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Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.37 número5

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Academic year: 2018

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4 2 7 Revista da Sociedade Br asileir a de Medicina Tr opical 3 7 ( 5 ) :4 2 7 -4 2 8 , set-out, 2 0 0 4

NECROLÓGIO/OBITUARY

Fr eder ico Adolfo Simões Bar bosa (

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1 9 1 6 † 2 0 0 4 )

A c o m unidade c ie ntífic a da Fundaç ão Oswaldo Cr uz ( FIOCRUZ) e, em partic ular o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães ( Fiocruz-Recife) , foi empobrecida no dia 8 de março de 2 0 0 4 , com o falecimento aos 8 8 anos, do ex-diretor, ilustre-pesquisador e professor universitário, Frederico Adolfo Simões Barbosa. Nascido em Pernambuco, em 2 7 de julho de 1 9 1 6 , filho e neto de médicos professores da Faculdade de Medicina do Recife ( atual Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuc o) , definiu-se, na adolesc ênc ia, pela profissão médic a, graduando-se pela mesma Fac uldade em dezembro de 1 9 3 8 , tornando-se doutor em Medicina por essa Escola Médica em 1 9 4 2 . Vocacionado para a pesquisa desde os

tempos de estudante, fez estudos de pós-graduação na Universidade de São Paulo em 1 9 3 9 , dedic ando-se à Parasitologia sob o r ie n ta ç ã o do Pr o f. Sa m ue l B . Pe s s o a e à Mi c o l o gi a , s o b a s u p e r vi s ã o do P r o f. Flo r iano de Alm e ida. Em 1 9 4 5 , c o ntemplado c o m b o lsa de estudo s do Institute of Inter-Americ an Affairs, viajou para os Estados Unidos, onde permaneceu por 1 6 meses, obtendo o diploma de Ma ste r i n Pu b li c He a lt h pe la c o n c e itua da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, estagiando, ainda, no Museu Nacional em Washington e n a Un ive r s ida de de Mic h iga n , o n de aprofundou seus conhecimentos nas áreas da Entomologia e da Malacologia.

Vo l ta n d o a o B r a s i l , gr a d u o u - s e , ta m b é m , e m Hi s tó r i a Na tu r a l p e l a

Universidade Católic a de Pernambuc o. Seus numerosos títulos a c a dê m i c o s i n c l u e m q u a tr o do c ê n c i a s - l i vr e s o b ti da s pe la Universidade Federal de Pernambuc o ( Parasitologia em 1 9 4 2 , Mic robiologia em 1 9 5 0 , Zoologia em 1 9 5 3 e Medic ina P r e ve n ti va e m 1 9 6 0 ) , te n d o s i d o P r o fe s s o r T i tu l a r ( c onc ursado) de Higiene e Medic ina Preventiva na mesma Unive r sidade ( 1 9 6 6 ) , Pr o fe sso r Titular ( c o nc ur sado ) de Epidemiologia ( 1 9 8 3 ) na Esc ola Nac ional de Saúde Públic a da Fundaç ão Oswaldo Cruz ( Rio de Janeiro) , Prof. Titular de Medic ina da Comunidade, na Universidade de B rasília ( 1 9 7 2 -1 9 8 -1 ) e Prof. de Medic ina Preventiva na Universidade Federal de São Carlos ( 1 9 8 2 ) .

Sua produç ão c ientífic a, que inc lue aproximadamente, duas c entenas de public aç õ es, ver so u inic ialmente so br e protozoologia, entomologia e mic ologia médic a, o que lhe valeu grande reputaç ão entre os espec ialistas da époc a, tendo seus trabalho s sido ac eito s po r revistas internac io nais de elevado c onc eito, fac e à importânc ia de seus estudos sobre

siste m átic a de fungo s, inc lusive de sc r e ve ndo um a no va espéc ie de hifomic eto isolado de um c aso de onic omic ose. Realizou, também, importantes trabalhos sobre taxonomia de c ulic o ide s, de sc r e ve ndo c inc o no vas e spé c ie s de sse s dípteros, pelo que lhe foi dedic ada, posteriormente, por Wirth & B lanto n, a e spé c ie de mar uin ne o tr o pic al Cu li c o i d e s b a rb o sa i.

No m e a do e m 1 9 5 0 , pr im e ir o Dir e to r do Ce n tr o de Pesquisas Aggeu Magalhães ( então subordinado à Divisão da Organizaç ão Sanitária do Ministério da Saúde, posteriormente inc o rpo rado ao Instituto Nac io nal de Endemias Rurais e, finalmente, à Fundaç ão Oswaldo Cruz) , foi responsável pela e s tutur a ç ã o da s pr im e ir a s a tivida de s c ientífic as no CPqAM, aí permanec endo, c omo diretor e pesquisador, nos períodos de 1 9 5 0 a 1 9 6 2 e de 1 9 6 4 a 1 9 6 8 . A partir de 1 9 5 0 , dedic ou-se, partic ularmente, ao estudo da esquistossomose, endemia de gr a n de s ign ific a ç ã o pa r a a s a úde da região, realizando estudos sobre aspec tos básic os da taxonomia, biologia e ec ologia d o p a r a s i ta e d e s e u s m o l u s c o s transmisso res, em trabalho s pio neiro s, rec onhec idos no B rasil e no exterior, aos quais se seguiram investigaç ões sobre a epidemiologia e métodos de c ontrole da p a r a s i to s e : Um a n o va e s p é c i e d e Trematoda (Ec h i n o sto m a b a rb o sa i) foi c riada em sua homenagem.

Foi perito em Doenç as Parasitárias, da OMS ( 1 9 6 0 -1 9 7 0 ) e em Organismos Aquáticos, da FAO ( 1961) . Foi membro fundador e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical ( 1977-1978) .

Sob sua orientação, o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, e m Re c ife , to r no u-se um gr ande núc le o de fo r maç ão de pesquisadores e professores de nível superior, tendo fornecido ao país profissionais altamente qualific ados, abrindo seus laboratórios para a realização de numerosas teses.

Como professor universitário exerc eu atividade doc ente em Pernambuc o e outros Estados do Nordeste, em B rasília e em São Paulo, partic ipando ainda de inúmeras c onferênc ias, c ursos, seminários e Congressos, no B rasil e no exterior.

A partir da déc ada de 6 0 , passou a interessar-se pelos aspe c to s so c iais da e sq uisto sso mo se , dir e c io nando suas pesquisas para a área da Medic ina Preventiva, inc linando-se, definitivamente, para o c ampo da Saúde Coletiva.

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visitas, assessorias e avaliaç ão de programas de pesquisa em vários países, sobretudo da Áfric a.

Co n tr a ta d o e m 1 9 8 1 , c o m o As s e s s o r d a a n ti ga Co o r de n a do r ia de Ciê n c ia s da Sa úde da Se c r e ta r ia de Educ aç ão Supe r io r do e ntão Ministé r io da Educ aç ão e Cultura, c oordenou, em B rasília, a elaboraç ão do Pro gra m a d e In te gra ç ã o Do c e n te - Assi ste n c i a l do MEC, que teve por o b j e tivo e s tim ula r o de s e n vo lvim e n to de p r o j e to s de integraç ão doc ente-assistenc ial nas universidades brasileiras, visando inserir a formaç ão de profissionais da área da saúde na r ealidade r egio nal e nac io nal. Exer c eu assim, intensa a tivida de didá tic o - pe da gó gic a , a lé m do s vá r io s c a r go s téc nic o s o c upado s. Oc upo u ainda, o c argo de Direto r da Fac uldade de Ciênc ias da Saúde da Universidade Nac ional de B rasília ( 1 9 7 5 /1 9 7 6 ) e da Esc ola Nac ional de Saúde Públic a da FIOCRUZ ( 1 9 8 5 -1 9 8 9 ) . Em 1 9 9 6 , foi agrac iado pela UNB c om o título de Do u to r Ho n o ri s- Ca u sa.

Sua fo rmaç ão pro fissio nal e humanístic a abrangentes, permitiu-lhe inc ursionar nos primeiros anos de sua atividade c o m o pr o fe sso r e pe sq uisa do r, e m dife r e nte s á r e a s da pesquisa biomédic a, permitindo-lhe migrar posteriormente da ár e a b ásic a par a a pe squisa e m saúde c o munitár ia e m e dic in a pr e ve n tiva , o n de ta m b é m de ixo u im po r ta n te c o n tr i b u i ç ã o , e m e s tu d o s s o b r e a e p i d e m i o l o gi a d a esquistossomose e em variadas experiênc ias de integraç ão doc ente-assistenc ial em trabalhos de c ampo realizados em Pernambuc o, B rasília e Espírito Santo. Sua objetividade no trato das questões c ientífic as ac ha-se bem sintetizada quando

rec o mendava, a pro pó sito do s estudo s epidemio ló gic o s a serem realizado s c o nto rnando limitaç õ es de vário s tipo s,

tro c a r a c o m p le x i d a d e p e la si m p li c i d a d e , a e x te n sã o p e la p ro f u n d i d a d e , a rí gi d a e c e ga p a d ro n i za ç ã o té c n i c a p e la c ri a ti vi d a d e , a a li e n a ç ã o p o r u m a vi sã o c o m p ro m e ti d a c o m a c o m u n i d a d e, c o mbatendo a visão exc essivamente admirativa pelas c onquistas c ientífic as produzidas no mundo de s e n vo l vi do , c o n de n a n do o s e s tu do s r e p e ti ti vo s o u imitativos, por vezes tão freqüentes.

Mas, além de seus méritos intelec tuais, Frederic o Simões B arbosa merec e ser lembrado c omo c hefe e amigo, por seu c avalheirismo. Homem de fino trato, a todos enc antava por s ua de lic a de za e s im plic ida de , s ua s e n s ib ilida de a o s problemas dos humildes, sua dedic aç ão e atenç ão para c om os jovens estudantes que o proc uravam para ouvir sua opinião sensata e exper iente. Quando dir eto r, c o stumava r ealizar visitas inesperadas e freqüentes aos laboratórios do CPqAM, informando-se sobre resultados e dific uldades enc ontradas na exec uç ão das tarefas quotidianas de seus estudantes e pesquisadores.

Pai exemplar, deixou 5 filhos, frutos de dois c asamentos, tendo dois de seus desc endentes também optado pela c arreira c ientífic a.

Se m dúvida, o Ce ntr o de Pe squisas Agge u Magalhãe s ( FIOCRUZ-Rec ife) perdeu a sua figura símbolo e guardará para sempre a lembranç a daquele que tanto c ontribuiu para pr o j e ta r a in s tituiç ã o n o c e n á r io c ie n tífic o n a c io n a l e internac ional.

Referências

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