1199300048 1111111111111111111111111111111111111111·
- '.., 1.
~- ';
PARCELA SALARIAL NA IND~STRIA DE TRANSFDRMAC~O BRASILEIRA,
1974-8S~
uma
evidineia e~pírieaBanca examinadora:
Prol. Orientador: Domingo Zurr6n Deio
Pro~. Pro'.
FUNDACÃO GETúLIO VARGAS
t, "
ESCOLA DE ADMINISTRACÃO DE EMPRESAS·DE SÃO PAULO
JOÃO DE SOUZA GONCALVES
PARCELA SALARIAL NA INDúSTRIA DE TRANSFORMACIO BRASILEIRA,
1974-85: uma evidlncia empírica
Fundação Gêtulio Vargas Escola de Administração
de Empmus de São PIIJulo BihliofC!oCA
1199300048
Disserta~~o apresentada ao Curso de
P6s-Gradua~~o da FGV/EAESP, 'rea de
Concen-tra~ão: Economia e Finan~as Públicas,
como requisito para obten~ão do título
de mestre em Administra~ão Pública.
Orientador: Prof. Domingo Zurr6n Ocio
SÃO PAULO 1992
AGRADECIMENTOS
Ao profe5sor Domingo Zurrón Oeio pelo trabalho de
orienta~io.
~ CAPES e ao CNPq, pelo apoio financeiro na fase
curri-lar e monogr~fica, atrav~s da eoncessio de bolsa de estudos.
Aos pós-graduandos, com os quais tive o prazer de
con-viver, especialmente a Gon2al0, Livio, Paulo, Rita, Santana e
Selva, amigos e amigas de boas recorda~5es.
Ao Servi~o de Documentaçio da Biblioteca Karl A.
Boe-decker pelo apoio na normali2~~~o bibliogr~~ica.
GONÇALVES, ,...loão
c!e Souza.
f'.ar ce
Ia
sa
I eria
J n[~ iaad» t ri.;.~de tr'::~f1'5{-'arlli.!.~••":1:r~:1 br s siLe i r ..::~, .f.~,'74···a5:
uma evidênci<":l.
emplrlca.
são Paulo, EAESP/FGV,
1992. 233p.
(Disserta-~io de Mestrado apresentada
ao
Curso
de Pós-Graduação
da EAESP/FGV,
~rea de Concentraçio:
Economia e
Finanças
Púb 1 íc a s ) .
aC~~mQ:
Trata da participação
do trabalho no valor
agre-gado da ind~stria de transforma,ão
brasileira.
A partir
da teoria de distribuição
de Kalecki, levantam-se
algu-mas hipóteses
que são
testadas
empiricamente.
Procura
demonstrar
que, no período em exame, o mark-up,
a
re-lação entre os custos com
mat~rias-primas
e
os
sal~-rios
e a
composição
industrial determinaram
a evolu,ão
da participação
do trabalho.
E'~~liI:'l.':t'r:,a.j1}:.:Cb.a.'lt'f.:S :F',,\l"c e1.1 !3a1ar í <:1.1 .- )3\.asil ... P.wc e 1<:I. d :~.
Remuneração
do
Fator Trabalho - Mark-uP - Relação
dos
Custos Diretos - Produtividade
- Custo da
Remuneração-Sal~rio - Concentração
Industrial - etc ...
iNDICE
Ln
t ,-
oduc ão . . . ij.. Teor íes r.!'ld ís tr í.buí cão de n~nd'l... 4·
j. .i. Da vid l::':ic aIHdo. . . .
~L. 1 .1.. Te o IHj.a clo valor. . . 6
L1.2. F.:enda d<:\
t
e r r a , salálHj.os e lucl-os... 81.1.3. Tendincia ~ queda nos lucros e o estado
estaciordrl.o... :i.2
i .i .4. D :i.'::1tr :i. bl.I. :j.
c:
ã
o d e IHe n d)::1.. • • • • . . • • • • • • • • • • • • • • • • . • • •:1.4-:i.. 2. l<<:l r1 1'1ar'x. . . i 4
L2.2. Teo r í a da exp1oraç:ão... 10
1. . 2 . 4. Te-n dên c:ia à Cfl\ed a n a ta >< a c~€ 1t\c:i" C). . . . 2 f~
1 ":).~-.I_ . ..J • D i ~:;I:I"i. bl.I.j,ç:ão de ,"(,-:11ti<~.. . . 24
1.3. Teor í a Nt?~oclá'5;sica... 24
i.3.1. Abordagem microecon8mica e
a
teoria subjetiva dov::\'101" . . . • . . • . . . • . . . • . . • . • . . . • • . . . 2~j
1.3.2. Teoria dos salirios... 27
1.3.~~. Teo r aa da dís tr í but cão d~' renda... 28
1.4· ... Jolvn 11a~l'\al"d j<e~n(~$... . . . 3(1
1.4. i. 1'fi:o ,..ia da demanda e'{~e-tiva. . . . 31
1.4.2. Crítica ~ teoria neoclássica dos salários... 32
1.4.3. Distribuição de renda... 36 t.!5. 11:i.ch<.d Ka l e ck í, •••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 38
r
1.. ~j. 1. Te or ia de p,"eços. . . ~~?
i.t'5.r1. Teoria da d í etrí bu íc ão de r en d a . . "... ..41.
1.5.4. Critica ~ teoria neocl~ssica dos sal~rios... 48
2. Caracter1za,;0 da economia brasileira para o período
1974 90 .
2.j .. O C:OITIP01-t<':\lTlentodo produto .
54
2.2.
t-,
hum. de :i.i1ve~d::ímen tC). . . • . . . . • • . . . • • . 61.2.3. As re lac õe s ~'xtenlas... 63
t.~.
4. ,,:\ pal"\~ :i.cipaç:ão do Esl::ad(J . 69A evolução do nível de emprego e a taxa de
desempl-ego . 72
2.6. O comportamento da taxa de inflaç:io e do sal~rio
In:í.nj,11m 1"e a 1. . . • . . . • . . .
ns
2.7. A distribuiç:;o funcional e pessoal da renda... 80
2. B. (.11gum.ls (:onc'1f..I.~;(5e~;,. . . .. .. . . .. . . .. .. . . .. .. . .. . B~::i
3. Formulação de hipdteses, fontes, seleção e
operacionalizaç:ão dos dados... 88
~).1. For mul ac ão de hipóteses. . . . .
ao
3.2. Fon tes do s dad(J"Si... Ç>0 3.
i.?.
i. Censo J.ndusti-:i.,,\1... .. . .. . . .. . . .. . .. . . 903.2.(::: P'2·;:;.qu:i.sa J:ndU~!;l:l":i.al (.\nu<3.J... 9j.
3.2.3. Pesquisa Industrial Mensal - Praduç:io Física.... 92
~j.3. Seleçio e operac tona Laz ac ào dos dados... 93
~3. 4. Pl- oc edimen I: (JS me t odo1cíg1.cos. . .. .. . . .. . . .. . . . .. . . 9~.'5
4. Parcela salarial na ind~stria de transformaç:ão
4.1. Algumas proposi,5es
sobre as conseqUincias
do
desen-volvimento
industrial~
segundo a Teoria da
Organi2a-ção InclL!~~t.\"ial...
H;24.2.
Dados censit~rios
de
1975e
1980... 1064.2.1.
Evolu,ão
da produtividade
e dos custos do
trab a Lho . . . ... . ... . . ... . .. . .. .. .. . ... .. .. . . .. 107
4.2.2.
Evolução
da participa,ão
do trabalho
e dos
"fabJr<f:sde
dis
tr
Lbuic
ão j.H~4.3.
Dado~;)
cen s
ít
árLos
de
j.980 e H·'85 ~d.?4.3.1.
Evolu,ão
da produtividade,
dos custos do
4.3.2.
Evolução
da participação
do trabalho
e dos
"fatO\-e!~ de d í str
a
bu tc
ão " 1.2i4.4.
Os dados anuais para o período
1974-85... 1274.4.1 .. O
períOdo
1974-·80... 12D 4.4.2. (1pel"l:odo
j.?Bi ..-83... 1.3~S4.4.~~. O pe r focí o j.t;~84-·85... j~4;' 4 ,,:.
o••J .
Sum~rio sobre a comprovação
de hip6teses
, .
:i.4H4.6.
Avaliaç:ão preliminar
do mercado de trabalho
para
o
per' í(Jdo j.9~36"··90 , i~52
5.
Conclu~~ões...
1.6;:':t-'pêndice
r -
Conce ít uac
ão das var·i~ve:i.~;.
...
166(.~pind:i.c(;~
n: -
Dados Censitád.os,
1975 (;~i9H0... 168Ap ênd :i.ce
r.
I I .- DaríD~;Cen~,;:L
b:b"í.os
i 1980(f:
j.9G!5... U30(.)pêndic:~~
IV _.
~:>érü~ Anu<it1, j.<?74-85... i90Not as .• CapÜLI'lo 1... . . . .. ê.~0!7j
h!ob:\~; .•.C.':I.pHl.l.l0 2 , 21.:]
Nota!;; - Capltu'10 3 . 21.6
No
t
as .- Capítu.lo 4 . .0"\.,,: '7t:s:«
LISTA DE TABELAS
'J I.
1:..• 1. Taxas anuais de variaç~o e índices do produto interno
bruto real
(PIe)
a preços de mercado, valor total e"per capí t a? , j.97t9·_·<f(4 5~7j
,•• ) .tO)
L:•• c.. Variaç5es anuais e índices do produto real, segundo os
1"<:\I\10S de .lt ivitlade econômica, í97j.--<f(4. . . .. 50
2.3. Produto interno bruto a custo de fatores, segundo os
ramo s de a t Lvidarf e e conôm í.ca , 1.9719·-90 MIl
2.4. Formação bruta de capital fixo. 1970-90... 62
2. .J .c' Balanço de pagamentos e índices de com~rcio exterior.
itens se lecí onados , :1.9?0-90... 65
2.6. Balanço de pagamentos, itens selecionados, em US%
'11 w ~P70 ~0 . .
!TIl 'ic>es, ./.7 r:» . 67
2.8. População economicamente ativa (PEA), 1973-90... 73
'J Q
f.••. I • Taxa de desocupação das regi5es metropolitanas, 1978-90
2.10. Taxa s anu aí s de in fl aG:ão ~ 1970-90... ~r'l6
2.11.Evaluçio do sal~rio mínimo real no município de sio
Paul C), 1970-8t:;... 7(:>
2.12.Distribuiçio da renda real mensal entre a população
economicamente ativa (10 anos ou mais de idade) com
rendimento, segundo as classes de percentual, 1960-90 .. 81
4.1. Produtividade, custos da remuneraç~o e do trabalho
(m~-dias anuais), composi~io do produto e m~dia do pessoal
ocupado por estabelecimento, 1975 e 1980, por gineros
indusb-i;:ds
i<.~e
4.2. Parcela da remuneraç~o do fator trabalho, parcela
salarial, rela~io dos custos diretos e mark-up, 1975 e
in c/l..t -=>t:r 1;-:1.:i.s . . . .
4.3. Produtividade, custos da remuneraçio e do trabalho
(m~dias anuais), composi~~o do produto e m~dia do
pessoal ocupado por estabelecimento, 1980 e 1985,
Polo. 9
i
n elo.o s :i.li du s t r ía i<.:; • • • • • • , • , • • • • • • • • • • • • n.?4.4. Parcela da remunera~io do fator do trabalho, parcela
salarial, relaçlo dos custos diretos e mark-up, 1980 e
1985, por' gêner'os j.ncfu~~tl"lai$ * ••••••••••• j~;:'~!.?'
4.5. Parcela da remuneraç~o do fator trabalho, parcela
salarial, mark-up e rela~io dos custos diretos, 1974
a i98~5 :i.30
4.6. Produtividade, custos da remunera~io e do trabalho, e
sal~r1os (m~dias anuais), 1974 a 1985 132
4.7. Mark-up e rela~io dos custos diretos, 1980-85, segundo
o'!',;g~:}nel-o<':>:i.ndu"E;t:l-:i.,l:i.':,; ·· :i.4!5
INTRODUCÃO
No
Brasil, o estudo da questio distributiva
tem
privi-lesiado o aspecto pessoal da renda em detrimento
da 6tica
funcio-naI.
A abordagem pessoal tem uma s~rie de limitações
que
decor-rem,
basicamente,
da fonte de dados e da abrangência
do conceito
de
renda empregadas.
Este trabalho procura dar uma
contribuiçio
ao
estudo
da
distribui,io
funcional da renda na
ind~stria
de
transformaçio
brasileira,
a partir do referencial
analítico
ela-b
orad o
po-rKalecki. ·Neste
C:':-\SO, C) es
t ucío~5e
lim:i.ti:l.nAapenas
àparticipaçio
do trabalho em virtude
dainexistência
de
infcrma-ç5es estatísticas
a respeito dos demais componentes
da renda.
Julga-se que o conhecimento
quantitativo
de como o
pro-duto
social
est~ sendo distribuído
j~confere um interesse
in-trínseco
ao estudo da distribuiç~o
funcional
darenda. Por outro
lado, a existência
e a riqueza de diversas teorias nesta ~rea, em
confronto
com
arealidade concreta, permitem avaliar a
validade
empírica
dos modelos te6ricos desenvolvidos
pelas
correntes
do
pensamento
econ8mico.
A
escolha
da ind~stria de transfcrmaçio
como
objeto
deste estudo se deve, entre outros, ao car~ter dinimico conferido
a este setor. que decorre de sua integra,io e interliga,io
com os
demais
setores
econ8micos,
e
~ disponibilidade
de
dados
mais
o
períodO
proposto
A
ticipa,;o
do trabalho no decorrer do ciclo econSmico.
A
an~lise
se
11mitar~
at~ ao ano de
1985,por ser o dltimo ano em que
se
Considerando o caráter oligopolista da ind0stria de
transforma~io brasileira, adotaram-se como referencial analitico
as proposi,5es desenvolvidas por Kalecki, por entender-se que
es-te, ao integrar, de uma forma orginica e coerente, a quest~o da
oligopoliza,~o a uma teoria de distribui,~o de renda, se acequa
~s características do setor industrial em estudo.
Este trabalho está dividido em cinco capitulos.
O
pri-meiro apresenta as teorias de distribui~io de renda de David
Ri-cardo, Karl Marx, Teoria Neoclássica, John M. Ke~nes e Michal
Ka-lecki.
O
segundo capitulo procura caracterizar a evolu,io daeco-nomia braslle1ra em termos macroecon8micos.
1974·-90, com o objetivo de servir de subsidio para certas
análi-ses desenvolvidas no capitulo quatro.
No capitulo terceiro, relacionam-se as hip6teses e
te-cem-se considera,5es de ordem metodológica a respeito das fontes
e do tratamento de dados, e da classifica~io dos gineros
indus-triais utilizada.
O
capitulo quatro re0ne informat5es empíricas arespei-para o periodo 1974-85 com vista a verificar a comprovaçic das
hipóteses. Faz-se, ainda, uma avaliaçio preliminar para o mercado
de trabalho no período 1986-90. E, por ~ltimo, o capitulo cinco
sumariza as principais conclus5es encontradas, bem como algumas
limitaç5es do trabalho.
Pl"OCUi"a-·s0~demon strar' qU0~ os "·fatol"eSdE~ d:b;;ti-j.bLl:i.t~~O"
de Kalecki (mark-up, a raz~o entre os custos das mat~ria5-primas
e os sal~rios e a composiç~o industrial', juntamente com a
apli-caç~o de políticas salariais restritivas, explicam a sensível
i.
TEORIAS
DADISTRIBUICIO DE RENDA
Este capítulo tem como objetivo abordar a ~orma como 03
pd.nc í eaí s da EconBmica encararam o
distributivo. vlsando. com isto, a obten~io de um referencial
te6rico para o estudo empírico da distribuiç50 funcional da renda
na ind~stria de transfDrma~io brasileira, objeto do capitulo
qua-t
1"0.Como as teorias de distribuiç50 de renda e dos sal~rios
fazem parte de um conjunto mais amplo do conhecimento - Teoria
I~tonômica uma revisio destas teorias deve estar inserida num
arcabou~o conceitual e tecirico mais abrangente; portanto, i
mis-para explic~-las, recorrer-se a uma sirie de categorias e
t80Tlas particulares e especificas. Ou seja, entende-se que a
distribuiçio de renda nio deve ser estudada isoladamente das
teo-rias econômicas, pois na verdade ela resulta de uma sirie de
con-cepç5es sobre o mecanismo de funcionamento da economia.
de David Ricardo, dando-se infase ~ sua teoria do valor trabalho.
~ produtividade marginal decrescente da terra, à importincia
aen-ta na determinaçio da participaçio relativa dos componentes da
día t1":i. bui ç:~j(o d,:;,· j"e nd:;:1. e :f:, te n ri
ê
11C :i.::":i. " n ::":\t1..1.I"aI " ,7\ r.;u.ed,3. d,3. ta){.3. ri eLuc r o .
Na segunda seç50, estuda-se O Capital de Marx,
ressal-tando-se a teoria do valor e do capital. a teoria da explor~~~o a
partir do estudo da teoria da mais-valia, as tendências apontadas
pelo autor sobre a crescente concentraçio e centralizaçio dO
ca-pita1 e a queda da taxa de lucros; e. tamhim, os seué
Na terceira, avalia-se a teoria neocl~ssica enfati2ancto a abordagem microeconBmica do processo de ~uncionamento da econo-mia, a teoria do valor utilidade, a determina~io dOS sal~rios e a inexistincia de uma teoria da distribuiçio de renda a longo pra-zo.
Na quarta, discorre-se sobre as contribul~5es de Ke~nes na construçio da teoria da demanda efetiva, na crítica à teoria neocl~ssica dos sal~rios e no papel desempenhado pelo ~stado na manutenç~o da demanda efetiva, e sobre a importância da inflaçio ou deflaçio na distribuiçio de renda.
Na quinta seçio, discute-se a teoria econBmica formula-da por Michal Kalecki, ressaltando-se a teoria de preços, a teo-ria dos lucros, a crítica
à
teoria neoclássica dos sal~rios e a teoria da distribuiçio de renda. Enfatizam-se, ainda, os determi-nantes da parcela salarial e seus comportamentos ao longo dos ci-elos econBmicos.As
modernas teorias da distribuiçio de renda nio serao~ abordadas por entender-se que, por maiores que tenham 5100 suascontribuiç6es, constituem-se em variaç6es das teorias aqui ava-Iiadas.
1.1. David Ricardo
David Ricardo (1772-1823) presenC10U as transforma~6es econBmicas e sociais decorrentes da Revolu~Jo Industrial e da Re-voluçio Francesa e, no campo te6rico, sofreu influincia dos es-critos de James Mill, J.B.Sa~, T.R.Malthus e de
Adam
Smith (1), entre outros.1.1.1. Teoria do valor
David Ricardo concebia a sociedade dividida em tr&s
classes sociais, a saber: proprietários de terraG, donos ~o
capi-ta1 e trabalhadores, aos quais correspondiam, respectivamente,
tris formas distintas da repartiçio do produto: renda da terra,
Ricardo aceita a distinçio entre valordp uso e
de troca formulada por Aclam Smith, citando inclusive a seguinte
passagem daquele autor:
a palavra valor
tem
dois diferentes signlficados,algumas vezes, a utilidade de alQym objeto
particu-Segundo Ricardo, a principio, nio se poderia
estabele-cer nenhuma rela,io direta entre valor de uso e valor de troca,
na medida em que algumas mercadorias, por exemplo a água e o ar,
teriam grande valor de uso, mas pequeno ou nulo valor
dp
troca;já
outras mercadorias, como por exemplo o ouro, teriam grandeva-lor de troca, mes um valor de uso pequeno ou nulo
comparativamen-te ~ água ou ao ar. Mas, embora a utilidade n~o seja a medida de
valor de troca, esta lhe ~ absolutamente essencial.
em que as mercadorias tenham utilidade, o valor de troca ~
deri-A part i'( o aJ i ,' Ricardo distingue as mercadorias que
seu valor determinado somente pela escassez, como por exemplo
es-t~tuas e quadros raros, livros e moedas escassos, e vinhos de
muito pequena da massa de artigos diariamente trocados no merca-do", (4) n50 se constituiriam no seu objeto de estudo.
Assim, Ricardo se prop5e a estudar os bens produzidos
t
r ab al h o enum
P~:.:J.S, Jmas em v~rios, quase sem limite determin~vel, ne estivermos
dis-postos a dedicar-lhes o trabalho necess~rio para
aumentada pelo exercício da atividade humana, e em cuja produ~io a concorr&ncia opera irrestritamente".(6) Nas etapas iniciais da ~ociedade, o valor da mercadoria ~ dado pela "quantidade relativa de trabalho necess~rio para sua produç50",(7) mas isto nio impli-ca que todos os trabalhos sejam iguais; pelo contrário,
reconhece que os trabalhos tim diferentes qualidades e sSo remu-nerados de forma diferenciada de acordo com a habilidade relativa do trabalhador e da intensidade do trabalho reali2ado, c on s t :i. ....
tu í n d o , assim, uma escala, que variaria muito pouco a curto
pra-i."!:o .
Mas, com o desenvolvimento das socj,edades, o conceito de valor i ampliado, incluindo tamb~m o trabalho gasto em imple-mentos, ferramentas, maquinarias e edifícios que ajudam o traba-lho; e, neste sentido, a durabilidade de~tes elementos assim como as respectivas propor~5es em que se combinam com o cnpital desti-nado ao sustento do trabalhador e o tempo em que o capital retor-na para o seu propriet~rio acabam determinando
valor relativo das mercadorias. CC) Acresce-se a isto o trabalho necess~rio para levar as mercadorias ao mercado (transporte e co-m~rcio). Assim, Ricardo divide o capital em 'ixo e circulante.(9)
Para Ricardo, qualquer varia~io na quantidade de
traba-lho acaba afetando o valor de troca:
.•S (~ ,,:\ Cfua ntid::':1.de de !::r::3,ba1 ho c o nt i.d.1 n<1<;, Inej-c <':l.('Io I" :i.a:',.
determina o seu valor de troca. todo acréscimo neSGa ~uantidade
de trabalho deve aumentar o valor do bem sobre o qual ele foi
1.1.2. Renda da terra, sal~rios
e
lucrosA partir da definiçio de valor, pode-se passar para as
formas de reparti,io do produto: renda fundi~ria, saljrios e
lu-Cl"OS.
da terra paga ao seu pr(.'}priet~rio pelo uso das originais e
indes-com a parte do produto paga pelos benefícios e melhorias
in!::rodu-zidos pelo propriet~rio da terra ou pelo direito de extra,5o
ve-getal ou mineral.
A
renda da terra surge:"somente n a o'" €~, :i.l:i.mitad:::\em
nem uniforme na qualidade, e porque, com o crescimento da
popula-,io, terras de qualidade inferior, ou menos vantajosamente
situa-Devido ~s terras terem fertilidades heterogêneas. sua
utili2açào para cultivo segue uma hierar~uia: das mais fcirteis e
melhor localizadas para as menos férteis e pior situadas. Ricardo
trabalhava, portanto, com o suposto da produtividade marglnal
de-crescente da terra. Assim, sempre que terra de qualidade inferior
é posta em cultivo, surge a renda da terra sobre aquelas de
qua-lidade imediatamente superior, com sua magnitude dependendo dan
~"): '.1
respectivas diferenças na qualidade das terras cultivadas. Como a
terra de pior qualidade nio paga renda, esta surge para a
iguala-çio Mas taxas de lucros; caso nio surgi~se, e proporclonalmente
às diferenças na qualidade das terras, o sistema operaria com
di-ferentes taxas de lucros, o que ~ incompatível com a concorr&ncia
entre capitais e sua mobilidade. pressupostos da teoria
ricardia-na. Assim. a taxa de lucro na agricultura determina a taxa de
lu-cro dos demais setores econ6micos e. portanto, do c oní un t o da
Os
melhoramentos na agricultura, segundo Ricardo. podemser de dois tipos: aqueles que aumentam as energian produtivas ~n
terra e aqueles derivados de aperfeiçoamentos da maqUinarlB.
Os
dois tipos tim em comum o fato de reduzirem a quantidade de
tra-balho exigida para produzir uma mercadoria e, portanto, ocasionar
uma reduçio no seu preço, embora afetem de forma diferenciada a
Segundo Ricardo, o trabalho, assim como as demais
mer-cadorias. tem um preço natural e um preço de mercado.
O
preçona-tur a'1
um com outro. a subsistir e a perpetuar sua raça. nem aumento ou
dimj,nu:i.ç:~io".,(1.5)
o
sustento do trabalhador e de sua famíliadp-FI(~n d e do' ,mo 1'1ta n t e d e c o mid a , b e n ~; n ec:e-;:i .::;<:\ r :Lo ':'; e c o n {~o\- t o q€). (:~ 'l. h \'7:
-;:"ê\C), PO\- costume , es aen c daí e '",<:1.6) OL!, em ter mo c de pr'eço~:;(va lor
monetárí.o ) • "dependI::: do PI-i!:.'ÇO do s al Lme ntos , cio'::; ben~'; n!:'!:c~::f:;~::.::5.r·:i.o·::;
e comodidades exigidas". (17) Assim, o preço natural do trabalho ~
definido em termos da reprcduçio bioldgica da classe
trabal~ado-ra, mas Ricardo reconhece que ele pode Yari~r tamb~m em funçio
dos h~bitos e costumes dos povos.
ob r a , embora estimado em alimentos e em bens necessirics, fixo e constante. Varia num mesmo
dí s
t
a ntas e difere materialmente em.
.
palses d2versos,
balho tende sempre a crescer, pois uma das principais mercadorias por cujo pre~o natural se regula tende a tornar-se ffialScara, por cau~a da maior dificuldade de produzi-la. Como, entretanto, os melhoramentos na agricultura e a descoberta de novos mercados, de onde provis5es podem ser importadas, conseguem conter, t\~mpOi"~':l•••••
a tendincia altista dos bens necessirios e ati fazer cair o seu preço natural, assim tambim as mesmas causas produ2em
dutividade malS que compensam o aumento nos preços das mat6rias-primas que entram na composi~io dos produtos manufaturados.C2i)
da sociedade e os produtos prim~rios, ao contr~rio. enc<7ti"eC:i.am..·· SE, Ricardo previa um constante aumento do pre~o relativo dos alimentos em rela~io aos produtos manufaturados. (22)
o
preço de mercado do trabalho resulta do movimento en-tre a oferta e a demandB. Assim:Por muito que o preço de mercado do trabalho possa desviar-se do pre~o natural. ele tende a igualar-se a este, como
Admitindo a validade da teoria malthusiana da popula7 Ricardo entende que esta ~ limitada pela produç5o de meIOS de 5ubsistincia. Quando o salirio supera o preço natural do tra-balho, B populaçio tende a aumentar e, por conseguinte. aumenta a
oferta de mio-de-obra.(24) Uma oferta maior de mio-de-obra
dimi-nui O''·"> s a :l';:',1"lC)S, a t ~ :l.9 lia 1.a1" _. ~.;e a o P i"eI;o na
t
LIr'<:'.1 doQuando o salirio esti abaixo do preço natural, suc~de-se o opos-to.
Como o acr~scimo de capital impulsiona a demanda por m~\o"-d\::""'013\" a , os salários podem permanecer por períOdO indefinido
acima do preço de mercado numa sociedade em progresso. (25)
Resumindo, segundo Ricardo, os salirios sio determina-dos por duas causas: 11"-s. .-::t... A oferta e a demanda de trabalhaoores .
o
preço das mercadorias nas quais se gastamRicardo tamb~m era contra qualquer interferincia do
LS-tado no mercado de trabalho. Assim:
ser deixados ~ justa e livre competiçio do mercado, e jamai~ de-veriam ser controlados pela interferincia dos legisladores." (27)
Neste sentido, ele era contra a Lei dos Pobres, vigente entio na Inglaterra.
Como a renda da terra nio ~ um dos componentes do pre-ço, mas apenas um resíduo fixo derivado da heteroy~neidade da fertilidade da terra. o valor tot81 das mercadorias produzidas pelo agricultor ou pelo fajricante de manufatura ~ repartido ape-nas em duas porç5es: os lucro$ do capital e 0$ sal~rios dos tra-Como os sal~rios sio determinados pelo preço natural
os lucros aparecem como um excedente, um resíduo.
~ •• '!Í .~•• i.
Neste sentido, salirios e lucros estio inversamente
correlaciona-cios.
1.1.3. Tendincia ~ queda nos lucros
e
o estado estacionirioNa medida em que mais trabalho é exigido para a
produ-~io dos alimentos ou demais mercadorias que prov&m o sustento
dos trabalhadores, os sal~rios se elevam e, portanto. os lucros
agrícolas e industriais caem. Assim, no conjunto, h6 um aumento
da massa salarial e uma conseqUente redu~io da massa de lucros.
Por sua vez, como o lucro total diminui e o montante de capital
acaba se elevando, também em 1un~io do aumento nos pre~os dos
produtos prim~rias, a taxa de lucro acaba se reduzindo. (28)
Como malS trabalho é exigido para a prDdu~io de bens
primirios, as mercadorias produzidas com estes bens acabam tendo
seus preços elevados. Assim, os pre~os_destas mercadorlBS:
I f('" f"~" 1:! •
-,:lU,J .1.1ao , no entanto, por causa da maior quantidade de
trabalho gasta na matiria-prima da qual sio feitos, e nio porque
o industrial tenha pago mais os trabalhadores que empregou para
I'
...ia
°
aumento nos pre,os de mercadoriaspelos trabalhadores nia afeta os salirios e, portanto, nio gera
efeitos sobre os lucros.
Assim, segundo Ricardo, hi uma tend&ncia ~ queda na
ta-pois, com o progresso da sociedade e da rique2a,
m:::d-;:; e ma i,:;; t r ao a l t.o." (3(~)
conforme demonstrado anteriormente, ad ve r te ,
por~m, que temporariamente esta tendincia pode ser contida. (31) Mas 05 aumentos dos pre~os dos alimentos e dos salirion
teriam um limite dado pela própria acumulaçio de capital:
rios ~ entretanto limitado, pois quando 05 salirios igualassem - as receitas totais do agricultor -, a acumula~5o
termina-1-:t<;. , pois nenhum capital forneceria mais qual~uer lucre, nSe
ha-veria qualquer demanda adicional de mio-de-obra e, conseqUente-a populconseqUente-açio teria atingido seu ponto mais alto. De fato, bem antes dessa ·Fase, a baixissim~ taxa de lucros teria detiao toda acumulaçio, e quase to~o o produto do país, após o pagamento dos trabalhadores, pertenceria aos donos da terra e aos
recepto-Segundo alguns autores, Ricardo previa um estado esta-cionirio no qual n~o mais haveria incentivo ~ acumulaç~o de capi-tal. (33) Mas, como frisa Ricardo, embora a taxa de lucros possa diminuir, o volume de lucro pode aumentar simultaneamente, pois a incidªncia de uma taxa de lucro menor sobre um capital maior, de-corrente da própria acumula~~o de capital, pode provocar um
au-~ verdadeira apenas por certo tempo", (34) pois haveria um limite a partir do qual ocorreria reduçio na magnitude dos
lu-t . ~. '"'
eS_B Sl,uaçao nunca ocorrer. Assim. os efeitos aa
acu-mulaçio variariam nos diversos países em~un~So da fertilidade da terra e da política de comércio exterior.
Portanto, Ricardo, com sua teoria da renda da terra. tomava claramente uma posi~io no conflito de classes. Defendla a burguesia industrial, por ver nela um car~ter progressista. na medida em que o lucro impulsiona a acumula,io de capital; por ou-tro lado, era contr~rio ao interesse dos propriet~rion de terras, considerando-os uma classe improdutiva que, em viríude de um moOo de vida perdul~rio, gastava todas suas rendas em bens de luxo.
1.1.4. Distribui,lo de renda
Concluindo, em termos de distribuiçio de renda, su~on-do-se que os melhoramentos na agricultura s;o t~mporár10~ e que há um limite na utilizaçio de terras mais f~rteis em outros paí-ses, ocorre, segundo Ricardo, uma tendincia, com o progresso da sociedade. de tornar-se necessária a utili~a~io de terras menos f~rteis. trazendo como conseqUincias o aumento do pre~o natural do trabalho (salários) e da renda da terra, e uma reduçio do lu-cro agríCOla. O lucro industrial tamb~m cairia em run~io do au-mento do preço natural do trabalho e da igualaçio das taxas de lucros nos diversos setores econBmicos, derivada da concorr&ncia de capitais. Assim, segundo a teoria ricardiana, hnveria uma ten-dincia a longo prazo de redu~~o da parcela relativa dos lucros no produto e aumento na parcela dos sal~rios e da renda da terra.
(35)
1.2. Karl Marx
Karl Marx (1818-1883), critico da Economia Politica
Cl~ssica e teórico do socialismo cientifico, concebia que a r1-queza no sistema capitalista configurava-se numa .. 'imensa
acumu-pitalismo a partir da mercadoria.
1.2.1. Teoria do valor e do capital
s e r i<:\ Pr u
t
o d,? uma elongas transformaç5es históricas; portanto, o valor da mercadoria ~ uma realidade apenas social que, segundo Marx, se maniFesta na
n~o só produ2ir valor-de-uso, mas produ2i-lo para outros, dar
dutos de trabalhos privados e autônomos,
sj.If.(~!7)
um
valor-de-uso·'. (38) Caso se prescindisse do valor de uso de uma merc8doria, restaria ainda o fato de esta ter sido produzida com trabalho humano abstrato. Assim:
porque nele está corporificado, materiali2ado, trabalho humano abstrato. Como medir a grandeza do seu valor? Por meio da quanti-dade da 'substincia criadora de valor' nele contida, o trabalho.
e o tempo de trabalho, por fraçUas do tempo, como hora, dia etc.".(39) Assim, para Marx, o valor de troca das mercadori8s ~ determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário ~ sua
Como a mercadoria tem dois valores, o trabalho
materia-lizado nas mercadorias também possui um duplo car~ter. Tem-se o
trabalho concreto, ~til, que ~ diverso, particular e representa
trato, que representa apenas o disp&ndio de for~a humana de
tra-b81ho, ou seja, o "dispindio humano produtivo de cérebro,
m0~cu-los, nf:":'·V(JS, mão e tc .",(41.) que} d('i!~::.~:;e moco , é ~;:i.mple<:;m~~nt:e
t
ra-:balho humano. Por outro lado, Marx reconhece, a exemplo de
Ricar-do, a heterogeneidade do trabalho e prop5e que todos os tipos de
trabalho sejam avaliados pelo trabalho simples. (42)
Como o trabalho tem um duplo car~ter, quando Marx fala
em produtividade re~ere-se sempre à produtividade do trabalho
concreto e ~til; portanto, a rnuaança na produtividade nio atinge
o trabalho abstrato.(43) Mas a produtividade afeta o valor de
troca, pois altera o tempo de trabalho requerido para a produçio
das mercadorias. Assim:
direta da quantidade, e na inversa da produtividade do trabalho
que ne la se aplic<.'\." (44)
Portanto, segundo Marx, quando se avalia uma mercadoria
pelo aspecto qualitativo, tem-se o trabalho concreto e o valor de
uso; quando se encara a mercadoria segundo a quantidade, tem-se o
trabalho abstrato e o valor de troca.
Para Marx, no capitalismo ocorre a trans10rmaç~0 do
di-nheiro em capital. A forma de circulaçio do dinheiro come capital
assume o circuito Dinheiro - Mercadoria -Dinheiro'CD-M-D'), sendo
D,
ql.le
qw:~ e,
s o , '~;e
.- j·l t Arl A, •• Co •• (I.. ·1 ,",.:.. !...• ~-!•. "(', .~
.... • . ts»:> '··I",.;;.i.!TI, o ..!J.n ".::.i.I o (7. c:Qn \1(-:., "- .i... \o 1::.m
reconvertida em dinheiro; só que o dinheiro, neste
primei-ro há um processo de compra e um posterior processo de venda. O
mo sobre o valor primitivo,
é
chamado por Marx de valor excedenteOi..\ maís+val ia ..
começar novamente todo o prOCESSO. Assim, o capital adiantado
au-menta de valor e o capital aumentado recomeça novamente o mesmo
prOCESSO, come capital adiantado. Desse modo, o objetIVO do
~api-é
o infindável processo de obter lucros e, neste sentido, omovimento do capital nio tem limites.
Mas como explicar a geraçio do valor excedente se no
processo de troca sio trocados equivalentes? Para Marx, a
trans-forma~io do dinheiro em capital:
..tem por't anto de o C or rE~1" com ::":"(!TIE": 1" Car.ior' :i.l" Co!TI!Jr'a d::1 no
primeiro ato D -
M,
mas nio em seu valor, pois se trocamequiva-lentes, as mercadorias sio pagas pelo seu valor.
A
mudança sópo-de portanto originar-se de SEU valor-de-uso como tal, de seu
con-sumo. Para extrair valor do consumo de uma mercadoria, nosso
pos-suidor de dinheiro deve ter a felicidade de descobrir, dentro da
es+er a cJ:::"t c í rc u r ac ãc , no me r c a do , uma merc a do raa cuJo ··/aJ.or·-d(~····
uso possua a propriedade peculiar, de ser fonte de valor. de modo
que consumi-la seja realmente encarnar trabalho, c r aar va lo r ,
portanto.
E
o pOSSUidor de dinheiro encontra no mercado essamer-cadoria especial: ~ a capacidade de trabalho ou a for,a de
traba-lho". (46)
quer a ocorr&ncia de algumas condiç5es historicamente
determina-das, tais como a existincia do trabalhador livre. Livre no
do de dispor da sua força de trabalho para vendi-la por um tempo
determinado, ap6s ter sido expropriado dos meios de producio
ne-cessJrios ~ sua subsistincia ou ~ sua produçio e reproduçio.
Res-ta, portanto, ao trabalhador, como Jnica 10nte de sooreVlvenC18,, .,,.,.
a venda da sua força de trabalho.
Mas como seria determinado o valor da força de
traba-lho? Segundo Marx, ele ~ determinado pelo tempo de trabalho
50-cialmente necessJrio ~ sua produçio e reproduçio. (47) Para Marx,
o tempo de trabalho necessJrio ~ produç~o dos meios de
subsistin-cia nio seria o Jnico determinante do valor da força de trabalhoi
haveria tamb~m um elemento histórico e moral que, portanto,
dis-tinguiria a força de trabalho das outras mercadoTlas; bem como os
custos de treinamento ou educaçio da força de trabalho comporiam
o valor desta mercadoria especial.
1.2.2. Teoria da explora~lo
A parte da jornada de trabalho durante a qual o
traba-lhador reproduz o seu valor ci chamada por H~rx de tempo de
traba-lho necessJrio, e a parte da jornada que ultrapassa este tempo e
portanto, gera valor excedente, mais-valia, ~ chamada de
trabalho excedente. Assim, Marx cria a teoria da eXPloraçio da
força de trabalho.
Em termos de valor, segundo Marx, o capital
dividir-se-la em capital constante CC) e capital variável <V).
o
capitalconstante ~ formado por instrumentos, máqUinas, prédios, mat.e-~ ,
rias-primas e materiais acessórios.
O
termo constante deve-'se aofato de estas mercadorias nio criarem valor novo durante o
pro-cesse de produ~io, mas simplesmente transferir seus valores ao
produto final. Assim, o capital constante
é
considerado como umtrabalho morto, pretérito e passado. Por outro lado:
"A r;'.Rl"t:e ciocao í
t
aI convert
íc
a em Po r••:::!\ (;'2 trab a Lho , aocontr~rio, muda de valor no processo de produç5o. Reproduz o
prd-prio equivalente e, além disso, proporciona um excedente, a
mais-valia, que pode variar, ser maior ou menor. Esta parte do capital
transforma-se continuamente de magnitude constante em magnitude
variáve"l." (40)
A for,a de trabalho, ao acrescentar valor ao processo
~e produçio. acaba com sua atividade, transferindo o valor dos
meios de produ~io utilizados para 05 produtos fabricados.
Sendo a mais-valia igual a MV, a taxa de mais-valia,
expressio do grau de explora~io da for~a de trabalho pelo
cap1-t: a"I. , seria dada pela relaçio MV/V ou, em termos de tempo de
I::ra-balho, pela rela~io trabalho excedente/trabalho necessário.
A mais-valia dividir-se-ia em diversas partes: tuc r o
ind
'-I
Str :l.a"1 , juro, renda da terra, lucro comercial, impostos,di-Zlmos etc. Assim, o produto social, que em Ricardo era dividido
em tris classes sociais, passa, em Marx, a ser repartido entre
duas classes sociais básicas: trabalhadores e capitalistas, sendo
Estes Jltimos divididos em várias fra~5es, de acordo com a
natu-reza do capital emprega~o.
Marx faz distin~io entre mais-valia absoluta e
mais-sarnento do dia de trabalho, e de mais-valia relativa a decorrente
da contraç~o do tempo de trabalho necessário e da correspondente
alteraçio na relaçio quantitativa entre ambas as partes
A mais-valia absoluta ne concretiza, portanto, com o
prolongamento da jornada de trabalho e reflete a subordina~~o
formal do trabalho ao capital.
Mas,
com o estabelecLmento peloEstado de uma limita~io legal na duraçio da jornada, :i.mpondo,
PC)r'I::afito, um ci1..1 .•n01- m'':l.'1 ,. de
t
1-aba1 ho , .3. P1-od1,.1.çi.i
o (~e ITi<:\ :i.'.':..- va 1i<";1.relativa ganha importincia.
Na mais-v~lia relativa ocorre o barateamento do valor
da força de trabalho e, para realizar-se, ,f :' •
e necessarlO que c
au-mento da produtividade atinja os ramos econ6micos cujos produtos
determinam o valor da força de trabalho. Mesmo o aumento da
pro-dutividade nas ind~strias que ~ornecem o ~apital constante
utlli-zado nos ramos econ8micos que produzem os bens consumidos pelos
trahalhadores tamb~m aumenta a mais-valia relativ~. Assim a
mais-valia relativa requer um modo de proriuçio especificamente
capita-1ho I:~ <1'::; Cornb in aç(5i,~':5 S;()C:i. aí .:;;" (!5(';) e que (~\~mCln~; t1- ,3. a
. , r.r
<;; U..Je~i.r;:i;. (J
real do trabalho ao capital. Tanto a eleva~~o da mais-valia
abso-luta como da mais-valia relativa ccntyibuem para eLevar a taxa
geral de mais-valia.
Marx formula uma lei da pcpula~io distinta de seus
con-F'B.I-;-:\ el e , com o Pl-091-e~:;'soda ac umut ac ào de c:i~.p:i.t<·:l.l,
cria-se uma superpopula,io relativa em relaç~o ao capital,
geran-portanto, uma popula~io sl..lp~rflua, excedente, um excircito
industrial de reserva, que tem a funçio de proporcionar
..o m<3.i:~~I-i<3.1 h uman o a sel-v í cI:;) das 1'1ecess í.cl;.;\ô 12~;; v,~l°:i.:::í.vei. .;:;
de expansio do capital e sempre pronto para ser explorado,
Marx critica a pogiç~c ci~ssica, segundo a qual a
va-ria~~o da populaç~o absoluta da classe trabalhadora em relaçio ~
do capital regularia os :i.n c1u.-ri :i. ve
assumida por Ricardo. Para Marx, os sal~rios sio regulados pela
entr e o ex~rcito industrial de reserva
ex~rcito da ativa (empregados), pela variaçio relativa do
ex6rci-to industrial de reserva e pela extensio em que
é
absorvida ouregulam exclusivamente pela expansio e contraçio do ex~rcito
in-de reserva, correspondentes ~s mudanças periódicas do
Assim, a superpopulaçio relativa flutua de acordo com
as rases periódicas dos ciclos econBmicos. A pressio do exército
:i. nd u':;;t1-i a '1 de reserva no mercado de trabalho, via concol-,(E~nC:1.<7\r-. I
induz
os trabalhadores empregados a sujeitarem-se às e x :I.,.~"f;)e n c ~..<:l.~;do capital ou, entio, a moderarem suas e><igências.
Para Marx, o próprio capital tem a capacidade de
regu-lar tanto a oferta como a demanda por trabalho. Ao mesmo tempo
qu.e o incremento da acumulaçio de capital aumenta a ijemanda por
trabalho, aumenta também a oferta de trabalho, pcr~ue, ao se
in-tr oduz arem :LnOV,lÇ é:í~::s i:'2C no").Ó9 :!.c.:-3.1:.I ').:i.bf::i-;.;I.lfl····:3eou exp u'1.~::.,·:\m·"·:::·8 t:I" ;.3...
portanto, inverte a relaçio direta estabelecida per
Ricardo e pela teoria cl~ssica entre sal~rios e tamanho da
popu-importincia ao papel dos sindicatos. Ele os cita apenas uma vez
con-junta de empregados e desempregados para diminuir a prsssilio da
superpopula~io relativa sobre o mercado de trabalho. (55)
1.2.3. Concentraçio
e
centralizaçio do capitalDe acordo com Marx, o desenvolvimento do capitalismo
tenderia para a concentra~io e centrali2a~io
do
capital.A
con-centraçio re'Fletiria a ampliaçio constante da ma~sa de riqueza
que funciona como capital e que tem $ua origem na conversio
con-t:(nur~.de m8.:Lf;;·"·vl·:l.1i.::"!\ (~m cap ít a l . I~S~>:j.ITi, a "ac umui acão aume nt :•. <:\
concentraçio dessa riqueza nas mãos de capitalistas individuais
todos de produ~io especificamente capitalistas". (56)
A c en
t
i"a").ii.'!:8.Ç ã':J cf o Cr:\p:i.!:;-;.1 espI:~'1 h,1r':1. ,1 ,. ::;. e><pI"op r I :,:l.ç~{(Jdo capitalista pelo capitalista, a transformação de muito$
capl-tais pequenos em poucos caPltals grandes. Este processo se
01S-tingue do anterior [concentração] porque pressupôe apenas
altera-ção na repartição dos capitais que já existem e estio
funcicnan-do".
<::;7)
1.2.4. Tendincia
à
queda na taxa de lucroA taxa de lucro ~ calculada sobre todo o capital
adian-t.:,leio, sendo expressa pela relaçio MV/(C+V). O desenvolvimento do
capitalismo faz com que o capital vari~vel decresça em termos
relativos em relação ao capital constante; aSSlm, o aumento da
composição orginica do capital CC/V) - ou relação
capital/traba-lho, segundo a moderna Macroeconomia - refletiria esta "' .,." .
tenC:I,~nc:(.a
e traria como conseqUincia a queda na taxa de lucro:
o o
esse aumento progressivo do capital c01"1 .•:;.I:an
t
t"!::.em relaçio ao variável deve necessariamente ter por conseqU&ncia
de mais-valia ou o grau de exploraçio do trabalho pelo capital.
Em
outras palavras,o
mesmo n~mero de trabalhadores. a mesmaquantidade de força de trabalho, obtida por capital variável de
valor determinado, em virtude dos métodos Ue produç~o peculiares
que se desenvolvem dentro da produçio capitalista. mobiliza,
em-consome produtivamente. Mo mesmo espaço de tempo,
crescente de meios de trabalho, de máquinas, de capital fixo de
toda esp~cie, de matérias-primas e auxiliares. em suma, um
capi-tal constante com magnitude cada vez maior de valor. . A te n-:
d&ncia gradual, para cair, da taxa geral de lucro ~ portanto
ape-~iJ\- (~S '::io d '";\.Pr odI••lt ivid<":l.de ~;;o c:i.a1 do tr <:1.b<:I.1h(J • •• .:5€:i )
o
crescente aumento da prOdutividade social do trabalhoem parte. da introduçio de inovaç5es tecnoldgicas no
processo produtivo. As inova,5es resultam de uma busca
incessan-te, por parte dos capitalistas individuai~, pela obtençio de um
·3Uper lucr· o .
o
capitalista individual que introduz inovaç5e$tec-nolcigicas ainda nio generali~adas no mercado obtém um
superlu-ero. pois pode vender sua mercadoria a um pre~o inferior ao preço
de mercado e superior ao individual. Assim, a vantagem na
ooten-~io de um lucro maior e de uma taxa de lucro superior ~ m~dia do
setor ou da economia perdura enquanto a inova~io nio se estencler
aos concorrentes.
A
lei da queda na taxa de lucro, segundo Marx, ~,e ma'··nifesta como tendincia e é perfeitamente compatível com o
aumen-to absoluto da massa de mais-valia ou lucro e com o crescimento
"J'"7~
do nível de emprego. Mas existem fatores contr~rios
i
lei, eu contratendincias, que podem impedir que o e1eito da lei se mani-feste, tais como: aumente do grau de exploraç~o do trabalho, re-duç~o dos sal~rios, baixa nos preços dos elementos do capitalc ons tante , superpopulaçio relativa, comércio exterior e aumento
do capital em aç5es.
1.2.5. Distribui~;o de renda
Pode-se presumir que, para Marx, em termos distributl-vos, a participaçio tia força de trabalho no valor adicionado deve ser avaliada pela relaçio V/(MV+V), e a participaç~o dos lucros no valor adicionado pelo quociente
MV/(MV+V).
A
mensura~iD da distribuiç~o funcional da renda implica avaliar o valor pela 6tica de fluxo. J~ quando Marx analisa a tendincia declinante da taxa de lucro MV/(C+V), utiliza tanto vari~veis de ~luxo como variJveis de estoGue. Ressalta-se que a tendincia ~ queda na taxa de lucro pode verificar-se, tanto teoricamente como empiricamen-te, com taxas de mais-valia constantes, ascendentes OU declinan-teso Como, segundo Marx, o desenvolvimento crescente da produti-vidade do trabalho faz com que a taxa de mai~-valia (MV/V) aumen-te, pode-se deduzir que para Marx, abstraindo-se as contraten-dênc :í.<l~:;., a tendência da parcela do trabalho ~ declinar (posi~Ho oposta ~ de Ricardo), enquanto a parcela dos lucros tende aele-1.3. Teoria Neoclissica
A Escola Marginalista ou Teoria Weocl~ssica visava a se
·':)l1.
contrapor ~ teoria do valor trabalho e ~ critica contundente ao
sistema capitalista formulada por Karl Marx e pelos socialistas.
SegUindo a tradi~io individualista e utilitarista
1n1-ciada pelos trabalhos de Jean Baptiste-Sa~ (1767-1832),
Senior (1790-1864) e Frederic Bastiat (1801-1850', formulada nos
princípios do s~culo
XIX,
a teoria neocl~ssica sd ganhouconsis-t .".: en c 1..
(;1. da
cadas na d~cada de 70 do mesmo s~cul0. A síntese da teoria
neo-,cti
os
dê;'e conom
i..."'I,
de (.\111"ed l"i,:\ ·•..sha'11 .Como a teoria neoclássica está disseminada nos meio~
acadêmicos ocidentais atrav~s de in0meros livros-textos, ~ue
di-ferem entre si na forma e nio na essência da abordagem, a
avalia-çio desta teoria nio se prender~ a um autor especi1ico, mas sim a
uma visio geral comumente aceita e estabeleci~a.
1.3.1. Abordagem microecon8mica e a teoria SUbjetiva do valor
A teoria neocl~ssica tem uma visio microeconBmlca do
processo de funcionamento da economia. Supondo uma economia
fe-chada e sem a presen~a do Estado, o processo econ6mico ~ visto
como constituído por duas unidades básicas: a família e a firma.
As famílias sio encaradas como propriet~rias dos ~atores de
pro-du~io e consumidoras dos bens e servi~os finais. Ao firmas
uti-lizam os fatores de produ~io e produzem os bens e serviços
unida-des b~sicas, que se divide em um fluxo monet~rio e um fluxo real,
no qua1 a receita dos negócios
é
exatamente igual ~ renda dosc on sumí do r en , ao mesmo tempo que os custos de produ~~o
iguais ao custo de vida das famílias.
Assim. esta concep,io do funcionamento do processo
eco-n6mico elimina a divisio da sociedade em classes sociais, tio
presente nas obras de Marx e Ricardo; portanto, a quest~o se
des-loca para a esfera da circulaçio, ou seja, para as relaç6es entre
produtores e consumidores. Com isto, as idéias de contradi,aes.
antagonismos e conflitos de classes sio substituídas pela de
flar-mon í.a soc ía l .
o
objeto da economia visa, segundo esta concepçio, aoestudo ria alocaçio de recursos escassos face ~s necesnidades
hu-manas diversificadas, insaci~veis e ilimitadas. 05 recursos, ou
seja, os meios disponíveis para a produçio de bens e serviços que
satisfaçam as necessidades humanas, sio tidos como limjtedos e
05 recursos ou fatores de produçio sio classificados em
tris categorias: terra, trabalho e capital. Eles podem ser
combi-nados em proporç5es vari~vei$ para a produçio de um determinado
bem; assim, qualquer atividade produtiva pode ser resumida como o
resultado da combinaçio entre os fatores de produç5o.
Na
medid~(.;:m qu.(~ d:i.ff:l"(-2I1t:es f:,ilt;':Jl"e'!i;de Pl"ortuçíRoentl",:\1iI Ii(J pr·(:)Ce-1:;".:;OPi"Cldul:i····
forma de renda, sal~rio ou lucro. Assim, enquanto para Marx a
força de trabalho era o ~nico elemento produtivo, na teorla
A teoria neocl~ssica adota a teoria do valor utilidade. Enquanto, para Marx e Ricardo,
°
valor de uso i°
meio material de valor de troca das mercadorias, na teoria n~ocl~ssica a Fonte de valor passa a ser o próprio valor de uso ou sua utilidade. As-a teoria neocl~ssica cria uma teoria do valor subjetiva, pois a utilidade d~s mercadorias varia de indivíduo para indiví-duo.As empresas buscam maximizar os lucros enquanto os con-sumidores objetivam a maximi2a,~e da utilidade. Assim, o compor-tamento da empresa
i
simitrico ao comportamento dos consumidores.A
curva de procura refletiria a disPosi,io do consumidor em ad-qUlflr uma mercadoria e a curva de oferta, a disposi~io das em-presas em ofertar um dado bem. Assim, o preço de qualquer merca-doria seria o resultado do confronto das curvas de oferta e de procura, e refletiria o ponto de equilíbriO destas duas for,afi opostas. Qualquer desequilíbrio porventura existente, tal como preço de mercado acima do preço de equilíbriO (excedente de pro-duto) ou abaixo (escassez de produto), seria corrigido automati-camente pelo livre funcionamento do sistema de mercadO, atrav~s da flutuaçio nos preços. Assim, o preço deuma
mercadoria refleteo
SEU índice de escassez relativa.1.3.2. Teoria dos sal~rios
o
sal~rio i entendido comoum
preço, o pre~o do traba-lhO, e neste sentido i determinado pela oferta e demanda por tra-balho.A demanda de trabalho, exercitada pelas firmas, lcostra que o mercado aumentar~ o nível de emprego atci o ponto em que o acréscimo no produto proporcionado pelo ~ltimo trabalha~or empre-gado se iguale a seu 5al~rio, ou seja, o sal~rio deve correspon-der ao produto marginal rio trabalho.
Os
sal~rics e a demanda por trabalho estio inversamente correlacionados.A
oferta de trahal.lo se dá pela comparaçHo por parte do trabalhador entre o sacrirício de trabalhar e a recompensa em termos de poder de compra que o sal~rio. oriundo do emprego, lhe permite obter. ou seja, propi-ciar utilidades.Há,
por conseguinte, uma rela~io direta entre oferta de trabalho e sal~rios.1.3.3. Teoria da distribui,io de renda
A
reparti~io do produto social, a curto prazo, seria dada pela lei dos rendimento~ ou produtos decrescentes. Como o produto marginal do fator vari~vel é decrescente, e a remuneraçio deve corresponder ao produto marginal, a remuneraçao~ dO ~ator vari~vel deve ser declinante.Uma critica teórica que se faz com freqUinCla ~ teoria neoclássica i quanto ~ impossibilidade de mensuraçio da procuti-vidade do capital, pois, se a produtividade marginal do capital explica os lucros (juros como alguns autores neocl~fisico~ o cha-mam),
t
impossível mensurar a prOdutividade de capitais heterogi-neos sem conhecimento préviO do seu valor. Esta polêmica Picou conhecida como a Controvcirsia de Cambridge sobre a teoria do ca-pital.(60) J~ o rendimento do trabalho, o sal~rio. ner~ na mar-ou seja, na adiçio de uma unidade elementar ao processo decomo a proctutividade d decrescente, 1.,\11'1<:1.
dos sal~rios para que se viabilize um aumento do emprego. Como a
remuneraçio dos fatores de produçio corresponde aos seus produtos
B distribuiç~o de renda ~ tida como justa e
eqUitati-A
teoria neocl~s5ica entende que, no sistema de livreconcorrincia, o desemprego ~ eliminado atravds da reduçio ~O~i
sa-l~rios compatíveis com a produtividade marginal decrescente.
Sa-l~rios nominais inferiores implicariam diminuiçio dos pr~ços,
mas como essa redu,io ~ inferior ~ diminuiçio dos sal~rios, ela
gera uma reduçio do salJrio real.
A
queda nos preços,ve<:~, estimula as vendas e o aumento nos lucros. Na medida em que
as vendas aumentam, d necessJria uma produçio maior, e
conseqUen-teme n t e ~umenta-se o nível de emprego, atd a absorç~o de toGos
os desempregados.
A
teoria neocl~ssica admite a perfeita sUbstituiçioen-tre os fatores de produçio, o que dependerJ do comportamento da
produtividade marginal equl.l-',1 '
os produtos marginais de cada fator de produçJo divi~ido
pelos seus respectivos preços ~., " .
sao 19UB1S, ou seJa,
produtividade mg do trabalhol - produtividade mg do capitall
preço do trabalho preço do capital
Segl"l.ndc iii:rti ec;u:i.'J.:í.br·io
ocorrincia de lucros. pois toda renda corresponde ao
dos custos de produçioi assim, nos preços normais dan mercadoriaG
nio haveria lucros. Desta forma. a distribui,io de renda, ou
adicionado, fica indeterminada, pois ctependeri do produto margi-nal e do preço de cada fator de produç~o, ou seja, da contribui-ç~o de cada fator de produ~io no produto total. Em ~ltima
instin-dida pela relaçio capital-trabalho·'.(62)
Na medida em que o livre funcionamento do mercado
ga-rante a mixima eficiincia, atinge-se o ponto de equilíbrio em todos os mercados e o pleno emprego de todos os fatores de produ-çio. Os neoclissicos entendem que qualquer intervençio (lo Estado, via por exemplo política salarial, bem como a organizaç~o sindi-cal, manipula,io ou fixaçio de preços, restri,ôes nas o~ertas ~e recursos, a,~o dos monop61ios, etc., ferem as regras de mercado e levam
à
gera~io de deseqUilíbrios entre a oferta e a demanda, e, p(H·tanto, ao desemprego dos fatores de produçio. A teoria neO-clissica admite Gue estas restri,ôes podem alterar a participaçio relativa dos fatores de produçio no produto total da economia, e sempre acabam gerando desemprego e produçio menor. Assim:•• [I nív e "l dE~ e mpr'E~9o do r€-~c:urs o E~m ~;;e u ti ~~o '1""e str':i. to é
diminuído, deixando algumas unidades de recurso cu desempregadas, ou procurando emprego em usos alternativos.
Isto condurr a pre~os diferenciais para o recur~c e maiores diferenças de renda. Ao mesmo tempo, conduz para um pro-duto nacional líquido menor do que a economia é capaz de
produ-z
í i... ·' (6~~)forma de interpretaç~o do mecanismo de funcionamento da economia. que viria a constituir-se, a partir de entio. numa nova corrente
questionava os pressupostos neocl~ssicos, (64)
at~ entio nos meios acadêmicos, e, entre outros.
teoria da demanda efetiva, a concepç~o de uma economia monetária. incorporava as expectativas e as lncertezas no c~lculo econBmico e o efeito multiplicador do investimento, acabando por ter grande
influência na forma~~o da nova gera~~o de economistas.
1.4.1. Teoria da demanda efetiva
Segundo Ke~nes. a renda real agregada ~ determinada pe-la demanda efetiva. A demanda efetiva ~ decomposta entre os gas-tos com bens de consumo e os gastos com bens de :i.n'./E~·::·.ti
mo'!!:rt-to. (6!:.'j)
o
consumo agregado ~ determinado pela sumir e pelo próprio nível de rendimento agregado.Mas ocorre que quandO a renda real aumenta, o consumo também aumenta, porim numa proporçio menor. n\'2·:::.f;: €~
s en t a do , é necess~rio, para gue se aumente o nível de emprego,
que o nível de investimento real tamb~m se eleve.
o
investimento privado ~ determinado pela taxa de juros em relaç~o ~ efic~cia marginal do capital. A taxa de Juros J de-termlnade pela oferta e pela demanda de moeda, sendo esta01tima
decomposta entre os motivos transaç~o, precaut~o e especulac~o. A demanda de moeda para especulaç50 pressup5e, em si mesma, auti-lizacio de moeda em funcio ria sua propriedade de servir de
reser-va de reser-valor, fun,io esta ignorada pela teoria neoclássica. Como a
demanda de moeda para especula~5o ci inst~vel, a taxa de juro~ e,
conseqUentemente, o investimento re91 privado, o nível de emprego
e a producio agregada passam tambcim a ser instáveis.
A eficácia marginal do capital, por sua vez, ci
determi-nada pelos rendimentos esperados da venda da procuç~o ae um novo
bem de capital em rela~io ao seu custo de rroducio.
1.4.2. Crítica ~ teoria neoclissica dos salirios
Segundo Ke~nes, a teoria dos salJrios formulada pelos
'\" t"
neOCaaSSlCOS _erla dois postu1ados:
I' "1"
.t .
o
salário é igual ao produto marginal ~o t: \"''·;.t:la···· lho.11. A
utilidade do salário, quando se empregadetermi-nado volume de trabalho,
é
igual \ desutilidade maroinal desseo
primeiro postulado representa a funçio de demanda daITI ~'\Q ....d e .-o b r' a e o se gi.J.ndo, o I;)1-:i.1'1C
i.
pio da ofe1°t
a d e m Ho ....cIe ....oiJr,01. •Ke~nes concorda com o primeiro postulado, mas rejeita o segundo.
Para Ke~nes, está implícito no segundo postulado que os
trabalha-dores teriam condiç5es de fixar os seus próprios sal~rios remjs,
segundo o autor, isto nia se verifica na pr~tica, na medida
em que 0$ trabalhadores tendem a exigir um mínimo de sal~rio
no-minaI ao inv~s de um mínimo de salirio real. Nas palavras de
Ke~-"OI"
a,
a experiincia comum ensina-nos, sem a menorque a m~o-de-obra estipula (dentro de certos limites) um sal~rio nom í n a l , em vez de
um
sal~rio real, constitui ocaso
normal.bem que o trabalhador resista, normalmente, a uma reduç~o do seu sal~rio nominal, n50 costuma abandonar o trabalho ao se verificar uma a").t <3. d
e
pr ec
o c cios b en s ríe c on sumo ~:;:::l.l a rí a :í. ~:~." (67;'seria a rela~io existente entre as mudanças nos sal~rios reais e nominais? No caso de um g~nero indu~trial, salários nominais e reais variam no mesmo sentido.
~á
em re!ac:io ao nível geral de salários, os movimentos seriam opostos. Ke~nes cone 1uí que. , .
~:;~\\1a r ]. o s reais baixam, e quando os salários nominais baixam,
os sal~rios reais que sobem. Isso se deve ao fato de que, em um curto período, a baixa dos salários nominais e a elevaç~o dos sa-l~rios reaj~ constituem, por motivos diferentes, fenBmenos 1i9a-dos ~ diminuiçio do emprego, pois, em~ora o trabalhador se mostre mais disposto a aceitar reduç5es de sal~rio qua~do o emprego
de-os sal~ride-os reais tendem, inevitavelmente, a crescer nas mesmas circunstincias, ~m vlrtude do maior retorno marginal
del:.::,:rminado(;;:~;;t.:OqU'2 de c.":\p:i.talqu.'\l.ndo a (:>I"OClu.ç:í1G! d:i.i'íI:i.nf..l.:i..·· (ÔU) Esta proPosi,io de Ke~nes foi criticada por um artigo de J.G.Dunlop de 1938 e por uma nota de L.Tarshi~ de 1939. A
par-tratamento adequado aos fatos e prop5e que a teoria formulada em 1936, ao inv~s de ser rejeitada, seja reformulada, sugerihdc uma s~rie de elementos para investigac:io. (69)
A teoria neocl~sfiica presumia a existência de uma reIa-,50 direta entre as varia~6es do sal~rio nominal e real e, na
dida em que se garantisse o livre funcionamento do mercado, a
economia tenderia para o pleno emprego. Portanto. segundo esta
teoria, o desemprego decorre da atua~io de elementofi estranhos ao
mercado que tornam os sal~rios imóveis, inflexíveis. criando,
as-sim, uma rigide2 salarial. A culpa pelo desemprego ~ atribuída ~
atua~io dos monopólios, oligopólios, sindic8tos trabal}listas e ~
legisla,io social imposta pelo Estado. Portanto, a fioluçio para a
eliminaçio do desemprego estaria na supress~o destes elementos
estranhos ao livre funcionamento do mercado.
Ke~nes faz duas criticas a esta proposi~io neoclissica.
ordem prática, di~ que os filndicatos
parte integrante da moderna economia e, portanto, nio podem ser
ou t1"(;) 1 aelC), ,1 '1e5.1 1.~::..., I:aç:'"',HJ r i.da como u.m
institucional e de difícil alteraç~o.
A
outra, de ordem teórica,di~ que o desemprego nio decorre da imobilidade dos sal~rios.
Pa-ra Ke~nes, nio só o emprego, mas o próprio sal~rio real decorrem,
ambos, da demanda efetiva. (70)
Outra crítica que Ke~nes faz ~ teorie neocl~ssica i
su-por que os preços diminuem na mesma proporç~o que os nalári015
no-1TI:i.na:i.~,, fazendo com que os sal~rios reais permaneçam constantes.
Se os salirios reais permanecem constantes, os lucron n50
aumen-tam e, portanto, nio há incentivo para incrementar a produçio.
Conseqlientemente, a demanda efetiva e o nível de emprego
conti-por outro laoo, Ke~nes reconhece a posslbilidade
de a reduç~o dos salários nominais afetar os salários reais, a
produç;o e o emprego. Segundo Ke~nes:
como regra geral, para Ke~nes a redu~io dos salá-rios pode afetar positivamente o emprego e a produç~o apenafi na medlda em que se modificarem os determinantes da demanda efetiva. Assim. o emprego pode ser aumentado em decorr&ncia da reduçio dos
Ke~nes procura explicar o desemprego como resultado da insuficiincia da demanda e1etiva do setor privado. Mas. como o
a demanda do setor privado. ele sugere uma política econBmica ativa objetivando a obtenç.o do pleno emprego. Assim,
teoria neocl~ssica. que propunha uma política econBmica passiva e a defesa do laissez-faire. Neste sentido, o Estado pode estimular a demanda do setor privado através da eleva~.o da
consumir, que se daria através da pOlítica fiscal. via tributaçHo e/ou de uma política de aumento nos gastos sociais para as camadas menos favorecidas. Outra via de estimulo ao gasto privado seria através da política monetária. em que, a partir de uma dada demanda de moeda, a expantiio da oferta monetiria provo-csria uma reduçio das taxas de juros e. conseqUentemente, estimu-laria o investimento privado. Outra opçio ci através do próprio investimento p~blico, via obras p~blicas. No limite, Ke~nes en-tendia ser necessária uma sociali2a~io co investlmento como Porma
Neste ponto i conveniente explicar o papel que Ke~nes confere aos sindicatos. Ele entende que os trabalhadores, atrav~~;
nio conseguem determinar o ~alário real, pois, apesar ae o salá-rio nominal poder ser negociado entre as partes. o salário rEDl
decorre nio sd do sal~rio nominal, mas tameém do nível de preço~
dos bens salari8is. Como os preços dos bens sa18riais nio sio
de-terminaMos pelos contratos, os trabalhadores n&o conseguem
deter-minar o sal~rio real. Ke~nes cita inclusive a possibilidade de
diminuiçio dos salários reais, dentro de certos limites. via
e1e-vaç~o de preços, e n~o atravis da reduçio dos s81~rios nominais,
como propunha a teoria neoclássica. (74) Assim, ele entende que
os sindicatos protegem apenas os sal~rios relativos, ou seja, os
sal~rios de um grupo de trabalhadores em relaç~o a outros grupos.
entende-se que Ke~nes, emjora reconheçendo
a possibilidade de reduç5es nos sal~rios nominais conduzirem a um
aumento no nível de emprego, julga que o melhor remidio para
com-bate r o desemprego i uma política monetirla e/ou
€~xpans:i.on:i.sta, que conduza a uma elevaç50 d8 demanda
e{eti-'''; :;"~
..
1.4.3. DistribuiçKo de renda
r::ntE~nde-'se que a pr'est1:'_
aos estudos de distribuiçio funcional ~a renda a longo prazo.
Em-bora o autor se refira virias vezes em sua ohra ao termo
distri-I ' r,
o u a c ao renda. entende-se que esta
e, portantCo, Ke~nes nio trata da distribuiç~o do
produto sCocial entre as classes sociais (75) a nio ser a curto
prazo, quando aceita a concepç50 neocl~snica de que, dado o
volu-me de capital existente, Co empregCo sd pCode aumentar com uma
redu-çio do sal~rio real cCompatível com a produtividade marginal
de-crescente e, conseqUentemente. com Co aumento nos lucros (76), o
par'c:fi:Ia do~:;1.uc:1-(J~f>. A ~:;-:;;ifi, P:!i\ \••<:\ Hf..tnt : ',!(
e
~:lne~:l cC)nco r(ja ....'a n a \';)i.c::\1•• _.mente com a teoria da distribuiçio baseada na produtividade
mar-A concentra~io da distribuiçio pessoal ~ vista como um
dos rlefeitos da sociedade econ6mic<:\.(78) O aumento dan
~esigual-dactes sociais pode ser atenuado, segundo Ke~nes, atravis da
~oli-tica tributária, com ênfase nos impostos progressivos, e da
poli-tica de gastos sociais.
Mas deve-se destacar que há um ponto da teorla de
Ke~-net:o pode ser considerado como ligado ~ distribuiçio I". ~
'i'U,f1';::
:r.o-nal da renda, quando o autor trata da tendência a longo pr~20 da
eficácia marginal do capital. A efic~cia marginal do capital deve
ser entendida como uma taxa de lucro esperada;
Ke~nes prevê que a tendência secular desta taxa ~ de aeclínio e,
seria o seu movimento que determinaria os ciclos
eco-n8micos.(79) Neste ponto, há uma convergência de opiniio entre
Ricardo e Marx com relaçio aos desígnios do capitalismo,
embora a causa do processo seja diferente de autor para autor.
Mas a queda da eficácia marginal do capital
é
perfeita-mente compatível com o aumento, decr~scimo ou constincia da
~ar-ticipa~io relativa dos lucros no valor adicionado, conforme
verl-ficado na revisio sobre a obra de Marx. Portanto, a partir oesta
nio se pode a~irmar nada a respeito da posi~io de
Ke~nes sobre os comportamentos, a longo prazo, das parcelas
Tela-tivasdos sal~rios e do~ lucros no valor adicionado.
Mas talvez a contribui~io mais importante de Ke~nes em
relaçio ~ distribui~~o funcional da renda seja atrav~s d~ sua
proposi~io acerca dos reflexos que a infla~io ou defla~io tim