em um lugar mais justo para todos que nela vivem.

Cavalcante Bastos e Gomes Bastos (2016) também seguem seus estudos no tocante ao trabalho nessas campanhas com os temas correlatos ao meio ambiente abordando todos elementos que envolvem esse assunto. Nesse sentido, os autores declaram que para entender os motivos, as ações e encaminhamentos que são definidos nas campanhas da fraternidade, se faz necessário estudar e compreender os contextos em que estas estão inseridas. Portanto, o estudo vai além da campanha em si, mas das questões sociais do momento, bem como da realização de reflexões que levem a compreender qual o intuito do desenvolvimento dessas.

Nandi (2018) destaca em seus estudos que os cristãos precisam processar sua fé não, somente, em palavras, mas em ações, que necessariamente estejam vinculadas a sociedade. Não bastando ir, apenas, a igreja, mas preocupar-se e buscar soluções para os problemas sociais que impedem que todos tenham uma vida digna sociedade e que assim vivam como Jesus quer, como ele prega em seus

(10)

- 5 -

ensinamentos. O autor ressalta a importância das pessoas assumirem seus papéis como cristãos e buscar o seu bem, assim como o bem comum.

3. VIOLÊNCIA: UM PROBLEMA DA ATUAL CONJUNTURA SOCIAL

Como um dos problemas da atual conjuntura social no contexto brasileiro, e por isso trabalhado na campanha da fraternidade, compreendendo os últimos anos de 2016 a 2018, temos a violência, ela abrange diversos âmbitos, dentre os quais os homicídios de forma geral, a violência contra as mulheres, contra os negros, contra os indígenas, dentre outras questões especificas.

Para discutir, sobre essas questões especificas, buscando entender o porquê esse é o atual tema da campanha da fraternidade, quais suas ações e seus resultados, nos pautaremos em um documento muito relevante sobre o tema, sendo este o “Atlas da Violência 2018” coordenado por Daniel Junqueira, Renato Sergio de Lima, Samira Bueno e et.al. publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Além de análises realizadas por autores críticos sobre a temática.

O referido documento, Atlas da Violência 2018, elaborado pelo IPEA em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança – FBSP, apresenta diversos indicadores, dados que foram compilados que auxiliam compreender de forma mais ampla o processo marcante de violência no Brasil. Dessa forma, destaca-se que nos anos de 2016 o país atingiu o número de 62.517 homicídios, sendo esse um marco histórico, até então nunca alcançado e ao qual não há o que se comemorar. Pois que “Isso equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos 533 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil (IPEA,2018).

Conforme o documento (IPEA,2018) há um crescente nível letal de violência no país, se comparado a outras nações, nos anos de 2000 a 2013, isso se evidencia de forma ainda mais aparente, as quais essas análises foram possíveis devido as informações que foram obtidas por meio da Organização das Nações Unidas – ONU, bem como pela análise de dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde – OMS. Dessa forma, salienta-se que:

(11)

- 6 -

[...] verificamos uma enorme heterogeneidade entre as Unidades Federativas, em que se observaram variações nas taxas de - 56,7%, como no caso de São Paulo, a +256,9%, como no Rio Grande do Norte. Os dados mostram como a situação é mais grave nos estados do Nordeste e Norte do país, onde se situam as sete UFs com maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes, sendo elas: Sergipe (64,7), Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9) (IPEA, p.03,2018)

No tocante a violência ao qual ocasiona o óbito de muitos jovens, verifica-se, em análise dos dados apresentados no documento que a situação é grave apresentando mais de 56 % das causas que leva esses sujeitos a morte, isso referindo-se aqueles que estão na faixa-etária de 15 anos a 19. Quando se amplia a análise por idade, dos 15 ao 29, observa-se que, especificamente, no ano de 2016, a cada 100 mil habitantes os dados apresentam em torno de 142% de óbitos por esse motivo. Dessa forma, destaca-se que a juventude necessita um olhar ainda mais amplo para com seu desenvolvimento social para impedir esse crescente problema (IPEA,2018).

Sobre essa questão os Gentilli e Helmer (2008) evidenciam que os jovens tem sido as maiores vítimas de violência, vivenciando agressões e situações de miséria em sociedade, mas apesar disso eles apresentam diversas expectativas sobre o futuro, pensando na participação em sociedade que podem desenvolver. Portanto, os autores destacam ser essencial ações que diminuíam essas violências e que proporcionem oportunidades a esses sujeitos para que percorram caminhos que possibilitem que eles tenham uma vida digna e justa, assim como requerem em seus sonhos.

O referido documento analisado também apresenta discussões pertinentes no que tange as mortes que tem como causa a desigualdade social oriunda devido a raça/cor e que cresceu nos últimos tempos de forma, extremamente, célere. Nesse sentido apresenta-se, abaixo, os seguintes dados:

[...]quando a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8%, ao passo que a taxa de vitimização da população negra aumentou 23,1%. Assim, em 2016, enquanto se observou uma taxa de homicídio para a população negra de 40,2, o mesmo indicador para o resto da população foi de 16, o que

(12)

- 7 -

implica dizer que 71,5% das pessoas que são assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas (IPEA, p.04,2018) Essa questão se apresenta em uma complexidade ainda maior, pois muitos sãos os estudos e os dados que denotam óbitos, vítimas de violências, devido ao racismo ao qual é estrutural em nossa sociedade. Dessa forma, Lemos, Aquine, Franco et.al.

(2017) no Brasil apresenta-se uma prática de extermínio de negros, sobretudo, daqueles que são pobres, que moram em periferias, aos quais tem um nível de escolaridade considerado baixa. Além disso, esses estão entre os maiores índices de aprisionamento populacional. Considerando essa questão, os autores salientam a necessidade de questionar essa realidade, de verificar os motivos, de buscar uma transformação dessa situação.

Sobre, especificamente, a violência, contra a mulher, apresenta-se, no documento (IPEA,2018) além de dados, reflexões essenciais no que refere-se ao feminicídio no Brasil. Um dos grandes problemas de violência em relação as mulheres são os estupros, mais de 68% dos registros que são realizados no sistema único de saúde refere-se a essa situação. Ressalta-se que no tocante as menores, casos de pedofilia, um terço dos estupradores trata-se de familiares ou pessoas que são próximas aos parentes. Um outro dado, alarmante, sobre a referida questão está no destaque para que mais 50% são ações recorrentes que foram realizadas contra as vítimas, meninas, ainda crianças, sendo que mais 70% ocorreu na moradia delas, local ao qual deveria ser de proteção.

A violência contra a mulher tem chamado atenção, o fato de se morrer devido apenas sua condição de gênero atrai estudos e buscas por soluções que superem isso. Nesse sentido, Vieira, Ferreira, Moreira et.al (2013) esse fenômeno apresenta- se devido a desigualdade de gênero que ocorrem em sociedade em todos os âmbitos, dentre os quais os contextos familiares, profissionais e sociais, no geral, além de que este é um problema também para a saúde pública do país devido a sua amplitude e recorrência, bem como pelas consequências que são ocasionadas as mulheres que são vítimas de violência. Entender essas questões, segundo os autores auxilia a pensar em ações que sejam especificas e que enfrentem esses problemas, por meio de propostas que possibilitem prevenir, atender e encaminhar esses sujeitos, retirando estas das situações de perigo.

(13)

- 8 -

Diversos são os dados, grupos e causas da violência crescente no país, considerando isso compreende-se a importância de destacar sobre o estatuto do desarmamento, pois as armas de fogo referem-se ao principal modo de tirar a vida das pessoas mediante a violência. Nos anos de 1980 a 2016 mais de 900 mil pessoas morreram vítimas de perfurações ocasionadas por armas de fogo. De 1980, especificamente até os anos de 2003 quando foi implementado o Estatuto do Desarmamento, houve um aumento enorme de óbitos por essa causa, ao qual iniciaram em 40% e foram até 71%. Após, 2003, esse índice permaneceu estável até 2016, devido ao referido estatuto, isso se explicita, na seguinte análise:

“O fato é que, enquanto no começo da década de 1980 a proporção de homicídios com o uso da arma de fogo girava em torno de 40%, esse índice cresceu ininterruptamente até 2003, quando atingiu o patamar de 71,1%, ficando estável até 2016.

Naturalmente, outros fatores têm que ser atacados para garantir um país com menos violência, porém, o controle da arma de fogo é central. Não é coincidência que os estados onde se observou maior crescimento da violência letal na última década são aqueles em que houve, concomitantemente, maior crescimento da vitimização por arma de fogo (IPEA,2018, p.05).

Diversos são os dados que denotam a crescente violência no país devido a diversos motivos, ocorridas a grupos sociais distintos. As questões que geram as violências apresentam-se muito complexas devido a atual organização do sistema político, econômico e social desenvolvido no Brasil e que gera miséria, desemprego, fome, sobretudo, desigualdade e assim também resulta em problemas sociais e que demandam uma ação do Estado para sua diminuição. Estado que necessita investir em políticas sociais e políticas de segurança pública para eliminação desses males que acontecem em sociedade e que não resultam em uma sociedade justa e digna para todos.

4. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2018 E A SUPERAÇAO DA VIOLÊNCIA

Diante desse atual quadro de violência no país, apresentado no item anterior, destaca-se que o Estado conta por vezes com auxílio de outras instituições no tocante aos problemas existentes em sociedade, dentre as quais constam a Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR, com ações realizadas visando a eliminação ou diluição

(14)

- 9 -

deles, entendendo que a Igreja apresenta um papel social muito importante para além dos seus muros. Nesse sentido, a campanha da fraternidade do ano de 2018 define como tema esse assunto da violência para trabalhar, visto que como dissemos ela elenca os problemas da atualidade para tratar, visando soluções por meio de propostas e ações que se efetivem.

Dessa forma, nesse item abordaremos, analisaremos e refletiremos sobre alguns aspectos que se relacionam as discussões anteriores, sendo eles o tema da campanha; seu papel, a necessidade de tratar sobre a violência devido ao seu crescimento na atual conjuntura, os objetivos, as ações da campanha, e os resultados obtidos até o mês de novembro de 2018. Dessa forma, destaca-se que o papel da campanha da fraternidade é a proposta da vivência do evangelho de Jesus Cristo, na Igreja, na comunidade e na sociedade, em todos os setores principalmente em meio aos excluídos e pobres, onde o índice de violência é mais relevante, onde as pessoas não tem acesso à educação, saúde e trabalho, muitas vezes nem a igreja por se sentirem inferiores (ALMEIDA, 2018).

O papel do tema da campanha da fraternidade é testemunhar com a vida, se inserir em meio onde a fraternidade e o amor não acontece de forma concreta, visitando os doentes, os presos e levando um abraço aqueles que não o recebem, pelo contrário que as vezes é tratado com ainda mais violência.

Onde há carência fraterna de amor e de respeito e também das necessidades básicas de dignidade acontece com maior proporção a violência; a igreja dessa forma se faz presente, faz seu papel, sua missão conscientizando, evangelizando e propondo alternativas que possam vir ao encontro dos que desejam viver uma vida comunitária de amizade e fraternidade realmente como irmãos, superando as adversidades e buscando a paz (ALMEIDA,2018)

Relacionar com a necessidade de tratar sobre a violência devido ao seu crescimento na atual conjuntura infere na questão que violência cresce à medida que a injustiça social cresce, quanto mais injusta a sociedade maior a violência. A sociedade capitalista gerada pelo sistema na qual a grande desigualdade social, muitos vivem de muito pouco, e poucos vivem com muito, através da exploração do trabalho, e do lucro advindo dos negócios de seus interesses ainda que para isso construa uma sociedade as margens de uma vida digna aos demais.

Portanto, é urgente tratar do tema sobre a violência em uma sociedade onde predomina o egoísmo que leva a morte, implantar o amor e a fraternidade que gera a

(15)

- 10 -

vida, buscando nos caminhos possíveis a união com os que compartilham do mesmo ideal de mudar a face da sociedade, onde possa haver maior igualdade para todos.

O objetivo da campanha da fraternidade é exercer a solidariedade entre os fiéis os participantes da igreja e também da sociedade, sendo a violência um grave problema que envolve toda sociedade brasileira. As pessoas atualmente parecem ter perdido a noção de paz, a Igreja com este tema tem proposto encontrar a solução despertando a consciência cristã das pessoas, lembrando que somos todos irmãos, este tema bem oportuno para os dias atuais levara a compreensão da realidade sobre a violência em todos âmbitos sociais, igreja, família, cidade, dentre outros (ALMEIDA,2018).

O hino da campanha da fraternidade é superar a violência e derramar em vez de sangue mais perdão e fermentar na humanidade o amor fraterno, pois Jesus que disse somos todos irmãos. Essa proposta não é para ficar somente durante a quaresma, mas para prosseguir buscando uma mentalidade nova seguindo a maneira de viver de Jesus Cristo; somos todos irmãos e filhos do mesmo Pai. A quaresma é o tempo propício para uma reflexão de vida, é um tempo de recolhimento interior, com propósito de oração, jejum e esmola para que estas práticas nos tirem do comodismo e passemos a enxergar as necessidades dos que estão ao nosso lado (AZEVEDO,2018)

A proposta é despertar, educar e renovar; despertar o espírito de comunhão no povo de Deus para que não fiquem isolados no seu mundo e nos seus problemas, e possam também ser sal da terra e luz do mundo para a sociedade promovendo a paz e a fraternidade, educando para a vida comunitária, mas a partir da justiça e amor que é a mensagem central do evangelho da salvação, renovando a consciência cristã de acordo com o evangelho para ser vivido hoje e invertendo os pensamentos de que as pessoas são descartáveis (AZEVEDO,2018).

Conforme o documento (2017-2018) que a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNB elaborou com orientações para a Campanha da Fraternidade no qual constam ações gerais que precisam ser desenvolvidas pelas arquidioceses, considerando alguns temas elencados por eles sobre a violência, tais como a violência na família, contra os jovens, contra a mulher, contra os negros, contra os indígenas.

Nesse sentido, apresentaram algumas pistas para o desenvolvimento de ações, dentre as quais destaca-se: inserir como o tema paz, durante a oração e a liturgia;

realizar acompanhamento de famílias, escolas, jovens que estão em conflitos para

(16)

- 11 -

assim supera-los; disponibilizar serviços de atendimento para as pessoas que são vítimas de violência ; promover formações de leigos que promovam uma organização de sujeitos que visem construir uma sociedade sem violência; abordar o tema de superação da violência nos programas de formação de Iniciação Cristã; Implementar uma pastoral da família que vise auxiliar as famílias e superar os problemas de violência que enfrentam e promover mediante homilias, catequeses, cursos, escolas de fé discussões sobre superação da violência. Outras sugestões de ações se baseiam em cursos para discutir temas sobre os povos indígenas e quilombolas, atuar junto as lutas para a demarcação de terras desses povos; cursos e palestras sobre o preconceito contra os negros; cursos e palestras sobre superação da violência sexual e violência doméstica contra as mulheres; exigir junto aos governos políticas que deem oportunidades a esses segmentos (CNBB, 2017-2018).

De forma geral, as Ações da campanha trabalham com a promoção de atividades que libertem as pessoas de condições de violência, como, por exemplo, grupos que trabalham com dependentes químicos, levando a buscar a libertação e sendo inserido no mundo do trabalho e no convívio social em muitas ações de promoção humana como jovem aprendiz, oferecendo cursos, preparando os também para alguma atividade e tantos outros projetos, oficinas onde as pessoas buscam novas alternativas para suas vidas e de suas famílias. E também levar as pessoas a uma iniciação cristã, a participar da igreja e a crescer como ser humano com dignidade.

Considerando que ainda estamos em 2018, no mês de dezembro, não pode-se verificar por documentos análises mais amplas sobre os resultados que estas proporcionaram, mas evidencia-se alguns elementos que podem demonstrar que houve importância do trabalho com esse tema, posto que diversas ações foram realizadas na arquidioceses do país inteiro promovendo um discurso de paz entre os sujeitos, promovendo a fraternidade entre os irmãos e irmãos e sempre buscando superar todos elementos que promovessem desigualdade (CNBB,2018)

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando as discussões realizadas compreende-se a importância do trabalho realizado pela campanha da fraternidade com o tema “fraternidade e superação da violência” no momento vivenciado, no qual um relatório de 2017

(17)

- 12 -

apresentou que todos os índices de violência haviam se ampliado nos últimos anos, principalmente, contra as mulheres, os negros e os indígenas, mas também de forma geral por latrocínios.

Diante disso, verificou-se que as campanhas da fraternidade propostas pela ICAR sempre objetivam abordar temas que auxiliem nos problemas que estão ocorrendo. Dessa forma, entendeu-se que as questões que resultam nas violências na sociedade constituem-se muito mais complexas e são advindas da organização que constitui o sistema político, econômico e social que resulta em desemprego, fome, miséria e assim consequentemente em desigualdade, gerando diversos problemas que necessitam de uma ação ampla do Estado em investimento em políticas de cunho social, bem como de segurança pública para que estes superados e que a sociedade seja justa para todos.

Nesse sentido, o Estado pode contar, como é o caso, com o auxílio e também cobrança da ICAR na resolução desses problemas, mediante o desenvolvimento das campanhas da fraternidade. Assim, como em 2018 quando elencaram esse tema abordaram um problema da atual conjuntura pensando na superação ou ao menos em sua minimização, por meio de ações importantes que objetivavam promover uma cultura de paz entre os sujeitos, resultando em muitas reflexões e práticas que ajudaram a refletir sobre a violência e ao menos diminuir algumas destas situações.

Portanto, esse trabalho constituiu importante no âmbito da igreja e, principalmente, na sociedade brasileira.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ludugerio Rodrigues. Estudo da Campanha da Fraternidade do ano

de 2018. Disponível em: http://seminario.dioceseitabira.org.br/2017/11/20/estudo-

da-campanha-da-fraternidade-do-ano-de-2018/. Acesso 17 out, 2018.

(18)

- 13 -

AZEVEDO, Guilherme. Campanha da Fraternidade 2018: uma reflexão necessária.

Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/576289-cf-2018-uma- reflexao-necessaria. Acesso em: 01 dez, 2018.

CNBB. Aberta a Campanha da Fraternidade de 2018: “Fraternidade superação da violência”. Disponível em: http://www.cnbb.org.br/aberta-a-campanha-da- fraternidade-de-2018-fraternidade-e-superacao-da-violencia/. Acesso em 19 out, 2018.

CNBB. Texto base- Campanha da fraternidade -2018 Lema: “Vós sois todos

irmãos” (Mct. 23, 8) Tema: “Fraternidade e a superação da violência”. Disponível em:

http://www.diocesedeosorio.org/wp-content/uploads/2018/01/Sintese-CF-2018-1.pdf.

Acesso em: 01 dez, de 2018

BASTOS, Ana Cristina de Almeida Cavalcante; BASTOS, Layanna de almeida Gomes. As campanhas da fraternidade da igreja católica: um contributo para a formação de um pensamento ecológico integral no Brasil. v. 10, n. 4 (2016) Disponível em: http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/gaia/article/view/3186. Acesso em 19 out, 2018.

GENTILLI, Raquel de Matos Lopes; HELMER, Fabricia Pavesi. Violência e Condições

de vida de jovens. 2008. Disponível em:

http://www.redalyc.org/html/3215/321552152008/. Acesso em: 10 nov, 2018.

IPEA. Atlas de Violência 2018. Disponível em:

http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/180604_atla s_da_violencia_2018.pdf. Acesso em: 10 nov, 2018.

LEMOS, Flávia Cristina; AQUIME, Rafaele Habib Souza; FRANCO, Ana Carolina Farias et.al. O extermínio de jovens negros pobres no Brasil: práticas biopolíticas em questão. 2017. Disponível em:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809- 89082017000100012. Acesso em: 13 nov, 2018.

NANDI, Domingos Volney. Os temas ecológicos nas campanhas da Fraternidade.

Encontros Teológicos nº 72 Ano 30 / número 3 / 2015, p. 27-36. Disponível em:

https://facasc.emnuvens.com.br/ret/article/viewFile/27/23. Acesso em: 18 out, 2018.

OLER, Juliana Rodrigues. “Fraternidade e Amazônia”: a proposta ambientalista da Campanha da Fraternidade de 2007. Pesquisa em Educação Ambiental, vol. 4, n. 1 –

pp. 87-109, 2009. Disponível em:

https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/108282/ISSN2177-580X-2009-4- 1-87-109.pdf?sequence=1.Acesso em: 21 out, 2018.

VIEIRA, Luiza Jane Eyre de Souza; FERREIRA, Renata Castilho; MOREIRA, Gracyelle Alves Remigio et. Al Fatores associados à sobreposição de tipos de violência contra a mulher notificada em serviços sentinela. 2013. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21n4/pt_0104-1169-rlae-21-04-0920.pdf. Acesso em: 15 nov, 2018.

(19)

- 14 -

Reportagem. Campanha da Fraternidade 2018- a utopia de Jesus: Vocês são todos e todas irmãos e irmãs. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78- noticias/576144-campanha-da-fraternidade-2018-a-utopia-de-jesus-voces-sao-todos- e-todas-irmaos-e-irmas. Acesso 01 dez, 2018.

Referências

Documentos relacionados

A Direção Geral, Direção de Ensino, Divisão de Ensino Superior, Divisão de Ensino Técnico, Coordenação do Curso de Licenciatura em Matemática, Coordenação do Curso de

As rodas de conversa EDP (escutar-discernir-propor) podem ser uma alternativa para os adolescentes dialogarem sobre temas locais referentes à educação, e proporem soluções

Esta Campanha toca na esperança dos brasileiros, em suas perplexidades, em suas dores e expectativas de solução para problemas concretos que enfrentam, no cotidiano de

“Fraternidade e Superação da Violência.” Campanha da Fraternidade/JPIC (Pe. Países árabes, Turquia, Irã e Afeganistão. Sul da Ásia. Sudeste e Leste da Ásia.. Ascensão de

Projetos que foram cadastrados pela entidade e que não tiveram o seu cadastro concluído, ou que foram duplicados para uma reunião posterior. Estes não serão mais

Cristo, que enviais o vosso Espírito para criar em nós um coração novo, tende.. piedade

Função social do contrato, boa-fé e bons costumes: nova crise dos contratos e a reconstrução da autonomia negocial pela concretiza- ção das cláusulas gerais.. In: MARQUES,

O configurador irá permitir a definição de TAGS de variáveis com a sua respectiva descrição: tipo (analógica, discreta, texto), endereço no dispositivo de campo, descrição