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Se liga Alguns conceitos básicos de sintaxe podem ajudar a entender melhor as figuras de linguagem sintáticas.

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Academic year: 2021

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Texto

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Figuras de Linguagem

Objetivo

Melhorar a comunicação e a compreensão textual a partir da análise dos elementos comunicativos;

reconhecer efeitos provocados pelo emprego de recursos estilísticos; reconhecer as figuras de linguagem e o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.

Se liga

Alguns conceitos básicos de sintaxe podem ajudar a entender melhor as figuras de linguagem sintáticas.

Curiosidade

A elipse e a zeugma são excelentes formas de coesão referencial, pois ajuda a evitar repetições desnecessárias na redação.

Teoria

Figuras de linguagem ou figuras de estilo são recursos expressivos de que se vale um autor para comunicar- se com mais força, intensidade, originalidade e até subjetividade. Elas podem ser classificadas em: figuras de palavra; figuras de construção ou de sintaxe; figuras de pensamento; e figuras sonoras. Seu estudo faz parte da estilística, ramo da língua que estuda a língua em sua função expressiva, analisando os processos sintáticos, fônicos, etc.

Metáfora

Essa figura de linguagem consiste na alteração do significado próprio de uma palavra, advindo de uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos. Pode-se dizer que essa comparação é feita de modo implícito, visto que não elemento que relacione diretamente os dois elementos.

Por exemplo:

1. “O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga)

2. “Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos” (Cartola)

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2 Comparação

Diferentemente da metáfora, a comparação ocorre quando há um conectivo de valor comparativo explicitando a relação entre os elementos relacionados.

Por exemplo:

1. “A Via láctea se desenrolava

Como um jorro de lágrimas ardentes”

(Olavo Bilac)

2. “De sua formosura deixai-me que diga:

é tão belo como um sim numa sala negativa.”

(João Cabral de Melo Neto)

ATENÇÃO! Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos por nexos comparativos, por exemplo: tal, qual, como, assim como, etc.

1. Joana é delicada como uma flor. (comparação) 2. Joana é um monstro. (metáfora)

Metonímia

É uma figura de linguagem que consiste na utilização de uma palavra por outra, com a qual mantém relação semântica. Cabe ressaltar, também, que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma palavra evoca ou alude a outra. A metonímia pode ocorrer de diversas maneiras, entre elas:

Efeito pela causa: Vivo do suor do meu rosto [= trabalho]

O autor pela obra: Adorava seu Van Gogh e lia Machado de Assis.

O continente pelo conteúdo: O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna.

O instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo. [= comilão]

O sinal pela coisa significada: A solução para o país é a ascensão da Coroa. [= governo monárquico]

Lugar pelos seus habitantes ou produtos: A América reagiu negativamente ao novo presidente.

O abstrato pelo concreto: A juventude acha que é onipotente. [= os jovens]

O singular pelo plural: O homem é corruptível. [= os homens]

O indivíduo pela espécie ou classe: O Judas da classe [= o traidor]

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3 Figuras de pensamento

Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pretende falar.

Exemplo: Ela não sabe escrever mesmo… tirou 1000 na redação!

Rebeca era uma ótima filha: na primeira oportunidade que teve, pegou o dinheiro do pai.

Gradação: Enumeração gradativa (que aumenta ou diminui pouco a pouco) dentro de uma mesma ideia.

Exemplo: De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada.

(decrescente)

Personificação (prosopopeia): É a atribuição de características de seres animados a seres não humanos.

Exemplo: Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.

A natureza grita por socorro.

Hipérbole: É um exagero proposital nas ideias.

Exemplo: “Eu nasci há 10 mil anos atrás

E não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais”

(Raul Seixas)

Fazia séculos que não me ligava.

Antítese: É a utilização de termos que se opõem quanto ao seu sentido, ou seja, são palavras de sentidos opostos.

Exemplo: O calor e o frio vivem em meu peito.

O mundo está cheio de pessoas vazias.

Paradoxo: Trata-se da aproximação de ideias contraditórias.

Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente”

(Luís de Camões)

Eufemismo: É a suavização de uma ideia, de um fato.

Exemplo: O governo procederá ao reajuste de taxas. (em vez de aumento)

(4)

4 Aliteração

É a repetição de fonemas consonantais idênticos ou semelhantes para sugerir acusticamente algum elemento, ato, fenômeno. Aparece como efeito estilístico em prosas poéticas ou poesias.

Exemplo:

“(...) Rato

Rato que rói a roupa

Que rói a rapa do rei do morro Que rói a roda do carro Que rói o carro, que rói o ferro Que rói o barro, rói o morro Rato que rói o rato

Ra-rato, ra-rato

Roto que ri do roto Que rói o farrapo Do esfarra-rapado

Que mete a ripa, arranca rabo Rato ruim

Rato que rói a rosa Rói o riso da moça E ruma rua arriba

Em sua rota de rato (...)”.

(Chico Buarque)

Assonância

Segue o mesmo princípio que a aliteração, mas nesse caso as repetições sonoras são de fonemas vocálicos idênticos ou semelhantes.

Exemplo:

“(...) A linha feminina é carimá Moqueca, pititinga, caruru Mingau de puba, e vinho de caju Pisado num pilão de Piraguá. (...)”

(Gregório de Matos)

Paronomásia

É a combinação e/ou o uso de palavras que apresentam semelhança fônica ou mórfica, mas possuem sentidos diferentes.

Exemplo:

“(...) Berro pelo aterro Pelo desterro

Berro por seu berro Pelo seu erro

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5 Quero que você ganhe

Que você me apanhe.

Sou o seu bezerro Gritando mamãe (...)”.

(Caetano Veloso)

Onomatopeia

É uma figura de linguagem que busca reproduzir de forma aproximada palavras que representem um som natural. Exemplo:

Passa, tempo, tic-tac Tic-tac, passa, hora Chega logo, tic-tac Tic-tac, e vai-te embora Passa, tempo

Bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansado Já perdi

Toda a alegria De fazer Meu tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac Tic-tac Dia e noite Noite e dia.

(Vinicius de Moraes)

Elipse

Consiste na omissão de um termo ou de uma expressão que pode ser facilmente identificada pelo contexto.

Exemplo: Dormi tarde ontem. (o pronome “eu” está omitido, mas pode ser identificado pela desinência do verbo);

Fomos ao parque. (o pronome “nós” está omitido, mas pode ser identificado pela desinência verbal);

Casa de ferreiro, espeto de pau. (em casa de ferreiro, o espeto é de pau).

ATENÇÃO!

Zeugma x elipse

A zeugma é uma figura de linguagem facilmente confundida com a elipse. No entanto, em provas de concurso, tal diferenciação não é frequentemente estabelecida. Mas vamos diferenciá-las para você! Enquanto a elipse consiste em uma omissão que pode ser subentendida pelo contexto da frase, a zeugma, por outro lado, é a supressão de um termo anteriormente expresso na frase.

Por exemplo: João é muito estudioso e a sua irmã também é. (estudiosa) Na sala, alunos, quadro e giz. (o verbo “há” foi suprimido)

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6 Pleonasmo

Essa figura consiste em uma redundância, ou seja, uma repetição de ideias que, teoricamente, é desnecessária. No entanto, muitas vezes, é utilizada de maneira estilística. Veja:

Exemplo: “O que é imortal não morre no final”. (Sandy e Júnior)

“Chove chuva. Chove sem parar.” (Jorge Ben Jor)

ATENÇÃO! Cabe ainda destacar o pleonasmo vicioso, que é uma repetição desnecessária de algum termo ou ideia na frase. Nesse caso, não se configura como uma figura de linguagem, mas sim como um vício de linguagem. É o caso, por exemplo, das expressões “subir para cima”, “descer para baixo”, “entrar para dentro”,

“sair para fora”, entre outras.

Hipérbato

Consiste na inversão da ordem direta das palavras na oração - ou da ordem das orações no período -, com finalidade expressiva.

A ordem direta da oração é: SUJEITO -> VERBO -> COMPLEMENTOS. Se alteramos essa ordem, por exemplo, deslocando um adjunto adverbial, ou colocando o verbo antes do sujeito, estamos invertendo sintaticamente a ordem desses termos, o que chamamos, também, de hipérbato. Na ordem direta, a estrutura acima ficaria “Você tem muito a aprender ainda.”. Veja outro exemplo:

A instabilidade das cousas do mundo

(Gregório de Matos)

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.

[…]

Passando para a ordem direta:

O sol nasce, e não dura mais que um dia A noite escura se segue depois da Luz A formosura morre em tristes sombras A alegria em contínuas tristezas.

Observação: Além do hipérbato, há um caso de zeugma no último verso da estrofe: o verbo “morrer” foi suprimido – “A alegria [morre] em contínuas tristezas.

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7 Polissíndeto

Consiste no emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente as aditivas. É importante relacionar essa figura de linguagem a uma outra chamada assíndeto. Esta é estabelecida por um processo oposto, ou seja, pela omissão de conectivos coordenativos. Veja os exemplos abaixo:

"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre."

(Olavo Bilac)

"Vim, vi, venci."

(Júlio César)

Silepse

Consiste na concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou seja, com as ideias que elas expressam. É importante destacar que a concordância siléptica não é considerada um erro em relação às normas gramaticais, visto que são estabelecidas com intenção estilística.

No entanto, devem ser utilizadas com respaldo e em situações de comunicação específicas, por exemplo, em textos expressivos. Elas podem ser classificadas em:

• Gênero: Vossa excelência parece chateado.

• Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente.

• Pessoa: Os brasileiros somos lutadores.

Anáfora

Consiste na repetição de uma mesma palavra, ou várias, no começo de orações, períodos ou versos. Por exemplo:

“Quando não tinha nada, eu quis Quando tudo era ausência, esperei Quando tive frio, tremi

Quando tive coragem, liguei”

(...)

(Chico César)

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8 Abaixo, um mapa mental sobre o tema:

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Exercícios de fixação

1.

Qual é a ordem direta da oração? Dê um exemplo na ordem direta e um em que ocorre hipérbato.

2.

(Vunesp) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô", encontramos a figura de linguagem chamada:

a) silepse de pessoa b) elipse

c) anacoluto d) hipérbole

e) silepse de número

3.

(Faap) "Capitu parece vencer-se a si mesma"

A SI MESMA é redundância da palavra SE - figura a que chamamos:

a) metáfora b) anacoluto c) pleonasmo d) silepse e) hipérbato

4.

(Cesgranrio) "A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada."

As figuras de estilo identificáveis nesse contexto são:

a) hipérbole e anacoluto.

b) metáfora e anacoluto.

c) metonímia e zeugma.

d) metonímia e hipérbole.

e) metáfora e zeugma.

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5.

(Funcepe – Adaptado) Fabiano tomou a cuia, desceu a ladeira, encaminhou-se ao rio seco, achou no bebedouro dos animais um pouco de lama. Cavou a areia com as unhas, esperou que a água marejasse e, debruçando-se no chão, bebeu muito. Saciado, caiu de papo para cima, olhando as estrelas, que vinham nascendo. Uma, duas, três, quatro, havia muitas estrelas, havia mais de cinco estrelas no céu.

O poente cobria-se de cirros – e uma alegria doida enchia o coração de Fabiano.

(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Record, 2009)

No primeiro período do texto, a progressão textual é feita por meio de:

a) Assíndeto b) Polissíndeto

c) conjunção coordenativa adversativa d) conjunção coordenativa aditiva e) conjunção adverbial

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Exercícios de vestibulares

1. (Insper) Sempre desconfiei

Sempre desconfiei de narrativas de sonhos. Se já nos é difícil recordar o que vimos despertos e de olhos bem abertos, imagine-se o que não será das coisas que vimos dormindo e de olhos fechados...

Com esse pouco que nos resta, fazemos reconstituições suspeitamente lógicas e pomos enredo, sem querer, nas ocasionais variações de um calidoscópio. Me lembro de que, quando menino, minha gente acusava-me de inventar os sonhos. O que me deixava indignado.

Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão.

Por outro lado, o que mais espantoso há nos sonhos é que não nos espantamos de nada. Sonhas, por exemplo, que estás a conversar com o tio Juca. De repente, te lembras de que ele já morreu. E daí? A conversa continua.

Com toda a naturalidade.

Já imaginaste que bom se pudesses manter essa imperturbável serenidade na vida propriamente dita?

(Mario Quintana, A vaca e o hipogrifo.São Paulo: Globo,1995)

Em “Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão”, o autor recorre a uma figura de construção, que está corretamente explicada em:

a) silepse, por haver uma concordância verbal ideológica.

b) elipse, por haver a omissão do objeto direto.

c) anacoluto, por haver uma ruptura na estrutura sintática da frase.

d) pleonasmo, por haver uma redundância proposital em “ambas as partes”.

e) hipérbato, por haver uma inversão da ordem natural e direta dos termos da oração.

2. Leia o excerto do livro “Quincas Borba” de Machado de Assis.

“Enquanto uma chora, uma ri; é a lei do mundo, meu rico senhor, é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono; tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida...”

A supressão do verbo e o uso da vírgula em seu lugar justificam-se por meio do(a) a) aliteração.

b) elipse.

c) assonância.

d) polissíndeto.

e) silepse.

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12 3. (FGV) Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina tão desamparada que não principia nem

também termina, e onde nunca é noite e nunca madrugada.

(Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo. Eu, não.)

Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão de fé da autora. No último verso da 2ª- estrofe — Eu, não. — Está presente a figura chamada de

a) ironia.

b) metáfora.

c) pleonasmo.

d) sinestesia.

e) zeugma.

4. A MENINA E A CANTIGA ... trarilarára... traríla...

A meninota esganiçada magriça com a sáia voejando por cima dos joelhos em nó vinha meia dansando cantando no crepúsculo escuro. Batia compasso com a varinha na poeira da calçada.

... trarilarára... traríla...

De repente voltou-se prá negra velha que vinha trôpega atrás, enorme trouxa de roupas na cabeça:

- Qué mi dá, vó?

- Naão.

... trarilarára... traríla...

(Mário de Andrade)

De repente voltou-se prá negra velha que vinha trôpega atrás, enorme trouxa de roupas na cabeça.

O fragmento acima apresenta:

a) aliteração expressiva, que intensifica o modo de andar da personagem.

b) antítese na caracterização da negra velha.

c) eufemismo na caracterização de trouxa de roupas.

d) uso de expressão irreverente na caracterização da avó.

e) tempo e modo verbais que expressam ações contínuas no passado.

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13 5. É CARNAVAL

E então chegava o Carnaval, registrando-se grandes comemorações ao Festival de Besteira. Em Goiânia o folião Cândido Teixeira de Lima brincava fantasiado de Papa Paulo VI e provava no salão que não é tão cândido assim, pois aproveitava o mote da marcha Máscara Negra e beijava tudo que era mulher que passasse dando sopa.

Um padre local, por volta da meia-noite, recebeu uma denúncia e foi para o baile, exigindo da Polícia que o Papa de araque fosse preso. Em seguida, declarou: “Brincar o Carnaval já é um pecado grave.

Brincar fantasiado de Papa é uma blasfêmia terrível.”

O caso morreu aí e nunca mais se soube o que era mais blasfêmia: um cidadão se fantasiar de Papa ou o piedoso sacerdote encanar o Sumo Pontífice.

E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio. Há coisas inexplicáveis! Até hoje não se sabe por que foi durante o Carnaval que o Governo aumentou o dólar, fazendo muito rico ficar mais rico. E, porque o Ministro do Planejamento e seus cúmplices, aliás, digo, seus auxiliares, aumentaram o dólar e desvalorizaram o cruzeiro em pleno Carnaval, passaram a ser conhecidos por Acadêmicos do Cruzeiro - numa homenagem também aos salgueirenses que, no Carnaval de 1967, entraram pelo cano.

(PRETA, Stanislaw Ponte.FEBEAPÁ 2 - 2º- Festival de Besteira que Assola o País. 9ª- edição.

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p. 32)

Observe o enunciado: E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio.

O verbo “pular” está empregado no primeiro caso no sentido denotativo; no segundo, o sentido é figurado. Também a palavra “dólar” é usada no sentido figurado. A figura de linguagem empregada no caso de “dólar” é

a) antítese, porque, no enunciado, há ideias contrárias relacionadas aos seres representados.

b) eufemismo, porque, no enunciado, há ideias diminuídas relacionadas aos seres representados.

c) prosopopeia, porque, no enunciado, há a personificação de seres inanimados.

d) metonímia, porque, no enunciado, há relações de contiguidade entre os seres representados.

e) onomatopeia, porque, no enunciado, imitam-se as vozes dos seres representados.

6. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa.

Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho

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14 que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal.

Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos Subúrbios menos seca que as memórias do padre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e datas como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar- me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras?...

(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II, Rio de Janeiro: José Aguilar, 1971, v. 1,p. 810-11.

Assinale a opção em que os elementos grifados no texto exemplificam a figura de linguagem apresentada.

a) Paronomásia é o emprego de palavras semelhantes no som, porém de sentido diferente./

“Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa.”

b) Eufemismo é uma substituição de um termo, pela qual se pode evitar usar expressões mais diretas ou chocantes, para referir-se a determinados fatos. / “Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos.”

c) Anáfora é a repetição de uma ou mais palavras no princípio de duas ou mais frases, de membros da mesma frase, ou de dois ou mais versos. / “Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro.”

d) Metonímia é a designação de um objeto por palavra designativa de outro objeto que tem com o primeiro uma relação. / “O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta.”

e) Onomatopeia é o emprego de palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada. /

“Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns.”

7. Metáfora

Gilberto Gil Uma lata existe para conter algo,

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2 Mas quando o poeta diz: “Lata”

Pode estar querendo dizer o incontível Uma meta existe para ser um alvo, Mas quando o poeta diz: “Meta”

Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudo nada cabe,

Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível

Deixe a meta do poeta não discuta, Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta

Deixe-a simplesmente metáfora.

(Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009.)

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:

a) “Uma lata existe para conter algo”.

b) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata'”.

c) “Uma meta existe para ser um alvo”.

d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.

e) “Que determine o conteúdo em sua lata”

8. O Adeus Rubem Braga

No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho?

Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.

Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. (...)

(Texto extraído do livro "Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha", Publifolha – São Paulo, 2001, pág. 132.)

Figuras de linguagem – por meio dos mais diferentes mecanismos – ampliam o significado de palavras e expressões, conferindo novos sentidos ao texto em que são usadas. A alternativa que apresenta uma figura de linguagem construída a partir da equivalência entre um todo e uma de suas partes é:

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14 a) “que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um

sonho?”

b) “Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar.”

c) “batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro.”

d) “Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza;”

e) “Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez;”

9. A invasão dos blablablás

O planeta é dividido entre as pessoas que falam no cinema − e as que não falam. É uma divisão recente.

Por décadas, os falantes foram minoria. E uma minoria reprimida. Quando alguém abria a boca na sala escura, recebia logo um shhhhhhhhhhhhh. E voltava ao estado silencioso de onde nunca deveria ter saído. Todo pai ou mãe que honrava seu lugar de educador ensinava a seus filhos que o cinema era um lugar de reverência. Sentados na poltrona, as luzes se apagavam, uma música solene saía das caixas de som, as cortinas se abriam e um novo mundo começava. Sem sair do lugar, vivíamos outras vidas, viajávamos por lugares desconhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos. Sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os estados de alma de uma vida inteira sem trocar uma palavra.

Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. (...)

Percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três meses. Não por falta de tempo, porque trabalhar muito não é uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema. Devagar, aos poucos, mas expulsa. Pertenço, desde sempre, às fileiras dos silenciosos. Anos atrás, nem imaginava que pudesse haver outro comportamento além do silêncio absoluto no cinema. Assim como não imagino alguém cochichando em qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar.

Não é uma questão de estilo, de gosto. Pertence ao campo do respeito, da ética. Cinema é a experiência da escuta de uma vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os outros. No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que outra fale.

Isso era cinema. Agora mudou. É estarrecedor, mas os blablablás venceram. Tomaram conta das salas de cinema. E, sem nenhuma repressão, vão expulsando a todos que entram no cinema para assistir ao filme sem importunar ninguém. (...)

(Eliane Brum - revistaepoca.globo.com, 10/08/2009.)

No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que outra fale. (l.17 e l. 18)

O trecho acima usa uma figura de linguagem chamada de:

a) Metáfora b) Hipérbole

(17)

15 c) Eufemismo

d) Metonímia e) Personificação

10. Assinale a alternativa que apresenta as figuras de linguagem na ordem em que elas aparecem respectivamente:

I. Vozes veladas, veludosas vozes Volúpia de violões, vozes veladas

II. "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.” (Caetano Veloso) III. “a onda anda / aonde anda / a onda? (Manuel Bandeira)

IV. Tic-tac, Tic tac.

V. ”Esperando, parada, pregada na pedra do porto” (Chico Buarque) a) Aliteração, Paronomásia, Onomatopeia, Onomatopeia, Aliteração b) Aliteração, Assonância, Paronomásia, Onomatopeia, Aliteração c) Onomatopeia, Assonância, Paronomásia, Aliteração, Assonância d) Paronomásia, Aliteração, Assonância, Onomatopeia, Aliteração e) Assonância, Onomatopeia, Paronomásia, Aliteração, Onomatopeia

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. A ordem direta da frase é “Sujeito – Verbo – Complementos”. Um exemplo em ordem direta: Vitória foi ao médico ontem. Um exemplo com hipérbato: Ontem, Vitória foi ao médico.

2. E

Na frase, há silepse de número, pois o sujeito “O pessoal” está no singular, enquanto a locução verbal

“estão exagerando” está no plural. No entanto, o conceito de “pessoal” envolve a ideia de plural, por isso, é uma silepse.

3. C

Como a ideia é redundante, podemos dizer que é um pleonasmo.

4. E

No trecho, existe a metáfora, por conta da comparação implícita que está sendo estabelecida. Além da metáfora, há zeugma (marcada pela vírgula) do verbo “é” em “A politicalha [é], a malária dos povos de moralidade estragada."

5. A

No período “Fabiano tomou a cuia, desceu a ladeira, encaminhou-se ao rio seco, achou no bebedouro dos animais um pouco de lama.”, as orações coordenadas não estão ligadas por conectivos,

configurando o assíndeto.

Exercícios de vestibulares

1. A

A ideia é de “nós” tínhamos razão. O verbo não concorda com o sujeito explícito, mas com a ideia da oração.

2. B

No trecho “Tudo chorando seria monótono; tudo rindo, cansativo”, é possível subentender que a vírgula entre “rindo” e “cansativo” está no lugar do verbo “seria”, assim, identifica-se a figura de linguagem conhecida como elipse.

3. E

No último verso da segunda estrofe, há uma figura de linguagem conhecida como elipse, visto que há uma supressão do verbo “saber”.

4. A

Repetição de fonemas consonantais.

(19)

17 5. C

O termo “dólar” é inanimado e na oração apresenta capacidade de realizar ações humanas, “pular”.

6. B

“Estudar a geologia dos campos santos” é uma forma mais suave de dizer que os amigos morreram, caracterizando um eufemismo.

7. E

Observe que a letra (E) é a única alternativa em que a palavra “lata” não está no seu sentido literal. O fato de o poeta não “determinar o conteúdo de sua lata” é justamente uma metáfora para as palavras que poderão ser usadas em um poema e trabalhadas de maneira imprevisível. Você pode ficar na dúvida com as letras C e D, mas observe que na letra (C) temos uma linguagem denotativa, pois alvo e meta podem ser considerados sinônimos e na letra (D) temos a expressão coloquial “não se meta”, como sinônimo de “não se atreva”. Portanto, em ambos os casos, temos uma linguagem denotativa. A metáfora está justamente na letra E.

8. B

A metonímia aparece na palavra “cidade”, que representa as pessoas que apareciam para interromper o momento do narrador. É um caso de singular pelo plural.

9. D

Os atores representam personagens que por sua vez representam os espectadores que assistem aos filmes. Cada personagem está representando inumeráveis espectadores, cumprindo uma função da metonímia de a parte (o personagem) representar o todo (todos os espectadores).

10. B

I, Repetição de “v”; II. Repetição do fonema vocálico “a”; III. Palavras com a pronúncia parecida; IV.

Representação do som do relógio; V. Repetição do fonema consonantal “p”.

Referências

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