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Apresentação - volume 7, número 3 (2013)

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Academic year: 2021

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Revista IDEAS - Interfaces em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade

A Revista de Estudos Interdisciplinares em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade é uma publicação coordenada e editada pelos alunos do Programa de Pós-Graduação de Ciências Soci-ais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade.

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ Instituto de Ciências Humanas e Sociais - ICHS

Departamento de Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade - DDAS Programa Pós-Graduação de Ciências Sociais em

Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade – CPDA Reitora: Ana Maria Dantas Soares

Vice-Reitor: Eduardo Mendes Callado

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Roberto Carlos Costa Lelis Diretor do ICHS: Ricardo de Oliveira

Chefe do DDAS: Andrey Cordeiro Ferreira Coordenador do CPDA: Renato Jamil Maluff Editores:

Bruno de Almeida Gambert Fabricio Teló

Rômulo Castro Comissão Editorial:

Ailton Fernandes da Rosa Junior Aline Borghoff Maia

Ariane Brugnara

Diana Marcela Bautista Osorio Maria Luiza Duarte Barbosa Mirna Silva Oliveira

Conselho Editorial:

Alfredo Kingo Oyama Homma (Embrapa/PA) Ana Maria Motta Ribeiro (UFF)

Andréa Luisa Moukhaiber Zhouri (UFMG) César Augusto Da Ros (UFRRJ)

Flavio Sacco dos Anjos (UFPEL) Guilherme Costa Delgado (IPEA) Jalcione Pereira de Almeida (UFRGS) José Manuel Carvalho Marta (UFMT) John Wilkinson (UFRRJ)

Leonilde Servolo de Medeiros (UFRRJ) Luís Carlos Mior (EPAGRI-SC) Marcel Bursztyn (UNB) Marcelo Miná Dias (UFV)

Maria Emília Lisboa Pacheco (FASE) Maria José Teixeira Carneiro (UFRRJ) Maria Verônica Secreto (UFF)

Marilda Aparecida de Menezes (UFCG) Moacir Gracindo Soares Palmeira (UFRJ) Paulo Roberto Raposo Alentejano (UERJ) Sérgio Pereira Leite (UFRRJ)

Vera Lucia Silveira Botta Ferrante (UNIARA) Colaboraram nessa edição:

Alexandre Jose Firme Vieira (UFF) Ana Maria de Almeida Santiago (UERJ) Carlos Guanziroli (UFF)

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Daniele Rocha Costa (UNIFEI)

Eleonora Schettini Martins Cunha (UFMG) Eliane Tomiasi Paulino (UEL)

Everton Lazzaretti Picolotto (UFSM) Giancarla Salamoni (UFPel)

João Cleps Jr. (UFU)

John Cunha Comerford (UFRJ)

José Otávio Catafesto de Souza (UFRGS) Juliano Costa Gonçalves (UFSCar) Leonardo Rafael Santos Leitão (UFFS) Maria Gabriela Scotto (UFF)

Maristela de Paula Andrade (UFMA) Martin Cesar Tempass (UFRGS) May Waddington Telles Ribeiro (UFPI) Nelson da Nobrega Fernandes (UFF) Sergio Baptista da Silva (UFRGS) Silvia Zimmermann (UFRRJ) Susana Lena Lins de Gois (UNB) Virginia Elisabeta Etges (UNISC)

Revisão: Isabel Newlands

Contato:

Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade

Av. Presidente Vargas, 417, 6° andar Centro – 20071-003 Rio de Janeiro, RJ Tel./fax: (21) 22 24 85 77

revistaideas@gmail.com www.ufrrj.br/cpda/ideas

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Sumário

Apresentação...5

LUTA E RESISTÊNCIA D LUTA E RESISTÊNCIA D LUTA E RESISTÊNCIA D

LUTA E RESISTÊNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIOS MOVIMENTOS SOCIAIOS MOVIMENTOS SOCIAIS À HIDRELÉTRICA BELOS MOVIMENTOS SOCIAIS À HIDRELÉTRICA BELS À HIDRELÉTRICA BELS À HIDRELÉTRICA BELO O O O MONTE NA TRANSAMAZÔN

MONTE NA TRANSAMAZÔN MONTE NA TRANSAMAZÔN

MONTE NA TRANSAMAZÔNICA ICA ICA –ICA –– PA –PA PA PA

Juliete Miranda Alves...………..9

O MAR VIROU SERTÃO: O MAR VIROU SERTÃO: O MAR VIROU SERTÃO:

O MAR VIROU SERTÃO: A TRANSPOSIÇÃO DO RIA TRANSPOSIÇÃO DO RIA TRANSPOSIÇÃO DO RIA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO E A O SÃO FRANCISCO E A O SÃO FRANCISCO E A O SÃO FRANCISCO E A COMUNIDADE QUILOMBOL

COMUNIDADE QUILOMBOL COMUNIDADE QUILOMBOL

COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SANTANAA DE SANTANAA DE SANTANAA DE SANTANA

Daniel Rodrigues Brasil...36

“QUE EU SAIBA, ÁGUA “QUE EU SAIBA, ÁGUA “QUE EU SAIBA, ÁGUA

“QUE EU SAIBA, ÁGUA NÃO FAZ MONTE”: PERSNÃO FAZ MONTE”: PERSNÃO FAZ MONTE”: PERSNÃO FAZ MONTE”: PERSPECTIVAS EM CONFLITOPECTIVAS EM CONFLITOPECTIVAS EM CONFLITOPECTIVAS EM CONFLITO NO NO NO NO PROCESSO DE IMPLEMEN

PROCESSO DE IMPLEMEN PROCESSO DE IMPLEMEN

PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA UHE CACHOEITAÇÃO DA UHE CACHOEITAÇÃO DA UHE CACHOEITAÇÃO DA UHE CACHOEIRA NO RIO PARNAÍBA (RA NO RIO PARNAÍBA (RA NO RIO PARNAÍBA (RA NO RIO PARNAÍBA (PI/MA)PI/MA)PI/MA)PI/MA)

Clarisse Cavalcante Kalume...60

PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARTICIPAÇÃO SOCIAL

PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA REGULAÇÃO DE CONFNA REGULAÇÃO DE CONFNA REGULAÇÃO DE CONFNA REGULAÇÃO DE CONFLITOS: A AMPLIAÇÃO DLITOS: A AMPLIAÇÃO DLITOS: A AMPLIAÇÃO DO LITOS: A AMPLIAÇÃO DO O O AEROPORTO INTERNACIO

AEROPORTO INTERNACIO AEROPORTO INTERNACIO

AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOSNAL DE VIRACOPOSNAL DE VIRACOPOSNAL DE VIRACOPOS

Ariane da Silva Favareto...86

POVOS IND POVOS IND POVOS IND

POVOS INDÍÍÍÍGENAS E CONFLITOS SOGENAS E CONFLITOS SOGENAS E CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS: OS IMGENAS E CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS: OS IMCIOAMBIENTAIS: OS IMCIOAMBIENTAIS: OS IMPACTOS DAS PACTOS DAS PACTOS DAS PACTOS DAS GRANDES OBRAS EM PER

GRANDES OBRAS EM PER GRANDES OBRAS EM PER

GRANDES OBRAS EM PERNAMBUCONAMBUCONAMBUCONAMBUCO

Caroline Farias Leal Mendonça, Heloisa Eneida Cavalcante, Lara Erendira Almeida de Andrade, Manuela Schillaci...126

ESTRATÉGIAS EMPRESAR ESTRATÉGIAS EMPRESAR ESTRATÉGIAS EMPRESAR

ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E EFEITOS LOCAIIAIS E EFEITOS LOCAIIAIS E EFEITOS LOCAIS: A INTEGRAÇÃO DE PIAIS E EFEITOS LOCAIS: A INTEGRAÇÃO DE PS: A INTEGRAÇÃO DE PS: A INTEGRAÇÃO DE PEQUENOS EQUENOS EQUENOS EQUENOS AGRICULTORES À INDÚS

AGRICULTORES À INDÚS AGRICULTORES À INDÚS

AGRICULTORES À INDÚSTRIA FABRICANTE DE PTRIA FABRICANTE DE PTRIA FABRICANTE DE PTRIA FABRICANTE DE PAPEL E CELULOSEAPEL E CELULOSEAPEL E CELULOSEAPEL E CELULOSE

Silvia Lima de Aquino...158

DIMENSÕES POLÍTICAS DIMENSÕES POLÍTICAS DIMENSÕES POLÍTICAS

DIMENSÕES POLÍTICAS DO IMPACTO AMBIENTALDO IMPACTO AMBIENTALDO IMPACTO AMBIENTAL: INTERPRETAÇÕES DA DO IMPACTO AMBIENTAL: INTERPRETAÇÕES DA : INTERPRETAÇÕES DA : INTERPRETAÇÕES DA ATIVIDADE MINERAL EM

ATIVIDADE MINERAL EM ATIVIDADE MINERAL EM

ATIVIDADE MINERAL EM TERRAS DE USO COMUM TERRAS DE USO COMUM TERRAS DE USO COMUM TERRAS DE USO COMUM NA FAZENDA CURRAL VENA FAZENDA CURRAL VENA FAZENDA CURRAL VELHO, NA FAZENDA CURRAL VELHO, LHO, LHO, JUAZEIRO, BAHIA

JUAZEIRO, BAHIA JUAZEIRO, BAHIA JUAZEIRO, BAHIA

Tatiana Emilia Dias Gomes...198

ACUMULAÇÃO POR ESPOL ACUMULAÇÃO POR ESPOL ACUMULAÇÃO POR ESPOL

ACUMULAÇÃO POR ESPOLIAÇÃO: UMA REFLEXÃO IAÇÃO: UMA REFLEXÃO IAÇÃO: UMA REFLEXÃO IAÇÃO: UMA REFLEXÃO SOBRE A SUA INTRODUÇSOBRE A SUA INTRODUÇSOBRE A SUA INTRODUÇÃO SOBRE A SUA INTRODUÇÃO ÃO ÃO EM MOÇAMBIQUE

EM MOÇAMBIQUE EM MOÇAMBIQUE EM MOÇAMBIQUE

Elmer Agostinho Carlos de Matos e Rosa Maria Vieira Medeiros...228

PROBLEMATIZANDO A IN PROBLEMATIZANDO A IN PROBLEMATIZANDO A IN

PROBLEMATIZANDO A INTTTTEGRAÇÃO REGIONAL: ASEGRAÇÃO REGIONAL: ASEGRAÇÃO REGIONAL: ASEGRAÇÃO REGIONAL: AS CONEXÕES ENTRE A CONEXÕES ENTRE A CONEXÕES ENTRE A CONEXÕES ENTRE A INICIATIVA PARA A IN

INICIATIVA PARA A IN INICIATIVA PARA A IN

INICIATIVA PARA A INTEGRAÇÃO DA INFRAESTTEGRAÇÃO DA INFRAESTTEGRAÇÃO DA INFRAESTRUTURA REGIONAL SULTEGRAÇÃO DA INFRAESTRUTURA REGIONAL SULRUTURA REGIONAL SULRUTURA REGIONAL SUL----AMERICANA (IIRSA) E

AMERICANA (IIRSA) E AMERICANA (IIRSA) E

AMERICANA (IIRSA) E O PROGRAMA DE ACELERO PROGRAMA DE ACELERO PROGRAMA DE ACELERO PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO AÇÃO DO CRESCIMENTO AÇÃO DO CRESCIMENTO AÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC) (PAC) (PAC) –(PAC) –– – BRASIL

BRASIL BRASIL BRASIL

Dalmo Junior Gomes de Oliveira, Charles Alves Gonçalves e Eraldo da Silva Ra-mos Filho...260

SOCIEDADE CIVIL E ME SOCIEDADE CIVIL E ME SOCIEDADE CIVIL E ME

SOCIEDADE CIVIL E MERCADO NA AGENDA 21: RCADO NA AGENDA 21: RCADO NA AGENDA 21: USOS DO PODER LOCAL RCADO NA AGENDA 21: USOS DO PODER LOCAL USOS DO PODER LOCAL USOS DO PODER LOCAL NA NA NA NA CONSTRUÇÃO PEDAGÓGIC

CONSTRUÇÃO PEDAGÓGIC CONSTRUÇÃO PEDAGÓGIC

CONSTRUÇÃO PEDAGÓGICA DA HEGEMONIA A DA HEGEMONIA A DA HEGEMONIA A DA HEGEMONIA

Lídice de Barros Guerrieiro...305

ENTREVISTA COM ALEXA ENTREVISTA COM ALEXA ENTREVISTA COM ALEXA

ENTREVISTA COM ALEXANDRE ANDERSONNDRE ANDERSONNDRE ANDERSONNDRE ANDERSON DE SOUZADE SOUZADE SOUZA DE SOUZA

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Apresentação

É com muita satisfação que lançamos esta edição especial da Revista IDeAS – Interfaces em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, uma publicação semestral dos estudantes do Programa de Pós-Graduação de Ciências Soci-ais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA-UFRRJ). Damos continuidade à proposta interdisciplinar da revista, ao divulgarmos estudos dos diversos campos ci-entíficos sobre o mundo rural. Com o tema “Grandes empreendimentos: im-pactos e conflitos”, a edição reúne nove artigos que analisam as consequên-cias da instalação de megaempreendimentos em diversas regiões do país e uma entrevista com uma liderança política da Associação Homens e Mulhe-res do Mar da Baía de Guanabara (AHOMAR), organização de Mulhe-resistência da sociedade civil ao megaempreendimento do Complexo Petroquímico do Esta-do Esta-do Rio de Janeiro (COMPERJ).

Organizamos os artigos em três conjuntos temáticos: o primeiro com os casos mais emblemáticos de conflitos decorrentes da construção de grandes em-preendimentos: iniciamos com o conflito gerado pela construção da hidrelé-trica de Belo Monte, no Pará, depois passamos para a transposição do rio São Francisco, para a hidrelétrica Cachoeira entre o Maranhão e o Piauí, para a ampliação do aeroporto de Viracopos, e concluímos o primeiro bloco com um artigo que analisa a atuação dos povos indígenas nos conflitos socio-ambientais em Pernambuco.

O artigo “Luta e resistência dos movimentos sociais relacionados à Hidrelé-trica Belo Monte na Transamazônica – PA”, de Juliete Miranda Alves, des-taca as lutas e ações de resistência dos vários movimentos sociais que com-põem o Movimento Xingu Vivo para Sempre, contrários à construção da bar-ragem Belo Monte, enfatizando as várias formas de resistência a partir das atuações dos atores sociais nos eventos públicos ocorridos em Altamira – PA, das narrativas de representantes dos movimentos sociais e dos moradores da comunidade de Santo Antônio. A autora chama a atenção para os senti-dos atribuísenti-dos à expressão “desenvolvimento”, sendo diferentes entre o mo-vimento Xingu Vivo, os moradores de Santo Antônio e o FORT-Xingu (Fó-rum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transa-mazônica e Xingu). De forma interessante, dá luzes aos discursos dos atores sociais atingidos pelo megaempreendimento, visto que, para eles, a hidrelé-trica significa a morte.

Daniel Brasil, em seu artigo “O mar virou sertão: a transposição do rio São Francisco e a comunidade quilombola de Santana”, analisa os impactos da transposição do rio São Francisco em uma comunidade quilombola em

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Per-nambuco. Dentre o conjunto de aspectos evidenciados, o autor dá ênfase às transformações na dimensão alimentar dos quilombolas impactados e chama a atenção para a forma como estes sujeitos são desconsiderados no momento da elaboração das políticas de desenvolvimento nacional. Conforme o autor, o mar de esperanças que os quilombolas criaram com a ideia da transposição virou sertão depois de vivenciarem os impactos de um projeto que beneficiou apenas uma parcela da população.

O artigo intitulado “‘Que eu saiba, água não faz monte’: perspectivas em con-flito no processo de implementação da UHE Cachoeira no rio Parnaíba (PI/MA)”, de Clarisse Kalume, aborda as questões ambientais decorrentes do projeto de instalação da usina hidrelétrica de Cachoeira, no rio Parnaíba, fronteira entre os estados do Piauí e Maranhão. À luz de diferentes verten-tes do pensamento ambiental, Kalume analisa o modo de operar a questão ambiental tanto de órgão públicos (IBAMA), quanto de projetos da iniciativa privada (RIMA-Queiroz Galvão). A autora também destaca a visão da popu-lação local diretamente atingida pela construção da hidrelétrica. Em cená-rio complexo, os ribeirinhos apresentam distintas posições a respeito da construção da usina. Ressalta-se, no entanto, a influência das crenças locais em relação a tal tema. Em destaque, a autora menciona o fato de os agricul-tores da região alagada doarem, em gesto simbólico-religioso, suas terras à Nossa Senhora da Conceição da Uhyca da Manga. Portanto, o título do arti-go faz menção ao possível alagamento da Igreja da padroeira. As águas re-presadas pelas barragens “por não fazer monte” podem inundar os espaços sagrados desta população e causar descontentamentos.

Ariane da Silva Favareto, no artigo “Participação social na regulação de con-flitos: a ampliação do aeroporto internacional de Viracopos”, discute as teo-rias sobre democracia e participação social para analisar “os fatores que le-vam um determinado grupo social a empreender a participação social como forma de regular os conflitos estabelecidos pela expansão urbana sobre as áreas rurais, neste caso especificamente materializado na ampliação do ae-roporto de Viracopos sobre o bairro rural Friburgo”. A autora promove uma análise acerca da relação entre as instituições e o comportamento, e conclui que, “para que os espaços participativos sejam de fato acessados de forma igualitária pelos grupos sociais, seria necessário realizar uma identificação estrutural e promover o equilíbrio das assimetrias presentes nesta estrutu-ra, aprimorando, neste sentido, as próprias instituições democráticas”.

O artigo “Povos Indígenas e Conflitos Socioambientais: os impactos das grandes obras em Pernambuco”, de Caroline Farias Leal Mendonça, Heloisa Eneida Cavalcante, Lara Erendira Almeida de Andrade e Manuela Schillaci, traz um olhar atento ao modelo de desenvolvimento do atual governo, base-ado na expansão agroindustrial e intensificação de exportação e integração

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nacional e sul-americana, bem como a seu impacto sobre grupos indígenas. A partir da perspectiva das mulheres indígenas, o artigo alerta para o im-pacto das grandes obras sobre os povos indígenas de Pernambuco, mostran-do o que o antropólogo Andrey Ferreira chamou de avesso de desenvolvi-mento, uma vez que o que é concebido como desenvolvimento da nação é en-tendido ao contrário por uma multiplicidade de grupos, identificados pelo Estado como obstáculos aos interesses nacionais. Assim, as autoras aborda-ram a limitação do usufruto do direito e da terra pelos grupos indígenas de Pernambuco em prol da transposição do rio São Francisco.

O segundo bloco temático não trata especificamente dos impactos e conflitos decorrentes da construção de grandes empreendimentos, mas da expansão de atividades econômicas. São os seguintes artigos:

Silvia Aquino, no artigo “Estratégias empresariais e efeitos locais: a integra-ção de pequenos agricultores à indústria fabricante de papel e celulose”, ana-lisa os impactos causados pelo crescimento do sistema de integração agroin-dustrial na produção de eucalipto no Estado do Espírito Santo, dando cen-tralidade à percepção dos agricultores impactados especialmente pela insta-lação da empresa Fibria Celulose – S/A. A autora destaca como consequên-cias a diminuição da produção de alimentos, o aumento do preço pago e a escassez de mão de obra para o trabalho em outras atividades rurais, a fa-lência e venda de terras de alguns dos agricultores integrados que contraem dívidas com a indústria integradora, o conflito entre os agricultores que cul-tivam eucalipto e aqueles que não culcul-tivam, em razão da dispersão das se-mentes da planta, a diminuição da disponibilidade de água em solos, nas-centes e córregos, e a irregularidade na distribuição das chuvas naquela lo-calidade.

Tatiana Gomes, em seu artigo “Dimensões políticas do impacto ambiental: interpretações da atividade mineral em terras de uso comum na Fazenda Curral Velho, Juazeiro, Bahia”, chama a atenção para a construção de in-terpretações distintas a respeito de um mesmo processo como estratégia de acúmulo de poder em contextos de disputas por recursos naturais. Para ana-lisar este tema, a autora estudou o caso da expansão das atividades de ex-tração mineral em uma localidade do Município de Juazeiro/BA.

No artigo “Acumulação por espoliação: uma reflexão sobre a sua introdução em Moçambique”, Elmer Agostinho Carlos de Matos e Rosa Maria Vieira Medeiros chamam a atenção para a emergência do modelo de acumulação de capitais através do processo de espoliação, cuja prática se dá especialmente em países periféricos, a exemplo de certas regiões da África. Tal modelo tem se caracterizado pela expropriação de terras das populações mais pobres e pela privatização dos bens e serviços públicos. O artigo busca elucidar de

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que forma este modelo de acumulação, concomitante à prática neoliberal, tem se desenvolvido em Moçambique. A partir dos casos mencionados, os autores analisam o modo pelo qual as reformas legais abriram brechas para o despojamento de milhares de famílias moçambicanas, forçando-as à cons-trução de uma nova trajetória, desprovidas das condições adequadas de so-brevivência.

No último bloco os artigos discutem questões mais gerais a respeito dos grandes empreendimentos: o primeiro parte de uma discussão sobre inte-gração regional em nível de América Latina e o segundo trata da participa-ção da sociedade civil na conduparticipa-ção de políticas públicas no contexto da A-genda 21. Seguem os resumos dos artigos:

Dalmo Junior Gomes de Oliveira, Charles Alves Gonçalves e Eraldo Ramos Filho, no artigo “Problematizando a integração regional: as conexões entre a iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-americana (IIRSA) e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – Brasil”, partem da Geografia Política para analisar como se dá a relação entre as ações do IIRSA e as do PAC, enquanto uma política territorial recente.

Lídice Guerrieiro, por sua vez, a partir da perspectiva da aprovação da A-genda 21 em 1992 no Rio de Janeiro, expõe os dilemas entre o universal e o local no processo de condução das políticas públicas. Em seu artigo intitula-do “Sociedade civil e mercaintitula-do na Agenda 21: usos intitula-do poder local na constru-ção pedagógica da hegemonia”, a autora analisa a aplicaconstru-ção dos princípios contidos na agenda em um estudo de caso, a instalação do COMPERJ no Município de Itaboraí - RJ. Segundo Guerrieiro, o consenso decorrente da Agenda 21 setorializa a sociedade em três diferentes esferas: Estado, empre-sas e sociedade civil. Estas são formadas, respectivamente, por: Governo, setor privado empresarial, sindicatos e ONGs. De acordo com sua análise, o modelo favorece a divisão desigual dos poderes, tendo em vista que as dife-rentes áreas não dispõem dos mesmos recursos. A autora evidencia ainda as dificuldades da Agenda 21, aprovada em conjunto pelo município, em norte-ar a ação de empresas e estado.

Por fim, concluímos a edição com uma entrevista com Alexandre Anderson de Souza, pescador artesanal, um dos fundadores e presidente da AHOMAR – Associação Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara. A associa-ção foi criada em 2003 por pescadores da Baía de Guanabara com objetivo de se opor aos projetos desenvolvimentistas da Petrobras que afetariam a pesca na baía. Alexandre recebeu a Revista IDeAS e muito gentilmente contou, entre outras coisas, sobre sua trajetória, o trabalho de pesca artesanal, a atuação política da AHOMAR, destacando os problemas dos

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empreendimen-tos petroquímicos para a vida das comunidades pesqueiras do Rio de Janei-ro.

Desejamos a todos e todas uma ótima leitura.

Referências

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