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RELAÇÃO ENTRE A INFLUÊNCIA DA TELEVISÃO E A OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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Academic year: 2021

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RELAÇÃO ENTRE A INFLUÊNCIA DA TELEVISÃO E A OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Ana Carolina dos Santos Anjos1, Helder Cardoso Tavares1, Jaqueline de Sousa Lima1, Patricia Alencar Pereira1, Rita de Cássia Alves Silvestre1, Milana Drummond Ramos

Santana2. Correspondência para: carolsantos99@hotmail.com

Palavras-chave: Obesidade. TV. 1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde reconheceu que a obesidade é uma epidemia global, que atinge tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, tendo como causas fundamentais o estilo de vida sedentário e um perfil nutricional rico em gordura e alimento de alta densidade energética (SILVA et al, 2003).

No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico (IBGE) em conjunto com o Ministério da Saúde aponta que o país tem 38,6 milhões de pessoas com peso acima do recomendado. Deste total, 10,5 milhões são obesos, apontando um crescimento acentuado de sobrepeso e obesidade em crianças de nível escolar e as consequências desta patologia (IBGE, 2003).

Dentre os motivos para esse aumento podem-se citar os fatores comportamentais, tais como o estilo de vida sedentário e o excessivo consumo de alimentos de alta densidade energética (KAIN et al, 1999; MONTEIRO et al, 2000; KIESS et al, 2001).

1 Discentes da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)

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O sedentarismo é um dos fatores de risco de maior prevalência na população, associado à maioria das doenças crônicas não transmissíveis. Grande parte dele, especialmente em crianças e adolescentes é causado pelo tempo gasto assistindo televisão, jogando videogames e utilizando o computador (SILVA et al, 2007). Nesse contexto, acredita-se que o tempo excessivo dedicado a assistir à televisão possa ser um marcador para identificação de baixos níveis de atividade física e também de práticas alimentares pouco saudáveis (ROSSI et al, 2010).

A redução da atividade física de rotina e o aumento de atividades sedentárias têm papel importante na etiologia da obesidade na infância e adolescência (TROIANO et al, 2000) Presente em praticamente todo lar brasileiro, a TV é uma forma de lazer acessível a todas as camadas da população e, por vezes, substitui a atividade física por ausência de segurança (ou percepção de segurança) nos equipamentos públicos de lazer, principalmente nos grandes centros urbanos. Além disso, a TV exerce influências negativas sobre a saúde mediante programas e/ou propagandas com conteúdos de violências, sexualidade, nutrição e obesidade e uso/abuso de tabaco e álcool (SILVA et al, 2003).

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre o tempo despendido em frente à televisão exerce influência no consumo alimentar e na obesidade em crianças e adolescentes.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura em que analisa estudos científicos relevantes para melhorar a prática clínica, oferecendo informações sobre um tema, além de demonstrar falhas no conhecimento que necessitam ser corrigidas e esclarecidas com a possibilidade de novas pesquisas (MENDES, 2008).

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sua vez, foram alocados nas bases de dados Lilacs e SciELO. Foram utilizados artigos publicados até o ano de 2014.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tem sido dito que a TV exerce uma influência negativa sobre o ambiente doméstico, tornando-se atualmente a fonte mais importante de informação nutricional e reduzindo o tempo dos pais enquanto principal força socializadora nas vidas de seus filhos (HART et al, 2002).

No estudo de Fiates (2006) os resultados confirmaram que comer em frente à TV foi uma situação comum para as crianças que participaram do estudo, elas não apenas consumiam lanches e guloseimas, mas estavam habituadas a fazer suas refeições com a TV ligada, denotando um hábito familiar que pode ter implicações nutricionais. Resultados semelhantes foram encontrados por Soares (2010), em que o hábito de comer vendo televisão foi intensamente citado: 79,22% dos estudantes referiram, às vezes ou sempre, fazer refeições com a TV ligada, sendo que mais meninas do que meninos tinham este costume; 83,11% dos estudantes costumavam beliscar alguma coisa enquanto assistiam à TV (principalmente bolachas, frutas, pipoca e salgadinhos de pacote). O estudo de Arnas (2006) também corroborou com estes resultados, foram encontrados crianças com idades entre 3 e 8 anos, ao verificar que 89,6% das crianças tinham o hábito de beber ou comer algo enquanto assistiam à TV (principalmente frutas, refrigerantes, pipoca e guloseimas).

Já foi demonstrado que crianças realmente consomem mais lanches e guloseimas quando assistem TV (BORZEKOWSKI et al, 2001; FRANCIS et al, 2003), que o consumo de petiscos enquanto assistem está associado ao aumento da ingestão calórica total e da ingestão de calorias provenientes de gordura (GORE et al, 2003) e que as propagandas influenciam o tipo e a quantidade de alimentos escolhidos pelas crianças (HARISSON, 2005; ARNAS, 2006).

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chocolates e doces (KLESGES et al, 1993; ROBINSON et al, 1995). A taxa metabólica, durante a mesma atividade, diminui a níveis menores que os de repouso (KLESGES et al, 1993) Além disso, o tempo que as crianças destinam à TV pode estar diminuindo o tempo de prática de atividade física, fato observado em vários estudos (DIETZ et al, 1985; DURANT et al, 1994; KLESGES et al, 1993; ROBINSON et al, 1995).

O estudo de Amarall et al. (2001), mostrou o tempo médio de televisão por semana foi de 1.014,4 minutos, para os meninos e 1.185,5,para as meninas, e a média do percentual de gordura foi de 25,30 e 25,13, respectivamente (valores não apresentaram diferenças significativas (p<0,05). Por outro lado, mostrou valores médios semanais, para meninos e meninas, do tempo destinado à atividade física foram, respectivamente, de 588,5 e 371,7 minutos, demonstrando uma maior tendência das meninas à inatividade, diferença bastante significativa. Os resultados desse estudo demonstraram uma elevada prevalência da obesidade na amostra escolhida e uma alta e significante associação entre o tempo dedicado à TV e essa prevalência (p<0,01), 51,78% das crianças indicaram estar com algum grau de obesidade. Deste percentual, 19,64% se encontrou na faixa denominada de “moderadamente alto”.

No estudo de Silva et al (2003), a média de assistência à TV foi de 4,7 h/dia entre adolescentes da amostra. Estudos no estado de São Paulo apresentaram variações entre 3,6 h/dia e 3,9 h/dia entre meninos e meninas com média de idade de 13 anos (MATSUDO et al, 1997).O estudo apresentou a prevalência de sobrepeso segundo categorias de assistência à TV. O sobrepeso ocorreu em indivíduos que assistem TV mais de 3 horas/dia. A partir desse valor, a prevalência aumenta com o maior número de horas de TV, conforme demonstrada pela tendência linear significativa (Qui-quadrado linear= 11,51, p<0,001).

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na infância transpõe para a adolescência (BLUNDELL et al,1999) e dessa para a vida adulta (BOYNTON-JARRET et al, 2003).

Na pesquisa de Ducan et al (2004), o comportamento de assistir mais do que quatro horas de TV por dia, foi associado a adolescentes na faixa etária menor que 16 anos, maior escolaridade materna e adolescentes com circunferência da cintura >percentil 80. Segundo os autores, o percentil da circunferência da cintura parece ser um indicador eficaz em demonstrar a associação entre horas gasta assistindo TV e elevada adiposidade corporal, além de ser uma medida de fácil obtenção e baixo custo. Além disso, a medida da circunferência da cintura é um dos indicativos da presença de síndrome metabólica inclusive na adolescência.

4 CONCLUSÃO

Os estudos mostram que há uma relação do tempo de TV com a prevalência de sobrepeso/obesidade em crianças e adolescentes. Portanto, deve ser fornecida às crianças uma alimentação equilibrada e incentivá-las a se destinarem a alguma atividade física que lhes dê prazer, apartando-os do tempo destinado a TV, como também do sedentarismo. Essas atitudes são valiosas na prevenção e no tratamento da obesidade e de outras doenças no período adulto. Os responsáveis da criança/adolescente e a escola devem atuar como apoiadores desse caminho, desta forma, sugerem-se a formação de programas informativos educativos em escolas para conscientizá-los da escolha de uma nutrição saudável e a buscarem opções de lazer, promovendo a saúde e a atividade física.

REFERÊNCIAS

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BLUNDELL, JE. KING, NA. Physical activity and regulation of food intake: current evidence. Med Sci Sports Exerc.v.31, p.584-9, 1999.

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