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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUCSP HÉLIO GUSTAVO ALVES

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Academic year: 2018

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

HÉLIO GUSTAVO ALVES

A RELAÇÃO JURÍDICA DA HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO

PROFISSIONAL NO DIREITO POSITIVO: RESPONSABILIDADE

DO EMPREGADOR OU DA PREVIDÊNCIA SOCIAL?

DOUTORADO EM DIREITO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

HÉLIO GUSTAVO ALVES

A RELAÇÃO JURÍDICA DA HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO

PROFISSIONAL NO DIREITO POSITIVO: RESPONSABILIDADE

DO EMPREGADOR OU DA PREVIDÊNCIA SOCIAL?

DOUTORADO EM DIREITO

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de DOUTOR em Direito sob a orientação da Profª. Drª. Carla Teresa Martins Romar.

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BANCA EXAMINADORA

____________________________________

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter ofertado a oportunidade de participar do programa de doutorado da PUC-SP.

Conheci pessoas fantásticas que dedicam suas vidas em busca de um único ideal, ou seja, fazer com que o Direito Social tenha sua devida evolução.

Ao meu pai, Dr. José Hélio Alves, advogado previdenciário, aliás, um dos primeiros advogados previdenciários em São Paulo, senão do Brasil, época em que poucos militavam nesta área, pois graças a sua luta e determinação na busca de garantir o direito dos segurados foi que me despertou o amor ao direito social.

A minha mãezinha querida Divanete de Azevedo Alves, mesmo sem a formação em Direito, ajudava meu pai, enfrentando as filas das agências do INSS nas madrugadas a fora, a fim de conseguir uma senha para protocolar aposentadoria de um segurado.

Aos meus amigos do Instituto dos Advogados Previdenciários – IAPE que tanto me apoiaram e deram força a liderar as lutas para garantir o direito e prerrogativas da Advocacia Previdenciária.

As minhas colegas de trabalho, Flávia Sechini, Dayse Lang e Dra. Marta França da Silva, Dra. Lidiane Ramos dos Santos e Dra. Vanessa Maria Sens Reckelberg que supriram minha falta quando estava dedicando a este trabalho e por sempre acreditarem em minha pessoa.

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HOMENAGEM

Dedico esta obra ao homem que mais representa garra e força de vontade em lutar para retornar ao trabalho, buscando ora a reabilitação, ora a habilitação a fim de buscar a razão se seu viver: trabalhar no que ama.

João Carlos Martins tentou ser treinador de boxe, mas viu que não estava devidamente habilitado, decidiu seguir outra profissão (regente), ou seja, mais próxima de sua antiga atividade (pianista).

Buscou a reabilitação para poder exercer a atividade escolhida e conseguiu, aliás, hoje é um dos mais conceituados regentes da história mundial.

Este homem me enche de força a viver com mais idealismo e determinação para alcançar o sonho almejado.

Espero que sua história de vida sirva de inspiração a todos os habilitados e reabilitados a enxergar que tudo é possível ao se unir força de vontade e Fé.

Biografia: 1

João Carlos Gandra da Silva Martins (São Paulo, 25 de

junho de 1940[1]) é um pianista e maestro brasileiro. É também avaliado como um grande especialista e intérprete da música de Johann Sebastian Bach.

João Carlos[2] começou seus estudos ainda menino, no dia em que seu pai comprou um piano, com a professora Aida de Vuono. Aos oito anos, seu pai o inscreveu em um concurso para executar obras de Bach e ele venceu seu primeiro desafio de tantos outros que estavam por vir. Começou a estudar no Liceu Pasteur e, com 11 anos, já estudava piano por seis horas diárias. Teve, no Liceu, aula com o maior professor de piano da época -- um russo radicado no Brasil, chamado José Kliass. Sempre buscou a perfeição para se tornar um verdadeiro intérprete. Venceu o concurso da Sociedade Brito de São Petersburgo. Seus primeiros concertos trouxeram a atenção de toda a crítica

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musical mundial. Foi escolhido no Festival Casals, dentre inúmeros candidatos das três Américas para dar o Recital Prêmio em Washington. [1]Aos vinte anos estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleanor Roosevelt. Tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach para piano. Foi ele quem inaugurou o Glenn Gould Memorial emToronto.

João Carlos Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contato com o piano, como quando teve um nervo rompido e perdeu os movimentos da mão direita em um acidente em um jogo de futebol em Nova Iorque.

Com vários tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas

com o correr dos anos desenvolveu a doença chamada

Contratura_de_Dupuytren. Novamente teve que parar de tocar, e dessa vez acreditou seria para sempre. Vendeu todos seus pianos e tornou-se treinador de boxe, querendo estar o mais longe possível do que sua carreira significava como músico. Mas sua incontrolável paixão o fez retornar, e realizou grandes concertos, comprou novos instrumentos e tentou utilizar o movimento de suas mãos criando um estilo único de tocar e aproveitar ao máximo a beleza das peças clássicas. Utilizou-se da mão esquerda para suas peças e obteve extremo sucesso com esta atitude.

Ao realizar um concerto em Sofia na Bulgária, sofreu um ataque em um assalto, e um golpe na cabeça lhe fez perder parte do movimento de mãos novamente.[1] E ao se esforçar, sofria dores intensas em suas mãos, principalmente na esquerda. Novamente pensou que nunca mais voltaria a tocar. João perdeu anos de sua carreira em tratamentos, treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando os dedos que podia em cada mão, mas dia a dia podia tocar menos e menos com o estilo e maestria de antigamente.

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Award, Pocono Mountains Film Festival, USA. O documentário franco-alemão sobre a sua vida - "Paixão segundo Martins" - já foi visto por mais de um milhão e meio de pessoas na Europa. Também já foi exibido em algumas oportunidades na TV aberta no Brasil, no caso a TV Cultura.

“Eu estava sem rumo, em 2003, já sabendo que não poderia mais tocar nem com a mão esquerda. Sonhei então, que estava tocando piano, com o Eleazar de Carvalho, que me dizia: - vem para cá, que eu vou te ensinar a reger.” - palavras de João Carlos em uma entrevista.

Em maio de 2004, esteve em Londres regendo a English Chamber Orchestra, uma das maiores orquestras de câmara do mundo, numa gravação dos seis Concertos Branndenburguenses de Johann Sebastian Bach e, já em dezembro, realizou a gravação das Quatro Suites Orquestrais de Bach com a Bachiana Chamber Orchestra.[4] Os dois primeiros CDs já foram lançados (lançamento internacional).

Incapaz de segurar a batuta ou virar as páginas das partituras dos

concertos, João Carlos faz um trabalho minucioso de memorizar nota por

nota, demonstrando ainda mais seu perfeccionismo e dedicação ao

mundo da música. Grifei

João Carlos realiza, também, na Faculdade de Música da FAAM, um programa de introdução à música com jovens carentes.

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Referências

1. ↑abc João Carlos Martins- Allmusic. allmusic.com. Página visitada em 9

de março de 2011.

2. ↑ João Carlos Martins é exemplo de força e determinação. Veja São Paulo.

3. ↑ [view=detail&cHash=216dcadf839f56b37f712fbed565d049 German films - MARTINS' Passion (Martins Passion, Die)]. german-films.de. Página visitada em 9 de março de 2011.

4. ↑ João Carlos Martins . terra.com.br/istoegente. Página visitada em 9 de março de 2011.

5. ↑ Maestro fala de amor e superação

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo traçar a ligação entre o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez com a prestação previdenciária reabilitação e a habilitação profissional. Tem-se como meta demonstrar que se existisse o programa de reabilitação e habilitação profissional e se o mesmo fosse aplicado aos segurados afastados por incapacidade, além destes terem a chance da qualificação para outra profissão, o INSS deixaria de bancar os benefícios e voltaria a arrecadar com as contribuições sociais pelo retorno do segurado ao trabalho, bem como, resgataria o princípio da dignidade da pessoa humana por ter sido o trabalhador reabilitado e habilitado profissionalmente.

Portando, a eficácia do programa de reabilitação e habilitação profissional faria com que o INSS tivesse uma grande economia por deixar de pagar os benefícios e, ainda, por passar a receber as contribuições sociais e, principalmente, se garantiria ao segurado o direito de volta à vida laboral, preservando-se, como consequência, sua dignidade humana.

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ABSTRACT

This paper aims at tracing the connection between sickness-assistance and disability retirement with the provision pension and rehabilitation and the professional qualification. The goal is to show that if there was a program of rehabilitation and professional habilitation and if it were applied to the policyholders apart for disability, besides these ones have a chance of qualifying to another profession, the INSS would no longer afford the benefits and raise again with social contributions by the policyholders return to work, as well as rescuing the principle of human dignity for the worker being rehabilitated and professionally qualified.

Therefore, the effectiveness of rehabilitation programs and professional qualification would make INSS to have great savings for failing to pay benefits, and also to start receiving social security contributions, and mainly, would guarantee the policyholders the right to return to working life, preserving, as a consequence, their human dignity.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AISS Associação Internacional da Seguridade Social

APS Agência da Previdência Social

ART Artigo

CLPS Consolidação da Legislação de Previdência Social CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 CTPS Carteira do Trabalho e Previdência Social

DOU Diário Oficial da União

EC Emenda Constitucional

IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência Social

IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários IAPC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários IAPETC Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados

em Transportes e Cargas

IAPI Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPS Instituto Nacional de Previdência Social INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPASE Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado

ISSB Instituto de Serviços Sociais do Brasil LOPS Lei Orgânica da Previdência Social MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social MPS Ministério da Previdência Social

OIT Organização Internacional do Trabalho

ONU Organização das Nações Unidas

PIDESC Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

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RGPS Regime Geral de Previdência Social SIACI Sistema de Acordos Internacionais

SPA Sistema de Pagamento de Acordos Internacionais

STF Supremo Tribunal Federal

SUB Sistema Único de Benefícios

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...

CAPÍTULO 1- DAS OBRIGAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS... 1.1 - Relação jurídica previdenciária... 1.2 - Das prestações previdenciárias como fator de proteção social... 1.3 -Benefícios... 1.4 - Serviços... 1.4.1 - Serviço Social... 1.4.2 - Competência do Serviço Social... 1.4.3 – Prioridade... 1.5 - Reabilitação e habilitação profissional...

CAPÍTULO 2 - OBRIGAÇÃO DO EMPREGADOR DECORRENTES DO CONTRATO DE TRABALHO...

2.1 - Esclarecimento necessário... 2.2 - Conceito de empregado... 2.2.1 - Obrigação do empregado... 2.3 - Conceito de empregador... 2.4 - Obrigação do empregador decorrentes do contrato de trabalho....

CAPÍTULO 3- DA REABILITAÇÃO E HABILITAÇÃO PROFISSIONAL... 3.1 História da reabilitação profissional... 3.2 Reabilitação e habilitação profissional na lei 8213/91... 3.3 Reabilitação e habilitação profissional no decreto 3048/99... 3.4 Reabilitação e habilitação profissional na in 45... 3.5 Reabilitação e habilitação profissional...

3.5.1 Conceito de reabilitação e habilitação... 3.5.2 Objetivo... 3.5.3 Fornecimento de órtese e prótese... 3.5.4 Transporte... 3.5.5 Beneficiários: segurados, dependentes, aposentados e pessoas com deficiência sem vínculo...

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3.5.6 Local da reabilitação e habilitação... 3.5.7 Função social da empresa na reabilitação e habilitação... 3.4.8 Carência na reabilitação e habilitação profissional... 3.5.9 Convênios, contratos, credenciamentos e acordos... 3.5.10 Avaliação do potencial laborativo... 3.4.11 Orientação e acompanhamento da programação profissional da habilitação e reabilitação...

3.4.12 Agravamento do acidente no programa de habilitação e reabilitação profissional...

3.5.13 Pré-requsitos implícitos e a diferença de sua aplicação no auxílio-doença e aposentadoria por invalidez...

3.5.14 Pré-requisitos implícitos e a diferença de sua aplicaçâo na reabilitação e habilitação profissional...

CAPÍTULO 4- DA RELAÇÃO JURÍDICA DA REABILITAÇÃO E HABILITAÇÃO PROFISSIONAL NO DIREITO POSITIVO...

4.1 Comentário explicativo necessário... 4.1.2 Início da relação jurídica da reabilitação e habilitação profissional no direito positivado... 4.1.3 Relação jurídica da reabilitação e habilitação profissional no direito positivo do reabilitando e/ou habilitando com o INSS... 4.1.4 Relação jurídica da reabilitação e habilitação profissional no direito positivado do reabilitando e/ou habilitando com a empresa...

4.1.5 Relação jurídica da reabilitação e habilitação profissional no direito positivo do reabilitando e/ou habilitando a luz do artigo 93 da Lei 8213/91...

5 CONFLITO DA RELAÇÃO JURÍDICA DA REABILITAÇÃO E HABILITAÇÃO PROFISSIONAL...

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102 102

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CONCLUSÕES...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...

ANEXOS... 121

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo, de início, despertar na comunidade jurídica, principalmente os operadores do Direito do Trabalho e do Direito Previdenciário, a consciência de que o programa de reabilitação e habilitação previdenciária está abandonado há anos pela Seguridade Social.

A partir dessa constatação se buscará demonstrar ao longo do trabalho que incumbe à Seguridade Social, mais especificamente à Previdência Social, a realização dos programas de reabilitação e habilitação e que a transferência aos empregadores do encargo de realização da reabilitação e habilitação profissional dos trabalhadores, além de se constituir em prática que não encontra respaldo no ordenamento jurídico, especialmente na Constituição Federal, esvazia a finalidade da reabilitação e habilitação e não permite que se cumpra a importante função social e econômica que tal programa tem.

Hodiernamente os benefícios por incapacidades são concedidos sem cumular com o programa de reabilitação e habilitação, o que contraria a lei.

São raros os casos de segurados encaminhados ao programa de reabilitação e habilitação profissional efetuados pela própria Previdência Social, sendo certo que a transferência dessa obrigação às empresas é ilegal, conforme veremos ao longo do trabalho.

Certo é que a maior demanda de requerimentos e concessões de benefícios previdenciários decorre de incapacidades.

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Ora, se existe o programa de reabilitação e habilitação profissional, deve haver a conexão com os benefícios por incapacidades, para que os segurados retornem às atividades laborativa, deixando de receber o benefício e ainda voltando a realizar suas contribuições previdenciárias.

O programa de reabilitação e habilitação profissional está previsto em nosso Direito positivo, mais especificamente em normas constitucionais e infraconstitucionais, sendo previsto como obrigação da Previdência Social. Portanto, o INSS tem a obrigação de realizar essa prestação e não a empresa.

Portanto, a partir de uma análise sobre as obrigações previdenciárias e sobre as obrigações do empregador decorrentes do contrato de trabalho, faremos um estudo da reabilitação e habilitação profissional para, finalmente, definirmos a relação jurídica da reabilitação e habilitação profissional no Direito positivo, como fundamento da tese defendida no trabalho, qual seja, de que é ilegal a transferência aos empregadores pelo INSS da reabilitação e habilitação dos trabalhadores, ainda que a incapacidade dos mesmos decorra de infortúnio laboral.

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CAPÍTULO 1- DAS OBRIGAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

1.1 - Relação jurídica previdenciária

A relação jurídica previdenciária pode ser formada em várias hipóteses, como bem ensina Lazzari e Castro:

“A relação jurídica previdenciária, ou de seguro social é, pois, aquela em que, ao contrário do que ocorre com relação de custeio, credor é o indivíduo filiado ao regime de previdência ou seus dependentes, e devedor o Estado, por meio da entidade cuja atribuição é a concessão de benefícios e serviços.”2

A relação jurídica previdenciária, que pode ser de benefícios e de serviços, é aquela existente entre a Previdência Social e o:

1 - Segurado facultativo3, o ingresso ao sistema previdenciário dependerá de sua iniciativa, ou seja, o mesmo terá que pessoalmente efetivar sua inscrição4 e filiação.

2 - Segurado obrigatório5, a relação jurídica previdenciária decorre da obrigação de contribuir, independentemente da sua vontade de filiar-se6 ao sistema previdenciário, somente pelo fato de exercer atividade laboral, tanto que, caso não realize sua filiação, o INSS pode efetivar de ofício.

3 - Dependente7, a caracterização da condição de dependente faz nascer automaticamente a relação jurídica com a Previdência Social.

2 CASTRO, Carlos Pereira de. Manual de Direito Previdenciário / Carlos Alberto Pereira de Castro; João Batista Lazzari – 11 Ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2009. Pag. 169.

3 Segurado Facultativo é aquele que não está vinculado a qualquer forma que a lei estabelece como segurado obrigatório e sua inscrição e contribuição é voluntária, estando sua figura jurídica na Lei 8213/91 em seu art. 13, Lei 8212/91 em seu art. 14 e no Decreto 3048/99 em seu art.11 e 20, parágrafo único.

4 A inscrição é o ato realizado pelo segurado, momento em que é cadastrado diante de dados pessoais e outros exigidos, no Regime Geral de Previdência Social.

5 Para os segurados obrigatórios, no exercício de atividade remunerada, a filiação ocorre de forma automática, não existindo qualquer ato formal para sua formalização.

São segurados obrigatórios todos que exercem atividades lícitas remuneradas, previstos na Lei 8213/91 em seus artigos 11 e 12, Lei 8212/91, art. 12 e do Decreto 3048/99, arts. 8 e 9. 6 A filiação é o vínculo jurídico da pessoa no Regime Geral de Previdência Social, ocorre com o pagamento da contribuição, a partir do momento em que nasce direitos e obrigações de ambos.

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4- Uma quarta relação jurídica que podemos citar é a de custeio, vez que existindo a filiação e inscrição do segurado, seja ele obrigatório ou facultativo, por ser o sistema previdenciário contributivo, automaticamente nasce a relação jurídica de custeio.

A relação jurídica de custeio ocorre quando:

1- Existe o segurado obrigatório, ou seja, ele ou seu empregador são obrigados a efetuar o recolhimento da contribuição previdenciária;

2- O segurado facultativo realiza sua inscrição e filiação. Se o segurado facultativo não efetuar o pagamento da contribuição, sua filiação não é efetivada, desta forma, a relação jurídica não existe no mundo previdenciário. Neste caso o segurado está inscrito, porém não filiado no sistema previdenciário, não existindo, portanto, a relação jurídica de benefícios e de custeio.

3- O INSS reconhecendo o tempo de serviço através de ação trabalhista ou de fiscalização, nasce, consequentemente, a relação jurídica de custeio, podendo o INSS efetuar a cobrança das contribuições previdenciárias devidas.

Portanto, existindo a relação jurídica de custeio, a relação jurídica previdenciária se efetiva, dela decorrendo o benefício e/ou o serviço previdenciário que será prestado ao segurado.

O sistema previdenciário é contributivo, logo, só existirá relação jurídica de benefícios8 se houver a relação jurídica de custeio9, inclusive em relação aos dependentes.

Os dependentes somente terão direito aos benefícios e serviços previdenciários, se a relação jurídica de custeio do segurado estiver em dia, ou seja, tem que haver a qualidade de segurado10 no momento do pedido do

benefício.

No entanto, importante ressaltar que os raciocínios acima não podem ser genéricos, mesmo porque, existem previsões legais em que há a concessão do benefício sem que exista a respectiva contribuição, como por exemplo, quando ocorre o fenômeno da prescrição das contribuições

8 Direito aos benefícios e serviços previdenciários.

9 Em regra geral, entende-se como o pagamento da contribuição previdenciária.

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previdenciárias atrasadas, que não impede que o período possa ser contado como tempo de serviço para fins de concessão do benefício respectivo (aposentadoria).

Da mesma forma, na hipótese de o empregador não ter recolhido as contribuições de seu empregado, não haverá óbice para se conceder um benefício ou um serviço ao segurado, pois a obrigação de recolhimento é do empregador e não do empregado. Ocorrendo tal circunstância o INSS deve propor as medidas cabíveis (ação de cobrança) em face do empregador11, mas

não se deixará de reconhecer ao trabalhador a condição de segurado e, consequentemente, de se conceder ao mesmo o benefício ou o serviço a que tenha direito na forma da lei.

O aposentado que retorna ao trabalho é obrigado a contribuir para o sistema previdenciário. Porém, o mesmo não terá direito aos benefícios do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), com exceção do salário-família e de serviços. Portanto, esta é outra hipótese em que a relação jurídica de contribuição não está ligada à relação jurídica previdenciária (de benefícios).

Outra situação em que a relação jurídica de contribuição não está ligada à relação jurídica previdenciária é o chamado período de graça12, no qual não há contribuição, porém há a obrigação de concessão do benefício quando ocorrer o risco social. O período de graça está previsto no art. 15 da Lei 8.213/91.

Como visto anteriormente, existem duas espécies de beneficiários: os segurados (beneficiários de primeira classe) e os dependentes (beneficiários de segunda classe).

Assim, a relação jurídica previdenciária pode ocorrer entre o segurado e o INSS e/ou o dependente e o INSS.

A relação jurídica previdenciária entre o segurado e o INSS gera para este último duas obrigações: de fazer e de dar.Obrigação de fazer é conceder aos segurados: aposentadoria por tempo de contribuição (urbana e rural), aposentadoria por idade (urbana e rural), aposentadoria especial,

11 Nesse sentido, vide art. 447 da Instrução Normativa n. 45/2010 do INSS.

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aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, família, salário-maternidade.

A obrigação de dar do INSS consiste em conceder aos segurados: serviços e reabilitação e habilitação profissional.

A relação jurídica previdenciária entre o dependente e o INSS impõe a este último obrigação de fazer (pensão por morte, auxílio-reclusão) e obrigação de dar (serviços e reabilitação e habilitação profissional).

Importante destacar que a relação jurídica previdenciária (de benefício ou de serviço) iniciará quando o INSS for provocado pelo segurado através do requerimento ao INSS.

O requerimento pode ser efetivado na agência do INSS, por telefone ou internet, realizado diretamente pelo segurado, dependente ou através de convênios firmados, por exemplo, com prefeituras e etc, conforme dispõe o art. 11713 da Lei 8213/91.

Daniel Pulino14 ensina que:

“É através do requerimento que o interessado informa ao órgão previdenciário, virtual sujeito passivo da relação, a ocorrência, basicamente, da contingência social que lhe põe em estado de necessidade, afirmando, além disso, a existência daqueles outros eventos descritos nos critérios da norma-padrão da aposentadoria por invalidez”.

Wagner Balera e Ana Paula Oriola, ressaltam15 que: “Em

tempos modernos, os requerimentos e/ou agendamentos de benefícios e serviços poderão ser solicitados por vários canais de atendimento disponibilizados pela Previdência Social a fim

13 Art. 117. A empresa, o sindicato ou a entidade de aposentados devidamente legalizada poderá, mediante convênio com a Previdência Social, encarregar-se, relativamente a seu empregado ou associado e respectivos dependentes, de:

I - processar requerimento de benefício, preparando-o e instruindo-o de maneira a ser despachado pela Previdência Social;

II - submeter o requerente a exame médico, inclusive complementar, encaminhando à Previdência Social o respectivo laudo, para efeito de homologação e posterior concessão de benefício que depender de avaliação de incapacidade;

III - pagar benefício.

Parágrafo único. O convênio poderá dispor sobre o reembolso das despesas da empresa, do sindicato ou da entidade de aposentados devidamente legalizada, correspondente aos serviços previstos nos incisos II e III, ajustado por valor global conforme o número de empregados ou de associados, mediante dedução do valor das contribuições previdenciárias a serem recolhidas pela empresa.

14 .PULINO Daniel. A aposentadoria PR invalidez no direito positivo brasileiro. São Paulo: LTr: 2001. pag. 181

15 BALERA, Wagner; Ana Paula Oriola de Raeffray

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da tão propagada inclusão social, qual sejam, o bem-estar e justiça social. Apenas para exemplificar, podemos citar: internet, telefone e Agências do INSS.

Independente de qual seja o canal remoto de protocolo, será considerada como DER a data do agendamento do benefício ou serviço”

A relação jurídica previdenciária pode ser abstrata ou concreta. Abstrata porque basta existir a qualidade de segurado, mais o risco e/ou contingência. O direito ao benefício existe apenas de forma abstrata, e se mantém ainda que o segurado não requeira o benefício e, portanto, não haja o respectivo pagamento.

Havendo a qualidade de segurado e ocorrendo o risco e/ou contingência, o segurado tem direito ao benefício. Com o encaminhamento ao INSS do pedido da prestação nasce a relação jurídica previdenciária concreta, ou seja, nasce a obrigação da Previdência Social pagar a renda mensal da prestação.

1.2- Das prestações previdenciárias como fator de proteção social

A Previdência Social, através das prestações previdenciárias, tem o objetivo e a obrigação de dar e/ou fazer a proteção social quando ocorrer aos segurados e dependentes os riscos e contingências sociais previstas no sistema normativo.

Neste sentido, como ressalta Wagner Balera, “A normatividade ajusta o real (aquilo que é) ao ideal (o que deve ser). O direito atua para transformar as realidades encontradas na vida das comunidades. Tais realidades desvelam, na órbita da seguridade social, situações de necessidades nas quais se encontram sujeitos à espera de proteção.” 16

Para o referido autor, “A norma erige a proteção social em sistema para que esse instrumental, reordenando a Ordem Social – que é o seu ambiente -,

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modifique radicalmente o lugar no qual as pessoas humanas vivenciam situações de necessidade.” 17

Quando nos referimos às prestações previdenciárias, versamos sobre aquelas previstas no sistema de Previdência Social, mais especificamente aquelas derivadas do Regime Geral de Previdência Social-RGPS.

No entanto, importante ressaltar que a Previdência Social, mais especificamente o RGPS, não é responsável somente pelas prestações previdenciárias, ou seja, os benefícios. A atuação concreta da Previdência Social, visando a proteção social, abrange também a obrigação de dar e executar os serviços definidos por lei.

Portanto, da relação jurídica previdenciária decorre, para a Previdência Social, a obrigação de propiciar aos segurados e dependentes as prestações previdenciárias, como gênero, que abrangem, como espécies, os benefícios e os serviços previstos pelo RGPS.

1.3 Benefícios

Os benefícios da Previdência Social estão elencados na Lei 8213/91 e são denominados como aposentadorias, pensão, auxílios e salários.

Existem benefícios destinados aos segurados e benefícios destinados aos dependentes, dividindo-se da seguinte forma:

Para os segurados Para os dependentes

1- Aposentadoria: aposentadoria por invalidez; aposentadoria por idade; aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial.

2- Auxílio: auxílio-doença comum, doença acidentário e auxílio-acidente.

3- Salários: salário-maternidade e salário-família.

1- Pensão: pensão por morte.

2- Auxílio: auxílio-reclusão.

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Em razão do caráter contributivo do sistema de benefícios previdenciários, a concessão dos mesmos depende do implemento do prazo de carência, específico para cada um dos referidos benefícios 18.

1.4 - Serviços

Os serviços são prestações previdenciárias de assistência e amparo social destinados aos segurados, de forma obrigatória, e, na medida das possibilidades, aos dependentes, conforme previsto na Lei de Benefícios (Lei 8213/91).

Os serviços se dividem em duas espécies, serviço social e reabilitação profissional, sendo destinado ao segurado e na medida das possibilidades aos dependentes, conforme previsto em lei.

1.4.1 - Serviço social

O Serviço Social é uma prestação previdenciária caracterizada como um serviço prestado aos segurados da Previdência com a finalidade de esclarecer seus direitos sociais e os meios de exercê-los. Tem como prioridade, além de facilitar o acesso aos benefícios e serviços previdenciários, estabelecer o processo de solução dos problemas sociais relacionados com a Previdência Social.

Devido à sua grande importância o Serviço Social tem capítulo próprio: art. 88 da Lei 8213/91 e art.161 do Decreto 3048/99.

O Serviço Social é um instrumento de ligação entre INSS e beneficiários de tamanha magnitude e impotância, que dispensa a carência, conforme disciplina o art. 26, inciso IV da Lei 8213/91.

A finalidade do Serviço Social da Previdência Social consiste em prestar ao beneficiário orientação e apoio no que concerne à solução dos

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problemas previdenciários pessoais e familiares e à melhoria da sua inter-relação com a Previdência Social, para a solução de questões referentes a serviços e benefícios.

Quando necessário, à obtenção de outros recursos sociais da comunidade, o Serviço Social também deverá executar ações profissionais em articulação com outras áreas do INSS, com organizações da sociedade civil que favoreçam o acesso da população aos benefícios e aos serviços do RGPS, bem como, com organizações que favoreçam a participação na implementação de políticas previdenciárias, com base nas demandas locais e nas diretrizes estabelecidas pela Diretoria de Benefícios.

Para efetividade do Serviço Social, o INSS conta com profissionais como os Assistentes Sociais, que, entre outras, executam as seguintes atividades:

- Prestar atendimento individual e grupal aos usuários esclarecendo quanto ao acesso aos direitos previdenciários, tais como: benefícios e serviços, condições e documentos necessários para o requerimento e concessão dos benefícios previdenciários e assistenciais, manutenção e possibilidade da perda da qualidade de segurado, entre outros.

- Realizar pesquisa social para identificação do perfil e das necessidades dos usuários.

- Emitir parecer social fornecendo elementos para a concessão, manutenção, recurso de benefícios e decisão médico pericial, nos casos de segurados em auxílio-doença previdenciário ou acidentário, cujas situações sociais interfiram na origem, evolução ou agravamento de determinadas doenças.

- Assessorar entidades governamentais e não governamentais em assuntos de política e legislação previdenciária e assistencial.

- Realizar o cadastro dos Recursos Sociais e Grupos Organizados.

(27)

e da avaliação social da pessoa com deficiência aos requerentes do Benefício de Prestação Continuada - BPC/LOAS

O Parecer Social é um pronunciamento profissional do Assistente Social, com base no estudo de determinada situação, podendo ser emitido na fase de concessão, manutenção, ou recurso de benefícios ou para embasar decisão médico-pericial, por solicitação do setor respectivo ou por iniciativa do próprio Assistente Social.

A pesquisa social constitui-se em recurso técnico fundamental para a realimentação do saber e do fazer profissional, voltado para a busca do conhecimento crítico e interpretativo da realidade, favorecendo a identificação e a melhor caracterização das demandas dirigidas ao INSS e do perfil sócio-econômico e cultural dos beneficiários como recursos para a qualificação dos serviços prestados.

-O cadastro das organizações da sociedade revela-se como instrumento que facilita a necessária articulação para o desenvolvimento do trabalho social e atendimento aos usuários da Previdência Social. Para proceder a identificação dos recursos sociais o Assistente Social utilizará a Ficha de Cadastramento.

A avaliação social, em conjunto com a avaliação médica da pessoa com deficiência, consiste num instrumento destinado à caracterização da deficiência e do grau de incapacidade, e considerará os fatores ambientais, sociais, pessoais, a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social dos requerentes do Benefício de Prestação Continuada da pessoa deficiente.

1.4.2 Competência do serviço social

(28)

empresas, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos, ou pesquisa social.

Incube também ao serviço social ter como diretriz a participação do beneficiário na implementação e fortalecimento da política previdenciária, em articulação com associações e entidades de classes, bem como prestar assessoramento técnico aos Estados, Distrito Federal e Municípios na elaboração de suas respectivas propostas de trabalho relacionadas com a Previdência Social.

1.4.3 Prioridade

Todos que buscam a Previdência Social são necessitados e precisam de certa urgência na resposta.

No entanto, em relação ao Serviço Social a opção do legislador foi a de priorizar o atendimento a segurados em condição de incapacidade temporária, dando atenção especial a aposentados e pensionistas, conforme prevê o art. 88, § 1 da Lei 8213/91.

1.5 Reabilitação profissional

A reabilitação profissional é um serviço da Previdência Social, que deve ser prestado pelo INSS, de caráter obrigatório, com o objetivo de proporcionar os meios de reeducação ou readaptação profissional para o retorno ao mercado de trabalho dos segurados incapacitados por doença ou acidente.

A importância da reabilitação profissional é reconhecida internacionalmente através da Convenção n. 159 da OIT, de 01/06/1983, que foi ratificada pelo Brasil, tendo sido promulgada através do Decreto 129 de 22/05/199119.

(29)

No âmbito do ordenamento jurídico interno, prevista na Constituição Federal, nos incisos III e IV do art. 203 , na Lei 8213/91 e no Decreto regulamentador 3048/99, com implementação prática através da Instrução Normativa do INSS 45/10, a reabilitação e habilitação profissional têm como objetivo preparar o beneficiário20, que está à margem da relação de trabalho

por motivo de acidente ou doença, para a realidade efetiva ao mercado de trabalho.

O programa de reabilitação e habilitação profissional é um serviço da Previdência Social destinado aos segurados, portadores de deficiência independente de carência e também aos dependentes, de acordo com a disponibilidade das unidades de atendimento da Previdência Social.

O atendimento da reabilitação profissional é um direito dos trabalhadores que mantêm a qualidade de segurados da Previdência Social.

Têm prioridade no atendimento: a) segurados que recebem auxílio-doença previdenciário (sem relação com o seu trabalho) ou acidentário (resultante de um acidente de trabalho); b) segurados sem carência para auxílio-doença previdenciário, considerados incapazes para o trabalho; c) segurados em gozo de aposentadoria especial, por tempo de contribuição ou idade que, em atividade laborativa, tenham reduzida sua capacidade funcional em decorrência de doença ou acidente; d) aposentados por invalidez; e) dependentes, de acordo com as disponibilidades administrativas, técnicas, financeiras e as condições da unidade de atendimento da Previdência Social; f) pessoas com defi ciência, sem vínculo com a Previdência Social, por intermédio de convênios e/ ou acordos de cooperação técnica.

O atendimento é feito por equipe de médicos, assistentes sociais, psicólogos, sociólogos, fisioterapeutas e outros profissionais.

Esta equipe multiprofissional, para atender devidamente a expectativa do programa de reabilitação profissional tem obrigação de fazer:

I - avaliação do potencial laborativo;

II - orientação e acompanhamento da programação profissional;

III - articulação com a comunidade, inclusive mediante a celebração de convênio para reabilitação física restrita a

(30)

segurados que cumpriram os pressupostos de elegibilidade ao programa de reabilitação profissional, com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e

IV - acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.

Caso necessário, a fim de concluir o programa de reabilitação e habilitação profissional, a Previdência Social poderá fornecer aos segurados recursos materiais como próteses, órteses, taxas de inscrição em cursos profissionalizantes, instrumentos de trabalho, implementos profissionais, transporte, alimentação e estadia em hotéis.

Após a conclusão do programa de reabilitação e habilitação profissional, a Previdência Social emitirá um certificado de conclusão, indicando a função a qual está habilitado.

Não é exigido tempo mínimo de contribuição para que o segurado tenha direito ao serviço de reabilitação e habilitação profissional.

(31)

CAPÍTULO 2- OBRIGAÇÃO DO EMPREGADOR DECORRENTE DO CONTRATO DE TRABALHO

2.1 Esclarecimento necessário

O presente capítulo é de fundamental importância para delinear as obrigações do empregador em relação ao empregado, decorrentes do contrato de trabalho e, como consequência, identificar o verdadeiro sentido da função social do empregador nesta relação, de acordo com o previsto no art. 1º, inciso V e no art. 170, caput e inciso III da Constituição Federal.

Objetiva-se, com este capítulo identificar se entre as obrigações do empregador derivadas da legislação trabalhista está a obrigação do mesmo realizar a reabilitação ou habilitação profissional do empregado incapacitado para o trabalho em decorrência de acidente ou de doença.

Para tanto, a seguir serão analisados alguns conceitos importantes decorrentes da relação de emprego, objetivando, com isso, ao final chegar-se à conclusão da questão proposta: o empregador tem a obrigação de realizar a reabilitação ou habilitação profissional do empregado incapacitado para o trabalho em decorrência de acidente ou de doença?

2.2- Conceito de empregado

O art. 3º da CLT define que empregado é toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste e mediante salário, não havendo distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Sérgio Pinto Martins, assim conceitua empregado:

“Empregado poderia ser considerado, num sentido amplo, o

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pessoal de serviço...Todo empregado é trabalhador, mas nem todo trabalhador é empregado, como os autônomos21”.

Portanto, empregado é aquele que habitual e continuadamente realiza suas atividades de trabalho sob a dependência do empregador, do qual recebe ordens e a contraprestação pecuniária pelo trabalho (salário).

2.2.1- Obrigação do empregado

O empregado22tem a obrigação de trabalhar, segundo as regras

impostas pelo empregador e pela legislação trabalhista. Entre as obrigações do empregado decorrentes do exercício do seu trabalho, está a de executar suas atividades respeitando as determinações do empregador no sentido de evitar ou pelo menos diminuir o risco de acidentes, com aproteção da vida do empregado, conforme estatui o art. 158, CLT, que assim dispõe:

"Art. 158. Cabe aos empregados:

I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do art. anterior23; II - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.24"

O não cumprimento pelo empregado de suas obrigações decorrentes do contrato de trabalho sujeita o mesmo às punições previstas pelo ordenamento e emanadas do exercício do poder disciplinar do empregador, podendo até ser dispensado do emprego por justa causa.

Especificamente em relação ao descumprimento das obrigações relativas à segurança, saúde e integridade física, dispõe o parágrafo único do art. 158 da CLT:

21 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho

– 28º Ed. – São Paulo: Atlas, 2012. pag. 139 22 Existem várias espécie de empregado, tendo cada um sua regulamentação própria, por exemplo: empregado em domicílio, empregado aprendiz, empregado urbano, empregado doméstico, empregado rural, empregado público, diretor de sociedade. .

23 O dispositivo legal citado (inciso II, do art. 157 da CLT) refere-se às precauções a serem adotadas no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.

(33)

"Parágrafo único. Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do art. anterior;

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa."

A questão referente às obrigações do empregado relativas à segurança, saúde e integridade física guardam estreita relação com a indagação a que se pretende responder no presente trabalho: de quem é a obrigação de reabilitação e habilitação profissional do trabalhador que, em decorrência de acidente ou doença, fica incapacitado para o trabalho?

2.3 Conceito de empregador

Orlando Gomes e Elson Gottschalk, na obra atualizada por José Augusto Rodrigues Pinto e Otávio Augusto Reis de Souza, ensinam que:

“A Expressão empregador designa, na técnica do Direito do

Trabalho, a pessoa natural ou jurídica que utiliza, dirige e assalaria os serviços de outrem, em virtude de contrato de

trabalho”.25

O artigo 2º da CLT conceitua o empregador como: “... a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”.

Ainda no artigo supra, o § 1º estende o conceito de empregador ao afirmar que: “Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados”.

Maurício Godinho Delgado assim conceitua empregador :

“Empregador define-se como a pessoa física, jurídica ou ente despersonificado que contrata uma pessoa física a prestação

25 GOMES, Orlando e Elson Gottschalk. Curso de direito de trabalho

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de seus serviços, efetuados como pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob sua subordinação.

A noção jurídica de empregador, como se percebe, é essencialmente relacional à de empregado: existindo esta última figura no vínculo laboral pactuado por um tomador de serviços, este assumirá, automaticamente, o caráter de empregador na relação jurídica consubstanciada.26

O autor ainda sustenta que:

“O enunciado do caput celetista é, tecnicamente, falho, sendo

também falho o parágrafo primeiro do mesmo artigo, por traduzir-se como claramente tautológico.

Na verdade, empregador não é a empresa – ente que não configura, obviamente, sujeito de direitos na ordem jurídica brasileira. Empregador será pessoa física, jurídica ou de ente despersonificado titular da empresa ou estabelecimento.

A eleição do termo empresa, pela CLT, para designar a figura do empregador apenas denuncia, mais uma vez, a forte influencia institucionalista e da teoria da relação de trabalho que se fez presente no contexto histórico de elaboração desse diploma justrabalhista.27

Comungando deste pensamento, os autores Orlando Gomes e Elson Gottschalk28 ensinam:

“Empregado é o nome que tem encontrado, por toda parte,

maior acolhida na legislação, na doutrina e, mesmo, popularmente. Contrapõe-se ao de empregado, e exprime, significativamente, a parte que, na relação de emprego, emprega. O empregador é a pessoa natural ou jurídica. Entretanto, a Consolidação das Leis do Trabalho comete o imperdoável erro de definir empregador como sendo a empresa. Assim, considera empregador a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria, e dirige a prestação pessoal de serviços. Tal definição é um dos muitos equívocos a que foi levado o consolidador pela absorvente idéia de que se imbuiu de institucionalizar o Direito do Trabalho, conforme já assinalamos29”.

26 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito de trabalho 11º Ed. São Paulo: LTr, 2012. pag. 399.

27 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito de trabalho

– 11º Ed. – São Paulo: LTr, 2012. pag. 399.

28 GOMES, Orlando e Elson Gottschalk. Curso de direito de trabalho 19º Ed. Rio de Janeiro: Porense, 2011. pag.106

29 GOMES, Orlando e Elson Gottschalk. Curso de direito de trabalho

(35)

Portanto, empregador é aquele que dirige a prestação de serviços, assumindo os riscos da atividade econômica.

2.4 Obrigação do empregador decorrente do contrato de trabalho

São inúmeras as obrigações do empregador decorrentes do contrato de trabalho. O empregador é “devedor da contraprestação salarial e outras acessórias; credor da prestação de trabalho e de sua utilidade, é ele a figura central da empresa, no seu dinamismo econômico, social e disciplinar.30

Mas, além das obrigações de cunho contraprestativo pecuniário, ao empregador incumbem as obrigações referentes a proteção à saúde e à integridade física do trabalhador, obrigações estas que têm estreita relação com o tema central do presente trabalho: reabilitação e habilitação profissional.

Nesse sentido, o ambiente de trabalho deve ser sadio e seguro, assegurando ao trabalhador, de acordo com a legislação trabalhista, a manutenção da sua saúde e da sua integridade física.

É do empregador a obrigação de dar o ambiente de trabalho preparado e apto ao exercício da atividade, buscando sempre proteger a saúde e a vida do empregado, para assim, atingir o princípio da dignidade da pessoa humana.

O empregador tem como obrigação tomar todas as medidas preventivas de medicina e segurança do trabalho, executando exames médicos admissional, periódicos e demissional, e manter, de acordo com normas expedidas pelo Ministério do Trabalho, serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho.

Deverá ainda, o empregador permitir, na forma da lei (art. 163 da CLT) a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.

no exercício da atividade econômica, cujos riscos, assume, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços (art. 6º)

30 GOMES, Orlando e Elson Gottschalk. Curso de direito de trabalho

(36)

É obrigação do empregador fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

Compete ainda ao empregador custear e/ou realizar na própria empresa, caso tenha ambulatório médico, exames médicos para a admissão, demissão, além dos periódicos, principalmente nas atividades de risco ou nas quais o empregado esteja exposto a agentes agressivos à saúde, e dos complementares, indicados para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer.

Compreende como obrigação do empregador, divulgar ao empregado o resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, observados os preceitos da ética médica, bem como, realizar a notificação das doenças profissionais e das advindas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho.

Manter, no estabelecimento, o material necessário à prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade, também é obrigação do empregador

É também, obrigação do empregador, cumprir com as normas específicas a edificações para garantir a segurança dos empregados, conforme previsão dos artigos 171 a 174 da CLT, inclusive quanto à iluminação, ventilação e eletricidade, tendo obrigatoriamente que convocar as reparações elétricas apenas por profissionais qualificados e aptos ao socorro quando na ocorrência aos acidentados por choques elétricos.

(37)

Da mesma forma é procedimento obrigatório do empregador treinar o empregado no manuseio das máquinas e equipamentos, caldeiras, fornos e recipientes sob pressão.

Em relação às atividades insalubres, incumbe ao empregador adotar as medidas necessárias para a eliminação ou a neutralização da condição insalubre, com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância, com a utilização de equipamentos de proteção individual pelo trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo, trazendo as condições de trabalho para os limites de tolerância.

Com intuito de proteção da saúde do trabalhador, a adoção de medidas ergonômicas também é obrigatória, podendo ser citada, por exemplo, a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado e, quando o trabalho deva ser executado de pé, os empregados terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço permitir.

É obrigação do empregador, promover proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contra-fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização, proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento profilaxia de endemias.

(38)

Caso o empregador não cumpra com as obrigações referentes à medicina do trabalho dispostas na legislação trabalhista, é passível de punição, com imposição de multa prevista na legislação específica, sempre passível de agravamento em caso de reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei.

A adoção desse conjunto de medidas de proteção à saúde e à integridade física do trabalhador é imposta ao empregador, que responde pelos danos causados ao empregado em decorrência de acidente do trabalho pelo mesmo sofrido ou por doença adquirida em razão das condições de trabalho do mesmo.

Nesse sentido, é direito dos trabalhadores, seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (art. 7º, XXVIII da Constituição Federal).

Ressaltando não ser a questão da responsabilização do empregador por acidente ou doença do trabalho objeto do presente trabalho, destacamos tratar-se a previsão do art. 7º, XXVIII da Carta Magna de hipótese de "responsabilização da Previdência Social em caso de acidente, mediante seguro efetuado pelo empregador, sem prejuízo de eventual ação judicial contra este em caso de agir com dolo ou culpa - o que consagra a tese da responsabilidade subjetiva do empregador."31

A análise ora apresentada, embora de forma apenas superficial, tem o intuito de demonstrar que ao empregador incumbe a proteção da saúde e da integridade física do trabalhador.

No entanto, conforme será analisado mais aprofundadamente no Capítulo 4, isso não significa que ao mesmo pode ser imposta a obrigação de executar a reabilitação e habilitação profissional do trabalhador que, em razão de infortúnio, fique incapacitado para o exercício de suas funções.

31 MANUS, Pedro Paulo Teixeira e ROMAR,Carla Teresa Martins. CLT e legislação

(39)

CAPÍTULO 3- REABILITAÇÃO E HABILITAÇÃO PROFISSIONAL

3.1 História da reabilitação profissional

Conforme registra Fernando Boccolini32, a ideia de reabilitação profissional teve seus passos iniciais na primeira guerra mundial, quando, pela falta de mão de obra, utilizou-se da mão de obra de militares acidentados para a realização de tarefas outras: “...para aqueles soldados que estavam em condições

de andar ou usar as mãos, foram distribuidas pequenas tarefas com finalidade de mantê-los ocupados, evitando assim uma ´decomposição mental`. Pinturas de pequenas peças, fabricação de enfeites para o natal próximo e tantas outras atividades começaram a ser usadas. Verificou-se então que os soldados que executavam estas tarefas se apresentavam sempre mais bem dispostos, mais joviais, aceitando melhor

as restrições e imposições a que o tratamento os obrigava”.

Grifei

Nesta época já identificava-se a importância da reablitação profissional, constatando-se ser necessário ocupar o cidadão incapacitado ou com alguma deficiência, evitando-se, com isso, deixá-lo à margem da sociedade laboral e, assim, zelando-se pela sua saúde mental.

A Organização Internacional do Trabalho – OIT, publicou em 1921 o documento The Compulsory Employment of Disable Man, sobre a obrigatoriedade de emprego para inválidos de guerra, inspirado no sistema legal da Áustria, Alemanha, França e Inglaterra33. Em 1923 a OIT reconhece a obrigação do Estado em auxiliar os inválidos na reabilitação profissional para que tivessem sustento próprio e, em 1925, a OIT também reconhece a proteção social aos acidentados do trabalho em que o deveriam receber a reabilitação profissional, porém em 1930, diante da crise econômica e o desemprego em massa, o programa de rabilitação deu uma estagnada34.

Com a Segunda Guerra Mundial o programa de reabilitação passou a tomar corpo pelos mesmos motivos já reconhecidos à época da Primeira Guerra Mundial, ou seja, pela falta de mão de obra e também por se perceber

32 BOCCOLINI, Fernando. Reabilitação profissional. In: Curso de medicina do trabalho. São Paulo: Fundacentro, 1979. pag. 1239.

33 LAZZARI, João Batista. Curso Modular de Direito Previdenciário / João Batista LAZZARI; João Carlos Castro Lugon - Florianópolis: Conceito Editorial.2007. 688p. Pag. 462.

34 LAZZARI, João Batista. Curso Modular de Direito Previdenciário / João Batista LAZZARI; João Carlos Castro Lugon - Florianópolis: Conceito Editorial.2007. 688p. Pag. 462 apud

(40)

que algumas atividades poderiam ser realizadas por pessoas com deficiência decorrentede acidente da guerra ou de nascença.

Além da reabilitação ter sido visualizada por questões de guerra, e recomendada por determinação da OIT, a Segunda Guerra Mundial não deixa de ser um marco na proteção social.

Nesse sentido a jocosa passagem descrita por Jacqueline Michels Bilhalva no texto de Roberto Campos35, sobre a preocupação dos líderes

mundiais com a proteção social logo após a Guerra:

[...] “...após o jantar, bebericando o conhaque de sobremesa, no palácio Livadia, em Yalta, tratava-se de um debate entre Churchill, Roosevelt e Stalin. Churchill iniciou a conversa dizendo que, conquantos os detestasse, tinha que tirar o chapéu aos trabalhistas. Por influência do Labour Party se havia estabelecido na Inglaterra o welfare state, no qual os homens seriam protegidos from the cradle to the grave (do berço ao túmulo). Roosevelt redargüiu que os Estados Unidos, injustamente acusados de excessivo individualismo, o sistema havia avançado ainda mais, porque a proteção se estendia do ventre ao túmulo (from the womb to the tomb). Stalin acrescentou ironicamente que os países capitalistas jamais rivalizariam com os soviéticos na proteção de serviços sociais. A proteção soviética se estenderia da ereção à ressurreição (from the erection to the ressurrection). Quando, mais tarde, inquirido sobre o assunto, Chiang-Kai-Chek achou-se na obrigação de exaltar ainda mais as preocupações assitenciais chinesas e acrescentou que o que se planejava na China era a proteção do esperma ao verme (from the sperm to the worm)!... grifei

Este contexto lúdico exala, sem dúvidas, o espirito da época em que 3 (três) lideres mundiais importantes: Franklin Delano Roosevelt (presidente norte-americano), Sir Winston Churchill (primeiro-ministro britânico) e Josef Stalin (líder soviético), se reuniram na Criméia em Yalta, e redefiniram o desenho da Europa durante a Segunda Guerra Mundial, exatamente no período em que se acentua a preocupação mundial com a

seguridade social, devido à “necessidade dos países europeus

de reincorporarem parcela da mão de obra acidentada ou inválida à sua força de trabalho ativa, resultado, em parte, da mortalidade advinda da Segunda Guerra Mundial e, em parte, da resposta do Estado à sua crise econômica e social36””

35 LAZZARI, João Batista. Curso Modular de Direito Previdenciário / João Batista LAZZARI; João Carlos Castro Lugon - Florianópolis: Conceito Editorial.2007. 688p. Pag. 462. apud

Campos, Roberto. A lanterna na popa: memórias. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994, p. 81. 36 LAZZARI, João Batista. Curso Modular de Direito Previdenciário / João Batista LAZZARI; João Carlos Castro Lugon - Florianópolis: Conceito Editorial.2007. 688p. Pag. 462. apud

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Em que pese o conto da disputa de quem daria a maior proteção social, fato é que, em 1942 foi apresentado ao Parlamento Britânico pelo conhecido Lord Beveridge, Sir Willian Henry Beveridge37, o relatório, denominado como Plano BEVERIDGE, que implantava o Seguro Social e Serviços afins, tendo como objetivo a proteção social do berço ao túmulo.

O Plano de Beveridge tratou sobre a reabilitação profissional “o estabelecimento de serviços racionais de saúde, de reabilitação e de manutenção dos empregos, considerando que evitar o desemprego em massa é condição necessária ao êxito do seguro social”38.

Como podemos observar, o objetivo da reabilitação para Beverdge era evitar o desemprego em massa para que houvesse o êxito do seguro social.

Diante das recomendações da OIT e o sucesso do Plano Beveridge, o Brasil começou a pensar nesta proteção social, lançando o Decreto-lei 7036, de 10 de novembro de 1944, com objetivo de realizar a adaptação profissional e o reaproveitamento profissional para o empregado acidentado, ainda não previa a proteção de outras categorias, dependentes e etc.

Portanto, historicamente, num primeiro momento, período pós-guerra, a reabilitação profissional nasceu pela falta de mão de obra, e num segundo momento, a partir do Plano Beveridge, foi a reabilitação enquadrada como proteção social para buscar a colocação do segurado ao mercado de trabalho, mesmo diante de suas limitações físicas ou psíquicas.

3.2 Reabilitação e habilitação profissional na lei 8213/91

Dispõe a Lei 8213/91, em seu art. 89:

Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação

37 William Henry Beveridge, 1º Barão de Beveridge (5 de março de 1879

– 16 de março de 1963) foi economista e reformista social britânico. Elaborou em 1942, ou seja, durante a Segunda Guerra Mundial o Report on Social Insurance and Allied Services, conhecido como Plano BEVERIDGE, visando libertar o Homem da necessidade.

38 BEVERIDGE, Willian H. O plano BEVERIDGE

(42)

profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive. grifamos

Este artigo ressalta o objetivo principal do processo de reabilitação e habilitação profissional, ou seja, tem como meta educar ou reeducar, adaptar ou readaptar a pessoa ao mercado de trabalho.

Quando o legislador cita no artigo acima o termo contexto em que vive

é obvio que a aplicação do processo de reabilitação e habilitação profissional deve ser realizado considerando as realidades e limitações culturais, idade, deficiência física do segurado, bem com, analisar sua amplitude de conhecimentos culturais e gerais, para, assim, poder identificar em que cenário social o segurado pode ser enquadrado para ter a devida reabilitação ou habilitação profissional e ter a qualificação profissional digna com sua realidade.

Nesse sentido, prossegue o legislador, estabelecendo no parágrafo único do art. 89 da Lei 8213/91: Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende:

a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;

b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;

c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.

É sabido que não são todas as agências da Previdência Social que têm viaturas para atender a demanda e isso dificulta a realização do processo de reabilitação e habilitação profissional, ocorrendo um retrocesso social.

Com certeza existem inúmeras pessoas39 em potencial a serem reabilitadas ou habilitadas, que poderiam deixar de receber o benefício previdenciário acidentário. Assim, o INSS economizaria deixando de pagar tal benefício e o segurado, retornaria ao mercado de trabalho, podendo evoluir sua renda, voltando inclusive a contribuir para o sistema previdenciário.

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