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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DE LITERATURA

2.2 Fitoterapia no SUS/ Ministério da Saúde

As plantas medicinais vêm sendo utilizadas pelos humanos ao longo da história da humanidade no tratamento e cura de enfermidades.

O uso das plantas medicinais nasceu provavelmente na Pré-História, quando, a partir da observação do comportamento dos animais na cura de suas feridas e doenças, os homens descobriram as propriedades curativas das plantas e começaram a utilizá-las, levando ao acúmulo de conhecimentos empíricos que foram passados de geração para geração (FERRO, 2006, p.114).

No Brasil, a adoção da Política Nacional de Práticas Integrativas e complementares (PNPI) no SUS abriu um novo acesso ao conhecimento das plantas medicinais brasileiras e ao emprego correto para recuperação e manutenção da saúde. Foi um avanço no processo de fusão do saber do povo com o saber do técnico, conhecido por Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais (PPPM). Esse programa, desenvolvido por pesquisadores brasileiros apoiados pelo Ministério da Saúde por meio do setor de pesquisas da antiga Central de Medicamentos (CEME), foi uma inovação na área da saúde. A Política Nacional de Plantas Medicinais (Ministério da Saúde) visa garantir o acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e

fitomedicamentos, com serviço eficaz e de qualidade. Conhecer o vegetal é fundamental para obter essa qualidade desejada.

A Fitoterapia é uma palavra que une dois radicais gregos: phyton, que significa planta, e therapia, tratamento. É a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal (BRASIL, 2006b, p. 46).

A fitoterapia é uma terapêutica popular milenar, com reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O uso de fitoterápicos com finalidade profilática, curativa, paliativa ou com fins de diagnóstico passou a ser oficialmente reconhecido pela OMS em 1978, quando foi recomendada a difusão mundial dos conhecimentos necessários para o uso de vegetais na Medicina. Considerando-se as plantas medicinais importantes instrumentos da assistência farmacêutica, vários comunicados e resoluções da OMS expressam a posição do organismo a respeito da necessidade de valorizar o uso desses medicamentos, no âmbito sanitário.

É sabido que 80% da população mundial dependem das práticas tradicionais no que se refere à atenção primária à saúde, e 85% dessa parcela utiliza plantas ou preparações à base de vegetais. Ressalte-se aí que 67% das espécies vegetais medicinais do mundo são originadas dos países em desenvolvimento (ALONSO, 1999, p. 21).

Em seu papel institucional, o Ministério da Saúde desenvolve diversas ações junto a outros órgãos governamentais e não governamentais para a elaboração de políticas públicas voltadas para a inserção de plantas medicinais e da fitoterapia no SUS e para o desenvolvimento do setor. A cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos tem interface com diversas áreas do conhecimento e demanda, portanto, ações multidisciplinares. Nesse sentido, os resultados esperados, no âmbito da saúde, dependem das normas que regulam todas as etapas e das ações dos parceiros responsáveis.

Para buscar ações conjuntas e complementares, o Ministério da Saúde reuniu as várias iniciativas no setor. Entre as iniciativas: a Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos (2001), o Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Assistência Farmacêutica (2003), o Diagnóstico Situacional de Programas de Fitoterapia no SUS (2004/05), a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (2003/05) e, mais recentemente, em 2005, a criação, por decreto presidencial, do Grupo de Trabalho Interministerial para elaborar a Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2006, p. 60).

A aplicação das plantas medicinais pelo SUS disciplina o emprego da fitoterapia por populações que têm como única opção para o tratamento de seus males o uso empírico dos vegetais. Valoriza a cultura popular e regulariza, a partir de estudos científicos, a validade e comprovações para o uso das plantas.

Várias espécies medicinais foram estudadas e submetidas a pesquisas relativas a ensaios pré-clínicos, clínicos, atividade biológica e toxicidade, resultando em 71 espécies na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do SUS (BRASIL, 2009). As 71 plantas medicinais (QUADRO 1) foram abordadas neste trabalho entre as inúmeras utilizadas pela população brasileira.

Quadro 1 - Lista de plantas medicinais de interesse do SUS - Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS)

Espécies vegetais

1 Achillea millefolium 37 Lippia sidoides

2 Allium sativum 38 Malva sylvestris

3 Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis) 39 Maytenus spp* (M.aquifolium ou M.ilicifolia) 4 Alpinia spp* (A.zerumbet ou

A.speciosa) 40 Mentha pulegium

5 Anacardium occidentale 41 Mentha spp* (M.crispa, M. piperita ou M.

villosa)

6 Ananas comosus 42 Mikania spp* (M. glomerata ou M. laevigata)

7 Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea * 43 Momordica charantia

8 Arrabidaea chica 44 Morus sp*

9 Artemisia absinthium 45 Ocimum gratissimum

10 Baccharis trimera 46 Orbignya speciosa

11 Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou

B. variegata) 47

Passiflora spp* (P. alata, P. edulis ou P. incarnata)

12 Bidens pilosa 48 Persea spp* (P. gratissima ou P.

americana)

13 Calendula officinalis 49 Petroselinum sativum

14 Carapa guianensis 50 Phyllanthus spp* (P. amarus, P.niruri, P.

tenellus e P. urinaria)

15 Casearia sylvestris 51 Plantago major

16 Chamomilla recutita = Matricaria

chamomilla = Matricaria recutita 52 Plectranthus barbatus = Coleus barbatus

17 Chenopodium ambrosioides 53 Polygonum spp* (P. acre ou P.

hydropiperoides)

18 Copaifera spp* 54 Portulaca pilosa

19 Cordia spp* (C. curassavica ou C.

verbenacea) * 55 Psidium guajava

20 Costus spp* (C. scaber ou C. spicatus) 56 Punica granatum 21 Croton spp(C.cajucara ou C.zehntneri) 57 Rhamnus purshiana

22 Curcuma longa 58 Ruta graveolens

23 Cynara scolymus

24 Dalbergia subcymosa 60 Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira

25 Eleutherine plicata 61 Solanum paniculatum

26 Equisetum arvense 62 Solidago microglossa

27 Erythrina mulungu 63 Stryphnodendron barbatimão

28 Eucalyptus globulus 64 Syzygium spp* (S.jambolanum ou S.cumini)

29 Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana* 65 Tabebuia avellanedeae

30 Foeniculum vulgare 66 Tagetes minuta

31 Glycine max 67 Trifolium pratense

32 Harpagophytum procumbens 68 Uncaria tomentosa

33 Jatropha gossypiifolia 69 Vernonia condensata

34 Justicia pectoralis 70 Vernonia spp* (V.ruficoma ou V.polyanthes)

35 Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum*

36 Lamium album

71 Zingiber officinale

Fonte: BRASIL, 2009