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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DE LITERATURA

3.5 Análise dos dados

4.3.1 Aplicação do curso

Para acompanhamento das aulas pelos alunos, foi elaborado material didático

contendo as unidades didáticas, fotos com características das plantas e glossário. A seguir, faz-se a descrição das unidades didáticas e o relato de experiência

da sua aplicação no curso.

UNIDADE DIDÁTICA 1 - Plantas medicinais e história Objetivos:

Identificar e localizar o uso das plantas medicinais ao longo da história; Promover aprofundamento conceitual sobre o tema;

Relacionar a importância do uso das plantas medicinais na saúde a partir de 3000 a.C;

Identificar algumas espécies usadas desde a Antiguidade até a atualidade. Duração: 100 minutos (2 horas-aula)

Número de participantes: 25 alunos Material:

Textos e fotos ilustrativas sobre o uso das plantas medicinais ao longo da história; Computador e multimídia.

Desenvolvimento: distribuição dos textos, leitura individual. Discussão em grupo. O curso contou com 26 inscritos. Após prévia apresentação dos participantes, a ministrante do curso sugeriu que a turma formasse cinco grupos (quatro de cinco integrantes e um grupo de seis). Os grupos receberam textos e fotos de plantas medicinais e seus usos em diferentes épocas. Os textos e fotos utilizados referem-se ao uso de determinadas espécies de plantas medicinais ao longo da história, por exemplo: babosa (Aloe vera) - usada como cicatrizante e cosmético desde a Antiguidade pelos egípcios (CUNHA, 2007). Os participantes tiveram 30 minutos para a leitura, discutiram entre si sobre a identidade da planta, seu uso, substâncias ativas e como é usada atualmente. A partir de quadro comparativo os alunos

resumiram características das plantas citadas no texto de referência constando a época, o local e o uso. Relacionaram o uso das plantas na Antiguidade com o uso atual. Após discussão, os grupos se uniram formando grupo único. Escolheram seu representante para apresentar as características da espécie que receberam para trabalhar. Para concluir, a ministrante do curso apresentou em multimídia espécies medicinais da lista do SUS (BRASIL, 2009) muitas das quais desde a Antiguidade são utilizadas na terapia medicinal e são consagradas até hoje. Os alunos tiveram oportunidade de intervir, questionar e acrescentar informações.

Considerações sobre a unidade 1

Relacionar o uso das plantas medicinais usadas atualmente com o passado é sempre muito curioso e estimulante. Voltar ao passado, conhecer um pouco a história da Medicina e como as plantas, desde a Pré-História, têm papel fundamental na saúde física da espécie humana foi importante no envolvimento dos participantes. A atenção dos alunos foi maior, principalmente quando foram relacionadas as plantas medicinais aos mitos, lendas e curiosidades desde a Grécia e Egito Antigos, passando pela Idade Média até chegar-se aos ritos de magia dos Pagés indígenas e ao candomblé.

Figura 3 - Participantes do curso de fitoterapia: aula expositiva

UNIDADE DIDÁTICA 2 - Taxonomia vegetal (Espécies medicinais)

Objetivos:

Diferenciar os vários seres vivos com atividades medicinais e erroneamente chamados “plantas”;

Diferenciar as espécies medicinais quanto a morfologia e taxonomia; Conhecer as principais espécies medicinais e divisão taxonômica. Duração: 200 minutos (4 horas-aula)

Número de participantes: 25 alunos

Material: exemplares de bactérias, algas, fungos e plantas (vivos ou secos), fotos e textos complementares caracterizando cada grupo taxonômico e livros de Botânica, sistemática vegetal e plantas medicinais.

Desenvolvimento:

Distribuição dos materiais (exemplares) aos grupos; Caracterizar cada exemplar distribuído;

Apresentação dos grupos; Grupo de discussão.

Foi sugerido pela ministrante que os alunos mudassem de grupo. Foram distribuídos textos e os seguintes exemplares aos alunos.

a) Bactérias (microfotografia), algas (herborizadas) e fungos (fotos). b) Pteridófitas e Briófitas (fotos, herbário e exemplares vivos).

c) Gimnospermas e Angiospermas(fotos, herbário e exemplares vivos).

Tomando como base os textos e os elementos de cada grupo, por meio dos exemplos, foram identificadas as características determinantes de cada divisão taxonômica.

Os grupos apresentaram as características dos exemplares existentes a partir de desenhos ou esquemas. Depois de 20 minutos foi sugerido aos grupos que trocassem os materiais, repetindo-se os procedimentos anteriores, acrescentando itens não observados pelo grupo anterior.

O reino Plantae foi separado como objeto de estudo (planta medicinal). Foi feito um grupo de discussão em que a ministrante fez questionamentos sobre as diferenças entre as divisões. Como fechamento, os alunos relacionaram as

diferenças identificadas e citaram as características semelhantes e antagônicas das divisões taxonômicas.

Considerações sobre a unidade 2

Essa unidade permitiu aos alunos aprofundar na identificação botânica das espécies medicinais e possibilitou diferenciar e comparar essas espécies focalizando o reino Plantae, onde está inserido o mais alto número de famílias com atividades terapêuticas.

O resultado foi ampliar a conscientização por parte dos alunos no cuidado ao dar nome e indicação medicinal às plantas. Conhecer o vegetal apenas pelo nome popular pode gerar erros no uso, podendo levar o usuário a doenças graves, chegando à morte em decorrência de efeitos colaterais e toxidade da planta usada erradamente.

Figura 4 - Participantes do curso em trabalho de grupo

UNIDADE DIDÁTICA 3 - Identificação botânica das 71 espécies de plantas medicinais indicadas pelo SUS como fitofármacos/fitomedicamentos

Objetivos:

Identificar as principais famílias botânicas que constituem as 71 espécies de plantas medicinais;

Conhecer características básicas das famílias que caracterizam as 71 espécies de plantas medicinais;

Conhecer as famílias consideradas mais tóxicas para o organismo humano entre as que constituem as 71 plantas estudadas;

Conhecer a importância das famílias em relação à produção de metabólitos secundários.

Duração: 200 minutos (4 horas-aula) Número de participantes: 25 alunos

Material: apostila (material didático produzido pelo professor) (APÊNDICE A), bibliografia complementar.

Desenvolvimento:

Cada grupo pesquisou sobre duas famílias botânicas representadas nas 71 plantas do SUS;

Os grupos identificaram os constituintes químicos que caracterizam essas famílias; Cada grupo apresentou as plantas sugeridas e os respectivos constituintes químicos;

Discussão e fechamento.

O material usado para a aula foram a apostila (produzido pela autora) e o material impresso complementar (textos e livros referentes à Botânica, plantas medicinais e quimiotaxonomia).

Cada grupo ficou responsável por pesquisar duas famílias botânicas representadas nas 71 plantas indicadas pelo SUS. Os grupos identificaram os constituintes químicos que caracterizam as famílias pesquisadas. Após a pesquisa e discussão nos grupos, os participantes tiveram cinco minutos para a apresentação das plantas sugeridas e respectivos constituintes químicos. Depois das apresentações houve discussão geral sobre a relação família botânica/ substâncias ativas. Como fechamento, foi feita exposição em data show, pela ministrante, sobre a relação taxonômica com a química.

Considerações sobre a unidade 3

Na unidade 3 direcionou-se o foco, entre as milhares de espécies medicinais, para as plantas indicadas no SUS na produção de fitomedicamentos e/ou fitofármacos (BRASIL, 2009). Além disso, foi introduzida a quimiotaxonomia, que é a relação da identificação botânica com a produção de metabólitos secundários. As 71 espécies medicinais foram separadas de acordo com a família. O estudo que caracteriza cada família e sua constituição química foi surpresa para todos os participantes do curso. Os alunos comprovaram como a ação do ambiente e diferentes formas de cultivo podem mudar a constituição química dos vegetais, interferindo nas propriedades medicinais. Observaram, também, que alguns grupos químicos são mais frequentes em determinadas famílias botânicas, por exemplo: flavonóides caracterizam Asteraceae; por outro lado, óleos essenciais são mais constantes em Lamiaceae. Mesmo os alunos que têm mais experiência e conhecimento na área identificaram os problemas ao indicarem a fitoterapia, “por ser natural, pode, sim, fazer mal”.

Essa unidade proposta mostrou aos alunos que não existe planta medicinal sem efeito colateral. Mesmo não tendo referência de toxicidade, quando usadas sem os devidos critérios podem levar o usuário a problemas graves ou complicações em sua saúde.

Figura 5 - Participantes do curso utilizando a apostila

UNIDADE DIDÁTICA 4 - Metabolismo secundário

Objetivos:

Conhecer os mecanismos de produção de substâncias ativas pelas plantas; Identificar os principais grupos químicos resultantes do metabolismo secundário;. Identificar a ação no organismo humano dos alcaloides, flavonoides, terpenos, antraquinonas, glicosídeos cardioativos, taninos e óleos essenciais.

Duração: 100 minutos (2 horas-aula) Número de participantes: 25 alunos Material: computador, multimídia.

Desenvolvimento: exposição do professor sobre o assunto, explicação e discussão. Quando citado o metabolismo secundário como tema da aula, os alunos manifestaram-se negativamente sobre esse assunto. Foi importante esclarecer que, para conhecer as plantas medicinais, é necessário que se tenha conhecimento do processo de produção das substâncias responsáveis pelas alterações de cura ou toxidade no organismo humano. Foram feitas a exposição do metabolismo secundário e as diferentes rotas metabólicas nos vegetais e a origem e a função das substâncias ativas produzidas por eles. Os alunos questionaram sobre as interferências ambientais no metabolismo vegetal, o que provocou discussão e interação entre os participantes.

Considerações sobre a unidade 4

Nessa unidade a estratégia utilizada foi aula expositiva objetivando acrescentar conceitos importantes no processo fitoquímico. Como a maioria dos alunos teve contato com a bioquímica na graduação, interagiram questionando e acrescentando elementos à aula. Os alunos tiveram liberdade de interromper a exposição sempre que necessário e a participação deles foi ativa e dinâmica.

Ao final da aula os alunos relacionaram as famílias botânicas com substâncias ativas, a importância do cultivo e/ou ecologia da planta na produção de metabólitos secundários e o valor da química nos processos biológicos dos vegetais.

Figura 6 - Aula expositiva: metabolismo secundário

Fonte: Acervo da autora

FIGURA 7 - Aula expositiva: cultivo

UNIDADE DIDÁTICA 5 - Critérios de utilização das plantas medicinais

Objetivos:

Conhecer critérios para o uso das plantas medicinais: identificação da doença, a escolha correta da planta (identificação botânica), o método de preparação adequada das formas farmacêuticas e a dose.

Duração: 50 minutos (1 hora-aula) Número de participantes: 25 alunos

Desenvolvimento: aula expositiva. Foram separados vários vegetais (in natura) da lista do SUS (BRASIL, 2009). Como o primeiro critério é a identificação botânica, foi sugerido aos alunos que identificassem as plantas com os nomes populares. Como nem todos apresentavam flores, mostrou-se como a identificação botânica (a partir do material reprodutivo) é importante, vegetais com folhas e/ou flores muito parecidas poderiam ser de famílias e espécies diferentes. Outro critério importante a ser considerado é relativo à parte da planta medicinal a ser usada como remédio, uma vez que os princípios ativos não são distribuídos igualmente em todos os órgãos da planta. Para cada planta mostrada foi perguntado aos alunos que órgão é utilizado na terapia medicinal, como é a forma farmacêutica e a dose. A maioria dos alunos não soube a sequência correta. Para cada planta foram citados os critérios e a importância de conhecê-los. As formas farmacêuticas foram citadas em aula expositiva e alguns exemplos de manipulações erradas também. A aula teve continuidade no herbário e ervanário. No herbário os alunos puderam identificar cientificamente o vegetal. No ervanário identificaram as partes das plantas onde ocorre mais produção de princípios ativos, portanto, é a parte usada. As formas farmacêuticas foram enfocadas em um momento pontual e em outra unidade didática.

Considerações sobre a unidade 5

Essa unidade foi, a princípio, muito questionada. A maioria dos alunos acredita que as plantas medicinais podem ser usadas para qualquer doença e de qualquer forma.

No início do curso verificou-se que os alunos estavam muito preocupados em conhecer o maior número de espécies medicinais e quais as doenças curáveis por

meio delas. Critérios como a identificação botânica, a parte usada na planta, as formas farmacêuticas e a dose não seriam importantes. Essa unidade é importante para que os participantes tenham ações mais críticas e utilizem as plantas medicinais com critério, mais estudo e consciência. Ao terminar essa unidade os alunos começaram a pesquisar os critérios de utilização para as várias espécies de que eles fazem uso em seu trabalho de rotina.

Figura 8 - Espécies in natura

Fonte: Acervo da autora

Figura 9 - Aula prática: critérios de utilização

UNIDADE DIDÁTICA 6 - Formas farmacêuticas

Objetivos:

Conhecer os mecanismos de extração dos princípios ativos das plantas medicinais.

Identificar as formas farmacêuticas de algumas plantas entre as 71 estudadas como as substâncias ativas agem no organismo humano.

Conhecer os efeitos prejudiciais no organismo humano, resultado da manipulação e/ou formas farmacêuticas erradas.

Conhecer a legislação sobre quem pode manipular, registrar, prescrever e formular produtos fitoterápicos. Anexo E: Portaria 6 de 31 de janeiro de 1995 (ANVISA)- Institui e normatiza o registro de produtos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância Sanitária. Portaria 123 de 19 de outubro de 1994 (M.S.)- Normas para o registro de produtos fitoterápicos. Portaria 22 de 30 de outubro de 1967(M.S) Normas para o emprego de preparações fitoterápicas

Duração: 100 minutos (2 horas-aula) Número de participantes: 25 alunos

Material: textos, ebulidor, vasilhame de vidro, álcool de cereais, água, folhas de Foeniculum vulgare, Kalanchoe pinnata, Plantago major.

Desenvolvimento:

Preparo de infusão com as folhas de Foeniculum vulgare. Preparo de decocção com as folhas de Plantago major. Macerado de alcanfor Artemisia camphorata.

Preparo de extração aquosa com folhas de Kalanchoe pinnata.

Utilizando o material didático impresso foi solicitado aos alunos que lessem a unidade 5 da apostila “Formas de preparo”.

Foi feita a infusão do funcho (Foeniculum vulgare), decocção de tranchagem (Plantago major), extração aquosa de saião (Kalanchoe pinnata) e macerado de alcanfor (Artemisia camphorata).

Enfatizou-se aos alunos que formas farmacêuticas são manipulações executadas por profissionais da área. Os exemplos citados foram formas de preparo usualmente feitas pela população. As preparações executadas são citadas popularmente como chás. Outros aspectos a serem observados são a parte da planta a ser usada e a dose. O objetivo é mostrar que as formas de extração de

substâncias ativas podem ser muitas e que a maneira errada pode acarretar danos ao organismo.

Considerações sobre a unidade 6

Os alunos puderam comprovar diferenças na forma de preparo para extração de princípios ativos. Após questionamentos sobre as diferentes formas de extração dos princípios ativos, os alunos relataram a importância de conhecer os critérios para a utilização das plantas medicinais. Exemplo de observação feita por um dos alunos: os chás podem ser benéficos ou não, vai depender da parte da planta, forma de preparo e a dose. Nunca pensei nisso. Qualquer chá, pra mim, não faria mal algum.

Aulas práticas são importantes para comprovar a teoria e fixar o conhecimento. As formas de preparo mais utilizadas pela população são as infusões e decocções denominadas chás. Essa atividade foi realizada no JB e o material coletado no jardim de plantas medicinais aromáticas.

Figura 10 - Aula prática: formas farmacêuticas

UNIDADE DIDÁTICA 7 - Cultivo das plantas medicinais

Objetivos:

Conhecer os métodos de cultivo das plantas medicinais;

Conhecer o controle de doenças e pragas das plantas medicinais. Duração: 100 minutos (2 horas-aula)

Número de participantes: 25 alunos Material: computador/ Jardim Botânico Desenvolvimento:

Aula expositiva e de campo. Discussão.

Cultivo de plantas medicinais:

Foi feita a apresentação em multimidia sobre o cultivo de plantas medicinais, tendo como itens: determinação da espécie, escolha do local, preparo da sementeira, preparação do solo, plantio, controle de pragas e doenças e os fatores que influenciam na produção de metabólitos secundários.

A parte prática sobre o cultivo foi complementada na visita técnica ao JB, onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer as etapas de produção de mudas, enfocando alternativas naturais de controle de pragas e doenças. Chamou- se a atenção dos alunos para os métodos de manutenção e conservação de espécies nativas do Brasil, priorizando os biomas de Minas Gerais.

Na aula teórica foi acrescentada apresentação em multimídia dos mitos e verdades sobre as plantas medicinais. O objetivo foi chamar a atenção dos alunos sobre o que a população acredita: as curiosidades e o misticismo envolvendo as plantas. A “doutrina dos signos” também foi citada e exemplificada nessa aula.

Considerações sobre a unidade 7

O desenvolvimento dessa unidade possibilitou reflexão sobre a importância de cultivar as espécies medicinais, tomando o cuidado da manutenção saudável e dentro das possibilidades ambientais que cada uma exige.

Os alunos perceberam a diferença entre os mitos e a verdade (ciência). Evidenciaram-se os riscos na utilização de plantas medicinais quando não há preocupação com a origem e como foram produzidas. Para os produtores, os

métodos de cultivo e produção de plantas medicinais são determinantes no metabolismo secundário que direciona todo o arranjo produtivo do fitomedicamento e/ou fitofármaco.

Figura 11 - Estufa de cultivo e jardim de plantas medicinais

UNIDADE DIDÁTICA 8 - Aula de campo

(visita técnica ao Jardim Botânico da FZB-BH) e apresentação dos alunos

Objetivos:

Identificar no Jardim Botânico in natura as espécies medicinais da lista do SUS.

Pesquisa e apresentação dos alunos sobre critérios e utilização das plantas medicinais

Duração: 400 minutos (8 horas-aula)

Etapa I: Visita técnica ao Jardim Botânico da FZB-BH