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Desafios intergeracionais : o trabalho de um técnico de educação e formação

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Academic year: 2021

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

DESAFIOS INTERGERACIONAIS: O TRABALHO DE UM TÉCNICO

DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

Andreia Carina Serras Roupeta

Mestrado em Educação e Formação

Área de especialização em Desenvolvimento Social e Cultural

Relatório de Estágio orientado pela Profª. Doutora Carolina Carvalho

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Agradecimentos

Ao longo deste percurso foram muitas as pessoas importantes e que me ajudaram a tornar este trabalho possível. Cada um teve o seu papel e significado.

Quero agradecer à minha Orientadora Carolina, pela paciência que teve ao esclarecer as dúvidas que foram surgindo.

Agradeço ainda ao local de estágio por me terem acolhido da melhor forma e pelo carinho que ficou.

Aos meus amigos sempre presentes, com palavras de incentivo, são espetaculares.

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Resumo1

O presente relatório de estágio procura descrever uma experiência de trabalho que teve como grande objetivo desenvolver um projeto na temática da Intergeracionalidade. A motivação pessoal em desenvolver um projeto de estágio na temática resultou das fragilidades (mas também potencialidades) que crianças e idosos possuem na sociedade.

Em Portugal a população tem-se tornado cada vez mais envelhecida e com as alterações no seio das famílias, a falta de tempo tende a ser um fator que prejudica os nossos idosos, pois só recebem os cuidados básicos de saúde e para as crianças, permanecem mais tempo nas instituições.

Por isso, a necessidade de se desenvolverem projetos Intergeracionais, em que os idosos recebem atenção, as suas histórias de vida são valorizadas e não perdem o sentimento de pertença a um grupo, como acontece nos lares. Para os mais novos, a ocupação dos tempos livres com pessoas que têm sabedoria e valores a transmitir é uma mais-valia.

Estas atividades dinamizam a rotina das pessoas que se encontram institucionalizadas, melhorando a parte pessoal, social e de comunicação. As sessões são planeadas de acordo com as limitações dos participantes e valoriza-se a troca de saberes entre os grupos etários, recuperando tradições como jogos e músicas.

Palavras-chave: Infância, Intergeracionalidade, Envelhecimento

1

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Abstract2

This internship report seeks to describe a work experience that has as its main objective to develop a project on the theme of Intergenerationality. The personal motivation to develop an internship project in this area resulted from the weaknesses (but also potentialities) that children and the elderly have in our society.

In Portugal the population has become increasingly aging and with the changes within families, the lack of time tends to be a factor that affects our seniors, who only receive the basic health care, and children, that remain more time in institutions.

Therefore, there is the necessity to develop intergenerational projects, in which the elderly receive attention, their life histories are valued and they don’t lose the sense of

belonging to a group, as it happens in nursing homes. For young people, the occupation of leisure time with people who have the wisdom and values to transmit is an asset.

These activities dynamize the routine of people who are institutionalized, improving their personal and social lives, as well as their communication. The sessions are planned according with the participants’ handicaps and is appreciated the exchange of knowledge between the age groups, recovering traditions like games and music.

Keywords: Childhood, Intergenerationality, Aging

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This work is associated with the Project Convergir na Diversidade: Participação das crianças e

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Índice Índice de Quadros ... VI Índice de Figuras ... VI INTRODUÇÃO ... 1 CAPÍTULO I ... 4 ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 4

1.1. Revisitando algumas ideias em torno da Infância ... 4

1.2. Olhares sobre o Envelhecimento ... 9

1.3. Intergeracionalidade: Clarificação de um conceito ... 15

1.4. Desafios Educacionais da Intergeracionalidade ... 18

CAPÍTULO II ... 23

PROJETO DE ESTÁGIO ... 23

2.1. Caracterização da Instituição ... 23

2.2. Diagnóstico de necessidades ... 30

2.2.1. Uma proposta de atividades ... 36

2.3. Construção e Desenvolvimento do Projeto de Estágio ... 39

2.3.1. Componente de Apoio à Família... 39

2.3.1.1. Objetivos ... 40

2.3.1.2. Atividades desenvolvidas ... 40

2.3.1.3. Materiais desenvolvidos ... 46

2.3.1.4. Calendarização de Atividades ... 49

2.3.1.5. Avaliação da Componente ... 53

2.3.2. Componente área de atuação atividades Intergeracionais ... 58

2.3.2.1. Objetivos ... 58

2.3.2.2. Atividades ... 59

2.3.2.3. Materiais desenvolvidos ... 69

2.3.2.4. Calendarização de Atividades ... 71

2.3.2.5. Avaliação da Componente ... 73

2.3.3. Componente área de atuação Formação para as educadoras ... 77

2.3.3.1. Objetivos ... 78

2.3.3.2. Atividades ... 78

(6)

2.3.3.4. Materiais desenvolvidos ... 86

2.3.3.5. Calendarização de Atividades ... 87

2.3.3.6. Avaliação da Componente ... 88

CAPÍTULO III ... 91

REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO REALIZADO ... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 95

ANEXOS ... 101

Anexo 1. Modelo de Plano de Atividades da Componente de Apoio à Família ... 101

Anexo 2. Modelo da Instrução de Trabalho das Atividades de Componente de Apoio à Família . 102 Anexo 3. Modelo de avaliação das Atividades da Componente de Apoio à Família ... 103

Anexo 4. PowerPoint da Formação para as Educadoras ... 104

Índice de Quadros Quadro 1. Tipos de família (adaptado de Goldenberg, 1980) ... 7

Quadro 2. Planificação das atividades do Estágio ... 37

Quadro 3. Um exemplo da Planificação da Componente de Apoio à Família ... 49

Quadro 4. Planificação de Atividades Intergeracionais. ... 71

Quadros 5. Plano de Formação elaborado pela estagiária... 78

Quadro 6. Análise de Conteúdo ... 85

Índice de Figuras Figura 1. Os três pilares da estrutura política para o envelhecimento ativo ... 14

Figura 2. Organograma geral da instituição ... 25

Figura 3. Árvore Genealógica ... 45

Figura 4. Puzzle dos Sentimentos ... 45

Figura 5. Jogo da Teia ... 46

Figura 6. Jogo do Contorno ... 46

Figura 7. Maquete Parque das Nações ... 48

Figura 8. Cartaz do Brasil e Jogo do Galo ... 51

Figura 9. Jogo da corda humana e jogo da apanhada ... 51

Figura 10. Um exemplo de Instrução de Trabalho (I.T) desenvolvido pela estagiária ... 52

Figura 11. Exemplo de Ficha de Avaliação preenchida ... 54

Figura 12. Teatro Carochinha ... 68

Figura 13. Máscaras de Carnaval ... 68

Figura 14. Anjos de Natal ... 68

Figura 15. Teatro Capuchinho Vermelho ... 69

Figura 16. Jogo da Glória ... 69

Figura 17. Jogo dos números ... 70

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Figura 19. Jogo com bolas e lenço colorido ... 73

Figura 20. Canções e poemas ... 76

Figura 21. Folha com algumas ferramentas da Formação para as educadoras ... 81

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INTRODUÇÃO

O presente Relatório insere-se na temática da Intergeracionalidade. A escolha do local de estágio resultou do interesse pessoal e profissional em estagiar numa instituição com população com duas faixas etárias: as crianças e os idosos, concretamente num espaço comum onde poderiam desenvolver-se atividades e reforçar a relação geracional valorizando novas potencialidades aos Técnicos de Educação e Formação, um campo de trabalho que engloba diversos grupos etários, incluindo os mais velhos.

(…) A escolha do local para estagiar, dentro da grande variedade de instituições que

foram disponibilizadas com todo o tipo de público-alvo (crianças, jovens, adultos e idosos), deveu-se à preferência e fácil contacto em lidar com crianças, por gostar de criar atividades e de as aplicar com elas. (…)

[Nota de Campo reunião inicial, 01-09-2016]

O interesse por este tema da Intergeracionalidade, começou com um projeto para uma Unidade Curricular de Envelhecimento Ativo durante o qual a estagiária realizou diversas pesquisas. Nessa altura pareceu um desafio à estagiária conseguir implementar algo que ainda não existia na instituição.

As questões orientadoras para a elaboração deste relatório centram-se:

1. O que um Técnico de Educação e Formação faz de diferente na instituição;

2. A importância do Técnico de Educação para a promoção da Intergeracionalidade, do bem-estar das crianças e dos idosos.

Tal como se tem vindo a observar nas sociedades atuais, a população está cada vez mais envelhecida e a promoção do seu bem-estar é uma preocupação atual. As estruturas familiares por si também foram sofrendo alterações e a convivência das crianças com os idosos pode ficar esquecida.

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A construção de um projeto de estágio que una gerações, pretenda dar estima aos idosos, valorizando os seus conhecimentos e competências e transmita às crianças que ser velho não significa estar débil e não ter energia é importante. Para isto é necessário que as gerações mais novas tenham contacto com os idosos, para em primeiro lugar, absorverem a sua sabedoria e em segundo alterarem os pensamentos e estereótipos negativos que lhes são transmitidos. A estagiária considera que esta convivência ampliada às várias instituições, junto com a criação de programas Intergeracionais poderá obter resultados positivos. Os idosos alegram-se com as crianças, aceitam-nas e têm o sentimento de responsabilidade. As crianças, sentem-se acarinhadas, pois têm alguém com tempo para elas, ocupando os tempos livres de ambos.

Ao se elaborar este relatório espera-se que estas iniciativas comecem a ser implementadas com mais frequência e que promovam o papel dos Técnicos de Educação no processo.

Ao longo do relatório irão aparecer as siglas de C.A que se destinam a mencionar a creche e jardim-de-infância e a de C.M que se refere ao lar residencial onde moram os idosos.

O presente Relatório encontra-se estruturado por dois capítulos.

No Capítulo I encontra-se o enquadramento teórico que será a base para se justificar o Projeto. Começa-se com algumas ideias sobre a Infância, tendo continuidade para as famílias, nesta linha de orientação aparecem os olhares sobre o Envelhecimento, a forma como as relações geracionais podem ser incluídas. Por fim segue-se a clarificação do termo da Intergeracionalidade com as visões de alguns autores e termina-se com os desafios educacionais para esta temática da Intergeracionalidade.

Importa salientar que a ordem dos temas e das atividades que se seguem, encontram-se consoante foram realizadas no local de Estágio.

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No Capítulo II, começa o Projeto de Estágio. Faz-se uma caracterização da instituição, seguida pelo diagnóstico de necessidades, com os métodos de recolha de dados. Depois apresenta-se a construção e desenvolvimento do Projeto que se divide em três componentes, mediante as principais atividades implementadas.

Concretamente, a Componente de Apoio à Família que engloba os objetivos, as atividades, os materiais desenvolvidos, a calendarização das atividades e a sua avaliação.

De seguida, vem a Componente área de atuação atividades Intergeracionais, com os objetivos, as atividades, os materiais desenvolvidos, a calendarização das atividades e a sua avaliação também.

Por último, aparece a Componente área de atuação Formação para as educadoras, com os mesmos pontos das Componentes anteriores, os objetivos, as atividades, os materiais desenvolvidos, a calendarização das atividades e a avaliação.

No final, aparece o Capítulo III com as reflexões sobre o trabalho realizado, um momento fundamental para se descreverem os aspetos positivos e as limitações que foram aparecendo ao longo deste caminho bem como as soluções que se foram implementando.

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CAPÍTULO I

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.1. Revisitando algumas ideias em torno da Infância

Na maior parte dos países ocidentais, o papel da criança na vida em sociedade nem sempre foi como hoje o conhecemos. Até ao século XII as condições de saúde eram muito precárias e o índice de mortalidade infantil bastante elevado. O facto de a criança não ter uma identidade própria e só ter valor quando tinha capacidades de realizar atividades económicas que competiam aos adultos originou que os adultos não tivessem reparado nesta faixa etária, “(…) por exemplo, as crianças tinham muito menos poder do que atualmente têm em relação aos adultos. Provavelmente ficavam mais expostas à violência dos mais velhos” (Ariés, 1973,

p. 3).

Quer isto dizer que, por serem mais pequenas estavam sujeitas à violência nas fábricas, através de trabalhos que não se adequavam às suas idades e ainda eram vistas de forma negativa por retirarem postos de trabalho aos mais velhos, por terem diferentes capacidades que beneficiavam à entidade patronal.

A questão de género também era visível, pois dava-se muito mais importância ao nascimento de rapazes sendo vistos como “pequenos homens” do que às raparigas, visto que “procuram sempre o homem na criança, sem pensar no que esta é, antes de ser homem”

(Rousseau, 1995, p. 6).

Já no século XIII, a criança era vista como uma página em branco, em que os adultos teriam que inserir os conteúdos necessários para a preparação da vida adulta. As crianças que se inseriam no seio destas famílias consideradas “antigas”, tinham o objetivo de conservar os seus bens, a prática comum de um ofício no seu quotidiano para a sua subsistência e ainda a proteção das suas vidas, embora a parte afetiva não estivesse incluída. Só a partir do século

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XV é que a infância passou a ter um valor diferente, “quando então se reconheceria que as crianças precisavam de tratamento especial, “uma espécie de quarentena”, antes que

pudessem integrar o mundo dos adultos” (Heywood, 2004, p. 23).

Era necessário dar-se um tempo para o desenvolvimento de certas competências que deu origem à escola, onde a criança já não era misturada com os restantes adultos e a afetividade por parte dos cônjuges apareceu com a preocupação pelos estudos.

Rousseau (1995) propôs uma educação infantil sem juízes, sem prisões e sem exércitos. A partir da Revolução Francesa em 1789, modificou-se a função do Estado e, com isso, a responsabilidade para com a criança e o interesse por ela.

A família começou então a valorizar a criança e a dar-lhe um papel central, onde era necessária, visto que “o envolvimento parental e dos educadores na educação da criança

representa um papel preponderante no desenvolvimento infantil, tornando-se as experiências precoces, essenciais para o normal crescimento da criança.” (Pacheco, 2013, p. 11).

Na sociedade contemporânea é visível a separação das faixas etárias e das áreas que cada uma delas pode ocupar, como por exemplo, as crianças para a creche, os adultos nos escritórios e os idosos em lares, embora dentro de uma família todas estas gerações se encontrem (Nascimento, 2008, p. 7).

Assim, “ a família ocupa, como célula-base da sociedade, um lugar imprescindível para o futuro da humanidade, pois no seu seio se marca primordialmente o indelevelmente cada criança e por isso o futuro do homem.” (Oliveira, 2002, p. 9).

A família é então um pilar de construção de qualquer indivíduo, pois grande parte das ações vão ser influenciadas pelo meio onde se insere e pode ter ou não sucesso no seu desenvolvimento social, emocional e intelectual através das suas experiências. Estas experiências podem tornar a família como um local de proteção e de privacidade, onde

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existem relações de intimidade, reciprocidade e em que se tenta ao máximo satisfazer as necessidades que a criança ou jovem possam vir a ter, como a questão da segurança, da saúde, da socialização, da autonomia e dotá-las também de capacidades para conseguirem saber viver em sociedade.

Como tal, a família é uma importante base da vida social, contudo cada estrutura familiar desenvolve as suas interações e vivências de acordo com a cultura e sociedade em que está inserida, este facto torna a família um sistema dinâmico, com características pluridimensionais e multiculturais. Todo este caráter dinâmico faz com que o conceito de família se transforme consoante as mudanças do meio em que a mesma está inserida, provocando a criação de novas formas de famílias. (Alarcão & Relvas, 2002)

Portanto, o contexto sociocultural em que se vive pode realmente alterar o percurso de uma criança para o lado positivo, mas também para o negativo e levá-la a ter comportamentos de risco que a prejudiquem a ela e aos outros, como é o caso do Bullying que tem consequências como a baixa autoestima, distúrbios de atenção e aprendizagem, o desespero e a perda de interesse nas atividades favoritas, a falta de energia e insatisfação com a vida, a depressão, a comunicação pobre e a incapacidade para se relacionar com os outros. (Musitu, Estevez, Jiménez & Veiga, 2011) Tal como indica Goldenberg (1980), existem diferentes tipos de famílias de acordo com os fatores mencionados acima e que serão representados no Quadro 1.

O autor refere que no decorrer do ciclo vital é possível observar uma sequência de estádios, marcados por transições ou mudanças que são provocadas pelas necessidades biológicas, sociais e psicológicas dos membros da família, tais como o nascimento do primeiro filho, a saída dos filhos de casa, a reforma e até algumas mudanças no próprio casal com as alterações que vão aparecendo decorrentes das vivências realizadas.

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Neste mesmo ciclo, a passagem de um estádio para outro irá ocorrer quando aparecem transformações na composição da família e que todas as mudanças efetuadas terão um impacto no funcionamento do dia-a-dia.

A observação do Quadro 1 revela a sua importância, pela forma como se consegue enquadrar o estilo de famílias que hoje existem. Como a escolha da instituição para o local de Estágio se centra na criança e na sua aprendizagem, na família e no idoso, este cruzamento de

Tipo de Famílias Características

Famílias Nucleares Esposo, esposa e filhos;

Família Extensa A família nuclear mais avós, tios, e outros

familiares;

Família Recasada Esposo, esposa e filhos de casamentos

anteriores;

Família de Facto Um homem e uma mulher e possíveis filhos

sem casamento formal;

Família de Monoparental Lar com apenas um dos pais - homem ou

mulher;

Família Comunitária Homens, mulheres e filhos que vivem juntos,

partilhando direitos e responsabilidades;

Família em Série

Homem ou mulher com uma sucessão de casamentos, com vários cônjuges ao longo da sua vida, mas com uma família nuclear de

cada vez;

Família Composta

Uma forma de casamento polígamo em que duas ou mais famílias nucleares partilham o mesmo marido ou esposa embora, a primeira

forma seja a mais comum; Família em Coabitação

Um relacionamento mais ou menos permanente entre duas pessoas não casadas

do sexo oposto;

Famílias Homoparentais Casamento ou união de facto entre pessoas

do mesmo sexo. Quadro 1. Tipos de família (adaptado de Goldenberg, 1980)

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dados é essencial. Concretamente, o bem-estar da criança passa, não só pela prática de atividades dinâmicas dentro da creche (1-3 anos) ou jardim-de-infância (3-5/6 anos), como por toda uma estrutura familiar e um suporte que lhe permita desenvolver as suas capacidades num ambiente descontraído e de confiança.

Pacheco em 2013, aponta que a infância pode ser considerada como uma fase de dependência. Neste período é fundamental que o ser humano absorva a cultura e as aprendizagens que cada geração transmite, se possa desenvolver nas diferentes áreas que compõem a evolução do indivíduo enquanto pessoa, nomeadamente a nível físico, motor, cognitivo e social, para mais tarde se tornar num ser mais completo.

Tal como Pais (2013) refere, é habitual pensarmos na família como um lugar onde naturalmente se nasce, se cresce e onde se morre, ainda que, nesse longo percurso, se possa ir tendo mais do que uma família.

Com as diversidades da sociedade, a estrutura das famílias também vai sofrendo alterações, visto que,

A família de hoje não é a mesma de ontem, pois se pensarmos as famílias de antigamente desempenhavam papéis mais rígidos, mais demarcados, mais estáveis e definidos, com um maior grau de hierarquização, enquanto a família de hoje é mais dinâmica e flexível, com uma hierarquia menor e papéis que mudam com mais facilidade, aspetos que influenciam na prestação de cuidados dos seus idosos. (Zimerman, 2000, p. 49)

De facto a criança não tinha identidade, nem lhe era reconhecida a importância que tem nos dias de hoje. Com o evoluir dos estudos e do pensamento das pessoas, as crianças precisam de atravessar um conjunto de “etapas” para crescerem de forma saudável. Os

educadores e Técnicos educacionais, colocam-nas no centro das atenções, ao terem de planificar atividades e fortalecer as suas aprendizagens, respeitando o ritmo de cada uma e a exploração de forma autónoma do que as rodeia.

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Por isso, a família vai sofrendo alterações à medida que os seus membros vão crescendo. Para uma criança, a sua família resume-se ao pai e à mãe; para um adolescente, juntam-se os irmãos, os tios, os primos e os avós e o mesmo vai acontecendo quando se é adulto. Mas quando se envelhece, já muitos dos papéis estão invertidos e a família para um idoso baseia-se nos filhos, nos netos e bisnetos se houver. Pode aparecer o sentimento de dependência, e neste caso, o papel da família é proporcionar conforto à pessoa mais velha e integrá-la no seu quotidiano. (Zimerman, 2000)

“Para muitas pessoas, quando se fala em velho a imagem que vem à mente é a de um sapato gasto, furado e que, portanto, já não serve para mais nada” (Zimerman, 2000, p. 28)

De acordo com Monteiro (2012), as relações familiares ainda são consideradas como um apoio e uma proteção para qualquer idade e fase de desenvolvimento, quer seja criança, adulto ou até mesmo idoso.

“Envelhecer é simplesmente passar uma nova etapa de vida, que deve ser vivida da

maneira mais positiva, saudável e feliz.” (Zimerman, 2000, p. 28)

1.2. Olhares sobre o Envelhecimento

O acentuado envelhecimento demográfico da população portuguesa juntamente com a baixa natalidade, que se verifica ao longo dos últimos anos, tem contribuído para que a velhice e o conceito de envelhecimento assumam uma maior importância na nossa sociedade atual. “Importa salientar que, devido aos avanços dos cuidados de saúde e da melhoria da qualidade de vida das populações, a esperança média de vida tem vindo a aumentar, contribuindo assim para um aumento significativo do número de idosos.” (Duarte, 2009, p.

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De acordo com Lima (2010), o envelhecimento diz respeito a um processo que ocorre ao longo da nossa vida, desde a conceção até à morte; enquanto a velhice é uma fase da vida, designando-se por idoso o indivíduo que se encontra neste período da vida.

Relativamente aos idosos, o seu envelhecimento ocorre num contexto que envolve outras pessoas (amigos, colegas de trabalho, vizinhos e membros da família). “A criança de ontem é o adulto de hoje e o avô ou avó de amanhã.” (OMS, 2005, p. 13)

A imagem do idoso na sociedade tem vindo, assim, a sofrer profundas alterações. Se antes o idoso era visto com respeito e o seu papel na sociedade era determinante no aconselhamento e decisão sobre matérias importantes, tal como ainda acontece noutras sociedades com culturas diferentes, hoje em dia em Portugal, numa sociedade onde a produtividade e a atividade profissional são mais valorizadas; o envelhecimento é visto exclusivamente como um conjunto de perdas de capacidades, pois o idoso é tido como um fardo. (Duarte, 2009)

A origem dos estereótipos sobre o envelhecimento e a terceira idade reside, essencialmente, na falta de informação sobre o que é a velhice e na tendência predominante de atribuir quase sempre aos idosos papéis passivos, marcados pela dependência e pelo assistencialismo. (Freitas, 2011)

Um conceito frequente dentro da temática do envelhecimento é o idadismo, que se traduz nas atitudes negativas face às pessoas devido à sua idade. Este tipo de crença com grande impacto em várias esferas da vida quotidiana, aplica-se na forma como as pessoas olham para os idosos, cheias de estereótipos, como também para a ideia pré-concebida que estes séniores possam ter das pessoas mais novas que os acompanham e planeiam as suas atividades, aliado de um certo sentimento de desvalorização pela pouca idade que possuem.

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“O idadismo tem por base um tipo de raciocínio pré-operatório com o qual se calcula

o valor ou o merecimento de um indivíduo com base apenas numa caraterística, a idade.” (Ferreira, 2007 citado em Oliveira, 2012, p. 89)

Toda esta situação e a difícil adaptação, leva ao isolamento das pessoas mais velhas na sociedade, juntamente com a alteração na estrutura familiar, a redefinição de funções e valores da família, pois as relações afetivas foram substituídas pelas instrumentais:

A cessação da actividade profissional, a ausência de familiares, inclusive do próprio cônjuge, a perda ou diminuição das relações sociais, conduzem as pessoas idosas ao isolamento social, alimentam sentimentos de solidão, pessimismo, tédio, passividade e frustração induzidos pelo «não fazer nada», pelo «não se sentirem úteis», provocando a exclusão e marginalização social. (Osório & Pinto, 2007, p. 4) “O conceito de velhice não é homogéneo, pelo facto de cada pessoa envelhecer

individualmente e consoante o estilo de vida que desfrutou.” (Pereira, 2011, p. 12) Atualmente, as pessoas vivem mais e têm melhores condições de saúde, em média, podendo assim manter uma atividade profissional por mais tempo. A vantagem de se manter ativo consiste em integrar-se melhor na sociedade, adiando a diminuição dos contactos sociais e institucionais provocados pela situação de reforma. (Cabral & Ferreira, 2014)

Para Cabral e Ferreira, (2014), o envelhecimento é, em princípio, um fenómeno positivo, quer para os indivíduos, quer para as sociedades, testemunhando os progressos realizados pela humanidade em termos económicos, sociais e biomédicos.

“O segredo está em viver cada uma das etapas com alegria, lucidez e sabedoria. Ao

longo destas etapas e à medida que as vamos vivendo, encontramos novos desafios, estabilidade, maturidade, experiência e equilíbrio emocional.” (Monteiro, 2012, p. 11)

Resume-se tudo a uma questão de atitude e à maneira como cada pessoa encara a etapa da vida em que se encontra. Se for de forma negativa irá apressar o processo de

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envelhecimento, pelo contrário, se for uma atitude saudável e positiva, as mudanças que vão acontecendo serão mais fáceis.

O processo de envelhecimento é marcado tanto por mudanças físicas, que acontecem a nível do corpo, como a nível psicológico e emocional. As rugas, os cabelos brancos, a diminuição da visão, da audição, a redução da agilidade de locomoção, da força física nas mãos e nas pernas são os aspetos biológicos mais visíveis. O idoso é capaz de satisfazer as próprias necessidades e de resolver os seus próprios problemas, tendo alguma autonomia. (Monteiro, 2012)

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o “Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.” (OMS, 2005)

É crucial nos dias de hoje consciencializar as pessoas para a importância do envelhecimento ativo, e fazer com que percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo da sua vida.

No início do séc. XX, surge a disciplina de geriatria como um ramo da medicina, que depois se subdividiu para a gerontologia educativa que está relacionada com modelos e programas de animação, estimulação, enriquecimento pessoal, formação e instrução a idosos. Esta educação pode ser eficaz na alteração de atitudes, estereótipos e mitos ou preconceitos negativos sobre a velhice, oferecendo assim uma imagem mais dinâmica desta etapa de vida.

Segundo a OMS (2005), o termo de envelhecimento saudável foi substituído por envelhecimento ativo, enfatizando-se a otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas, sendo que defende que envelhecer não é apenas uma questão individual e sim

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um processo que deve ser facilitado pelas políticas públicas e pelo aumento das iniciativas sociais e de saúde ao longo de toda a vida.

Posto isto, o objetivo do envelhecimento ativo é “aumentar a expectativa de uma vida

saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados”. (OMS, 2005, p. 13)

Tal como indica Cabral e Ferreira (2014), a nível internacional, este termo do envelhecimento também é levado em consideração e são muitas as organizações que dão o seu “olhar”/ perspetiva sobre o mesmo, tal como a Organização das Nações Unidas (ONU), a

Comissão Europeia (CE) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Aconteceu em 2012 uma iniciativa, o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações “que visa combater a discriminação com base na idade (idadismo) e promover a sustentabilidade entre gerações, incentivando os países a promoverem o envelhecimento ativo atuando no domínio do emprego, participação social e autonomia.” (Veloso, 2015, p. 13)

Para a OCDE, o envelhecimento ativo é a capacidade das pessoas levarem uma vida ativa e produtiva na sociedade, à medida que envelhecem. O envelhecimento ativo implica uma flexibilização do modo como os indivíduos e as famílias repartem o seu tempo entre o trabalho, a educação, o lazer e a prestação de cuidados (OCDE, 1998 citado em Veloso, 2015). Por sua vez, a CE entende o envelhecimento como “uma estratégia coerente visando permitir um envelhecer saudável” (CE, 2002 citado em Cabral & Ferreira, 2014, p. 13).

De acordo com a OMS (2005) existem três pilares importantes para o envelhecimento ativo, tal como apresenta a Figura 1: a saúde, a participação e a segurança.

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Figura 1. Os três pilares da estrutura política para o envelhecimento ativo

Adaptado: OMS, 2005, p. 45

No pilar da participação encontra-se o mercado de trabalho, o emprego, a educação, as políticas sociais e de saúde e programas apoiam a participação integral de atividades socioeconómicas, culturais e espirituais conforme os direitos humanos, os indivíduos continuam a contribuir para a sociedade com atividades enquanto envelhecem. Na saúde, os que precisam de assistência devem ter acesso a uma gama de serviços sociais e de saúde que atendam às necessidades e direitos de homens e mulheres no processo. E por último a segurança, quando as políticas e os programas abordam as necessidades e os direitos dos idosos à segurança social, física e financeira ficam asseguradas a proteção, dignidade e assistência aos mais velhos.

Em suma, o envelhecimento acentua os riscos da vulnerabilidade do estado de saúde; do isolamento social e da solidão propriamente dita; da dependência não só física e mental, como também económica; e, finalmente, aumenta o risco da estigmatização em relação aos «velhos», seja a discriminação excludente ou o preconceito paternalista. (Cabral & Ferreira, 2014)

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1.3. Intergeracionalidade: Clarificação de um conceito

“As relações intergeracionais assumem ainda maior relevo quando se trata de prestar

apoio aos idosos, sendo a importância da família, neste período de vida, elevada.” (Pais, 2013, p. 32)

Apresenta-se agora o tema principal do Estágio, a Intergeracionalidade. O idoso tem um papel extremamente importante na formação das gerações mais novas, papel este que deve ser preservado, e as crianças têm um papel também ele importante na vida das gerações mais velhas. A incidência nestas duas gerações torna-se relevante pelo facto de serem dois mundos interligados, cada um no seu extremo na linha cronológica, mas que as etapas da vida encontram-se semelhantes. Para além das necessidades emocionais e físicas já referidas, estas gerações possuem tempo livre como nenhuma outra e o tipo de atividades que realizam podem ser idênticas.

(…) é necessário potenciar as relações entre as gerações que se tornaram bastante escassas, em virtude das mudanças sociais, como, por exemplo, as alterações das estruturas familiares e da economia, o avanço tecnológico, as políticas e o mercado de consumo direcionados a diferentes grupos etários, entre outras. (Villas-Boas, 2015, p. 32)

De acordo com Teiga (2012), para se entender do que se trata a Intergeracionalidade, tem que se definir também o conceito de geração e de relações sociais. O termo geração, associa-se ao contexto histórico e sociológico, é mais amplo do que o conceito de idade, e está estritamente associado a influências normativas, respeitantes à história. As diversas idades não se relacionam apenas para a Intergeracionalidade, pois no seio de uma família podemos encontrar e conviver com quatro gerações, teremos uma mãe, um filho, uma avó e ou uma bisavó num lar ou centro de dia. Para o segundo conceito, as relações sociais baseiam-se na partilha recíproca de ideias, pensamentos, visões e aprendizagens que levam a novas conceções sociais acerca das pessoas e do mundo.

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Não se restringe apenas à relação entre velhos e crianças nem à família. Trata-se de um diálogo solidário entre duas pessoas de gerações diferentes, dentro e fora do seio familiar, que vivenciam sentimentos de pertinência, de significado e de status social (Palacios, 2004 citado em Teiga, 2012, p. 28)

Para Hatton-Yeo (2009) existem várias definições e descrições de práticas Intergeracionais, mas a maioria identifica-se com a definição internacional, que diz “As práticas Intergeracionais procuram juntar pessoas com um propósito, através de atividades que as beneficiem mutuamente e que promovam um melhor entendimento e respeito entre gerações”. (Hatton-Yeo, 2009 citado em Monteiro, 2012, p.46)

“O Projeto cria a oportunidade e explora a capacidade dos professores, em conjunto, refletirem sobre a escola, as suas funções, os seus problemas e as formas de os solucionar.”

(Braz, 2012, p. 2) Quer isto dizer, que os Projetos Intergeracionais que já vão aparecendo nos lares em parceria com escolas/creches, têm como função alertar as pessoas (comunidade educativa) para as necessidades de cada idoso, o seu estado e assim proporcionar de uma forma mais dinâmica o contacto de faixas etárias diferenciadas e a troca de experiências de vida. Portanto, reforça-se a importância do desenvolvimento de Projetos desta natureza, onde se pensem estes assuntos e onde se desenvolvam práticas variadas, de modo a contribuir para que os idosos e as crianças não sejam vistos apenas como um grupo etário ou uma geração homogénea.

“ (...) as actividades intergeracionais podem, de certa forma, preencher um pouco do vazio do quotidiano dos idosos, bem como contribuir para que estes não encarem o seu processo de envelhecimento como um declínio.” (Duarte, 2009, p. 25)

Duarte em 2009, refere que o efeito de atividades Intergeracionais, entre crianças e idosos institucionalizados, poderá trazer benefícios afetivos aos idosos, que muitas vezes sofrem de depressão. Este contacto regular entre crianças e idosos é algo que poderá ser

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muito benéfico para ambas as gerações. Mais benéfico ainda quando se recorre à construção de um plano de atividades específico para esse mesmo contacto regular, organizando o tempo disponível para que seja rentabilizado, onde sejam criadas oportunidades para o desenvolvimento de relações de empatia e respeito entre os participantes.

“Os programas intergeracionais devem ter em conta os ritmos e motivações dos idosos

e dos jovens, assim como a duração que não deve ultrapassar uma hora, caso contrário uma boa experiência pode-se tornar numa má experiência.” (Félix, 2011, p. 26)

Ao se planificar atividades para esta população deve ter-se em conta as dificuldades das duas gerações, com a condicionante de algumas doenças nos idosos como o Alzheimer e Parkinson. Alguns exemplos de atividades que poderão ter sucesso são o contar histórias, interpretação de pequenas peças de teatro, oficinas de trabalhos manuais, jogos tradicionais, músicas e comemoração de épocas festivas. Esta interação entre as crianças e os idosos é extremamente prazerosa e enriquecedora para ambos. Em algumas sociedades tradicionais, os idosos assumem um papel fundamental em narrar a história da família, da comunidade, servindo de referência às novas gerações. (Brandão et al. 2006, citado em Rodrigues, 2014)

“A transmissão de memórias e experiências permite que cada geração compreenda a sua linguagem e a simbologia diminuindo os conflitos (…) ultrapassa as diferenças etárias, o que está em causa são as discordâncias de atitudes, crenças, culturas e experiências.” (Teiga,

2012, p. 31)

Desta maneira, a promoção do contacto Intergeracional favorece o desenvolvimento e valorização pessoal de todos os que usufruem dos serviços prestados, criando e promovendo atividades que juntam crianças e idosos. Existem benefícios desta ligação, por parte do idoso tende a aumentar a sua autoestima e autoconfiança, libertando um pouco as ideias pré-definidas que as pessoas que são velhas não têm utilidade para a sociedade. As crianças

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podem ajudar, não só no convívio como também a melhorar a integração e socialização do idoso. (Monteiro, 2012)

(…) Benefícios para as crianças e jovens: compreensão da história e da vida como um processo e curso; atitudes mais positivas em relação a pessoas de idade e ao processo de envelhecimento, maior cooperação, comunicação, tolerância, preocupação e respeito pelas limitações dos outros, aprendizagem de coisas tão variadas como artesanato, jogos tradicionais, história cultural, habilidade de artes cénicas e de horticultura, entre outros. (Villas-Boas, 2015, p. 36)

É necessário atribuir sentido e importância aos nossos idosos, possibilitando que se tornem parte da evolução dos que os rodeiam. As crianças com a sua energia, simplicidade, simpatia e sinceridade acima de tudo, transmitem valores positivos aos mais velhos e proporcionam-lhes motivação e bem-estar, sem que seja algo implícito. A implementação de atividades Intergeracionais, pode tornar-se como uma alternativa para que estes dois grupos etários se encontrem envolvidos e para as instituições encontrarem também uma harmonia.

Assim, “se queremos pessoas felizes temos de mudar os sistemas, as leis, as instituições, os espaços de trabalho, de lazer e de aprendizagem no sentido de edificar uma sociedade com um sentido mais forte de conexão e de Intergeracionalidade.” (Lima, 2010, p. 129)

1.4. Desafios Educacionais da Intergeracionalidade

O tema da Intergeracionalidade deve ser também incluído na área de educação uma vez que existe um conjunto de contextos como a intervenção em instituições, os programas que podem e devem ser criados consoante as necessidades do público-alvo e os benefícios para estas duas gerações (crianças e idosos) que permitem compreender de forma mais clara a importância desta temática e o papel dos Técnicos de Educação.

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No presente relatório, irá ser referida apenas a idade de pré-escolar para estes desafios educacionais, atendendo ao local de estágio. No entanto outras idades de crianças ou jovens também podem ser exploradas.

Tal como nos indica Vieira (2010), para se construir a relação educacional ao lado da Intergeracionalidade, a modificação do ambiente educativo pode ser bastante útil para melhorar a qualidade de interações entre crianças e idosos, isto porque, os participantes também têm características que às vezes precisam ser tomadas em consideração no desenvolvimento das atividades aplicadas.

O papel das instituições para transmitir uma imagem positiva aos grupos sociais do que é ser velho, podem desde cedo na idade pré-escolar promover e reforçar o contacto Intergeracional, pois as crianças desde pequenas convivem com o preconceito que lhes é transmitido pela família e a ideia do mundo que a rodeia, vai tomando forma.

“Neste sentido, a educação Pré-escolar, como entidade responsável pela educação das

crianças e como fonte de recursos e materiais educativos, possui um papel pertinente na transmissão e percepção de conceitos e imagens pelas crianças.” (Vieira, 2010, p. 36)

“Educação intergeracional é extremamente importante, sendo que, para se conseguir

mudar estereótipos, é preciso mudar as imagens proveniente nos livros escolares, introduzir nas escolas atividades que integrem idosos e crianças/jovens e, se possível, a comunidade.”

(Rodrigues, 2014, p. 1)

Portanto, como se pode verificar, “os ambientes de educação infantil também têm um papel importante na maneira como a criança cria as suas próprias imagens sobre o envelhecimento, bem como sobre os idosos.” (Vieira, 2010, p. 36)

Dentro destas mesmas instituições, o papel que os Técnicos exercem deve basear-se mais numa relação educativa e cultural que pessoal, numa partilha de competências,

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capacidades e experiências em que as pessoas são mais importantes que os métodos e conteúdos culturais a transmitir, em que os profissionais ajudam a incorporar-se nos espaços sociais da sua época.

O método através do qual o educador actua pedagogicamente (e.g. construção do currículo baseado numa abordagem intergeracional) pode ser uma maneira de definir a qualidade do apoio prestado à criança, melhorando as suas competências sociais e permitindo-lhe lidar com um mundo em mudança. (Vieira, 2010, p. 38) Um Técnico de Educação para conseguir reunir as condições necessárias de ambas as partes “deve basear-se numa ampla rede social incluindo idosos, crianças, profissionais, pais, organizações e serviços da comunidade - onde as relações sociais e emocionais entre os participantes estão no centro da troca intergeracional.” (Vieira, 2010, p. 34)

A atitude da criança perante a velhice é influenciada pela convivência que esta tem com pessoas mais velhas. Logo, crianças que convivam com os avós, vizinhos ou outras pessoas idosas tendem a encarar o processo de envelhecimento como algo positivo. A educação pode e deve intervir nestas diferentes áreas, a familiar, a escolar, a social e possibilitar que este contacto Intergeracional se concretize de forma natural e espontânea, “a socialização é um dos processos através do qual os conceitos sobre o envelhecimento são percebidos pela criança durante o seu crescimento e desenvolvimento.” (Vieira, 2010, p. 35)

“(…) a educação intergeracional, constitui o veículo de transmissão de conhecimento

e sabedoria entre gerações, fortalece as redes sociais, tão necessárias para os adultos maiores e, ainda o desenvolvimento da cidadania, do voluntariado e empreendorismo.” (Martins, 2015, p. 681)

Existem instituições que possuem diferentes faixas etárias no mesmo local, mas não significa que pratiquem atividades Intergeracionais, para aproveitar a organização existente e o potencial: “Ou seja, constata-se que a existência de dois grupos geracionais numa mesma

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instituição não significa, à partida, que ela se oriente pelos pressupostos da intergeracionalidade e que promova uma relação entre as gerações.” (Vieira, 2010, p. 33)

O indicado será criar-se iniciativas para combinar diferentes grupos etários, de forma a incorporar os Projetos Intergeracionais no que já existe, e não apenas como algo extra. Os programas de educação gerontológica e/ou gerontagogia geram relações de convivência, compensações sociais, cuidados do ser e o ‘estar com pessoas’ (melhoria dos contextos

culturais). A metodologia pedagógica com essas pessoas assenta nos princípios de atividade, independência, protagonismo e participação de modo a aproximar-se às outras gerações. (Martins, 2015)

Por isso, ao criarem-se e incentivarem-se programas para gerar comunidades de aprendizagem Intergeracionais, devem ter como foco as necessidades dos participantes para que possuam motivações para continuar a aprender; conhecer outras pessoas (relacionarem-se); implicação em tarefas criativas e atividades estimulantes; necessidade de aprofundar saberes ou temáticas que lhes interessa (ampliar horizontes); preencher algumas deficiências formativas anteriores; ocupação do tempo de modo produtivo (participação comunitária); desempenhar com mais competência certas ocupações (com ou sem remuneração); treinar a parte físico-cognitiva e emocional para se manterem bem na sua idade; readaptarem-se às novas situações da reforma; dar sentido e significado a este ciclo de vida (velhice); construir processos que lhe permitam ir da dependência à independência. (Martins, 2015)

Todas estas sugestões de interação devem ter uma estrutura não formal dentro da área educação, promovendo o contacto das gerações mais novas com as mais velhas, através de atividades ao ar livre, por exemplo, onde de uma maneira geral se consiga contribuir para o desenvolvimento pessoal de cada um, a sua satisfação e qualidade de vida.

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“Uma actividade intergeracional vai além da simples mistura de diferentes grupos

geracionais, pelo que se torna importante estar consciente da ideia de que não é suficiente colocá-los em contacto.” (Vieira, 2010, p. 38)

Tal como este autor indica, para além de se ter os participantes e as estruturas, não é suficiente se não houver planificação, estrutura e dinamização de atividades Intergeracionais por Técnicos especializados, de forma a criar-se uma relação de convivência positiva e desmistificar todos os entraves de ambas as gerações.

A revalorização da história e do tempo histórico vivido, a experiência e as narrações dos adultos maiores são fundamentais para conseguir uns entrelaços geracionais, projetar uma nova visão da velhice, fortalecer a pessoa como tal e continuar a aprender a aprender. (Martins, 2015)

De acordo com Martins (2015), existem finalidades de educação como a realização pessoal e o compromisso social, o desenvolvimento de competências sociais e individuais, a troca de vivências e experiências num compromisso com as outras gerações. Toda esta interatividade tem como objetivo uma maior participação, na recuperação da cultura e tradições populares e memórias históricas que as nossas crianças muitas vezes já não têm conhecimento. A recuperação destes saberes antigos e a viagem ao passado, proporciona aos nossos idosos uma satisfação e acima de tudo um sentimento de “utilidade”, como se fosse a

sua missão ensinar os mais novos e ajudá-los a terem um futuro melhor que o deles.

Assim, programas educacionais voltados para o envelhecimento e para a participação social dos idosos, promovem interação entre os mais jovens com os mais velhos, contribuindo para uma melhor velhice no presente e no futuro (Andrade, 2002).

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CAPÍTULO II

PROJETO DE ESTÁGIO

Neste capítulo serão especificadas as informações relativas ao local de Estágio, às práticas a serem realizadas e às condições necessárias para a implementação deste Projeto.

2.1. Caracterização da Instituição

A instituição onde o Estágio foi realizado C.A enquadra-se no Ensino Particular e Cooperativo. É uma entidade que tem serviços dirigidos à Educação de Infância – C.A - e também de acompanhamento e apoio à 3ª Idade – C.M.

Quanto ao meio social em que se insere, a estagiária dirigiu-se à C.A que é um Jardim-de-Infância privado situado no Parque das Nações, ao qual foi a escolha para a realização do

Estágio do Mestrado. (…)

[Nota de Campo reunião inicial, 01-09-2016]

A instituição está situada perto de grandes eixos rodoviários, com grandes áreas residenciais, serviços, equipamentos, infraestruturas urbanas, estacionamentos e zonas verdes, de forma a se valorizar mais o rio Tejo. Possui então um espaço urbano de elevada qualidade, onde o nível socioeconómico e cultural é médio-elevado. Existem ainda serviços de apoio, como comércio, restauração, escolas, hospital, clínicas médicas, farmácias, entre outros.

Este projeto nasceu de um forte interesse pela educação de infância, e tem como objetivo privilegiar uma intervenção consciente, refletida e promotora de autonomia, autoconfiança e autoestima das crianças. Assenta em estratégias educativas diversificadas com a visão de que a criança é motor da sua própria aprendizagem devendo o educador de infância observar, identificar, incentivar os seus conhecimentos, interesses e motivações. (Projeto Educativo, 2016-2019, p. 14)

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A instituição iniciou o serviço à Comunidade do Parque das Nações em 2005, contando já com doze anos de funcionamento. Tem serviço nas valências de Creche (dos 4 meses aos 2 anos) e Jardim de Infância (entre os 3 e os 6 anos), com lotação total para 199 crianças. A C.A funciona durante os 12 meses do ano, das 8h00 às 19h30.

Na valência da Creche existem o Berçário A e B e cinco salas organizadas de acordo com as faixas etárias presentes. Uma copa de leites, uma instalação sanitária para as crianças, duas despensas para arrumos, uma instalação sanitária para os adultos e cacifos individuais para crianças/colaboradores.

A valência de Jardim de Infância é composta por quatro salas heterogéneas, duas instalações sanitárias para crianças, um sanitário para crianças com deficiência motora, uma despensa de arrumos e cacifos para crianças/colaboradores.

Nos espaços comuns existem o secretariado e os serviços administrativos, uma sala de reuniões, um gabinete da direção, outro para a direção técnica, o de qualidade e o gabinete médico, uma sala de isolamento/recobro, uma sala polivalente/ginásio, a sala de música, uma sala de convívio para os funcionários, um espaço exterior, o refeitório/bar, a cozinha, a lavandaria e 25 lugares de estacionamento no piso -1.

Na Figura.2 temos o organograma da instituição que tem de corpo docente uma diretora técnica, seis educadoras para a valência de Creche, quatro educadoras para a valência de Jardim de Infância e um professor de Educação Motora e Língua Inglesa. As restantes aulas de Educação Artística que compõem as atividades de enriquecimento curricular e as extracurriculares são dadas por professores externos (Ciência Divertida; Nutricientistas; EcoKids; Prol- Cabeça com ideias; Ballet; Judo; Tic; Yoga para crianças; ZumbaKids e Natação.)

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No corpo não-docente existem 16 Técnicas de Ação Educativa (auxiliares), quatro administrativas, três colaboradores de higiene e limpeza, um médico e quatro enfermeiros comuns à C.M.

(…) É importante referir que dentro daquela instituição, os profissionais que existem

são Educadores de Infância, Psicólogos, Professores de disciplinas específicas, existe desde há pouco tempo uma Técnica de Educação Social que desempenha um papel diferente com as crianças, junto das educadoras e que veio dar mais apoio às crianças com necessidades educativas especiais que era uma parte que estava a faltar. Mas uma Licenciada em Ciências da Educação e a terminar o Mestrado em Educação e Formação, foi uma área que nunca receberam até à data. (…)

[Nota de Campo reunião inicial, 01-09-2016]

De acordo com a reunião inicial que foi feita no início de setembro de 2016 à diretora técnica,

(…) A reunião começou com um conjunto de perguntas que a diretora tinha para

fazer, sobre os objetivos concretos do mestrado, as competências da estagiária, o local exato onde deveria ser colocada a trabalhar para atingir as metas com sucesso. (…)

[Nota de Campo reunião inicial, 01-09-2016]

Quanto à organização das salas de Jardim de Infância que é onde incide a intervenção do Estágio, encontram-se divididas por áreas (biblioteca, casinha, garagem, jogos de chão e de mesa), para que as crianças possam estar divididas em cada uma delas a brincarem no que mais gostam. Os desenhos estão sempre presentes, com lápis de cor e de cera à disposição, bem como canetas de filtro para determinados trabalhos de contornos. Para além das folhas brancas para os desenhos, ainda existem imagens e revistas para o recorte e colagem e os musgamis de cores e brilhantes para serem colados.

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Após dois meses de observações,

(…) Houve uma preferência das meninas para irem para a casinha imaginando as suas brincadeiras (…) na biblioteca onde imaginam que são professoras. Já os meninos pediram

logo para irem à garagem e para fazerem as suas construções nos legos.

[Nota de Campo, 27-09-2016]

Assim, o grupo das meninas é que adere mais aos recortes e colagens e a tudo o contém brilhantes, onde se divertem a criar cenários de princesas, das suas famílias e a elaborarem desenhos com as figuras geométricas que estão recortadas nos materiais. Já os rapazes, gostam mais do espaço da garagem, dos legos e das construções que fazem, baseando-se nos jogos que têm em casa.

As educadoras em cada sala fazem planificações semanais das suas atividades entregando-as à direção, de acordo com os temas previamente estipulados. Para a realização dos trabalhos manuais são necessários recursos materiais, como folhas, cartolinas, tintas, pincéis, adereços, brilhantes, limpa-cachimbos coloridos, massa de modelar, barro, entre outros.

(…) Surgiu a oportunidade de conversar com a educadora Matilde que explicou a

dinâmica da sala e da instituição, onde cada educadora, tem que planificar atividades semanais para serem aprovadas pela direção e que nesta altura a sua sala estava a trabalhar o “Eu” por haver pessoas novas dentro do grupo. Para Outubro, irão trabalhar o outono, o que

acontece na estação do ano, os frutos que aparecem, o São Martinho (convívio com a família), as vindimas com uma pequena demonstração na sala, as abóboras, depois vem a época do natal que é para se preparar a festa e em Janeiro irão falar sobre a cidade de Lisboa. (…)

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A partir do documento do Projeto Educativo facultado pela diretora técnica, a valência da C.M do lar residencial, teve início em 1977 pela antiga gerência que era uma cooperativa de habitação e construção.

A C.M é também uma instituição privada com fins lucrativos e a sua principal missão é dar resposta à população sénior, promovendo a prestação de cuidados individualizados indo ao encontro das necessidades e expetativas dos residentes, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida, inovação e humanização dos serviços, pois “(…) presta serviços permanentes e adequados à problemática do residente, contribuindo para a estabilização ou retardamento do processo de envelhecimento.” (site da instituição)

Esta residência tem uma arquitetura moderna e adaptada às necessidades dos destinatários, num único piso com 1300 m2, sem escadas. Dispõe de três salas, (…) a estagiária foi conhecer com a diretora técnica (Marta) o lado dos idosos que é um lar residencial com 31 idosos, junto da diretora Maria. Foram-lhe mostradas as instalações, onde possuem uma sala de refeições, uma sala de estar e outra sala de atividades, dezasseis quartos (individuais, duplos e de casal). (…)

[Nota de Campo, 20-09-2016]

Cada quarto possui televisão, ar condicionado, camas com grades de proteção e colchões adaptados à geriatria, estores elétricos, telefone fixo e casa de banho privativa; duas casas de banho sociais para os residentes e outra para os funcionários; gabinete de enfermagem e médico; um escritório para a diretora técnica; uma cozinha e lavandaria e um jardim e portaria 24 horas.

O lar acolhe pessoas a partir dos 65 anos dependentes, semi-independentes e independentes, de ambos os sexos. Atualmente encontram-se 31 residentes ao todo do sexo feminino e masculino que (…) sofrem de demências, Alzheimer e fronto-temporal , portanto, para

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algumas delas, existem certas perguntas que não conseguem responder (por serem memórias mais recentes). (…)

[Nota de Campo, 21-09-2016]

Tal como é apresentada na Figura.2, existe uma diretora técnica, uma médica que presta serviços duas vezes por semana, três enfermeiros, uma nutricionista, um professor de animação sociocultural, duas chefes de equipa, um cozinheiro, três ajudantes de cozinha, dezassete agentes de geriatria, duas colaboradoras de limpeza e estagiários da área de assistentes sociais e animadores socioculturais.

A C.M presta serviços de alojamento; cuidados médicos; higiene pessoal e banho assistido; limpeza geral; alimentação personalizada e adequada; cabeleireiro, manicura e pedicura; serviço completo de lavandaria; atividades ocupacionais; acompanhamento a consultas externas; serviço de cofre e fisioterapia. São realizadas atividades de animação e ocupação como por exemplo, comemoração de datas festivas, tardes de cinema, pintura e trabalhos manuais para os que conseguem realizar, ateliers de culinária, passeios ao exterior, idas ao teatro e visitas a museus. (site da instituição)

Os recursos materiais necessários incluem cadeiras de rodas, cadeiras de rodas de banho e andarilhos fornecidos pelos familiares dos utentes. Para a sala de estar, existem cadeiras, uma mesa, um quadro, canetas, um retroprojetor, um DVD, uma televisão e um sofá.

Assim, de uma maneira geral, os residentes e os seus familiares encontram-se satisfeitos com os serviços prestados, salientando à estagiária a vantagem de se realizarem visitas a qualquer hora.

(…) Disseram à estagiária que o lar é um local agradável, onde são bem tratadas e as senhoras que tratam delas são simpáticas. (…)

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[Nota de Campo, 21-09-2016]

2.2. Diagnóstico de necessidades

“Um projeto pode ser considerado como uma atividade temporária a fim de se obter

um determinado resultado, como um produto ou um serviço, realizado por pessoas e com recursos limitados.” (Ferreira, 2013, p. 16)

O Projeto Educativo de uma instituição é o documento base para toda a comunidade educativa se orientar. Tem uma dimensão temporal e é um processo contínuo que vai evoluindo e que necessita de constante atualização. As instituições seguem os documentos lançados pela Direção Geral de Educação divididos por grupos etários. No presente caso serão as Orientações para a Educação Pré-escolar.

As Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (OCEPE, 2016) que serviram de suporte para a construção do Projeto Educativo do local de Estágio, baseiam-se em quatro pontos. Nomeadamente:

 Desenvolvimento e aprendizagem como vertentes indissociáveis;  Criança como sujeito central e ativo do processo educativo;  Deve dar resposta a todas as crianças;

 Construção articulada do saber. (p. 9-11)

O documento do Projeto Educativo da instituição (2016-2019), “No Caminho da Autonomia…”- Formação Pessoal e Social, indica-nos que cada estabelecimento tem os seus

recursos materiais e humanos e cada criança tem as suas características próprias. Quando se cria um determinado estabelecimento, existe uma razão específica, todo um funcionamento e é necessário refletir sobre os procedimentos utilizados, com vista sempre a uma melhoria. No caso do Projeto Educativo de modo geral, tem de ser global, estar de acordo com as Orientações Curriculares do Pré-escolar e motivar os diferentes intervenientes que são os

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educadores, os pais, os membros da comunidade e claro as próprias crianças. Este Projeto requer que se tenha um processo interativo, uma dinâmica própria, de forma a orientar o bom funcionamento da escola e a sua auto-organização.

O papel dos educadores neste percurso é importante e ajuda ao bom desempenho de um Projeto Educativo, visto que,

A ação profissional do/a educador/a caracteriza-se por uma intencionalidade, que implica uma reflexão sobre as finalidades e sentidos das suas práticas pedagógicas, os modos como organiza a sua ação e a adequa às necessidades das crianças. Esta reflexão assenta num ciclo interativo - observar, planear, agir, avaliar - apoiado em diferentes formas de registo e de documentação, que permitem ao/à educador/a tomar decisões sobre a prática e adequá-la às características de cada criança, do grupo e do contexto social em que trabalha. (OCEPE, 2016, p. 5)

Como se pode observar, a criança tem um papel preponderante para o desenvolvimento e planificação de atividades na instituição, tendo como visão, “Crescer continuamente e ser reconhecido pelas crianças, pais e encarregados de educação como uma das mais reputadas e credíveis Creches e Jardim de Infância” e de missão, “Prestar um serviço baseado em modernas metodologias pedagógicas com o objetivo de privilegiar uma intervenção promotora da autonomia, autoconfiança e autoestima das crianças.” (Projeto

Educativo, 2016-2019, p. 13)

A C.A assume ser uma unidade educativa que privilegia uma educação global que pretende promover a capacidade de observação, o sentido crítico, a transformação, a exploração e vivência de emoções para motivar o desenvolvimento da criatividade das crianças.

(…) Neste sentido, a qualidade da vida imaginativa da criança carece de um ambiente favorável ao “faz-de-conta”, em que ela expressa e comunica a forma como perceciona o mundo que a rodeia, aprende a identificar, a pôr hipóteses, a resolver as questões com que se depara (…) (Projeto Educativo, 2016-2019, p. 4)

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Portanto, para se elaborar o Projeto Educativo, no contexto da infância e colocando a criança como centro das preocupações, o Projeto na C.A pretende:

 Dar resposta às necessidades biopsicossociais da criança;

 Promover o desenvolvimento integral da criança numa perspetiva de educação para a cidadania;

 Fomentar e favorecer uma progressiva consciência da criança como membro da sociedade;

 Valorizar e implementar a autonomia da criança.

Assim, através das informações que se podem encontrar no Projeto Educativo (contextualização social, local e económica) e informação da organização, permite-nos entender o contexto em que a instituição se insere, o tipo de público a que se dirige, as suas possibilidades, a estrutura e orgânica e a forma como utilizam todas estas informações e as conseguem aplicar e adequar ao que é realmente necessário. A questão das diferentes gerações e o contacto que se pode proporcionar com as mesmas, bem como, o nível socioeconómico elevado que permite a existência de outro tipo de experiências e recursos são alguns indicadores que permitem entender melhor o porquê de algumas ideias no Projeto, nomeadamente as visitas de estudo, as atividades e os materiais educativos que são utilizados e o contacto Intergeracional que irá ser desenvolvimento mais à frente.

(…) A presença de diferentes gerações privilegia a importância dada ao atendimento das necessidades específicas. É também nossa convicção de que a promoção do contacto inter- geracional favorece o desenvolvimento e valorização pessoal de todos os que usufruem dos serviços prestados (…) (Projeto Educativo, 2016-2019, p. 6)

Relativamente às metodologias utilizadas na instituição que acolheu o presente Estágio, importa referir que têm um modelo pedagógico alternativo, para que “Todos os alunos alcancem o sucesso e realizem plenamente as suas potencialidades, respeitando-se os

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seus diferentes ritmos, capacidades e estilos de aprendizagem.” (Projeto Educativo, 2016-2019, p. 19)

(…) A educadora gosta de dar autonomia e acompanhar o ritmo de cada criança, portanto quando começam uma atividade destas no início da semana, por vezes, tende a estender-se pela semana toda, pois na sala ainda existem crianças mais novas que dormem a sesta (…) [Nota de Campo, 26-09-2016]

Os modelos curriculares são os seguintes:

Metodologia High Scope (aprendizagem pela ação e vivência de experiências chave);  Pedagogia de Projeto (onde se identificam os problemas e se tentam resolver);

 Movimento Escola Moderna (envolvimento da criança no processo educativo);  Temas de Vida (insere-se no Modelo pedagógico com um currículo eclético).

Segundo Capucha (2008), o resultado do trabalho de produção de um diagnóstico pode variar muito em função do conhecimento que previamente se dispõe sobre as situações, da complexidade das mesmas, das dimensões selecionadas para análise e das técnicas de pesquisa. Para se identificar os problemas pressupõe um bom diagnóstico, os recursos que estão disponíveis, os fatores que serão determinantes no contexto e ter um bom sistema de avaliação.

Concretamente, no presente Estágio que este Relatório procura revelar foi realizado um levantamento de necessidades a partir das conversas informais, dos documentos consultados e das planificações que se encontram no dossiê das atividades da instituição, as planificações de sala das educadoras tendem a ser de acordo com os grandes temas que são mencionados nas OCEPE (2016) e posteriormente transportados para o Projeto. A escolha da área da formação pessoal e social foi motivada por ser,

considerada como área transversal pois embora tendo conteúdos próprios, se insere em todo o trabalho educativo realizado no jardim de infância. Esta área incide no desenvolvimento de atitudes, disposições e valores, que permitam às crianças continuar a aprender com sucesso e a tornarem-se cidadãos autónomos, conscientes e solidários. (OCEPE, 2016, p. 6)

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Na reunião inicial com a diretora técnica a 1 de setembro de 2016, a estagiária propôs para a sua intervenção o seguinte:

(…) ajudar na Coordenação Pedagógica através da construção de recursos educativos (TIC)

para incluir no novo Projeto Educativo; perceber como se cria um Projeto; ajudar na dinamização de planos de atividades; colaborar com as equipas de conceção e dinamização de atividades; perceber como o Projeto é recebido pelos pais (toda a participação envolvida e entender o que está em ação) e trabalhar a temática da Intergeracionalidade, aproveitando a estrutura da instituição (crianças e idosos no mesmo edifício). (…)

[Nota de Campo reunião inicial, 01-09-2016]

Após o debate destas sugestões, chegou-se à conclusão que:

(…) o foco inicial da estagiária quanto ao Projeto Educativo, não estava a ser o mais

apropriado, dado a falta de formação na área de Educação Infantil como educadora em que este mesmo Projeto se baseia com os principais pilares, teorias e técnicas. (…)

[Nota de Campo reunião inicial, 01-09-2016]

No decorrer de setembro até novembro de 2016 foram feitas observações diariamente e aconteceram conversas informais com as educadoras, as auxiliares, a representante legal e a Direção Pedagógica, o que permitiu identificar três áreas concretas onde poderia haver uma intervenção, através do estágio:

1. Componente de Apoio à Família ou Atividades Socioeducativas 2. Intergeracionalidade

3. Formação para as educadoras em Tecnologias

A Componente de Apoio à Família terá continuidade na instituição, com a planificação de atividades por temas, para se trabalhar a componente social com as crianças e ajudá-las a crescer.

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Figura 1. Os três pilares da estrutura política para o envelhecimento ativo
Figura 2. Organograma geral da instituição
Figura 4. Puzzle dos Sentimentos
Figura 5. Jogo da Teia
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Referências

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