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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2.ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais

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Recurso Cível JEF: 2008.70.50.011288-6

Recorrente(s): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Recorrido(s): REGINA RITA BERTOCCO

Relator: Juiz Federal Leonardo Castanho Mendes

RELATÓRIO

O recurso do INSS investe contra sentença que julgou procedente o

pedido da autora de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

Diz, em síntese, que não é possível a conversão de especial para

comum de período posterior a 28/05/1998. Aduz, ainda, que não é possível

a conversão de especial para comum do período de 20/02/1997 a

24/10/2002 e que a data de início do benefício deve ser fixada na data da

citação do INSS. Destaca o INSS, também, que a contagem de tempo de

contribuição realizada na sentença não se baseou em documentação idônea.

Com contrarrazões, vieram os autos a esta Turma.

É o relatório.

VOTO

Possibilidade de conversão de tempo especial em comum após

28/05/1998

Destaco, inicialmente, que é possível a conversão de tempo de

serviço especial em comum mesmo após 28/05/1998, conforme orientação

jurisprudencial.

EMENTA CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÃO A 28 DE MAIO DE 1998. INEXISTÊNCIA DE ARRIMO LEGAL. 1. Conquanto tenha a Medida Provisória nº 1.663-10, de 28.05.1998, em seu artigo 28, determinado, de maneira expressa, a revogação do § 5º do artigo 57 da Lei nº 8.213, de 1991, não se manteve tal determinação na lei de conversão respectiva (a Lei nº 9.711, de 20.11.1998). 2. O fato de o Decreto nº 3.048, de 1999, na redação original de seu artigo 70, haver regulamentado a conversão do tempo de serviço exercido até 28.05.1998, não desautoriza tal conclusão, eis que não poderia dispor diferentemente da lei em sentido formal. Ademais, a própria

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redação de tal artigo 70 do Decreto veio a ser alterada (através do Decreto nº 4.827, de 2003), de modo que, atualmente, estatui serem as regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dele constantes aplicáveis “ao trabalho prestado em qualquer período”. 3. Não prospera o argumento de que, a despeito de haver suprimido a revogação expressa do artigo 57, § 5º, da Lei nº 8.213/1991, teria a Lei nº 9.711/1998, através de seu artigo 28 (o qual, como visto, estatui que “O Poder Executivo estabelecerá critérios para a conversão do tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998”), mantido a vedação à conversão de tempo de serviço especial em comum. Não se poderia supor que o legislador, deliberadamente, tenha suprimido um dispositivo de dicção clara e direta – “Revogam-se (...) o § 5º do art. 57 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991”, tal como estatuía a redação original da MP, antes da conversão em lei –, para proibir a conversão do tempo de serviço de maneira subliminar e indireta, através do citado artigo 28. 4. Pedido de uniformização conhecido e improvido. (TNU, Incidente de Uniformização 200461840057125, Relatora Juíza Federal Joana Carolina Lins Pereira, Data da decisão: 27/03/2009, DJ 22/05/2009).

Anote-se que a Súmula nº 16, da Turma Nacional de Uniformização

[“A conversão em tempo de serviço comum, do período trabalhado em

condições especiais, somente é possível relativamente à atividade exercida

até 28 de maio de 1998 (art. 28 da Lei nº 9.711/98)”], foi cancelada em

27/03/2009 (DJ 24/04/2009).

Assim, passo à análise do período controvertido em sede recursal.

Período de 20/02/1997 a 24/10/2002

Insurge-se o INSS contra a conversão de especial para comum do

período acima, alegando que a exposição a agentes nocivos não era habitual

e permanente.

Assiste razão ao INSS.

De acordo com o formulário apresentado com a petição inicial (doc.

OUT13), no período acima, a autora exerceu a atividade de assistente

social, no Centro Médico I da Associação Prudentina de Educação e

Cultura – APEC.

Como atividades da autora, o formulário destacou as seguintes:

“agendar consulta para pacientes em outros hospitais da região, solicitar

ambulância nas prefeituras de cidades vizinhas para buscar pacientes que

estão de alta, visitar pacientes nas clínicas de internações, orientar

visitantes e familiares quanto às normas e rotinas do Hospital

Universitário no momento das visitas, articular transferência de pacientes

para outros hospitais e agendar cirurgias.”

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Embora o formulário tenha destacado que a autora estava exposta a

agentes biológicos, o período não deve ser convertido de especial para

comum.

A descrição das atividades desempenhadas pela autora deixa claro

que além das atividades de assistência social no atendimento a pacientes, a

autora também agendava consultas, solicitava ambulância, orientava

visitantes e familiares, articulava sobre a transferência de pacientes para

outros hospitais e agendava cirurgias. Dessa forma, ainda que ela estivesse

em contato com agente nocivo em alguma das atividades desempenhadas, a

variabilidade de funções não permite concluir pela habitualidade e

permanência da exposição, conforme exigido pela legislação.

O código 1.3.2 do Decreto nº 53.831/64 dispõe que é considerada

especial a atividade submetida a “Germes infecciosos ou parasitários

humanos – animais. Serviços de Assistência Médica, Odontológica e

Hospitalar em que haja contato obrigatório com organismos doentes ou

com materiais infecto-contagiantes”, o que não restou demonstrado nos

autos de forma habitual e permanente. O mesmo código prevê a

especialidade para “trabalhos permanentes expostos ao contato com

doentes ou materiais infecto-contagiantes – assistência médica,

odontológica e outras atividades afins”. Entretanto, a autora, exercendo a

atividade de assistente social, era responsável por várias atividades de

organização e orientação, não estando exposta, de forma habitual e

permanente, ao contato com doentes ou materiais infecto-contagiantes.

O Decreto nº 83.080/79 não trouxe grandes inovações ao tratar do

assunto, mantendo a exigência de “contato permanente com doentes ou

materiais infecto-contagiantes” para ser considerada a especialidade da

atividade, o que não restou comprovado no caso dos autos.

Já decidiu esta 2.ª Turma Recursal:

“Analisando a descrição das atividades desenvolvidas pela recorrida não é possível concluir que estivesse diretamente em contato com os agentes nocivos indicados naquele documento. A descrição é clara para o exercício de atividades burocráticas relacionadas com o setor de saúde, especialmente quando se toma em consideração os verbos planejar, organizar, normatizar, executar, avaliar e supervisionar constantes no formulário. Não se trata, a toda evidência, de profissional da saúde como médicos e enfermeiros, por exemplo, que normalmente estão em contato direto com doentes. Além disso, a indicação da exposição a agentes agressivos de forma genérica presentes em praticamente todas as atividades dos profissionais da saúde (vírus, bactérias, fungos etc) não convence, mormente quando o formulário mesmo é categórico ao informar que a exposição ocorria em ambientes insalubres. Ora, em nenhum momento houve menção de que a recorrida exerce as atividades descritas em ambiente insalubre.

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Ao contrário, o setor de exercício da atividade foi equipe distrital. Não se nega que a recorrida em razão de suas funções esteve em hospitais, centros de emergência e congêneres. Porém, não é crível que durante toda sua jornada de trabalho esteve em ambientes sujeitos a agentes nocivos. Disso decorre a dúvida sobre a habitualidade e permanência da exposição. Cumpre destacar que não é simples presença ou referência a determinados agentes (químicos, biológicos ou físicos) que qualifica a atividade, mas, principalmente, é a exposição do segurado a níveis superiores aos de tolerância. Riscos, evidentemente, todo o cidadão mortal está sujeito. É certo que uns com mais e outros com menos intensidade. E, para tanto, especialmente no que diz respeito ao trabalho, prescreveu o legislador aquelas atividades que reputou, pela ciência ou pela experiência, de risco. Destarte, considerando que as atividades não se encontram arroladas entre aquelas merecedoras de tratamento desigual, as quais se revestem de caráter excepcional, bem como, que não há prova estreme de dúvidas sobre a exposição habitual e permanente aos agentes agressivos mencionados na legislação da época, merece trânsito a insurgência da autarquia para julgar improcedente o pedido relacionado à conversão do tempo de serviço e, por conseqüência, de expedição de certidão de tempo de serviço”. (AC nº 2005.70.95.007374-0, Relator JUIZ FEDERAL DANILO PEREIRA JUNIOR, 04/07/2006).

“Pretende o autor o reconhecimento como tempo de serviço especial do período compreendido entre 10.03.1977 e 20.12.1992, em que trabalhou como zelador no Hospital Universitário Regional Norte do Paraná – Universidade Estadual de Londrina. Para comprovar sua alegação, apresentou o formulário DSS8030 e laudo técnico anexos à inicial (LAU9 a 13 e OUT6, respectivamente).Pois bem, o simples fato de exercer as suas atividades em unidade hospitalar, só por si, não gera, necessariamente a presunção de que labora em ambiente insalubre. Aliás, tal presunção afronta a própria legislação sanitária que, de longa data, busca regulamentar a atividade hospitalar, inclusive tipificando como infração administrativa a sua inobservância (hoje, entre outras, também atribuição da ANVISA, e das Secretarias Estaduais, vg. no Estado do Paraná, Lei Estadual 13.331, de 23/11/01 – Código de Saúde do Paraná, regulamentado pelo Decreto Estadual nº 5.711/02).Sem olvidar, também, que uma unidade hospitalar possui inúmeros setores (recepção, posto de enfermagem, UTI, berçário, centro cirúrgico, etc.). Segundo o laudo, no exercício de suas atribuições -- as quais são variadas, abrangendo coleta de lixo, atividades na lavanderia, pintura, limpeza, entre outras -- o autor estava exposto “aos agentes nocivos à saúde de origem biológica e química”. Entretanto, tal informação mostra-se lacônica e imprecisa, já que, nada obstante o expert relacione -- no item III -- o instrumental utilizado, não precisa a intensidade das referidas exposições, quer qualitativa, quer quantitativamente. Cumpre observar que os riscos referidos, na verdade, se estenderiam inclusive àqueles que em visita ao hospital lá permanecessem por alguns minutos. Insta considerar que não basta para que uma atividade seja considerada especial mera referência à presença de agentes insalutíferos, porquanto não é a presença destes agentes que torna uma atividade especial, mas, sim, a caracterização de uma situação que expõe o trabalhador a níveis superiores aos limites de tolerância, um risco agravado. Aliás tenho consignado,

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por exemplo: o cloro encontra-se discriminado no Anexo I do Decreto nº 83.080/79, item 1.2.11, como elemento químico que qualifica determinadas atividades profissionais. Ora, o cloro é encontrado na água da torneira, nas piscinas, no sal de cozinha, e, inexoravelmente, não coloca em risco a saúde. Ipso facto, não é a presença do elemento químico em si, mas o excesso, o fato de ultrapassar o nível de tolerância. É inequívoco que as atividades desenvolvidas pelo autor são habituais e permanentes, pressuposto ou melhor característica da relação de emprego, todavia não se pode, à mingua de qualquer elemento técnico e suscetível de comprovação, admitir-se a habitualidade e permanência da exposição, porquanto é inolvidável que em seus diversos afazeres o segurado não tinha contato permanente. Portanto, não vislumbro, com os documentos juntados, possibilidade em se admitir a conversão do período pleiteado.” (Autos nº 2005.70.51.007087-5, Relator Juiz Federal Danilo Pereira Júnior, 12.12.2006).

Em resumo, apesar da relevância social e do natural desgaste

emocional imposto pela atividade, o fato de a autora ter trabalhado em

centro médico não significa que estava exposta a algum agente nocivo

caracterizador de especialidade. E, como dito, ainda que estivesse exposta a

agente biológico em algum momento de sua jornada de trabalho, tal

exposição não era habitual e permanente.

Dessa forma, o período de 20/02/1997 a 24/10/2002 não merece ser

convertido de especial para comum.

O juízo de origem, no entanto, deverá efetuar a contagem de tempo

de contribuição da autora e conceder-lhe o benefício de aposentadoria por

tempo de contribuição, na forma proporcional, caso cumpridos os

requisitos.

Fixação da DIB

Em recente decisão, a Turma Regional de Uniformização da 4ª

Região, passou a decidir que "Os efeitos financeiros da concessão ou

revisão dos benefícios previdenciários concedidos deverão retroagir à data

do requerimento administrativo em qualquer caso, desde que cumpridos

todos os requisitos legais" (IUJEF 2008.72.63.000893-5/SC - COJEF -

Informativo da sessão do dia 13/12/2010).

Nesse mesmo sentido é a orientação jurisprudencial da Turma

Nacional de Uniformização:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. EFEITOS FINANCEIROS. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS QUANDO DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. COMPROVAÇÃO EM JUÍZO. DISPOSIÇÃO LEGAL EXPRESSA. SÚMULA 33 DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. 1. Na dicção da Súmula 33 da TNU, "Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço nada data do requerimento

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administrativo, esta data será o termo inicial da concessão do benefício". 2. Segundo a teoria da norma, uma vez aperfeiçoados todos os critérios da hipótese de incidência previdenciária, desencadeia-se o juízo lógico que determina o dever jurídico do INSS conceder a prestação previdenciária. A questão da comprovação dos fatos que constituem o antecedente normativo constitui matéria estranha à disciplina da relação jurídica de benefícios e não inibem os efeitos imediatos da realização, no plano dos fatos, dos requisitos dispostos na hipótese normativa. 3. A revisão de uma aposentadoria gera efeitos a partir da data do requerimento administrativo quando os requisitos legais já eram aperfeiçoados pelo segurado desde então, ainda que a sua comprovação somente tenha sido possível em juízo. 4. O pagamento de diferenças desde a data da entrada do requerimento administrativo de aposentadoria não constitui instrumento de penalização da entidade previdenciária, mas exigência de norma jurídica expressa concretizadora da cláusula do direito adquirido (Lei 8.213/91, art. 49, II). 5. É inaceitável o sacrifício de parcela de direito fundamental de uma pessoa em razão de ela - que se presume desconhecedora do complexo arranjo normativo previdenciário - não ter conseguido reunir, no âmbito administrativo, a documentação necessária para a perfeita demonstração de seu direito. 6. Pedido de Uniformização conhecido e provido.

(Turma Nacional de Uniformização, IUJEF 200471950201090, Relator Juiz Federal José Antonio Savaris, DJ 23/03/2010).

Assim, mantenho a data de início do benefício na data de entrada do

requerimento administrativo, caso a autora faça jus ao benefício.

Contagem de tempo de contribuição

Recorre o INSS, ainda, sobre a contagem de tempo de contribuição

constante da sentença.

No entanto, a autarquia apenas formalmente manifesta seu

inconformismo – em função de não atacar especificamente qualquer

documento – e transfere à instância recursal um dever de revisão geral ou

de reexame da sentença impugnada. Com a falta de especificação do caso

concreto, transfere-se ao Poder Judiciário um ônus que é da parte, isto é, a

de identificação dos pontos em que a sentença deu má aplicação do direito à

espécie. Em suma, o recorrente deve impugnar especificamente os

fundamentos da sentença cuja reforma pretende.

É imprescindível, portanto, que a parte fundamente a sua

insurgência, efetivamente atacando a sentença e justificando, de forma

circunstanciada, a necessidade da sua reforma ou anulação.

Dessa forma, o recurso do INSS não merece ser conhecido quanto ao

ponto.

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Conclusão

Esse o contexto, voto por NÃO CONHECER DO RECURSO DO

INSS, no tocante à contagem do tempo de contribuição da autora e, no

mais, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos

termos da fundamentação.

Sem honorários.

Liquidação a cargo do juízo de origem (inclusive a apuração do

tempo de contribuição).

Considero prequestionados especificamente todos os dispositivos

legais e constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e

contrarrazões de recurso, porquanto a fundamentação ora exarada não viola

qualquer dos dispositivos da legislação federal ou a Constituição da

República levantados em tais peças processuais. Desde já fica sinalizado

que o manejo de embargos para prequestionamento ficarão sujeitos à multa,

nos termos da legislação de regência da matéria.

É como voto.

Leonardo Castanho Mendes

Juiz Federal Relator

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