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Viabilidade genética de restaurações florestais : diversidade e estrutura genética em Myroxylon peruiferum L.f.

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Viabilidade gen´

etica de restaura¸

oes florestais: Diversidade e

estrutura gen´

etica em Myroxylon peruiferum L.f.

Campinas

2014

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INSTITUTO DE BIOLOGIA

Kaiser Dias Schwarcz

Viabilidade gen´

etica de restaura¸

oes florestais: Diversidade e

estrutura gen´

etica em Myroxylon peruiferum L.f.

Tese apresentada ao Instituto de Biologia da Unicamp para obten¸c˜ao do T´ıtulo de Doutor em Gen´etica e Biologia Molecular na ´area de Gen´etica vegetal e melhoramento.

Orientadora: Dra. Maria Imaculada Zucchi

Co-orientador: Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE `A VERS ˜AO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO KAISER DIAS SCHWARCZ, E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. MARIA IMACULADA ZUCCHI

Campinas

2014

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A degrada¸c˜ao ecol´ogica e o desflorestamento s˜ao processos que se iniciaram h´a muito tempo e cuja hist´oria confunde-se com a da agricultura.

A Mata Atlˆantica ´e a segunda maior floresta tropical em ocorrˆencia e importˆancia na Am´erica do Sul, possuindo grande diversidade biol´ogica e altos n´ıveis de endemismo. A ocupa¸c˜ao desordenada da Mata Atlˆantica causou sua redu¸c˜ao a 11,26% de sua ´area original, com distribui¸c˜ao de forma fragmentada pelo territ´orio brasileiro. A destrui¸c˜ao da Mata Atlˆantica tem resultado na elimina¸c˜ao de muitas popula¸c˜oes e, potencial-mente, na eros˜ao da diversidade gen´etica de diversas esp´ecies. Essa combina¸c˜ao de alto endemismo e forte amea¸ca de extin¸c˜ao, faz com que a Mata Atlˆantica seja considerada um hotspot para a conserva¸c˜ao.

Nas ´ultimas d´ecadas a recupera¸c˜ao de ecossistemas degradados recebeu a aten¸c˜ao da comunidade cient´ıfica, dando origem ao campo do conhecimento chamado Ecologia da Restaura¸c˜ao, que se dedica aos estudos te´oricos dos princ´ıpios, pr´aticas, resultados e conseq¨uˆencias de projetos de restaura¸c˜ao. O estudo e monitoramento de ´areas de restaura¸c˜ao florestal ´e essencial para melhorar as t´ecnicas de restaura¸c˜ao em ecossis-temas tropicais e subtropicais. Para que uma determinada esp´ecie se perpetue em uma ´

area em processo de restaura¸c˜ao, ´e preciso que a mesma desenvolva todo o seu ciclo de vida e que gerem descendentes capazes de se desenvolver a ponto de substituir as ´

arvores m˜aes quando as mesmas entrarem em senescˆencia. Por isso h´a a necessidade de se estudar a variabilidade gen´etica de popula¸c˜oes arb´oreas dentro de ´areas de floresta restaurada, assim como a ocorrˆencia e efetividade do fluxo gˆenico entre estas ´areas e os fragmentos de seu entorno. Neste trabalho, estudamos a variabilidade gen´etica de Myroxylon peruiferum L. f., em duas diferentes ´areas de restaura¸c˜ao florestal e em duas ´

areas de remanescentes naturais de Floresta Estacional Semidecidual.

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apo-naturais. A principal diferen¸ca entre ´areas naturais e restauradas foi a menor riqueza de alelos endˆemicos nestas ´ultimas o que ´e um efeito de amostragem que favorece a perda de alelos raros. A ´area de restaura¸c˜ao florestal mais antiga em Cosm´opolis apresentou uma estrutura¸c˜ao gen´etica espacial compat´ıvel com a de ´areas naturais. O mesmo n˜ao ocorreu com a restaura¸c˜ao mais recente de Iracem´apolis. Observou-se a ocorrˆencia de estrutura¸c˜ao gen´etica local nas ´areas naturais e na ´area de restaura¸c˜ao mais antiga e ind´ıcios de fluxo gˆenico entre os ´areas nativas e restauradas.

Um estudo adicional do efeito de amostragem sobre as freq¨uˆencias al´elicas demons-trou o fenˆomeno de perda de alelos com baixa freq¨uˆencia em eventos de amostragem. O mesmo trabalho indicou que uma amostra de cerca de 30 indiv´ıduos ´e capaz de repre-sentar adequadamente alelos com freq¨uˆencias acima de 0,05; sendo este um bom n´umero a se considerar na sele¸c˜ao de matrizes para fornecimento de mudas para restaura¸c˜ao florestal.

(9)

Ecological degradation and deforestation are processes that started long ago and whose history is intertwined with that of agriculture. Atlantic Forest is the second largest rainforest in occurrence and importance in South America, having great biolog-ical diversity and high levels of endemism. Disordered occupation of Atlantic Forest caused its reduction to 11.26% of the original area, with distribution in forest fragments poorly conected across the Brazilian territory. Destruction of the Atlantic Forest has resulted in the elimination of many populations and potentially the erosion of genetic diversity of several species. This combination of high endemism and strong threat of extinction causes the Atlantic Forest to be considered a hotspot for conservation.

In the last decades recovery of degraded ecosystems has received attention from the scientific community giving birth to an new area of knowledge called the Restoration Ecology. The study and monitoring of areas of forest restoration is essential to improve restoration techniques in tropical and subtropical ecosystems. For a given species to perpetuate itself in an area undergoing a restoration process, it needs to develop its whole life cycle and generates progeny capable of developing to the point of replacing mothers trees when they die. Therefore there is a need to study the genetic variabil-ity of tree populations within areas of restored forest, as well as the occurrence and effectiveness of gene flow between these areas and surrounding fragments. We studied the genetic variability of Myroxylon peruiferum L. f., in two different areas of forest restoration and in two areas of natural remnants of semideciduous forest.

Our results indicates that restorations in Cosmopolis and Iracem´apolis conserve ge-netic and allelic diversity (HE) similar to that of natural remnants. The main difference between natural and restored areas was the lowest richness of endemic alleles which is the result of a sampling effect that favors the loss of rare alleles. The area of older forest restoration in Cosmopolis presented a spatial genetic structure consistent with natural

(10)

occurrence of local genetic structure in natural areas and in the area of older restoration and evidence of gene flow between native and restored areas.

An additional study about the effect of sampling size on allele frequencies showed the phenomenon of loss of low frequency alleles in sampling events. The same study found that a sample of about 30 individuals are able to adequately represent alleles with frequencies above 0.05; this is a good number to consider in selecting matrix trees to supply seedlings for forest restoration.

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Resumo vii

Abstract ix

Sum´ario xi

Lista de Figuras xv

Lista de Tabelas xvii

Lista de Abrevia¸c˜oes xix

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Hist´orico da degrada¸c˜ao ambiental no mundo . . . 1

1.2 Mata Atlˆantica . . . 2

1.3 Consequˆencias da degrada¸c˜ao ambiental . . . 5

1.3.1 Fragmenta¸c˜ao florestal . . . 7

1.3.2 Impedimento do fluxo gˆenico e aumento da endogamia . . . 7

1.3.3 Deriva gen´etica . . . 9

1.3.4 Efeito de Borda . . . 11

1.4 Restaura¸c˜ao florestal . . . 12

1.4.1 Restaura¸c˜ao e Fragmentos florestais . . . 15

1.4.2 Regionalidade . . . 18

1.5 Justificativa: Por que preservar e restaurar a Mata Atlˆantica? Por que este estudo? . . . 20

1.6 Marcadores Moleculares . . . 21

1.6.1 Microssat´elites . . . 21

(12)

2.1 Objetivos Espec´ıficos . . . 25

3 Coleta e extra¸c˜ao de DNA 26 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 26

3.2 Metodologia . . . 26

3.2.1 Areas de estudo . . . .´ 26

3.3 Resultados . . . 31

3.3.1 Amostragem das popula¸c˜oes . . . 31

4 Desenvolvimento de bibliotecas de microssat´elites 33 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 33

4.2 Objetivos . . . 33

4.3 Metodologia . . . 33

4.3.1 Desenvolvimento de bibliotecas enriquecidas com microssat´elites . . . . 33

4.4 Resultados . . . 40

5 Padroniza¸c˜ao das amplifica¸c˜oes de regi˜oes microssat´elites 42 5.1 Introdu¸c˜ao . . . 42

5.2 Objetivos . . . 42

5.3 Metodologia . . . 42

5.3.1 Genotipagem de locos de microssat´elites nucleares (SSR) em gel de po-liacrilamida . . . 42

5.3.2 Genotipagem de locos de microssat´elites cloroplastidiais (cpSSR) . . . . 43

5.4 Resultados . . . 45

5.4.1 Padroniza¸c˜ao das rea¸c˜oes de amplifica¸c˜ao de SSR nucleares em M. peruiferum 45 5.4.2 Padroniza¸c˜ao das rea¸c˜oes de amplifica¸c˜ao de SSR cloroplastidiais em M. peruiferum . . . 47

(13)

6.2 Objetivos . . . 49

6.3 Metodologia . . . 50

6.3.1 Amplifica¸c˜ao e genotipagem dos locos microssat´elites . . . 50

6.3.2 An´alise estat´ıstica dos resultados . . . 50

6.4 Resultados . . . 52

6.4.1 Caracteriza¸c˜ao de SSR em M. peruiferum . . . 52

6.4.2 Caracteriza¸c˜ao de cpSSR em M. peruiferum . . . 56

6.4.3 Compara¸c˜ao de diversidade e estrutura gen´etica entre diferentes faixas de idade . . . 60

6.5 Discuss˜ao . . . 63

7 Identifica¸c˜ao e descri¸c˜ao da estrutura gen´etica local 68 7.1 Introdu¸c˜ao . . . 68

7.2 Objetivos . . . 68

7.3 Metodologia . . . 68

7.3.1 An´alise estat´ıstica dos dados . . . 68

7.4 Resultados . . . 72

7.4.1 Correla¸c˜ao entre parentesco e distˆancia espacial . . . 72

7.4.2 Estrutura¸c˜ao gen´etica por ´area de estudo . . . 83

7.5 Discuss˜ao . . . 89

8 Impacto do tamanho amostral nas estimativas de freq¨uˆencias al´elicas e hete-rozigosidade 92 8.1 Objetivos . . . 95 8.2 Metodologia . . . 95 8.3 Resultados . . . 96 8.4 Discuss˜ao . . . 102 9 Conclus˜ao 104

(14)

Bibliografia 109

11 Anexo I: Resultados da genotipagem de M. peruiferum por loco e por

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1.1 Extens˜ao do Dom´ınio Mata Atlˆantica . . . 4

1.2 Folhas e frutos de Myroxylon peruiferum . . . 24

3.1 Imagem a´erea das ´areas de estudo . . . 30

4.1 Tipos de repeti¸c˜oes microssat´elites encontradas nas bibliotecas constru´ıdas para M. peruiferum . . . 40

5.1 Gel de padroniza¸c˜ao dos primers de cpSSR em M. peruiferum . . . 44

6.1 Exemplo de gel de genotipagem de locos SSR nucleares em M. peruiferum . . . 52

6.2 Riqueza de alelos privados . . . 54

6.3 Riqueza de alelos privados . . . 55

6.4 Coeficiente de endogamia (f ) por ´area de coleta . . . 56

6.5 Rede de hapl´otipos cloroplastidiais em M. peruiferum . . . 57

6.6 Riqueza de alelos privados por idade . . . 62

6.7 Probabilidade de reten¸c˜ao de alelos raros . . . 65

7.1 Coeficientes de parentesco em fun¸c˜ao da distˆancia: SSR nucleares . . . 74

7.2 Coeficientes de parentesco em fun¸c˜ao da distˆancia: SSR nucleares . . . 75

7.3 Agrupamento das popula¸c˜oes de M. peruiferum para K = 2 . . . 77

7.4 Agrupamento das popula¸c˜oes de M. peruiferum para K = 3 . . . 77

7.5 Agrupamento das popula¸c˜oes de M. peruiferum para K = 4 . . . 77

7.6 Diferencia¸c˜ao de diferentes grupos gen´eticos feitas por DAPC com agrupamen-tos a priori . . . 78

7.7 Gr´aficos de dispers˜ao dos componentes principais . . . 78

7.8 Discrimina¸c˜ao de diferentes grupos gen´eticos feitas por DAPC sem agrupamen-tos a priori . . . 80

7.9 Coeficientes de parentesco em fun¸c˜ao da distˆancia: SSR cloroplastidiais 1 . . . 81

7.10 Coeficientes de parentesco em fun¸c˜ao da distˆancia: SSR cloroplastidiais 2 . . . 82 7.11 Discrimina¸c˜ao de diferentes grupos gen´eticos feitas por DAPC na E.E. Caetetus 84

(16)

e na A.R.I.E. Santa Genebra . . . 85

7.13 Localiza¸c˜ao dos clusters gen´eticos nas ´areas de estudo . . . 87

7.14 Riqueza de alelos privados . . . 88

7.15 Coeficiente de endogamia (f ) por cluster gen´etico . . . 88

8.1 Impacto do tamanho amostral sobre freq¨uˆencias al´elicas e HE . . . 97

8.2 Varia¸c˜ao das freq¨uˆencias al´elicas por tamanho amostral . . . 98

8.3 Varia¸c˜ao de HE por tamanho amostral . . . 99

8.4 Varia¸c˜ao de HE multi-loco por tamanho amostral . . . 100

(17)

3.1 Execu¸c˜ao de coletas . . . 32

4.1 Oligonucleot´ıdeos desenhados para amplifica¸c˜ao de microssat´elites nucleares . . 41

5.1 Rea¸c˜ao de PCR para amplifica¸c˜ao de SSR nucleares em M. peruiferum . . . 45

5.2 Programa¸c˜ao para amplifica¸c˜ao de SSR nucleares em M. peruiferum - 1 . . . . 46

5.3 Programa¸c˜ao para amplifica¸c˜ao de SSR nucleares em M. peruiferum - 2 . . . . 46

5.4 Rea¸c˜ao de PCR para amplifica¸c˜ao de microssat´elites cloroplastidiais (cpSSR) em M. peruiferum . . . 47

5.5 Programa¸c˜ao de termociclagem para amplifica¸c˜ao de microssat´elites cloroplas-tidiais (cpSSR) em M. peruiferum . . . 47

6.1 Resultados da genotipagem de M. peruiferum por popula¸c˜ao . . . 53

6.2 Resultados da genotipagem de M. peruiferum por popula¸c˜ao com Caetetus unificado . . . 54

6.3 Resultados de estrutura¸c˜ao em M. peruiferum . . . 57

6.4 Matriz de ocorrˆencia de hapl´otipos cloroplastidiais . . . 58

6.5 AMOVA de cpSSR em M. peruiferum . . . 59

6.6 Resultados de estrutura¸c˜ao de cloroplastos em M. peruiferum . . . 59

6.7 Resultados da genotipagem de M. peruiferum por cluster . . . 61

6.8 Diversidade gen´etica em esp´ecies arb´oreas tropicais . . . 64

7.1 Estutura¸c˜ao gen´etica espacial (EGE) por SSR nucleares . . . 76

7.2 Resultados de estrutura¸c˜ao em M. peruiferum por cluster . . . 83

7.3 Resultados da genotipagem de M. peruiferum por cluster . . . 86

(18)
(19)

µM micromolar; o mesmo que µmol/L.

µg microgramas.

µmol micromol.

θ ´ındice de divergˆencia interpopulacional conforme descrito por Weir & Cockerham (1984).

cluster conjunto de indiv´ıduos de uma esp´ecie cuja seme-lhan¸ca gen´etica entre seus membros ´e maior que a semelhan¸ca com membros de outros clusters. f ´ındice de fixa¸c˜ao intrapopulacional conforme

de-scrito por Weir & Cockerham (1984); coeficiente de endogamia.

A.R.I.E. Santa Genebra Area de Relevante Interessa Ecol´´ ogico Mata Santa Genebra.

ad indiv´ıduos adultos.

Afa I enzima de restri¸c˜ao obtida de Acidiphilium facilis, anteriormente denoominada Rsa I.

AMOVA an´alise de variˆancia molecular.

Cae mesmo que E.E. Caetetus.

Cae 1 mesmo que Caetetus borda.

Cae 2 mesmo que Caetetus parcela.

Caetetus borda regi˜ao de borda na E.E. Caetetus.

Caetetus parcela parcela permanente do projeto BIOTA/FAPESP na E.E. Caetetus.

(20)

Cos mesmo que Cosm´opolis.

Cosm´opolis restaura¸c˜ao florestal no munic´ıpio de Cosm´opolis, SP.

cpSSR chloroplast simple sequence repeats; mi-crossat´elites cloroplastidiais.

DA an´alise discriminante.

DAPC an´alise discriminante de componentes principais. dNTP desoxirribonucleot´ıdeos fosfatados.

E.E. Caetetus Esta¸c˜ao Ecol´ogica de Caetetus. EGE estrutura¸c˜ao gen´etica espacial.

GC conte´udo de GC em porcentagem.

HE heterozigosidade esperada em equil´ıbrio de Hardy Weinberg.

HO heterozigosidade observada.

ha hectares.

IC intervalo de confian¸ca.

IPTG isopropil β-D-1-tiogalactopiranos´ıdeo. Ira mesmo que Iracem´apolis.

Iracem´apolis restaura¸c˜ao florestal no munic´ıpio de Iracem´ apo-lis, SP.

(21)

L litro.

M molar; o mesmo que mol/L.

mm milimetro.

P P-valor para testes exatos.

pb pares de bases nitrogenadas.

PCA an´alise de componentes principais.

SP estado de S˜ao Paulo.

SSR simple sequence repeats; microssat´elites nucleares. St. gen mesmo que A.R.I.E. Santa Genebra.

St. Genebra mesmo que A.R.I.E. Santa Genebra.

Ta temperatura de anelamento.

Taq DNA polimerase DNA polimerase de Thermus aquaticus.

TBE solu¸c˜ao tamp˜ao Tris-Borato-EDTA. Tris 89 mM, ´

Acido B´orico 89 mM, EDTA 2 mM.

Tris trisaminometano.

U unidades enzim´aticas.

X-GAL o mesmo que BCIG, 5-bromo-4-cloro-3-indol-β-D-galactopiranos´ıdeo.

(22)
(23)

1.1

Hist´

orico da degrada¸

ao ambiental no mundo

A degrada¸c˜ao ambiental e o desflorestamento s˜ao processos que se iniciaram h´a muito tempo e cuja hist´oria confunde-se com a da agricultura. As primeiras produ¸c˜oes agr´ıco-las, ainda no per´ıodo neol´ıtico, basearam-se no arroteamento de florestas prim´arias pelo m´etodo de abate-queimada. Arbustos e ´arvores de pequeno porte eram cortados e ao entulho de tronco e folhagens resultante era aplicada a queimada. As cinzas misturadas ao solo serviam como adubo para os alimentos cultivados na ´area por um per´ıodo de poucos anos. Findado este per´ıodo, a ´area era deixada em pousio por at´e 50 anos, nos quais ocorriam a regenera¸c˜ao da mata e da biomassa.

Dentre as ´areas pioneiras a submetidas `a esta pr´atica de cultivo florestal destacam-se as florestas do Saara, Oriente M´edio e Mediterrˆaneo. Entre 8.000 e 3.000 AEC a t´ecnica de abate-queimada espalhou-se por todas as popula¸c˜oes humanas. Com a explos˜ao populacional nestas ´areas que desenvolveram ou adquiriram a tecnologia de agricultura, as ´areas de floresta abatida-queimada foram submetidas `a per´ıodos de pousio cada vez mais mais curtos e pr´aticas mais intensivas de supress˜ao da vegeta¸c˜ao.

Ao desenvolvimento da agricultura, precedeu ou acompanhou o processo de seden-tariza¸c˜ao das popula¸c˜oes humanas, que passaram a explorar cada vez mais os recursos madeireiros florestais para a contru¸c˜ao de residˆencias e ferramentas. Acredita-se que essas pr´aticas tenham contribu´ıdo para a acelera¸c˜ao de processos de desertifica¸c˜ao causa-dos por mudan¸cas clim´aticas de causas naturais, em especial no Saara e Oriente M´edio. De 2.000 AEC at´e o ano zero, as florestas de plan´ıcie da Europa Central submetidas `

a estas pr´aticas sofreram intenso processo de desflorestamento que teve continuidade, com menor intensidade, nos s´eculo seguintes.

Em conseq¨uˆencia destes processos, hoje o continente europeu ´e caracterizado pela quase completa ausˆencia de florestas prim´arias. Excess˜oes s˜ao as florestas de altitude

(24)

das montanhas em ´areas de dif´ıcil acesso e o Parque Nacional Floresta da Bialowieza, na Polˆonia e Belarus. Esta trata-se de uma reserva da biosfera com ´area de apenas 1.500 km2 de floresta prim´aria que pertenceu a um extenso complexo de florestas de ca¸ca dos Czares da R´ussia e nas quais foram proibidas atividades de extra¸c˜ao h´a mais de 700 anos.

Desde ent˜ao desenvolveram-se enormemente os m´etodos e tecnologias de extra¸c˜ao de recursos florestais e desmatamento para expans˜ao da fronteira agr´ıcola, desconsiderado a busca pela explora¸c˜ao sustent´avel; o que tem agravado e acelerado enormemente o ritmo do desmatamento de florestas nativas e dificultado sua regenera¸c˜ao ou restaura¸c˜ao (Mazoyer & Roudart, 1998).

Segundo estudo da Embrapa Monitoramento por Sat´elite sobre a evolu¸c˜ao das flo-restas mundiais, a Europa, sem a R´ussia, detinha mais de 7% das florestas do planeta e hoje tem apenas 0,1%. A ´Africa possu´ıa quase 11% e agora tem 3,4%. A ´Asia j´a deteve quase um quarto das florestas mundiais (23,6%), agora possui 5,5% e segue des-matando. No sentido inverso, a Am´erica do Sul que detinha 18,2% das florestas, agora det´em 41,4% e o grande respons´avel por esses remanescentes, cuja representatividade cresce ano a ano, ´e o Brasil (Miranda, 2007). Se o desflorestamento mundial prosseguir no ritmo atual, o Brasil - por ser um dos que menos desmatou - dever´a deter, em breve, quase metade das florestas prim´arias do planeta.

1.2

Mata Atlˆ

antica

A Mata Atlˆantica ´e a segunda maior floresta tropical em ocorrˆencia e importˆancia na Am´erica do Sul (Morellato, 2000) . De acordo com Brown Jr. & Brown (1992), a Mata Atlˆantica possui grande diversidade biol´ogica, sendo caracterizada por altos n´ıveis de endemismo (50% no total, chegando a 95% em alguns grupos).

(25)

(15% do territ´orio nacional), indo do atual Estado do Rio Grande do Norte at´e o Rio Grande do Sul, estendendo-se, nas regi˜oes sul e sudeste, do litoral brasileiro at´e a Argentina e o Paraguai (Collins, 1990; Hirota, 2003). A ocupa¸c˜ao desordenada da Mata Atlˆantica causou sua redu¸c˜ao aos atuais 157.193,37 Km2; 11,26% de sua ´area original, distribu´ıdos de forma fragmentada pelo territ´orio brasileiro (Ribeiro et al., 2009).

At´e hoje s˜ao exploradas, nesse dom´ınio, in´umeras esp´ecies florestais arb´oreas. Se por um lado essa atividade gera emprego e divisas para a economia nacional, grande parte da explora¸c˜ao da flora atlˆantica acontece de forma predat´oria e ilegal, estando muitas vezes associada ao tr´afico internacional de esp´ecies (Tabarelli et al., 2005). Contribuem ainda para o alto grau de degrada¸c˜ao da Mata Atlˆantica a expans˜ao da ind´ustria, do turismo e da urbaniza¸c˜ao, causando a supress˜ao de vastas ´areas de biodiversidade, com a poss´ıvel perda de esp´ecies conhecidas e ainda desconhecidas pela ciˆencia, influindo na quantidade e qualidade da ´agua de rios e mananciais, na fertilidade do solo e afetando caracter´ısticas do micro-clima.

De acordo com a lei da Mata Atlˆantica (11.428/06) (IBGE, 1992; Funda¸c˜ao SOS Mata Atlˆantica & INPE, 2010), considera-se integrante do Dom´ınio Mata Atlˆantica: Florestas Ombr´ofilas Densas; Florestas Ombr´ofilas Mistas, tamb´em denominada Mata de Arauc´aria; Florestas Ombr´ofilas Aberta; Florestas Estacionais Semideciduais; Flo-restas Estacionais Deciduas; bem os manguezais; as vegeta¸c˜oes de restinga, campos de altitude; brejos interioranos e encraves florestais do nordeste (figura 1.2).

Em virtude desta alta cobertura e heterogeneidade das condi¸c˜oes ambientais, a Mata Atlˆantica ´e um habitat reconhecido por sua grande diversidade. Estima-se que 1 a 8% das esp´ecies do mundo estejam na Mata Atlˆantica (Myers et al., 2000), com cerca de 20.000 esp´ecies de plantas, mais de 1.400 de vertebrados terrestres; milhares de esp´ecies de invertebrados (Laurance, 2009) e mais de 8000 esp´ecies endˆemicas (Tabarelli et al., 2005). A sua destrui¸c˜ao tem resultado na elimina¸c˜ao de muitas popula¸c˜oes e, potencialmente, na eros˜ao da diversidade gen´etica de diversas esp´ecies. Essa combina¸c˜ao

(26)

de alto endemismo e forte amea¸ca de extin¸c˜ao, faz com que a Mata Atlˆantica seja considerada um hotspot para a conserva¸c˜ao (Myers et al., 2000).

Figura 1.1: Extens˜ao do Dom´ınio Mata Atlˆantica conforme Lei Federal 11428/2006, Decreto 6660/2008. Fonte: Funda¸c˜ao SOS Mata Atlˆantica & INPE (2010).

A floresta atlˆantica semidec´ıdua ´e um dos principais tipos de forma¸c˜oes vegetais con-stituintes da Mata Atlˆantica Brasileira, sendo hoje uma de suas fisionomias remanes-centes mais importantes; estende-se ao longo das regi˜oes central e sudeste do interior do pa´ıs. O clima predominante ao longo de sua distribui¸c˜ao ´e sazonal com uma esta¸c˜ao seca relativamente intensa, que geralmente se estende de abril a setembro. (Morellato, 2000; Oliveira-Filho & Fontes, 2000).

No Estado de S˜ao Paulo, os ecossistemas florestais que antes cobriam mais de 80% de sua superf´ıcie foram reduzidos, drasticamente, a menos de 5% (CONSEMA, 1985). A introdu¸c˜ao da cultura cafeeira, exigente em clima e solo, foi a principal bandeira de

(27)

desenvolvimento do estado. Com a sua expans˜ao, ocorreu a ocupa¸c˜ao de terras virgens e cobertas por matas. As Florestas Estacionais Semidec´ıduas tˆem ampla distribui¸c˜ao no interior do Estado de S˜ao Paulo, sendo um exemplo claro do processo de fragmenta¸c˜ao, constituindo ilhas de vegeta¸c˜ao em meio a uma matriz dominada pela agricultura e por grandes centros urbanos (Nascimento et al., 1999).

1.3

Consequˆ

encias da degrada¸

ao ambiental

O processo de degrada¸c˜ao ecol´ogica de florestas causado pela supress˜ao da vegeta¸c˜ao nativa pode ocorrer de duas formas: 1) pela supress˜ao parcial de vegeta¸c˜ao, causando a degrada¸c˜ao do habitat mas sem alterar a continuidade da unidade florestal, ou 2) pela supress˜ao total da vegeta¸c˜ao e substitui¸c˜ao por matriz de uso econˆomico (pasto, agricultura, ocupa¸c˜ao urbana, etc), ocasionando o desaparecimento de parte ou toda a unidade florestal e gerando o processo de fragmenta¸c˜ao entre os remanescentes florestais. Na grande maioria dos casos, ambos os processos ocorrem em conjunto, mas os efeitos diretos de um e outro podem ser disting¨uidos.

A degrada¸c˜ao do habitat, devido `a supress˜ao da vegeta¸c˜ao, pode causar a perda de esp´ecies ou o desequil´ıbrio ecol´ogico das popula¸c˜oes nativas; assim como altera¸c˜oes clim´aticas, edafol´ogicas, de disponibilidade h´ıdrica e regime de ventos. J´a o isolamento populacional e o efeito de borda s˜ao causados mais freq¨uentemente pelo processo de fragmenta¸c˜ao.

A degrada¸c˜ao do habitat pela supress˜ao parcial da vegeta¸c˜ao ainda que n˜ao chegue a causar uma fragmenta¸c˜ao da unidade florestal, traz problemas palp´aveis ao ambiente. Em primeiro lugar, podemos citar a supress˜ao direta de popula¸c˜oes, que pode causar a perda de esp´ecies ou o desequil´ıbrio ecol´ogico das popula¸c˜oes nativas; assim como altera¸c˜oes clim´aticas, edafol´ogicas, de disponibilidade h´ıdrica e regime de ventos.

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Neste processo, algumas esp´ecies s˜ao mais visadas que outras; nomeadamente aquelas que fornecem as chamadas ”madeiras de lei”, utilizadas na constru¸c˜ao civil e de mo-bili´ario, entre outros fins. Ao realizar o extrativismo seletivo dessas esp´ecies, pode-se acabar extinguindo popula¸c˜oes inteiras em amplas ´areas de floresta, mesmo que outras esp´ecies sejam pouco afetadas.

Mesmo quando a supress˜ao dessas popula¸c˜oes n˜ao ´e total, a extra¸c˜ao seletiva reduz o tamanho e densidade populacionais, podendo causar a perda de alelos raros pela simples supress˜ao de todos os indiv´ıduos que os possuem. Outro efeito ser´a o favorecimento da endogamia.

Dois mecanismos podem levar, neste caso, `a endogamia. Primeiro o menor n´umero de indiv´ıduos totais na popula¸c˜ao. Quando a popula¸c˜ao fica limitada a um n´umero reduzido de indiv´ıduos, h´a uma menor possibilidade de combina¸c˜oes de genitores (pai-m˜ae), o que ao longo das gera¸c˜oes subsequentes produzir´a descendentes aparentados, frutos de uma base gen´etica estreita. Esse processo ´e chamado de efeito gargalo ou bottleneck, que voltaremos a discutir mais adiante neste cap´ıtulo ao falarmos de restau-ra¸c˜oes florestais (Nei et al., 1975; Peery et al., 2012).

Considerando F como a probabilidade de autozigose, i.e. a probabilidade de que um indiv´ıduo dipl´oide carregue um par de alelos idˆenticos por descendˆencia (descendentes de uma mesma c´opia al´elica ancestral); e utilizando F como medida de endogamia pop-ulacional, podemos verificar na equa¸c˜ao 1.a que quanto menor o tamanho populacional N, maior ser´a o valor de endogamia F (Hartl & Clark, 1997).

O segundo mecanismo ´e o isolamento de grupos de indiv´ıduos devido `a maior difi-culdade de fluxo de p´olen e sementes, como discutiremos na se¸c˜ao seguinte (1.3.2).

1.a 1 − F =  1 − 1 2N t (1 − F0)

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F = Coeficiente de endogamia N = tamanho populacional efetivo

F0 = coeficiente de endogamia na gera¸c˜ao inicial t = gera¸c˜ao

1.3.1 Fragmenta¸c˜ao florestal

Fragmenta¸c˜ao florestal ´e a substitui¸c˜ao de amplas ´areas de floresta nativa por out-ros ecossistemas, deixando uma s´erie de manchas remanescentes ou fragmentos de mata entremeadas por uma matriz de vegeta¸c˜ao diferenciada e/ou de usos diversos. Os frag-mentos florestais remanescentes s˜ao definidos como qualquer ´area de vegeta¸c˜ao natural cont´ınua, interrompidos por barreiras antr´opicas ou naturais capazes de diminuir sig-nificativamente o fluxo de animais, p´olen e/ou sementes. Esse processo pode alterar os fluxos de vento e radia¸c˜ao ao longo da paisagem, bem como os padr˜oes de migra¸c˜ao e dispers˜ao e o sistema de cruzamento das esp´ecies (Coates & Hamley, 1999; Routley et al., 1999; Saunders et al., 1991).

No processo de fragmenta¸c˜ao tamb´em ocorrer´a e de forma muito mais intensa o efeito de supress˜ao direta de popula¸c˜oes, ou mesmo de esp´ecies endˆemicas por completo, nas ´

areas entre os fragmentos em que a vegeta¸c˜ao for totalmente suprimida e substitu´ıda por uma matriz de usos diversos.

1.3.2 Impedimento do fluxo gˆenico e aumento da endogamia

As a¸c˜oes antr´opicas respons´aveis pelo desmatamento da Mata Atlˆantica h´a muito tˆem interferido no fluxo gˆenico entre as popula¸c˜oes vegetais, ao acentuarem a fragmen-ta¸c˜ao geogr´afica das esp´ecies e de seus habitats. Resultados emp´ıricos revelam que a fragmenta¸c˜ao do habitat tem conseq¨uˆencias gen´eticas que, no entanto, s˜ao mais vari-adas do que seria esperado atrav´es da inferˆencia a partir de modelos simples de gen´etica

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de popula¸c˜oes (Young et al., 1996). A capacidade de dispers˜ao atrav´es da matriz varia conforme o organismo em estudo e com o tipo de vegeta¸c˜ao que substituiu a original (Ricketts, 2001), e pode ser tanto prejudicada como facilitada num ambiente formado por mosaicos de habitats (Tscharntke & Brandl, 2004).

A redu¸c˜ao da densidade populacional causada pela supress˜ao seletiva de indiv´ıduos de uma esp´ecie pode causar o aumento da endogamia devido ao baixo n´umero de indi-v´ıduos na popula¸c˜ao ou pela maior dificuldade de fluxo de p´olen.

O primeiro caso, ´e causado pelo menor n´umero de indiv´ıduos totais na popula¸c˜ao, conforme discutido anteriormente. Na segunda situa¸c˜ao, com a altera¸c˜ao da densidade populacional, insetos dispersores de p´olen podem ser desencorajados a realizar trajetos de forrageio que exijam a travessia de ´areas agora com baixa densidade populacional, for¸cando grupos de polinizadores a permanecerem mais restritos a uma determinada ´

area e, portanto, polinizar indiv´ıduos pr´oximos geograficamente que possivelmente s˜ao tamb´em pr´oximos por descendˆencia.

Essa situa¸c˜ao pode acarretar uma fragmenta¸c˜ao de fato da popula¸c˜ao, incapacitando ou reduzindo drasticamente o fluxo gˆenico, isto ´e, a troca de genes pela dispers˜ao de p´olen e sementes atrav´es da ´area de baixa densidade; ainda que a unidade florestal em si n˜ao seja fragmentada

Esse efeito da degrada¸c˜ao ecol´ogica, assim como outros, ser´a dependente das car-acter´ısticas biol´ogicas e reprodutivas de cada esp´ecie. O caso da intensifica¸c˜ao da en-dogamia ´e aplic´avel `a esp´ecies cujo p´olen s˜ao dispersos por animais, mas n˜ao `aqueles nos quais ´e disperso pelo vento (anemofilia). No caso desses ´ultimos, a altera¸c˜ao da densi-dade populacional pode n˜ao causar dificuldade ao fluxo de p´olen desde que o padr˜ao de ventos na mata n˜ao seja alterado. O fluxo de p´olen por anemofilia pode, em alguns ca-sos, at´e mesmo ser facilitado caso a redu¸c˜ao de densidade populacional seja generalizada para todas as esp´ecies da ´area e desde que a distˆancia entre os indiv´ıduos remanescentes n˜ao seja t˜ao grande a ponto de inviabilizar a troca de p´olen mesmo quando disperso

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pelo vento.

Essa pequena vantagem por´em, n˜ao seria suficiente para compensar as desvantagens da perda de diversidade pela supress˜ao direta de alelos e as consequˆencias da mortal-idade devido `a altera¸c˜ao das caracter´ısticas abi´oticas do ambiente. Al´em disso, cabe ressaltar que a maioria das esp´ecies tropicais ´e polinizada por animais, o que nos per-mite dizer que a redu¸c˜ao da densidade populacional seja em geral prejudicial ao fluxo gˆenico e causadora de endogamia.

Em ambientes fragmentados as esp´ecies arb´oreas s˜ao influenciadas tanto por eventos no n´ıvel das popula¸c˜oes quanto pelo decl´ınio da reprodu¸c˜ao devido `a perda de polin-izadores e dispersores de sementes (Aizen & Feinsinger, 1994).

O baixo n´umero relativo de indiv´ıduos em qualquer fragmento leva a um pequeno tamanho efetivo da popula¸c˜ao a menos que um movimento suficiente de p´olen e sementes ocorra entre fragmentos (Levey et al., 1994). Se este movimento for impedido pela frag-menta¸c˜ao, ao longo das gera¸c˜oes as popula¸c˜oes se tornar˜ao gen´etica e demograficamente independentes. Essas popula¸c˜oes agora n˜ao mais conectadas poder˜ao trocar gametas apenas dentro desse novo grupo populacional mais restrito, o que favorecer´a o aumento das taxas de endogamia.

O aumento da endogamia ´e preocupante visto que reduz o tamanho populacional efetivo (Ne), favorecendo a ocorrˆencia de deriva gen´etica, que pode acarretar perda de diversidade.

1.3.3 Deriva gen´etica

Nos casos em que uma popula¸c˜ao ´e fragmentada, produzindo duas ou mais popula-¸c˜oes independentes com baixo fluxo gˆenico entre entre elas (θ < 0,05), quer haja ou n˜ao tamb´em uma fragmenta¸c˜ao da unidade florestal como um todo; poderemos observar com o tempo o fenˆomeno de deriva gen´etica.

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Podemos interpretar a constitui¸c˜ao de uma nova gera¸c˜ao de uma popula¸c˜ao natural como um processo de amostragem com repeti¸c˜ao. Alguns indiv´ıduos adultos ter˜ao sucesso em passar seus genes `a pr´oxima gera¸c˜ao (i.e. ser˜ao ”amostrados”), enquanto outros n˜ao. Dentre os adultos que obtiverem esse sucesso reprodutivo, alguns ser˜ao mais eficientes que outros. Dessa forma, mesmo na ausˆencia de press˜ao seletiva, cada indiv´ıduo adulto produzir´a aleatoriamente quantidades distintas de descendentes.

A probabilidade de que um alelo em particular seja ”amostrado”e a freq¨uˆencia esper-ada deste alelo na nova gera¸c˜ao ser˜ao dependentes de sua freq¨uˆencia na gera¸c˜ao inicial. No entanto, em popula¸c˜oes finitas, essa amostragem n˜ao ser´a perfeita, ocorrendo vari-a¸c˜oes aleat´orias nas freq¨uˆencias al´elicas ao longo das gera¸c˜oes. A deriva gen´etica ser´a tanto mais forte quanto menor for o n´umero de genitores amostrados para constituir a gera¸c˜ao seguinte; e quanto menos houver sobreposi¸c˜ao de gera¸c˜oes.

Quando uma popula¸c˜ao natural de uma determinada esp´ecie ´e fragmentada, gerando duas ou mais popula¸c˜oes independentes com baixo fluxo gˆenico entre elas, a deriva gen´etica ocorrer´a de forma independente em cada uma delas, fazendo com que ao longo das gera¸c˜oes, as freq¨uˆencias al´elicas e genot´ıpicas das popula¸c˜oes se diferenciem entre si. Como em geral, essas novas subpopula¸c˜oes ter˜ao tamanho populacional menor que o da popula¸c˜ao original, espera-se que a deriva gen´etica seja particularmente intensificada.

Em popula¸c˜oes muito reduzidas, a for¸ca da deriva pode ser tal que ocorra a fixa¸c˜ao de um alelo; ou seja, que a freq¨uˆencia de um determinado alelo, variando estocasticamente ao longo das gera¸c˜oes, por acaso aumente at´e 100%, passando a ser o ´unico alelo presente naquele loco (ou ”gene”) na popula¸c˜ao. Uma vez ocorrida a fixa¸c˜ao, um novo alelo s´o poder´a surgir por muta¸c˜ao ou trazido por um migrante vindo de outra popula¸c˜ao.

O processo de fixa¸c˜ao al´elica ´e portanto uma for¸ca redutora da diversidade gen´etica de uma popula¸c˜ao. No entanto, uma vez que a deriva ocorre de forma independente em cada subpopula¸c˜ao, ainda que ocorra a fixa¸c˜ao al´elica em todas elas, ´e prov´avel que cada uma fixe alelos distintos e que quando consideradas em conjunto, estas popula¸c˜oes

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ainda conservem uma diversidade al´elica semelhante a da popula¸c˜ao original ´unica, ainda que o mesmo n˜ao ocorra com a diversidade genot´ıpica.

1.3.4 Efeito de Borda

A fragmenta¸c˜ao florestal exp˜oe os organismos que sobrevivem nos fragmentos `a condi¸c˜oes de um ecossistema circundante (matriz) distinto e, consequentemente ao efeito de borda.

Efeito de borda ´e o resultado da intera¸c˜ao entre dois ecossistemas adjacentes sep-arados por uma transi¸c˜ao abrupta. Pr´oximo `a borda, os fragmentos florestais exper-imentam altera¸c˜oes em suas condi¸c˜oes bi´oticas e abi´oticas influenciadas pela matriz circundante.

Dentre as altera¸c˜oes abi´oticas, podemos citar a maior incidˆencia de radia¸c˜ao solar, luz e calor, no solo, temperaturas mais elevadas, maior varia¸c˜ao de temperatura ao longo do dia, menor umidade dor ar e do solo, incidˆencia de ventos mais fortes vindos da matriz aberta causando maior queda de ´arvores, altera¸c˜ao da estrutura do solo, maior susceptibilidade a incˆendios e contamina¸c˜ao do solo por fertilizantes e defensivos agr´ıcolas utilizados em matrizes de uso agricultural no entorno.

Como efeitos bi´oticos temos a altera¸c˜ao na distribui¸c˜ao, riqueza e composi¸c˜ao de esp´ecies devido `a diferen¸cas na tolerˆancia `as altera¸c˜oes do habitat; e altera¸c˜ao da densi-dade populacional de esp´ecies e da densidade geral de ´arvores nas regi˜oes de borda. As duas altera¸c˜oes bi´oticas citadas podem alterar os padr˜oes de ventos na regi˜ao florestal pr´oxima `a borda, assim como o padr˜ao de forrageio de polinizadores, interferindo no fluxo de p´olen e de sementes.

Podemos listar ainda como efeito bi´otico a interferˆencia negativa na germina¸c˜ao de sementes e sobrevivˆencia de plˆantulas, fases cr´ıticas do desenvolvimento arb´oreo que s˜ao prejudicadas pelo ambiente alterado em rela¸c˜ao `as condi¸c˜oes nas quais as esp´ecies se adaptaram para germinar e se desenvolver. Nas regi˜oes de borda tamb´em

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obser-vamos um aumento na herbivoria e danos por pisoteamento, muitas vezes, mas n˜ao exclusivamente, causada por cria¸c˜oes de gado na matriz circundante.

Outro problema significativo ocorrendo no efeito de borda ´e a penetra¸c˜ao e/ou fa-vorecimento de esp´ecies invasoras que come¸cam a predominar sobre as locais. Essas esp´ecies invasoras podem ser nativas, melhor adaptadas `as novas condi¸c˜oes ambientais, ou ex´oticas, associadas `as atividades antr´opicas, invadindo a partir da matriz.

1.4

Restaura¸

ao florestal

A recupera¸c˜ao de ecossistemas degradados ´e uma pr´atica muito antiga mas apenas nas ´ultimas d´ecadas, particularmente a partir da d´ecada de 1970, ela recebeu a aten¸c˜ao da comunidade cient´ıfica, dando origem ao campo do conhecimento chamado Ecologia da Restaura¸c˜ao, que se dedica aos estudos te´oricos dos princ´ıpios, pr´aticas, resultados e conseq¨uˆencias de projetos de restaura¸c˜ao (Palmer et al., 1997).

O primeiro esfor¸co conhecido de restaura¸c˜ao florestal no Brasil data do s´eculo XIX, tendo sido realizado na cidade do Rio de Janeiro (Freitas et al., 2006). A Floresta da Tijuca havia sofrido intensa degrada¸c˜ao devido `a retirada de madeira para constru¸c˜ao, lenha e carv˜ao para consumo de numerosos engenhos de cana-de-a¸c´ucar, bem como da expans˜ao da lavoura cafeeira. Como resultado, o munic´ıpio sofreu grave crise de abastecimento de ´agua resultante da deteriora¸c˜ao das nascentes existentes na floresta.

Para reverter a situa¸c˜ao, o imperador D. Pedro II ordenou o reflorestamento da ´

area com o uso de esp´ecies nativas e ex´oticas. Esse esfor¸co pioneiro foi bem-sucedido, solucionando o problema de abastecimento e transformando a ´area na maior floresta urbana do mundo.

Desde ent˜ao, v´arios projetos de restaura¸c˜ao foram realizados na Mata Atlˆantica. Durante este per´ıodo, a restaura¸c˜ao ecol´ogica mostrou grande evolu¸c˜ao a n´ıvel interna-cional. Seus objetivos evolu´ıram da original preocupa¸c˜ao exclusivamente com a prote¸c˜ao

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de recursos abi´oticos (´agua e solo), utilizando poucas esp´ecies (sobretudo ex´oticas) e ig-norando os processos ecol´ogicos respons´aveis pela manuten¸c˜ao da floresta; at´e alcan¸car o atual paradigma de restaurar os processos ecol´ogicos b´asicos da floresta com o objetivo de conserva¸c˜ao in situ da biodiversidade (Rodrigues et al., 2009).

Inicialmente a restaura¸c˜ao florestal era realizada com a finalidade de preservar re-cursos h´ıdricos ou garantir a preserva¸c˜ao do solo e estabiliza¸c˜ao de encostas. Nesse modelo a restaura¸c˜ao era feita pelo simples plantio da ´arvores, sem a utiliza¸c˜ao de crit´erios ecol´ogicos ou preocupa¸c˜ao com crit´erios sucessionais, com a utiliza¸c˜ao indis-tinta de esp´ecies nativas e ex´oticas, dando-se preferˆencia `as mais conhecidas (Rodrigues & Gandolfi, 1996).

A partir da d´ecada de 1980, quando a aplica¸c˜ao de conceitos de sucess˜ao ecol´ogica passou a ser discutida no pa´ıs, um novo modelo de restaura¸c˜ao florestal foi proposto. Passou-se a dar prioridade ao uso de esp´ecies nativas do Brasil e, dentre estas, as de crescimento r´apido; baseando-se nas caracter´ısticas sucessionais.

A propor¸c˜ao do n´umero de mudas por esp´ecie passou a ser definida com base nesses grupos sucessionais e os modelos de implanta¸c˜ao tamb´em foram alterados, visando a possibilitar a distribui¸c˜ao organizada das mudas no campo, a partir dos grupos suces-sionais (Kageyama & Gandara, 2004). Esse modelo representa uma grande parte dos projetos de restaura¸c˜ao florestal realizados nos ´ultimos anos, especialmente na Mata Atlˆantica.

´

Arvores pioneiras e n˜ao-pioneiras passaram a ser plantadas em uma propor¸c˜ao de-terminada, permitindo que a a sombra das esp´ecies pioneiras proporcionasse condi¸c˜oes microecol´ogicas prop´ıcias ao desenvolvimento das esp´ecies n˜ao-pioneiras (Budowski, 1965; Kageyama & Castro, 1989).

Essa estrat´egia no entanto n˜ao levava em considera¸c˜ao a forma¸c˜ao vegetacional em que as esp´ecies eram encontradas, levando esp´ecies e distintos biomas e regi˜oes brasileiras a serem utilizadas em restaura¸c˜oes florestais de locais nos quais n˜ao eram

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encontradas naturalmente.

Para que uma determinada esp´ecie se perpetue em uma ´area em processo de restau-ra¸c˜ao, ´e preciso que a mesma flores¸ca, frutifique, tenha suas sementes dispersas e que essas sementes gerem descendentes capazes de se desenvolver a ponto de substituir as ´

arvores m˜ae quando as mesmas entrarem em senescˆencia(Begon et al., 2006). Tamb´em ´e importante que sejam restitu´ıdas as intera¸c˜oes ecol´ogicas entre as esp´ecies arb´oreas e seus dispersores de sementes(Fenner & Thompson, 2005) e polinizadores(Bawa, 1974), al´em de suas pragas e doen¸cas locais (Dyer et al., 2007).

O pronto restabelecimento das condi¸c˜oes do solo proporcionado pelo r´apido cresci-mento das esp´ecies pioneiras refor¸cou a tendˆencia de uso de grande propor¸c˜ao destas em modelos de reflorestamento (Souza & Batista, 2004).

O foco dessa fase na sucess˜ao florestal sem v´ınculo forte com a diversidade de esp´ecies dentro de cada grupo, trouxe como conseq¨uˆencia o uso nos projetos de restaura¸c˜ao de um n´umero de esp´ecies significativamente inferior ao naturalmente encontrado em flo-restas tropicais, comprometendo a restaura¸c˜ao dos processos ecol´ogicos que garantiriam a perpetua¸c˜ao da ´area restaurada e de sua diversidade.

A estrat´egia de plantios baseados apenas na sucess˜ao florestal, sem utilizar um grande n´umero de esp´ecies n˜ao conseguiu atingir a sustentabilidade quando implantada em regi˜oes muito fragmentadas; condi¸c˜ao mais comum dos projetos de restaura¸c˜ao. Na tentativa de corrigir estas imperfei¸c˜oes passou-se `a uma nova fase da ecologia da restaura¸c˜ao, em que buscou-se n˜ao s´o copiar a sucess˜ao da floresta como tamb´em sua flor´ıstica e estrutura.

Para tanto, os novos projetos de restaura¸c˜ao florestal passaram a apoiar-se sobre estudos ecol´ogicos dos remanescentes florestais presentes no entorno das ´areas a serem restauradas. Esses estudos passaram a definir quais esp´ecies deveriam ser utilizada e em que quantidade cada uma deveria estar presente. Como resultado, houve um grande aumento no n´umero de esp´ecies nativas regionais utilizadas nesses projetos (Ruiz-Ja´en

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& Aide, 2005) .

A partir da compreens˜ao de que as comunidades naturais s˜ao sistemas abertos, sofrendo a a¸c˜ao e sendo limitados por fatores internos e externos muitas vezes impre-vis´ıveis, concluiu-se que basear-se exclusivamente em um levantamento fitossociol´ogico para caracterizar um ambiente pode levar ao erro de retratar as caracter´ısticas estru-turais de um ´unico momento da hist´oria natural daquele fragmento estudado (Parker & Pickett, 1999; Choi, 2004; Aronson & Van Andel, 2005). Aceita-se hoje a id´eia de ausˆencia de um ´unico ponto de equil´ıbrio: em uma comunidade natural, o ”cl´ımax”est´a em constante mudan¸ca, e os sistemas naturais poderiam apresentar comunidades cl´ımax com diferentes caracter´ısticas, inclusive flor´ısticas e estruturais.

Esse entendimento levou ao abando do paradigma de restaura¸c˜ao florestal baseada na c´opia de uma comunidade final pr´e-definida pelo restaurador. Passou-se a dar mais ˆenfase `a restaura¸c˜ao dos processos ecol´ogicos que levem `a constru¸c˜ao de comunidade vegetais. A identifica¸c˜ao da metodologia mais adequada de restaura¸c˜ao de uma dada ´

area depende de um diagn´ostico apropriado do pr´oprio local a ser restaurado e do entorno imediato e regional (Rodrigues et al., 2009). Esta fase representa o estado atual da atividade da restaura¸c˜ao ecol´ogica na Mata Atlˆantica em larga escala.

1.4.1 Restaura¸c˜ao e Fragmentos florestais

´

Areas de restaura¸c˜ao florestal implantadas em local isolado de outras florestas po-dem assumir na paisagem um papel correspondente ao dos fragmentos de remanescentes florestais. Assim como estes ´ultimos, aquelas ´areas constituem por¸c˜oes de florestas de-scont´ınuas envoltas em uma matriz diferenciada que as separa de outros fragmentos. Essa caracter´ıstica faz com que as ´areas de restaura¸c˜ao florestal estejam sujeitas a muitos desafios comuns aos dos remanescentes de floresta naturais. A fim de mini-mizar os problemas decorrentes desse isolamento, ´e preciso fazer um planejamento da implanta¸c˜ao e manejo de ´areas de restaura¸c˜ao florestal que leve em conta os conceitos

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de gen´etica de popula¸c˜oes. Para isso, o estudo de ´areas naturais fragmentadas, por estarem sujeitas a este mesmo desafio de supera¸c˜ao do isolamento geogr´afico, pode nos fornecer importantes ensinamentos.

Quando um grupo muito pequeno de imigrantes funda uma nova subpopula¸c˜ao, a deriva gen´etica que sucede essa funda¸c˜ao d´a origem ao que ´e chamado de efeito fundador (Mayr, 1954, 1963; Kolbe et al., 2012). O efeito fundador d´a origem a uma popula¸c˜ao com reduzida variabilidade gen´etica, pequeno tamanho efetivo, alto coeficiente de en-dogamia e reduzido n´umero de alelos.

Quando uma subpopula¸c˜ao vegetal dentro de um fragmento florestal perde sua ca-pacidade de trocar genes com os fragmentos circundantes (atrav´es de fluxo de p´olen e sementes), os indiv´ıduos remanescentes de uma determinada esp´ecie neste fragmento, agem como fundadores daquela nova subpopula¸c˜ao agora isolada de seu entorno. Se este n´umero for muito pequeno ocorrer´a o efeito fundador. A principal causa do efeito fundador ´e um baixo n´umero de gen´otipos na popula¸c˜ao inicial. Ou seja, uma base gen´etica estreita nesta popula¸c˜ao.

Da mesma forma, em restaura¸c˜oes florestais uma base gen´etica estreita pode levar `

a ocorrˆencia de efeito fundador. Ademais, mesmo que um n´umero suficiente de gen´ oti-pos da esp´ecie seja utilizado no processo de restaura¸c˜ao, ´e preciso garantir que estes sobreviver˜ao at´e a idade adulta e participar˜ao da gˆenese da gera¸c˜ao seguinte. Uma alta mortalidade, que provoque grande perda de gen´otipos produzir´a um efeito gargalo (bottleneck) que pode ter conseq¨uˆencias semelhantes ao do efeito fundador.

O bottleneck ´e muito semelhante ao efeito fundador. De fato, a diferen¸ca entre os dois efeitos ´e hist´orica. Enquanto o efeito fundador ocorre na coloniza¸c˜ao de novas ´areas por um n´umero reduzido de indiv´ıduos de uma esp´ecie anteriormente ausente no local; o bottleneck ´e causado pela redu¸c˜ao do tamanho populacional em uma ´area em que a esp´ecie estava anteriormente representada por uma grande popula¸c˜ao. As consequˆencias de ambos os efeitos ser˜ao, a partir da´ı, iguais para as gera¸c˜oes subsequentes.

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Ressalte-se tamb´em que muitos programas de restaura¸c˜ao florestal visam aumentar a conectividade entre os fragmentos de vegeta¸c˜ao nativa, incluindo ´areas naturais pro-tegidas, atrav´es da constru¸c˜ao de corredores ecol´ogicos. Nestes projetos ´e primordial que se garanta uma alta diversidade gen´etica das esp´ecies utilizadas e um efetivo fluxo gˆenico entre os fragmentos; pois caso contr´ario estes corredores ecol´ogicos ser˜ao pouco funcionais.

A ”reconstru¸c˜ao”de uma cobertura vegetal restaurada conectando dois fragmentos florestais, naturais ou n˜ao, pode ser por si s´o efetiva para permitir o o tr´afego de animais e, conseq¨uentemente, a dispers˜ao de sementes de algumas esp´ecies zooc´oricas. Mas o fluxo de p´olen por zoofilia entre os fragmentos pode n˜ao ser adequadamente restaurado caso o corredor ecol´ogico care¸ca de uma adequada diversidade de esp´ecies. ´E importante que os animais polinizadores encontrem recursos adequados ao longo do corredor que os incentive a fazer a travessia, estabelecendo um fluxo gˆenico direto ou por stepping stone.

Na fase inicial de restaura¸c˜oes, toda a ´area em processo de restaura¸c˜ao poder´a estar sujeita `a altera¸c˜oes caracter´ıstica de efeito de borda. Isso porque `a princ´ıpio, a restaura¸c˜ao ser´a implantada em uma ´area em que parte ou toda a vegeta¸c˜ao original foi suprimida, permitindo a ocorrˆencia de altera¸c˜oes nos padr˜oes de radia¸c˜ao solar, temperatura, umidade, ventos, estrutura de solo, entre outros; al´em das altera¸c˜oes bi´oticas como esp´ecies invasoras, herbivoria e extin¸c˜ao de polinizadores.

Fica claro portanto que muitos dos mesmos desafios da conserva¸c˜ao de remanes-centes naturais fragmentados s˜ao encontrados no processo de implanta¸c˜ao e manejo de restaura¸c˜oes florestais; ao mesmo tempo que ambas as unidades florestais desempen-har˜ao fun¸c˜oes semelhantes de conectividade da paisagem, conserva¸c˜ao da biodiversidade e diversidade gen´etica, prote¸c˜ao de recursos naturais e presta¸c˜ao de servi¸cos ambien-tais. Resulta dessas considera¸c˜oes a necessidade de se estudar a variabilidade gen´etica de popula¸c˜oes arb´oreas dentro de ´areas de floresta restaurada, assim como a ocorrˆencia

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e efetividade do fluxo gˆenico entre estas ´areas e os fragmentos de seu entorno.

1.4.2 Regionalidade

Nas pondera¸c˜oes sobre como incluir de forma adequada os conhecimentos de gen´etica de popula¸c˜ao em programas de restaura¸c˜ao ecol´ogica, uma das quest˜oes muito discutidas ´e a importˆancia da regionalidade. Ao planejar e executar um projeto de restaura¸c˜ao em uma ´area degradada deve-se procurar utilizar gen´otipos locais obtidos da coleta de sementes e/ou plˆantulas de fragmentos naturais pr´oximos, ou devo utilizar uma mistura gen´otipos de diferentes ´areas para obter o m´aximo de diversidade gen´etica? Para respondermos essa pergunta, devemos considerar trˆes fatores:

Valor adaptativo e Depress˜ao exogˆamica ..

Diversos estudos tˆem demonstrado que a press˜ao exercida pelas condi¸c˜oes ambientais sobre as popula¸c˜oes naturais pode provocar a sele¸c˜ao de gen´otipos melhor adaptados a essas condi¸c˜oes, culminando com a forma¸c˜ao de ec´otipos, que embora perten¸cam a uma mesma esp´ecie, s˜ao de forma geral melhor adaptadas `as suas condi¸c˜oes de origem (Linhart & Grant, 1996; Lesica & Allendorf, 1999; McKay et al., 2005). Assim sendo, caso um ec´otipo seja introduzido em uma ´area para cujas condi¸c˜oes ambientais ele n˜ao est´a adaptado, suas chances de sobrevivˆencia a longo prazo ser˜ao reduzidas.

Pior ainda, caso sejam capazes de sobreviver no curto prazo e frutificar, esse ec´otipo pode, nas gera¸c˜oes seguintes, causar uma ”polui¸c˜ao gen´etica”(Saltonstall, 2002) dissem-inando alelos com baixo valor adaptativo para a popula¸c˜ao nativa existente na pr´opria ´

area ou em fragmentos adjacentes. A prole subsequente sofrer´a de depress˜ao exogˆamica, que pode ser causada tanto pela quebra de coadapta¸c˜oes de diferentes genes (mecanismo intr´ınseco) quanto pela m´a adapta¸c˜ao do gen´otipo da prole para as condi¸c˜oes ambien-tais locais (mecanismo extr´ınseco). Evidˆencias apontam que a depress˜ao exogˆamica de causa extr´ınseca ´e mais frequente que a de causa intr´ınseca.

(41)

Invas˜ao cr´ıptica ..

Por outro lado, ´e poss´ıvel que a um ec´otipo n˜ao local possua um ou mais alelos melhor adaptados `a condi¸c˜oes ambientais das ´areas a serem restauradas, podendo passar a ocupar o habitat da popula¸c˜ao nativa, suplantando-a com o passar do tempo. Esse efeito ´e conhecido como ”invas˜ao cr´ıptica”e pode provocar a redu¸c˜ao da diversidade gen´etica global da popula¸c˜ao ao favorecer a maior representa¸c˜ao do gen´otipo ex´otico sobre os restantes.

O ec´otipo ex´otico, ainda que apresente melhor adapta¸c˜ao `as condi¸c˜oes locais, pode nas gera¸c˜oes futuras produzir prole com depress˜ao exogˆamica de causa intr´ınseca, em-bora como dito anteriormente, esses casos pare¸cam ser incomuns.

Sele¸c˜ao de gen´otipos ..

As popula¸c˜oes vegetais adaptam-se ao seu ambiente ao serem submetidas `a press˜ao de sele¸c˜ao natural deste (Pregitzer et al., 2010). Neste processo, os alelos mais adaptados `

as condi¸c˜oes locais tendem a favorecer o desenvolvimento e o sucesso reprodutivo do indiv´ıduos que os possuem. Isso faz com que ao longo de sucessivas gera¸c˜oes, esses alelos vantajosos se tornem mais frequentes na popula¸c˜ao, enquanto alelos menos vantajosos tornam-se menos frequentes, podendo mesmo desaparecer na popula¸c˜ao.

O processo de sele¸c˜ao natural produz popula¸c˜oes bem adaptadas as condi¸c˜oes do ambiente local. No entanto, caso ocorra uma altera¸c˜ao dr´astica do ambiente, seja nas caracter´ısticas do solo, clima ou disponibilidade h´ıdrica, as condi¸c˜oes originais para as quais as popula¸c˜oes estavam bem adaptadas deixar˜ao de existir e os indiv´ıduos passar˜ao a ser submetidos a novas condi¸c˜oes adversas.

Viani et al. (2011) mostraram que h´a uma diferen¸ca significativa entre a consti-tui¸c˜ao qu´ımica de solos de cerrad˜ao e floresta estacional semidecidual. Os solos de floresta estacional semidecidual possuem menores concentra¸c˜oes de alum´ınio e maior pH, mat´eria orgˆanica, macronutrientes e capacidade de troca iˆonica que os solos de

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cerrad˜ao. No mesmo trabalho, foi mostrado ainda que esp´ecies de floresta semidecidual tˆem menores taxas de sobrevivˆencia e piores parˆametros de crescimento nos primeiros meses de desenvolvimento quando cultivados no solo mais pobre do cerad˜ao.

Estrutura f´ısica e composi¸c˜ao qu´ımica do solo, condi¸c˜oes clim´aticas e disponibili-dade h´ıdrica s˜ao exatamente condi¸c˜oes que s˜ao alteradas em ´areas antropizadas onde a cobertura florestal foi parcial ou totalmente removida. Nestes casos, a escolha apenas de ´arvores matrizes de matas pr´oximas para fornecer sementes pode n˜ao ser o ideal para garantir a sobrevivˆencia das mudas e o sucesso da restaura¸c˜ao florestal nos primeiros anos. Incluir mudas ou sementes de popula¸c˜oes submetidas a condi¸c˜oes ambientais semelhantes pode ser uma alternativa para garantir maiores chances de sucesso a longo prazo.

1.5

Justificativa: Por que preservar e restaurar a Mata Atlˆ

an-tica? Por que este estudo?

A destrui¸c˜ao da Mata Atlˆantica brasileira ´e um dos mais alarmantes problemas de conserva¸c˜ao ecol´ogica do mundo (Mori et al., 1981; Terborgh, 1992; Viana et al., 1997). O esfor¸co integrado de conserva¸c˜ao e restaura¸c˜ao da Mata Atlˆantica deve necessaria-mente passar por uma padroniza¸c˜ao e atualiza¸c˜ao do conhecimento cient´ıfico e emp´ırico acumulado nesses temas (Rodrigues et al., 2009). Para tanto se fazem necess´arios es-tudos de acompanhamento da sustentabilidade a longo prazo das ´areas de restaura¸c˜ao florestal.

Segundo Souza e Batista (Souza & Batista, 2004), ”o estudo e monitoramento de ´

areas de restaura¸c˜ao florestal ´e essencial para melhorar as t´ecnicas de restaura¸c˜ao em ecossistemas tropicais e subtropicais”. A maioria dos estudo feitos at´e o final da d´ecada de 1990 se restringiram a analisar o crescimento de esp´ecies nos primeiros anos do restabelecimento florestal. At´e hoje ainda h´a uma demanda n˜ao atendida por programas

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de monitoramento adequados nos ecossistemas brasileiros (Engel & Parrotta, 2001; Leopold et al., 2001).

A constata¸c˜ao da diversidade gen´etica como uma das bases principais da conserva¸c˜ao ambiental tem definido uma nova demanda nos projetos de restaura¸c˜ao, que al´em da restaura¸c˜ao da diversidade flor´ıstica necessitam tamb´em equacionar a restaura¸c˜ao da diversidade gen´etica dessas comunidades (Kageyama & Gandara, 2004; Rodrigues et al., 2009).

1.6

Marcadores Moleculares

As tecnologias de an´alise molecular da variabilidade do DNA permitem caracterizar os marcadores moleculares, definidos como todo e qualquer fen´otipo molecular prove-niente de um gene expresso ou de um segmento espec´ıfico de DNA (assim como de prote´ınas ou RNA); constituindo importantes ferramentas em estudos populacionais, pois podem fornecer informa¸c˜oes relevantes sobre a composi¸c˜ao das popula¸c˜oes, como variabilidade gen´etica e grau de parentesco entre indiv´ıduos, e sobre a estrutura gen´etica dessas popula¸c˜oes, representada pelo grau de diferencia¸c˜ao gen´etica entre elas (Avise, 1994; Ferreira & Grattapaglia, 1995).

A sequˆencia de nucleot´ıdeos e a fun¸c˜ao de um marcador molecular podem ou n˜ao ser conhecidas. T´ecnicas que utilizam a genotipagem de marcadores moleculares per-mitem fazer distin¸c˜ao diretamente em n´ıvel de DNA e ainda contribuem para avaliar a variabilidade gen´etica dentro do conjunto gˆenico de esp´ecies cultivadas e n˜ao cultivadas.

1.6.1 Microssat´elites

Microssat´elites, ou sequˆencias simples repetidas (SSR), s˜ao compostos por sequˆ en-cias de um a seis pares de base repetidos em tandem, abundantes e dispersos por todo o genoma dos organismos eucari´oticos. Uma vez que os SSR s˜ao marcadores

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codom-inantes, i.e. permitem a identifica¸c˜ao de ambos os alelos e estimativa da freq¨uˆencia de heterozigotos, os locos espec´ıficos s˜ao usados freq¨uentemente para o fingerprinting de DNA, teste de paternidade, para a constru¸c˜ao de mapas de liga¸c˜ao e os estudos gen´eticos populacionais (Hayden & Sharp, 2001).

Os marcadores moleculares SSR apresentam caracter´ısticas altamente desej´aveis para o estudo de diversidade e estrutura gen´eticas de popula¸c˜oes: 1) s˜ao marcadores codominantes, ou seja, ambos os alelos de um indiv´ıduo heterozigoto s˜ao visualizados no gel; 2) est˜ao ampla e uniformemente distribu´ıdos pelo genoma dos eucariotos; 3) s˜ao altamente multial´elicos (McCouch et al., 1997); 4) s˜ao amplificados via PCR, o que facilita sua obten¸c˜ao mesmo com poucas quantidades de DNA; 5) e, uma vez de-senvolvidos, os primers que amplificam tais regi˜oes do genoma, podem ser facilmente compartilhados entre laborat´orios. Todas essas caracter´ısticas tornam os microsat´elites marcadores eficientes nas an´alises de diversidade gen´etica de popula¸c˜oes (Powell et al., 1995; Rajora et al., 2000).

A distribui¸c˜ao, a frequˆencia e as classes de microssat´elites variam entre as diferentes classes de organismos. As repeti¸c˜oes mais abundantes s˜ao os dinucleot´ıdeos, sendo que, em plantas, os motivos mais comuns s˜ao AT/TA, enquanto em humanos e muito mam´ıferos os motivos CA s˜ao mais frequentes (Schl¨otterer & Tautz, 1992). Os motivos dos microssat´elites podem ser classificados como: perfeitos, ou seja, sem interrup¸c˜ao (ATATATATATATAT); imperfeitos, quando interrompidas por nucleot´ıdeos fora do mo-tivo, (ATATATATATGGATATATAT); compostos, quando dois ou mais motivos est˜ao adjacentes, (ATATATATATCACACACACACA) (Oliveira et al., 2006). Os motivos s˜ao em sua maioria dinucleot´ıdeos ou trinucleot´ıdeos; tetranucleot´ıdeos e pentanucleot´ıdeos s˜ao mais raros.

Esses marcadores s˜ao encontrados preferencialmente em regi˜oes n˜ao codificadoras, mas, em menor frequˆencia bem menor, tamb´em s˜ao encontrados nas regi˜oes codificado-ras (Schl¨otterer & Tautz, 1992). Devido a esta distribui¸c˜ao preferencial nas regi˜oes

(45)

n˜ao codificadoras, os microssat´elites podem ser considerados marcadores seletivamente neutros, o que ´e muito importante para estudos em gen´etica de popula¸c˜oes naturais. O alto polimorfismo desses marcadores ´e uma vantagem em estudos de fluxo gˆenico, padr˜oes de diferencia¸c˜ao e n´ıveis de endogamia entre popula¸c˜oes (Kashyap et al., 2006).

1.7

Esp´

ecie

Para a execu¸c˜ao deste estudo foi escolhida uma esp´ecie arb´orea nativa da Mata Atlˆantica do estado de S˜ao Paulo; Myroxylon peruiferum L.f., conhecida popularmente como cabre´uva. A escolha dessa esp´ecie se baseou nos seguinte crit´erios: (1) a esp´ecie deveria ser nativa da Mata Atlˆantica de S˜ao Paulo; e (2) estar presente na ´areas de restaura¸c˜ao florestal e remanescentes florestais dispon´ıveis para estudo.

Myroxylon peruiferum L.f. (Fabaceae - Leguminosae: Papilionoideae) ´e uma esp´ecie brasileira nativa, presente em quase todo o pa´ıs, principalmente na floresta semidec´ı-dua. ´E dec´ıdua, heli´ofita, de cruzamento misto (Silvestre et al., comunica¸c˜ao direta), ocorrendo tanto no interior da mata prim´aria densa como nas forma¸c˜oes secund´arias. Sua s´ındrome de dispers˜ao de sementes ´e anemoc´orica e sup˜oe-se que a dispers˜ao de sementes ocorra em distˆancias curtas devido ao tamanho e peso elevado das mesmas. A poliniza¸c˜ao foi descrita como sendo realizada por ornitofilia ou melitofilia (Lorenzi, 2002; Yamamoto, 2001; Yamamoto et al., 2007). Pode apresentar brotamento vegetativo a partir de suas ra´ızes.

Desta esp´ecie ´e extra´ıdo o b´alsamo-do-Peru, utilizado na medicina popular como analg´esico para infec¸c˜oes do trato urin´ario, tosse, bronquite diabetes e contra a micobac-t´eria gram negativa Helicobacter pylori, al´em de ser usado pela ind´ustria cosm´etica e de perfumaria. Este b´alsamo ´e constitu´ıdo por uma mistura de ´acido benz´oico e cinˆamico, monoterpenos, sesquiterpenos, alco´ois e derivados de fenilpronan´oides. De seu tronco foram extra´ıdos isoflavonas, flavanona, isoflavon´oides, dentre outras substˆancias.

(46)

De suas folhas foram isoladas as substˆancias 3’,4’,7-trimetoxi-isoflavona (cabreuvina) e o 6-hidr´oxi-4’,7-dimetoxiisoflavona e o germacreno D; as quais apresentaram atividade frente `a Mycobacterium tuberculosis, M. avium e M. kansasii (Carvalho et al., 2008). Tamb´em h´a registro de atividade de extrato de M. peruiferum contra Streptococcus pyogenes, Shigella sonnei e Staphylococcus aureus (Ohsaki et al., 1999; Gon¸calves et al., 2005).

Figura 1.2: Folhas e frutos de Myroxylon peruiferum. No detalhe, representa¸c˜ao art´ıstica do fruto verde de cabre´uva.

(47)

Os objetivos deste projeto foram descrever a variabilidade gen´etica de M. peruiferum em popula¸c˜oes naturais e de ´areas de restaura¸c˜ao ambiental no estado de S˜ao Paulo utilizando marcadores microssat´elites nucleares (SSR) e cloroplastidiais (cpSSR).

2.1

Objetivos Espec´ıficos

I Desenvolver uma biblioteca genˆomica enriquecida, isolar e caracterizar locos de microssat´elites (SSR) nucleares em M. peruiferum.

II Descrever a variabilidade e estrutura¸c˜ao gen´etica de M. peruiferum em popula¸c˜oes naturais e de ´areas de restaura¸c˜ao florestal no estado de S˜ao Paulo, utilizando marcadores microssat´elites nucleares (SSR) e citoplasm´aticos (cpSSR).

III Identificar padr˜oes de estrutura¸c˜ao gen´etica espacial e local.

IV Avaliar, utilizando simula¸c˜ao computacional, o impacto do tamanho amostral sobre as estimativas de freq¨uˆencias al´elicas e diversidade gen´etica.

(48)

3.1

Introdu¸

ao

Neste trabalho, estudamos a variabilidade gen´etica de Myroxylon peruiferum L. f., em duas diferentes ´areas de restaura¸c˜ao florestal e em duas ´areas de remanescentes naturais de Floresta Estacional Semidecidual. A primeira etapa do trabalho foi a coleta de amostras foliares de indiv´ıduos adultos e jovens em cada uma das ´areas de estudo.

3.2

Metodologia

3.2.1 Areas de estudo´

As coletas foram realizadas em duas ´areas de restaura¸c˜ao florestal, restauradas com o plantio de esp´ecies da Floresta Estacional Semidecidual; e trˆes ´areas de remanescentes florestais naturais, num total de cinco (5) popula¸c˜oes a priori.

A Esta¸c˜ao Ecol´ogica de Caetetus (E.E. Caetetus) ´e um dos ´ultimos remanes-centes significativos de Floresta Estacional Semidecidual no planalto ocidental do Es-tado de S˜ao Paulo (IBGE, 1992), sendo o que possui melhor estado de conserva¸c˜ao, representando assim o melhor referencial poss´ıvel de uma ´area n˜ao antropizada na regi˜ao. Com ´area cont´ınua de 2.178,84 ha, desempenha um importante papel de deten-tora de uma amostra representativa da flora regional (figura 3.1 A). Administrada pelo Instituto Florestal, ´org˜ao da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de S˜ao Paulo. A Esta¸c˜ao Ecol´ogica dos Caetetus localiza-se na regi˜ao Centro-Oeste do Estado de S˜ao Paulo, a sudoeste da cidade de G´alia, pr´oximo ao Km 186 da rodovia vicinal SP 331 (G´alia/Gar¸ca - Ourinhos), entre as coordenadas geogr´aficas 22o 41’a 22o

46’Sul e 49o 10’ a 49o16’ Oeste, (Tabanez, 2005).

A temperatura m´edia anual gira em torno de 22o C. Sua altitude m´edia ´e 530 metros e apresenta pluviosidade m´edia anual em torno de 1.480 mm (Durigan et al., 2000).

(49)

Conforme o hist´orico patrimonial e demais informa¸c˜oes apresentadas no documento do Plano de Manejo para a ´area (Tabanez, 2005), esta unidade de conserva¸c˜ao foi criada pelo Decreto Estadual n◦26.718, de 6 de fevereiro de 1987, sendo objeto de um programa institucional que visava ao estabelecimento de novas categorias de manejo de unidades de conserva¸c˜ao da natureza, em consonˆancia com a prote¸c˜ao de importantes por¸c˜oes territoriais de propriedade do governo do estado, que abrigavam ecossistemas complexos e fr´ageis.

Com a institui¸c˜ao da categoria de Esta¸c˜ao Ecol´ogica desse importante remanes-cente florestal, em substitui¸c˜ao `a Reserva Florestal, possibilitou-se o conhecimento e a preserva¸c˜ao efetiva dessa amostra significativa de Floresta Estacional Semidecidual inte-riorana, atrav´es da realiza¸c˜ao de pesquisas b´asicas e aplicadas em ecologia, da prote¸c˜ao do meio ambiente natural e do desenvolvimento da educa¸c˜ao conservacionista.

De acordo com (Kronka et al., 2005), a regi˜ao administrativa de Mar´ılia, onde est´a situada a Esta¸c˜ao Ecol´ogica dos Caetetus, est´a entre as regi˜oes que apresentaram as maiores redu¸c˜oes (11,38%) da cobertura vegetal nativa no per´ıodo entre 1990/02 e 2000/2001, sendo que atualmente, os ecossistemas naturais encontram-se quase total-mente dizimados na regi˜ao. No entanto, a Esta¸c˜ao Ecol´ogica de Caetetus constitui um fragmento florestal relativamente extenso e com trechos muito bem preservados, armazenando v´arias esp´ecies arb´oreas amea¸cadas de extin¸c˜ao pela agressividade do ex-trativismo nos demais remanescentes desse tipo florestal do estado nos ´ultimos anos, como o guarant˜a (Esenbeckia leiocarpa), a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron) e a cabre´uva (Myroxylon peruiferum), entre outras. Tamb´em ´e capaz de abrigar muitas es-p´ecies de animais, algumas inclusive tamb´em com forte amea¸ca de extin¸c˜ao, destacando-se o mico-le˜ao-preto (Leonthopithecus chrysopygus).

na E.E. Caetetus, foram estabelecidos dois pontos de coleta; um no interior da mata, na ´area do projeto de parcelas pemanentes desenvolvido pelo Laborat´orio de Ecologia e Restaura¸c˜ao Florestal (LERF) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

(50)

(ESALQ/USP), e o segundo ponto na regi˜ao pr´oxima `a borda da mata. O objetivo foi verificar a estrutura¸c˜ao gen´etica espacial dentro de uma mata cont´ınua bem preservada. A ´Area de Relevante Interesse Ecol´ogico Mata de Santa Genebra (A.R.I.E. Santa Genebra), com 251,77 ha de ´area e nove quilˆometros de per´ımetro, ´e o maior remanescente de Mata Atlˆantica do munic´ıpio de Campinas, e a segunda maior floresta urbana do Brasil, ficando atr´as apenas da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro (figura 3.1 B). A altitude m´edia ´e de 670 m e a temperatura m´edia anual de 21,6◦C (FJPO -Funda¸c˜ao Jos´e Pedro de Oliveira, 2010).

Localizada entre as coordenadas 22◦ 49’ 20”Sul e 47◦ 06’ 40”Oeste, a A.R.I.E. Santa Genebra est´a inserida no Distrito de Bar˜ao de Geraldo, ao norte do munic´ıpio de Camp-inas (SP) e possui uma de suas faces em divisa com o munic´ıpio de Paul´ınia. Em 1983 a ´area foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimˆonio Hist´orico, Art´ıstico, Arque-ol´ogico e Tur´ıstico do Estado de S˜ao Paulo (CONDEPHAAT) e em 1985 foi declarada A.R.I.E., uma Unidade de Conserva¸c˜ao de Uso Sustent´avel, cujo objetivo ´e compati-bilizar a conserva¸c˜ao da natureza com o uso sustent´avel de parcela dos seus recursos naturais. Em 1992, o CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimˆonio Art´ıstico e Cultural de Campinas) tombou a ´area como patrimˆonio natural do munic´ıpio, visando minimizar problemas relacionados `a incˆendios criminosos, extra¸c˜ao de madeira, ca¸ca, especula¸c˜ao imobili´aria e loteamentos clandestinos.

A Mata de Santa Genebra possui um entorno diversificado, com cultivos agr´ıcolas, bairros residenciais (Bosque de Bar˜ao), condom´ınios fechados em situa¸c˜ao de irregular-idade e duas rodovias de fluxo intenso que tangenciam a mata (SP 332 e SP 138-146). Diante das diversas press˜oes, impactos e da atual situa¸c˜ao de isolamento do fragmento da MSG, ´e cada vez mais evidente a necessidade de interven¸c˜oes e a¸c˜oes de manejo para uma devida preserva¸c˜ao deste importante remanescente de Mata Atlˆantica.

A Mata de Santa Genebra ´e considerada uma Floresta Estacional Semidecidual (cerca de 85% de sua ´area), com alguns trechos ocupados por Floresta Hidr´ofila ou

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