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Etapa II: Apresentação dos alunos Duração: 200 minutos (5 horas-aula)

APÊNDICE A MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO (APOSTILA)

INTRODUÇÃO

Como falar da terapia medicinal utilizando as plantas sem de fato conhecê-las? Diferenciar o veneno do remédio está relacionado aos critérios de utilização das plantas medicinais. A identificação correta (científica) do vegetal é um dos critérios mais importantes para o uso eficaz. Justifica-se aí a elaboração de um curso direcionado à Botânica das espécies medicinais.

Considerando os processos de mudança na área de educação para profissionais da saúde e a demanda por novas formas de trabalhar com o conhecimento, busca-se com este curso uma inovação com o estudo dos vegetais na Fitoterapia.

No Brasil a adoção da Política Nacional de Práticas Integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), abriu um novo acesso ao conhecimento das plantas medicinais brasileiras e ao emprego correto para recuperação e manutenção da saúde. Foi um avanço no processo de fusão do saber do povo com o saber do técnico conhecido pela sigla PPPM (Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais). Esse Programa desenvolvido por pesquisadores brasileiros apoiados pelo Ministério da Saúde, por meio do setor de pesquisas da antiga Ceme (Central de Medicamentos), foi muito importante na padronização do uso das plantas medicinais.

Sua aplicação pelo SUS dá início ao disciplinamento do emprego da fitoterapia de base científica extraída do conjunto de plantas colecionadas por gerações sucessivas de uma população que às vezes tem como única opção para o tratamento de seus males o uso empírico das plantas medicinais de fácil acesso em cada região do país.

Várias espécies de plantas medicinais foram estudadas e submetidas a pesquisas relativas a ensaios pré-clínicos, clínicos, atividade biológica e toxicidade, resultando em 71 espécies. Essas espécies serão priorizadas no curso em questão.

Com o objetivo de facilitar o estudo das plantas medicinais, este curso mostra características botânicas, químicas, atividades biológicas e formas de uso das espécies medicinais indicadas no SUS para a produção de fitomedicamentos e ou fitofármacos.

RENISUS – Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS Espécies vegetais

Quadro 1 - Lista de plantas medicinais de interesse do SUS

Espécies vegetais 1 Achillea millefolium 37 Lippia sidoides

2 Allium sativum 38 Malva sylvestris

3 Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis) 39 Maytenus spp* (M.aquifolium ou M.ilicifolia) 4 Alpinia spp* (A.zerumbet ou A.speciosa) 40 Mentha pulegium

5 Anacardium occidentale 41 Mentha spp* (M.crispa, M. piperita ou M. villosa) 6 Ananas comosus 42 Mikania spp* (M. glomerata ou M. laevigata) 7 Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea * 43 Momordica charantia

8 Arrabidaea chica 44 Morus sp*

9 Artemisia absinthium 45 Ocimum gratissimum

10 Baccharis trimera 46 Orbignya speciosa

11 Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou B.

variegata) 47

Passiflora spp* (P. alata, P. edulis ou P. incarnata)

12 Bidens pilosa 48 Persea spp* (P. gratissima ou P. americana) 13 Calendula officinalis 49 Petroselinum sativum

14 Carapa guianensis 50 Phyllanthus spp* (P. amarus, P.niruri, P. tenellus e P. urinaria)

15 Casearia sylvestris 51 Plantago major

16 Chamomilla recutita = Matricaria

chamomilla = Matricaria recutita 52 Plectranthus barbatus = Coleus barbatus

17 Chenopodium ambrosioides 53 Polygonum spp* (P. acre ou P. hydropiperoides)

18 Copaifera spp* 54 Portulaca pilosa

19 Cordia spp* (C. curassavica ou C.

verbenacea) * 55 Psidium guajava

20 Costus spp* (C. scaber ou C. spicatus) 56 Púnica granatum 21 Croton spp(C.cajucara ou C.zehntneri) 57 Rhamnus purshiana

22 Curcuma longa 58 Ruta graveolens

23 Cynara scolymus 59 Salix alba

24 Dalbergia subcymosa 60 Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira 25 Eleutherine plicata 61 Solanum paniculatum

26 Equisetum arvense 62 Solidago microglossa

27 Erythrina mulungu 63 Stryphnodendron barbatimão

28 Eucalyptus globulus 64 Syzygium spp* (S.jambolanum ou S.cumini) 29 Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana* 65 Tabebuia avellanedeae

30 Foeniculum vulgare 66 Tagetes minuta

31 Glycine max 67 Trifolium pratense

32 Harpagophytum procumbens 68 Uncaria tomentosa 33 Jatropha gossypiifolia 69 Vernonia condensata

34 Justicia pectoralis 70 Vernonia spp* (V.ruficoma ou V.polyanthes)

35 Kalanchoe pinnata = Bryophyllum

calycinum* 36 Lamium album

71 Zingiber officinale

O conhecimento botânico é indispensável na terapêutica medicinal, para evitar que muitas espécies sejam utilizadas de maneira incorreta.

O primeiro critério para a utilização das plantas medicinais é a identificação botânica. Um dos aspectos mais delicados na fitoterapia está na identidade das plantas. Por ser baseada em nomes vernaculares, a verdadeira identidade de uma planta recomendada pode variar enormemente de região para região. “Plantas, completamente distintas, podem ter o mesmo nome popular, algumas acumulam elevado número deles para a mesma espécie” (LORENZI; MATOS, 2002). A espécie Chenopodium ambrosioides L., por exemplo, conta com 27 nomes populares. As interpretações taxonômicas errôneas podem não só induzir o usuário a utilizar uma planta sem o princípio ativo desejado, como também induzi-lo a fazer uso de uma espécie perigosa.

Outro critério importante a ser considerado é relativo à parte da planta medicinal a ser usada como remédio, uma vez que os princípios ativos não são distribuídos igualmente em todos os órgãos da planta.

Na maioria das vezes, somente se emprega uma parte da planta para fins medicinais, sendo as demais consideradas inertes ou mesmo substâncias tóxicas. Como exemplo dessa situação pode ser citada a Lantana câmara - que suas folhas são indicadas para afecções do sistema respiratório, ao passo que seus frutos são considerados tóxicos (GUIÃO et al., 2004, p. 45).

De acordo com a Política Nacional de Plantas Medicinais, o Ministério da Saúde tem como objetivo garantir o acesso às plantas medicinais e fitoterápicos, com serviços eficazes e de qualidade. Conhecer o vegetal é fundamental para obter essa qualidade desejada. O estudo taxonômico ou as relações entre famílias botânicas e a constituição química são pouco focalizados nos cursos de graduação em saúde.

A utilização do Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte como laboratório das aulas de campo é uma estratégia diferenciada e motivadora, pois transforma um fato abstrato, o que concerne à identificação das plantas a processos concretos, visuais, interpretativos e dinâmicos. A Botânica nos cursos de graduação ou extensão é de extrema importância e esse conhecimento passa a ser um diferencial na Fitoterapia.

O assunto do curso é ministrado com base em unidades didáticas, pois a fitoterapia é extremamente abrangente e a metodologia aplicada pode ordenar e

facilitar o ensino-aprendizagem. Com a demanda no SUS de especialistas nessa área, esse material é uma iniciativa que prioriza a Botânica nos cursos de Fitoterapia, mostrando os critérios de utilização das plantas medicinais, seu cultivo e um pouco do misticismo que envolve a manutenção do homem nesse universo natural.

Vale salientar que, do mesmo modo que as plantas curam, podem matar. Na maioria das vezes, conhece-se o efeito medicinal popular, mas, como todos os remédios, existem contraindicações. Portanto, o uso das plantas deve ser controlado e conhecê-las é indispensável.

A atenção dada às plantas talvez seja o início de uma nova visão do mundo, um despertar para nossa capacidade de entender a evolução da vida.

UNIDADE DIDÁTICA 1