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Geração de resíduos sólidos domiciliares e a crise hídrica no município de Campina Grande – PB

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Academic year: 2021

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Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL –MESTRADO–

GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES E A

CRISE HÍDRICA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE – PB

Por

MARCUS AURÉLIO COUTINHO BARRETO FILHO

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba

para obtenção do grau de Mestre

João Pessoa - Paraíba Setembro – 2018

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Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL –MESTRADO–

GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES E A

CRISE HÍDRICA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE – PB

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal da Paraíba, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre.

Marcus Aurélio Coutinho Barreto Filho

Orientadora: Profª. Drª. Claudia Coutinho Nóbrega

João Pessoa - Paraíba Setembro - 2018

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Dedico esse trabalho a minha mãe e avó (Corina Coutinho Barreto), que através do seu amor me enveredou para os caminhos do saber.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que de formas distintas e inexplicáveis sempre proporcionou, em minha vida, momentos felizes de aprendizados, sendo esse um dos mais importantes até então.

A minha mãe e avó Corina, que mesmo sem estudos acadêmicos já ensinava a todos da família um pensar semelhante à ativista paquistanesa Malala Yousafzai que diz: “Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo”.

Ao meu avô Apolônio (in memoriam) que através de sua paciência e quietude me ensinou valores indispensáveis para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus pais Marcus e Marinez (in memoriam) por ter me concedido a vida.

A minha esposa Grasielly, estando sempre presente e apoiando nos momentos que mais necessitei nesta conquista.

A minhas irmãs de coração Marcela e Daniela por sempre estarem presente em minha vida.

A Universidade Federal da Paraíba que desde a graduação até a presente data foi e sempre será minha referência de conhecimento científico.

A minha orientadora, professora Claudia, que desde aluno bolsista no PIBIC tem compartilhado de seus conhecimentos e experiências profissionais, de forma sempre serena eficaz, contribuindo consideravelmente para o meu aprendizado. Obrigado também por toda confiança depositada em mim.

A professora Carmem, por ter dado a oportunidade de eu ser seu aluno no PIBIC e assim abriu as portas para o mundo acadêmico em minha vida.

A todos que de forma direta ou indireta foram também responsáveis para realização deste sonho, em especial a todos os que foram meus professores.

E por fim agradeço a mim, por ser resiliente nas dificuldades e ser capaz de me surpreender alcançando esse grande sonho.

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RESUMO

Os resíduos sólidos compõem um dos pilares do saneamento básico, cuja importância passou a ser definitiva no Brasil com a sanção da Lei Federal n° 12.305/2010, regulamentada pelo Decreto n° 7.404 de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Para os efeitos desta legislação, os resíduos sólidos urbanos (RSU) englobam os resíduos sólidos domiciliares (RSD) e os resíduos de limpeza urbana. Os resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços se caracterizados como não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal. Para a execução dos serviços de coleta dos resíduos domiciliares, as gestões municipais costumam cobrar da população uma taxa denominada Taxa de Coleta de Resíduos (TCR), geralmente proporcional à área do domicílio, gerando muitas vezes injustiças, pois nem sempre a área residencial está diretamente relacionada com a quantidade de RSD gerada por seus moradores. Há ainda, na literatura, trabalhos que mencionam outros parâmetros para verificar a relação, inclusive sugerindo modelos matemáticos, entre a geração de RSD e outros parâmetros indiretos, como por exemplo, o consumo de água residencial, porém ainda são poucos os estudos que comprovam esse fenômeno, principalmente quando considerado o município como um todo. Diante deste contexto, esta pesquisa teve como objetivo analisar o cenário da geração de RSD no contexto da crise hídrica no município de Campina Grande- PB, pois se há realmente relação de causa e efeito entre essas variáveis o momento atual foi considerado propício para avaliar esse comportamento. Esta pesquisa teve como metodologia a coleta de dados nos órgão públicos: Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SESUMA) pertencente à Prefeitura Municipal de Campina Grande e Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA) para obtenção da geração de resíduos sólidos domiciliares e do consumo de água residencial mensal, respectivamente, no município de Campina Grande-PB referente ao período de Janeiro de 2008 a Dezembro de 2017. Com base nos resultados foi possível observar que o racionamento hídrico gerou decréscimo no consumo de água residencial, principalmente quando avaliado os consumidores enquadrados na Tarifa Normal de Consumo (acima de 10m³), já na geração de resíduos sólidos domiciliares o efeito não foi semelhante. Foram observados indícios, mas nada que ratifique uma associação de causa e efeito neste contexto da crise hídrica. Também foi possível perceber, de modo geral, que questões político-administrativas podem influenciar nas gestões contratuais de resíduos sólidos domiciliares.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos Domiciliares, Geração, Crise hídrica, Consumo de Água Residencial.

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ABSTRACT

Solid waste is one of the pillars of waste management, and its importance has become definitive in Brazil since the implementation of Federal Law n° 12.305/2010, regulated by the Decree n° 7.404 of 2010, which instituted the Política Nacional de Resíduos Sólidos (National Policy of Solid Waste - PNRS). This legislation states that solid urban waste (RSU) must encompass both domestic solid waste (RSD) and the waste produced by urban cleaning. Therefore, the waste from commercial establishments and service providers, if characterized as not dangerous, may, according to its own nature, composition or volume, be considered equal to domestic waste by the city administration. Normally, these administrations will charge the population a Taxa de Coleta de Resíduos (Waste Collection Tax - TCR), generally proportional to the size of the real estate. This often leads to injustice, for not always the estate size is directly related to the amount of domestic solid waste produced by its inhabitants. There are works in literature that mention other parameters to verify this relationship, suggesting mathematic models and other indirect parameters, such as water consumption. In any way, there are few studies that prove this phenomenon, especially when considering the entire municipal area. In light of this, this research had the objective of analising the generation of domestic solid waste in the context of the water crisis in the city of Campina Grande, Paraíba, for if there is indeed a relationship of cause and effect between these variables, the present moment is considered opportune for an evaluation. The methodology applied was data collection on the following government bodies: Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SESUMA), part of Campina Grande city hall, and Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA). The data obtained is on the production of domestic solid waste and monthly domestic water consumption, comprising the period of january 2008 to december 2017. Based on the results, it was possible to observe that water rationing has generated a decrease in the domestic consumption, especially among the consumers paying the Ordinary Consumption Fee (above 10m³). Regarding the production of solid waste, the effect was not the same. Some evidence has been observed, but not enough to ratify an association of cause and effect in the context of the water crisis. It was also possible to observe, in a general way, that political and administrative questions may influence the contractual management of domestic solid waste.

KEYWORDS: Domestic Solid Waste, Generation, Water Crisis, Domestic Water Consumption.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Crescimento Populacional com projeções até 2100... 21

Figura 2: Destinação de resíduos sólidos domiciliares em relação à população urbana no Brasil ... 22

Figura 3: Balanço de Massa ... 23

Figura 4: Antigo Lixão no município de Campina Grande – PB ... 29

Figura 5: Aterro Sanitário no município de Puxinanã- PB ... 30

Figura 6: Distribuição da água no planeta ... 32

Figura 7: Consumo de água no planeta ... 33

Figura 8: Consumo médio per capita de água... 34

Figura 9: Volume do Açude Epitácio Pessoa ... 38

Figura 10: Consumo de água x Quantidade de RSD gerado por faixas de consumo agrupadas ... 42

Figura 11: Semiárido brasileiro e bacia do rio Paraíba ... 50

Figura 12: Fluxograma com as etapas metodológicas da pesquisa ... 51

Figura 13: Entrada do Aterro Sanitário de Campina Grande-PB ... 53

Figura 14: Entrada do Aterro Sanitário de Campina Grande-PB ... 53

Figura 15: Localização do Atual Aterro Sanitário de Campina Grande- PB ... 54

Figura 16: Representação adaptada BoxPlot ... 57

Figura 17: Análise temporal do consumo de água na tarifa normal ... 61

Figura 18: Variação do consumo de água na tarifa normal... 62

Figura 19: Tendência central do consumo de água na tarifa normal ... 62

Figura 20: Análise temporal do consumo de água na tarifa social ... 65

Figura 21: Variação do consumo de água na tarifa social ... 66

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Figura 23: Análise temporal do consumo de água na tarifa social e normal ... 70

Figura 24: Análise temporal da população x consumo de água na tarifa social e normal ... 71

Figura 25: Variação do consumo de água na tarifa social e normal ... 72

Figura 26: Consumo per capita de água na tarifa social e normal ... 72

Figura 27: Tendência central do consumo de água na tarifa social e normal ... 74

Figura 28: Análise temporal RSD coletados ... 77

Figura 29: Análise temporal da população x resíduo sólido domiciliar coletado ... 78

Figura 30: Variação do número de habitantes, resíduo sólido domiciliar e per capita ... 79

Figura 31: Resíduo sólido domiciliar coletado mensal entre 2008 e 2017 ... 80

Figura 32: Geração per capita de resíduo sólido domiciliar ... 80

Figura 33: Tendência Central dos resíduos sólidos domiciliares coletados ... 82

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Valores per capita de produção de resíduos sólidos domiciliares em função da

população urbana ... 22

Quadro 2: Classificação dos resíduos sólidos segundo a atividade que os produziu ... 25

Quadro 3: Classificação dos resíduos sólidos segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos ... 26

Quadro 4: Classificação dos RS segundo a NBR 10.004/2004 ... 27

Quadro 5: Taxas relativas ao manejo de resíduos sólidos domiciliares em Campina Grande-PB ... 28

Quadro 6: Resumo da caracterização gravimétrica no município de Campina Grande- PB ... 31

Quadro 7: Consumo de água nos Estados Unidos ... 33

Quadro 8: Tipos de consumo de água ... 35

Quadro 9: Distribuição dos recursos hídricos em porcentagem em relação ao total do país ... 39

Quadro 10: Índices relativos ao serviço de água em Campina Grande-PB ... 40

Quadro 11: Correlação entre consumo de água x RSD gerado por faixa de consumo ... 41

Quadro 12: Valores obtidos por faixa de consumo de água ... 41

Quadro 13: Seleção dos grupos e seu padrão socioeconômico ... 43

Quadro 14: Síntese dos dados levantados ... 43

Quadro 15: Modelos de cobranças dos resíduos sólidos ... 45

Quadro 16: Planilha de Medição da SESUMA ... 52

Quadro 17: Realinhamento tarifário de distribuição de água e tratamentos de esgoto na Paraíba no ano de 2017 – CAGEPA ... 55

Quadro 18: Interpretação dos valores do coeficiente de correlação linear ... 58

Quadro 19: Consumo de água na tarifa normal ... 60

Quadro 20: Consumo de água na tarifa social ... 64

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Quadro 22: Consumo per capita de água ... 73

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AESA Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba

ANA Agência Nacional de Águas

CAGEPA Companhia de Água e Esgotos da Paraíba

CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

ECOSAM Consultoria em Saneamento Ambiental

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

NBR Norma Brasileira

PGIRS Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

Ph Potencial Hidrogeniônico

PMCG Prefeitura Municipal de Campina Grande

PMGIRS Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

ReCESA Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental

RSD Resíduos Sólidos Domiciliares

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

SESUMA Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

TCR Taxa de coleta de resíduos

TCU Tribunal de Contas da União

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 16 2. OBJETIVOS ... 18 2.1 Objetivo geral ... 18 2.2 Objetivos específicos... 18 3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 19 3.1 Resíduos sólidos ... 19 3.1.1 Classificação ... 24

3.1.2 Resíduos sólidos domiciliares no município de Campina Grande- PB ... 28

3.2 Recursos hídricos ... 31

3.2.1 Crise hídrica em Campina Grande-PB ... 36

3.3 Relação entre a geração de resíduos sólidos domiciliares com o consumo de água ... 40

4. MATERIAL E MÉTODOS ... 49

4.1 Classificação da pesquisa ... 49

4.2 Caracterização da área de estudo ... 49

4.3 Processo metodológico ... 50

4.4 Pesquisa documental ... 51

4.4.1 Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD) ... 51

4.4.2 Consumo de água ... 54

4.5 Apresentação e tratamento dos dados obtidos ... 56

4.5.1 Análise temporal dos dados ... 56

4.5.2 Gráficos boxplot e análise da tendência central ... 56

4.5.3 Coeficiente de correlação linear ... 57

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 59

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5.2 Consumo de água na tarifa social ... 63

5.3 Consumo de água na tarifa social e normal ... 67

5.4 Resíduos Sólidos Domiciliares- RSD ... 75

5.5 Correlação linear ... 82

6. CONCLUSÕES ... 84

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 86

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 87

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16 1. INTRODUÇÃO

Os resíduos sólidos compõem um dos pilares do saneamento básico, cuja importância passou a ser definitiva no Brasil com a sanção da Lei Federal n° 12.305/2010, regulamentada pelo Decreto n° 7.404 de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Para os efeitos desta legislação, os resíduos sólidos urbanos (RSU) englobam os resíduos sólidos domiciliares (RSD) e os resíduos de limpeza urbana. Os resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços se caracterizados como não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal.

De acordo com a PNRS os resíduos sólidos têm na sua classificação, quanto à origem, os RSD, que são caracterizados por serem os originários de atividades domésticas em residências urbanas (SANTAELLA et al., 2014).

Os RSD se destacam por sua geração está associada, diretamente, às variáveis normalmente crescentes ao longo do tempo, como: população, urbanização, poder de compra, entre outras. Na União Europeia essa quantidade variou na maioria dos países em 2010, entre 60% a 90% dos RSU, evidenciando a representatividade deste tipo de resíduo (JUCÁ, 2014).

De acordo com a taxa de cobertura do serviço de coleta de RSD dos municípios participantes do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento – SNIS, em relação à população total segundo região geográfica, a região Nordeste possui 84,7% de abrangência dos serviços de coleta (SNIS, 2016).

Quando considerado apenas a população urbana esse indicador é de 97,1%. Porém a disposição final desses resíduos nem sempre é realizada de forma adequada, ou seja, em aterros sanitários. Considerando o cenário nacional, 64,6% da massa total de resíduos sólidos coletados são dispostos de forma adequada, sendo o restante destinado em lixões e aterros controlados, vale salientar que aterro controlado é um lixão e a PNRS não reconhece esta forma de tratamento (SNIS, 2016).

Segundo Nóbrega (2003), a gestão de resíduos sólidos era simplesmente analisada como coleta e disposição final. Porém essa estratégia de abordagem vem mudando, obtendo ênfase ao tratamento, com o propósito de minimizar os rejeitos que serão encaminhados ao aterro sanitário, e desta forma reduzir tanto os custos de operação quanto a probabilidade de impacto ambiental produzido por sua disposição final.

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A gestão dos RSD tem constituído expressivo desafio para a sociedade, principalmente para administração pública, sobretudo no que se refere à sua quantidade e diversidade que é influenciada por diversos fatores: crescimento populacional, poder de consumo, nível de educação da população, dentre outros (SILVA, 2014). Por este motivo a geração deste resíduo está diretamente ligada aos padrões de consumo da população, que também pode está relacionada a alguns indicadores de utilização de serviços essenciais, como por exemplo, o consumo de água de uma localidade (ATHAYDE et al., 2008).

Considerando esse contexto, o reservatório Epitácio Pessoa, responsável pelo abastecimento do município de Campina Grande- PB, chegou a pior marca de sua história com 2,9% da sua capacidade total e em dezembro de 2014 a Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (CAGEPA) iniciou um processo de racionamento de água onde o abastecimento foi suspenso em determinados horários, dias e locais do município. Uma crise no consumo hídrico acarreta sérias consequências nos âmbitos social, econômico e ambiental, podendo-se destacar: a desaceleração do crescimento econômico e a redução na produção nas indústrias/agriculturas influenciando diretamente no poder de compra e nas mudanças dos hábitos alimentares e de higiene da população (GRANDE et al., 2016).

Sendo assim, este estudo aborda a influência da atual crise hídrica, vivenciada pelo município de Campina Grande, na geração dos resíduos sólidos domiciliares, à luz da Lei Federal nº 12.305/2010.

Esta dissertação é composta de oito capítulos, sendo o primeiro esta introdução, o segundo os objetivos geral e específicos. Já, o terceiro trata do referencial teórico, onde aborda os seguintes itens: resíduos sólidos, classificação, resíduos sólidos domiciliares no município de Campina Grande – PB, recursos hídricos, crise hídrica em Campina Grande – PB e a relação entre a geração de resíduos sólidos domiciliares com o consumo de água. O quarto capítulo aborda sobre o material e métodos adotados para esta pesquisa. O quinto e o sexto fazem referência aos resultados/discussões e as conclusões respectivamente. O sétimo contempla as sugestões para trabalhos futuros e por fim, o oitavo e último capítulo trata-se das referências bibliográficas.

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18 2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar o cenário da geração de resíduos sólidos domiciliares (RSD) no contexto da crise hídrica no município de Campina Grande- PB, no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2017.

2.2 Objetivos específicos

 Levantar informações nos órgãos públicos e sistemas de informações: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA), Prefeitura Municipal de Campina Grande (PMCG), Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA), entre outros, que possam proporcionar a composição e a análise da série histórica mensal dos dados de RSD e do consumo de água, gerado e consumido respectivamente, no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2017, considerando a crise hídrica vivenciada pelo município.

Quantificar, em termos absolutos, per capita e variações, a geração de resíduos sólidos domiciliares (RSD) e do consumo de água residencial ao longo do período.

 Analisar a tendência de medida central da geração do resíduo e do consumo de água descritos, em função dos meses do ano correspondente ao período citado.

 Avaliar a existência de correlação linear entre as variáveis ao longo da série histórica.

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19 3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Resíduos sólidos

A quantidade de resíduos gerados em um país está correlacionada à evolução de sua população, ao nível de urbanização, ao poder de compra dos habitantes, entre vários outros fatores. O Brasil possui uma área territorial de 8.514.876,599 km² e é o 5º maior país em extensão territorial do mundo, com uma população total de 207.660.929 habitantes (IBGE, 2017), dos quais cerca de 85% correspondem à população urbana de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD (IBGE, 2015).

Quando os centros urbanos crescem sem planejamento, o ambiente e o ser humano se tornam as grandes vítimas do progresso. No caso do Brasil, a lógica capitalista de desenvolvimento fez a população urbana crescer excessivamente, o que acarretou um acentuado êxodo rural e, consequentemente, mudanças no seu quantitativo populacional (COSTA, 2011).

A geração de RSD no país vem aumentando gradativamente em função do tempo, com alterações na qualidade dos resíduos, o que levanta discussões a respeito da gestão e da importância em destiná-los de forma adequada (NASCIMENTO et al., 2015). A busca de soluções para a gestão de RSD tem constituído expressivo desafio, principalmente para os países em desenvolvimento, sobretudo no que se refere à prevenção a poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos.

A partir da aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Federal n° 12.305/2010, após 20 anos de tramitação no Congresso Nacional, passou a existir um marco regulatório para a problemática dos RSU, considerando o bem-estar social e a sustentabilidade do meio ambiente. Essa legislação tem como objetivo: a proteção à saúde pública, qualidade ambiental sustentável e, principalmente, a disposição final ambientalmente adequada, o que poderá alavancar uma mudança no atual cenário do País (JUCÁ, 2014). Para a área da gestão de resíduos sólidos, a PNRS em conjunto com a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) e a Política de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) formam a base das legislações necessárias para a conscientização ambiental de uma sociedade (SILVA, 2014).

Nesse contexto, a elaboração do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos (PMGIRS) é condição necessária para os municípios terem acesso aos recursos da

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União, destinada à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, porém, apenas a existência dele não é suficiente para que ocorram efetivas mudanças nos sistemas de gestão, pois a realidade desses locais é bastante diferenciada em relação à capacidade de investimento. Mas independente das várias particularidades - sociais, econômicas e ambientais - que cada município possui é de extrema importância o conhecimento das legislações referentes à preservação do meio, pois favorece um desenvolvimento ordenado e coerente com as políticas públicas de conscientização e de responsabilidade ambiental (SANTAELLA et al., 2014).

Tão importante quanto às legislações, está o entendimento sobre a geração dos RSD perante as interferências naturais e também sobre temas relacionados com a gestão pública. Como exemplo pode-se citar o problema da seca, principalmente na região nordeste do país, que compromete o abastecimento de água para o consumo humano, acarretando vários prejuízos para sociedade e influenciando diretamente em variáveis como: economia, política, administração pública e meio ambiente.

Segundo Davis (2016), a geração de resíduos e seu descarte no meio ambiente é um problema desde os primórdios da existência humana no planeta. Na pré-história os povos já tinham conhecimento da necessidade de obter locais apropriados para colocar os resíduos que eles geravam, como por exemplo: ossos de animais consumidos, ferramentas sem serventias, vestimentas sem utilidades etc.

Com o passar dos tempos a população mundial vem aumentando em níveis alarmantes (Figura 1), principalmente quando considerado o período da revolução industrial, século XVIII a XIX, onde ocorreram grandes avanços nos processos produtivos através das máquinas. Aliando a esse período histórico veio a crescente ocupação demográfica pelos humanos, principalmente nos centros urbanos, e a necessidade pela demanda por produtos e bens impulsionando a geração de resíduos sólidos.

Atualmente o impacto ambiental causado pela geração de resíduos e, principalmente, a sua destinação inadequada tem levado a sociedade civil e os governos a encontrarem soluções para minimizar a degradação do meio ambiente e garantir a qualidade de vida das gerações futuras.

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Figura 1: Crescimento Populacional com projeções até 2100.

Fonte: Miller (2008).

Considerando o cenário nacional, segundo Onofre (2011), os crescentes aumentos na geração de resíduos geram problemas para diversos municípios, pois na maioria deles não há alternativas que garantam a destinação adequada dos rejeitos. Isso pode ser atrelado a diversos fatores como: falta de incentivo financeiro do poder público para investimento na área, fiscalização da aplicação das leis ambientais e a própria falta de conscientização da sociedade a respeito do tema.

Na Figura 2 pode-se observar que grande parte dos municípios brasileiros, dos que participaram dos questionários adotados pelo sistema, dispõe seus resíduos de forma inadequada, gerando consequências irreparáveis ao meio, entre elas está à contaminação do solo e da água.

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Figura 2: Destinação de resíduos sólidos domiciliares em relação à população urbana no Brasil

Fonte: SNIS (2016).

Além da destinação final adequada dos resíduos constituir um dos principais desafios a serem enfrentados pela gestão pública, a geração per capita é outro indicador preocupante que revela que é função do grau de urbanização de um município, ou seja, quanto maior for a sua população, maior será a geração per capita de seus habitantes.

Phillipi Jr. et al. (2004) relatam que esse tipo de geração depende de muitas variáveis, podendo-se citar as características locais, época e condições climáticas. O Quadro 1 mostra o cálculo feito pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), em pesagens realizadas em vários municípios do estado de São Paulo.

Quadro 1: Valores per capita de produção de resíduos sólidos domiciliares em função da população urbana.

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Nesses valores são considerados apenas os resíduos de origem domiciliar, da população urbana, que são aqueles provenientes das residências e pequenos comércios, não considerando nos cálculos os resíduos gerados nas indústrias, limpeza de vias públicas, podas de árvores, limpezas de córregos e outros que frequentemente são enviados para os aterros sob classificação única de resíduos sólidos.

Os resíduos sólidos constituem, de forma geral, subprodutos da atividade humana com características específicas, que são definidas geralmente pelo processo que os gerou. De acordo com a perspectiva da sociedade, materiais descartados que são aproveitados deixam de ser resíduos, constituindo assim matéria prima para a obtenção de outros produtos. Caso não haja viabilidade econômica por nenhum processo tecnológico disponível e acessível para seu aproveitamento, então são denominados de rejeitos.

De uma maneira semelhante às características que acontecem nos seres humanos, as sociedades de natureza antrópica também necessitam de matéria e energia para que se possa produzir, na etapa de saída, serviços e bens que são responsáveis pelo desenvolvimento de uma localidade (Figura 3). Porém a geração de resíduos fará parte desse processo, contribuindo para o aumento do potencial de risco ao meio ambiente e a toda uma população.

Figura 3: Balanço de Massa

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24 3.1.1 Classificação

De acordo com Phillipi Jr et al. (2004) as palavras: resíduo e lixo, são semelhantes no que diz respeito aos seus conceitos:

Resíduo: 1 Remanescente. 2. Aquilo que resta de qualquer substância; resto. 3. O resíduo

que sofreu alteração de qualquer agente exterior, por processos químicos, físicos etc.

Lixo: 1. Aquilo que se varre da casa, do jardim, da rua e se joga fora; entulho. 2. Tudo que

não presta e se joga fora. 3. Sujidade, sujeira, imundície. 4. Coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor.

Considerando o significado técnico e legal das duas palavras juntas, resíduos sólidos, segundo a Lei nº 12305/2010, tem-se a seguinte definição:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Segundo Barros (2012) há diversas formas de classificação para os resíduos sólidos, dentre as quais podemos citar: a atividade que os produziu, grau de biodegradabilidade e a forma de operacionalização dos serviços de coleta (Quadro 2). Para os efeitos da Lei nº 12.305/2010, os resíduos sólidos possuem a classificação conforme o Quadro 3 e considerando a NBR 10.004/2004, Resíduos sólidos - Classificação, pode-se obter a subdivisão de classes mostrada no Quadro 4.

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Quadro 2: Classificação dos resíduos sólidos segundo a atividade que os produziu

Tipos de RS Definição

RS produzidos nos domicílios, basicamente provenientes da cozinha e da limpeza e manutenção de casas,

Residencial compostos também de outros materiais descartados pelos usuários (a própria população), como papéis,

(ou domiciliar) embalagens (de plástico, de papelão etc), restos de alimentos, podas etc. Outros estabelecimentos (industriais ou

comerciais) têm parte de seus resíduos de tipo doméstico, variando os percentuais da composição gravimétrica.

Resíduos provenientes de estabelecimentos comerciais em geral, como escritórios, lojas, empresas, restaurante, bares.

Comercial São constituídos sobretudo por embalagens (papéis etc) e podem conter alguma matéria orgânica.

RS provenientes de diversas áreas das instituições hospitalares ( refeitórios, centros cirúrgicos, ambulatórios etc).

Serviços de saúde Fazem parte ainda desta classificação os resíduos de clínicas médicas, odontológicas e veterinárias, farmácias e

estabelecimentos similiares.

Segundo a NBR 10.0004 (2004), são aqueles resíduos em "estado sólido e semissólido que resultam das atividades

Industrial industriais (...)".

Resíduos provenientes de varrição regular de logradouros públicos, conservação e limpeza de zonas residenciais e

Varriação e feiras comerciais, limpeza de feiras livres etc. Constituídos de embalagens ( papéis, plásticos etc), cigarros, restos de capina

e de alimentos, areia e terra, materiais de poda etc.

Outros Resíduos não classificados nos itens anteriores.

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Quadro 3: Classificação dos resíduos sólidos segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos

Quanto à: Tipos de RS Definição

a) Resíduos domiciliares Originários de atividades domésticas em residências urbanas

b) Resíduos de limpeza urbana Originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana c) Resíduos sólidos urbanos englobados nas alíneas “a” e “b”

d) Resíduos de estabelecimentos Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; comerciais e prestadores de serviços

e) Resíduos dos serviços públicos Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; de saneamento básico

f) Resíduos industriais Os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;

Os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;

Os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;

Os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;

j) Resíduos de serviços de transportes Os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; k) Resíduos de mineração Os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;

Aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; b) Resíduos não perigosos Aqueles não enquadrados na alínea “a”.

Obervação: Em conformidade com a lei 12305/2010, os resíduos referidos na alínea “d” do inciso I do caput, se caracterizados como não perigosos,

podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal. g) Resíduos de serviços de saúde

h) Resíduos da construção civil i) Resíduos agrossilvopastoris I - O rige m a) Resíduos perigosos II - Per iculosi da de Fonte: Lei n° 12305/2010.

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Quadro 4: Classificação dos Resíduos Sólidos segundo a NBR 10.004/2004

Aqueles que apresentam periculosidade, com as características de: inflamabilidade, corrosividade, reatividade

toxicidade ou patogenicidade

Resíduos classe II A – Não inertes:

Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

b) Resíduos classe II – Não perigosos;

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G.

Resíduos classe II B – Inertes:

CLASSFICAÇÃO- NBR 10.004/2004

a) Resíduos classe I - Perigosos;

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Quando a NBR 10.004/2004 não for suficiente para a classificação de um determinado tipo de resíduo, seja por motivos econômicos ou técnicos, sua classificação ficará sob a responsabilidade dos órgãos estaduais e federais competentes (BARBOSA, 2014).

3.1.2 Resíduos sólidos domiciliares no município de Campina Grande - PB

De acordo com Monteiro et al. (2001) há esforços crescentes de vários municípios brasileiros na implementação de ações que fomentem a melhoria da gestão e gerenciamento dos sistemas de limpeza urbana, e apesar de várias iniciativas realizadas pelas comunidades, principalmente na área de reciclagem e coleta seletiva, é sabido que o quadro geral é preocupante, pois além de recursos são necessários o treinamento e a capacitação das administrações municipais para solução deste desafio.

Com relação à abrangência do manejo de resíduos sólidos domiciliares no município de Campina Grande (Quadro 5) é possível observar, ao longo do período, uma cobertura considerável e expressiva com relação à população total quanto urbana. No que diz respeito aos valores de recuperação de recicláveis observa-se que esse serviço, no município, deixa a desejar quando comparado com os indicadores anteriores.

Quadro 5: Taxas relativas ao manejo de resíduos sólidos domiciliares em Campina Grande-PB Taxa Ano 98,00 99,00 0,44 98,00 99,66 0,43 98,00 98,00 -98,00 98,00 -98,00 100,00 0,00 99,40 99,04 -100,00 100,00 -99,20 100,00 -- -

-Legenda: (-) Sem informação.

Cobertura da coleta de RSD em relação à população total

(%) Cobertura da coleta de RSD em relação à população urbana (%) Recuperação de recicláveis em relação à quantidade de RDO e RPU (%) 2016 2010 2009 2008 2015 2014 2013 2012 2011 Fonte: SNIS (2016).

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Com relação ao encaminhamento dado aos resíduos sólidos domiciliares no município foi utilizada, por vários anos, uma área de depósito a céu aberto configurando-se como um espaço de lixão (Figura 4). De acordo com Leite et al. (2003) esse espaço foi utilizado desde 1996 sendo desativado por completo no ano de 2012, sendo assim os resíduos foram encaminhados para o aterro sanitário no município de Puxinanã-PB, estando a aproximadamente 20 km de Campina Grande.

Em Julho de 2015 a gestão municipal de Puxinanã interditou o aterro sanitário (Figura 5), alegando diversos motivos de ordem técnica e financeira e ,em virtude deste fato, os resíduos passaram a ser depositados em um novo aterro sanitário no quilômetro 10 da PB-138, na zona rural de Campina Grande-PB, local este que funciona até a presente data.

Figura 4: Antigo Lixão no município de Campina Grande - PB

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Figura 5: Aterro Sanitário no município de Puxinanã- PB

Fonte: Morais (2014).

Neste contexto, estudos sobre aspectos quali-quantitativos dos resíduos sólidos domiciliares gerados são importantes para orientar decisões na sua própria gestão ou para direcionar trabalhos de aproveitamento, reciclagem e compostagem nesta área. Conforme Santos (2008):

“do ponto de vista qualitativo, os resíduos sólidos podem ser analisados por meio da determinação de variáveis físicas, químicas e biológicas. Entre as variáveis físicas destacam-se a geração per capita, a composição gravimétrica, o peso específico, o teor de umidade e a compressividade. Entre as químicas destacam-se o potencial hidrogeniônico (pH), a composição química e a relação carbono/nitrogênio, e entre as biológicas a determinação da população microbiana e dos agentes patogênicos”.

O método analítico quantitativo, denominado de gravimetria, possui como característica principal o processo que envolve a separação e pesagem dos resíduos sólidos determinando a porcentagem de cada um dos seus componentes quando coletados, como papel, papelão, vidro, etc. Para o desenvolvimento desta caracterização é utilizada a metodologia do quarteamento que consiste, segundo a NBR 10.007- 2004, no processo de

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divisão em quatro partes iguais de uma amostra de resíduo pré-homogeneizada, sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra e descartadas as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume desejado.

Considerando a caracterização dos resíduos (Quadro 6), realizada pela empresa ECOSAM (2013) para subsidiar informações para elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS- do município de Campina Grande-PB é possível observar a média da composição dos resíduos de acordo com a classe social.

Quadro 6: Resumo da caracterização gravimétrica no município de Campina Grande- PB

Fonte: ECOSAM (2013).

3.2 Recursos hídricos

Os recursos hídricos são de extrema importância para a sobrevivência e desenvolvimento de uma sociedade. Porém sabe-se que sua disponibilidade no meio ambiente tem sido insuficiente para atender à demanda, cada vez mais crescente, em várias regiões do Planeta. Ao longo da história da humanidade os usos desses recursos vêm se tornando consideravelmente mais diversificados e exigentes em termos de qualidade e quantidade, principalmente quando se considera o aporte para abastecimento humano.

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Conforme mostrado na Figura 6, a água ocupa aproximadamente 70% da superfície do planeta, porém 97,5% da água do planeta está localizada nos mares. Da parcela de água doce, 68,9% encontra-se nas geleiras, calotas polares ou em regiões montanhosas, 29,9% em águas subterrâneas, 0,9% compõe a umidade do solo e dos pântanos e apenas 0,3% constitui a porção superficial de água doce presente em rios e lagos.

Figura 6: Distribuição da água no planeta

Fonte: Plano Nacional de Recursos Hídricos (2016).

De acordo Heller e Pádua (2006) a demanda por água para consumo doméstico vem aumentando constantemente, ao longo dos tempos no Brasil, pelos motivos seguintes:

 Aumento acelerado da população nas últimas décadas, sobretudo nas áreas urbanas e em especial nas regiões metropolitanas e cidades de médio porte;

 Incremento da industrialização, aumentando a demanda por água em núcleos urbanos;  Aumento do volume de perdas de água em muitos sistemas de abastecimento, fruto da

obsolescência de redes e de baixos investimentos.

O consumo diário de água é muito variável no planeta. Além da disponibilidade do local, o seu consumo médio está fortemente relacionado com o nível de desenvolvimento do país, o nível de renda das pessoas e sua disponibilidade. É possível observar na Figura 7, o consumo de água no planeta que é predominantemente utilizado na agricultura, seguido da indústria e por último para uso doméstico.

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Figura 7: Consumo de água no planeta

Fonte: Plano Nacional de Recursos Hídricos (2016).

Conforme demonstrado por Azevedo Netto (1998) nos Estados Unidos, prevalecem, em média, os consumos mostrados no Quadro 7 abaixo:

Quadro 7: Consumo de água nos Estados Unidos

Natureza do consumo Porcentagem Doméstico 35% Comercial e industrial 30%

Público 10%

Perdas 25%

Total 100%

Fonte: Adaptado Azevedo Netto (1998).

Considerando o consumo de água de uso doméstico, há de se perceber que nos últimos anos, no Brasil, houve uma diminuição no consumo médio per capita de água para os prestadores de serviços participantes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) - período 2006 e 2016 (Figura 8). Isso ocorre provavelmente devido ao uso insustentável dos recursos hídricos, as mudanças climáticas modificando o ciclo hidrológico das regiões elevando o índice de escassez e a dificuldade dos gestores públicos de implementar um planejamento que assegure a garantia e disponibilidade de água para essa e as demais gerações.

É possível observar a evolução do consumo médio per capita de água para os prestadores de serviços participantes do SNIS entre os anos de 2006 e 2016. Como pode ser observado na Figura 8, o gráfico mostra um crescimento quase contínuo do indicador entre 2006 e 2012, totalizando 15,1% no período, embora se observe uma queda de 1,8% de 2008 para 2009. Entre 2009 e 2012 há significativo crescimento de 12,8% no consumo (SNIS, 2016).

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A partir daí foram três quedas seguidas (0,7%, 2,6%, 4,9% em 2013, 2014 e 2015, respectivamente) no consumo médio per capita de água. Essa situação pode se explicar, dentre outros fatores, pela crise hídrica à qual atravessa o país, acarretando a necessidade de diminuição no consumo de água. Já em 2016, observa-se uma tendência contrária às quedas registradas nos últimos anos. Com aumento de 0,2%, o índice nacional manteve-se similar ao ano de 2015 (SNIS, 2016).

Figura 8: Consumo médio per capita de água

Fonte: SNIS (2016).

Para os abastecimentos de uma região devem ser consideradas vários tipos de consumo de água que podem ser discriminadas de acordo com o Quadro 8:

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Quadro 8: Tipos de consumo de água

Uso doméstico

a) descarga de bacias sanitárias; b) asseio corporal;

c) cozinha; d) bebida;

e) lavagem de roupas; f) rega de jardins e quintais; g) limpeza geral;

h) lavagem de automóveis;

Uso comercial

a) lojas (sanitários e ar condicionado);

b) bares e restaurantes (matéria-prima, sanitários e limpeza); c) postos e entrepostos ( processos, veículos, sanitários e limpeza).

Uso industrial

a) água como matéria-prima;

b) água consumida em processo industrial; c) água utilizada para resfriamento;

d) água necessária para as instalações sanitárias, refeitórios, etc.

Uso público

a) limpeza de logradouros públicos; b) irrigação de jardins públicos; c) fontes e bebedouros;

d) limpeza de redes de esgotamento sanitário e de galeria de águas pluviais f) piscinas públicas e recreação.

Usos especiais a) combate a incêndios; b) instalações desportivas; c) ferrovias e metrôs d) portos e aeroportos; e) estações rodoviárias. Perdas e desperdícios a) perdas na adução; b) perdas no tratamento; c) perdas na rede distribuidora; d) perdas domiciliares;

e) desperdícios.

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A percepção errônea da abundância hídrica no planeta aliado a degradação ambiental mais o comportamento consumista crescente da população foram gerando um ambiente de desinformação, negligência a respeito dos temas que envolvem a conservação e a gestão desse recurso e, consequentemente, a uma cultura de desperdício e de descaso que veio se refletindo no consumo, na conservação, na gestão e com a falta de investimentos para seu uso e proteção mais eficientes.

O Brasil, embora seja um dos países mais ricos em reservas hídricas do planeta, apresenta, em seu território, uma distribuição bastante desigual de água. O Estado de São Paulo, onde residem 22% de toda a população do país, dispõe de apenas 1,6% da água superficial disponível (CONSULTORIA TÉCNICA, 2011).

Somado ao problema de distribuição hídrica, tem-se também como agravante a estiagem, que se iniciou em 2013 e que se estendeu até início de 2015, sendo a mesma considerada a mais grave dos últimos anos e deixou a região Sudeste do Brasil à beira de um colapso no fornecimento de água. Há estudos que indicam que a seca já havia atingido 70 cidades do estado de São Paulo, entre as quais os municípios de: São Paulo, Campinas e Americana, bem como e de modo bem mais severo, o município de Itu, onde as consequências do racionamento hídrico chegou a deixar alguns bairros por até 55 dias consecutivos sem água (CAPRIGLIONE, 2014).

Desta forma, embora essencial à vida e à alimentação, a água limpa e potável é um bem cada vez mais raro, precioso, que precisa ser protegido e preservado.

3.2.1 Crise hídrica em Campina Grande-PB

O Açude Velho e Açude Bodocongó eram os responsáveis, inicialmente, pelo abastecimento hídrico no município de Campina Grande, porém com crescimento da sua demanda e com seus níveis alarmantes de poluição, foi construído em 1957 o Açude Epitácio Pessoa também chamado de Boqueirão, no Rio Paraíba, para suprir a demanda de abastecimento do município de Campina Grande (RÊGO et al., 2001).

A Agência Nacional das Águas (ANA) passou a ser o Órgão Gestor das águas do Açude Epitácio Pessoa, outorgando o uso para abastecimento à Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA). Com o aumento na demanda de água, através do consumo humano e a atividade de irrigação, e considerando o início do ciclo de escassez hídrica, no ano de 2012 no Nordeste brasileiro, ocorreu o comprometimento da segurança hídrica da

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população abastecida pelo o Açude, situação essa agravada pela gestão ineficiente dos órgãos responsáveis pelo setor (SILVA et al., 2014).

Na Figura 9 estão representados os dados obtidos da Agência Estadual de Saneamento (AESA) a respeito do volume de água em metros cúbicos do açude Epitácio Pessoa, no período entre 31 de março de 2008 e 14 de março de 2018, e assim pôde ser constatado um dos piores níveis de água de sua história, chegando a 2,9% no final de março de 2017.

Quando o racionamento de água iniciou no município, em 6 de Dezembro de 2014, o reservatório estava com 24% de sua capacidade total, e a partir daí a CAGEPA passou a retirar água de acordo com o plano de contingência elaborado pela própria concessionária, a pedido do Ministério Público Estadual e através de resoluções conjuntas entre a Agência Nacional das Águas (ANA) e a AESA-PB. Um breve histórico do racionamento no município de Campina Grande é descrito a seguir:

 Em 6 de dezembro de 2014 a população ficou sem água durante 36 horas por semana;  Na segunda fase do racionamento, que começou em 6 de junho de 2015, a população

ficou 60 horas por semana sem água;

 A Resolução Conjunta ANA/AESA PB n° 960 determinou que em 1° de Novembro de 2015, a vazão média mensal de captação que era de 881 l/s, passou a ser de 650 l/s e a partir deste momento a população começou ficar sem água durante 84 horas por semana;

 O quarto e último modelo de racionamento adotado, a partir de 18 de julho de 2016, continuou com a mesma vazão de retirada de 650 l/s e o regime de racionamento de 45 horas por semana, dividindo o município em duas zonas de forma alternada;

 Em 25/08/2017 foi decretado o término do racionamento de água no município de Campina Grande e nos demais que dependiam deste manancial.

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Figura 9: Volume do Açude Epitácio Pessoa

Fonte: AESA (2017).

Devido à recarga de aquífero, desde o dia 18/04/2017, advindo da inauguração do Eixo Leste da Transposição do rio São Francisco foi percebido um aumento, ainda que discreto, na elevação do nível do reservatório analisado.

A carência de instalações suficientes de abastecimento de água para a humanidade constitui uma das maiores dívidas sociais persistentes no mundo. Há um contingente considerável de habitantes no planeta ainda afastados ou com restrição de acesso a esse bem, que deveria ser assumido como um direito indiscutível das pessoas. Segundo Phillippi Jr. (2004) a escassez hídrica tem conseqüências sociais, econômicas e ambientais, uma vez que:

 Comprometem o equilíbrio dos ecossistemas, dificultando a conservação da flora e da fauna e da diluição de efluentes;

 Provocam doenças por causa da má qualidade ou pela falta de água em quantidade suficiente para as necessidades mínimas;

 Impedem o desenvolvimento socioeconômico, ao prejudicar as atividades de recreação e pesca e as propostas paisagísticas; o desenvolvimento industrial, ao dificultar a

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geração de energia elétrica, refrigeração de máquinas, produção de alimentos, navegação e turismo; e o desenvolvimento da agricultura, ao dificultar a produção de cereais, frutas e hortaliças.

De acordo com a Quadro 9, a Região Nordeste é a que possui a menor proporção dos recursos hídricos no país. Nela está localizada a região semiárida do Brasil que padece de falta de água nos períodos de estiagem.

Quadro 9: Distribuição dos recursos hídricos em porcentagem em relação ao total do país

Região Recursos Hídricos (%)

Norte 68,50 Centro-Oeste 15,70 Sul 6,50 Sudeste 6,00 Nordeste 3,30 Total 100,00

Fonte: Adaptado UNIAGUA (2002).

Apesar da situação alarmante, em relação à distribuição dos recursos hídricos no Nordeste brasileiro, a CAGEPA atua com serviços de abastecimento de água no município de Campina Grande- PB, ou seja, consegue disponibilizar esse recurso até a residência do consumidor em quase totalidade da população, seja urbana ou rural (Quadro 10).

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Quadro 10: Índices relativos ao serviço de água em Campina Grande-PB

Índice Ano 99,98 100,00 99,19 100,00 100,00 99,07 100,00 100,00 98,98 100,00 100,00 98,95 95,33 100,00 98,93 95,30 100,00 99,00 99,50 100,00 99,00 100,00 100,00 99,17 100,00 100,00 99,40 Abastecimento de água em relação à população total (%)

Abastecimento de água em

relação à população urbana (%) hidrometração (%)

2016 2010 2009 2008 2015 2014 2013 2012 2011 Fonte: SNIS (2016).

3.3 Relação entre a geração de resíduos sólidos domiciliares com o consumo de água

Sabe-se que há estudos que indicam a relação entre a geração de resíduos sólidos domiciliares e o consumo de água residencial. Como exemplo tem-se o trabalho de Leite (2006) que possui como tema a análise crítica da taxa de coleta de resíduos domiciliares e busca avaliar as formas de cobrança praticadas pelas gestões municipais, particularmente em municípios de médio e pequeno porte, para a realização dos serviços de coleta e destinação final de resíduos sólidos domiciliares urbanos, além de fazer uma análise sobre as possíveis falhas de cobrança em alguns casos. Ademais, realiza levantamento de dados no município de Taiaçu-SP.

O estudo do autor supracitado apresentou, em sua metodologia, entrevistas através de formulários específicos em uma amostra de 210 domicílios urbanos, representando 14% dos domicílios do município e coeficiente de confiabilidade de 95%, porém 10 entrevistas foram descartadas por apresentarem dados duvidosos sendo utilizados efetivamente 200 formulários. As variáveis utilizadas neste trabalho fazem referência à média da quantidade de resíduos geradas mensalmente, do consumo de água e energia elétrica mensais, do número de pessoas que residem no local e da área construída. O autor procurou a correlação existente entre: RSD e consumo de água, RSD e consumo de energia elétrica, RSD e área construída do imóvel.

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Considerando a relação entre a média dos resíduos gerados mensalmente e a média da quantidade de água consumida mensalmente, o coeficiente de determinação obtido foi considerado pequeno (r²=0,0632). Pelo motivo da baixa correlação, estudou-se os dados por faixa de consumo dividindo o total de dados em cinco grupos, analisando-se cada grupo separadamente, ou seja, residências com consumo de água entre 0 a 10m³, 10 a 20m³, 20 a 30m³, 30 a 40m³ e 40 a 50m³. Sendo assim, as correlações encontradas são as mostradas no Quadro 11.

Quadro 11: Correlação entre consumo de água x RSD gerado por faixa de consumo

Faixas de Consumo de água domiciliar r² entre o consumo de água x quantidade de RSD gerada

0 a 10 m³ r²= 0,2182 10 a 20 m³ r²= 0,0114 20 a 30m³ r²= 0,0538 30 a 40 m³ r²= 0,1576 40 a 50 m³ r²= 0,1170 Fonte: Leite (2006).

Como mais uma vez a correlação não foi satisfatória, foi feito o somatório dos dados por faixa de consumo, ou seja, se na faixa de consumo de 0 a 10m³ havia 40 das 200 residências estudadas, era feito o somatório total do RSD e do consumo de água dessas 40 residências, obtendo-se assim um ponto no gráfico. Os valores obtidos pelo somatório dos dados por faixa encontram-se no Quadro 12.

Quadro 12: Valores obtidos por faixa de consumo de água

Água (m³) RSD (Kg) 0 a 10 131,25 1072,50 10 a 20 1052,67 4001,25 20 a 30 1736,85 4863,75 30 a 40 479,50 1102,50 40 a 50 341,25 562,00 50 a 60 343,75 333,75 Faixas de Consumo (m³/mês)

Somatório por faixa

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Como pode ser observado na Figura 10, obteve-se seis pontos no gráfico, gerando um elevado coeficiente de determinação (r²=0,8916).

Figura 10: Consumo de água x Quantidade de RSD gerado por faixas de consumo agrupadas

Fonte: Leite (2006).

Ainda segundo Leite (2006), há que se observar que por mais que se procure atingir todos os fatores responsáveis pela geração de resíduos domiciliares, existem situações particulares que ocorre devido às divergências existentes junto a população estudada, como nível de renda, grau de instrução, atividade profissional, hábitos de consumo, etc.

Com o mesmo raciocínio, D’Ella (2000) fez um trabalho em campo para buscar a comprovação da relação existente entre a geração de resíduos sólidos domiciliares e a utilização da água. A pesquisa foi realizada no município de Mairinque-SP, com população aproximada de 50.000 habitantes, tendo os dados sido obtidos com uma maior facilidade devido ao fato da empresa responsável pelo gerenciamento e execução dos serviços de limpeza pertencer ao mesmo grupo responsável pelos serviços de água e esgoto do município. Neste estudo, a área de Mairinque-SP foi dividida em dez grupos com o objetivo de melhor gerenciar os dados obtidos. Destes, escolheu-se três grupos para que ficassem entre os selecionados grupos dos diversos padrões socioeconômicos, ou seja, um grupo de alto, um de médio e um de baixo padrão, conforme Quadro 13.

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Quadro 13: Seleção dos grupos e seu padrão sócio-econômico

Fonte: D’Ella (2000).

Através da empresa responsável pela gestão água e esgoto do município, foi obtida a utilização média de água nos meses de julho, agosto e setembro do ano de 1998, bem como o número de economias de cada grupo. Realizou-se também a pesagem dos RSD de cada grupo separadamente. Os dados obtidos encontram-se no Quadro 14.

Quadro 14: Síntese dos dados levantados

Grupos Geração mensal Utilização mensal N° de economias Resíduos gerados Água consumida Índice Relacional de resíduos (kg) de água (m³) por economia (kg) por economia (m³) (kg/m³)

5 61468 28182 1087 56,55 25,93 2,18

6 50245 25567 1380 36,41 18,53 1,96

8 28708 15277 915 30,19 16,06 1,88

Fonte: D’Ella (2000)

Através do referido quadro, D`Ella (2000) conclui que os índices relacionais obtidos na última coluna comprova a relação existente entre os resíduos gerados e a água consumida. Outra conclusão importante, e já esperada, a que se chega é que o grupo 05, o qual possui padrão socioeconômico alto, é quem gera mais resíduos, seguido dos grupos 6 e 8 de padrões médio e baixo, respectivamente. Com este trabalho, D`Ella sugere a mudança da forma de cobrança, que poderia passar a ser feita da seguinte forma: quantifica-se o custo da coleta mensal e divide-se pela quantidade de água consumida mensalmente. Desta forma, poderia obter quantos reais se pagaria pela taxa de resíduos a cada m³ de água consumida.

Corroborando com a mesma ideia, o trabalho realizado por Onofre (2011) teve com um dos objetivos propor um modelo que viabilizasse a cobrança da Taxa de Coleta de Resíduos (TCR) levando em consideração a quantidade de resíduos domiciliares gerada por dia, em três residências possuindo o mesmo padrão sócio econômico, no município de João Pessoa-PB. Os resultados mostraram ser possível estimar a quantidade de RSD

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gerados a patir do consumo de água do domicílio sugerindo um modelo matemático para estimativa da geração de RSD possuindo como variável independente o consumo de água.

Há uma tendência, no país, de as prefeituras remunerarem os serviços de limpeza urbana através de uma taxa, geralmente cobrada na mesma guia do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), tendo essa como base de cálculo à área da propriedade imobiliária consistindo de uma prática inconstitucional, segundo juristas e advogados, que vem sendo substituída por diversas outras formas de cobrança, sendo que, ainda não existe um consenso quanto à maneira mais adequada de fazê-la (MONTEIRO, et. al., 2001).

Segundo Onofre (2011) a forma mais justa de cobrança seria os resíduos serem pesados sempre que coletados em cada residência e ao final do mês o valor cobrado seria exatamente o que cada domicílio tenha gerado. Porém a logística desse sistema inviabilizaria todo processo tornando-o lento e oneroso.

É importante avaliar esses parâmetros de correlação com o objetivo de propiciar um novo entendimento de cálculo para arrecadação municipal com os serviços de: coleta, transporte e destinação final dos resíduos sólidos domiciliares que garantam vantagens tanto para as gestões municipais como para a população.

Na pesquisa realizada por Athayde Jr, et.al. (2008) foi possível estimar a geração de RSD a partir do consumo de água e de energia elétrica em quatro edificações residenciais, localizados em quatro bairros distintos de classe média alta, no município de João Pessoa-PB. Foi analisada a correlação entre a massa de RSD gerada em termos absolutos e o consumo de água domiciliar diário e considerando o conjunto de dados, dos quatro edifícios, foi possível concluir a possibilidade de estimar a quantidade de RSD gerada principalmente quando considerado o indicador do consumo de água, pois esse apresentou coeficiente de determinação elevado. O trabalho ainda propõe um modelo matemático que poderá servir como cálculo da massa de RSD gerada por uma edificação e assim permitir que os órgãos públicos municipais possam aplicar taxas de cobranças de serviços de coleta de resíduos sólidos mais justas, que na atualidade, nos municípios brasileiros, se baseia na área do imóvel.

No Quadro 15, proposto por Souza (2012), são apresentados alguns modelos de cobrança, mostrando como é realizado o cálculo da taxa ou tarifa em alguns municípios brasileiros.

Referências

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