Lembre-se de uma situação em
que (situação e motivos):
1 – você “adorou” uma pessoa no primeiro momento em que a
conheceu e confirmou essa simpatia ao longo do tempo
2 – você “adorou” uma pessoa no primeiro momento em que a
conheceu e por algum motivo, passou a “detestá-la” depois de um tempo
3 – você “detestou” uma pessoa no primeiro momento em que a
conheceu e confirmou essa antipatia ao longo do tempo
4 – você “detestou” uma pessoa no primeiro momento em que a
conheceu e por algum motivo, passou a “adorá-la” depois de um tempo
TRANSFERENCIA E
CONTRATRANSFERENCIA
Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto
O manuseio da transferência é a parte mais importante da técnica de análise.
Em Um Estudo Autobiográfico Freud (1925): a
transferência, logo que surge, substitui na mente do paciente o desejo de ser curado, e, enquanto for afeiçoada e
moderada, torna-se o agente da influência do médico e, nem mais, nem menos do que a mola mestra do trabalho conjunto de análise
Ela é um fenômeno universal da mente humana, decide o êxito de toda influência médica, e de fato domina o todo das relações de cada pessoa com seu ambiente humano.
Em Recordar, Repetir e Elaborar, Freud (1914) esclarece que a transferência cria uma região
intermediária entre a doença e a vida real, através da qual a transição de uma para a outra é efetuada.
Transferência e contratransferência são conceitos centrais na compreensão da relação terapêutica.
A procura por cuidados médicos - expectativa de cuidado dedicado ao corpo E restauração da
noção de integridade do Eu - se apóia na integridade do corpo.
processo mórbido leva à regredir às expectativas infantis de cuidado, no modelo vivido na infância que será presentificado na dimensão
transferencial própria da relação médico-paciente
Estudos sobre o tema...
Em “Estudos Sobre a Histeria” – Freud corpo
simbólico que, diferentemente do corpo
anatômico com que lidava a Medicina até então, fazia referência às fantasias inconscientes que se representam e se apóiam neste último.
Sua proposta era demonstrar que, para a
Psicanálise, as leis que regem a percepção do corpo eram totalmente distintas daquelas até então reconhecidas pelo saber médico.
A doença histérica se instalaria em um corpo
imaginário, alcançado apenas por intermédio do
discurso do paciente e, portanto, fora da observação por meio do olhar clínico.
A partir da noção de um corpo abstrato o
adoecimento vai desencadear reações afetivas individualizadas.
A queixa de um paciente e seu posicionamento frente à doença serão traduções particulares de mobilizações inconscientes nem sempre
.
Cada doença representa uma vivência individual – dinâmica interna da pessoa que adoece
Ao lidar com a dúvida quanto à autonomia para a promoção do próprio bem-estar, o indivíduo elege alguém que, como a figura primeva,
supostamente garanta sua estabilidade,
transferindo a onipotência materna para um outro = O MÉDICO
Geralmente, em maior medida, instalam-se
vínculos positivos de confiança e simpatia que conduzirão à adesão ao tratamento.
A palavra do médico e suas afirmativas de
sucesso avalizarão a terapêutica ministrada, favorecendo o êxito.
Nem sempre, porém, o inventário de
recordações inconscientes do paciente o habilita a um vínculo positivo e a regressão pelo adoecer traz sentimentos de ameaças e desconfianças guardadas das primeiras
relações com a figura que cuida.
O mais esperado nessas circunstâncias é que
haja resistência a aceitar a dependência e a aderir ao tratamento, ou mesmo uma aberta rejeição à figura do médico ou à terapêutica ministrada.
é necessário que o médico aceite que também mantém expectativas inconscientes no
exercício de sua função, o que o obriga à
reflexão constante sobre suas posições perante seu paciente.
Espera-se, portanto, do médico que,
renunciando a qualquer pretensão onipotente, faça de si mesmo objeto de observação,
sujeitando-se à evidência de que, em qualquer relação humana, existe outra dimensão para além do que é dado a ver.
Transferir significa reviver uma situação ou uma subestrutura emocional do passado e transportá-la para o presente, com a mesma intensidade
afetiva de antes, tendo em vista um objeto referencial definido.
No calor transferencial, alimentado pelo amor,
pelo ódio ou pelo desprezo, o paciente extravasa, indiretamente, sua carga afetiva obstruída pela
repressão.
se há pontos em comum com as imagens, transferência imediata
Na práxis médica em geral, e na convivência cotidiana repetem-se, de maneiras disfarçadas, inconscientemente, os anseios de amor e de
carinho, no jogo do dar e receber, que se originam de Eros (energia vital e dos instintos libidinosos), ou então reproduzem os sentimentos que provêm de Tanatos (instinto de morte, mola-mestra da
hetero e da auto-agressão).
Transferência
Nome atribuído aos fenômenos afetivos que o paciente passa (transfere) para a relação.
1- Transferência positiva maioria - quando o paciente vivencia o relacionamento de maneira agradável. Médico se torna o que o doente gostaria – simpatia e confiança
Ex: ídolo, onisciente, onipotente
2- Transferência negativa, ou resistência quando o paciente revive fatos desagradáveis de relações anteriores. Reconhece no médico imagens consideradas ruins, o que provoca desconfiança ou antipatia – efeito antiterapêutico
Portanto, a característica da transferência é repetir padrões infantis num processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam na pessoa do analista (FREUD, 1916/1976).
passou a ser entendida como peça fundamental na terapia psicanalítica, pois seria ela que permitira e sustentaria a relação terapêutica; de fato, os
psicanalistas passaram a utilizar o campo
O termo refere-se a um conjunto de reações que tentam reduzir ou aliviar a ansiedade. Essas
reações de transferência só são perigosas para o processo terapêutico quando permanecem
ignoradas, sendo os principais tipos, as reações hostis e as reações dependentes.
Resistência
Quando não considerada pode levar a Resistência
É uma tentativa do paciente de não perceber os aspectos que geram ansiedade nele próprio, tornando-se uma
relutância natural ou uma defesa.
Com freqüência essa resistência resulta da má vontade do paciente de mudar quando reconhece a necessidade de mudança, e geralmente.
Formas de resistência
Supressão e repressão de informações pertinentes;
Intensificação dos sintomas;
Autodepreciação e visão negativa quanto ao futuro;
Busca forçada em relação à saúde, na qual o
paciente experimenta uma recuperação súbita mas de curta duração;
Inibições intelectuais, que podem evidenciar-se
quando o paciente diz que não tem nada em mente ou que é incapaz de pensar sobre seus problemas;
faltas ou atrasos às consultas; ou mostra-se desatento, silencioso ou sonolento;
Comportamento de teatralização ou irracional;
Conversa superficial;
Compreensão intelectual, na qual verbaliza
autocompreensão com o uso correto da terminologia, embora continue com comportamento inadaptado, ou uso da defesa da intelectualização;
Desprezo pela normalidade, que fica evidente quando o paciente desenvolveu o discernimento mas se recusa a assumir a responsabilidade pela mudança com base em que a normalidade não é tão atraente – ganhos
A contratransferência, à primeira vista, pode dar a
impressão de ser simplesmente um sentimento contraposto aos afetos transferenciais.
na relação médico-paciente podemos dizer que a
contratransferência é a transferência do médico para o paciente.
Ajuda, quando serve de guia para a compreensão do caso, na sua
totalidade psicossomática.
Perturba, quando a transferência do paciente atinge resíduos
infantis não-superados da personalidade do médico.
O sentimento contratransferencial pode ter uma interferência
negativa, deformando o raciocínio médico sobre o caso no que se refere a determinados aspectos da sintomatologia do paciente.
Daí a importância do médico ter resolvidos os problemas básicos
de caráter, naturalmente ao longo de seu amadurecimento, como cidadão e como profissional, ou com o auxilio do tratamento
Contratransferência
Movimentos afetivos do médico em relação aos do paciente e com relação às suas próprias vivências
- “conjunto das reações inconscientes do analista à pessoa do analisando e, mais particularmente, à transferência deste” (LAPLANCHE & PONTALIS, 2001, p. 102).
Contratransferência
- simétrica à transferência
- reação afetiva à personalidade do doente, idade, sexo, situação social, apresentação, comportamento
-mistura: fatores pessoais e contingentes: cansaço, nervosismo, humor, situação conjugal e social
É um impasse terapêutico criado pelo
profissional, freqüentemente em resposta a uma resistência do paciente. Refere-se a uma
resposta emocional não justificada pelos fatos, mas sim, um conflito prévio experimentado.
Em geral, essas reações são de três tipos: de
amor ou preocupação intensos, de hostilidade ou aversão intensa, de ansiedade intensa.
1- Positiva – útil e importante, principalmente para o tratamento de pacientes com doenças crônicas e incuráveis. Risco: perder a
objetividade e não encaminhar.
Ex: brincadeiras, sente-se a vontade, dá mais informações, se coloca mais à disposição
2- Negativa – perigosa para o andamento do
tratamento. Marcada por rejeição e
agressividade inconscientes
Ex: rotula o paciente de “chato”, “irritante”, enjoado”; recusa em ouvir – pressa, atos falhos (prescrição e esquecimento de visita), ameaças de tratamentos “piores” ....
Dificuldade de criar empatia com o paciente em determinados aspectos do problema;
Sentir-se deprimido durante ou depois da consulta;
Sonolência durante as consultas;
Sentir raiva ou impaciência com a falta de vontade de mudar do paciente;
Estimular a dependência, o elogio ou o afeto do paciente;
Discutir com o paciente ou tender a “empurrá-lo”
antes que este esteja pronto;
Tentar ajudar o paciente em questões não
relacionadas com os objetivos do atendimento;
Exemplos
Envolvimento pessoal ou social com o paciente mais intenso;
Devaneios ou preocupações com o paciente;
Fantasias sexuais ou agressivas em relação ao paciente;
Ansiedade recorrente, intranqüilidade ou culpa relacionadas com o paciente;
Tendência a focalizar apenas um aspecto da
informação apresentada pelo paciente ou visualiza-la apenas de uma maneira;
Necessidade de defender as intervenções com o paciente perante os outros
Referencias:
LAPLANCHE, J e PONTALIS, J-B. Vocabulário da
Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
JEAMMET, Philippe; REYNAUD, Michel; CONSOLI, Silla.
Psicologia médica. 2.ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2000.
430p. ISBN:8571992185.
Obras completas de Freud
Conferências introdutórias sobre psicanálise -
Conferência XXVII (1916/1976)
Recordar, Repetir e Elaborar (1914) Um Estudo Autobiográfico (1925):