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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. Albina Carvalho de Oliveira Nogueira

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Albina Carvalho de Oliveira Nogueira

ELABORAÇÃO DE CURSO DE FITOTERAPIA PARA O ENSINO DE BOTÂNICA, COM BASE NAS

PLANTAS MEDICINAIS SELECIONADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE DE INTERESSE PARA O SUS

Belo Horizonte 2012

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ELABORAÇÃO DE CURSO DE FITOTERAPIA PARA O ENSINO DE BOTÂNICA, COM BASE NAS

PLANTAS MEDICINAIS SELECIONADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE DE INTERESSE PARA O SUS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Biologia.

Orientadora: Profª. Drª. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino.

Coorientadora: Profª. Drª Andréa Carla Chaves.

Belo Horizonte 2012

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ELABORAÇÃO DE CURSO DE FITOTERAPIA PARA O ENSINO DE BOTÂNICA, COM BASE NAS

PLANTAS MEDICINAIS SELECIONADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE DE INTERESSE PARA O SUS

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

_____________________________________________________________ Profª. Drª. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino (Orientadora) – PUC Minas

_____________________________________________________________ Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves (Coorientadora) – PUC Minas

_____________________________________________________________ Prof. Dr. David Pereira Neves- Faseh

_____________________________________________________________ Prof. Dr. Wolney Lobato – PUC Minas

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Para Hugo José de Oliveira (in memoriam) e Alice Ezequiel de Carvalho Oliveira, meus honrados e queridos pais, exemplos de amor e dedicação.

Para Marco Antonio, meu querido esposo, companheiro de jornada e aprendizado.

Para Ricardo e André, meus queridos e amados filhos, alegrias de minha vida.

Para Maria Francisca, Hugo e Manoel, meus queridos irmãos.

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AGRADECIMENTOS

Foram várias as pessoas que me auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho. No apoio ao curso, nas discussões teóricas, nos trabalhos de campo, na amizade, no carinho ou na paciência. Cada um, à sua maneira, contribuiu de forma imensurável para a minha formação como pessoa ou como profissional. Agradeço a todos que foram fundamentais nesta etapa de minha vida.

À Dra. Profª. Drª. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino, que aceitou o desafio de me orientar, sempre apoiando e aperfeiçoando com competência o desenvolvimento do meu trabalho. Agradeço, principalmente, por sua confiança, amizade e disponibilidade de sempre.

À Dra. Andréa Carla Chaves, pelas sugestões, correções, incentivo e apoio. À Fundação Zoobotânica, na pessoa do seu presidente, Sr. Evandro Xavier Gomes, e da diretoria executiva, por liberarem parte da minha carga horária de trabalho no Jardim Botânico (JB) para a realização do mestrado.

À assessoria de comunicação da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte (FZB-BH), pela divulgação do curso no Diário Oficial do Município.

À Prefeitura de Belo Horizonte (Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte S/A. - PRODABEL), pela impressão do material didático distribuído aos alunos do curso de Fitoterapia.

Ao Jardim Botânico da FZB-BH, na pessoa do seu diretor Gladstone Correa Araújo, por disponibilizar suas instalações e funcionários para as aulas no jardim de plantas medicinais, ervanário, herbário e produção de mudas.

Ao Conselho Regional de Biologia, na pessoa do seu presidente, Sr. Gladstone Correa Araújo, por disponibilizar as instalações e funcionários do Conselho Regional de Biologia (CRBio) para a aplicação do curso.

À Prefeitura de Belo Horizonte (Diário Oficial do Município), Conselho Regional de Biologia, Sociedade dos Amigos da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte e à Rede Fito-Cerrado (Ministério da Saúde), por divulgarem o curso “Fitoterapia para profissionais da saúde”.

Aos coordenadores, professores, funcionários e colegas do mestrado que conviveram comigo nesse período, pela troca de experiências, informações e sugestões. Destaco aqui Mariana, pelo carinho, disponibilidade e principalmente por sua amizade de sempre.

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Aos alunos do curso de Fitoterapia não devo agradecer apenas por terem participado e avaliado o curso, mas também por me terem permitido aprender um pouco mais sobre o uso das plantas medicinais em várias localidades de Minas Gerais (Brasil) e em outros países, como a Bolívia e Guiné Bissau.

Especialmente a meus pais, Hugo e Alice, aos quais faço de cada conquista um instrumento de gratidão e reconhecimento por tudo que recebi deles, principalmente a confiança necessária para realizar meus sonhos.

Ao meu marido, Marco Antonio, sempre paciente e disponível aos meus apelos profissionais durante o mestrado e sua participação nos trabalhos de informática e layout do material didático.

A meus filhos, Ricardo e André, sempre disponíveis nos finais de semana para fotografarem as atividades durante o curso e, principalmente, pela paciência, carinho e compreensão nos meus momentos mais difíceis.

À Carolina, minha sobrinha, que muito me ajudou na primeira etapa do curso como fotógrafa e com suas críticas.

Ao meu irmão, Manoel Domingos, sempre me incentivando, por sua gentileza, afeto e disponibilidade de sempre, nas minhas dúvidas na elaboração e execução do meu mestrado.

Aos meus irmãos, Maria Francisca e Hugo, por suas presenças afetivas, pelo apoio e incentivo constantes.

À minha maravilhosa família Carvalho Oliveira e Nogueira, meus cunhados e sobrinhos, pelo amor, partilha e alegria que me proporcionam sempre.

Aos colegas do Jardim Botânico, Gladstone Araújo, Marina Torres, Márcia Bacelar, Miriam Pimentel, Maria Guadalupe Carvalho, Ines Ribeiro, Juliana Ordones, Fernando Fernandes, Sérgio André, Gustavo Nassif, Rodrigo Moreira, Carla Daniela, Magna Lemos e Humberto Espirito Santo (Zoo) pelo apoio, amizade e contribuição técnica durante o desenvolvimento do meu trabalho.

E, finalmente, agradeço a Deus, a todos meus amigos e àqueles que neste momento fogem à minha memória, mas que, de alguma forma, deram a sua contribuição e fazem parte da minha história...

Muito agradecida!

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No final, conservaremos somente o que amamos, amaremos somente o que compreendemos,

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RESUMO

Baseando-se na importância da capacitação de profissionais da saúde para a Fitoterapia, a proposta deste trabalho foi elaborar um curso utilizando uma sequência didática para o ensino de Botânica, tendo como base a Relação Nacional de Plantas Medicinais de interesse do Sistema Único de Saúde. Na graduação, extensão e na pós-graduação, em que a Fitoterapia faz parte do conteúdo programático, a Botânica, quando é enfocada, é quase sempre teórica, desestimulante, fundamentada em repetição e fragmentação. Utilizam-se métodos que distanciam o estudo dos vegetais da relação com os outros conteúdos integrados ao tema. Este trabalho apresenta um conjunto de unidades didáticas sobre a “Fitoterapia”, com o propósito de focalizar o conteúdo botânico com sugestões de estratégias para orientar e subsidiar o professor para que ele tenha mais segurança em abordar a Botânica nos cursos de Fitoterapia para profissionais da área de saúde. Para a elaboração do curso, foi feito inicialmente um levantamento sobre o conteúdo de 10 cursos de Fitoterapia. A sequência, elaborada a partir do modelo proposto por Zaballa, teve como referência as plantas medicinais indicadas no Sistema Único de Saúde para a produção de fitofármacos/fitomedicamentos, configurando-se no produto educacional desta pesquisa. As unidades didáticas foram experimentadas em sala de aula (atividades teóricas) e no Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte (atividades práticas) com 26 profissionais da área de saúde. Para cada atividade didática elaborada foram indicados título, objetivos, tempo de duração, material necessário e desenvolvimento. Foi elaborado material didático para o aluno e para o professor, com sugestões e direcionamento das aulas, resultando em ferramenta complementar para capacitar, facilitar e desencadear o processo ensino- aprendizagem na formação dos profissionais da saúde no tocante à Botânica ligada à Fitoterapia. A partir da apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos alunos, evidenciaram-se mudanças de conceitos, procedimentos e posição mais criteriosa em relação ao uso das plantas medicinais. Finalizando, os alunos avaliaram o curso, apresentando suas sugestões e críticas.

Palavras-chave: Sequência didática. Ensino-aprendizagem de Botânica. Fitoterapia. Sistema Único de Saúde.

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ABSTRACT

Based on the importance of training health professionals for Phytoterapy, the purpose of this study was to develop a course using a didactic sequence for teaching Botany based on the National List of Medicinal Plants of interest to the Unified Health System. In extent and in graduate school where Phytoterapy is part of the curriculum, the focus on botany is often theoretical, unexciting, based on repetition and fragmentation. They use methods that separate the study of plants from the relationship with other content integrated into the theme. This research presents a set of teaching units on the " Phytoterapy " in order to focus on botanical content with strategies suggestions that guide and subsidize the teacher giving him more confidence to approach botany in Phytoterapy courses for Health professionals. In order to prepare the course, initially, a research of the contents and how they are developed was made in ten courses in Phytoterapy. The sequence, drawn from the model proposed by Zaballa, had by reference the medicinal plants listed in the Unified Health System for the production of Phytochemicals / Phytomedicine, setting up the educational product in this dissertation. The teaching units were tested at the classroom (theoretical activities) and at the Botanical Garden of the Fundação Zoobotânica from Belo Horizonte (practical and field activities) with twenty-six health professionals. For each didactic activity produced, was nominated title, objectives, duration, required material and development. Teaching material for the student and the teacher with suggestions and guidance lessons was prepared, resulting in a complementary tool to enable, facilitate and initiate the teaching / learning process in the training of health professionals regarding the Botany related to Phytoterapy. Through the presentation of works developed by students changes in concepts, procedures and more careful position in relation to the use of medicinal plants were evidenced. Finally, students evaluated the course by presenting their suggestions and criticisms.

Keywords: Sequence teaching. Teaching-Learning of Botany. Phytoterapy. Unified Health System.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Jardim de plantas medicinais do Jardim Botânico... 39

FIGURA 2 – Bauhinia forficata... 48

FIGURA 3 - Participantes do curso de fitoterapia: aula expositiva... 58

FIGURA 4 - Participantes do curso em trabalho de grupo... 60

FIGURA 5 - Participantes do curso utilizando a apostila... 62

FIGURA 6 – Aula expositiva: metabolismo secundário... 64

FIGURA 7 – Aula expositiva: cultivo... 64

FIGURA 8 – Espécies in natura... 66 FIGURA 9 – Aula prática: critérios de utilização... 66

FIGURA 10 - Aula prática: formas farmacêuticas... 68

FIGURA 11 - Estufa de cultivo e jardim de plantas medicinais... 70

FIGURA 12 - Aula de campo no jardim de plantas medicinais... 72

FIGURA 13 - Aula de campo no Jardim Botânico (jardim de plantas . . medicinais)... 72

FIGURA 14 - Coleções secas: herbário e ervanário... 73

FIGURA 15 - Aula prática: ervanário... 73

FIGURA 16 - Aula prática no Jardim Botânico (ervanário)... 74

FIGURA 17 – Apresentação dos alunos... 75

FIGURA 18 – Apresentação dos alunos... 75

FIGURA 19 – Entrega de certificados... 76 FIGURA 20 – Entrega de certificados... 76 FIGURA 21 - Alunos respondendo o questionário... 77

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Avaliação do conteúdo programático de 10 cursos de . . Fitoterapia para profissionais da área de saúde... 50 GRÁFICO 2 - Profissionais da saúde participantes do curso... 78

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Lista de plantas medicinais de interesse do SUS - Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS)... 37 QUADRO 2 - Exemplo da caracterização de plantas medicinais no material

. didático... 48 QUADRO 3 - Espécies de plantas medicinais com dados insatisfatórios... 54 QUADRO 4 - Questionário de avaliação do curso... 77 QUADRO 5 - Avaliação dos alunos em relação ao curso... 78

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LISTA DE SIGLAS

CEME - Central de Medicamentos CRBio - Conselho Regional de Biologia

DAF - Departamento de Assistência e Farmacêutica

DOM - Diário Oficial do Município FZB - Fundação Zoobotânica JB - Jardim Botânico

MS - Ministério da Saúde

OMS - Organização Mundial de saúde

PMNPC - Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares PNPI - Política Nacional de Práticas Integrativas

PPPM - Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais PRODABEL – Processamento de dados de Belo Horizonte

RENISUS - Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS SCTIE - Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos SEA - Serviço de Educação Ambiental

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 27 1.1 Justificativa... 29 1.2 Objetivos... 32 1.2.1 Objetivo geral... 32 1.2.2 Objetivos específicos... 32

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA... 33 2.1 A Botânica como diretriz nos cursos de Fitoterapia... 33 2.2 Fitoterapia no SUS/ Ministério da Saúde... 35 2.3 O Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte.... 38 2.4 Concepção construtivista e a sequência didática... 40

3 METODOLOGIA... 43 3.1 Fase exploratória... 43 3.1.1 Levantamento sobre o ensino de Fitoterapia em instituições de

ensino superior... 43

3.1.2 Pesquisa bibliográfica: sequência didática, ensino de Botânica e

fitoterapia no SUS... 44

3.1.3 Levantamento e seleção dos aspectos mais importantes da teoria

de Zabala para direcionamento da elaboração da sequência didática e do

material didático... 44

3.1.4 Levantamento bibliográfico sobre as espécies medicinais indicadas

pelo SUS para a produção de fitomedicamentos/

fitofármacos... 45

3.1.5 Levantamento fotográfico das espécies medicinais (SUS) no Jardim

Botânico... 45

3.2 Elaboração do produto... 45 3.2.1 Seleção dos conteúdos importantes para os profissionais da saúde

relativos à Fitoterapia... 46

3.2.2 Elaboração das unidades didáticas que constituirão a sequência

didática do curso com os conteúdos selecionados e as plantas

indicadas... 46

3.2.3 Revisão bibliográfica sobre os temas abordados nas atividades.. 47 3.3 Teste do produto... 47 3.4 Coleta de dados... 49 3.5 Análise dos dados... 49

4 RESULTADOS... 50 4.1 Fase exploratória... 50 4.1.1 Levantamento das instituições de ensino... 50 4.1.2 Cursos diagnosticados/ estrutura... 50 4.1.3 Pesquisa bibliográfica: sequência didática, ensino de Botânica e

Sistema Único de Saúde... 51

4.1.4 Levantamento e seleção dos aspectos mais importantes da teoria de

Zabala para a elaboração da sequência didática e do material didático a

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4.1.5 Levantamento bibliográfico sobre as espécies medicinais indicadas

pelo SUS para a produção de fitofármacos e/ou

fitomedicamentos... 52

4.1.6 Levantamento fotográfico das espécies medicinais (SUS) no Jardim

Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte... 54

4.2 Elaboração do produto... 55 4.2.1 Seleção dos conteúdos relativos à Fitoterapia, importantes para os

profissionais da saúde... 55

4.2.2 Elaboração das unidades da sequência didática do curso com os

conteúdos e plantas selecionados... 55

4.3 Teste do produto... 56 4.3.1 Aplicação do curso... 57 4.4 Coleta de dados... 77 4.5 Análise dos dados... 78

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 81 REFERÊNCIAS... 83 APÊNDICES... ANEXOS... 85 147

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1 INTRODUÇÃO

O tradicionalismo, a falta de investimentos e estudos são fatores que podem tornar as atividades de ensino enfadonho e desinteressante. A Botânica, uma ciência tão rica e fácil de ser apresentada não foge a essa regra. Assim “Atividades práticas, em sua maioria, apresentam limitações, em decorrência de insegurança muitas vezes demonstrada pelo professor” (ALMEIDA et al., 2008, p.10). À medida que se desprende das práticas tradicionais e percebe-se a educação como processo mais dinâmico, em que professores e alunos desenvolvem o ensino e aprendizagem de maneira participativa, passa-se a investir em metodologias que ampliam esse processo.

O ensino de Botânica, hoje, é marcado por diversos obstáculos e tem sido alvo da preocupação de vários pesquisadores.

As dificuldades em se ensinar e, consequentemente, em se aprender Botânica tornam a “cegueira Botânica” mais evidente, tanto entre os estudantes quanto professores. A aquisição do conhecimento em Botânica é prejudicada não somente pela falta de estímulo em observar e interagir com as plantas, como também pela precariedade de equipamentos, métodos e tecnologias que possam ajudar no aprendizado (CECCANTINI, 2006, p. 335).

“O atual currículo nos cursos voltados para a área de saúde vem sendo motivo de questionamentos e análises de forma sistemática por profissionais e educadores, bem como a questão dos seus conceitos e sua duração” (ESTEFAN, 1986,p.505). Esses problemas podem ser resolvidos buscando-se uniformidade, mantendo-se, entretanto, possibilidades de inovação em cada curso, visando atender às peculiaridades do ensino.

Problemas de saúde derivam geralmente de fatores sociais, econômicos e políticos e poderão ser modificados com a participação coletiva. Nesse sentido, urgem o incremento e o estímulo a projetos de educação que se dediquem à manutenção e à proteção da saúde nos quais se devem incluir atores dos segmentos tanto da saúde como da educação. Há reconhecimento internacional da necessidade de mudança na educação em áreas da saúde frente à inadequação do aparelho formador em responder às demandas sociais.

Na perspectiva desenvolvida por Cunha (2001), a inovação pode contribuir para a ruptura com o paradigma dominante, fazendo avançar em diferentes âmbitos,

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formas alternativas de trabalhos que quebrem com a estrutura tradicional. O processo de mudança na educação traz inúmeros desafios, entre os quais: romper com estruturas cristalizadas e modelos de ensino tradicional e formar profissionais da saúde com competências que lhes permitam conhecer novos conceitos e adaptar esses conceitos à profissão. Um conceito milenar e que hoje tem sido foco de estudo na área da saúde é a Fitoterapia.

Fitoterapia é a terapêutica caracterizada pelo uso das plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal (LUZ NETTO, 1998).

O uso das plantas medicinais não é isento de efeitos colaterais, interações medicamentosas ou contraindicações. Apresentam substâncias que podem ser tóxicas, desencadeando reações adversas. São necessárias medidas de conscientização da população e educação dos profissionais de saúde para que o uso racional das plantas medicinais seja disseminado.

A Botânica, nos cursos de Fitoterapia das áreas de saúde, com base no levantamento feito pela autora em alguns conteúdos programáticos, está sempre ligada à farmacognosia, fitoquímica e farmacobotânica. As disciplinas em questão enfocam muito mais a química do que a identificação e os critérios de utilização dos vegetais. O estudo taxonômico ou as relações entre famílias botânicas e a constituição química (quimiotaxonomia) são pouco focalizados. Analisando algumas disciplinas ligadas à fitoterapia para profissionais da saúde, observou-se acentuada deficiência no conteúdo relacionado às plantas.

Disciplinas clássicas no currículo de Farmácia, como a Botânica e a Farmacognosia, estão em franco abandono. É necessário retomá-las, fortalecê-las, como forma de implementar a pesquisa na área de produtos naturais. Recentemente tem-se ressaltado a importância da Botânica não apenas no conhecimento de plantas medicinais, mas em outros problemas relacionados com a saúde ambiental (ESTEFAN, 1986, p.507).

O relatório final da Conferência Nacional de Saúde (1996), realizada no Brasil, delibera que a Fitoterapia seja incentivada na assistência farmacêutica e elabora normas para sua utilização nos programas de saúde. Para isso, os profissionais da área deverão conhecer as plantas medicinais nos cursos de graduação, extensão e/ou pós-graduação (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1996).

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A partir da minha experiência desenvolvendo projetos voltados para plantas medicinais e educação junto a prefeituras, universidades públicas e privadas e ministrando cursos nessas instituições e no Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, foi possível observar a dificuldade do público em conhecer e estudar Botânica. Tanto para os leigos como para os profissionais em saúde que usam ou trabalham com plantas medicinais, conhecer o vegetal é indispensável para lidar corretamente com este assunto.

Considerando os processos de mudança na educação e a demanda por novas formas de trabalhar com o conhecimento, buscou-se com este trabalho uma inovação na área da saúde com o estudo dos vegetais na Fitoterapia. O curso aqui apresentado foi estruturado em unidades didáticas, inseridas num método construtivista com ênfase em Botânica.

Um curso de Fitoterapia, no qual a prioridade é estudar o vegetal, foi objetivo e incentivo para a elaboração do meu trabalho final no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática. O curso Fitoterapia para profissionais da saúde tendo como base as plantas medicinais indicadas no SUS pode ser uma ferramenta a mais no programa nacional de saúde e nas instituições de ensino que formam ou especializam profissionais da área de saúde.

1.1 Justificativa

O uso das plantas como medicamento é um fator marcante na cultura popular e tão antigo quanto o próprio homem. Antes de aparecer qualquer forma de escrita, o ser humano já usava as plantas como alimento e remédio. Experimentando e passando adiante, através da tradição oral, firmou-se o hábito de usar certas ervas para determinados males (GUIÃO et al., 2004 p.45). A história do uso das ervas também está associada às lendas, práticas mágicas e ritualísticas.

A utilização das plantas medicinais (fitoterapia) nos programas de atenção primária, como recomenda a Organização Mundial da Saúde, pode se constituir numa forma muito útil e econômica de alternativa terapêutica.

Segundo Guião et al. (2004.p.78), associar o avanço tecnológico, conhecimento popular e desenvolvimento sustentável e implementar uma política de assistência farmacêutica eficaz, abrangente e humanizada para as populações de baixa renda passa a ser uma das grandes metas do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Em 1986, o relatório final da 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizado em Brasília, refere-se à introdução de práticas alternativas no SUS e ao acesso democrático de escolher a terapêutica preferida. Na 10ª Conferência Nacional da Saúde de 1996, gostaria de destacar duas das deliberações:

a) Incorporar ao SUS, em todo o país, as práticas de saúde como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias alternativas e práticas populares.

b) O Ministério da Saúde deve incentivar a fitoterapia na Assistência Farmacêutica Pública e elaborar normas para sua utilização, amplamente discutidas com os trabalhadores em saúde e especialistas, nas cidades onde existir mais participação popular com gestores mais empenhados com a questão da cidadania e dos movimentos populares (CONFERÊNCIA NACIONAL DA SAÚDE, 1996p.50).

Desde 1996 sou curadora das coleções de Etnobotânica e Plantas Medicinais Aromáticas e Tóxicas do Jardim Botânico de Belo Horizonte e a partir de 2008 passei a fazer parte do conselho gestor do Fito Cerrado das Redes Fito (Programa Nacional de Plantas Medicinais do Ministério da Saúde). Em minha experiência como participante e ministrante de cursos de Fitoterapia percebo a complexidade desse conteúdo e a importância em detalhar os critérios de utilização dos vegetais, principalmente em relação à identificação botânica, para a manutenção e eficácia da fitoterapia.

Simões et al. (2004) enfatizam que a primeira etapa do estudo de um fitoterápico é a seleção do material a ser testado. Garantir a uniformidade e a estabilidade do produto a ser utilizado durante todo ensaio é essencial para a qualidade de todo o processo. A identificação da planta medicinal oferece dificuldades já na fase preliminar. “É comum a confusão botânica entre espécies afins e exemplares de uma mesma espécie colhidos em épocas diferentes ou locais diferentes, não tendo necessariamente a mesma atividade” (SIMÕES et al., 2004,p.78). A maioria dos cursos de graduação e/ou extensão mostra muito pouco ou nada sobre a identificação do vegetal que é indicado na terapia medicinal.

A Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares (PMNPC) (BRASIL, 2006a) tem como uma de suas diretrizes a formação e educação permanente dos profissionais de saúde em plantas medicinais e fitoterapia. Para tanto, deverão ser adotadas medidas que possibilitem:

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1. Definir localmente, em consonância com a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, a formação e educação permanente em plantas medicinais e fitoterapia para os profissionais que atuam nos serviços de saúde. A educação permanente de pessoas e equipes para o trabalho com plantas medicinais e fitoterápicos, pactuada junto aos polos de educação permanente, dar-se-á nos níveis:

1.1. Básico interdisciplinar comum a toda equipe: contextualizando a Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares (PMNPC), contemplando os cuidados gerais com as plantas medicinais e fitoterápicos;

1.2. específico para profissionais de saúde de nível universitário: detalhando os aspectos relacionados à manipulação, uso e prescrição das plantas medicinais e fitoterápicos;

1.3. especifico para profissionais da área agronômica: detalhando os aspectos relacionados à cadeia produtiva de plantas medicinais. 2. Estimular a elaboração de material didático e informativo visando apoiar

os gestores do SUS no desenvolvimento de projetos locais de formação e educação permanente.

3. Estimular estágios nos serviços de fitoterapia aos profissionais das equipes de saúde e estudantes dos cursos técnicos e graduação. 4. Estimular as universidades a inserir nos cursos de graduação e

pós-graduação, envolvidos na área, disciplinas com conteúdo voltado para as plantas medicinais e fitoterapia (BRASIL, 2006a, p.18).

Baseando-se nessa diretriz e considerando os processos de mudança na educação e a demanda por novas formas de trabalhar com o conhecimento, buscou-se com este trabalho uma inovação na área da saúde com o estudo dos vegetais na Fitoterapia. A elaboração de um curso utilizando uma sequência didática promove a integração de conteúdos conceituais aos procedimentais e atitudinais, podendo viabilizar o conteúdo “Botânica”, que geralmente é sinônimo de dificuldade. Utilizar o Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte como laboratório das aulas de campo pode ser uma estratégia diferenciada e motivadora, transformando um fato abstrato, o que concerne à identificação das plantas a processos concretos, visuais, interpretativos e dinâmicos. O estudo diferenciado dos vegetais nos cursos de graduação ou extensão é de extrema importância e esse conhecimento passa a ser um diferencial na Fitoterapia.

Com a demanda do Ministério da Saúde (PMNPC e SUS) para a formação de especialistas nessa área, este estudo foi uma iniciativa de priorizar o conhecimento botânico nos cursos de Fitoterapia para profissionais da área de saúde com estratégias que motivem e facilitem o ensino-aprendizagem dos conteúdos abordados.

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1.2 Objetivos

O objetivo primordial dessa dissertação foi a elaboração de um curso de Fitoterapia para profissionais da saúde tendo a Botânica como diretriz a seguir é exposto os obejtivos gerais e específicos.

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho foi elaborar e testar um material didático para um curso de Fitoterapia tendo como base as plantas medicinais selecionadas pelo Ministério da Saúde de interesse para o SUS na produção de fitofármacos/fitomedicamentos.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Levantar os princípios básicos do estudo de Botânica nos cursos de Fitoterapia para profissionais de saúde.

b) Inserir as espécies de plantas medicinais selecionadas no SUS como modelo no ensino de Botânica em cursos de Fitoterapia para profissionais da área de saúde.

c) Elaborar sequência didática e material educativo, voltado para professores e alunos, visando aprimorar o processo ensino-aprendizagem de botânica. d) Ministrar curso de Fitoterapia direcionado para profissionais da saúde,

abordando as espécies medicinais selecionadas no SUS e usando a sequência didática elaborada como método de ensino.

e) Utilizar o Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte como espaço educacional no ensino de Botânica nos cursos de Fitoterapia direcionados para profissionais de saúde.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DE LITERATURA

Esta dissertação fundamentou-se na Botânica como diretriz nos cursos de fitoterapia, a relação nacional de plantas medicinais de interesse para o SUS, o Jardim Botânico como espaço de aprendizagem e a sequência didática como método de ensino.

2.1 A Botânica como diretriz nos cursos de Fitoterapia

O conhecimento botânico é indispensável na terapia medicinal, para evitar que muitas espécies sejam utilizadas de maneira incorreta, pois a identificação da planta é determinante para o seu uso. A qualidade e eficácia da fitoterapia começam com a identificação científica do vegetal.

Como primeiro critério para a utilização das plantas medicinais, a identificação botânica é um dos aspectos mais delicados na fitoterapia e se traduz como a identidade dos vegetais. Por ser baseada em nomes vernaculares, a verdadeira identidade de uma planta recomendada pode variar significativamente de região para região. Plantas completamente distintas podem ter o mesmo nome popular, algumas acumulam um grande número deles para a mesma espécie (LORENZI; MATOS, 2002). A espécie Chenopodium ambrosioides L. conta com 27 nomes populares. As interpretações taxonômicas errôneas podem não só induzir o usuário a utilizar plantas sem o princípio ativo desejado, como também induzi-lo a fazer uso de outra espécie que pode ser perigosa.

Outro critério importante a ser considerado é relativo à parte da planta medicinal a ser usada como remédio, uma vez que os princípios ativos não são distribuídos igualmente em todos os órgãos da planta.

Na maioria das vezes, somente se emprega uma parte da planta para fins medicinais, sendo as demais consideradas inertes, ou mesmo substâncias tóxicas. Como exemplo desta situação pode ser citado a Lantana camara - que suas folhas são indicadas para afecções do sistema respiratório ao passo que seus frutos são considerados tóxicos (GUIÃO et al., 2004, p. 45).

O uso das plantas medicinais vem crescendo devido ao baixo custo, facilidade de obtenção e a crença popular de que tudo que é natural é inofensivo. Para conhecer as plantas medicinais, é importante entender que os vegetais são

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constituídos de substâncias químicas, logo, dizer que é natural, portanto, não faz mal é um erro. Pouco se sabe sobre a constituição química dos vegetais e o risco que pode acarretar à saúde o seu uso indiscriminado sem o respaldo científico.

O homem primitivo, ao procurar plantas para seu sustento, foi descobrindo espécies com ação tóxica ou medicinal, dando início a uma sistematização empírica dos vegetais, de acordo com o uso que podia fazer deles. Indícios do uso de plantas medicinais e tóxicas foram encontrados nas mais antigas civilizações.

A grande diversidade de formas vegetais tornou necessária uma sistematização, muitas vezes artificial, com base em critérios de mais fácil utilização, agrupando aquelas formas com mais semelhança externa e interna em níveis hierárquicos, dependentes do grau de uniformidade de suas características. A hierarquização e a caracterização dos diferentes grupos de vegetais originaram os sistemas de classificação. Os sistemas mais antigos baseavam-se em características morfológicas externas, agrupando as espécies em divisões naturais, tais como algas, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. Os sistemas artificiais dos quais o mais conhecido foi o de Lineu, baseavam-se apenas em algumas características morfológicas, utilizando como regra a teoria da imutabilidade das espécies (SIMÕES et al., 2004p.75).

Com Wallace e Darwin, os sistemas filogenéticos foram baseados na teoria da evolução que reflete a história evolutiva dos táxons, arranjando-os de acordo com afinidades existentes entre eles (BEZERRA; FERNANDES, 1984, p. 100). Desses sistemas, o que alcançou mais divulgação na primeira metade do século XX foi o de Engler, em várias edições modificadas. Os sistemas de classificação são sempre aperfeiçoados, sofrendo alterações a cada nova descoberta.

Atualmente, os sistemas usuais, elaborados com base em dados morfológicos, fitoquímicos, micromorfológicos, isto é, ultraestruturais, entre outros (como, por exemplo, para angiospermas, os de Cronquist, 1988), estão sendo alvo de novas propostas de modificações, baseadas principalmente no conhecimento da biologia molecular, cujos dados são obtidos a partir do sequenciamento de porções do genoma de cada táxon (BEZERRA; FERNANDES, 1984, p. 100).

Domingues(1973,p.281) conceitua a quimiotaxonomia como um ramo da ciência que usa as características químicas, em particular os metabólitos secundários (alcaloides, terpenoides, flavonoides, entre outros) de um conjunto de organismos, para determinar uma classificação hierárquica dos seres vivos. A biologia molecular é considerada uma boa ferramenta para a formulação e o entendimento de hipóteses e teorias evolutivas, proporcionando consciência aos

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sistemas ultimamente propostos. De acordo com Daly, Cameron e Stevenson (2001,p.1329), essa nova metodologia não exclui todas as outras ferramentas clássicas utilizadas na caracterização dos táxons, como os caracteres morfológicos comparativos, externos e internos, os embriológicos, os paleontológicos, entre outros.

Simões et al. (2004) complementam que as características morfológicas externas possibilitam, via de regra, a classificação de uma espécie vegetal em qualquer nível hierárquico. No entanto, algumas vezes são necessárias observações complementares da organização interna, estudos embriológicos e/ou análise dos metabólitos secundários para estabelecer fidedignamente tal classificação.

A atenção ao conhecimento botânico em cursos de Fitoterapia é base para todo o processo de utilização das plantas medicinais. Desde o cultivo, a prospecção fitoquímica até testes clínicos, é indispensável, em primeiro lugar, identificar corretamente o vegetal estudado e/ou utilizado.

2.2 Fitoterapia no SUS/ Ministério da Saúde

As plantas medicinais vêm sendo utilizadas pelos humanos ao longo da história da humanidade no tratamento e cura de enfermidades.

O uso das plantas medicinais nasceu provavelmente na Pré-História, quando, a partir da observação do comportamento dos animais na cura de suas feridas e doenças, os homens descobriram as propriedades curativas das plantas e começaram a utilizá-las, levando ao acúmulo de conhecimentos empíricos que foram passados de geração para geração (FERRO, 2006, p.114).

No Brasil, a adoção da Política Nacional de Práticas Integrativas e complementares (PNPI) no SUS abriu um novo acesso ao conhecimento das plantas medicinais brasileiras e ao emprego correto para recuperação e manutenção da saúde. Foi um avanço no processo de fusão do saber do povo com o saber do técnico, conhecido por Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais (PPPM). Esse programa, desenvolvido por pesquisadores brasileiros apoiados pelo Ministério da Saúde por meio do setor de pesquisas da antiga Central de Medicamentos (CEME), foi uma inovação na área da saúde. A Política Nacional de Plantas Medicinais (Ministério da Saúde) visa garantir o acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e

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fitomedicamentos, com serviço eficaz e de qualidade. Conhecer o vegetal é fundamental para obter essa qualidade desejada.

A Fitoterapia é uma palavra que une dois radicais gregos: phyton, que significa planta, e therapia, tratamento. É a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal (BRASIL, 2006b, p. 46).

A fitoterapia é uma terapêutica popular milenar, com reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O uso de fitoterápicos com finalidade profilática, curativa, paliativa ou com fins de diagnóstico passou a ser oficialmente reconhecido pela OMS em 1978, quando foi recomendada a difusão mundial dos conhecimentos necessários para o uso de vegetais na Medicina. Considerando-se as plantas medicinais importantes instrumentos da assistência farmacêutica, vários comunicados e resoluções da OMS expressam a posição do organismo a respeito da necessidade de valorizar o uso desses medicamentos, no âmbito sanitário.

É sabido que 80% da população mundial dependem das práticas tradicionais no que se refere à atenção primária à saúde, e 85% dessa parcela utiliza plantas ou preparações à base de vegetais. Ressalte-se aí que 67% das espécies vegetais medicinais do mundo são originadas dos países em desenvolvimento (ALONSO, 1999, p. 21).

Em seu papel institucional, o Ministério da Saúde desenvolve diversas ações junto a outros órgãos governamentais e não governamentais para a elaboração de políticas públicas voltadas para a inserção de plantas medicinais e da fitoterapia no SUS e para o desenvolvimento do setor. A cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos tem interface com diversas áreas do conhecimento e demanda, portanto, ações multidisciplinares. Nesse sentido, os resultados esperados, no âmbito da saúde, dependem das normas que regulam todas as etapas e das ações dos parceiros responsáveis.

Para buscar ações conjuntas e complementares, o Ministério da Saúde reuniu as várias iniciativas no setor. Entre as iniciativas: a Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos (2001), o Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Assistência Farmacêutica (2003), o Diagnóstico Situacional de Programas de Fitoterapia no SUS (2004/05), a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (2003/05) e, mais recentemente, em 2005, a criação, por decreto presidencial, do Grupo de Trabalho Interministerial para elaborar a Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2006, p. 60).

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A aplicação das plantas medicinais pelo SUS disciplina o emprego da fitoterapia por populações que têm como única opção para o tratamento de seus males o uso empírico dos vegetais. Valoriza a cultura popular e regulariza, a partir de estudos científicos, a validade e comprovações para o uso das plantas.

Várias espécies medicinais foram estudadas e submetidas a pesquisas relativas a ensaios pré-clínicos, clínicos, atividade biológica e toxicidade, resultando em 71 espécies na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do SUS (BRASIL, 2009). As 71 plantas medicinais (QUADRO 1) foram abordadas neste trabalho entre as inúmeras utilizadas pela população brasileira.

Quadro 1 - Lista de plantas medicinais de interesse do SUS - Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS)

Espécies vegetais

1 Achillea millefolium 37 Lippia sidoides

2 Allium sativum 38 Malva sylvestris

3 Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis) 39 Maytenus spp* (M.aquifolium ou M.ilicifolia) 4 Alpinia spp* (A.zerumbet ou

A.speciosa) 40 Mentha pulegium

5 Anacardium occidentale 41 Mentha spp* (M.crispa, M. piperita ou M.

villosa)

6 Ananas comosus 42 Mikania spp* (M. glomerata ou M. laevigata)

7 Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea * 43 Momordica charantia

8 Arrabidaea chica 44 Morus sp*

9 Artemisia absinthium 45 Ocimum gratissimum

10 Baccharis trimera 46 Orbignya speciosa

11 Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou

B. variegata) 47

Passiflora spp* (P. alata, P. edulis ou P. incarnata)

12 Bidens pilosa 48 Persea spp* (P. gratissima ou P.

americana)

13 Calendula officinalis 49 Petroselinum sativum

14 Carapa guianensis 50 Phyllanthus spp* (P. amarus, P.niruri, P.

tenellus e P. urinaria)

15 Casearia sylvestris 51 Plantago major

16 Chamomilla recutita = Matricaria

chamomilla = Matricaria recutita 52 Plectranthus barbatus = Coleus barbatus

17 Chenopodium ambrosioides 53 Polygonum spp* (P. acre ou P.

hydropiperoides)

18 Copaifera spp* 54 Portulaca pilosa

19 Cordia spp* (C. curassavica ou C.

verbenacea) * 55 Psidium guajava

20 Costus spp* (C. scaber ou C. spicatus) 56 Punica granatum 21 Croton spp(C.cajucara ou C.zehntneri) 57 Rhamnus purshiana

22 Curcuma longa 58 Ruta graveolens

23 Cynara scolymus

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24 Dalbergia subcymosa 60 Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira

25 Eleutherine plicata 61 Solanum paniculatum

26 Equisetum arvense 62 Solidago microglossa

27 Erythrina mulungu 63 Stryphnodendron barbatimão

28 Eucalyptus globulus 64 Syzygium spp* (S.jambolanum ou S.cumini)

29 Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana* 65 Tabebuia avellanedeae

30 Foeniculum vulgare 66 Tagetes minuta

31 Glycine max 67 Trifolium pratense

32 Harpagophytum procumbens 68 Uncaria tomentosa

33 Jatropha gossypiifolia 69 Vernonia condensata

34 Justicia pectoralis 70 Vernonia spp* (V.ruficoma ou V.polyanthes)

35 Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum*

36 Lamium album

71 Zingiber officinale

Fonte: BRASIL, 2009

2.3 O Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte

Os jardins botânicos mantêm coleções de plantas vivas ou secas. Uma coleção de plantas vivas é um conjunto de plantas cultivadas para um propósito definido. Entre as várias coleções, o Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte possui um jardim de plantas medicinais aromáticas e tóxicas com aproximadamente 200 espécies usadas pela população brasileira. A Fundação Zoobotânica é um órgão da administração indireta da Prefeitura de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. “A missão da FZB-BH é contribuir para a conservação da natureza, realizando ações de educação, pesquisa e lazer que sensibilizem as pessoas para o respeito à vida” (NOGUEIRA et al., 2011, p. 109).

A coleção de plantas medicinais e tóxicas no Jardim Botânico da FZB-BH está distribuída em um jardim de 1.000 m2 e tem como propósito a identificação das plantas usadas na medicina popular e a investigação de dados sobre a toxicidade e propriedades medicinais das mesmas. Esses dados retornam à população através de cursos, atendimentos a pesquisas e interpretação da coleção. Este jardim foi definido de maneira a abordar didaticamente a diversidade das espécies medicinais distribuindo-as em canteiros identificados de acordo com as seguintes categorias: tóxicas, suculentas, frutíferas, nativas, místicas, condimentos, herbáceas, ameaçadas de extinção e medicina dos signos (COSTA, 2004, p. 23-24).

De acordo com Nogueira et. al.(2011) o jardim de plantas medicinais do Jardim Botânico da FZB-BH foi planejado em forma de cocar indígena e é disponível à visitação pública estimada 1 milhão/ano.

(43)

A coleção de plantas medicinais tem o objetivo de mostrar a importância do uso dessas espécies no contexto da preservação. Reforça, também, os aspectos culturais e a avaliação crítica, baseada em informações científicas quanto ao uso terapêutico das plantas expostas.

A coleção de plantas secas é uma forma de armazenar, por mais longo prazo, o material botânico que deve ser devidamente desidratado para, posteriormente, servir de referência. As coleções de plantas secas compreendem um herbário com cerca de 9.000 exsicatas, um ervanário com 140 amostras de partes de plantas citadas na farmacopeia e uma coleção carpológica com 1.533 amostras de frutos e sementes. As coleções temáticas dos jardins botânicos são organizadas para fins educacionais e científicos e para exibição pública.

O Jardim Botânico (JB) oferece ao público cursos regulares sobre plantas medicinais, abordando aspectos históricos, botânicos, fitoquímicos e de uso dos vegetais.

Com o objetivo de introduzir uma metodologia que facilite o ensino de Botânica nos cursos de Fitoterapia para profissionais da saúde, neste trabalho utilizou-se o Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte como espaço de aprendizagem. Isso permitiu o reconhecimento das espécies medicinais indicadas no SUS, o que foi muito importante no desenvolvimento das atividades práticas e de trabalho de campo do curso aqui proposto.

Figura 1- Jardim de plantas medicinais do Jardim Botânico

(44)

2.4 Concepção construtivista e a sequência didática

De acordo com Zabala (2010), os processos educativos são suficientemente complexos para que não seja fácil reconhecer todos os fatores que os definem. Para obter resultados satisfatórios no ensino-aprendizagem do tema fitoterapia, é necessário conhecer vários conteúdos que se completam. Para tanto, o método de sequência didática possibilita a ordenação dos conteúdos dentro da complexidade do tema.

A sequência didática apresenta desafios cada vez maiores aos alunos, permitindo a construção do conhecimento. Utiliza-se um processo no qual o planejamento, execução e avaliação devem assegurar um sentido integral às variáveis metodológicas que caracterizam as unidades de intervenção pedagógica. As sequências didáticas ou sequências de atividades do ensino-aprendizagem são, segundo Zabala (2010), “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos” (ZABALA, 2010 p.50).

Zabala (2010) explicita que a ordenação articulada das atividades seria o elemento diferenciador das metodologias e que o primeiro aspecto característico de um método é o tipo de ordem em que se propõem as atividades. O autor ressalta que o parcelamento da prática educativa tem certo grau de artificialidade, explicável pela dificuldade em encontrar um sistema interpretativo adequado, que deveria permitir o estudo do conjunto de todas as variáveis incidentes nos processos educativos.

A sequência considera a importância das intenções educacionais na definição dos conteúdos de aprendizagem e o papel das atividades que são propostas. Alguns critérios para análise das sequências reportam que os conteúdos de aprendizagem agem explicitando as intenções educativas, podendo abranger os conteúdos nas seguintes dimensões:

a) Conceituais: em que a aprendizagem nunca pode ser considerada acabada, uma vez que sempre existe a possibilidade de ampliação ou aprofundamento já apropriados (ZABALLA, 2010, p.81).

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b) Procedimentais: apresentam um conjunto de ações ordenadas e com um fim, ou seja, dirigidas para a realização de um objetivo. Apresenta-se o modelo, o aluno é conduzido por meio da pratica guiada a assumir de forma progressiva o controle, a direção e a responsabilidade na execução do conteúdo (ZABALLA, 2010, p.82).

c) Atitudinais: englobam uma série de conteúdos que, por sua vez, podem ser agrupados nas categorias, atitudes e normas. Para que esse conhecimento se transforme em referência de atuação, é preciso mobilizar todos os recursos relacionados ao componente afetivo. A atividade de ensino necessária se traduz na “cooperação”. Ao longo do curso e em todas as unidades haverá vivências ou experiências cruciais para a aprendizagem do conteúdo (ZABALLA, 2010, p.83).

Partindo do princípio de que a Fitoterapia é constituída de vários conteúdos, tanto conceituais quanto procedimentais, o conteúdo atitudinal passa a ser essencial na sequência didática. Desse modo, o aluno se torna atuante e deixa de ser um mero ouvinte, pois nesse método utilizam-se o diálogo, o debate, o trabalho em grupo e o trabalho de campo, o que favorece a socialização, implicando o aprender a ser, existindo aí uma consciência educativa. A concepção construtivista promove atividades mentais do aluno e permite estabelecer relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios.

A concepção construtivista partindo da natureza social e socializadora da educação escolar e do acordo construtivista que desde algumas décadas se observa nos âmbitos da Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem reúne uma série de princípios que permitem compreender a complexidade dos processos de ensino-aprendizagem e que articulam em torno da atividade intelectual implicada na construção de conhecimentos (ZABALA, 2010, p.40).

A sequência didática permite o levantamento de problemas que possibilitam intervenções (ações educativas), em conjunto com os participantes na tentativa de buscar caminhos para a resolução de problemas. O planejamento de uma unidade didática, conforme Zabala (2010), configura-se como uma sequência de atividades.

As atividades que formam uma sequência didática podem restringir-se apenas a conteúdos conceituais, mas Zabala (2010) chama a atenção para a necessidade de ampliação dos objetivos de ensino para abranger, também,

(46)

conteúdos procedimentais e atitudinais. Os conteúdos assim classificados envolvem variadas dimensões da formação do aluno, porque articula esses conteúdos.

Os temas utilizados nos cursos de Fitoterapia são geralmente conteúdos conceituais. A sequência didática possibilita introduzir as vivências ou experiências cruciais para a aprendizagem dos conteúdos.

(47)

3 METODOLOGIA

Na execução deste trabalho foram elaboradas unidades didáticas de uma sequência didática desenvolvida como pesquisa-ação para alunos de um curso de Fitoterapia. Como base e modelo, foram usadas as plantas medicinais selecionadas pelo Ministério da Saúde, de interesse na produção de fitofármacos/ fitomedicamentos no SUS.

O curso foi direcionado para profissionais e/ou estudantes da área de saúde que utilizam as plantas medicinais como objeto de trabalho.

A metodologia foi dividida em cinco etapas:

3.1 Fase exploratória

Constituiu-se do levantamento sobre o ensino de Fitoterapia em instituições de ensino superior, pesquisa bibliográfica sobre sequência didática, ensino de Botânica e fitoterapia no (SUS), pesquisa bibliográfica sobre a metodologia a ser aplicada na produção de um curso de Fitoterapia para profissionais da saúde e levantamento fotográfico das espécies de Plantas medicinais indicadas no SUS .

3.1.1 Levantamento sobre o ensino de Fitoterapia em instituições de ensino

superior

Trata-se de pesquisa na internet e em curso de especialização para médicos, em que a autora participou como ministrante.

Com o objetivo de conhecer o conteúdo programático dos cursos de Fitoterapia ministrados na área de saúde e, principalmente, como a Botânica é enfatizada nesses cursos, inicialmente foi feito levantamento em 10 instituições de ensino superior, que oferecem cursos de Fitoterapia na graduação e/ou pós-graduação na área de saúde.

Como as plantas medicinais são foco desses cursos, é importante o estudo sobre a Biologia e, principalmente, a identificação dos parâmetros indispensáveis na definição e manutenção do uso das plantas como remédio.

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a) Conhecer a estrutura de alguns cursos aplicados a profissionais da saúde no tocante ao conhecimento biológico e taxonômico das plantas medicinais.

b) Identificar as espécies citadas nos cursos e compará-las com as espécies indicadas no SUS.

c) Observar e analisar o ensino de Botânica relacionado aos critérios de utilização das plantas medicinais nos cursos citados.

3.1.2 Pesquisa bibliográfica: sequência didática, ensino de Botânica e

fitoterapia no (SUS)

Após a avaliação dos cursos pesquisados e tendo como embasamento o conhecimento botânico, selecionaram-se os conteúdos que seriam contemplados no curso de Fitoterapia para profissionais da saúde. Para direcionar, utilizou-se a metodologia de unidades didáticas, propondo uma sequência de atividades favoráveis ao professor e ao aluno, e a autonomia referida e explicitada por Zabala (2010).

A partir da pesquisa bibliográfica foi estruturado o curso de Fitoterapia para profissionais da saúde, abordando as espécies medicinais indicadas no SUS (BRASIL, 2009).

3.1.3 Levantamento e seleção dos aspectos mais importantes da teoria de

Zabala para direcionamento da elaboração da sequência didática e do material didático

A distribuição dos conteúdos teve como base a organização sistemática de conteúdos conceituais em que a aprendizagem nunca pode ser considerada acabada, uma vez que existe sempre a possibilidade de ampliação ou aprofundamento de conteúdos já apropriados e a importância da interação entre aluno e professor na perspectiva de melhorar a prática educativa.

Para a elaboração das unidades didáticas, este estudo apoiou-se em pesquisas referentes ao uso das plantas medicinais, a quimiotaxonomia, a identificação botânica, a história e curiosidades sobre cada planta.

(49)

As atividades foram planejadas de acordo com a sequência didática recomendada por Zabala (2010), na qual o aluno apresenta questionamentos, pesquisas pessoais e, no presente caso, o uso mais criterioso das plantas medicinais como terapia medicamentosa.

3.1.4 Levantamento bibliográfico sobre as espécies medicinais indicadas pelo

SUS para a produção de fitomedicamentos/fitofármacos

Para as pesquisas sobre as características botânicas e a fitoquímica, foram usados periódicos, dissertações de mestrado e doutorado, livros e revistas científicas das áreas de Botânica (taxonomia e plantas medicinais), Química, Farmacognosia e Ensino de Botânica.

Entre as 71 espécies medicinais (BRASIL, 2009), foram selecionadas as que possuem mais complexidade nos estudos e pesquisas para serem inseridas no material didático (baseando-se desde a identificação botânica até os testes clínicos).

3.1.5 Levantamento fotográfico das espécies medicinais (SUS) no Jardim

Botânico

Com o objetivo de identificar morfologicamente as espécies medicinais indicadas no SUS foi feito levantamento fotográfico no acervo do JB e do Centro de Documentação da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte.

Na pesquisa identificou-se a maioria das espécies medicinais que constam da lista do SUS (BRASIL, 2009).

No acervo do Jardim Botânico e Centro de Documentação da FZB-BH foram identificadas e selecionadas as fotos das espécies de plantas medicinais da RENISUS. Algumas espécies que não constam no acervo foram fotografadas durante o trabalho.

3.2 Elaboração do produto

Para a elaboração do produto (curso de Fitoterapia para profissionais da saúde) foi necessário selecionar conteúdos, elaborar unidades didáticas e fazer um

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levantamento bibliográfico em literatura especializada. Cada tópico será detalhado a seguir.

3.2.1 Seleção dos conteúdos importantes para os profissionais da saúde

relativos à Fitoterapia

Objetivando facilitar o ensino-aprendizagem e inserir itens importantes e relevantes ao estudo dos vegetais, optou-se por distribuir os conteúdos programáticos nos seguintes itens:

a) Plantas medicinais e história.

b) Taxonomia vegetal: a diversidade biológica (reinos e espécies medicinais).

c) Metabolismo secundário/quimiotaxonomia. d) Identificação botânica.

e) Critérios de utilização das plantas medicinais.

f) Formas de preparo das plantas medicinais: formas farmacêuticas. g) Cultivo das plantas medicinais.

Baseando-se no conteúdo e planejamento do curso, foi elaborada uma apostila para acompanhamento das aulas pelos alunos.

3.2.2 Elaboração das unidades didáticas que constituirão a sequência didática

do curso com os conteúdos selecionados e as plantas indicadas

Na elaboração da sequência utilizou-se como exemplo a unidade quatro do livro de Zaballa (2010, p. 61), no qual, nas atividades que formam a sequência, aparecem conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Os alunos controlam o ritmo da sequência atuando através do diálogo, discussão e trabalho em grupos.

Para a elaboração da sequência foram feitas pesquisas sobre cada item citado anteriormente a fim de explicitar o estudo referente à Fitoterapia. Resultaram 8 unidades didáticas de acordo com o conteúdo, acrescentando-se a visita ao Jardim Botânico da FZB-BH. Cada unidade apresentou a seguinte estrutura: título,

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objetivos, duração, número de participantes, material utilizado, desenvolvimento e considerações.

3.2.3 Revisão bibliográfica sobre os temas abordados nas atividades

Consistiu-se na definição dos itens de maior relevância na elaboração das unidades didáticas introduzida no material didático para o acompanhamento das atividades pelos alunos e direcionamento do professor.

3.3 Teste do produto

A aplicação do curso teve várias etapas, que incluíram:

Programação do curso:

a) Definição do local, carga horária e data (aulas teóricas e de campo). Foi feito levantamento sobre locais mais adequados levando-se em conta o acesso mais fácil para o aluno e a infraestrutura para a aplicação do curso.

b) Material necessário: levantamento de todos os materiais necessários para a elaboração do curso e sua aplicação.

c) Divulgação: levantamento e contato em vários órgãos de divulgação. d) Aplicação do curso de Fitoterapia para profissionais da saúde.

e) Avaliação f) Certificados

As aulas foram direcionadas utilizando-se as plantas indicadas no SUS. Foram caracterizadas 25 entre as 71, com os seguintes itens: identificação botânica, nomes populares, família botânica, origem, usos, constituição química, partes da planta a serem usadas, como usar, curiosidades, toxicidade e fotos para a identificação. Um exemplo está apresentado no QUADRO 2.

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Quadro 2 - Exemplo da caracterização de plantas medicinais no material didático

Exemplo: Bauhinia forficata

Nomes populares: pata de vaca, bauínia, miriró, capa de bode, pata de boi, pata de veado, unha de vaca.

Família: Fabaceae (Leguminosae) Origem: Brasil

Usos: antidiabético, diurético, purgante e usado no tratamento da cistite e do diabetes.

Constituição química: esteroides, flavonoides livres e glicosilados, alcaloides (trigonelina), antocianidinas, sistosterol, mucilagens, saponinas, taninos, triterpenoides.

Partes usadas: toda a planta.

Como pode ser usada: folhas, flores e cascas.

Curiosidade: os primeiros estudos que confirmaram a atividade hipoglicemiante foram refutados por um estudo mais recente, publicado em 1990. A árvore apresenta espinhos, as flores são brancas com folhas coriáceas com aspecto de pata de vaca. Gênero dedicado aos irmãos Bahuin, botânicos suíços do século XVI.

Observação: atividade mutagênica induzindo a formação de tumores e bócio.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 2 - Bauhinia forficata

Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica

As unidades didáticas foram testadas com os participantes do curso. Inicialmente, os alunos foram informados sobre os objetivos e a intenção de utilizar os dados obtidos durante o desenvolvimento do curso nesta dissertação de mestrado.

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3.4 Coleta de dados

Foi aplicado um questionário visando avaliar o curso “Fitoterapia para profissionais da saúde (abordando as espécies medicinais indicadas no SUS)”, considerando-se quatro aspectos fundamentais: treinamento, material didático, instrutor e aplicabilidade do curso.

3.5 Análise dos dados

Para a organização e análise, os dados coletados sobre a avaliação e impressão dos alunos sobre o curso “Fitoterapia para profissionais da saúde” (abordando as espécies medicinais indicadas no SUS) foram apresentados na forma de quadro.

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4 RESULTADOS

Os resultados foram descritos de acordo com as etapas metodológicas e teve como produto o Curso de Fitoterapia para profissionais da saúde abordando relação das plantas medicinais de interesse do SUS .

4.1 Fase exploratória

A fase exploratória resultou no levantamento dos 10 cursos (de Fitoterapia) pesquisados em instituições de ensino de nível superior .

4.1.1 Levantamento das instituições de ensino

Para este estudo foram pesquisados 10 cursos, apresentados no ANEXO A. Os dados coletados estão apresentados no GRÁF. 1.

4.1.2 Cursos diagnosticados/ estrutura

Gráfico 1 - Avaliação do conteúdo programático de 10 cursos de Fitoterapia para profissionais da área de saúde

Fonte: Elaborada pela autora

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