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Etapa II: Apresentação dos alunos Duração: 200 minutos (5 horas-aula)

ESPÉCIES MEDICINAIS

Histórico

A utilização das plantas como medicamento é tão antiga quanto o próprio homem. Muito antes de aparecer qualquer forma de escrita, o homem já usava as plantas como alimento e remédio. É difícil delimitar as etapas que marcaram a evolução da arte de curar, já que a Medicina esteve por muito tempo associada a práticas mágicas, místicas e ritualísticas.

O conhecimento histórico do uso de plantas medicinais mostra ao longo da história da humanidade que, pela própria necessidade humana, as plantas foram os primeiros recursos terapêuticos usados.

A história da terapêutica começa provavelmente por Mitrídates, rei de Ponto, de 120 a 63 a.C., o primeiro farmacologista experimental. A lenda conta que, procurando imunizar-se contra um eventual envenenamento, tomava doses crescentes (mas nunca letais) dos venenos de que tinha conhecimento, até que fosse capaz de tolerar até mesmo a dose letal. Prática do mitridatismo. Após ser derrotado por Pompeu, Mitrídates tentou o suicídio por envenenamento, sem efeito, devido à sua imunidade. Teria então, forçado um de seus servos a matá-lo com a espada (Peça Mitrídates, 1673, Racine e na ópera Mitrídates, di Ponto 1770, de Mozart).

Consideradas ou não seres espirituais, as plantas, por suas propriedades terapêuticas ou tóxicas, adquiriram fundamental importância na medicina popular.

Todos os médicos e feiticeiros antigos eram herboristas e nesse campo a Botânica e a magia se confundiam.

Os mais antigos documentos médicos datam do ano 3700 a.C. e vêm da China. Atualmente, a China mantém laboratórios de pesquisa e cientistas trabalhando exclusivamente para desenvolver produtos farmacêuticos com ervas medicinais de uso popular.

Em 2300 a.C., egípcios, assírios e hebreus cultivavam diversas ervas e traziam de suas expedições tantas outras. Criavam purgantes, vermífugos, cosméticos e especiarias para a cozinha, além de líquidos e gomas utilizados no embalsamento de múmias.

Na Babilônia (600 a.C.), Nabucodonosor mandou plantar em seus jardins, além de flores e árvores, alecrim cheiroso e açafrão.

Na Grécia (460-377 a.C.), Hipócrates, “Pai da medicina”, resumiu em sua obra, “Corpus Hipocratium”, a síntese dos conhecimentos médicos de seu tempo, indicando para cada enfermidade o remédio vegetal e o tratamento adequado.

No começo da Era Cristã, Dioscórides, ao acompanhar os exércitos romanos na Península Ibérica, no norte da África e na Síria, recolheu abundante informação sobre plantas dessas regiões. Escreveu o tratado “De Matéria Médica”, que representa um marco histórico no conhecimento de numerosos fármacos, muitos dos quais são usados ainda hoje. Nele foram descritos cerca de 600 produtos de origem vegetal com indicações sobre seu emprego terapêutico. Essa obra foi escrita no ano 78 da nossa era e passou a ser usada como guia de ensino, no mundo romano e árabe. Em vigor até finais da Idade Média, ainda no século XV eram feitas cópias em latim dessa obra.

Na Idade Média, o estudo das plantas medicinais estagnou por longo período. Com a queda do Império Romano e o fortalecimento da Igreja Católica, os tratados sobre o poder das plantas foram esquecidos ou mesmo perdidos e foram parcialmente recuperados no início do século XVI.

Os mosteiros tornaram-se centros de estudos e os monges, que se apoderaram do saber antigo, cultivavam ao redor dos conventos e igrejas maravilhosos jardins de ervas que eram utilizadas como alimento, bebidas e medicamentos.

No século XVI, Theophrastus (Paracelso) viajou por toda a Europa à procura de plantas e minerais. Ouviu feiticeiros, curandeiros e parteiras e comparava estudos médicos com a sabedoria popular.

No reinado de Elizabeth I (1558-1603) o saber das ervas pertencia a seres sobrenaturais (fadas, príncipes, duendes e bruxas) que habitavam pântanos e florestas.

Na América, o primeiro registro data de 1552, quando o médico mexicano de origem índia, Juan Badianus, escreveu seus estudos que eram procurados por muitos estudiosos.

De 1790 a 1850 predominava na Europa e nos Estados Unidos a chamada “medicina heroica”. Um dos arautos dessa modalidade terapêutica foi exatamente Willian Cullen, que recomendava, contra a febre, o chamado “antiflogístico”, à base de sangria e purgativos. Postulava-se a “unidade das doenças”, todas as doenças deveriam ter um único tipo de tratamento.

A “medicina heroica” preconizava como terapêutica a eliminação dos venenos internos pelo aumento das excreções do organismo. Assim, durante mais de meio século a venissecção - “abertura de veias para a drenagem de sangue” - era ensinada praticamente em todas as escolas médicas americanas e europeias. Não havia limites para a quantidade de sangue a ser retirada.

Além da sangria, usavam purgativos, eméticos para a eliminação das impurezas que tomariam o corpo. O uso do calomelano (cloreto de mercúrio) era obrigatório para quase tudo. E a posologia era pródiga: devia-se aumentar a dose até que o paciente salivasse profundamente, o que sabemos, hoje, ser o primeiro sinal de envenenamento pelo cloreto de mercúrio.

Foi nesse contexto histórico da Medicina oficial que surgiu a Homeopatia. Utilizada em 1848 nos Estados Unidos na grande epidemia de cólera, um número muito mais alto de pacientes tratados com a Homeopatia sobreviveuem comparação com a Medicina tradicional. Na Homeopatia, além de plantas são usadas estruturas animais e minerais.

No século XVIII, Lineu (naturalista sueco) criou a nomenclatura e a sinonímia botânica dividindo as plantas em 24 classes, o que permitiu estudo mais completo e abrangente.

No século XIX, com a Revolução Industrial, tornou-se ridículo acreditar no poder curativo das plantas.

Hoje, depois de tanto tempo, na busca de melhor qualidade de saúde física e mental, o mundo está tentando redescobrir os verdadeiros valores da vida por meio das plantas.