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Processo nº: 0815867-14.2020.8.04.0001 Ação Civil por Improbidade Administrativa

Requerente: Ministério Público do Estado do Amazonas - Primeiro Grau

Requerido: Simone de Souza Guimarães, José Roberto Tadros e Tropical Comércio de Derivados de Petróleo

DECISÃO

Chamo o feito à ordem para reanalisar o pleito de liminar. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS propõe Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa contra JOSÉ ROBERTO TADROS, SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES E TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.

Em síntese, o Parquet informa que a presente ação tem como fundamento a investigação realizada no Inquérito Civil nº 030.2017.000014, instaurado para apurar possíveis atos de improbidade administrativa referentes ao contrato nº 06/2015, celebrado entre o Serviço Social do Comércio – SESC/AM e a sociedade empresarial TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA, bem como pertinente ao contrato nº 03/2016, celebrado entre o SESC/AM e a SOCIEDADE SBA ENGENHARIA LTDA.

Narra o autor que paralelamente à investigação realizada por ele, o Tribunal de Contas da União, por meio do processo TC 020802/2016-1 também instaurou procedimento interno para investigar ilicitudes relacionadas ao Contrato 06/2015 e 13/2016 celebrados pelo SESC/AM.

Aduz que o SESC/AM celebrou contrato de locação de imóvel (nº 06/2015) com TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA sobre o imóvel localizado na Rua Henrique Antony, nº 76/78 – Centro, nesta cidade, no valor de R$ 18.000,00, pelo período de 24 meses, com objetivo de desenvolver suas atividades na área de educação e que tal contrato fora assinado por SIMONE GUIMARÃES (Diretora Regional do SESC/AM) e por CARLOS RANGEL DA SILVA (Auxiliar Administrativo – Representante legal da Tropical Comércio de Derivados de Petróleo).

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Entretanto, salienta que a sociedade empresarial TROPICAL DO COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA foi constituída no ano de 1987 pelos sócios JOSÉ ROBERTO TADROS, TEREZA DE JESUS MONTEIRO NOVOA (mãe de José Roberto Tadros) e VANIA MARIA TEREZA NOVOA TADROS (esposa de José Roberto Tadros) e que à época da celebração do contrato 06/2015, JOSÉ ROBERTO TADROS, exercia cargo de Presidente do SESC/AM e era sócio majoritário da TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA, tendo atuado, simultaneamente, como locador e locatário.

Requer, portanto, a condenação dos requeridos na seguinte forma:

JOSÉ ROBERTO TADROS: pela prática dos atos de improbidade previstos no artigo 9º, caput, inciso XI, artigo 10, caput, incisos I, XI, XII e artigo 11, caput, inciso I, da Lei nº 8.429/92, sendo CONDENADO às sanções previstas no art. 12, I, II e III, do referido diploma legal;

SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES: pela prática dos atos de improbidade previstos no artigo 10, caput, incisos I, XI e XII e artigo 11, caput, inciso I, da Lei nº 8.429/92, sendo CONDENADA às sanções previstas no art. 12, II e III, do referido diploma legal; e

TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA: pela prática dos atos de improbidade previstos no artigo 9º, caput, inciso XI e artigo 10, caput, incisos I, XI e XII, da Lei nº 8.429/92, sendo CONDENADA às sanções previstas no art. 12, I e II, do referido diploma legal;

Instrui a inicial com os documentos de fls. 49/3499. Às fls. 3502, decisão indeferindo a Liminar.

Às fls. 3512/3522, defesa prévia apresentada por TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.

Às fls. 3553/3588, defesa prévia apresentada por JOSÉ ROBERTO TADROS, SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES E SESC/AM.

Às fls. 3824/3832, decisão recebendo a inicial.

Às fls. 3864/3867, manifestação do Ministério Público. Vieram-me os autos conclusos.

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Inicialmente, resta imperioso salientar que na decisão de fls. 3502 onde fora indeferido o pedido de liminar, este Juízo fora claro ao informar que não fora descartada a possibilidade de reanalisar tal

decisum no decorrer da instrução processual.

Pois bem.

Da análise dos autos, percebe-se que houve o surgimento do

periculum in mora necessário para a concessão da presente liminar, haja

vista a dificuldade para encontrar os réus após o recebimento da inicial. Analisando os documentos apresentados pelo requerente, pelo menos em exame sumário, verifico haverem indícios materiais da prática de ato de improbidade administrativa que importe em dano ao erário, o que se enquadra no disposto pelo inciso I do art. 10 da Lei. 8429/92, in verbis:

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO ILEGAL DE SERVIDORES, SEM CONCURSO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE E DE OUTROS INTEGRANTES DA CÂMARA DE VEREADORES. LEGITIMIDADE PASSIVA. CAUSA PETENDI NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ENQUADRAMENTO LEGAL EQUIVOCADO NA PETIÇÃO INICIAL. NATUREZA E EXTENSÃO DA INDISPONIBILIDADE DE BENS.

1. Cuida-se, originariamente, de Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo, em razão da contratação de funcionários, no âmbito do Poder Legislativo Municipal de Afonso Cláudio, para ocupar cargos efetivos sem a realização de concurso público.

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2. Hipótese em que o recorrente, como Presidente da Câmara Municipal, foi o responsável pela promulgação e publicação da Resolução que dispôs sobre a contratação irregular. Legitimidade passiva ad causam configurada.

3. A contratação de funcionários sem a observação das normas de regência dos concursos públicos caracteriza improbidade administrativa.

4. No âmbito da Lei da Improbidade Administrativa, o Presidente da Câmara de Vereadores – sem prejuízo da responsabilidade de outros edis que, por ação ou omissão, contribuam para a ilegalidade, sobretudo ao não destacarem, aberta e expressamente, sua oposição à medida impugnada – responde pela contratação de servidores, sem concurso público, para o Legislativo municipal.

5. Exige-se que a inicial da ação seja, tanto quanto possível, exata na narração dos fatos considerados ímprobos. Esse é o fundamento do pedido do Ministério Público, e não a indicação do dispositivo legal que embasa a pretensão.

6. O enquadramento legal do ato considerado ímprobo, ainda que errôneo, não enseja a extinção liminar da Ação Civil Pública.

7. A causa petendi , na Ação Civil Pública, firma-se na descrição dos fatos, e não na qualificação jurídica dos fatos. Por isso mesmo, é irrelevante, na petição inicial, eventual capitulação legal imprecisa, ou até completamente equivocada, desde que haja suficiente correlação entre causa de pedir e pedido.

8. Sob pena de esvaziar a utilidade da instrução e impossibilitar a apuração judicial dos ilícitos nas ações de improbidade administrativa, a petição inicial Documento: 844192 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/02/2010 Página 1 de 13 Superior Tribunal de Justiça não necessita descer a minúcias do comportamento de cada um dos réus. Basta a descrição genérica dos fatos e das

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imputações.

9. In casu, essa descrição é suficiente para bem delimitar o perímetro da demanda e propiciar o pleno exercício do contraditório e do direito de defesa.

10. Não há elementos no acórdão recorrido que indiquem abusividade na aplicação da medida de indisponibilidade dos bens do recorrente. A revisão do entendimento adotado pela instância ordinária implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7/STJ.

11. A indisponibilidade dos bens não é sanção, mas providência cautelar destinada a garantir o resultado útil do processo e a futura recomposição do patrimônio público lesado, bem como a execução de eventual sanção pecuniária a ser imposta e qualquer outro encargo financeiro decorrente da condenação. 12. A totalidade do patrimônio do réu garante "o integral ressarcimento do dano" (art. 7°, parágrafo único, da Lei da Improbidade Administrativa). Por isso, o bloqueio judicial pode recair sobre bens adquiridos antes do fato descrito na inicial. 13. Recurso Especial não provido. (RECURSO

ESPECIAL Nº 817.557 – ES)(grifei)

A petição inicial, que é acompanhada de documentos apresentam os indícios de veracidade dos fatos narrados na exordial, bem como as evidências necessárias de autoria e de materialidade perante a Lei nº 8.429/1992 e, diante da atual impossibilidade de localizar os réus para citação, entendo estar demonstrado o fummus

boni iuris necessário para a concessão da medida liminar.

Tem-se que o pleito de declaração de indisponibilidade de bens dos réus tem como objetivo assegurar o integral ressarcimento do alegado dano causado ao erário, conforme previsão do art. 7º da LIA.

Assim, compulsando os autos, verifico que, pelo menos nesta fase inicial do processo, restam indicativos de que os requeridos violaram diversos princípios da administração pública, dentre eles estão o da moralidade administrativa e o da legalidade, na medida em que os mesmos inobservaram as disposições legais aplicáveis ao caso,

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conforme já informado na decisão de fls. 3824/3832.

Ora, restam demonstrados indícios de que os réus geraram dano ao erário no valor de R$ 1.215.342,34, valor este que chega à soma de R$ 7.292.054,04 haja vista o acréscimo de até duas vezes o valor do dano, conforme art. 12 da LIA.

Sobre o tema da natureza civil dos atos de improbidade, veja-se lição de Alexandre de Moraes (Constituição do Brasil Interpretada. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 2.648.), in verbis:

“A natureza civil dos atos de improbidade administrativa decorre da redação constitucional, que é bastante clara ao consagrar a independência da responsabilidade civil por ato de improbidade administrativa e a possível responsabilidade penal, derivadas da mesma conduta, ao utilizar a fórmula ‘sem prejuízo da ação penal cabível’.

Portanto, o agente público, por exemplo, que, utilizando-se de seu cargo, apropria-se ilicitamente de dinheiro público responderá, nos termos do art. 9º da Lei nº 8.429/92, por ato de improbidade, sem prejuízo da responsabilidade penal por crime contra a administração, prevista no Código Penal ou na legislação especial”.

Ademais, restou demonstrado nos autos o periculum in mora, vez que o mesmo, em caso de improbidade administrativa, é implícito pelo art. 7º da LIA, que visa assegurar o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário e, diante da dificuldade em localizar os réus, mesmo que estes já tenham apresentado defesa prévia na presente ação, entendo pela concessão da liminar.

Por fim, entendo assistir razão à pretensão liminar do Ministério Público de decretação de indisponibilidade de bens dos réus, uma vez que verifica-se que a documentação apresentada supõe a prática de atos de improbidade que causaram prejuízo ao Erário, enriquecimento ilícito e contra os Princípios da Administração Pública (arts. 9, 10 e 11 da Lei n. 8.429/92), o que demonstra o fummus boni

iuris.

Pelo exposto, DEFIRO o pedido LIMINAR formulado pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, de forma a DECRETAR A INDISPONIBILIDADE DOS

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BENS pertencente aos Requeridos JOSÉ ROBERTO TADROS, SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES E TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA, incluídos os móveis, imóveis, direitos, ações e ativos financeiros (aplicações financeiras, depósitos, créditos, títulos, valores mobiliários, ações, moeda estrangeira), até o valor de R$ 7.292.054,04, à exceção de contas-salário (o que deverá ficar comprovado nos autos).

Ficam vedados os saques, resgates, retiradas, pagamentos, compensações e quaisquer outras operações que impliquem em liberação de valores, devendo os saldos porventura existentes nas contas de titularidade dos Réus ser transferidos para a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, a fim de que fiquem à disposição deste Juízo.

À Secretaria, para que promova, via SISBAJUD, o bloqueio dos valores de titularidade da ré em instituições financeiras até o limite indicado, devendo, igualmente serem oficiados os Cartórios de Imóveis da cidade de Manaus, bem como o DETRAN, de modo à proceder-se à indisponibilidade dos bens dos Réus.

CITE-SE os Réus via Edital conforme art. 256, II do CPC para, querendo, apresentarem contestação no prazo legal.

Intime-se. Cumpra-se.

Manaus, 16 de julho de 2021. Assinatura Digital

LEONEY FIGLIUOLO HARRAQUIAN Juiz

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