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Intelog - RS 12/12/2010 Artigos / Entrevistas Online

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Intelog - RS 12/12/2010 Artigos / Entrevistas Online "É preciso desatar o nó cambial"

(Irany Tereza)

David Kupfer, economista e professor da UFRJ.

O economista David Kupfer, um dos maiores especialistas em economia industrial do País, afirma que a fase de recuperação da crise econômica já se encerrou no Brasil. Agora, afirma, terá início uma fase de transição que deve durar alguns anos, durante a qual o principal desafio será desatar o nó cambial.

O período longo de baixa cotação do dólar deu origem a uma explosão de importações, como evidenciaram os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgados esta semana pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento, em relação ao mesmo período do ano anterior, superou a casa dos 40%.

"A boa notícia é que boa parte dessas importações ainda são de bens intermediários e de capital, o que mostra que a indústria está importando para investir", diz o professor, que coordena o Grupo de Indústria e

Competitividade daUniversidade Federal do Rio de Janeiro.

Ele diz acreditar que ainda há tempo de o governo agir para evitar o próximo estágio de um problema cambial grave: a importação maciça de bens de consumo. "Se começarmos a perceber uma grande velocidade no aumento de importação de bens de consumo, teremos um problema grave", diz ele, referindo-se a consequências como desindustrialização. Kupfer comenta que a nova versão da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em estudos pelo governo e que deve ser anunciada no início da gestão Dilma Rousseff, terá um desenho diferente da original - lançada em 2008 e atropelada pela crise mundial - com uma nova abordagem para a questão das importações, que se transformaram no maior fenômeno brasileiro pós-crise. "O que está acontecendo é o efeito do fato de o Brasil estar crescendo mais do que o resto do mundo", diz ele. A seguir, a entrevista concedida ao Estado.

O câmbio e as importações são hoje os principais fatores de influência no comportamento da indústria brasileira?

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A indústria está apresentando queda atípica para um terceiro trimestre, com níveis relativamente baixos de crescimento e até taxa negativa. Isso se deve, em parte, ao fato de a fase de retomada do pós-crise estar terminando. Uma coisa foi recuperar o tombo que houve depois da crise internacional. Isso levou dois anos e essa fase está encerrada. Em paralelo, há um crescimento das importações que, realmente, está

ganhando uma velocidade muito alta. Certamente a taxa de câmbio está contribuindo muito para esse resultado e também porque o mercado brasileiro está num momento de expansão. É um pouco o efeito do fato de que o Brasil está crescendo mais do que o mundo. Isso está atraindo não só capital, mas também as exportações de terceiros países para o Brasil.

E a indústria nacional tem como competir com esse redirecionamento externo?

Estamos num momento em que a competição pelo mercado brasileiro está se acirrando e a competitividade da indústria brasileira está expondo um aumento da fragilidade. Esse resultado do PIB reflete que a indústria nacional já está em velocidade de cruzeiro em relação à retomada: aquele crescimento muito grande, com números impressionantes, era a recuperação do que caiu durante a crise. Isso já terminou. A indústria já voltou ao nível pré-outubro de 2008 e, portanto, a velocidade de

crescimento tende a diminuir. Agora as importações, que seguem

evoluindo de forma muito rápida, estão começando a roubar produção da indústria. Essa é a razão do número negativo.

Tivemos, em 2008, uma Política de Desenvolvimento Produtivo atropelada pela crise. O que fazer agora?

Em maio, o governo havia editado a PDP, com o objetivo de dar

sustentação ao crescimento. Em função da crise, houve uma mudança da política: entrou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que o BNDES colocou em prática e se mostrou muito importante para a rápida recuperação. Agora, o PSI vai ser gradualmente retirado, porque a fase de políticas anticíclicas está sendo encerrada no Brasil, segundo declarações da nova equipe econômica. Provavelmente, o governo vai retomar uma política industrial, que terá um desenho diferente daquele de 2008, que tinha como objetivo dar sustentação ao ciclo do

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front das importações. Era uma política que ainda pensava em ampliação das importações, ampliação da inserção da indústria brasileira no mundo, enfim, tentava levar adiante aquele boom de exportações que ocorreu pós-2004 principalmente.

O cenário mudou completamente.

Agora o mundo é diferente. A capacidade de colocar produtos no exterior está menor porque o mundo desenvolvido está em recessão; nossa

relação com a China evoluiu para uma complementaridade que dificulta a indústria brasileira, porque a relação comercial com a China está se estruturando cada vez mais em fornecimento de insumos por parte do Brasil, e de manufaturados pelo lado da China. Isso precisa ser atacado por uma política industrial, porque esse tipo de padrão comercial não interessa ao país no longo prazo.

A política industrial pode conter as importações?

Nessa hora, a política industrial pode fazer muito pouco, já que a

principal causa da explosão nas importações é a taxa de câmbio. Esse é o nó que precisa ser desatado. Do ponto de vista do dinamismo

industrial, a taxa de câmbio chegou a um limite, principalmente em termos do tempo em que vem se mantendo nesse nível apreciado. Pelos dados do IBGE, a evolução das importações foi generalizada... Mas, o lado bom da notícia é que ainda está crescendo a importação de intermediários e de bens de capital. É um sinal de que quem está

importando é a indústria, para produzir. São importações complementares à produção industrial. Seria mais grave estar

importando diretamente bens de consumo, porque estaria interrompendo a produção industrial, o que não é o caso, ainda. Não é

da históriabrasileira ser importador de produtos finais porque nossa indústria há 50 anos já tem capacidade de fornecer para o mercado brasileiro, de um modo geral.

A situação ainda não é tão grave, então?

A compra de bens de consumo seria o próximo estágio de um problema cambial grave. Quando começarmos a perceber uma grade velocidade no aumento de importação de bens de consumo, o que eu não acredito

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que aconteça. Antes disso, deve ser criado algum tipo de mecanismo para sinalizar que a taxa de câmbio vai ter um piso, que não vai cair. Ou, pelo menos, vai parar de cair, não vai descer abaixo do nível atual, de R$ 1,70. Isso pode dar um ânimo aos investimentos enquanto se tenta

mudar o mix macroeconômico. Isso vai acontecer de forma muito

gradual, muito devagar, vai durar alguns anos. Vamos passar agora por um período de transição, que tem de se desdobrar com tranquilidade. Temos de conseguir ter uma taxa de juros mais baixa e um câmbio mais alto.

Uma mudança na política cambial está fora de cogitação? Creio que não há possibilidade. O regime de câmbio flutuante é unanimemente apoiado, não há ninguém que questione. Apenas

entende-se que existem margens para se administrar a situação dentro do regime de câmbio flutuante, e que o País não utilizou no passado, particularmente nas questões relacionadas à entrada de capital. Por aí há um espaço para mexer em alguma coisa. Imagino que será uma abordagem muito gradual.

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TodoDia - SP 12/12/2010 Negócios Regionais Online Parceria permite financiar

pequenas hidrelétricas

Objetivo é viabilizar o

financiamento de projetos na área de energias renováveis

Luciano Coutinho, do BNDES: pretensão de manter nível de empréstimos

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) contraiu empréstimo de US$ 68 milhões com o banco de

desenvolvimento alemão KfW para financiar projetos de PCHs

(Pequenas Centrais Hidrelétricas no Brasil por empresas privadas nacionais.

O contrato foi assinado durante uma reunião realizada anteontem, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. A parceria entre a instituição de fomento brasileira e o KfW começou na década de 1960, totalizando 12 contratos firmados no montante de US$ 444 milhões. O objetivo da cooperação é viabilizar o financiamento de projetos na área de energias renováveis e a eficiência energética, ressaltou o BNDES.

O coordenador do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico)

da UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janeiro), economista Nivalde de Castro, afirmou que a operação “mostra que o BNDES está buscando novas fontes de recursos para poder financiar o setor elétrico, que exige muito capital”.

O setor elétrico exige muitos recursos e tem um peso grande na carteira de crédito do BNDES, destacou Castro. De acordo com ele, o presidente do banco, Luciano Coutinho, afirmou recentemente que pretende manter o nível de empréstimos da instituição em 2011, que atingiria entre R$ 140 bilhões a R$ 150 bilhões.

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FÔLEGO

O coordenador do Gesel avaliou que a parceria entre BNDES e o banco alemão de desenvolvimento é importante porque dá mais fôlego e mais capacidade de financiamento ao BNDES para o setor elétrico.

Castro assegurou que as Pequenas Centrais Hidrelétricas já estão

consolidadas no Brasil e não apresentam nenhum risco. “Então, as taxas de juros podem se manter baixas para esse tipo de empreendimento”, afirmou o coordenador do Gesel. Ele disse que o BNDES sempre priorizou o financiamento de projetos de fontes alternativas de energia e

Referências

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