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Memória compartilhada

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Academic year: 2021

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Memória compartilhada

[♪ vinheta de abertura ♪]

>> [LOCUTORA]: Memória compartilhada

>>[Locutora]: [Leitura de relato] Na nossa família, não era minha mãe que lia para mim, eu é que lia para minha mãe. Quando ela tinha apenas 6 anos, vendeu os livros e não pôde estudar mais. Agora, está aprendendo novamente, está lendo, e eu me sento ao lado dela para ajudar. Como filha, ler para a minha mãe é uma experiência maravilhosa, porque há tanta coisa que podemos aprender com isso!

>> [Locutora]: [Tom de explicação]Esse relato foi feito pela jovem ativista paquistanesa e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, por ocasião de sua primeira passagem pelo Brasil, em julho de 2018, durante um evento realizado na cidade de São Paulo. Ao relembrar as experiências de sua mãe com a leitura, Malala também refletiu sobre a importância que o hábito de ler teve ao longo da sua própria trajetória.

>> [Locutora]: [Tom de apresentação] Os três relatos que vamos ouvir agora também são de pessoas

para quem a prática da leitura proporcionou experiências pessoais marcantes. São memórias da estudante de Letras Mayara Brandão Salgueiro, da escritora e ilustradora Lúcia Hiratsuka e da psicóloga Rúbia Carla Ribeiro.

[♪ vinheta ♪]

>>[Locutor]: [Pergunta às entrevistadas]Como e por que você começou a ler?

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: [Tom de apresentação] Meu nome é Mayara Brandão, eu tenho 21 anos. Minha relação com a leitura veio desde muito cedo. A minha mãe é professora, daí ela sempre me estimulou bastante.

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: Eu lembro – e é mais em relação à memória afetiva – de amigos dela que me traziam livros, daí eu comecei a curtir aqueles livros, gostar mesmo daquelas coisas.

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: E depois eu fui criando autonomia para procurar os livros que eu queria ler, sabe? E, bom, eu acho que com 11 anos eu realmente soube que ler era bastante prazeroso para mim! >> [Entrevistada 2 – Lúcia]: [Tom de apresentação] Meu nome é Lúcia Hiratsuka, sou escritora e ilustradora.

>> [Entrevistada 2 – Lúcia]: A lembrança que eu tenho de leitura, de como eu comecei, é que a minha mãe gostava muito de ler, ela lia sempre para nós – eu e minhas irmãs.

>> [Entrevistada 2 – Lúcia]: Meu pai trazia livros, mas tudo em japonês. O meu pai mandava comprar no Japão e, como eu morava no sítio, a gente recebia uma vez ao mês.

>> [Entrevistada 2 – Lúcia]: Eu entrei na escola aos 7, aí que fui aprender o português. Então, eu acho que os primeiros que eu escolhi em português foi quando eu me mudei para a cidade. Na verdade, com 10

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anos. Então, eu pude ir à livraria, ou melhor, à papelaria, e escolhi o primeiro livro.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: [Tom de apresentação] Eu sou Rúbia, tenho 41 anos e sou psicóloga.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Eu lembro da minha primeira experiência com a leitura sendo por meio das revistas em quadrinhos. A minha mãe costumava comprar para mim nas bancas de jornais que tinha no bairro perto da minha casa.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: As revistas em quadrinhos, antes de serem um acesso às histórias ou aos personagens, elas começaram a ser também um objeto, algo que eu gostava de ter.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Então, a partir dali, eu comecei a experimentar o que é a experiência de ler: saber uma história, conhecer os personagens, interpretar essa história, saber que no final ela tem algum sentido e, ao mesmo tempo, gostar da experiência de ter o objeto da leitura.

>> [Locutor]: [Pergunta às entrevistadas]Qual foi a importância da leitura em sua vida?

>> [Entrevistada 2 – Lúcia]: Como eu morava no sítio, longe da cidade, longe da escola e eu tinha um desejo de um dia trabalhar com desenhos, histórias, eu tinha uma ansiedade muito grande, morando em um lugar tão distante. Como é que eu iria atrás do meu sonho?

>> [Entrevistada 2 – Lúcia]: E eu acho que os livros me ajudaram muito. Ao entrar nesse mundo, conheci histórias do mundo todo, na verdade, pelos livros. Vivia a emoção dos personagens, então acho que isso foi me integrar ao mundo.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Eu sempre fui uma criança curiosa, uma adolescente ousada, aventureira, e uma adulta que nunca cansa de querer apender coisas novas.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Então, nesse sentido, ler livros me faz estar nesse movimento de estar constantemente querendo aprender e recebendo a aprendizagem como algo gratificante.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Quer dizer, por meio da leitura, eu conheço espaços, lugares, pessoas e, automaticamente, conheço melhor a mim mesma.

>> [Locutor]: [Pergunta às entrevistadas] Houve na sua vida algum evento relevante ou curioso

relacionado à leitura?

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: Eu fui à dentista semana passada, daí na primeira sessão, ela perguntou o que eu fazia, né? Eu falei “ah, eu faço Letras e tal”, daí ela falou que estava com dificuldade de pegar um livro para ler, daí ela falou assim: “Você me empresta um romance?”. Tipo na primeira consulta com a dentista, sabe?

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: Eu falei “Eu empresto, está tudo bem”. Daí eu levei um livro para ela, para ela retomar esse contato com a leitura. Aí eu fui lá ontem e o livro estava aberto na mesa dela. Eu achei muito fofo isso.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Eu tive a oportunidade de conhecer uma escritora que eu admiro muito, que chama-se Conceição Evaristo.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Eu fiquei um bom tempo na fila esperando para que ela autografasse os meus livros, mas foi um momento muito emocionante.

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>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Porque, quando eu conheci ela pessoalmente, eu pude olhar nos olhos dela, eu pude agradecer pelo trabalho que ela faz, falar de como a obra dela me emociona, de como é importante tê-la ainda produzindo os livros.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Então é uma troca, é uma interação que é muito mágica.

>> [Locutor]: [Pergunta às entrevistadas] Houve obras que já a levaram a chorar ou a rir em voz alta?

Quais?

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: Sim, é justamente o livro que estou lendo agora e está sendo muito difícil de ler. É o Call me by your name, sabe? Eu comprei esse livro na Flip, daí eu falei “Ah, esse vai ser o primeiro livro que eu vou ler de lá”, embora eu tenha pego alguns de poesia.

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: No entanto, eu não estou conseguindo prosseguir a leitura porque toda vez que eu abro o livro, eu leio uma parte, eu choro. É bizarro.

>> [Entrevistada 2 – Lúcia]: Quando se fala em chorar, eu acho que sempre que leio o capítulo “Baleia”, do Vidas Secas, ou um outro que eu lembro de ter lido duas vezes e chorado na mesma parte, que foi o A

extraordinária jornada de Edward Tulane, de Kate DiCamilo.

>> [Locutor]: [Pergunta às entrevistadas]Você já se sentiu inspirada a escrever durante alguma leitura ou

logo depois de terminar um livro?

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: Sim, sim, isso sempre acontece, sobretudo quando eu conheço alguns autores, sabe, tipo... eu não vou lembrar de um autor agora que eu conheci recentemente, mas ele é um surrealista brasileiro, e eu falei “Nossa, tipo, olha esse cara, olha o jeito que ele escreve, eu quero escrever bem também”, enfim.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Eu tenho um diário de leitura. Esse diário de leitura eu costumo utilizar assim que eu termino de ler um livro. Então, é nele que eu escrevo quais foram os temas mais relevantes do livro, quem é o autor, quem foram os personagens que mais me chamaram a atenção. Se eu participei de algum evento literário sobre esse livro, eu coloco a data, coloco o local.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: É uma forma de eu registrar essa experiência literária e também para, mais tarde, isso servir de consulta. Então, quando daqui a alguns anos eu retomar esse caderno, eu vou lembrar dos livros que eu li.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Muitas vezes, eu também fico inspirada a ser escritora um dia, porque quando você escreve algo sobre o livro, você começa a pensar “Poxa, talvez essa história eu poderia ter contado” ou você se lembra de outras experiências da sua vida que talvez poderiam virar um livro.

>> [Locutor]: [Pergunta às entrevistadas]Você acha que a literatura pode ser útil às pessoas?

>> [Entrevistada 1 – Mayara]: Eu acho que, mesmo a pessoa não tendo um ensino formal, regular, se ela tem o contanto com a leitura, ela já vai saber questionar algumas coisas. Ela já vai ser uma pessoa mais crítica e vai saber dialogar muito melhor, falar muito melhor e interpretar as coisas muito melhor.

>> [Entrevistada 2 – Lúcia]: Eu acho que como toda arte, é uma forma de você ter um respiro no meio desse caos, viver experiências totalmente diversas ou se identificar também com o personagem ou até mesmo autoconhecimento.

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como arte. Você apreciar a beleza estética também, enfim, acho que é isso.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: A literatura é muito útil na vida das pessoas. Pela leitura, você amplia o seu repertório de entendimento sobre as coisas do mundo.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: A leitura faz com que você aprenda palavras novas. Então, automaticamente, as palavras entram no seu vocabulário e também na sua escrita.

>> [Entrevistada 3 – Rúbia]: Quem lê escreve melhor e fala melhor. Então, existe aí, do ponto de vista prático, algo muito útil.

[♪ vinheta de encerramento ♪]

>> [Locutor]: Introdução: Isabela Pimentel >> [Locutor]: Locução: Pierre Bittencourt

>> [Locutor]: Estúdio: Núcleo de Criação – Produções em Áudio

CRÉDITOS

EDITORA MODERNA Organizadora

Ivonete Darci Lucírio Gonzaga

Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (São Bernardo do Campo – SP). Mestra em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atuei como jornalista. Editora.

Elaboradoras Luciana Saito

Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Editoração, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora.

Marcela Rosa Mastrocola

Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Cásper Líbero (São Paulo – SP), e em Letras, com habilitação em Português e Francês, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora.

Edição de conteúdo

Marcela Rosa Mastrocola, Camila Ploennes (roteiro) Revisão técnica

Roberta Lombardi Martins Revisão de texto

Ramiro Morais Torres Assistência editorial

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Coordenação de arte Eduardo Reche Bertolini Edição de arte

Diogo de Assis Macedo Assistência de arte Ana Maria Totaro Delgado Iconografia

Fabiana Manna da Silva, Renate Hartfiel Coordenação de produção

Leonardo Miranda Ribeiro Programação

Renato Frias Rocha Ibiapina Assistência de programação

Cauê Guimarães, Rodrigo Vieira Benfica Amancio Assistência de produção e checagem

Caia Amoroso, Fabiana Aparecida Martins, Natália Lamucio Andrade, Paula Pelisson Petri, Renata Campos Michelin

Locução

Isabela Pimentel, Pierre Bittencourt Produção

Núcleo de Criação EDITORA MODERNA

Rua Padre Adelino, 758 – Belenzinho São Paulo, SP – Brasil – CEP 03303-904 www.moderna.com.br

Produzido no Brasil

Referências

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